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SUMÁRIO
Lista de Figuras 02
1. Águas Subterrâneas 03
1.1 Ocorrência e Volume das águas subterrâneas 05
1.2 Qualidade das águas subterrâneas 05
1.3 Uso das águas subterrâneas 06
2. Captação de águas subterrâneas 08
2.1 Poços rasos 08
2.1.1 Poço escavado 08
2.1.2 Ponteiras cravadas 10
2.1.3 Poço a trado 11
2.1.4 Poço radial 11
2.1.5 Galerias 11
2.2 Poços profundos 12
2.2.1 Percussão 12
2.2.2 Rotativos 13
3. Impactos Ambientais sobre as águas subterrâneas 14
3.1 Poluição de águas subterrâneas 14
3.1.1 Fontes pontuais de poluição 17
3.1.2 Fontes lineares de poluição 17
3.1.3 Fontes difusas de poluição 17
3.2 Super exploração de águas subterrâneas 18
4. Outorga 20
4.1 Procedimentos de outorga 20
4.2 Uso insignificante 20
5. O Aqüífero Guarani 20
5.1 Impactos Ambientais sobre o Aqüífero Guarani 21
Conclusão 23
Bibliografia 24
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Lista de Figuras

Figura 1 – Ocorrência do lençol freático entre a zona saturada e a zona não saturada................03
Figura 2 – Localização do nível da água subterrânea em relação à zona do solo........................06
Figura 3 – Ocorrência de aqüífero confinado com poço artesiano, não artesiano e comum........09
Figura 4 – Localização do nível potenciométrico e nível do lençol freático................................13
Figura 5 – Poluição do lençol freático por lançamento de esgoto sanitário.................................16
Figura 6 – Interferência de água salgada no lençol freático.........................................................19
Figura 7 – Profundidade do Aqüífero Guarani no território brasileiro........................................21
Figura 8 – Localização do Aqüífero Guarani nos paises sul americanos.....................................22
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1. Águas Subterrâneas
Água subterrânea é toda a água que ocorre abaixo da superfície da Terra, preenchendo
os poros ou vazios intergranulares das rochas sedimentares, ou as fraturas, falhas e fissuras das
rochas compactas, e que sendo submetida a duas forças (de adesão e de gravidade) desempenha
um papel essencial na manutenção da umidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos. As
águas subterrâneas cumprem uma fase do ciclo hidrológico, uma vez que constituem uma
parcela da água precipitada. Após a precipitação, parte das águas que atinge o solo se infiltra e
percola no interior do subsolo, durante períodos de tempo extremamente variáveis, decorrentes
de muitos fatores:
a) a presença de argila no solo diminui sua permeabilidade, não permitindo uma grande
infiltração;
b) cobertura vegetal: um solo coberto por vegetação é mais permeável do que um solo
desmatado;
c) inclinação do terreno: em declividades acentuadas a água corre mais rapidamente,
diminuindo a possibilidade de infiltração;
d) tipo de chuva: chuvas intensas saturam rapidamente o solo, ao passo que chuvas finas e
demoradas têm mais tempo para se infiltrarem. Durante a infiltração, uma parcela da água sob a
ação da força de adesão ou de capilaridade fica retida nas regiões mais próximas da superfície
do solo, constituindo a zona não saturada. Outra parcela, sob a ação da gravidade, atinge as
zonas mais profundas do subsolo, constituindo a zona saturada.
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Figura 1 – Ocorrência do lençol freático entre a zona saturada e a zona não saturada.
Zona não saturada: também chamada de zona de aeração ou vadosa, é a parte do solo que está
parcialmente preenchida por água. Nesta zona, pequenas quantidades de água distribuem-se
uniformemente, sendo que as suas moléculas se aderem às superfícies dos grãos do solo. Nesta
zona ocorre o fenômeno da transpiração pelas raízes das plantas, de filtração e de autodepuração
da água. Dentro desta zona encontra-se:
a) Zona de umidade do solo: é a parte mais superficial, onde a perda de água de adesão para a
atmosfera é intensa. Em alguns casos é muito grande a quantidade de sais que se precipitam na
superfície do solo após a evaporação dessa água, dando origem a solos salinizados ou a crostas
ferruginosas (lateríticas). Esta zona serve de suporte fundamental da biomassa vegetal natural
ou cultivada da Terra e da interface atmosfera / litosfera.
b) Zona intermediária: região compreendida entre a zona de umidade do solo e da franja
capilar, com umidade menor do que nesta última e maior do que a da zona superficial do solo.
Em áreas onde o nível freático está próximo da superfície, a zona intermediária pode não existir,
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pois a franja capilar atinge a superfície do solo. São brejos e alagadiços, onde há uma intensa
evaporação da água subterrânea.
c) Franja de capilaridade: é a região mais próxima ao nível d’água do lençol freático, onde a
umidade é maior devido à presença da zona saturada logo abaixo.
Zona saturada: é a região abaixo da zona não saturada onde os poros ou fraturas da rocha estão
totalmente preenchidos por água. As águas atingem esta zona por gravidade, através dos poros
ou fraturas até alcançar uma profundidade limite, onde as rochas estão tão saturadas que a água
não pode penetrar mais. Para que haja infiltração até a zona saturada, é necessário primeiro
satisfazer as necessidades da força de adesão na zona não saturada. Nesta zona, a água
corresponde ao excedente de água da zona não saturada que se move em velocidades muito
lentas (em/dia), formando o manancial subterrâneo propriamente dito. Uma parcela dessa água
irá desaguar na superfície dos terrenos, formando as fontes, olhos de água. A outra parcela desse
fluxo subterrâneo forma o caudal basal que deságua nos rios, perenizando-os durante os
períodos de estiagem, com uma contribuição multianual média da ordem de 13.000 km3/ano, ou
deságua diretamente nos lagos e oceanos.
A superfície que separa a zona saturada da zona de aeração é chamada de nível freático,
ou seja, este nível corresponde ao topo da zona saturada. Dependendo das características
climatológicas da região ou do volume de precipitação e escoamento da água, esse nível pode
permanecer permanentemente a grandes profundidades, ou se aproximar da superfície
horizontal do terreno, originando as zonas encharcadas ou pantanosas, ou convertendo-se em
mananciais (nascentes) quando se aproxima da superfície através de um corte no terreno.

1.1 Ocorrência e Volume das Águas Subterrâneas


Assim como a distribuição das águas superficiais é muito variável, a das águas
subterrâneas também é, uma vez que elas se inter-relacionam no ciclo hidrológico e dependem
das condições climatológicas. Entretanto, as águas subterrâneas (10.360.230 km3) são
aproximadamente 100 vezes mais abundantes que as águas superficiais dos rios e lagos (92.168
km3). Embora elas encontrem-se armazenadas nos poros e fissuras milimétricas das rochas,
estas ocorrem em grandes extensões, gerando grandes volumes de águas subterrâneas na ordem
de, aproximadamente, 23.400 km3, distribuídas em uma área aproximada de 134,8 milhões de
km2, constituindo-se em importantes reservas de água doce.
Alguns especialistas indicam que a quantidade de água subterrânea pode chegar até 60
milhões de km3, mas a sua ocorrência em grandes profundidades pode impossibilitar seu uso.
Por essa razão, a quantidade passível de ser captada estaria a menos de 4.000 metros de
profundidade, compreendendo cerca de 8 e 10 milhões de km3 que estaria assim distribuída:
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65.000 km3 constituindo a umidade do solo; 4,2 milhões de km3 desde a zona não-saturada até
750 m de profundidade, e 5,3 milhões de km3 de 750 m até 4.000 m de profundidade,
constituindo o manancial subterrâneo.
Além disso, a quantidade de água capaz de ser armazenada pelas rochas e pelos
materiais não consolidados em geral depende da porosidade dessas rochas, que pode ser de até
45% , da comunicação desses poros entre si ou da quantidade e tamanho das aberturas de
fraturas existentes.
No Brasil, as reservas de água subterrânea são estimadas em 112.000 km3 (112 trilhões
de m3) e a contribuição multianual média à descarga dos rios é da ordem de 2.400 km 3 /ano.
Nem todas as formações geológicas possuem características hidrodinâmicas que possibilitem a
extração econômica de água subterrânea para atendimento de médias e grandes vazões pontuais.
As vazões já obtidas por poços variam, no Brasil, desde menos de 1 m3/h até mais de 1.000
m3/h.
Na Argentina, a contribuição multianual média à descarga dos rios é da ordem de 128
km3/ano, no Paraguai, de 41 km3/ano e no Uruguai, de 23 km3/ano.

1.2 Qualidade das Águas Subterrâneas


Durante o percurso no qual a água percola entre os poros do subsolo e das rochas,
ocorre a depuração da mesma através de uma série de processos físico-químicos (troca iônica,
decaimento radioativo, remoção de sólidos em suspensão, neutralização de pH em meio poroso,
entre outros) e bacteriológicos (eliminação de microorganismos devido à ausência de nutrientes
e oxigênio que os viabilizem) que agindo sobre a água, modificam as suas características
adquiridas anteriormente, tornando-a particularmente mais adequada ao consumo humano.
Sendo assim, a composição química da água subterrânea é o resultado combinado da
composição da água que adentra o solo e da evolução química influenciada diretamente pelas
litologias atravessadas, sendo que o teor de substâncias dissolvidas nas águas subterrâneas vai
aumentando à medida que prossegue no seu movimento.
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Figura 2 – Localização do nível da água subterrânea em relação à zona do solo.

As águas subterrâneas apresentam algumas propriedades que tornam o seu uso mais
vantajoso em relação ao das águas dos rios: são filtradas e purificadas naturalmente através da
percolação, determinando excelente qualidade e dispensando tratamentos prévios; não ocupam
espaço em superfície; sofrem menor influência nas variações climáticas; são passíveis de
extração perto do local de uso; possuem temperatura constante; têm maior quantidade de
reservas; necessitam de custos menores como fonte de água; as suas reservas e captações não
ocupam área superficial; apresentam grande proteção contra agentes poluidores; o uso do
recurso aumenta a reserva e melhora a qualidade; possibilitam a implantação de projetos de
abastecimento à medida da necessidade.

1.3 Uso das Águas Subterrâneas


A exploração de água subterrânea está condicionada a fatores quantitativos, qualitativos
e econômicos:
a) Quantidade: intimamente ligada à condutividade hidráulica e ao coeficiente de
armazenamento dos terrenos. Os aqüíferos têm diferentes taxas de recarga, alguns deles se
recuperam lentamente e em outros a recuperação é mais regular;
b) Qualidade: influenciada pela composição das rochas e condições climáticas e de renovação
das águas;
c) Econômico: depende da profundidade do aqüífero e das condições de bombeamento.
Contudo, o aproveitamento das águas subterrâneas data de tempos antigos e sua
evolução tem acompanhado a própria evolução da humanidade, sendo que o seu crescente uso
se deve ao melhoramento das técnicas de construção de poços e dos métodos de bombeamento,
permitindo a extração de água em volumes e profundidades cada vez maiores e possibilitando o
suprimento de água a cidades, indústrias, projetos de irrigação, etc.
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A relação, em termos de demanda quanto ao uso, varia entre os países, e nestes, de


região para região, constituindo o abastecimento público, de modo geral, a maior demanda
individual.
Praticamente todos os países do mundo, desenvolvidos ou não, utilizam água
subterrânea para suprir suas necessidades. Países como a Alemanha, Áustria, Bélgica,
Dinamarca, França, Holanda, Hungria, Itália, Marrocos, Rússia e Suíça atendem de 70 a 90% da
demanda para o abastecimento público. Outros utilizam a água subterrânea no atendimento total
(Dinamarca, Arábia Saudita, Malta) ou apenas como suplementação do abastecimento público e
de atividades como irrigação, produção de energia, turismo, indústria, etc. Na Austrália, 60% do
país depende totalmente do manancial subterrâneo e em mais de 20% o seu uso é
preponderante. A cidade do México atende cerca de 80% da demanda dos quase 20 milhões de
habitantes.
A UNESCO estimava, em 1992, que mais de 50% da população mundial poderia estar
sendo abastecida pelo manancial subterrâneo.
Regiões áridas e semi-áridas (Nordeste do Brasil e a Austrália), e certas ilhas, têm a
água subterrânea como o único recurso hídrico disponível para uso humano. Até regiões
desérticas, como a Líbia, têm a demanda de água em cidades e na irrigação atendida por poços
tubulares perfurados em pleno deserto do Saara.
Estima-se em 300 milhões o número de poços perfurados no mundo nas três últimas
décadas, 100 milhões dos quais nos Estados Unidos, onde são perfurados cerca de 400 mil
poços por ano, com uma extração de mais de 120 bilhões de m3/ano, atendendo mais de 70% do
abastecimento público e das indústrias.
Na África do Norte, China, Índia, Estados Unidos e Arábia Saudita, cerca de 160
bilhões de toneladas de água são retirados por ano e não se renovam. Essa água daria para
produzir comida suficiente para 480 milhões de pessoas por ano.
A expansão das terras agrícolas vem provocando também o uso intensivo das águas
subterrâneas, além do uso habitual das fontes superficiais. Existem diversos exemplos no
mundo de esgotamento de aqüíferos por sobrexploração para uso em irrigação. Avalia-se que
existam no mundo 270 milhões de hectares irrigados com água subterrânea, 13 milhões desses
nos Estados Unidos e 31 milhões na Índia.
Vários núcleos urbanos no Brasil abastecem-se de água subterrânea de forma exclusiva
ou complementar, constituindo o recurso mais importante de água doce. Indústrias,
propriedades rurais, escolas, hospitais e outros estabelecimentos utilizam, com freqüência, água
de poços profundos. O maior volume de água ainda é, todavia, destinado ao abastecimento
público. Importantes cidades do país dependem integral ou parcialmente da água subterrânea
para abastecimento, como, por exemplo: Ribeirão Preto (SP), Mossoró e Natal (RN), Maceió
(AL), Região Metropolitana de Recife (PE) e Barreiras (BA). No Maranhão, mais de 70% das
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cidades são abastecidas por águas subterrâneas, e em São Paulo e no Piauí esse percentual
alcança 80%. As águas subterrâneas termais estimulam o turismo em cidades como Caldas
Novas em Goiás, Araxá e Poços de Caldas em Minas Gerais. Além disso, atualmente, a água
mineral é amplamente usada pelas populações dos centros urbanos, por sua qualidade.
Mesmo em casos de elevado teor salino, como nas áreas de ocorrência dos sistemas
aqüíferos fissurados do semi-árido nordestino, as águas subterrâneas constituem, não raro, a
única fonte de suprimento permanente.
Aproximadamente 61 % da população brasileira é abastecida, para fins domésticos, com
água subterrânea, sendo que 6% se auto-abastece das águas de poços rasos, 12% de nascentes
ou fontes e 43% de poços profundos. Portanto, o número de poços tubulares em operação no
Brasil está estimado em cerca de 300.000, com um número anual de perfurações de
aproximadamente 10.000, o que pode ser considerado irrisório diante das necessidades de água
potável das populações e se comparado com outros países.
Os estados com maior número de poços perfurados são: São Paulo (40.000), Bahia, Rio
Grande do Sul, Ceará e Piauí.

2. Captação de Águas Subterrânea


Toda perfuração através da qual obtemos águas subterrâneas é, genericamente, chamada
de poço. Há muitas formas de classificá-los. Adotando uma classificação baseada em sua
profundidade, pois a mesma determina, de uma forma geral, o método construtivo, além de ser
um fator importante nas considerações sobre poluição da água subterrânea.

2.1 Poços rasos:

2.1.1 Poço escavado


É a mais antiga forma de exploração da água subterrânea, estando presente em
civilizações muito antigas. São poços cilíndricos, abertos manualmente, com o uso de picareta e
pá. Às vezes são usados fogachos (pólvora) para romper blocos de rocha mais resistentes.
Entretanto, este expediente é desaconselhável em virtude do perigo que acarreta, sendo proibido
por lei a pessoas não autorizadas a lidar com explosivos. Poço escavado é o tipo mais utilizado
pela população rural brasileira e, recebe nomes distintos, dependendo da região: cisterna,
cacimba, cacimbão, poço amazonas, poço caipira, ou simplesmente poço. Só podem ser
escavados em materiais não muito resistentes, geralmente solo e depósitos sedimentares pouco
consolidadas. Certos arenitos friáveis podem ser escavados manualmente.
Para que o operário possa trabalhar no fundo do poço, seu diâmetro deve ser grande,
indo de 1 a 2 metros, em média 1,50 metros. À medida que o buraco se aprofunda são
necessários pelo menos dois operários. Um fica no fundo do poço escavando enquanto o outro
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fica na superfície, retirando o material através de balde preso à ponta de uma corda que vai
sendo enrolada num sarilho. O sarilho nada mais é do que um eixo que gira sobre duas
forquilhas, acionado por uma manivela. Após atingir o nível d’água, a escavação continua, até
que não se consiga mais esvaziar a água que está afluindo ao poço.
Os poceiros profissionais possuem algumas ferramentas que aumentam a segurança do
trabalho, como o sarilho mecânico, com trava que não permite seu retorno acidental.

Figura 3 – Ocorrência de aqüífero confinado com poço artesiano, não artesiano e comum.

É um trabalho muito perigoso e só deve ser feito por pessoa treinada. Os cuidados a
serem tomados no processo são:
a) evitar o uso de bebida alcoólica e as jornadas longas, pois elas diminuem o grau de atenção
necessário;
b) sempre trabalhar em dupla, estando o operário da superfície responsável pelo que está no
fundo;
c) estar sempre atento para possíveis emanações gasosas no fundo do poço, algumas podendo
ser explosivas ou tóxicas;
d) sempre dar preferência pelo revestimento das paredes à medida que o poço se aprofunda, pois
qualquer desmoronamento soterrará quem estiver embaixo. Um método utilizado é o uso de
anéis de concreto armado, com 60 centímetros de altura, que vão descendo à medida que a terra
que o sustenta vai sendo cavada. O primeiro anel tem a borda inferior chanfrada para facilitar
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seu deslocamento e, assim como o segundo anel, possui furos para a entrada lateral de água.
Tijolos também poderão ser usados para revestir a parede da escavação.
e) trabalhar com capacete de segurança e sempre manter dentro do poço uma tábua que possa
ser colocada como cobertura de proteção ao operário que estiver no fundo, pois qualquer
acidente no levantamento do balde cheio de terra pode ser fatal;
f) muita atenção deve ter o operário que estiver acionando a manivela do sarilho, pois se a
mesma escapar de sua mão quando estiver sendo içado, ela girará ao contrário com grande
força, atingindo o operador nas partes superiores do corpo, normalmente na face.
Após a construção o poço deve ser bem fechado, erguendo-se uma proteção de tijolo
acima do nível do terreno e cimentando o solo ao redor do mesmo. Isto evita a entrada de água
contaminada da superfície e a queda de objetos e animais em geral.

2.1.2 Ponteiras cravadas


Ponteira é uma haste perfurada, revestida por tela, com terminação cônica e que é
cravada no terreno, através da qual se pode retirar água com bomba de sucção. Muito popular,
só funciona em aqüíferos muito rasos. Muito usadas em obras de engenharia civil para o
rebaixamento do lençol freático.
É necessário que os segmentos de tubos que foram conectados na ponteira, sejam bem
vedados para não entrar ar, o que impediria a água de subir. Em geral estes poços possuem de 4
a 5 centímetros de diâmetro.
Estas ponteiras são muito versáteis, e é uma boa opção para um poço de baixo custo.
Caso a necessidade de água aumente pode-se cravar mais ponteiras, mantendo uma distância
segura para evitar as interferências dos cones de depressão.
As principais limitações são:
a) como a água é extraída por sucção, isto é, extração passiva, a profundidade máxima de
extração alcançada é dada pela pressão atmosférica. No nível do mar esta profundidade é de
cerca de 6 (seis) metros, diminuindo com a altitude.
b) é indicada para terrenos arenosos homogêneos. Qualquer seixo ou bloco de pedra um pouco
maior encontrado, quando se estiver cravando, impedirá que a ponteira desça. Da mesma forma
solos argilosos oferecem muita resistência à penetração. Para facilitar a penetração pode-se
injetar água no tubo na medida em que o mesmo vai sendo cravado.
2.1.3 Poço a trado
Trado é uma ferramenta composta de uma caçamba cilíndrica, com aberturas laterais
cortantes, rosqueada a uma haste de ferro terminada em T e que penetra no solo através de
movimentos giratórios, realizados por um operário (trado manual) ou por um motor (trado
mecânico). Há no mercado trados com diâmetro variando de 5 a 24 centímetros.
Quanto maior for o diâmetro do trado, mais pesado ficará o serviço.
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O poço é perfurado lentamente, pois após algumas voltas o operador tem que levantar a
ferramenta para retirar o solo preso na caçamba. À medida que a profundidade aumenta são
acrescentados novos segmentos de cano galvanizado na haste, que se tornará, portanto mais
pesada. Ao atingir o nível freático é necessário descer um ou mais tubos que protejam a parede
do poço, evitando seu desmoronamento. Para continuar a perfuração na zona saturada é
necessário diminuir o diâmetro da caçamba para poder perfurar por dentro do tubo de
revestimento. Quando o poço começa a produzir muita água, o avanço se torna muito difícil,
pois há a formação de lama no fundo, tornando-se quase impossível a retirada do material. Após
ter atingido a máxima profundidade possível da zona saturada, coloca-se um tubo de fundo cego
e furos na lateral, que servirá como filtro e elemento de contenção das paredes da escavação.

2.1.4 Poço radial


São poços escavados, de diâmetro maior do que o normal (3 a 4 metros) nos quais
foram cravadas ponteiras ou aberto drenos horizontais em sua parte inferior, num arranjo radial.
Isto permite aumentar grandemente a área de captação de água, elevando a produtividade do
poço bem mais do que se fosse meramente escavado. Uma das vantagens deste método é que
permite que se faça o desenvolvimento do poço, isto é, usar processos que aumentam a
permeabilidade do aqüífero ao redor das ponteiras ou drenos.
Uma forma rudimentar de desenvolver um poço é provocar uma grande agitação da
água de forma a extrair o sedimento fino que fica entre os grãos maiores. Isto pode ser
conseguido com o uso de uma ferramenta (pistão) que ao ser enfiado e retirado repetidamente,
num movimento de vai e vem, provoca grande agitação da água e a retirada das partículas finas.
Para facilitar a desagregação dos grumos de partículas finas podem ser utilizadas substâncias
químicas especiais, não tóxicas. Para que um poço possa ser desenvolvido é necessário que o
diâmetro dos orifícios filtrantes da ponteira ou do dreno sejam adequados à granulometria do
material perfurado, e permita que somente as partículas mais finas passem, caso contrário ele
estará sempre produzindo areia junto com a água.

2.1.5 Galerias
Apesar de não serem exatamente poços, as galerias por serem importantes em certas
regiões montanhosas. Estas galerias são túneis cavados horizontalmente nas encostas até se
encontrar o substrato rochoso, por onde, circula a água de infiltração. Uma vez encontrada uma
região onde esteja havendo suficiente infiltração, cava-se uma pequena bacia de captação a
partir da qual a água é levada para fora, através de tubos e por gravidade. Como a saída de água
passa a ser constante, é necessária a construção de reservatório para armazená-la.
Uma das grandes vantagens destas galerias é que fornecem água por gravidade, o que
implica numa grande economia de energia. Na verdade são verdadeiras nascentes artificiais.
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A largura e altura destas galerias são o suficiente para que um homem possa ali se
movimentar carregando um carrinho de mão, com o qual é retirado o solo escavado. Seu teto é
abobadado. Após a construção e colocação de um tubo resistente como dreno, qualquer
desmoronamento do teto não prejudicará a continuidade da saída da água.
É um serviço extremamente perigoso e só deve ser feito por pessoas muito treinadas e
conhecedoras da técnica.

2.2 Poços profundos


São poços perfurados com máquinas, com profundidades que variam de 40 a 1000
metros. Em alguns casos profundidades maiores são atingidas quando se procura a produção de
água aquecida pelo geotermalismo.
A perfuração de um poço demanda conhecimento técnico especializado. Em linhas
gerais podemos dizer que um poço profundo ideal é constituído das seguintes partes:
a) o furo propriamente dito, que pode variar de 10 a 30 centímetros de diâmetro.
b) um tubo de revestimento, cuja finalidade é conter as paredes do poço. Em formações pouco
resistentes, perfuradas com ferramenta de percussão, este tubo de revestimento vai sendo
colocado na medida em que o poço vai se aprofundando. Nos poços perfurados por ferramentas
rotativas, a lama impede a queda das paredes e o revestimento é colocado só no final.
c) uma seção final (filtro) do tubo de revestimento perfurada ou ranhurada, por onde a água
passa do aqüífero para o tubo. Em alguns casos pode haver também seções intermediárias
filtrantes, colocadas para aproveitar entradas superiores de água, que podem ser do mesmo
aqüífero ou de camadas superiores.
d) uma camada de material arenoso (granular) que preenche o espaço anular entre o poço e seu
revestimento ou filtro. Este material é chamado de pré-filtro e tem como finalidade permitir o
aumento da área de abertura das fendas do filtro, ao mesmo tempo em que retém as partículas
do aqüífero, principalmente quando estas são muito finas.

2.2.1 Percussão:
A rocha é perfurada através da batida constante de uma ferramenta chamada trépano,
presa a um cabo de aço, que é movimentado para cima e para baixo, através de um balancim
acionado por motor. As pancadas do trépano esmigalham a rocha e os fragmentos resultantes,
misturados com água do próprio poço ou colocados se este ainda estiver seco, dá origem a uma
lama. Estes são retirados do poço através de uma ferramenta chamada caçamba. Esta lama que
se forma além de facilitar a retirada do material triturado serve como meio de refrigeração do
trépano. A perfuração por percussão é indicada para formações bem consolidadas ou rochas
duras, e profundidades não superiores a 250 metros. Em formações pouco consolidadas as
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paredes podem entrar em colapso, o que obriga o uso de revestimento à medida que o poço se
aprofunda, o que cria dificuldades adicionais para a continuidade do trabalho.

Figura 4 – Localização do nível potenciométrico e nível do lençol freático

2.2.2 Rotativa:
A perfuração se dá através do movimento rotatório de uma broca, ao mesmo tempo em
que se faz circular lama no poço. Esta lama além de servir para trazer o material triturado para
cima, serve para refrigerar a ferramenta de corte e para manter uma pressão contínua dentro do
poço, de forma a conter suas paredes, evitando assim seu colapso. A lama poderá ser injetada
pelo furo central da haste de perfuração, subindo pelo espaço anelar, ou vice versa. Este método
é indicado para formações moles e grandes profundidades. O revestimento do poço é feito no
final, antes de bombear toda a lama.
A escolha da ferramenta certa é uma etapa importante no processo, pois a escolha errada
implica em maior tempo de perfuração, desgastes excessivos da ferramenta e dos equipamentos,
em geral maiores gastos com mão de obra, e perigos potenciais de perda do trabalho devido ao
colapso das paredes ou da retenção da ferramenta no fundo do poço.
3. Impactos Ambientais sobre as águas subterrâneas

O manancial subterrâneo acha-se relativamente melhor protegido dos agentes de


poluição que afetam rapidamente a qualidade das águas dos rios, na medida em que ocorre sob
uma zona não saturada (aqüífero livre), ou está protegido por uma camada relativamente pouco
permeável (aqüífero confinado). Mesmo assim, está sujeito a impactos ambientais.
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Embora a água subterrânea seja um recurso menos susceptível aos impactos da


atividade antrópica comparativamente ao manancial superficial, há dois problemas que podem
afetá-la: a poluição e a super-exploração.

3.1 Poluição de águas subterrâneas


A poluição ocorre pela ocupação inadequada de uma área que não considera a sua
vulnerabilidade, ou seja, a capacidade do solo em degradar as substâncias tóxicas introduzidas
no ambiente. A poluição pode se dar por fossas sépticas e negras; infiltração de efluentes
industriais; fugas da rede de esgoto e galerias de águas pluviais; vazamentos de postos de
serviços; poluição por água salina advinda do mar em aqüíferos costeiros, por aterros sanitários
e lixões; uso indevido de fertilizantes nitrogenados; entre outros.
Inúmeras atividades do homem introduzem no meio ambiente substâncias ou
características físicas que ali não existiam antes, ou que existiam em quantidades diferentes. A
este processo chamamos de poluição. Assim como as atividades desenvolvidas pela humanidade
são muito variáveis, também o são as formas e níveis de poluição.
Estas mudanças de características do meio físico poderão refletir de formas diferentes
sobre a biota local, podendo ser prejudicial a algumas espécies e não a outras. De qualquer
forma, considerando as interdependências das várias espécies, estas modificações levam sempre
a desequilíbrios ecológicos. Resta saber quão intenso é este desequilíbrio e se é possível ser
assimilado sem conseqüências catastróficas. Em países europeus o uso intensivo de defensivos
agrícolas levou a uma diminuição dos microorganismos e insetos do solo a ponto de estar
retardando a reciclagem das fezes animais.
No geral os depósitos de água subterrânea são bem mais resistentes aos processos
poluidores dos que os de água superficial, pois a camada de solo sobrejacente atua como filtro
físico e químico. A facilidade de um poluente atingir a água subterrânea dependerá dos
seguintes fatores:
a) tipo de aqüífero.
Os aqüíferos freáticos são mais vulneráveis do que os confinados ou semiconfinados. Aqüíferos
porosos são mais resistentes dos que os fissurais, e entre estes os mais vulneráveis são os
cársticos.
b) profundidade do nível estático: (espessura da zona de aeração)
Como esta zona atua como um reator físico-químico, sua espessura tem papel importante.
Espessuras maiores permitirão maior tempo de filtragem, além do que aumentarão o tempo de
exposição do poluente aos agentes oxidantes e adsorventes presentes na zona de aeração.
c) permeabilidade da zona de aeração e do aqüífero.
A permeabilidade da zona de aeração é fundamental quando se pensa em poluição. Uma zona
de aeração impermeável ou pouco permeável é uma barreira à penetração de poluentes no
16

aqüífero. Aqüíferos extensos podem estar parcialmente recobertos por camadas impermeáveis
em algumas áreas enquanto em outras acontece o inverso. Estas áreas de maior permeabilidade
atuam como zona de recarga e têm uma importância fundamental em seu gerenciamento.
Por outro lado, alta permeabilidade (transmissividade) permite uma rápida difusão da
poluição. O avanço da mancha poluidora poderá ser acelerado pela exploração do aqüífero, na
medida em que aumenta a velocidade do fluxo subterrâneo em direção às áreas onde está
havendo a retirada de água. No caso de aqüíferos litorâneos, a superexploração poderá levar à
ruptura do frágil equilíbrio existente entre água doce e água salgada, produzindo o que se
convencionou chamar de intrusão de água salgada.
d) teor de matéria orgânica existente sobre o solo.
A matéria orgânica tem grande capacidade de adsorver uma gama variada de metais pesados e
moléculas orgânicas. Estudos no Estado do Paraná, onde está muito difundida a técnica do
plantio direto, têm mostrado que o aumento do teor de matéria orgânica no solo tem sido
responsável por uma grande diminuição do impacto ambiental da agricultura. Têm diminuído a
quantidade de nitrato e sedimentos carregados para os cursos d’água. Isto tem modificado o
próprio aspecto da água da represa de Itaipu.
e) tipo dos óxidos e minerais de argila existentes no solo.
Sabe-se que estes compostos, por suas cargas químicas superficiais, têm grande capacidade de
reter uma série de elementos e compostos.
Na poluição de um solo por nitrato, sabe-se que o manejo de fertilizantes, com adição
de gesso ao solo, facilita a reciclagem do nitrogênio pelos vegetais e, consequentemente, a
penetração do nitrato no solo é menor. Da mesma forma, a mobilidade dos íons nitratos é muito
dependente do balanço de cargas. Solos com balanço positivo de cargas suportam mais nitrato.
Neste particular, é de se notar que nos solos tropicais os minerais predominantes são óxidos de
ferro e alumínio e caolinita, que possuem significantes cargas positivas, o que permite interação
do tipo íon-íon (interação forte) com uma gama variada de produto que devem sua atividade
pesticida a grupos moleculares iônicos e polares.
Um poluente após atingir o solo, poderá passar por uma série reações químicas,
bioquímicas, fotoquímicas e inter-relações físicas com os constituintes do solo antes de atingir a
água subterrânea. Estas reações poderão neutralizar, modificar ou retardar a ação poluente. Em
muitas situações a biotransformação e a decomposição ambiental dos compostos fitossanitários
pode conduzir à formação de produtos com uma ação tóxica aguda mais intensa ou, então,
possuidores de efeitos injuriosos não caracterizados nas moléculas precursoras. Exemplos:
Dimetoato, um organofosforado, degrada-se em dimetoxon, cerca de 75 a 100 vezes mais
tóxico. O malation produz, por decomposição, o 0,0,0-trimetilfosforotioato, que apresenta uma
ação direta extremamente injuriosa no sistema nervoso central e nos pulmões, provocando
hipotermia e queda no ritmo respiratório.
17

Figura 5 – Poluição do lençol freático por lançamento de esgoto sanitário em fossa séptica.

Os processos que agem sobre os poluentes que atingem o solo podem ser agrupados nas
seguintes categorias:
a) adsorção-desorção
b) ácido-base
c) solução-precipitação
d) oxidação-redução
e) associação iônica (complexação)
f) síntese celular microbiana
Decaimento radioativo
A poluição capaz de atingir as águas subterrâneas pode ter origem variada. Considerando que os
aqüíferos são corpos tridimensionais, em geral extensos e profundos, diferentemente, portanto
dos cursos d’água, a forma da fonte poluidora tem importância fundamental nos estudos de
impacto ambiental.

3.1.1 Fontes pontuais de poluição:


São as que atingem o aqüífero através de um ponto. Exemplos: sumidouros de esgotos
domésticos, comuns em comunidades rurais, aterros sanitários, vazamentos de depósitos de
produtos químicos, vazamentos de dutos transportadores de esgotos domésticos ou produtos
químicos. Estas fontes são responsáveis por poluições altamente concentradas na forma de
plumas.
18

3.1.2 Fontes lineares de poluição


São as provocadas pela infiltração de águas superficiais de rios e canais contaminados.
A possibilidade de esta poluição ocorrer dependerá do sentido de fluxo hidráulico existente
entre o curso d’água e o aqüífero subjacente. É necessário enfatizar que, ao longo de um mesmo
curso, há lugares onde o fluxo se dá do aqüífero para o talvegue e outros onde se passa o
inverso, isto é, as águas do rio se infiltram em direção ao aqüífero. A existência de poços
profundos em funcionamento nas proximidades do curso d’água poderá forçar a infiltração de
água contaminada no aqüífero invertendo o seu fluxo ou aumentando sua velocidade.

3.1.3 Fontes difusas de poluição


São as que contaminam áreas extensas. Normalmente são devidas a poluentes
transportados por correntes aéreas, chuva e pela atividade agrícola. Em aglomerados urbanos,
onde não haja rede de esgotamento sanitário, as fossas sépticas e sumidouros estão de tal forma
regularmente espaçada que o conjunto acaba por ser uma fonte difusa de poluição. As poluições
provenientes das fontes difusas se caracterizam por ser de baixa concentração e atingir grandes
áreas.
A vulnerabilidade de um aqüífero refere-se ao seu grau de proteção natural às possíveis
ameaças de poluição potencial, e depende das características litológicas e hidrogeológicas dos
estratos que o separam da fonte de poluição (geralmente superficial), e dos gradientes
hidráulicos que determinam os fluxos e o transporte das substâncias contaminantes através dos
sucessivos estratos e dentro do aqüífero.
A poluição ocorre pela ocupação inadequada de uma área que não considera a sua
vulnerabilidade, ou seja, a capacidade do solo em degradar as substâncias tóxicas introduzidas
no ambiente, principalmente na zona de recarga dos aqüíferos. A poluição pode se dar por
fossas sépticas e negras; infiltração de efluentes industriais; fugas da rede de esgoto e galerias
de águas pluviais; vazamentos de postos de serviços; por aterros sanitários e lixões; uso
indevido de fertilizantes nitrogenados; depósitos de lixo próximos dos poços mal construídos ou
abandonados. Entretanto, a mais perigosa, é a poluição provocada por produtos químicos, que
acarretam danos muitas vezes irreversíveis, causando enormes prejuízos, à medida que
impossibilita o uso das águas subterrâneas em grandes áreas.
3.2 Super exploração das águas subterrâneas
A super-exploração ocorre quando a extração de água subterrânea ultrapassa os limites
de produção do aqüífero, provocando danos ao meio ambiente ou para o próprio recurso, como
aumento nos custos de bombeamento, escassez de água, indução de água contaminada e
problemas geotécnicos de subsidência (compactação diferenciada do terreno, causando o
colapso de construções civis). Iniciando um processo de rebaixamento do nível potenciométrico
19

que irá provocar danos ao meio ambiente ou para o próprio recurso. Portanto, a água
subterrânea pode ser retirada de forma permanente e em volumes constantes, por muitos anos,
desde que esteja condicionada a estudos prévios do volume armazenado no subsolo e das
condições climáticas e geológicas de reposição.
Além da exaustão do aqüífero, a superexplotação pode provocar:
a) indução de água contaminada causada pelo deslocamento da pluma de poluição para locais
do aqüífero;
b) subsidência de solos, definida como “movimento para baixo ou afundamento do solo causado
pela perda de suporte subjacente”, provocando uma compactação diferenciada do terreno que
leva ao colapso das construções civis;
c) avanço da cunha salina definida como o avanço da água do mar em subsuperfície sobre a
água doce, salinizando o aqüífero, em áreas litorâneas. Sem dúvida, a maioria dos aqüíferos
costeiros são suscetíveis à intrusão salina, que geralmente resulta da sobrexplotação em poços
muito próximos do mar. Algumas das cidades que tiveram problemas de salinização de seus
poços são, entre outras: Lima (Peru); Santa Marta (Colombia); Coro (Venezuela); Rio Grande e
Natal (Brasil) e Mar deI Plata (Argentina). No caso de Buenos Aires-La Plata, o problema de
salinização se deve ao conteúdo de sais de uma formação costeira. O crescimento desordenado
do número de poços tem provocado significativos rebaixamentos do nível de água e problemas
de intrusão salina em Boa Viagem, no Recife.
O desenvolvimento de poderosas bombas elétricas e a diesel permitiu a capacidade de
extrair água dos aqüíferos com maior rapidez do que é substituída pela chuva, sem considerar,
ainda, que os aqüíferos têm diferentes taxas de recarga, alguns com recuperação mais lenta que
outros.
Calcula-se que a extração anual dos aqüíferos é de 160 bilhões de metros cúbicos (160
trilhões de litros) no mundo.
Em quase todos os continentes, muitos dos principais aqüíferos estão sendo exauridos com uma
rapidez maior do que sua taxa natural de recarga. A mais severa exaustão de água subterrânea
ocorre na Índia, China, Estados Unidos, Norte da África e Oriente Médio, causando um déficit
hídrico mundial de cerca de 200 bilhões de metros cúbicos por ano.
Existem diversos exemplos no mundo de esgotamento de aqüíferos por superexplotação
para uso em irrigação. O esgotamento das águas subterrâneas já provocou o afundamento dos
solos situados sobre os aqüíferos na cidade do México e na Califórnia, Estados Unidos, assim
como em outros países.
20

Figura 6 – Interferência de água salgada no lençol freático.

No Brasil, como não há legislação específica que discipline o uso das águas
subterrâneas e coíba a abertura de novos poços, essa franquia de ordem legal tem contribuído
para problemas de superexplotação. Outro fator que está provocando o comprometimento da
qualidade e disponibilidade hídrica dos aqüíferos reside na ocupação inadequada de suas áreas
de recarga.
Nos Estados Unidos, verificou-se que o maior aqüífero desse país, o Ogallala, está
empobrecendo a uma taxa de 12 bilhões de m3 ao ano. A redução total chega a uns 325 bilhões
de m3, um volume que iguala o fluxo anual dos 18 rios do estado do Colorado. O Ogallala se
estende do Texas a Dakota do Sul e suas águas alimentam um quinto das terras irrigadas dos
Estados Unidos. Muitos fazendeiros nas pradarias altas estão abandonando a agricultura irrigada
ao se conscientizarem das conseqüências de um bombeamento excessivo e de que a água não é
um recurso inesgotável.
A utilização de poços, fontes e vertentes deve ter a orientação de um profissional
habilitado nessa área, de modo que o seu uso não comprometa o uso futuro desses recursos (seja
por uma possível poluição ou a exploração de uma vazão superior à admissível), e nem exponha
a saúde da população abastecida a possíveis doenças de origem ou veiculação hídrica, devido à
utilização de mananciais inadequados ou contaminados. Em suma, a compatibilização do uso
dessa importante alternativa estratégica de abastecimento com as leis naturais que governam a
sua ocorrência e reposição, além de proteger as áreas de recarga de possíveis contaminações
poderá garantir a sua preservação e uso potencial pelas gerações futuras. Além disso, conhecer a
disponibilidade dos sistemas aqüíferos e a qualidade de suas águas é primordial ao
estabelecimento de política de gestão das águas subterrâneas.
21

4. Outorga
4.1 Procedimentos de outorga
É o instrumento legal que assegura ao usuário o direito de utilizar os recursos hídricos.
Através da outorga, o IGAM executa a gestão quantitativa e qualitativa do uso da
água, emitindo autorização para captações e lançamentos, bem como para quaisquer
intervenções nos rios, ribeirões e córregos.
A outorga não dá ao usuário a propriedade de água ou sua alienação, mas o simples
direito de seu uso. Portanto, a outorga poderá ser suspensa, parcial ou totalmente, em casos
extremos de escassez ou de não cumprimento pelo outorgado dos termos de outorga previstos
nas regulamentações, ou por necessidade premente de se atenderem os usos prioritários e de
interesse coletivo.
Em Minas Gerais, os usuários de recursos hídricos, de qualquer setor, devem solicitar
ao IGAM a outorga de águas de domínio do Estado. Para o uso de águas de rios de domínio da
União, a concessão deve ser solicitada à Agência Nacional de Águas (ANA).
São de domínio estadual as águas subterrâneas e as águas superficiais dos cursos de
água que escoam desde sua nascente até a foz passando apenas por um Estado. São de domínio
da União as águas dos rios e lagos que banham mais de um estado, fazem limite entre estados
ou entre o território do Brasil e o de um país vizinho.

4.2 Uso Insignificante


Algumas captações de águas superficiais e/ou subterrâneas, bem como acumulações de
águas superficiais, não estão sujeitas à outorga. Elas são consideradas de uso insignificante.
O procedimento inicial para o cadastro de uso insignificante são os mesmos para a
solicitação de outorga.

5. O Aqüífero Guarani
O Aqüífero Guarani é a principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul e
um dos maiores sistemas aqüíferos do mundo, ocupando uma área total de 1,2 milhões de Km²
na Bacia do Paraná e parte da Bacia do Chaco-Paraná. Estende-se pelo Brasil (840.000 Km²),
Paraguai (58.500 Km²), Uruguai (58.500 Km²) e Argentina, (255.000 Km²), área equivalente
aos territórios de Inglaterra, França e Espanha juntas. Sua maior ocorrência se dá em território
brasileiro (2/3 da área total) abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Denominação do geólogo uruguaio Danilo Anton em memória do povo indígena da
região, tem uma área de recarga de 150.000 Km² e é constituído pelos sedimentos arenosos da
22

Formação Pirambóia na Base (Formação Buena Vista na Argentina e Uruguai) e arenitos


Botucatu no topo (Missiones no Paraguai, Tacuarembó no Uruguai e na Argentina).
Constitui-se em uma importante reserva estratégica para o abastecimento da população,
para o desenvolvimento das atividades econômicas e do lazer. Sua recarga natural anual
(principalmente pelas chuvas) é de 160 Km³/ano, sendo que desta, 40 Km³/ano constitui o
potencial explorável sem riscos para o sistema aqüífero. As águas em geral são de boa qualidade
para o abastecimento público e outros usos, sendo que em sua porção confinada, os poços tem
cerca de 1.500 m de profundidade e podem produzir vazões superiores a 700 m³/h.

Figura 7 – Profundidade do Aqüífero Guarani no território brasileiro.

No Estado de São Paulo, o Guarani é explorado por mais de 1000 poços e ocorre numa
faixa no sentido sudoeste-nordeste. Sua área de recarga ocupa cerca de 17.000 Km² onde se
encontram a maior parte dos poços. Esta área é a mais vulnerável e deve ser objeto de
programas de planejamento e gestão ambiental permanentes para se evitar a poluição da água
subterrânea e sobrexplotação do aqüífero com o conseqüente rebaixamento do lençol freático e
o impacto nos corpos d’água superficiais.
Por ser um aqüífero de extensão continental com característica confinada, muitas vezes
jorrante, sua dinâmica ainda é pouco conhecida, necessitando maiores estudos para seu
entendimento, de forma a possibilitar uma utilização mais racional e o estabelecimento de
estratégias de preservação mais eficientes.

5.1 Impactos Ambientais sobre o Aqüífero Guarani


Estudos têm revelado que as águas do aqüífero Guarani ainda estão livres de poluição.
Contudo, considerando que a área de recarga coincide com importantes áreas agrícolas
brasileiras, onde se tem usado intensamente herbicidas, é de se esperar que sejam necessárias
medidas urgentes de controle, monitoramento e redução da carga de agrotóxicos, sob pena de se
vir a ter sérios problemas de poluição.
23

Figura 8 – Localização do Aqüífero Guarani nos paises sul americanos.

Outros perigos são:


a) uso descontrolado e excessivo, principalmente nos locais que apresentam artesianismo
jorrante, sendo necessário um rígido controle para se evitar o desperdício de água e conseqüente
diminuição da pressão interna do sistema, o que viria a prejudicar os outros usuários das
redondezas do poço jorrante.
b) poços abandonados: todo poço, que atinja ou não o aqüífero Guarani, e deixe de ser usado,
deve ser convenientemente selado para evitar a entrada direta de águas poluídas,
c) vedação: todo poço deve ser bem vedado para evitar a entrada de água poluída no espaço
anelar existente entre o revestimento do mesmo e as paredes da perfuração.
Muitos poços foram perfurados para a exploração da água subterrânea, sem a devida
preocupação com sua proteção, sendo cada caso ou problema tratado isoladamente. Diante da
demanda por água doce, faz-se necessário o entendimento amplo deste sistema hídrico de forma
a gerenciar e proteger este recurso.
Para tanto, é necessário organizar os dados e sistemas existentes, de forma que seja
possível integrar a utilização dos bancos de dados dos diversos países abrangidos pelo Aqüífero
Guarani e modelar a hidrodinâmica do sistema, permitindo identificar as áreas mais frágeis que
deverão ser protegidas.

Conclusão
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No passado, a Água Subterrânea, por ser pouco compreendida, havia uma sombra de
mistério e superstição, era comum a crença de que a água subterrânea podia ser detectada por
certos indivíduos, e sua captação através de poços artesianos, era apenas uma fonte para suprir
pequenas propriedades rurais. Na atualidade com a intensificação das pesquisas possibilitaram-
se uma avaliação sistemática da real grandeza do seu potencial e, com uma visão mais ampla
do recurso disponível. Foram desenvolvidas tecnologias para o aproveitamento deste imenso
manancial. Hoje a água subterrânea assumiu grande valorização e importância no
desenvolvimento do mundo, auxiliando, viabilizando e muitas vezes constituindo-se em fonte
única e indispensável no abastecimento de indústrias, agriculturas, cidades, etc.
Mais do que nunca a água é fator decisivo para o desenvolvimento e melhoria da
qualidade de vida. A crescente poluição dos mananciais superficiais (rios, arroios e córregos)
gerados pelo próprio homem, tem colocado em risco a sua utilização, e para isso há que se
proceder a rigorosos tratamentos químicos e sofisticados sistemas de filtração. A água
subterrânea está em parte, isenta destes contaminantes, pois ocorre em profundidade segura no
subsolo, protegida por rochas impermeáveis, que garantem a sua qualidade.
Tanto a super-exploração como a poluição de solos e aqüíferos podem ser evitadas. A
partir de estudos prévios, é possível estimar as vazões máximas que poderão ser extraídas de
uma nova captação, sem que cause danos aos poços vizinhos. Da mesma forma, avaliações
específicas podem mostrar se novas atividades antrópicas causarão algum problema ao aqüífero.
Cabe aos órgãos de governo, com participação da população, definir as políticas para o bom
manejo do recurso, para que este seja utilizado de forma sustentável e que possa promover o
bem estar e o desenvolvimento econômico da sociedade.

Bibliografia
25

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www.abas.org.br

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IGAM – Instituto Mineiro de Gestão das Águas.


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Academia Brasileira de Ciências, Instituto de Estudos Avançados da USP.

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