ENCARTE 89 ANOS

ESPECIAL DO PCB

O PCB nasceu em Niterói em 25 de

março de 1922. Sua fundação reuniu
nove delegados, que representavam
grupos comunistas espelhados
pelos estados do Rio de Janeiro, São
Paulo, Pernambuco, Rio Grande do
Sul e Distrito Federal. Quase todos
os fundadores, que aparecem na
foto, iniciaram sua militância no
seio anarquista. Eles se decidiram
pelo comunismo após a vitória da
Revolução Russa de 1917.
Já em junho de 1922, o governo
Epitácio Pessoa coloca o partido na
ilegalidade. Assim o PCB passou a
maior parte de sua existência. Se
a história do PCB foi marcada por
uma sistemática repressão, que
o compeliu à clandestinidade por
mais da metade de sua vida e que
entregou ao povo brasileiro boa parte
de seus maiores heróis do século XX,
nem por isto o PCB foi um partido
marginal. Ao contrário: da década de
vinte aos dias atuais, os comunistas,
com seus acertos e erros, mas
especialmente com sua profunda
ligação aos interesses históricos das
massas trabalhadoras, participaram
ativamente da dinâmica sócio-
política e cultural do país.
Relembrar a história do PCB é
recuperar a memória de um Brasil
insurgente e comprovar que só pode
fazer futuro quem tem lastro no
passado. Na coerência. E na luta.
Eles eram poucos. “Camaradas Manoel, Joaquim,
E nem puderam cantar muito alto a Internacional. Astrojildo, Pimenta, Luis, José Elias,
Naquela casa de Niterói em 1922. Hermogênio, Nequete e Cordeiro:
Mas cantaram e fundaram o partido. Presentes!”
Eles eram apenas nove, o jornalista Atrogildo, o contador Cordeiro,
o gráfico Pimenta, o sapateiro José Elias, o vassoureiro Luís Peres,
os alfaiates Cendon e Barbosa, o ferroviário Hermogênio.
E ainda o barbeiro Nequete, que citava Lênin a três por dois.
Em todo o país eles eram mais de setenta.
Sabiam pouco de marxismo, mas tinham sede de justiça e estavam
dispostos a lutar por ela.
Faz sessenta anos que isso aconteceu, o PCB não se tornou o maior
partido do ocidente, nem mesmo do Brasil.
Mas quem contar a história de nosso povo e seus heróis tem que
falar dele.
Ou estará mentindo.

Ferreira Gullar
Poema escrito em 1982.
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M inha condição de
comunista, há quase
30 anos, me colocou numa
opção política de proximidade
e admiração pelo PCB. Por
divergências à época, minha
militância configurou-se
enquanto independente,
sem vínculo partidário. A
situação mudou radicalmente
há cinco anos, quando o
PCB decidiu fazer rigorosa e
autêntica autocrítica, tarefa
imprescindível para qualquer
comunista.
Sob esta corajosa autocrítica, a
via revolucionária foi retomada e
encontro-me satisfeito em exercer
minha militância comunista
no PCB, o verdadeiro Partido
Comunista Brasileiro que traz
consigo toda uma História de lutas
e sinaliza para um projeto político
comunista que defende uma
sociedade equânime e libertária.
Por isso e por tudo, posso dizer:
sou PCB!
Carlos Henrique Aguiar Serra
Professor da UFF
O Partido Comunista Palestino
envia saudações camaradas
ao PCB!
Secretaria Internacional do
Partido Comunista Palestino
Q ueridos camaradas: Em
nome dos comunistas
franceses, daqueles que são
fiéis ao Marxismo-Leninismo,
o Pólo de Renascimento
Comunista na França saúda
o partido irmão, em seu 89º
aniversário.
Fundado nos marcos da
Revolução de Outubro, o PCB,
fiel aos ideais de Lênin, foi,
em meio a condições por
vezes terríveis, o partido das
lutas dos trabalhadores de seu
país no século XX.
No século XXI, os comunistas
brasileiros, juntamente
com as forças populares
democráticas, participam de
lutas e se engajam na via das
transformações profundas,
como as que ocorrem em seu
continente.
Recebam nossa mais fraterna
saudação.
Secretariado Nacional do
PRCF
O enraizamento histórico e ideológico
do PCB no proletariado fez da questão
racial elemento indissociável na luta pelo
Socialismo, dada a relevante presença de
afrodescendentes na classe trabalhadora.
O PCB teve marcada luta pela abolição do
racismo, seja nas denúncias já nos anos 30
da persistência de elementos de escravidão
nas condições de vida dos negros,
confrontando a concepção elitista e racista
do sistema político burguês ao lançar a
primeira candidatura de um negro e operário
à Presidência - Minervino de Oliveira - pelo
Bloco Operário e Camponês, e pela presença
de José Cláudino dos Santos na constituinte
de 1946 como primeiro parlamentar
negro. Jorge Amado, também deputado
constituinte, apresentou o primeiro projeto
lei federal em defesa da liberdade de prática
de religiões de matriz africana.
Leandro Alberto Pinto dos Santos
Psicólogo
E stimados camaradas: Permitam-
nos fazer chegar-lhes em nome dos
militantes do Partido Revolucionário dos
Comunistas das Canárias nossas sinceras
felicitações pela passagem dos 89 anos
de luta do PCB, que vive uma época de
impulso jovem e revolucionário.
Nessa época final do imperialismo
agonizante, a necessidade de direção
política e ideológica dos comunistas se
faz mais imperiosa: nunca foi tão certa
a expressão de Engels “Socialismo
ou barbárie”. Em todo o planeta, as
forças comunistas tomam novos brios,
encabeçando as lutas dos trabalhadores e
dos povos.
Do outro lado do Oceano, recebam uma
saudação fraterna.
Viva a Unidade de todos os comunistas e
das forças antiimperialistas!
Viva o Partido Comunista Brasileiro!
Viva o internacionalismo proletário!
Partido Revolucionário dos Comunistas
das Canárias
N ão há luta sindical ou popular em
que o PCB não seja lembrado.
Ele é a personificação da tradição
revolucionária que, entre erros
e acertos, acompanha a história
do povo brasileiro, nos melhores
e piores momentos, nas maiores
vitórias e nos grandes avanços em
direção à sociedade democrática
que todos nós almejamos. A sigla já
não pertence aos quadros militantes,
mas à toda sociedade, tombado
pelo patrimônio da memória e, ao
alcançar os 89 anos, o PCB continua
chegando aos nossos corações,
através das mensagens de seus
históricos militantes, como Prestes
e Gregório. Vamos aos 90, chegarão
aos cem anos... O que é tempo para
quem já é eterno?
Rondon de Castro
Presidente da SEDUFSM - ANDES-SN
O Partido Comunista Filipino (PKP)
envia saudações fraternas
ao PCB em seu 89º aniversário.
Estamos confiantes que a
comemoração será uma ocasião
para maior fortalecimento da
resolução de seu Partido de lutar
firmemente contra o imperialismo e
a reação local, e de contribuir para
a unificação das forças comunistas
e de esquerda no Brasil na luta
comum para tornar a libertação do
povo brasileiro.
Desejamos fortalecer os laços
fraternos entre os dois partidos
nos marcos da solidariedade
internacional contra as políticas
belicistas do imperialismo e a
globalização capitalista, na luta
pela paz, liberdade, democracia e
Socialismo
Com nossos melhores votos,
Antonio E. Paris
Secretário-geral do Partido Comunista
Filipino
S audações
camaradas!
Mohamed Alqam
Secretário Internacional do Partido
Comunista Palestino
O PCB faz 89 anos e
permanece atual. Pelo acerto
e justeza da sua linha política
se alinha com o que há de mais
avançado no campo das idéias
socialistas. O Partidão tem
sido o instrumento político dos
explorados na luta anticapitalista.
Passou por momentos de
ascensão e ostracismo, vitórias e
derrotas. Tentaram por diversas
vezes liquidá-lo, mas o vigor
de suas idéias fez com que
muitas vezes ressurgisse das
cinzas. O PCB está revigorado,
embasado no marxismo-
leninismo, afirmando, como
partido anticapitalista que é, que
o socialismo é o único caminho
viável para os trabalhadores.
Paiva Neves
Poeta popular, membro do CC do
PCB e diretor do Sindicato dos
Trabalhadores da Industria de
Calçados do Ceará.
A bandeira vermelha do PCB
sempre esteve presente
na criação e organização de
centenas de sindicatos no Brasil,
na luta pela reforma agrária, no
enfrentamento ao autoritarismo
e cerceamento de liberdades
democráticas, na busca de
unidade dos trabalhadores no
enfrentamento contra o capital.
Parabéns pelos 89 anos de
luta e sacrifícios na defesa
intransigente dos trabalhadores.
Sérgio Prieb
Professor da UFSM, diretor da
SEDUFSM - ANDES-SN.
N o dia 25 de março estarei
protestando de alguma forma
contra a intervenção do EUA no
Brasil, devido a visita de Obama
na Cinelândia, praça que era do
povo e que devido a venalidade
do governo brasileiro foi
oferecida a este representante
do imperialismo de Washington.
Saudações comunistas!
Dinarco Reis Filho
Petroleiro e membro do CC do PCB
 ENCARTE
ESPECIAL
P
N
ara os companheiros
do PCB, uma fraterna
saudação pelos 89 anos
de luta em favor do povo
brasileiro e do socialismo.
Ildo Sauer
Professor da USP, ex-diretor da
Petrobrás, ativista da campanha
“O petróleo tem que ser nosso!”
C elebrar mais um
aniversário do Partido
Comunista Brasileiro, ou
melhor, do PCB, significa
marcar, outra vez, não
somente a vitalidade de um
Partido Político coerente e
forte, mas sobretudo a força
de uma grande idéia política,
ou seja, a incontornável
igualdade dos homens,
enquanto caminho de
desfrutar todos os direitos,
e ainda, em igualdade de
possibilidades de atuação
social.
A luta em prol deste valor,
está essencialmente ligada
ao impulso espontâneo
da própria natureza
social do homem que
postula a compartição de
todos os bens sociais e a
impossibilidade de participar
de seu desenvolvimento fora
desta necessidade.
João Luiz Duboc Pinaud
Jurista e militante dos Direitos
Humanos
C amaradas:
O Comitê Central do
Partido Comunista de Malta
envia saudações fraternas na
ocasião do 89º aniversário do
Partido Comunista Brasileiro.
O Partido Comunista
de Malta está certo de
que o PCB, que lutou no
passado contra os regimes
ditatoriais fascistas militares
apoiados pelo imperialismo
norteamericano, continuará
a lutar pela emancipação
e pela liberação da classe
trabalhadora brasileira da
exploração capitalista.
Vida longa para o Partido
Comunista Brasileiro!
Partido Comunista de
Malta
Ivan Pinheiro é secretário-geral do PCB sociedade do futuro.
89 ANOS 3
DO PCB
este 25 de março de 2011, o PCB completa 89 anos de fundação. É
o Partido mais antigo do país, cuja história se confunde com a do
Brasil, sobretudo com a de organização e luta do proletariado e dos
trabalhadores em geral.
Não é uma comemoração exclusiva dos que estamos reconstruindo
revolucionariamente esta sigla: do PCB surgiram outras organizações, que
também têm o direito de comemorar este aniversário, como fato histórico.
Muitos desses militantes saíram do PCB inclusive pela política de conciliação
de classes que vigorou no Partido em boa parte da segunda metade do século
XX, críticas com as quais concordamos. Ainda devem festejar o aniversário
milhares de comunistas, hoje sem partido, em função da diáspora que teve
como matriz o PCB.
Mas falemos do presente e do futuro. Mesmo quase nonagenários, bate em
nossos peitos o típico ardor juvenil. Pela justiça. Liberdade. Pela camaradagem
que deve ocorrer nas relações humanas, sem a mercantilização do homem e a
exploração de muitos por um punhado de privilegiados.
É por este motivo e nenhum outro que, para nós do PCB, este momento de
confraternização é também o de estar ao lado daqueles que vêem em nossa
atual linha política, consolidada no XIV Congresso, a possibilidade de
construir a revolução brasileira, de caráter socialista.
A estes parceiros, reforçamos nossos esforços de construção da frente
antiimperialista e anticapitalista em nosso país, no rumo do socialismo, posto
que o processo revolucionário não será obra de um só partido, por mais justos
que sejam seus desejos e mais abnegados os seus integrantes.
A longevidade do PCB não deriva do exercício do poder, que revigora os
partidos da ordem. Em sua longa história, o PCB nunca esteve no poder. Pelo
contrário, passou a maior parte de sua vida na clandestinidade.
Clandestinidade e violência reacionária que ceifou muitos de nós, retirando
a vida de alguns dos melhores indivíduos que a espécie humana foi capaz de
gerar. Gente como David Capistrano, a quem homenageamos neste 2011 com
a Medalha Dinarco Reis.
Meu senso de responsabilidade e meu
compromisso histórico com o legado de
personagens como este me impõem dizer:
a heróica história do PCB necessita de nós,
os militantes deste partido, os melhores
esforços, a mais desprendida atitude, a
mais resoluta convicção. Somente dessa
forma será possível honrar nosso passado e
concretizar a razão de nossa existência: a
construção do comunismo.
Somente assim daremos como cumprida
a tarefa levantada por aqueles nove
delegados que em Niterói, nos dias 25
a 27 de março de 1922, fundaram este
operador político de sigla PCB: libertar
o trabalhador brasileiro e construir a
ENCARTE
4 89 ANOS
ESPECIAL DO PCB
Os comunistas
Pablo Neruda
Passaram-se alguns anos desde que ingressei no Partido
Estou contente
Os comunistas formam uma boa família
Têm a pele curtida e o coração moderado
Por toda parte recebem golpes
Golpes exclusivos para eles
Vivam os espíritas, os monarquistas, os anormais, os criminosos de todas as espécies
Viva a filosofia com muita fumaça e pouco fogo
Viva o cão que ladra mais não morde, vivam os astrólogos libidinosos, viva a pornografia, viva o cinismo, viva o camarão, viva todo
mundo, menos os comunistas
Vivam os cintos de castidade, vivam os conservadores que não lavam o pé a quinhentos anos
Vivam os piolhos das populações de miseráveis, viva a fossa comum e gratuita, viva o anarcocapitalismo,
Viva Rilke, viva André Guide com seu corydonzinho, viva qualquer misticismo
Esta tudo bem
Todos são heróicos
Todos os jornais devem sair
Todos devem ser publicados, menos os comunistas
Todos os candidatos devem entrar em São Domingos sem algemas
Todos devem celebrar a morte do sanguinário de Trujillo, menos os que mais duramente o combateram
Viva o Carnaval, os últimos dias de Carnaval
Há disfarces para todos
Disfarces de idealistas cristãos, disfarces de extrema esquerda, disfarces de damas beneficentes e de matronas caritativas
Mas cuidado: Não deixem entrar os comunistas
Fechem bem a porta
Não se enganem
Eles não têm direito a nada
Preocupemos-nos com o subjetivo, com a essência do homem, com a essência da essência
Assim estaremos todos contentes
Temos liberdade
Que grande coisa é a liberdade!
Eles não a respeitam,
Não a conhecem
A liberdade para se preocupar com a essência
Com a essência da essência
Assim têm passados os últimos anos
Passou o Jazz,
Chegou o Soul, naufragamos nos postulados da pintura abstrata, a guerra nos abalou e nos matou
Tudo ficava como está
Ou não ficava?
Depois de tantos discursos sobre o espírito e de tantas pauladas na cabeça, alguma coisa ia mal
Muito mal
Os cálculos tinham falhado
Os povos se organizavam
Continuavam as guerrilhas e as greves
Cuba e Chile se tornavam independentes
Muitos homens e mulheres cantavam a Internacional
Que estranho
Que desanimador
Agora cantam-na em chinês, em búlgaro, em espanhol da América
É preciso tomar medidas urgentes
É preciso bani-lo
É preciso falar mais do espírito
Exaltar mais o mundo livre
É preciso dar mais pauladas e o medo de Germán Arciniegas
E agora Cuba
Em nosso próprio hemisfério, na metade de nossa maça, esses barbudos com a mesma canção
E para que nos serve Cristo?
Para que servem os padres?
Já não se pode confiar em ninguém
Nem mesmo os padres. Não vêem nosso ponto de vista
Não vêem como baixam nossas ações na bolsa
Enquanto isso sobem os homens pelo sistema solar
Deixam pegadas de sapatos na lua
Tudo luta por mudanças, menos os velhos sistemas
A vida dos velhos sistemas nasceu de imensas teias de aranhas medievais
No entanto, há gente que acredita numa mudança, que tem posto em prática a mudança, que tem feito triunfar a mudança, que tem
feito florescer a mudança
Caramba!
A primavera é inexorável!