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APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA 27690 1999.02.01.

043313-5

RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL CRUZ NETTO


APELANTES : PAULO ROBERTO CARDOSO E OUTROS
ADVOGADO : FATIMA LUCIA SALME CARDOSO
APELADO : CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA
ARQUITETURA E AGRONOMIA - CREA/RJ
ADVOGADO : SYLVIO DE CASTRO CONTINENTINO
ORIGEM : VIGÉSIMA OITAVA VARA FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO (9800250492)

RELATÓRIO

Trata-se de apelação interposta por Paulo Roberto Cardoso e outros,


técnicos industriais de nível médio, contra a sentença prolatada nos autos do
mandado de segurança que impetraram contra ato do Presidente do Conselho
Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado do Rio de
Janeiro – CREA/RJ, consistente na negativa de apreciação do pedido de
anotação em carteira do direito de assinarem projetos de até 800 KVA,
reconhecido no Decreto nº 90.922/85 e na Lei 5.524/68. Pedem os
impetrantes que seja determinada a devida anotação em suas carteiras.
Deferida a liminar à fl. 38 para que seja apreciado o pedido
administrativo dos impetrantes e prestadas as informações pela autoridade
impetrada, foi proferida sentença, às fls. 62/64, na qual foi revogada a liminar
e denegada a segurança.
Os impetrantes apelam alegando que a própria lei lhes fornece a
capacidade necessária para que exerçam a sua função e que o Conselho
Federal de Engenharia e Arquitetura determinou aos conselhos regionais o
cumprimento da anotação das atribuições do Decreto 90.922/85. Pedem a
reforma da sentença.
Em contra-razões, o CREA/RJ argumenta que o Decreto 90.922/85
transbordou e invadiu matéria reservada à lei, atribuindo atividades privativas
dos engenheiros a técnicos de segundo grau, permitindo que pessoas
despreparadas profissional e tecnicamente assumam responsabilidade muito
acima de seus precários conhecimentos. Diz que a Lei 5.524/68, que dispõe
sobre o exercício de profissão de Técnico Industrial e Técnico Agrícola de
nível médio, não lhes conferiu, em qualquer dos incisos do seu art. 2º, tais
atribuições. Conclui que o art. 4º do referido decreto ofende o art. 81- III, 6º,
parágrafo único e 153, § 23 da anterior Carta do país e transgride o princípio
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constitucional da hierarquia das normas jurídicas, na medida em que, sem


fundado apoio na Lei 5.524/68, invade matéria regulada na Lei 5.194/66, que
regula as profissões de Engenheiro, Arquiteto e Agrônomo. Pede a
manutenção da sentença.
Neste Tribunal, o Ministério Público Federal opinou pelo
improvimento do recurso.
É o relatório.

CRUZ NETTO
RELATOR

VOTO

A Lei nº 5.524/68, que dispõe sobre o exercício da profissão de Técnico


Industrial de nível médio, aduz, em seu art. 2º, o seguinte:
“Art 2º. A atividade profissional do Técnico Industrial de nível médio
efetiva-se no seguinte campo de realizações:
I - conduzir a execução técnica dos trabalhos de sua especialidade;
II - prestar assistência técnica no estudo e desenvolvimento de projetos
e pesquisas tecnológicas;
III - orientar e coordenar a execução dos serviços de manutenção de
equipamentos e instalações;
IV - dar assistência técnica na compra, venda e utilização de produtos
e equipamentos especializados;
V - responsabilizar-se pela elaboração e execução de projetos,
compatíveis com a respectiva formação profissional.”
Regulamentando a referida lei, o Decreto 90.922/85 especifica os
projetos considerados compatíveis com a formação profissional dos técnicos
industriais, em seu art. 4º, dispondo especificamente sobre os técnicos em
eletrotécnica no parágrafo 2º do referido artigo, que tem a seguinte redação:
“§ 2º Os técnicos em Eletrotécnica poderão projetar e dirigir
instalações elétricas com demanda de energia de até 800 kva, bem como
exercer a atividade de desenhista de sua especialidade.”
Em face dessa disposição, entendem os impetrantes que possuem
direito líquido e certo a terem a respectiva anotação em suas carteiras.
Por outro lado, o CREA sustenta que o referido decreto exorbitou de
sua competência regulamentar, ao assim dispor.
A sentença considerou que a matéria requer dilação probatória, voltada

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à comprovação da plena habilitação dos impetrantes para o exercício das


atividades pretendidas.
Discordo desse entendimento, eis que não há como comprovar
judicialmente a habilitação para projetar e dirigir instalações elétricas com
demanda de energia de até 800 kva, tendo sido exatamente esta a intenção do
legislador ao editar o Decreto 90.922/85, ou seja, reconhecer a referida
habilitação dos técnicos em eletrotécnica.
Ao assim fazer, o citado decreto não infringiu a Lei 5.524/68, eis que
não foi de encontro a nenhuma disposição nela contida.
Ao considerar, dentre as atividades profissionais do técnico industrial
de nível médio, a responsabilidade pela elaboração e execução de projetos
compatíveis com a respectiva formação profissional, aquela lei deixou para a
norma regulamentar (decreto) a indicação de quais projetos seriam
compatíveis com a formação profissional dos técnicos industriais.
Não se pode, pois, considerar ilegal o § 2º do art. 4º do Decreto
90.922/85.
Assim, também não se pode negar o direito dos impetrantes a terem em
suas carteiras a anotação referente a sua habilitação profissional para os
projetos referidos naquele dispositivo.
Nesse sentido é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, como
se vê, dentre vários outros, nos seguintes acórdãos:
“ADMINISTRATIVO - CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA,
ARQUITETURA E AGRONOMIA (CREA) - TÉCNICOS DE SEGUNDO
GRAU - EXERCÍCIO PROFISSIONAL - ATRIBUIÇÕES - ANOTAÇÕES EM
CARTEIRA - OBRIGATORIEDADE – LEI 5.524/68 - DECRETO 90.922/85 -
PRECEDENTES STJ.
- O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia está
obrigado a efetivar anotações em carteira, das atribuições
profissionais dos técnicos de nível médio, porque tal prerrogativa
decorre da Lei 5.524/68, regulamentada pelo Decreto 90.922/85.
Recurso conhecido e provido.”
(STJ – 2ª Turma; REsp 132485/RS, rel. Ministro Francisco Peçanha
Martins; DJ de 01/08/2000)
“ADMINISTRATIVO. CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA,
ARQUITETURA E AGRONOMIA. ANOTAÇÃO, NAS CARTEIRA DE
HABILITAÇÃO DE TÉCNICOS DE NÍVEL MÉDIO, DAS ATRIBUIÇÕES
PREVISTAS NO DECRETO Nº90.922/85.
O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia está

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obrigado a anotar nas carteiras de habilitação dos técnicos de nível


médio as atribuições previstas no Decreto nº 90.922/85.
Recurso especial não conhecido.”
(STJ, 2ª Turma; REsp 186543/RS; DJ de 05/04/1999, rel. Ministro Ari
Pargendler)
Há, pois, que ser reformada a sentença.
Pelo exposto, dou provimento à apelação para reformar a sentença e
conceder a segurança, determinando à autoridade impetrada que proceda à
anotação nas carteiras dos impetrantes da habilitação profissional para
exercício das atividades descritas no § 2º do art. 4º do Decreto 90.922/85.
Condeno o CREA a reembolsar aos impetrantes as custas processuais.
É como voto.
Rio de Janeiro,

CRUZ NETTO
Relator

EMENTA

ADMINISTRATIVO. TÉCNICOS INDUSTRIAIS DE NÍVEL MÉDIO EM


ELETROTÉCNICA. HABILITAÇÃO PARA PROJETOS ELÉTRICOS
COM DEMANDA DE ENERGIA DE ATÉ 800 KVA. LEI 5.524/68.
DECRETO 90.922/85, ART. 4º, § 2º.
I – Ao considerar, dentre as atividades profissionais do técnico industrial de
nível médio, a responsabilidade pela elaboração e execução de projetos
compatíveis com a respectiva formação profissional, a Lei 5.524/68 deixou
para a norma regulamentar (decreto) a indicação de quais projetos seriam
compatíveis com a formação profissional daqueles técnicos.
II - Regulamentando a referida lei, o Decreto 90.922/85 especifica os projetos
considerados compatíveis com a formação profissional dos técnicos
industriais, em seu art. 4º, dispondo especificamente sobre os técnicos em
eletrotécnica no parágrafo 2º do referido artigo, segundo o qual eles “poderão
projetar e dirigir instalações elétricas com demanda de energia de até 800
kva, bem como exercer a atividade de desenhista de sua especialidade”. Ao
assim fazer, o citado decreto não infringiu a Lei 5.524/68, eis que não foi de
encontro a nenhuma disposição nela contida.
III – Não há como comprovar judicialmente a habilitação para projetar e
dirigir instalações elétricas com demanda de energia de até 800 KVA, tendo

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sido exatamente esta a intenção do legislador ao editar o Decreto 90.922/85,


ou seja, reconhecer a referida habilitação dos técnicos em eletrotécnica.
Assim, não procede o entendimento adotado na sentença de que a matéria
requer dilação probatória.
IV - Não se pode negar o direito dos impetrantes a terem em suas carteiras a
anotação referente a sua habilitação profissional para os projetos referidos no
Decreto 90.922/85.
V - Apelação provida.

ACÓRDÃO

Decidem os membros da Segunda Turma do Tribunal Regional Federal


da Segunda Região, por unanimidade, dar provimento à apelação, na forma do
voto do relator.
Rio de Janeiro, (data do
julgamento).

CRUZ NETTO
RELATOR

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