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loge et connaissance (Biologia ¢ Conhecimento) stad. alema Frankfurt 1974 L. Kohlberg, “The ‘Claim to Moral Adequacy of a Highest ‘Stage of Moral Judgement” ("A Pretensio de Adequagao Mo- ral de um Mais Alo Fstédio do Juieo Moral) in: Journal of Philosophy 70, 1973, 632, 633 LL. Kohlberg, “From Is to Ought" (“Do E para o Deve’ ‘Th, Mishel (1971), 208,213. Tid. 215, id 154 i. 223. . Kobiberg, (1973), 63, Kohlberg, in: Mischel (1971), 222. hid, 136, 165, CE neste VoL, mais abaito, p. 171s, 3 — NOTAS PROGRAMATICAS PARA A FUNDAMENTACAO DE UMA ETICA DO DISCURSO 1 — Consideragdes propedéuticas. 1 A propésite da fenomenologia do fato moral 2, Abordagens objetivsta e subjetivistas da ica, 11 — 0 prinepio da universalizago como regra de argumenta- sho. 3. PretensGes de validez assertricas © normativas no agit €o- 4. O principio moral ou o eritério da universlizagéo de mixi- mas de agio. 5. Argumentagio versus participagio — um excurso. 11 — A ética do Discurso e seus fundamentos na teria da aso. 6, E necessiria e possivel uma fundamentagio do principio mo- nl? 7. Estrutura € valor posiclonal do. argumento pragmitico transcendental 8, Moralidade eetcidade. Dean etn Mey sesso ge “eae pare ae eine orang ee se en a nt ire i ear ean sa an aoe o “Reason is calculates it can assess truths of fact and mathematical relations and nothing more. In the realm of practice it can speak only of means. About ends it must be Set." (CA razio € caleladora, Ela pode avaliar verdades de fato ¢ relagées matematicas e nada mais. No Ambito a rites, s6 pose falar de meios. Sobre 0s fins, la tem QUE cecal, Desde Kant, sto €contestado peas ices cogtivsas qu, nm (ou outro sents, se aferam tia de qe te quetoes pias ‘So "pssvee de verdade™ Nessa tradi kaniana encontra-eatulmente importantes ahordagensteees tals como a de Kan Baler, Marcu Goorge Singer John Rawis, Paul Lorenzen, Est Tupendhate Kar 040 ‘Apt clas coinidem na itengao de amar an conigdes pare ms avaliago inpeca de qestcs pats, sea uncamente fm razhes, Ente esas lems, tentative Apel no €, cera: mente,» gue €desenvolvida da manera mas deaths; no obs tte, coer a tis So Discurso, que 6 pode dincemir em ‘sogo, como aboragem mas romisora na stuadade, Que form plac esa valagho do estado sta a arpumentagso {presen um programe de fundamentaao correspondent. Ab ‘Hzer isso, vou apenas de pasnagem debater uta sbordagens counts; antes de mais mada, vou me concentarmaelaborso ‘a protlemaicacomum a esas ora, que a5 daingue das abr. ‘agonsnao-ogalvsas. ‘De nici (), quero destacar a valde deta das noma ¢ as pretenses de voice que ergiemor som sos de fale gas a ovmas (ou epltives) ono Costing agile fenbmenos que Um eive footie fem que poser expla. Far claro ent @) {eas poigesfsoicsconbecda, a saber, a eos deinits- ts de pecto metafsica es eas nicionstas do valor, por um Ia, © a corso Sopris come 0 cmotvismo eo deisio tno, por out lao, deinam eacapar os fendmenos que pre Sam de expeagio, 20 assimilarem as proposiSs normalvas 0 Io ene das valraies © ops Siren ou es Seo tveneais¢ipertvas Cina semetant vale para Em rectipvnmo que se onena pelo nolo das proposes in @ tencionais.’ Os fendmenos morais descobrem-s, como procurare, mostrar na parte TI, a uma ivestigacgo formal pragmatica do agit ‘Comunicativo, no qual os atores se orienta por pretensoes de Va lidez. Deve fear claro por que a éia filosétiea — diferentemente, ‘por exemplo, da teora do conhecimento — pode assumir sem mais 2 figura de uma teoria especial da argumentagdo. Na Pare III, c0- locarei a questio fundamental da teoria moral, a saber, como © Principio da universalizaczo, que é 0 vnico a possbitar nas ques- {es prticas um acordo argumentativo pode ser ele proprio fun ‘damentado. Este €0 lugar para afundamentagio transcendental da ftca a que Apel procede a partir de pressuposies pragmaticas Uuniversais da agumentagao. ‘Todavia, veremos que esea "deriv ‘ono pode pretender o status de uma fundamentagao dltima € {ambém veremos por que uma pretensio tio forte no deveria de ‘modo algum ser erguida. O argumento transcendental pragmético ‘a forma proposta por Apel € fraco demaisalé mesmo para qUe- brar a resisténcia do e&ptico conseqiente a toda forma de moral racional. Esse problema vai, finalmente, obriga-nos a retornar, pelo menos com algumas alusdes sumaias, a ertica de Hegel 4 ‘moral Kantana, para dar ao primado da eticidade dante da moral lum sentido ndo-apcioso (imune a tentativas de ideologizasio neovarstotlicas neo-hegelanas), () A observagio de Macintyre lembra uma critica da razio instrumental que se volia contra certs concepyées unilaterais es pecifieas da moderna compreensio do mundo, em particular contra 4 tendéncia obstinada a reduzir 0 dominio das questoes que se dei- 3xam resolver com razées ao cognitivo-instrumental. Questdes mo- rabprécticas do tipo: "O que devo fazer?” so afastadas da discus- ‘io racional na medida em que nio podem ser respondidas do pponto de vista da racionalidade meio-fim. Essa patologia da cons- cincin moderna requer uma expicagéo no quadro de uma reoria dle sociedade’ a étcafilossfica, ave € incapaz de fornecé-la, tem ‘que procederlerapeuticamente e motiizar, entra 0 deslocamento dissimulador dos fendmenos moras fundamentas, as forgas de au ‘to-saneamento da refiexao. Neste sentido, a fenomenologialingiis- tica da conseitnca ica, que P. F. Strawson levou a cabo em seu célebre ensaio sobre “Preedom and Resentment” ("Liberdade © Ressentimento”), pode desenvolver uma forga maiéutica e abrir 0s ‘olhos 20 empirsta que se apresenta como céptico moral para suas ropriasintuigées morais na vida quotidiana, 6 ees ear rannae mmr et re os carey re, te ep pny corer even pe me vc ane Sarees truck re, it. toon ee sony» is, ee ra om gate Cone emer noire tn at Seon sae gn ry rr Ea coe rca rin ear oa te or te es cine ope gum oo aa che et ra firemen oe nko scent teste ceenino, Stems ch here cee bere ee aces nue, ore seen pak eames oy eae ee Serta ee oie mana apo is lo cums ane ey nt ic ae ere cong meets ei Se eee ta ei, a Se nS ete tenant pera «cient en li Fees raise 3 nC erence perenne esate excep a i desea bn sare greene cet a ie te te ee ater oe re Seger ee eet es Bet cara asec ea repre ceed coi set eaten ecreerea pene pert sr rn eo ao octet periment hd fees ee ore “The objective attitude may be emotionally toned in ‘many ways, but notin al ways: it may include repulsion fd fear, it may ince pity or even love, though not all ‘kinds of love. But it cannot include the range of reactive feelings and antiudes which belong (o involvement or par= Yicipation with others in inter-personal human relation- ships: it eannot include resentment, gratitude, forgivenes, anger, or the sort of love which two adults can sometimes be sud to feel reciprocaly for each other. If your attitude towards someone is wholly objective, then though you ‘might fight him, you cannot quarel with him, and though {You may talk 0 him, even negotiate with him, you cannot Feason with him. You can at most pretend to quarel of (0 reason, with him.” (Pode-se dat de muitas maneiras uma tonalidade emo- ional aitude objetiva, mas no de todas as maneias: cla ‘pode inclir pena ou até mesmo amor, se bem que nem tO. das as espécies de amor. Mas ela nio pode incuir a gama te sentimentos e atitudes reativos que pertencem a0 en. volvimento ou & participagéo com outros nas relagées hu ‘manas interpessons; ela nio pode incluir restentimento, ‘ratidio, perdio, raiva ou a espécie de amor do qual se Pode dizer que dois adultos is vezes sentem reciprocamen 'e, um pelo outro. Se a sua atitude dante de alguém é in- teiramente objetiva, entdo, muito embora voce. possa combaté-lo, voeé no pode discutir com ele e, muito em- bora vacé possa falar com ele e aénegociar com ele, voce ‘Bo pode argumentar com ele. Vocé poe, no maximo, fin- tir que ests discutindo, ou argumentando, com ele”) Essa consderaso leva Srawson&conclsto de qu a eases essois do ofenio, or exempl, os ressentimenton, 56 80 fos, Sivis ma atte performatva de um participant da inergaay A tude ean deum nlo-partiutetgine os paps ‘municscionss da primeira eda Segunda pessoa neutral ine ‘ito dos fendmenos morals em ger. Atte daterceia pessoa far desaparecer ese nie feomenal. {b) Essa observa também € importante por antes metodo- gc: ofilosofo mral em que sdotar una perspective parti da ual poss perecber os fendmenos moras enguanto talk. Sravson ‘mostra como diferentes senimenton mori esta entelgados nt om os autos em relagSes internas. As reages petsons do fe Aid, come vines, posem ser compensa por desulpe Inve 6s samente, a pessoa atingida pode perdoar a inustiga que sofreu, ‘Ros sentimentor do ofendido corresponde a grado daqucle & {quem se faz um beneficio e & condenagao da ago injusta a admira- Gio da boa, Inimeras so as nuances do nosso sentimento para 2 {ndiferenga, 0 desprezo, a malevoléncia, a stisfacéo,o reconbec- Imento, 0 encorajamento, 0 consolo etc. Naturalmente, os senti> ‘entos de culpa e de obrigacio sio central. Neste complexo de ttitudesafetivas, passivel de ser esclaecido pela anise da ingu fem, © que interessa a Straweon inilalmente € 0 fto de que toda ssas emogdes esto inseras numa prtica quotidiana & qual 36 t- ‘mos acesso numa atitude performativa. & 36 assim que a rede de entimentos morais adquire uma certa inevitabildade: 0 eneaj ‘mento que assumimos na medida em que pertencemos a um mundo {de vida ng € algo que possamos revogar a nosso bel-prazer. A ati- tude objetivante em face de fendmenos que devemos ter percebido (de inicio a partir da perepectiva de um participant é secundaria re laivamente a isso: “We look with an objective eye on the compulsive be haviour of the neurotic or the tiresome bekaviour of avery Young chil, thinking iti terms of treatment oF training. Bat we can sometimes look with something like the same ye on the behaviour of the normal and the mature. We Ihave this resource and can sometimes use it: as a refuge, say, fom the strain of involvement; or as an aid to policy: or simply out of intellectual curiosity. Being human, we Cannot, in the normal case, do this for long, oF ‘alto ee (Othamos com um olhar objetivo o comportamento comousivo do euro ou 0 compertamenta exldonto ‘deuma crianga muito novinka, pensando em termos de tr tamento ou adestramento. Mas is vezes podemos olhar ‘om um olhar parecido para o comportamento da pessoa rormal ¢ amadurecida. Dispomos desse recurso is vezes. podemos usi-lo: como um refigio, digamos, das tensdes {86 envolvimento; ou como uma linha politica; ou simples- imente por curosidade intelectual. Humanos que somos, indo povemos, no caso normal, fazer isso durante muito tempo ou de modo algum.") Essa observagio torna mais clara a posigio das étcas desen- volvidas na perspectiva de um observador ¢ que resultam numa ‘einterpretagdo das inwigoes morais do quotdieno. Mesto que {fossem verdadeims, as tas empiristas ndo poderiam aleangar um {feito escareceor porque no ating as ints da pati 0. “The human commitment to participation in ord imerpersonal reltionshis ts thik, foo hoon, ad deeply rote for ust take serosly the though ee 2 eeeral theoretical convition might so hang eur word that in, there were no longer ary sch thingy ab Ime personal relationships as we orally understand them A sisained objectivity of interpersonal aie, aed the tama lation which that would ental, does ni see te someting of which human beings would be capable sep some general truth were afer rad (0 compromisabumano com a paris as elas interpessoais ordindras é,seredito, por dems abrangemte araigado em n6s para levarmos a sério 0 pensamento de ‘que uma convicgio te6ricageral poderia modificar 0 nosso ‘mundo a tal ponto que no haven mais nada de parecigo om as relages interpessons, tals como as entendemos ‘ormalmente (..) Uma constante objeividade na attude imerpessoal ¢ 0 isolamento humano que iso aceretaria, no parece ser algo de que os seres humanos Sejm capa es, mesmo se uma verdade geral fomecesse uma T4230 teérica para isso.") Enquanto a filosofia moral se colocar a tarefa de contrbuir para © aclaramento das inuigées quotdianas adquridas no curso da, socializasio, ela tera que partir, pelo menos virualmente, da at- ‘de dos paticipantes da prtice comunicativa quotdiana ae) 3. eri sera ae va a imago moral as ea es afetivas até aqui analisadas. A indignacio e 0 ressentimento ‘io dirigidos contra outra pessoa determinada, que fere a nossa in tegridade; mas essa indignapio nio deve sev cars moral ct= ‘cunstincia de que a interasdo entre dus pessoas partculares tena sido perturbada. Mas antes &infragdo de uma expectativa normar o iva subjacente, que tem validez nio apenas para 0 Ego © 0 Alter, tmas para fodor or membros de um grupo social, até mesmo n0 {aso de normas mors extras, para todos os aloresimputaveis em {eral E's assim que se explica fendmeno do sentimento de cul- ps que acompanha a autocensura do autor da infragéo. A censure to ofendido corresponderio os eseripulos de quem cometeu uma injustig, se este reconbecer que feriu a0 mesmo tempo, na pessoa 4o ofendido, uma expectaivaimpessoal, ou em todo © caso supra- pessoal, ¢ subsistindo igualmente para ambas as partes. Os sent ‘menios de culpa e de Obrigasio remetem além do particularismo ‘daquilo que concerne a um individuo em uma situagso determina- da Se as reagoes afetivas, drigidas em situagées determinadas Contra pessoas pariculares, no estivessem associadas a essa forma impessoal de indignasio, diigida contra a violagao de ex- pectativas de comportamento generalizadas ov normas, ela seriam Sestiuidas de eardter moral. E 36 a pretensio a uma validez uni ‘versal que vem confer @ um interesse, a uma vontade ou a uma ‘norma a dighdade de uma autoridade moral.” {) Em conexio com esse trago peculiar da validez mora, po- e-se fazer uma outra observecdo, Hi manifestamente uma cone- ‘do interna entre, por um lado, a autoridade de normas e manda- Imentos vigentes, a obrgasio em que os destinarios das normas fe encontram de fazer o que € mapdado e deixar de fazer 0 que & probido,e, por outro lado, aquelapretensioimpessoal com que se presentam as normas de agio eos mandamentos, a saber: que sio Tegltimos — e que, em caso de necessidade, se pode mostrar que so leptimos. A indignagio e a censura drgidas contra a vilago das normas s6 podem se apoiar em dima andlise num conteido ‘ognitvo, Quem faz uma tal censura quer dizer com isso que 0 culpado pode eventualmente se justificar — por exemplo, rect sano como injusificada a expectativa normativa a qual spela a pessoa tomada de indignasio. "Dever fazer algo” significa "wer ro= es para fazer algo" “Todavia, desconhcceriamos a natureza dessa razdes se redu- zissemas a questio: “O que devo fazer?” a uma questio de mera prudénciae, deste modo, a aspectos do comportamento em vista fe fins. F assim que se compora o empirsta que reduz a questio priticn: "0 que devo fazer?" as questées: "0 que quero fazer?” € Como posso faze lo?” Tambem nio adianta recorrer 30 ponto de vista do bemestar social quando o utlitarista reduz a questo: 66 “0 que devemos fazer?” a questéo técnica da produgio social, r2- cional quanto & adequagio dos meios aos fins, de efeitos dese vis. Ele compreende de antemio as normas como insirumentos ‘que se podem justificar, do ponto de vista da utiidade social, como mais ov menos adequados aos fins But the soci ity of hese pate. i ot what is now in question. What isin question tthe) jn fed sense hat to speak interns of sola ay ig leave ut something vital in our conception of thee pac. ties. The vital thing can he restored by attending wo that complicated web of atitudes and felis wien fos a esse part of the moral Ife as we know i and which are uit opposed to objectivity of etna. Only by atending to this range of atitudes can we recover from the facts as we know them a sense of what we mean, . ofall we ean, when, speaking the language of mors, we speak of desert, responnibity, guilt, condemnation, and justice (Mas ude social desespritcas (no €0 qu es {em queso agora. O que estd em queso € 0 seath ‘ent junio (.) de que falar apenas em termos de ui Inade social € deixar de fra algo Ue € vill em nossa con. cepsio dessus paticas. Ese algo vital pode ser retauado Stentando part esse complcada ein de attudes © sen tentos que formam ume parte essencil da vide moral tal como a conhecemos ¢ que se opdem em tudo A objet ‘dade da atitude- E apenas so atentar para essa gana dea tudes que poderemosrecuperara pari dos fats tas como ‘8 conhecemon, um senido dagulo que quremos daz, isto €, de tudo 0 que queremos diner quando, a0 flar linguagem da mor falamos em méno,responsbilidade, culpa, condenagaosjstga.”) Strawson reine neste ponto sust diferentes observagses. El Insist naidéia de que 96 poderemos evtar que o sentido ds just- ficagGes moral-priticas das manciras de agir nos escape, se alo perdermos de vista a rede de sentimentos moraistecida na pitica comunicativa quotidian e se localizarmos corretamente a questi: “Sique devo, 0 que devemos fazer?" “fnside the general structure or web of human stitudes and feelings of which T have been speaking, there is end Ps ess room for modification, redirection, ertciam, andj {eaton, But questions of jostiiaion ae internal to the Structre or relat o modifications intra ti The ext nce ofthe general framework of atlitdes act some thing we are iven with the fact of human society. As 8 athe it neler als fr or permis amestrmol “ton a yusieation (Dentro da extratura ger oda tei de atitudes © sen- timentos numanos de que eative flan, hi um export finito pare modicages,redreionumeios, ricas¢ Uiaghes, Mas as quesies de jusiicgio so itera A fxtrtura ou elcionam-se com modieyies intermas 4 la. A cxstncia do quaro geal dead € ea propia algo que nos ¢ dado juntamente com o fato da sociedade humana. Em seu conjunto, ele nip requer nem permite ‘ma justifies raion” externa”) A fenomenoiogi do fato moral proposta por Stason chegs, potato, as septs resultados: qb o mundo Jos fendmenos Imorais sve descobre a prt a ate perforativa dos pars. pants em interagbes; "que os ressenimentos cas reads afetivas em gral reme- tem eritson soprapessois para wala Je moras ¢ manda re aue a usificaéo pritco mor] de um modo de agit visa tum outro aspeto, diferente da avallogo fetivamente neta J r= Tages mein, mesmo que ela pose ser dervada de pontos de ‘st do bemesar sock ‘No € por acto que Strwson anliss sentiments. Manifesta- ‘ment, os sentmentortém,relatvamente josiieagio moral das maize de agi, um significado semelhante 30 que as perepySes tem par explicgioteorca de fats (@) Em sa investiga: "The Pace of Reason in Ethics (“O {gar Rasio ma Bia", 1980 (Que akin, € um bom exemple rao fato de qu, na fllosoia,& possvelcolcar as boas qustoes Sem encontrar as bos respots), Toulmin raya um paral etre Senlimento e perceprdes" Opiniges, como por exemplo:"O bas {io est toto funciona em gral mo quotano como mediagoes niorblematicas ue interapies © mesmo vale pra proerimentos ctivos da forma Seine: "Como € gue pus faze a!" "Vast ” devia ajudi-lo", “Ele me tratou de mancia indigna™, “Ela com- portou-s esplendidamente" etc. ‘Quando esses proferimentos sio contestados, a pretensio de validez a eles assoviada ¢ colocada em questio. O outro pergunta se a assergio & verdadeira, se a recriminapio ou a avtorecrimins- ‘fo, se a exortagao ou o reconhecimento sio corretos. Pode ser ‘gue © locutor relativize em sepuida a prelensio iniialmente er- fuida e apenas inssta que © bastio com toda certeza The parecia forto, ou que ele teve a clara sensacdo de que “ele” nio deveria ter feito 180, a0 passo que “ela” se comportou, sim, de maneira cespléndida et. Ele pode, finalmeste, aceitar uma explcapdo fica 4de suailusdo pica, que tem lugar quando se mergutha um bastio ‘ent digua. A explicagzo esclareceré 0 estado de coisas proble- ‘tice, sja desculpando-a,critcando-a ou jusiicando-a. Um ar- ‘aumento moral desenvolvdo esti para essa rede de atitudesafeti- ‘vas morais assim como um argumento tedrico esti para 0 uxo das, percepges: ‘In ethics, as in science, incorrigible but conflicting reports of personal experience (sensible or emotional) are replaced by judgements aiming at universality and impar- tility — about the'real value, the ‘eal colour, the “real ‘shape’ of an object, rather than the shape, colour or value ‘one would ascribe to it-on the basis of immediate expe- Fience alone." (C°Na ética, como na ciénca, os relatos nio-orvgiveis mas conflantes da experiéncia pessoal (sensivel ou emo ional) so substtuidos por juzos visando a universalidade 4 imparcalidade — sobre o "valor ral’ “cor real" 0 “formato real de um objeto e,ndo, formato, cor ou valor ‘que atribiriamos a ele com base na experioein imediata apenas." ‘Ao passo que a critica térica as experiéncias quoidianas en- fanosas serve para corrgiropinides e expecativas, a erica moral ‘serve para modifcar maneiras de agir ou Corgi juizos sobre elas. © paraelo que Toulmin traga entre a explicagioteérica de fa- 1s e a justifiaro moral de maneiras de agit, enre as bases emp- ricas das percepedes, por um lado, ¢ dos senimentos, por outro, Ibo ¢ tio espantoto assim. Se “dever fazer algo" implica "ter boas "raades para fazer algo”, entao a questées que se referem & dec n so por ages guiadas por normas ou & escalha das priprias not ‘mas de agi, devem ser pasiveis de verdade: “To belicve in the ‘objectivity of morals isto believe that some moral statements are true,” ("Crer na objetividade da moral e crer que alguns enan= clados morais si0 verdadeiros".) Mas. certamente, o sentido de "verdade moral” precisa ser aclarad. ‘Alan R. White enumera dez razées diferentes para se afirmar que ss proposigdes deénticas podem ser verdadeiras ou falsas, ‘Normaimente,exprimimos as proposigdes dednticas no indicative €e damos assim a entender que os enunciados normative, de ma heir andloga aos enunciados desertivos, podem set crticados, isto 6, refutados efundamentados. A objegio dbvia de que, nas at. ‘pumentagdes morais, o que esta em questao & 0 que deve ser feito ‘endo como as coisas se passam, White responde com a segunte observasio: “tn moral discussion about what to , what we agree on or srgue abo, assume, dacover or prove, Soubt or now i not whether todo and 30 But thar son ir the rg beter. or ony the best thng to Go And th it Something that can he tut or fae. I can bebeve tat upto Be done oi the est thing to do, but Leannat be eves decison any more tan I can Beleve a command or ‘gestion. Coming tothe decison fo do soonda0 i the {eit orth np thing to 0. Mora pronouncements ey nmi answers to the seston “Wh sal 907 they tor give such answers” Na discussio moral sobre oq fier aq sobre 0 aque estamos de condo ov scvtimos, alo ue presi ‘Rimes, descobrimos ou provama,duviamos ou sabemos no se vanosfacer is ov aul, masque isso ou ag ‘Beacon ea a fet, ovameo ou nie. Esso Ego que pose ser verdadero ou falso. Poss eer ie Set sel oven melhor sob far, as no oso iu desi, sin como amps pus i ‘dem ou ima porgunta Chegar a deisto de que fer iho ou nguilo¢tmelhor eis ou acaba cera a fazer. Os pronenciamentos moras podem acareta espostas 8 que Tios'0 que ¢ que vou fer mas nao do tals Tespos oe n Com estes ¢ semelhantes argumentos € que se manobra na die ‘so de uma étca cogntvista; mas, ao mesmo tempo, a tese de ve 88 questdes priticas sio “passveis de verdade” sugere uma ass- rilago dos enunciados normativos aos enunciados deseritivos. Se partimos — com razio, no meu mode de ver — do fato de que (9s enunciados normativos podem ser vilidos ov ndo-ilidos; © se, ‘como india a expressio "verdade moral” interpretamos as pre- {ensbes de validez, que sio objetos de controvérsia em arguments (es moras, segundo 0 modelo imediatamente disponivel da ver dade de proposigoes:entio nos veremos levados, —erroneamente, acredito — a compreender a possibildade de iatar as questOes priticas em termos de verdade como se os enunciados normativos pudessem ser "verdadeiros” ou “falsos" no mesmo sentido que os vos. ASSim, por exemplo, 0 inticionismo damente como os predicados “bom” ¢ “amarelo™ ‘um relativamente a0 outro." Para os predicados axioligivos, ele desenvolve a doutina das propriedades nio-naturais, que, analogamente 2 percepgio das propriedades das coisas, podem ser, apreendidas numa intuigéo ideal ou derivadas de objetos ideis."” Por essa via, Moore quer ‘mostrar como a verdade de proposigdes de conteido normalivo © {ue sio intutivamente evidentes pode ser comprovada pelo menos indizetamente, S6 que esse genero de andlise € colocado numa pista errada pela transformagao de proposigses deénticas tipicas fem proposigdes predicativas. Expresses como ‘bom’ ou ‘correto" deveriam ser comparadas| ‘com predicados de ordem superior. como ‘verdadeiro”, € nao com predicados de propriedade como ‘marelo' ou “brance'. A proposi- io: (21) Nas eircunstncias dadas, devemos mentir pode ser, € ver dade, coretamentetransformada em: (1?) Nas circunstincias dadas, € coreto ments (é bom no sen- tido moral), "Mas aqui a expresso predicativa é correto"* ou é bom” tem co diferente do papel da expretsio "é amarelo™ na (2) Esta mesa € amare, ‘Tao pronto 0 predcado axioligio "bom" assume o sentido de valdez de “"moralmente bom’, reconhecemos a assimetia. Pois apenas as seguintes proposigGes sio comparével (G)£ corto (corretamente prescrito) que" (4) E verdade (€ 0 caso) que 'p, nas quais‘h « “p"substtuem (ye (2). Essa formulagoes metalingusicas expressim as preten- ‘bes de validez implicitamente contidas em (I) e (2). Podevse de- preender da forma proposicional de (3) (4) que a andlise da atr- buigao ou da negagio de predicados no é 0 camino coreto para ‘explicar as pretenses de Valdez expressas com "é corto” © "é ‘verdade”. Se quisermos comparar ene si pretensbes de corres «pretenses de verdade, sem assimilar imediatamente uma a outa, ‘erd preciso aclarar como "p"e 'h” podem ser fundamentados ex ‘ada caso — como é que poems indica boas razdes pre contra avalidez de (1) € Q), Devemos mostrar em que consiste 0 carter especifico dajusti- ficagao de mandamentos. Toulmin percebeu isso muito bem: “Rightness is not a property; and when I asked (wo ‘ope which course of action was the Fight one I was not Asking them about a property — what 1 wanted to know ‘was whether there was any reason fr choosing one course ‘of action rather than another (All that two people need {and all that they have) to contradict one another about in the case of ethical predicates are the reasons for doing this rather than or the other."* "A corregio’ nto € vina propredade; e, quando per~ ‘eunel a dus pessous, qual era a inka de apo correta, nio festava fazendo uma pergunta sobre uma propriedade — 0 ‘que eu queria saber erase havia uma razio qualquer para tscolher tma lina de agio de preferéncia a outta (.). ‘Tado © que precsum (¢tém) duas pessoas para se contr os 0s possiveisconcernidos quando ela aparece como aceitivel a as alguns deles sob a condigéo de uma aplicagio nio-diseriminante, A Intuigio que se exprime na ida da possbidade de universlize- ‘io das maximas quer dizer mais do que isto: as normas vidas {ém que merecer 0 reconhecimento por pate de fados os Concern dos. Mas, entio,ndo basta que alguns individuos examine — se podem querer a entrada em vigor de uma norma contro- versa relativamente as consequéncis e efeitos colterais que te- Flam ligarse todos a seguissem: ou — s todo aquele que se encontrasse em sua situagao podria ‘uverer a entrada em vigor de semethante norma. Em ambos os casos, a formagdo do juizo efetua-se relativa- ‘mente a posigdo & perspectiva de alguni e nio de todos 03 con: ‘etnidos. $6 ¢imparcal o ponto de visas partir Jo ual sio pass veis de universalizagdo exatamente aquelas normas que, por en- ccarnarem manifestamente um intereste comum a todos 03 concer. nidos, podem contar com o assentimento universal —e, nesta me ida, merecem reconhecimentointersubjetivo. A formas impar- ial do juizo exprime-se, por consequint, em um principio que {orga cada um, no cireulo dos conceridos, a adotér, quando da ponderagéo dos intereses, a perspectiva de tados 0s outros. O Drinepio da universlizacéo deve Torgar aquela troca de papéis, universal que G. H. Mead descreve’ como "ideal role-taking”™ (Cadogio ideal de papéis”) ou “universal discourse”. Assim, ‘oda norma valida deve satistazer a condigio — que ss conseqiénciase efeitos colateras, ue (pre- visiveimente)resutarem para a satisfagdo dos interesses de cada um dos indviduos do fato de’ ser ela universal. mente seguida, possam ser aceitos por ‘odos os concerni- dos (epreferidos a todas as consequencias das possibilia 4es alternativas e conbecidas de regragem)." io devemos, contudo, confundir esse principio de unversali- 29540 com um principio no qual jé se exprima a iia fundamental 4e uma ética do Discurso. De acordo com a ética do. Discurso, ‘uma norma s6 deve pretender vader quando todos 0s que possam ‘ser concemidos por ela cheguem (ou possam chegar, enquanto Participantes de wm Discurso préico, x um acordo quanto & val dex dessa norma. Esse principio étio-diseursvo (D), 20 qual vol tare a propésito da fundamentagao do principio da universlizagdo (U), jd pressupoe que a escolha de normas pode ser fundamentada No'momento, ¢ desta pressuposisao que se trata. Introduzi (U) 6 ‘como uma regra de argumentagio que possiblta 0 acordo em Dis ‘ursos prticos sempre que as materias possam ser regradas no in- teresse igual de tos os concernidos. 6 com a fundamentagio ‘desse principio-ponte que poderemos dar 0 pusso para a etica Jo Discurso. Todavia, dei a (U) uma versio que excl uma aplicago rmonolépica desse principio; ele s0 regre as argumentagoes ene siversos paticipantes e contém até mesmo a perspectiva para ar- ‘gumentagées a serem realmente levaas a cabo, 8 qua esti ad- mitidos Como partcipantes todos os concernidas. Sob esse aspec: 1, nosso principio de universlizaio distingve-e da conecida proposta de John Rawls. Este gostaria de ver assegurada a considerago imparcal de (o- os 0s interesses afetados pela inciativa do sujeito, que julga mo- ralmente, de colocar-se num estado originario fietcio exeluindo os iferenciais de poder, garaniindo liberdades iguais para todos © ‘mente boa para cada um dos concernidos” ‘Se se entende a justicagio das normas nesse sentido, também ficaré claro — € 0 que pensa Tugendhat — o significado dos Dis- ‘cursos priticos. Eles nao podem ter um sentido primariamente ‘cognitive. Pois a questho a se resolver racionalmente, a saber, 5© ‘um modo de agir&, em cada caso, do inleresse proprio, esta ques tio, cada individuo tem que respondé-la, 20 fim ao cabo, por si ‘6: as proposigdesintencionas, com efeito, devem poder ser fun- amentadas monologicamente segundo repras seminticas. En ‘quanto empreendimento intersubjetivo, a argumentagio s6 € ne- ‘essériaporaue € preciso, para a fixacao de uma linha de agio co- letiva, coordenar as intengées individuais e chegar a uma deciséo ‘comum sobre essa linha de ago. Mas € 36 quando a decisio re- sulla de argumentagées, isto €, se ela se forma segundo as regras Dragmiticas de um Discurso, que a norma decidida pode valer ‘come ustifcada, Pois ¢ preciso garantir que toda pessoa concer- ‘ida tenba a chance de dar espontaneamenie seu assentimento. A forma da argumentasio deve evitar que alguns simplesmente Sugi- ‘am ou mesmo prescrevam 803 outs 0 que € bom para eles. Ela deve possibiitar, nio a imparcalidade do juizo, mas a ininfiuen- ‘lablidade ou s autonomia da formasdo da vontade. Nesta medi- 4a, as regras do Discurso ém elas propras um contedido normati- vot elas neutralizam 0 desequilorio de poder e cuidam da igual- dade de chances de impor os interesses proprios de cada um. "A forma da argumentagio resulta assim da necessidade da pati- cipagdo ¢ do equlibrio de poder: This then seems {0 me the reason why moral ques- tions, and in particular questions of political morality, must be justified in a discourse among those concerned. The rea- ‘som isnot, as Habermas thinks, thatthe process of moral Teasoning isin itself essentially communicative, but it is the other way around: one of the rules which result from ‘moral reasoning, which as such may be carried through in olitary thinking, prescribes that only such legsl norms are ‘morally justified tht are arrived at in an agreement by eve- ‘ybody concemed. And we can now see thatthe irreduci- bly communicative aspect is nota cognitive but a volition. al factor. Iti the morally obligatory respect for the au tonomy of the will of everybody concerned that makes it necessary 10 require an agreement™ (MS, 10s.) (CE isso, pois, que me parece ser razi0 por qUE as questées moras c, em particular, as quest6es de moral dade politica tem que ser justificadas mum discurso entre as pessoas concernidas, A razio disso nio ¢, como Habermas Pensa, que 0 processo da argumentapio moral sea em si ‘mesmo essencialmente comunicativo, mas € 0 inverso: luna das regras que resultam da argumentagio moral — ‘gue, enquanto tal, pode ser levada a cabo no pensamento folitrio — prescreve que s6 sio moralmente justificadas { normas leais ts quais se chega num acordo de que par- ticipem tados os concernidos. E podemos ver agora que 0 specto irredutivelmente comunicativo no é um fator cog: five mas voiive. E 0 respeito moralmente obrigatio pela autonomia da vontade de todos os conceridos que fora necessiria a exigéncia de um acordo.") [Essa concepsio moral ainda seria insatisatéria mesmo que aceitésemos & pressuposicio semanticista em que ela se apeia Pis ela no pode dar conta daguela intuigdo que € muito diffi de negara ideia da imparcialidade, que as lias cogntivistas desen- ‘volvem sob a forma de princpios de universalizagio, no se deixa ‘eduzir iia de um equllrio de poder. O-exame da questo: se & Ticitoatribuir a uma norma o predicado destacado por Tugendhat de "igualmente boa para todos", exige @avaliagdo imparcial dos interesses de todos os concernidos. Essa exigéncianéo € satisfeita pela simples distibuigdo igual das chances de impor os interesses Dripros. A imparcialidade da formacéo do juizo nio pode ser ubsttuida pela autonomia da formagéo da voniade. Tugendhat ‘onfunde as condigdes para o aleance dscursivo de um acordo ra- onalmente motivado com as condigées para a negociagio de um ‘compromisso equitativo (fair). Num caso presume-se que as pes- soas concernidasdisclmam © que € do interesse Comum dels to- das; no outro caso, pate-se da suposigéo de que nio esté em jogo ‘enhim interesse universalzivel. Num Discurso prético, os pat- cipantes tentam terclareza sobre um interesse comum; a0 negoeiar lum compromisso, els tentam chegar a um equlbrio entre interes ses particulares antagénicos. Também os compromissos estio % submetidos a condigdes restrtivas, porque € de se supor que um quilibrio equitatve (fair 86 pode ter lugar mediante a participa ‘com igusis direitos de todos os concernidos. Mas semelhantes Drincipios da formagio de compromisss teriam que ser justfca dos, de sua parte, em Discursos praticos, de tal sorte que estas a0 ‘estejam de novo submetdas & mesma pretenséo de equilfrio entre imteresses concorrentes, “Tugendhat tem que pagar um prego pela assimilagio das arg- rmentagées a processos de formagio da vontade; cle ndo consegue ‘manter de pé a distinggo ent a validade © a vader social das “To be sure we want the agreement to be a rational ‘agreement, an agreement based 0a arguments and if possi- ble on moral arguments, and yet what is finally decisive is the factual agreement, and we have no right to disregard it ‘by arguing that it was not rational... Here we do have an ‘cl which is irreducibly pragmatic, and this precisely be- cause it is not an act of reason, but an act ofthe wil, an fact of collective choice. The problem we are confroited with is not a problem of jusfcarion but of the partcipa- tion in power, in power of who is to make the decisions bout what is permitted and what not” (MS, 11). ('Certamente, queremos que o acordo seja um acordo ‘racional, um acordo baseado em argumentos e, s© possi- ‘el, em argumentos morais, eno entanto,o que € devsivo 0 acordo factual ¢ nao temos 0 divto de desprezilo, slegando que nio era racional.. Agu, sim, temos um ato ‘que € imredutivelmente pragmatico e isso. precisamente, porque nio é um ato de raza, mas um ato de vontade, um sto de escotha coletva. O problema com que nos defron- tamos nao & um problema de ustficagdo, mas da pari ‘pagao no poder, no poder de quem deve tomar as decisies Sabre 0 que &€ 0 que no é permitido.”) (MS, 11). ssa conseqifncia nlo pode ser harmonizada com a intengéo 4e defender 0 nicleo racional de um acordo moral produzido ar- [gumentativamente contra objegdes eépticas. Ela € incompativel com a tentativa de dar conta da intuigéo segundo a qual. n0 "sim feo "do" dado & normas e mandamento, € outa coisa que se 96 cexprime, diversa do puro arbitrio daguele que se submete ou se ‘opbe a uma pretensio de poder imperativa. A asimilagdo das pre= tensées de valde ds pretenses de poder reir toda base a0 em preendimento do proprio Tugeadhat no sentido de distinguir as ormasjustificadas das que nto oso. Tugendhat quer reservar as Condiges da valdade a uma anlise semdnticae separé-las das re- fas do Discurso a se analisarem pragmaticamente: mas, ao fazer isso, reduz 0 processo da justifieagao, organizado intersubjetiva- ‘mente, a um processo de comunicagao contingente e deslgado de toda rferénca & valiez, ‘Quando se confunde a dimensio da validade das normas, sobre ‘as quais os proponentes e os oponentes podem disputar com base fem razdes, com a validez social das normas que esto de fato em Vigor, a valdez debtica€ privada de seu sentido autinomo- Duck: beim advertiy em suas impressionantes ailises contra a facia ‘gencica que consiste em reduzt o carter obrignério das rormas {e ago & disposiio para a obediéneia em face de um poder de ‘mando sancionado.E por isso que Durkheim se interessa pelo caso frginiro do sacrilgioe, de modo geral, por normas pré-estatas ‘A infrago das normas € castigada porque estas reclamam validez em virtude de sua autoridade moral; mas ndo € porque estejam as> Sociadas a sangSes forgando a conformidade que elas desfrtam de validez, aqui que langa raizes a interpretasio empirsta dos fendme- ‘nos morais' validez normaiva ¢ erroneamente asimilada 40 po- der imperativo. Essa estratéga conceptual coatinua a ser seguida por Tugendhat mesmo quando cle eduz a autoridade das normas Jistieadas & universalizagao dos imperativos que o& concernidos tenderegam a si proprios em cada caso, soba forma de proposes intencionais. Contudo, 0 que de fato se exprime na valdez deon- tien éa autoridade de uma vontade universal, partihada por todos ‘9s conceridos, vontade esta que se despu de toda qualidade im- peratva e assumia uma qualidade moral porgue apela a um inte esse universal que se pode constatardiscursivamente, © Que, por ‘conseguinte, pode ser apreendido cogniivamente discernilo na perspectiva do participant “Tugendhat prva a validez da norma de seu sentido copnitivo © insiste, no entanto, na necessidade de jusificar as normas. Essas inengées antagénicas explicam um interessante dfiit de funda ‘mentacao. ‘Tugendhat parte da questio semntica de como com: 9s preender o predicado “igualmente bom para todos": por isso, pre isa fundamentar por que as normas que merecem justamente esse predicado podem ser aceitas como justfcadas. Pos 0 termo “jus- tifcado"” nto signifies, iniislment, outa cosa sendo que 0s con ‘cemidos tém boas razdes para se deciirem por uma lina de acio ‘omum; qualquer imagem do mundo religioso ou metaisico serviré ‘como um reservatério de "boas razdes". Por que deverfamos ‘chamar de "boas" apenas aquelas razSes que podem ser subordi- radas a0 predicado "igualmente bor para todos”? Do ponto de ‘sta da estratégin argumentativa, essa questo tem um valor posi- ‘ional semelhante a0 do nosso problema, que deixamos proviso Flamente em suspenso € que se formulou na questio por que © principio Ja universalizagao deveria ser aceito como regra de ar~ fumentacio. “Tugendhat recor, agora, 2 situagdo conbecida em que as ime ‘gens do mundo religisas e metaisicas perderam sua forga de con ‘icgio e passaram @ concorrer umas €om as otras titulo de po~ Tenuias subjetivadas da f€ e,em todo o caso, deixaram de garantie dogmas de fe coletivamente obrigatrios. Nessa situagio, um fponto de vista neutro quanto a0 conteddo, como aquele exigindo ue toda pessoa concernida tenha boas razSes para a adosao de tha linka de agdo comum, € manifestamente superior a determina- tdos pontos de vista conteudisticos, mas dependentes da radio: “Where the moral conceptions relied on higher beliefs these higher belief also consisted in the belief that some- thing being the case isa reason for wanting 10 submit © the norm. What is diferent now is that we have two levels of such beliefs, There is a lower level of premoral beliefs ‘which concern the question whether the endorsement of a ‘norm isin the interest of the individual A and whether itis. in the interest of an individual B etc. It is now only these ‘premoral empirical beliefs that are being presupposed, and the moral belie that the norm is justified if everybody can fagree to its not presupposed but the result of the commu ricative process of justifying to each other common Course of action on the basis of those premoral beliefs” (Ms, 17. (Onde as concepsées morais dependiam de crengas superires, estas consstiam também na erenga de que 0 fato de algo sero cas0 € uma Fazdo para querer submeter se norma. A diferenga € que, agora, temos dois niveis de semelhantes crengas. Hé um nivel inferior de crencas prémorais que concernem & questo se 0 endosso de uma ‘norma € do nterese de um individyo A ese & do interesse do individuo B ete. Agors, sdo apenas essas crengas emp rieas pré-morns que estio sendo pressupostas. a0 passo ‘que a renga moral de que @ norma est justificada Se fodos ‘podem concordar com ela nio estépressuposta, mas, sim, © resultado do processo comunicatvo de jusificar um para ‘© outro uma inka de ago comur com base nestascrengas pré-morais” (MS, 17 ‘cl entender que os partcipantes da argumentagio com crientagdes anioligicas concorretes. possam se por mais depressa ‘de acordo quanto inhas de apa0 comuns, se ecorrerem 2 pontos 4e vista mais abstratos e neutos relativamente a conteddes con- troversos. Mas com esse argumento nio se ganha muita coisa Pois, em primeio lugar, € possvel que também haja outros pontos 4e vista formas, que estejam no mesmo plano de abstraio e pro- porcionem uma chance de acordo equivalente. Tugendhat teria que fundamentar por que devemos privilegiar precisamenteo predicado por ele proposto. Em segundo lugar, a preferéncia por pontos de Vista de nivel superior, mais formais, fice plausvel, num primeiro ‘momento, apenss para aquela situagioiniial contingent na qual reeonhecemos (no inteiramente por acaso) nossa sitagdo con- temporines. Se nos colocamos numa outa stuagao na qual. diga- ‘mos, uma tnicareigdo teria encontrado uma difuséo universal e digna de f, vemos imediatamente que € preciso uma outa es- pécie de argumentos para explicar por que as normas moras 56 podem ser justifcadas recorendo a principios e procedimentos Universais © ndo a proposiyies eredenciadss dogmaticameate. Para Tundamentar a supeviordade de um modo de jusficacéo reflexive ce das reprecentagdes jurdicas e moras pés-tradcionas desenvol- Vidas nesse nivel, € preciso uma teoria normativa, Mas € exa- Tamente neste ponto que se interrompe a cadeia de argumentos de ‘Tugendhat Esse déficit de fundamentasio 36 pode ser compensade 30, 20 invés de comesarmos semanticamente com a aplicagio do sigif- ado de um predcado, exprimirmos o que se quer dizer com o pre- ‘dicado “igutlmente bom para todos” por meio de uma repra de ar- ‘pumentasio para Discursos pritics. Poderemos, enti, fazer a 7 tentativa de fundamentar essa regra da argumentago pela vin de tuma invesigagio das pressuposigoes pragmticas das argument ‘es em geral, Ficard claro, eno, que a idia da imparcialidade {std arroigada nas estrutras da propria argumentasio e no pre- ‘isa ser inserida nela como um conteddo normativo adicional Com a introdusio do principio da uiversalizagio, deu-se um rimeiro passo para a fundamentacio de uma ética do Discurso PPodemos recapitular 0 conteudo sistematico das consideragées fi- tas até agora sob a forma de um didlogo entre os advozados do cognitivismo edo. cepticismo. Na primeira rodada, tratou-se de “bios olhos do céptico inveterado pars o dominio dosfendmenos ‘moras. Na segunda rodads, © tema em discussio foi w possbl ‘dade de decidir as questdes praticas em termos de verdade. Vimos ‘tue 0 eéptico pbde mobilzar. no papel do subjetivista ético, boas ‘azbes contra 6 objedvistaético. Todava, 0 cogniivista conseguin “alvar sua posigio,limitando-se a assrir para os enunciados nor- tmativos uma pretensio de validezandloga & da verdade. A trees forlada fol aberta com a abservagio relista do eéptico de que. em ‘auestdes de principio moris,freqientemente deixa de ser poss Yel, mesmo com boa vontade, chegar a um consenso, Diante do Fato de um pluralismo das orientagdes axiolgicas,fato ess¢ que predispde a um estado de Snimo céptico, 0 cognitivista tem que se sforgar por comprovar a existéncia de um prinipio-ponte que possibilite 0 consenso. Feita a proposta de um prinipio moral, a ‘vestio do relativism cultural domina a proxima rodada da angu- ‘mentagio. O céptico faz a objesi de que, no caso de “U". se tata dd ua generalizao precipitada de nossa propria cultura ociden- tal, enquanto que 0 cogntivista respondera a esse desafio com uma, fundamentagao transcendental de seu prineipio moral. Na quinta fodada, o céptico faz a sua jogada fazendo outros reparos contra lima esirategia de fundamentagao transcendental-pragmética, qUe © cognitivstaenffentaré com uma versio mais cauteloss do argu mento de Apel. Na sexta rodada, 0 céptico pode sempre, dante ‘esse fundamentagio auspiciosa de uma ética do Discurso, ref ‘siarse ainda na recusa do Discurso. Veremos, porém, como essa ‘manobra o deixa numa situago desesperadora. O tema da sétima e ‘ltma rodada da discustio @ a renovasio cépica das eservas con- 98 11a 0 formalism ético que Hegel spresentara contra Kant. Nesse onto, 0 cognitivista inteligente no hesitara em dar um passo em Airegdo aos escripulos ponderados de seu oponente 'Na forma exterior de minha exposigdo, ndo sigo exatamente a ‘marcha ideal das sete rodadas de discussio que actbei de esboqa Contra as araigadas redugées empirisas do eonceto de racionali- dade e contra us corespondentes reinterpretaes das experiéncias ‘morais Bisieas, fiz valer fenomenologicamente (na 1" seegi0) rede de sentimentos e atitudes morals que se encontra tecida na pritca quotdiana. Em seguida (na 2*sece0) abordi as tentativas ‘de explicagio metatica que contestam a suposigdo de que as ‘questdespréticas sio passives de verdade. Esse escripulo reve: Tou-se sem objeto, porque abandonamos 4 falsa idetifiago das pretensées de validez normativas e asertéricas e mostramos (ni 3. seegdo) que a verdade proposicionale a corregio normativa as ‘sumem papels pragmaticos diversos na comunicagio quotidian. O céptico nio se deixou impressionar com isso e renovou sua divide fafirmando que as pretensbes de validezassociadas @ mandamentos fe normas no se deixam fundamentar, Essa obj caduca se se ladmite 0 principio da universalizao (introduzido na 4 seecao) © Se € possivel comprovar (como acontece na 5.* secgio) que, 0 caso deste prinepio moral, se tala de uma regra de argumentacio ‘comparvel ao principio da indugio eno de um prineipio da part- ipagao dissimulado. Nesse estadio do diilogo, 0 cépico exigra uma fundamentagéo para este principio-ponte também. Contra a objegto da facia etnocéntrica, vou mobiizar (na 6 secgio a se uit) a proposta feta por Apel de uma fundamentagao transcen ‘dental-pragmatica da ética. Modificare 0 argumento de Apel (na 71 secs) de tal modo que eu possa abandonar sem prejuizos a pretensio a uma "fundamentagio ultima”. Contra as objegdes que © céptico quiser apresentar de novo nesse sentido, serh possivel (0a 8. seecéo) defender 0 principio da ética do. Discurso mos- trando como as argumentagdes morais estioinserdas nos contex tos do agir comunicativo. Essa ligagio interna entre a moral € a licidade ndo limita « universalidade das pretenses de vader ‘moras; ela subording, porém, os Discursos priticos a restrigses, fs quais 0s Direursos te6ricos nio estio submetidos da mesma (6) A exigéncia de uma fundamentagio do principio moral nio| parece deseabida, se levamos em conta que, com o Imperative Ca- * tegérico, Kant (como os seus seuidores cogitvistas com suas va- "apées do principio da universalizagio) dé expresso a uma int {40 moral eyo alcance € questiondvel. Certamente, apenas a5 formas de ago que, em cada caso, encarmam inleresses unversa- livels corespondem as nossasieias de justiga. Mas este "moral point of view" (ponto de vista moral”) poderia exprimir as iias ‘orais particulares de nossa cultura ocidenal. A objec que Paul Taylor levantou contra proposta de K. Baier pode ser estendida a toxias as formulagdes do principio da unversalizagio. Em face das cevidéncias antropoldgcas, temos que admitir que 0 cédigo moral ‘que as teorias moras kantianasinterpretam & apenas um ene mui “However deeply our own conscience and moral out- Took may have been shaped by it, we must recognize that ‘ther societies in the history ofthe world have been able to funetion on the bass of other codes... To claim that a per. ‘son who is a member of those societies and who Know is ‘oral code, nevertheless does not have true moral convie~ tions i, it seems to me, fundamentally correct. But such a claim cannot be justified on the ground of our concept of ‘the moral pot of view for that isto assume that the moral code, of liberal western society isthe only genuine moral yy ("Por mais profundamente que nossa propria conscin- cia e perspectiva moral possam ter sido moldadas por ele, temos que reconhecer que outras sociedades na historia do ‘mundo puderam funcionar com base em outros eédigos. Pretender que uma pessoa que perienga a essas sociedades © conbega seu cédigo moral nio tem, no entanto, verdadei as conviegées morais €, parece-me, fundamentalmente correto. Mas essa pretensio nio pode ser justificada com base em nosso coneeto do ponto de vista moral, poi is0 E presumir que o cédigo moral da sociedade liberal ociden- {al é a Uniea moralidade genuins.”) Hi, poranto, uma suspeita fundamentada de que a pretensio de universlidade que os cognitvistas cos erguem para 0 prine io moral por eles preferido em cada caso se deve a uma "fle ‘einocéntrica”. Eles nio podem, pois, furtar-se & exigéncia de fun- ddamentagio do eéptice, 100 No que concerne a Kant, este baseia a fundamentagio do Im- perativo Categorco, na medida em que néo recorre simplesmente a lim “fato da razio", nos conceitos, dotados de conteiéo normal ‘0, da autonomiae da vontade livre; com iso, expoe-se& objegio Ge uma peti principi. Em todo 0 caso, afundamentagio do Im perativa Categorico esti tao entclagada com a arquiteténica do Fistema Kantiano que aio seria fact defendéla ‘a pertr de outras premissas. Quanto aos teéricos contemporineos da moral, estes ‘io chegam a propor Uma fundamentagao para 0 principio moral, ‘mas limitam-e, como se pode ver por exemplo na concepeso ral- sana de um equilbrio reflexive (reflective equilibrium), a uma reconstrusao do sther pré-tedrico, Iso vale também para 4 pro- posta consirutvista da edficagdo metodica de uma linguagem para. ErgumentagGes morais; pois a introdugso, normalizadora da ling ‘gem, de um principio moral tira sua forga de convicgio exclusiva- mente da explicagio conceptual de intuigdes encontradas.”" Neste estidio da argumentagio, alo chega a ser uma dramat zagio dizer que 0 copnivisas se vram em dfcldades com s ex féncis de uma fundamentagso do principio da universalizasio, ‘Assim, 0 ceptico sentese encorsjado a radicalizar sua divida ‘quanto 3 possibilidade da fundamentagao de uma moral unversais- 1a, afrmando sua imporsiblidade. Tal é sabidamente 0 papel que HH. Albert assumiu com “"Tralado Sobre Razio Critea’®” 20 transpor para o dominio da filosofia prtica © modelo epstemol6- feo do exame crtico desenvolvido por Popper, para tomar o lugar ‘do pensamento tradicional da fundamentagao ejusiiagio. A ten- tativa da fundamentagso de principios moraisenreda ocognitivista, tal éa tese, no “trilema de MUnchhausen que consiste em ter dé ‘escother entre trés alternativas igualmenteinacetiveis, a saber, ou !dmitr um regressoinfnto, ou romper arbitrariamente a cadeia da ‘erivagio ou, fnalmente, proceder em circus. Esse trilema, to- ‘via, em um valor posicional problemstico. Ele sé aparece com a prestuposigdo de um conceio semdntico de fundamentagdo, ave ‘Se orienta pela Yelagdo dedutiva entre proposigdes e que se apdia Unicamente no conceito da inferéncia ligica. Essa concepgio dedu- tivsta da fundamentagdo é, manfestamente, seletiva demais para cexposigdo das relaydes pragmaticas entre atos de fla argumentati- ‘or 08 prinepios da indugio e da universalzagio 36 siointrodu- ‘2idos como regras da argumentagao para langar uma ponte sobre o bate Iigico nas relagies nio-deutivas. Por iss0, no se deve es- 01 Perar para esses prncipios-ponte eles préprios uma fundamentayio ‘edutiva que € a Uniea admitida no tellema de MUnchhatisen, ‘A partir desse ponto de vista, K. O. Apel submeteu 0 fliblsmo ‘uma metacritica convincente einvaldou a objegio do rilema de Minchhausen." Nio preciso abordar detalhadamente esse ponto. Pois, no contexto de nossa problemitica, cabe sobretudo a K. O. Apel o mérito de haver desobstruido a dimenséo entrementes so- terrada da fundamentaso nio-dedutiva das normas éticas bisicas. ‘Apel renova o modo da fundamentagio transcendental com 03 Ineios fomecidos pela pragmitica lingistica. Ao fazer isso, utliza ‘© conceito da coniradigao performativa, que Surge quando um ato ‘de fala constatative ‘Cp’ se basela em pressuposigdes nio-contin- sentes cujo conteddo proposcional contradiz 0 enunciado assrido ‘p’. Partindo de uma reflexio de Hintikka, Apel iusra o signif «ado das contradigées performativas para a compreensio de argu ‘mentos clissios da filosofia da conscigncia com base no exemplo ‘do Cogito ergo sum’. Se exprimirmoso juizo de um oponente 0b ‘forma do ato de fala: “Duvido de que eu exist, 0 argumento de Descartes poderd ser reconsruido com a auda de uma contradiio performativa. Para o enunciado: (1) Eu nio existe (aqui e agora) © falane exgue uma pretensio de verdade: ao mesmo tempo, 20 proferida, ele faz uma inevitivel pressuposicio de existéacia cujo Contetido proposicional pode ser expresso pelo enunciado {@) Bu existo (aqui e agora) (sendo que, em ambas as proposigdes,o pronome pessoal se refere mesma pessoa) De maneiraandloga, Apel descobre agora uma contradio per formativa na objesto do “faibilista consequente"" que, n0 papel do cptico éico,contesta a possibildade da fundamentagdo de prin! ios moras, apresentando 0 tilema mencionado acima, Apel ca racteriza 0 estado da discussio por meio da tee do proponent, ‘que afirma a validade universal do principio da universalizagso € ‘ela objegdo do oponente, que se apéia no trilema de Minchha sen (0) €, de (),infere que as tetativas de fundamentar a validade Universal de prinipios sho desprovidas de sentido tal seria o prin- Cipio do falibilismo (f). Mas o oponente comete uma contra performativa no, caso em que © proponente pose comprovar ihe fe, ao engajarse nessu argumentagdo, ele fz certas pressuposi= 8e5 inevitiveis em rodo jogo da argumentagéo voltado para 0 vor {exame eritico ¢ eyo conteddo proposicional contradiz © principio (0, Tal é efetivamente o caso, pois 0 oponente, 0 apresentar ua ‘objegéo. pressupse inevitavelmente a validade pelo menos daque- las repras ligicas que nio podem ser substtuidas, caso compre- eida 0 argumento apresentado como wma refutagio. Mesmo 0 ei ticista, a participar de uma argumentacdo, i aceitou como valida ‘um acervo minimo de regrasiecusdvers da ertiea,E essa Const tagdo € incompativel com (D). Esse debate sobre uma "igica minima’ levado a cabo no in- terior do campo ertco-acionalista, interessa a Apel na medida em ‘que infirma a assergio de impossbilidade do cépico. Ele no libe- ‘Tm, porém, os copniivsts éicos do nus da prova. Ora, essa con- {roversia também chamou a atengio para o fato de que a regra da contradigéo performativa ase evitar pode ver aplicada nao somente fatos de fla e argumentosisolados, mas ao discurso argumenta- tivo como um todo. Com a “argumentazio em geal” Apel conse ‘ave um ponto de reeréncia que ¢ tio fundamental para andlise de Tepras nlo-ejltaveis quanto.o "eu penso™ ov a “conscigncia em tera” para a filsofia da rellexio, Assim como o interessado numa {eoria do conbecimento ndo pode retroceder aguém de seus pro> prios alos de conhecimento (e, de certa maneira, fica preso a a {oeferencalidade do sujeito cognoscente), assim tampouco aqucle ‘que desenvolve uma teria da argumentagdo moral pode etroceder ‘a situagio que & determinada por sua propria partcipagdo em ar- ‘umentagses (por exemplo, com 0 céptice, que segue como uma Sombra cada um de seus passos) Para ele, a siuapio da argumen- lagio € “iretrocedivel” no mesmo sentido que o conbecer também para o ilgsofo transcendental. O teorico da argumentagotorna- fe consciente da auto-eferencalidade de sua argumentasio da ‘mesma maneira que o tedrico do conhecimento se torna consciente dda autoveferencialidade de seu conhecimento. Essa conscientiza- {io significa ao mesmo tempo abandonar 0 esforgo inauspicioso de {uma fundamentasio dedutiva de "ultimos" principios e volar-se para a explicagio de pressuposigies “incontomivels, isto €, un Netsas © necessirias.'O teorico assumiri agora, a titulo de expe Fiéncia, © papel do eéptico, fim de examinar sea rejeigéo de um principio moral proposto cai numa contradicio performativa com Dressuposigdes incontomnaveis da argumentagio moral em geral, Por essa via indizeta, ele pode provar ao céptico que este, pela simples rardo de se engalar numa determinada argumentagio com © objetivo de refutar © cogntivismo ético, far inevitavelmente pressuposigdes argumentativas cujo conteddo proposicional con- {radia sua objegdo. Apel estiliza ese forma da refutago perform tiva do eéptico num modo de fundamentagio que descreve da se- ‘inte manera ““Aquilo que no posso contestar sem cometer uma au {ocontradigio atual e, ao mesmo tempo, no posso fun- damentar deduivamente sem uma. pettio princi igico- Tormal pertence iquelas "pressuposigdes _pragmético- transcendentais da argumentacao, que € preciso ter reconhe- ido desde sempre, caso o jogo de linguagem da argumenta- ‘Go deva conservar seu sent.” A fundamentago exigta do principio moral proposto podetia, por conseguinte, assumir a forma de que toda argumentagao, no Imporaa 0 contexto em que €levada a cabo, Se bascia em press posigses pragmatics, de cujo conteido proposicional pode-se de- rivar 0 principio de universalizaczo "U" (0) Depois de terme certificado da possbiidade de uma fun- dumentagio pragmitico-ranscendental do principio moral, gosi- Fa de apresentar 0 argumento ele proprio. Quero primeiroindicar falgumas condigdes is quais os argumentos. pragmalico-rans- tendentas devem satsfaer, a fim de, com base. nesses crite ‘os, avalar as duas propostas mais conbecidas, a saber, a de R. S. Peters cade K. O. Apel (a). Em seguida, gostara de dar 40 argu- ‘mento pregmético-transcendental uma versio que resista ax obj ‘ses conhecidas (b)- Finalmente, quero mostrar que essa funda Imentacio da éica do Discurso nio pode assumiro valor posicional

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