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Junia Machado e a arte da sustentabilidade

14.12.10 - A principal característica desses 12 anos de trabalho de


Junia Machado é a criatividade em misturar ouro e pedras preciosas
com materiais alternativos para a confecção de suas joias. Do capim
dourado à madeira, essas misturas renderam reconhecimento e sucesso
a essa mineira de 47 anos que vive praticamente toda sua vida no Rio
de Janeiro. Por isso o uso do PET foi um caminho tão natural para esta
designer de joias que lançou recentemente a coleção O luxo do PET.

Engana-se, no entanto, quem pensa que a ideia de misturar PET e ouro é recente. “Há
muito tempo atrás eu fiz umas flores de garrafas PET e as deixei num cantinho de casa
por onde eu passo”, conta Junia. “Sempre que eu olhava pra elas eu dizia ‘ainda vou
fazer uma coleção de flores de PET’. Quando eu contava essa ideia para os amigos, eles
respondiam que já achavam um pouco demais (risos). Mas eu insisti.” Sua mais nova
coleção está fazendo o maior sucesso, em parte por estar sendo usada pela personagem
da atriz Isis Valverde na novela Ti Ti Ti, além de atrair a atenção de curiosos e
interessados pelo tema da sustentabilidade. “As pessoas têm um certo preconceito em
comprar jóia com material alternativo porque dizem que o ouro fica, mas o material
alternativo vai se desfazer, têm medo de perder a peça. Outro dia perguntaram para mim
se as peças dessa coleção tem alguma durabilidade e eu respondi: 100 anos (risos).”

Junia inspirou-se nas catadoras de lata de Tiradentes, que recortam e fazem flores com o
material, para produzir esta coleção de PET. Ao fazer várias folhas com os plásticos de
garrafas de diferentes cores e colocá-las sobre uma folha de ouro, ela mudou o conceito
não só de jóia, mas também do PET. “Agora o PET não demora 100 anos para se
decompor, ele dura 100 anos”, comenta.

Arte social
Junia pensava em procurar um parceiro para a implantação de uma oficina de artesanato
e produção dessas joias em uma comunidade carente. “Eu já tive uma oficina de
artesanato no morro Santa Marta há 15 anos. Foi uma experiência marcante na minha
vida e eu sempre dizia que um dia iria retomar.” Ao apresentar sua ideia ao Instituto
Coca-Cola Brasil, ela rapidamente foi vinculada ao programa Reciclou, Ganhou, que
estimula a reciclagem de embalagens e apoia as cooperativas de catadores.
A parceria entre Junia e o Instituto Coca-Cola Brasil chegou bem a tempo, pois a
personagem de Isis na novela estava ganhando cada vez mais destaque no fim da trama,
que tinha apenas mais três meses no ar – as novas peças da coleção a serem usadas na
frente das câmeras tinham que ser produzidas rápido. Foi nesse momento que a
Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho, no município
de Duque de Caxias (RJ), passou a fazer parte desta história de sucesso. “A oficina de
artesanato em Gramacho começou com três aulas por semana. Levei metade de minha
equipe de ourives e ficamos ‘acampados’ lá para ensinarmos a confeccionar as peças.”
(…)

Com a ajuda de uma orientação pedagógica, Junia teve 10 dias para ensinar as catadoras
interessadas no projeto, reconhecer talentos para cada função, capacitá-las e iniciar a
produção das peças. “Eu e minha equipe fomos para Gramacho, onde o Tião (Tião
Santos, presidente da ACAMJG e líder do Movimento Nacional dos Catadores de
Materiais Reciclados) já tinha selecionado algumas pessoas. Antes disso, ele havia
perguntado como é que iria reconhecer alguém com habilidade para esse tipo de
trabalho. Eu falei para ele perguntar para as pessoas: ‘Sabe pregar botão? Se souber
pregar botão, eu ensino a fazer flor.’”

O grupo de 10 pessoas que Tião havia reunido aprendeu rápido a fazer flores e outras
peças de PET com Junia e sua equipe A primeira turma já encerrou e as catadoras, agora
capacitadas para a atividade, estão produzindo novas joias com os moldes da designer
para sua coleção. “Acredito que elas ganharão mais do que pretendem porque, com o
tempo, elas vão ganhando prática e produzindo mais. Outro projeto será um encontro
periódico onde faremos um laboratório de criação juntas. Trocaremos ideias e criaremos
outras coisas que possivelmente podem ser encaixados na minha linha de produção ou
não. Elas também têm total liberdade de criar outras coisas e fazer uma linha delas e
vender para outras pessoas.”

O que parecia estranho à primeira vista, transformar PET em joias com a ajuda de
catadoras, tornou-se uma realidade. As catadoras ganharam uma renda extra com o
artesanato das joias, uma atividade que se mostrou prazerosa quando se está interessado
em aprender – até mesmo o próprio Tião e o secretário geral da ONG Doe Seu Lixo,
Julio Santos, em uma visita à Gramacho, arriscaram, e conseguiram, fazer uma flor de
PET. “O próprio Tião não pensava que as pessoas de lá fossem aprender tão
rapidamente”, comenta Junia. “Mesmo achando que não seria a praia deles, ele foi
muito gentil e parceiro em abrir as portas para o projeto. Ele está muito orgulhoso das
meninas e até me deu a flor que ele fez!”

Antes e depois de Gramacho


É assim que Junia divide sua vida. Além de ter conseguido executar um projeto como
esse com tanta rapidez, graças ao apoio do Instituto Coca-Cola Brasil, a designer de
joias aprendeu muito sobre sustentabilidade, reciclagem e de como é mais fácil do que
parece cuidar do meio ambiente – basta saber exatamente o que é lixo e o que pode ser
reaproveitado entre tudo aquilo que jogamos fora. Uma lição que ela aprendeu com as
catadoras de Jardim Gramacho. “Durante a aula, vendo o que foi recolhido por elas, eu
chamei de ‘lixo’ e uma delas me corrigiu dizendo que isso não era lixo, era material
reciclável. Abriu-se então uma discussão do que era e do que não era e chegou-se a
conclusão de que lixo é aquilo que não se aproveita nada. Da casca de banana ao papel,
tudo seria reaproveitado e elas tinham até nomes técnicos para esses materiais. Conclui
que o lixo só tem esse tamanho por descuido. Se você passar a ver o lixo com outros
olhos, sobra muito pouca coisa. Muito pouca mesmo.”
Além de passar a separar o lixo orgânico do inorgânico em casa, Junia já pensa até
mesmo em experimentar, em breve, outros materiais recicláveis além do PET para
misturar com o ouro e as pedras preciosas. “Penso até em aprender com elas e contar
com elas. Quando falo do ‘luxo do PET’, não é só pela questão do agregado do ouro,
mas também pela questão da transformação, de ver com outros olhos, pensar em outras
alternativas.”

A partir destas ideias promissoras, o céu é o limite para Junia e as novas artesãs de
Gramacho. “Eu comecei a dedicar minha criatividade a isso há muito pouco tempo e a
cada momento que passa eu tenho mais ideias”, comenta. “Nosso curso foi muito bem
sucedido, parecia que era uma daquelas ideias que estava só esperando por nós para
acontecer. Vamos aprendendo com a experiência para fazer o curso se replicar,
envolvendo cada vez mais pessoas para aprender não só a arte, mas também sobre o
lixo, que foi o que aconteceu comigo e com minha equipe. As trocas, o maior
aproveitamento possível do material, a sustentabilidade do planeta, transformando nosso
cotidiano mais confortável e mais belo.”.

http://www.institutococacolabrasil.org.br/not_entrevista_juniamachado.htm

Baseando-se no livro Indústria cultural (constante na bibliografia básica da disciplina) e


nas aulas, responda as questões a seguir de modo a identificar os elementos que
remetem às noções de arte, artesanato, indústria e indústria cultural (masscult e midcult)
presentes no texto, seja no que se refere à produção, distribuição ou consumo.

1) A) Qual(is) elemento(s) presentes no texto sugerem que a “criatividade” de Junia


Machado é mais valorizada do que a dos artesãos do projeto? Por que isso
acontece? Responda este item (A) em no máximo duas linhas. (1,0)

B) Quais paralelismos podem ser feitos entre a forma de criar de Junia Machado
e as da antropofagia e do tropicalismo?

2) A) Identifique no texto quais são as diferenças simbólicas e de mercado que


fazem o PET poder ser visto como 1) lixo, como 2) material reciclável e como
3) luxo.

B) O que faz a sociedade em geral, as artesãs e a designer classificarem de


modo distinto os mesmos materiais?

C) Qual é o papel da ourivesaria nesse contexto?

D) O fato de as artesãs verem “com outros olhos” o lixo é suficiente para que ele
se torne luxo? Justifique. (1,0)

3) Qual é o sentido simbólico de se utilizar o termo “arte social”? (1,0)

4) Qual é a importância simbólica do envolvimento do Instituto Coca-Cola? Como


as noções de masscult e midcult relacionadas a esse envolvimento podem
contribuir ou prejudicar a valorização simbólica dos produtos em questão? (1,0)

5) Tomando por base o livro Indústria cultural, identifique como, por meio desse
projeto de Junia Machado, o trabalho das artesãs se integra e se insere no modo
de produzir da indústria e da indústria cultural? Caso as artesãs queiram se
inserir na indústria e indústria cultural de modo autônomo (ou seja, sem o
auxílio de Junia Machado), quais serão as dificuldades nesse sentido? (1,0)

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