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São formas de integração da relação processual: (a) propositura da ação (art. 263); (b) citação; (c)
intervenção de terceiro; (d) sucessão processual.
O que é terceiro?
Pessoa estranha ao processo (autor, réu e juiz). Pode ser: (a) não interessado – a sentença não produzirá
nenhum reflexo (não pode participar do processo); (b) economicamente interessado – cuja sentença produzirá
reflexos econômicos, sendo admitida, tão-somente, para a União, quando na relação processual for parte:
fundação, autarquia, SEM e empresa pública (art. 5º da Lei n. 9.469/97); (c) juridicamente interessado – a
sentença produzirá reflexos jurídicos.
Assistência
Forma voluntária de intervenção de terceiro (apesar de figurar em capítulo diferente da intervenção), pois
ingressa nos autos por sua própria vontade, objetivando coadjuvar uma das partes a obter a vitória processual.
Qualquer pessoa pode ser assistente? (art. 50, caput) Não, somente o juridicamente interessado (tem que
existir um vínculo jurídico do terceiro para com a parte assistida). Não se tolera a assistência fundada em ordem
sentimental ou econômica.
Se A, dono de um imóvel, resolve alugá-lo para B, mas C ajuíza uma ação reivindicatória sobre
a mesma coisa, é intuitivo que B tem interesse jurídico com A, de modo a objetivar que este
saia vitorioso da demanda, pois, caso contrário, não poderá desfrutar do imóvel.
Diante disso, podemos sistematizar os pressupostos da assistência: (a) existência de uma relação jurídica
entre uma das partes e o assistente; (b) possibilidade de vir a sentença influir nesta relação.
O assistente é parte?
Sob o prisma material, só é parte quem participa da relação jurídica de direito material. Sob o prisma
formal, entretanto, parte é qualquer pessoa que atua sob o contraditório (nisso inclui o assistente). Sua posição é
de coadjuvante (ajudante) de uma das partes para obter a vitória do processo.
Poderes
(art. 52) Pode produzir provas, requerer diligências e perícias, apresentar razões e participar das
audiências.
Espécies:
1. Assistente simples: não mantém vínculo jurídico com a parte contrária, apenas com a assistida.
Ex: locador move ação de despejo em face do locatário. O sub-locatário não tem vínculo
jurídico com o locador, portanto só poderá ser assistente do locatário.
Tem os mesmos direitos das partes (art. 52), no entanto só pode praticar atos que beneficiem a parte
assistida (serão nulos os atos que vierem a prejudicar o assistido). Ex: o assistente pode recorrer desde que o
assistido assim o faça. Ademais, o processo cessa nos casos em que o processo termina por vontade do assistido
(art. 53).
2. Assistente litisconsorcial: ocorre quando o terceiro mantém vínculo com a parte assistida e com a
contrária (art. 54).
Ex: A move ação de cobrança em face de B. O fiador pode ingressar como assistente.
Torna-se parte no sentido material e formal. Defende interesse próprio (que é idêntico ao da parte
assistida). Poderia ter ingressado como litisconsorte.
Cabimento
(art. 50, parágrafo único) Enquanto não há coisa julgada, é possível a intervenção do assistente, mesmo
que já exista sentença e a causa esteja em grau de recurso. Mas porque a assistência é facultativa, o assistente
recebe o processo no estado em que ele se encontrar.
No processo de conhecimento, qualquer tipo de procedimento admite a assistência (exceto JESP). O
mesmo ocorre com o processo cautelar. Mas no processo de execução não há lugar para a assistência, porque a
execução não se destina a uma sentença, mas apenas à realização do direito material do credor (não haveria como
coadjuvar) – salvo se opostos embargos.
Procedimento
Deve ser requerida, por petição do terceiro interessado (sem os requisitos do art. 282), dentro dos autos
em curso. Ambas as partes serão ouvidas e qualquer delas poderá impugnar o pedido no prazo de 5 dias (art. 51).
Se não houver impugnação, ao juiz caberá, simplesmente, admitir a assistência. Se, todavia, houver,
impugnação, esta só poderá referir-se à falta de interesse jurídico do terceiro.
O procedimento de impugnação é o seguinte (art. 51) – tanto para assistência simples quanto para a
litisconsorcial (art. 54, parágrafo único):
1º) o juiz determinará o desentranhamento do pedido de assistência e da impugnação;
2º) essas peças serão autuadas em apenso;
3º) autorizará, então, o juiz a produção de provas;
4º) encerrada a instrução, o juiz terá o prazo de 5 dias para julgar o incidente.
Sucessão processual
Alienação da coisa ou do direito
(art. 41) O processo, uma vez aperfeiçoada a relação processual pela integração de todos os seus
elementos subjetivos, estabiliza-se (ex: art. 41 e nomeação à autora). Isto não quer dizer que o titular do direito
litigioso não possa transferi-lo na pendência do processo. Pode, mas não deixará de ser parte no sentido formal
(art. 42), haverá mudança no sentido material. Em conseqüência, o adquirente não poderá ingressar em juízo para
ocupar a posição de parte que toca ao transmitente, a não ser que o outro litigante o consinta (art. 42, § 1º). Em
qualquer caso, todavia, o adquirente terá assegurado o direito de intervir no processo como assistente (art. 42, §
2º). Como a sucessão material não afeta a relação processual, nenhum prejuízo acarretará à sentença cujos efeitos
se estenderão normalmente aos sucessores (art. 42, § 3º).
O alienante poderá continuar litigando, embora o bem não lhe pertença. Opera-se, nessa hipótese, a
substituição processual que alude o art. 6º (defende em nome próprio interesse alheio).
Substituição do advogado
(art. 44) Pode ser provocada pela parte ou pelo próprio advogado. Quando a parte revogar o mandato, no
mesmo ato deverá constituir outro, sob pena de o processo ser extinto na forma do art. 267, IV. Se a omissão for
do réu, o processo seguirá à sua revelia (art. 322).
Quando o advogado renunciar, este deverá cientificar a parte para que nomeie outro defensor. Durante os
10 dias seguintes, o advogado continuará a representar o cliente para lhe evitar prejuízo (art. 45).
No caso de morte ou incapacidade do advogado, o juiz suspenderá o processo e marcará o prazo de 20
dias para que a parte constitua outro. A falta de substituição acarretará a extinção do processo (se autor) ou o
prosseguimento à revelia (se réu) – art. 265, § 2º.
No recesso de final de ano (19 de dezembro a 6 de janeiro) não correm os prazos processuais,
mas o processo não fica, realmente, suspenso, embora durante ele não se devam praticar atos
processuais.
O saneamento processual não se concentra numa única decisão, mas se faz ao longo de uma fase
processual, numa sucessão de atos ou providências, que se inicia desde o despacho da petição inicial.
Provas são elementos de convicção do julgador, produzidos nos autos para tentar demonstrar a
veracidade dos fatos alegados pelas partes. Cabe ressaltar que todos os meios de prova são admitidos (art. 332),
desde que não obtidos por meios ilícitos (art. 5º, LVI, CF).
A CF desautoriza qualquer prova cuja obtenção se derive de transgressão a cláusulas de ordem
constitucional, repelindo, por isso, quaisquer elementos probatórios que resultem de violação do direito material
(ou até mesmo processual). Ninguém pode ser condenado com base em provas ilícitas, quer se trate de ilicitude
originária, quer se cuide de ilicitude por derivação (que não obstante produzidos validamente, acham-se afetados
pela ilicitude originária). Deve, pois, o juiz repudiar aquela prova, de modo a preservar os direitos e prerrogativas
que assistem a qualquer pessoa.
Destinatário da prova: juiz – portanto, o julgamento deve ser proferido apenas com base nas provas
produzidas nos autos, sendo vedada a decisão pelo conhecimento do próprio julgador.
Sistemas de valoração da prova:
a) Prova legal: é a própria lei quem fornece o valor da prova, não outorgando ao juiz discricionariedade para
julgar. Muito embora seja um sistema em desuso, o CPC ainda traz alguns resquícios deste sistema
quando impede a prova exclusivamente testemunhal em contratos com valor superior a 10 salários
mínimos (art. 401), quando fixa o limite de testemunhas no processo etc.
b) Convicção íntima: nosso sistema veda expressamente o julgamento não fundamentado. A única exceção a
nível constitucional é o julgamento soberano do Tribunal do Júri em que o jurado não é obrigado a
fundamentar o porquê de sua escolha.
c) Livre convencimento motivado (persuasão racional): é a exigência constitucional de que toda decisão seja
devidamente fundamentada pelo que consta dos autos, limitada ao pedido formulado pela parte e obtida
mediante a aplicação das regras processuais formais.
Finalidade: formar o convencimento do juiz. A ampla defesa visa justamente assegurar a utilização pelas
partes de todos os meios legais à obtenção de uma sentença favorável, passando necessariamente pela produção
das provas necessárias à consecução deste fim.
Objeto da prova: os fatos alegados pelas partes. Entretanto, a lei dispensa a prova nas hipóteses do art.
334.
Provas sobre direito: (art. 337) a vastidão legislativa em nosso país por vezes torna impossível ao juiz o
conhecimento das leis e normas de conduta de Estados e Municípios diversos daqueles onde exerce a jurisdição,
competindo à parte interessada trazer cópias autenticadas ou certidões dos entes públicos, a fim de demonstrar a
existência da lei ou direito em que se funda sua pretensão.
O direito estrangeiro deverá ser provado mediante a juntada de documentos, com tradução juramentada,
seguindo, no restante, as mesmas regras acima enunciadas.
Por fim, o direito consuetudinário demanda prova oral, surgindo a possibilidade de designação de AIJ a
fim de que o interessado demonstre o costume embasador de sua pretensão.
Ver art. 4º LICC e art. 335 CPC.
Ônus da prova: (art. 333) impõe-se ao autor a comprovação dos fatos constitutivos de seu direito,
enquanto ao réu exige-se a prova dos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do autor.
O CPC, em seu art. 333, admite a convenção das partes a respeito da distribuição do ônus da prova,
exceto se recair a mesma sobre direito indisponível ou tornar excessivamente difícil o exercício do direito pela
parte (prova diabólica).
Não raramente estipula o legislador a inversão das regras do ônus da prova, procurando facilitar a defesa
do direito de uma das partes em litígio (ex: art. 6º CDC).
Procedimento probatório: nele se compreendem os requisitos gerais e particulares concernentes a cada um dos
meios de prova admissíveis. Todas elas deverão ser requeridas por uma das partes (ou de ofício pelo juiz),
deferidas pelo juiz e realizadas sob o contraditório. Compreende três estágios:
a) A proposição: ao requerer a prova, incumbe à parte indicar o fato a provar e o meio de prova a ser
realizado. Na inicial, incumbe ao autor especificar os fatos que fundamentam o pedido e indicar os
meios de prova (art. 282, III e IV). O mesmo ocorre com a resposta do réu. Ainda no caso de
réplica, deverá o autor manifestar sobre a contraprova.
b) O deferimento: se dá no saneamento. Mas, depois de especificados, há uma outra apreciação que o juiz
realiza no momento da produção (ex: admitida a prova testemunhal, pode o juiz indeferir sua produção se
a parte não apresentou o rol no prazo fixado, pode, ainda, ser indeferir a oitiva da testemunha impedida de
depor).
c) A produção: o momento processual adequado para sua produção é a AIJ (art. 336). Excepcionalmente,
pode haver antecipação de tais provas para as hipóteses de enfermidade, idade avançada ou necessidade
de ausentar-se o depoente. Quando a prova tiver que ser colhida fora da comarca onde tramita o feito, o
juiz da causa, em razão dos limites da sua jurisdição, terá de requisitar a cooperação do juiz competente
que é o do local da prova. Isto será feito por meio de carta precatória ou rogatória.
Meios de prova (art. 332): a convicção do juiz deve ser estabelecida segundo meios ou instrumentos
reconhecidos pelo direito como idôneos, isto é, conforme as provas juridicamente admissíveis.
Os especificados pelo CPC são: depoimento pessoal (art. 342-347); confissão (art. 348-354); exibição de
documento ou coisa (art. 355 e 363); prova documental (art. 364-391); prova testemunhal (art. 400-419) e
inspeção judicial (art. 440-443).
O juiz pode decidir por presunção?
Trata-se de um raciocínio do que um meio de prova. Com ela pode-se chegar a uma noção acerca de
determinado fato sem que esteja diretamente demonstrado (é o que denominamos de prova indireta, indiciária ou
circunstancial) – ex: o proprietário do veículo que se supõe ter atropelado alguém prova que no momento do
acidente seu automóvel estava em outra cidade (provou, indiretamente, que o atropelamento não foi causado por
seu carro).
Dever de colaboração com a Justiça (na busca da verdade): trata-se de uma sujeição que atinge não só
as partes, mas todos que tenham entrado em contato com os fatos relevantes para a solução do litígio (art. 340 e
341).
DEPOIMENTO PESSOAL
É o meio de prova destinado a realizar o interrogatório da parte o curso do processo (aplica-se tanto ao
autor quanto ao réu). A iniciativa pode ser da parte contrária ou do juiz (art. 342) – a razão é óbvia: ninguém
produz com suas próprias palavras, prova para si mesmo.
Trata-se de ato personalíssimo. Os terceiros intervenientes: chamado ao processo, nomeado à autoria e o
denunciado à lide também se sujeitam ao depoimento pessoal.
Finalidade: (a) provocar a confissão da parte e (b) esclarecer fatos discutidos na causa.
Momento: (a) na AIJ, quando requerido pela parte contrária (art. 343); (b) em qualquer fase do processo,
se determinada pelo juiz (art. 342).
Incumbe à parte intimada: (a) comparecer em juízo e (b) prestar o depoimento. Se a parte não comparecer
ou se recusar a depor, o juiz lhe aplicará a pena de confissão (art. 343, § 2º). Essa pena consiste em admitir
como verdadeiros os fatos contrários ao interesse da parte faltosa e favoráveis ao adversário. Sua
imposição, todavia, dependerá de ter sido o depoente intimado com a advertência prevista no art. 343, § 1º.
Há casos, porém, em que se considera liberta a parte do ônus de depor. Sua recusa, então, será feita com
motivo justificado, como diz a ressalva do art. 345. Essas exceções estão no art. 347.
Procedimento
A forma é a mesma da inquirição de testemunhas (art. 344).
O interessado deverá requerer o depoimento pessoal da parte contrária pelo menos no prazo de cinco dias
antes da audiência (art. 407).
Na AIJ, o depoimento das partes será tomado antes das testemunhas, primeiro o do autor e depois o do
réu (art. 452, II). O interrogatório será feito pelo juiz diretamente à parte, que não poderá se representar por
procurador (art. 346). Ao advogado da parte contrária, após as perguntas do juiz, também será franqueado o
direito de interrogar o depoente. Suas perguntas, no entanto, serão dirigidas ao juiz, que, julgando-as pertinentes,
as repetirá à parte. O advogado da parte que está prestando depoimento não poderá formular perguntas.
Ao litigante que ainda não prestou depoimento é vedado assistir ao interrogatório da outra parte (art. 344).
As respostas devem ser orais, podendo o juiz autorizar que a parte consulte notas breves que objetivem
completar esclarecimentos (art. 346).
O depoimento será reduzido a termo, que será assinado pelo depoente, advogados e juiz.
Requisitos: (a) capacidade plena do confitente (o representante do incapaz não pode confessar); (b)
inexigibilidade de forma especial para a validade do ato jurídico confessado (não se pode confessar um
casamento sem demonstrar que ele se realizou com as solenidades legais ou a aquisição da propriedade
imobiliária sem a transcrição no RGI); (c) disponibilidade do direito (art. 351).
Efeitos: (a) fazer prova contra o confitente; (b) suprir eventuais defeitos formais do processo.
O confitente pode se retratar? Não, em razão da preclusão. Somente quando houver vício do
consentimento (erro, dolo ou coação) é que a parte poderá pleitear a revogação da confissão (art. 352) através de
ação anulatória (se o processo em que confessou estiver pendente) ou ação rescisória (se já houver trânsito em
julgado). A legitimidade para propor tais ações é exclusiva do confitente, mas se falecer depois de iniciadas, seus
herdeiros nelas poderão prosseguir (art. 352, parágrafo único).
Indivisibilidade da confissão: o art. 354 trata da confissão (a) pura: a que se relaciona apenas a fatos arrolados
pelo autor e confessados pelo réu e (b) qualificada: a que reconhece alguns fatos do autor, mas aduz outros que
lhe cessam ou restringem a eficácia.
Quais as diferenças entre a confissão e o reconhecimento jurídico do pedido?
CONFISSÃO RECONHECIMENTO DO PEDIDO
Limita-se aos fatos; Adere à pretensão material;
Admissão da veracidade dos fatos; Não importa em confissão;
Pode ser feita pelo autor ou pelo réu; É exclusivo do réu;
Não vincula o juiz. Ao juiz cabe homologar.
Procedimento
(a) Proposição: petição inicial (se autor) ou na contestação (se réu);
(b) Deferimento: é no saneador que o juiz admitirá, ou não, essa espécie de prova. A parte que desejar
produzir essa prova deverá, antes da AIJ, no prazo que o juiz designar (se omisso, em 10 dias antes
da AIJ), depositar em cartório o rol (art. 407).
Esse prazo é estabelecido em favor da parte contrária, a fim de que possa conhecer com a
necessária antecedência a idoneidade da prova que contra si vai ser produzida. A CONTAGEM
DO PRAZO, NO CASO DE OMISSÃO, É REGRESSIVA. Se o último dia for não útil, deverá
ser antecipado para o dia útil antecedente.
Cada parte pode arrolar até 10 testemunhas, podendo o juiz dispensar as excedentes de 3, quando
destinadas a provar o mesmo fato (art. 407, parágrafo único). As testemunhas poderão ser substituídas nas
situações do art. 408.
O revel pode arrolar testemunhas? Sim, quando os efeitos da revelia não ocorrem (art. 320).
A testemunha será intimada pelo correio, se tiver endereço certo (art. 412, § 3º). Se a
testemunha deixar de comparecer sofrerá as conseqüências do art. 412, caput. A parte pode
comprometer-se em levar a testemunha, independente de intimação. Se a mesma não
comparecer segue o disposto no art. 412, § 1º. Quando se tratar de funcionário público ou
militar, o juiz requisitará o comparecimento ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em
que servir (art. 412, § 2º)
PROVA DOCUMENTAL
Documento é uma coisa capaz de representar um fato. Contrapõe-se ao testemunho que é o registro de
fatos gravados apenas na memória do homem. Em sentido lato compreende não apenas os escritos, mas toda e
qualquer coisa que transmita um registro a respeito do fato (ex: fotografias, filmes, gravações sonoras etc.).
A prova documental deve ser produzida com a petição inicial e com a contestação (art. 396). Só é
admitida a juntada posterior quando sua apresentação no momento, em princípio oportuno, não foi
possível por legítimo impedimento.
Há casos em que o CPC permite a juntada de documentos novos a qualquer tempo (art. 397): (a)
quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois de articulados; (b) quando produzidos como
contraprova a outro documento juntado pela parte contrária. Para assegurar a observância do contraditório,
determina a ouvida da outra parte em 5 dias (art. 398).
Os documentos podem ser:
(a) Públicos: (art. 364) há presunção de autenticidade, fato que decorre da fé pública conferida aos órgãos
estatais. Tal presunção só atinge aos elementos de formação do ato e à autoria das declarações e não
ao conteúdo destas mesmas declarações. O instrumento público, quando for exigido pela lei, como da
substância do ato, como nos atos de transmissão inter vivos de bens imóveis (art. 108 CC), é insuprível
por qualquer outro meio de prova, por mais especial que seja (art. 366). E se elaborado por oficial sem
atribuições? Se o documento for elaborado por oficial incompetente ou sem as formalidades legais,
embora perca a força de documento público, gozará da mesma eficácia dos documentos particulares, se
atendidas as formalidades do art. 367.
(b) Particulares (art. 368) aqueles que não ocorre interferência de oficial público em sua elaboração.
Autoria do documento (art. 371). Se escrito e assinado na presença do tabelião, considera-se autor que o
firmou (art. 369). Tal presunção é iuris tantum, de sorte que prevalecerá até prova em contrário no prazo
de lei (art. 372). O prazo em questão é o da contestação para os documentos que acompanharam a
petição inicial e de 10 dias a partir da intimação, nos casos de juntada posterior (art. 390). Valor
probatório: art. 373. As declarações constantes em documento particular, escrito e assinado, ou somente
assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao signatário (jamais em relação a terceiros). Quando,
porém, na situação do art. 368, parágrafo único, o documento prova a declaração, mas não o fato
declarado (ex: se o vendedor declara no contrato que o prédio transmitido foi construído há 10 anos,
haverá presunção legal de veracidade da autoria e do contexto da declaração, mas não o fato em si, isto é,
de que a construção se deu na época mencionada).
Arguição da falsidade de assinatura ou do documento (art. 387 e 388)
Incidente destinado a argüir, em qualquer tempo e grau de jurisdição, a falsidade de documento.
Poderá ser argüido na contestação (pelo réu) ou no prazo de 10 dias, contados da intimação, se
autor (art. 390). O juízo competente é o da causa (art. 391), salvo se oferecida após a fase instrutória (art. 393),
quando o TJ será competente. A parte que produziu o documento será intimada para responder em 10 dias (art.
392). Ônus da prova: art. 389.
Será feito exame pericial, salvo se a parte desentranhar o documento (art. 392, parágrafo único).
O juiz proferirá sentença, julgando a ação principal e o incidente como questão prejudicial (art. 395). Se
argüido o incidente depois de encerrada a instrução, o processo será suspenso (art. 394).
Oportunidade: a exibição pode dar-se no curso do processo, como incidente da fase probatória (art. 355-363) ou
antes do ajuizamento da demanda, a título de medida preparatória (art. 844 e 845).
Legitimação
Pode provocá-lo o juiz, de ofício, ou a requerimento de uma das partes. O requerente há de demonstrar
interesse jurídico na exibição e o juiz só poderá denegá-la se concluir que o documento ou coisa visada não
guarda conexão com o objeto da lide.
O legitimado passivo pode ser uma parte ou o terceiro detentor da coisa ou documento.
SENTENÇA
A parte tem o direito subjetivo à prestação jurisdicional a que corresponde o dever do Estado de
declarar a vontade concreta da lei para solucionar o litígio. No processo de conhecimento é através da sentença
que o Estado cumpre esse dever.
a) Terminativas: são as que põem fim ao processo sem resolver, entretanto, o mérito. São as que
correspondem aos casos de extinção previstas no art. 267 (o direito de ação permanece latente). Sua
função é por fim à relação processual em virtude de sua imprestabilidade para o objetivo normal
do processo (é vedado ao juiz antecipar qualquer comentário ou apreciação em torno da lide – art.
459);
b) Definitivas: são as que decidem o mérito da causa, no todo ou em parte. Apresentam à parte a
prestação jurisdicional postulada e, por sorte, extinguem o direito de ação. Sua função é declarar o
direito aplicável à espécie;
c) Condenatórias: são as que concedem ao autor um bem jurídico que deve ser prestado pelo réu,
garantindo-se ao legitimado ativo um título que poderá ser executado em caso de resistência do devedor;
d) Declaratórias: são aquelas que se limitam a declarar a existência ou inexistência da relação jurídica
(na hipótese de improcedência do pedido, a sentença nada mais fez do que declarar a inexistência da
relação jurídica que o autor alegava na demanda);
e) Constitutivas: versam sobre direito potestativo, criam, extinguem, modificam ou extinguem relação
jurídica.
Relatório: se faz o histórico de toda a relação processual. Através dele o juiz delimita o campo do pedido e a
área da controvérsia, além das questões que necessitará resolver. Trata-se de condição de validade da sentença.
Sua falta torna nula a decisão. O relatório é dispensado no procedimento especial traçado pela Lei n. 9.099/95.
Motivação: exposição dos fundamentos de fato e de direito que geraram a convicção do juiz. A falta de
motivação dá lugar à nulidade do ato decisório por inobservância do disposto no art. 93, IX, da CF.
Dispositivo: é o fecho da sentença. Nele se contém a decisão da causa. Sua falta acarreta mais do que a
nulidade da decisão, pois sentença sem dispositivo é inexistente.
Publicação e intimação:
A sentença é ato público. Enquanto não publicada não será ato processual e, pois, não produzirá
qualquer efeito. É só com a publicação que o juiz cumpre o seu ofício. Desde então não poderá mais alterar o
decisório (art. 463).
Quando proferida em audiência (art. 457), a publicação consiste na leitura da sentença. Inexistindo
audiência (art. 329, 330 e 456), a publicação será feita em cartório, pelo escrivão, por meio de termo nos autos
seguindo-se a intimação na forma usual.
É preciso, portanto, não confundir publicação com intimação, embora em alguns casos os dois se
deem simultaneamente. É bom ressaltar que a divulgação da sentença no diário oficial não é ato de publicação,
mas de intimação.
Efeitos da publicação:
Vícios da sentença:
a) Extra petita: o juiz decide sobre causa não deduzida sob forma de pedido. O pedido do autor
permanece sem resposta jurisdicional, já que o provimento reconhece ou afasta a pretensão jamais
formulada nos autos. A nulidade é absoluta, atingindo toda a sentença.
b) Ultra petita: o juiz decide além do que foi formulado nos autos. O pedido do autor foi objeto de
análise, mas o sentenciante, extrapolando sua função no processo, incluiu no julgamento algo não
pedido. A nulidade só atinge o que de excessivo constar na sentença.
c) Citra petita: o pedido é aquém do solicitado pelo autor. A jurisprudência tem oscilado no que
respeita ao reconhecimento da nulidade dessa decisão viciada. Para uns a sentença é válida em
relação aos pedidos abordados, remetendo-se à ação autônoma quanto às pretensões não
analisadas. Já para outros a decisão é nula na integralidade.
Efeitos da sentença:
Efeitos secundários:
a) Hipoteca judiciária (art. 466): funciona como um meio preventivo de fraude para evitar a alienação do
patrimônio do devedor de modo a impedir o cumprimento de condenação de pagar quantia certa. A
inscrição depende de requerimento do interessado.
Coisa julgada:
a) Formal (preclusão máxima): ocorre dentro do mesmo processo (trânsito em julgado para ambas as
partes), produz efeitos somente para aquele processo (proíbe nova discussão dentro daquele processo).
Qualquer sentença (terminativas ou definitivas);
b) Material: impede nova discussão não apenas naquele processo, mas também fora dele (não se
discute nem em outra ação – efeito pan-processual). Somente as sentenças de mérito se submetem à
coisa julgada material.
Fundamento da coisa julgada: necessidade de estabilização/segurança das relações jurídicas – se não fosse a
coisa julgada os litígios se eternizariam.
Limites:
a) Objetivos (parte da sentença que faz coisa julgada): dispositivo (parte da sentença que julgou o pedido)
no sentido substancial (às vezes a fundamentação pode ter conteúdo de dispositivo – imagine se o juiz
reconhece que a multa é indevida na fundamentação, mas esquece de julgá-la improcedente no
dispositivo).
b) Subjetivos: só atinge as partes (autor, réu, litisconsortes, assistente litisconsorcial, opoente, nomeado a
autora, denunciado da lide e chamado ao processo). Terceiro, ainda que juridicamente interessado,
não é atingido pela coisa julgado, exceto (extensão subjetiva da coisa julgada):
1. Sucessores – mortis causa e inter vivos, nesta última, o adquirente do bem litigioso, mesmo que não
tenha ingressado no processo, é atingido pela coisa julgada (art. 42 CPC).
2. Substituído processual (aquele que em seu nome foi defendido seu interesse – ex: o menor em ação
de destituição do poder familiar ajuizada pelo Ministério Público).
Nas ações de estado (ex: investigação de paternidade, p. ex.) todas as pessoas são atingidas pela coisa
julgada (sujeição erga omnes). Para outros, a coisa julgada só atinge as partes (art. 472, 2ª parte, CPC), para
atingir outras pessoas é preciso prévia citação.
3. Sentenças prolatadas em ação cautelar (pode ser decidido de forma diferente na principal, salvo se o juiz
decretar prescrição e decadência);
Sentenças determinativas (dizem respeito a uma relação jurídica periódica, continuada): a posição dominante é
que faz coisa julgada material e formal com cláusula rebus sic stantibus (a sentença faz coisa julgada enquanto a
situação permanecer a mesma – se alterada a situação econômica pode mover nova ação) – perceba que foi
alterada a causa de pedir (não se está repetindo nova ação) – ex: ação de alimentos.
Relativização da coisa julgada: maneira de alterar a coisa julgada (art. 471 CPC). Os títulos judiciais são
inexigíveis em lei ou ato normativo declarado inconstitucional pelo STF (ADIn) ou se a decisão judicial
interpretou uma lei em desacordo com a constituição. Alguns processualistas pretendem estender a relativização
para as ações de investigação de paternidade.