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judicam as culturas. No caso da adubação de cobertura Esse método apresenta três características impor-
a utilização da fertirrigação permite maior parcelamento tantes: irriga apenas parte do terreno, é o que tem me-
das doses aplicadas e melhor aproveitamento dos nutri- nor custo de implantação e utiliza maiores quantidades
entes com a aplicação através da água de irrigação. Já de água.
a utilização de sistema de irrigação localizada diminui a A implantação dos sistemas de irrigação por sul-
incidência de plantas invasoras e a irrigação por asper- cos requer terrenos relativamente planos. As fruteiras
são contribui para a diminuição da incidência de oídio e devem ser plantadas obedecendo-se a declividade, com-
ácaros. primento e disposição compatíveis, que serão utilizadas
No Distrito Federal são irrigados atualmente 11.000 na construção dos sulcos. Os solos mais indicados para
ha, utilizando-se os sistemas de aspersão (93%), su- sua utilização são aqueles que não apresentam eleva-
perfície (2,0%) e irrigação localizada (5,0%), represen- das taxas de infiltração, que favorecem as perdas de
tando 14% da área cultivada. Do total da área irrigada a água por percolação. Solos sob cerrado, possuem ele-
fruticultura ocupa 4,5% com 500 ha de um total de 3.174 vado grau de agregação e, mesmo quando argilosos,
ha cultivados, o que demonstra o grande potencial para possuem comportamento semelhante ao de um solo are-
o crescimento da irrigação de fruteiras, especialmente noso, favorecendo as perdas por percolação. Para
com a utilização de sistemas de irrigação localizada. minimizar essas perdas é necessário diminuir o compri-
mento dos sulcos, o que termina por aumentar a mão-
2. ESCOLHA DE SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO de-obra no manejo do sistema. As perdas que ocorrem
no final dos sulcos, quando não controladas, contribu-
A utilização da irrigação nas culturas deve basear- em de maneira significativa para o aumento do consumo
se na viabilidade técnica e econômica do projeto de água nesse sistema. Para diminuir as perdas pode-
(Mantovani, 1996), bem como nos benefícios sociais se utilizar o fluxo intermitente na aplicação da água no
advindos com sua aplicação. sulco ou a redução da vazão ao longo da aplicação
Não existe, como regra geral, um sistema de irriga- (Bernardo, 1988).
ção mais adequado do que outro, uma vez que cada Outras características deste sistema de irrigação,
sistema apresenta características próprias, com custos de acordo com Frizzone (1993), que se mostram inte-
variáveis, vantagens e desvantagens, adequando-se di- ressantes na fruticultura são:
ferentemente às condições locais (Marouelli e Silva, I) não depende do porte da cultura e da ocorrência
1998). de ventos;
No Distrito Federal, os principais sistemas de irri- II) água de baixa qualidade física, química ou bioló-
gação em uso são: gica não impõe severas restrições a sua utilização, uma
a) Superfície: utiliza o próprio solo para condução vez que, em geral, a água não entra em contato direto
e distribuição da água. com as partes vegetais consumidas in natura. Também
Classifica-se em sulcos, faixas, inundação e sub- não existem dispositivos muito sujeitos à obstrução
superficial, sendo que o primeiro é o de utilização mais física;
freqüente na irrigação de fruteiras no DF. III) não interfere em esquemas de tratamento
São abertos pequenos sulcos paralelos à fileira de fitossanitários sistemáticos, pois não molha a parte
árvores, com declividade variando desde próximo a zero aérea das plantas;
até 2%, de tal forma que a água, ao longo do tempo, IV) apresenta suficiente capacidade para superar
infiltra-se no fundo e nas laterais do sulco e, pela movi- eventuais problemas operacionais, não dependendo de
mentação lateral e vertical, fornece água suficiente ao assistência técnica para equipamentos, exceto para o
desenvolvimento da cultura (figura 1). A magnitude des- conjunto motobomba quando presente;
ta movimentação depende da textura do solo. V) o dimensionamento deste sistema exige ensai-
os de campo, que somente após análise intensiva, reve-
lam dados que permitem definir parâmetros para o pro-
jeto.
A eficiência de irrigação no sistema de sulcos varia
de acordo com a textura do solo, topografia do terreno e
aspectos construtivos e de manejo, sendo normalmente
inferior a 70%, com valores típicos entre 30 e 50%.
b) Aspersão: os sistemas de irrigação por asper-
são aplicam a água sob a forma de chuva artificial sobre
o solo e a cultura, através de mecanismos pressurizados,
denominados aspersores.
Os principais tipos de sistemas de aspersão são:
convencional (portátil, semi-portátil e fixo), pivô central,
Figura 1. Exemplo uso de sulcos para irrigação. lateral móvel, autopropelido e ramal rolante.
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No Distrito Federal são mais utilizados a aspersão c) aspersores de pressão de operação média: tra-
convencional e o pivô central, que juntos representam balham com pressão de serviço entre 20 e 40 mca e raio
93% da área irrigada. A grande adaptabilidade destes de alcance entre 12 e 30 m;
sistemas às diferentes condições do terreno, solos e d) aspersores gigantes ou canhões hidráulicos: re-
culturas, explicam a grande disseminação desses sis- presentam os aspersores de grande porte que operam
temas. com pressões acima de 40 mca e raio de alcance que
Condições climáticas em que predominam ventos pode atingir 75 m. Esses aspersores permitem maior
fortes, umidade relativa do ar baixa e temperaturas ele- espaçamento entre linhas, porém apresentam elevado
vadas provocam perdas elevadas quando se utilizam sis- consumo de energia em função da pressão de operação.
temas aspersão e neste caso a irrigação deve ser feita Na escolha do aspersor a ser utilizado deve-se ob-
em períodos de menor intensidade destas variáveis servar os seguintes pontos:
(Mantovani, 1996). O molhamento da parte aérea das a) a taxa de aplicação de água deve ser sempre
plantas afeta o uso de agrotóxicos. inferior à velocidade de infiltração básica do solo, evitan-
do-se o escorrimento superficial;
b.1. Sistemas de aspersão convencional b) para fruteiras que apresentam copa alta e flores
e frutos sensíveis à queda é interessante a utilização de
Um aspecto importante na utilização de sistemas
aspersores denominados sob-copa. Estes possuem
de aspersão convencional na fruticultura é a escolha dos
ângulo de inclinação dos bocais menores, cerca de 6° e
aspersores, uma vez que a copa das plantas pode re-
permitem melhor uniformidade de distribuição da água
presentar uma barreira ao jato de água (figura 2) afetando
(figura 3);
a uniformidade de distribuição da água e a eficiência da
irrigação. O impacto do jato de água pode, também, pro-
vocar a queda de folhas, flores e frutos em desenvolvi-
mento e mesmo danos mecânicos nas plantas, depen-
dendo da pressão de serviço utilizada.Essas observa-
ções não são válidas no caso do abacaxizeiro, que é
uma cultura de baixo porte.
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AM
P= x100
AP
Onde :
AM = área molhada pelo emissor (determinada em
campo)
AP = área ocupada pela planta.
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como parte integrante de um tubo de polietileno com planta, e da textura e agregação do solo. A figura 13
diâmetro em torno de 16 mm (figura 10). ilustra diferentes maneiras para disposição da linha de
gotejadores.
c.2. Microaspersão
A microaspersão utiliza pe-
quenos aspersores de plástico
(figura 14) que aplicam a água sob
Figura 11: Gotejador inserido sobre o tubo de polietileno. a forma de chuvisco, em círculo ou
semi-círculo, com raio de alcance
Essa técnica permite maior adaptabilidade no uso geralmente inferior a 4 m e pressão
em fruteiras, pois o espaçamento entre gotejadores e o de operação de 10 a 30 mca.
seu número por planta pode ser adaptado às caracterís- Existem disponíveis no mer-
ticas e necessidades da cultura, evitando-se o cado micropaspersores que pos-
molhamento entre as plantas. sibilitam diferentes padrões de
Nos dois casos a aplicação de água é feita de ma- molhamento (figura 15) conferindo
neira pontual, resultando na formação de um bulbo mo- grande maleabilidade ao sistema.
lhado (figura 12), cujas dimensões e forma dependem Figura 14: Modelo de um
da textura e estrutura do solo e da vazão aplicada pelo microaspersor.
emissor.
Para fins de projeto devem ser realizados testes de
campo para avaliar as dimensões da área molhada.
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transpiração das plantas, cuja ocorrência simultânea é Os métodos existentes baseiam-se na medida de
denominada evapotranspiração. A parcela de água parâmetros climáticos, do “status” da água no solo ou
que é retida pelos tecidos vegetais é pequena (cerca de na planta ou ainda na combinação dessas medidas.
1% do total) e não é computado no consumo total Os métodos do tanque classe “A” e o uso de
de água. tensiômetros estão entre aqueles que possuem maior
A evapotranspiração depende das condições climá- facilidade de utilização.
ticas, do conteúdo de água no solo e da planta.
Condições climáticas que favorecem a evapotrans- 3.1. Tanque Classe “A” (TCA)
piração são radiação solar intensa, baixa umidade rela- Consiste em um recipiente circular de aço inoxidá-
tiva do ar e ventos intensos. vel ou ferro galvanizado, com 121 cm de diâmetro inter-
Para que ocorra a evapotranspiração máxima é ne- no e 25,5 cm de profundidade (figura 16).
cessário que a umidade do solo seja mantida em valo-
res tais que não ocorra diminuição da capacidade da
planta em atender a demanda atmosférica.
A capacidade dos solos de reter água varia de acor-
do com a textura. A diferença entre o teor de água no
solo na sua máxima capacidade de retenção (capacida-
de de campo) e o ponto de murcha fornece a água dis-
ponível. A tabela 2 (Valadão et al., 1997) apresenta os
valores médios para o limite de água superior e o total
de água disponível para solos com diferentes teores de
argila.
O total de água disponível para a planta correspon-
de a água disponível na profundidade do sistema radicular.
No caso das fruteiras arbóreas essa profundidade pode
atingir mais de 2,0 m e deve ser avaliada de acordo com
o desenvolvimento da planta. Figura 16: Tanque Classe “A”.
Para que não ocorram prejuízos ao desenvolvimen-
to da cultura não se deve permitir, no intervalo entre as
irrigações, que a planta consuma toda a água disponí- Os valores de evaporação do tanque são utiliza-
vel. Para as plantas frutíferas em geral admite-se o con- dos na estimativa da evapotranspiração do cultivo de
sumo de 40 a 50% da água disponível, dependendo do referência (ETo). Essa estimativa é feita através da
sistema de irrigação utilizado. expressão:
Existem diversos métodos para calcular o consu- ETo = kp x ECA
mo de água nas culturas, entretanto poucos alcançam Onde:
grau de utilização generalizado entre os agricultores. Isso Kp = coeficiente de tanque (tabela 3);
ocorre porque de maneira geral os métodos disponíveis ECA = evaporação do tanque classe “A” (mm);
nem sempre reúnem condições de precisão, simplicida- O valor do Kp é dado em tabela (Doorenbos e
de e baixo custo. Pruitt,1977).
Tabela 2. Teores médios de argila e areia (%), limite superior de retenção de água no solo (cm3/cm3) e total de água
disponível (milímetro de água por milímetro de solo) para direrentes tipos de solos e teores médios de argila e areia.
Total de água
Tipo de solo Teor de argila (%) Teor de areia (%) Limite superior disponível
(cm3 /cm3 ) (mm/mm)
Argiloso 60 20 0,53 0,13
Argilo siltoso 45 8 0,49 0,16
Franco argilo siltoso 35 10 0,45 0,17
Franco argiloso 35 35 0,39 0,13
Franco siltoso 15 20 0,39 0,18
Franco 18 40 0,33 0,14
Franco argilo arenoso 28 60 0,30 0,09
Franco arenoso 10 65 0,26 0,11
Areia franca 6 82 0,21 0,09
Arenoso 5 92 0,18 0,08
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A evapotranspiração da cultura (ETc - mm) é calcula- Uma dificuldade no uso dos coeficientes de cultura
da pela expressão: na fruticultura é a pequena disponibilidade de dados para
as diversas espécies cultivadas.
ETc = Eto x Kc
A determinação da lâmina de irrigação com o uso
Onde
do tanque classe “A” pode ser realizada com o procedi-
Kc = coeficiente de cultura.
mento descrito a seguir:
O coeficiente de cultura considera as necessida- a) Cálculo da ETo acumulada desde a última irriga-
des hídricas da cultura nos seus diversos estádios de ção:
desenvolvimento e ao longo do ano no caso das fruteiras ETo = kp x ECA
perenes. b) Cálculo da lâmina de irrigação (LI)
Umidade Baixa Média 40- Alta >70% Baixa Média 40- Alta >70%
relativa(%) <40% 70% <40% 70%
0
0 0,40 0,45 0,50 0 0,50 0,60 0,65
Muito forte
>8 10 0,45 0,55 0,60 10 0,45 0,50 0,55
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kcxEto
LI =
Ei
Onde
Ei = eficiência do sistema de irrigação (decimal)
3.2. Tensiômetros
São equipamentos utilizados para medir a força com
que a água se encontra retida no solo, que é também a Figura 18: Colocação de tensiômetros no campo.
cc − ua
LI = x Pr xDa
Ei
Onde:
UA = umidade do solo atual (g/g);
Pr = profundidade de irrigação (cm);
Cc = capacidade de campo (limite superior de água no
solo) g/g;
Da = densidade aparente do solo (g/cm3).
4.1. Abacaxizeiro
Figura 17: Modelo de um tensiômetro. Os principais sistemas de irrigação adaptáveis à
cultura do abacaxi são: aspersão convencional, pivô
central e gotejamento. O plantio realizado em fileiras
Os procedimento para instalação são: abertura de duplas permite a utilização de uma linha lateral com
um buraco no solo com diâmetro semelhante ao do tubo gotejadores por fileira dupla da cultura (figura 19).
de PVC do tensiômetro; colocação do tensiômetro na O coefiente de cultura (kc) varia entre 0,4 e 0,5 no
profundidade desejada e acabamento final para vedação ciclo da cultura, com necessidade de água entre 700 a
junto a parede do tubo. A figura 18 ilustra essas opera- 1000 mm anuais (Doorenbos e Kassan, 1979). Entre-
ções. tanto a cultura é sensível ao déficit hídrico, especial-
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4.3. Citros
Segundo Coelho (1996), a irrigação em citros pode
resultar em aumento da produtividade da ordem de 30 a
Figura 19. 75%, e resulta também em melhor qualidade dos frutos,
Abacaxizeiro maior pegamento de flores e frutos e maior quantidade
irrigado por
gotejamento de óleo na casca.
com laterais Sistemas de aspersão, sulcos e irrigação localiza-
tipo “tape”.
da podem ser utilizados na irrigação de citros. Em fun-
ção das características das copas das árvores, os sis-
temas de aspersão tendem a provocar elevadas perdas
de água, quando a aplicação da água ocorre sobre a
copa. Por outro lado, a utlização da microaspersão, com
aplicação de água em excesso no colo da planta pode
favorecer a ocorrência de gomose. Para se evitar essa
situação o ideal é utiliziar microaspersores com raio de
molhamento inferior a 360o.
As necessidades de água variam entre 900 e 1200
mm anuais. Os valores de Kc sugeridos por Doorenbos
e Pruitt (1977) são descritos na tabela 4.
mente durante o período de crescimento vegetativo, quan- Quando se utilizam tensiômetros para o controle
do são determinados o tamanho e as características da da água, a faixa de tensão para determinar o momento
frutificação. O déficit hídrico durante a floração tem efei- de se iniciar a irrigação é de 0,5 a 1,0 atm.
tos menos graves e pode até acelerar a frutificação, re- A época de maior consumo de água ocorre no
sultando numa maturação mais uniforme. florescimento e a ocorrência de déficit ligeiro durante a
Segundo Cunha et al. (1995), a irrigação deve ser maturação pode ser desejável para aumentar o teor de
suspensa 8 a 15 dias antes da colheita a fim de evitar a sólidos solúveis e de ácidos nos frutos.
redução dos sólidos solúveis totais. No caso do limão Tahiti a ocorrência de déficit hídrico
O abacaxizeiro apresenta sistema radicular no período de verão pode induzir a floração tardia e a
superfical, geralmente com 0,3 a 0,6 m de profundidade obtenção de colheita fora de época normal de produção.
e extenso. O sistema radicular tipo pivotante e bem desenvol-
Para o reinício das irrigações admite-se o esgota- vido permite níveis de esgotamento da água no solo de
mento de até 50% da água disponível no solo. até 60 a 70% fora do período de florescimento. No
florescimento, o nível de esgotamento não deve ultra-
4.2. Aceroleira passar 40%.
A irrigação da aceroleira pode ser feita por asper-
são convencional, sistemas de irrigação localizados e 4.4. Gravioleira
por superfície (sulcos). Os sistemas de irrigação por sulcos, aspersão sob-
Gonzaga Neto e Soares (1994) recomendam a utili- copa e localizados podem ser utilizados na irrigação da
zação dos coeficentes de cultura dos citros, devido à graviola. Devido ao espaçamento amplo utilizado nessa
TIPO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Árvores grandes adultas que proporcionam uma 0,5 0,5 0,55 0,55 0,55 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,55 0,55
percentagem de solo sombreado superior a 70%
Árvores que proporcionam uma percentagem de solo 0,45 0,45 0,5 0,5 0,5 0,55 0,55 0,55 0,55 0,55 0,5 0,5
sombreado de mais ou menos 50%
Árvores que proporcionam uma percentagem de solo 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,45 0,45 0,45 0,45 0,45 0,4 0,4
sombreado inferior a 20%
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