Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
c
Em 1781 kant publica a primeira edição da Kritik der Reinen Vernunft (Crítica da
Razão Pura), sendo a segunda edição publica em 1787. No intervalo das duas edições,
em 1783, publicou Prolegomena zu Einer Jeden Künftigen Metaphysik die als
Wiessenschaft wird Auftreten Könen (Prolegômenos a Toda Metafísica Futura, que
Queira Apresentar-se como Ciência). Nesta fase também publicou Grundlegung zur
Metaphysik der Sitten (Fundação da Metafísica dos Costumes, 1785). Após a segunda
edição referida, em 1788, kant publicou Kritik der Praktischen Vernunft (Crítica da
Razão Prática), dedicada à investigação da questão moral. Logo em seguida, em 1790,
publicou sua terceira crítica, a Kritik der Urteilskraft (Crítica do Juízo), onde examina o
problema do finalismo na natureza e o problema estético. Em 1797 edita Die
Metaphysik der Sitten (Metafísica dos Costumes), obra onde mais se adensa seu
pensamento político e jurídico, conforme veremos a serguir.
Kant não escreveu um tratado de política ou jurídico. Todavia, sua obra interessa à
reflexão sobre o Estado de uma dupla maneira: diretamente, por um lado, na medida em
que suas análises que incidem sobre a moral, os costumes, o direito e a história, definem
conceitos que têm implicação política; indireta e talvez mais profundamente, por outro
lado, na medida em que sua concepção filosófica do conhecimento e do saber, da prática
e dos fins últimos do homem influem no pensamento político moderno, tanto pelas
perspectivas metodológicas que abriu como pelos resultados que permitiu adquirir.
Diversas são as questões submetidas ao crivo da análise kantiana. A primeira delas diz
respeito ao conhecimento, suas possibilidades e seus limites. A segunda questão
analisada foi o problema da ação humana, que envolve problemas morais e jurídicos
(filosofia prática). Como deve o homem agir na ordem moral e jurídica ? É aqui que se
situam os textos políticos e jurídicos mais importantes do pensamento kantiano.
Para uma adequada compreensão do pensamento político e jurídico de Kant, é
fundamental uma leitura atenta da sua Metafísica dos Costumes (1797), dividida em
duas partes, "Doutrina do direito" e "Doutrina da virtude", das quais a primeira
apresenta maior significação para nosso estudo. Por pensamento político-jurídico
entendemos aqui as principais idéias deste filósofo moderno sobre Poder, Estado,
Direito, Liberdade e Justiça.
à
Ao lado desta primeira distinção, Kant introduz outra. Refere-se aos juízos analíticos e
aos juízos sintéticos. Nos primeiros, o predicado já está contido do sujeito. Exemplo:
"Os corpos são extensos". Nos sintéticos, pelo contrário, o predicado acresce algo de
novo ao sujeito. Exemplo: "Os corpos se movimentam". Para Kant, os juízos sintéticos
são os únicos que "enriquecem" o conhecimento.
Feitas estas distinções iniciais, Kant classifica os juízos em três tipos: analíticos,
sintéticos a priori e sintéticos a posteriori. Para kant, os juízos analíticos não teriam
maior interesse para a ciência, pois embora universais e necessários, não representam
qualquer enriquecimento do saber. Por outro lado, os juízos sintéticos a posteriori,
também carecem de importância posto que são todos contingentes e particulares,
referindo-se a experiências que se esgotam em si mesmas. Portanto, o terreno próprio da
ciência deverá ser preenchido pelos juízos sintéticos a priori, os quais são ao mesmo
tempo universais e necessários, fazendo avançar o conhecimento.
Diz Kant: "Permita-nos aduzir que, a menos que se queira negar toda verdade ao
conceito de moralidade, e toda relação entre ele e um objeto possível qualquer, não se
pode negar que sua lei lei é de tal abrangência que ela vigora não apenas para seres
humanos, mas para todo ser racional em geral; e não apenas sob condições contingentes
e com exceções, mas de maneira absolutamente necessária. É claro que nenhuma
experiência poderia nos dar sequer ocasião de inferir a possibilidade de tais leis
apodíticas. Pois com que direito podemos tornar alguma coisa um objeto de ilimitado
respeito, com uma prescrição universal para toda natureza racional, se ela talvez
pudesse ser válida unicamente sob as condições contingentes da humanidade ? E por
que leis de determinação de nossa vontade deveriam ser tomadas por leis determinação
da vontade do ser racional em geral, se tais leis fossem empíricas, ao invés de ter sua
origem inteiramente a priori da razão pura, embora prática" (Fundamentos da Metafísica
dos Costumes).
Para Kant, a moralidade parece ter um valor em si mesma. Ela expressa um dever puro.
Tem sua origem a priori na razão, e não a posteriori. Indica um dever de forma
categórica. Ou seja, ordena categoricamente, e não hipoteticamente. Neste sentido, Kant
afirma que "todos os imperativos ordenam hipotética ou categoricamente... Se a ação for
boa simplesmente como um meio para alguma outra coisa, então o imperativo é
hipotético; mas se a ação é representada como boa em si mesma e, portanto, como um
princípio necessário para uma vontade que, em si mesma, está em conformidade com a
razão, então o imperativo é categórico" (Fundamentação da Metafísica dos Costumes).
Imperativo aqui quer dizer ordem, mais precisamente "ordens da razão". O imperativo
categórico nos mostra o que é racional em si mesmo. Por outro lado, o imperativo
hipotético revela uma ação que é um meio para consecução de determinado fim.
Kant denomina "leis da liberdade" aquelas que regulam a conduta humana, e "leis da
necessidade" aquelas que regulam a natureza, ou os eventos naturais. As leis da conduta
humana (objeto da metafísica dos costumes) são ordem, diferentemente das leis
naturais. Enquanto estas regulam fenômenos naturais de forma necessária (leis da
necessidade), aquelas se referem ao homem, que, diferentemente dos seres naturais, é
livre (daí falar-se em leis da liberdade). As leis da necessidade descrevem, enquanto as
leis da liberdade prescrevem. As leis da liberdade são, portanto, preceitos.
Para Kant, "As leis da liberdade chamam-se morais para distinguir-se das leis da
natureza. Enquanto se referem somente às ações externas e à conformidade à lei
chamam-se jurídicas; se, porém exigem ser consideradas em si mesmas, como
princípios que determinam as ações, então são éticas; dá-se o nome de legalidade à
conformidade das ações com as primeiras, e de moralidade à conformidade com as
demais". A ação moral é, pois cumprida, não em virtude de um fim, mas tão somente
pela máxima que a determina. É posta em movimento por uma inclinação interior
(imperativo categórico). Assim, "a legislação que erige uma ação como dever, e o dever
ao mesmo tempo como impulso, é moral. Aquela, pelo contrário, que não compreende
esta última esta última condição na lei, e que, consequentemente, admite também um
impulso diferente da idéia do próprio dever, é jurídica". E ainda: "A legislação ética é a
que não pode ser externa, a legislação jurídica é a que pode ser também externa. Assim,
é dever externo manter as próprias promessas em conformidade com o contrato, mas o
imperativo de fazê-lo unicamente porque é dever, sem levar em conta qualquer outro
impulso, pertence somente à legislação interna". Temos, pois, em conformidade com a
perspectiva adotada por Kant, que a distinção entre moralidade e juridicidade é
puramente formal. Diz respeito à forma de obrigar-se, e não ao objeto das ações.
Y
Em compasso com sua ótica "metafísica", Kant intenta proceder uma justificação do
direito e de seus principais institutos jurídicos a partir de princípios puramente
racionais. Trata-se de uma ilação "transcendental". Kant, não elabora um doutrina
empírica do direito, mas uma doutrina metafísica, ou seja, uma doutrina racional do
direito.
Segundo kant, "o conceito de direito, enquanto este se refere a uma obrigação
correspondente (...) diz respeito em primeiro lugar somente à relação externa, e
absolutamente prática, de uma pessoa com relação à outra, enquanto as ações próprias
podem ter como base influências recíprocas". O direito situa-se, assim, no mundo das
relações externas entre os homens.
E mais. O conceito de direito "não significa uma relação do arbítrio com o desejo dos
outros, como acontece nos atos de beneficência ou de crueldade, mas refere-se
exclusivamente às relações com o arbítrio dos outros". O direito refere-se, pois, a uma
relação externa entre dois arbítrios. Isto quer dizer que somente temos o "direito"
quando nos defrontamos com um encontro não de dois desejos, ou de um arbítrio com
um desejo, mas de dois arbítrios, que dizer, de duas capacidades conscientes do poder
do poder que cada uma tem de alcançar o objeto do desejo.
Neste contexto, "o direito é o conjunto das condições por meio das quais o arbítrio de
um pode estar de acordo com o arbítrio de um outro, segundo uma lei universal da
liberdade". Com base nesta concepção, Kant apresenta algumas determinações da
categoria direito, senão vejamos.
Y
Em conformidade com sua ótica epistemológica, a distinção entre direito privado e
direito público não é uma distinção empírica, mas fundamentalmente uma distinção
racional. Sendo racional, a única forma de fundamentá-las é voltando-se para as
chamadas "fontes", das quais os diversos direitos se originam. Assim, qualquer direito
que derive do Estado é direito público, mesmo aquele que os juristas costumam
denominar direito privado. Todo direito estatal é necessariamente um direito público.
Um direito privado, para kant, portanto, somente seria possível fora do âmbito do
Estado. Tal seria possível ?
Para Kant, que é um jusnaturalista, tal é possível. O direito fora do estado, e, portanto,
não público, seria o direito natural, aquele que regula as relações entre os homens no
estado de natureza. O direito privado seria assim o direito próprio do estado de natureza,
próprio de uma estado pré-estatal. Desta forma, o problema da distinção entre direito
privado e direito público em Kant muda para a distinção entre direito natural e direito
positivo, ou seja, entre o direito a que se visa no estado de natureza e o direito a que se
visa no estado civil. Direito privado e direito público correspondem, portanto, na teoria
kantiana, a uma distinção de status: o primeiro é próprio do estado de natureza, no qual
as relações jurídicas atuam entre indivíduos isolados, independentemente de uma
autoridade superior; o segundo é próprio do estado civil, no qual as relações jurídicas
são reguladas por uma autoridade superior aos indivíduos, que é, neste caso, a
autoridade superior do Estado.
A sociedade medieval era uma sociedade pluralista, posto ser constituída por uma
pluralidade de agrupamentos sociais cada um dos quais dispondo de um ordenamento
jurídico próprio: o direito aí se apresentava como um fenômeno social, produzido não
pelo Estado, mas pela sociedade civil. Com a formação do Estado moderno, ao
contrario, a sociedade assume uma estrutura monista, no sentido de que o Estado
concentra em si todos os poderes, em primeiro lugar aquele de criar o direito: não se
contenta em concorrer para esta criação, mas quer ser o único a estabelecer o direito, ou
diretamente através da lei, ou indiretamente através do reconhecimento e controle das
normas de formação consuetudinária. Assiste-se, assim, àquilo que em outro curso
chamamos de