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Green, Red, Gold – Verde, Vermelho, Dourado

Verde, Vermelho, Dourado

18/07/2009 - Capítulo 01

19/07/2009 – Capítulo 02

20/07/2009 - Capítulo 03

21/07/2009 – Capítulo 04

22/07/2009 - Capítulo 05

24/0//2009 - Capítulo 06

24/07/2009 – Capítulo 07

25/07/2009 – Capítulo 08

26/07/2009 – Capítulo 09

27/07/2009 – Capítulo 10

28/07/2009 – Capítulo 11

29/07/2009 – Capítulo 12

31/07/2009 – Capítulo 13

01/08/2009 – Capítulo 14

02/08/2009 – Capítulo 15

03/08/2009 – Capítulo 16

04/08/2009 – Capítulo 17

05/08/2009 – Capítulo 18

06/08/2009 - Capítulo 19

07/08/2009 - Capítulo 20

08/08/2009 – Capítulo 21

09/08/2009 - Capítulo 22
10/08/2009 – Capítulo 23

11/08/2009 – Capítulo 24

12/08/2009 – Capítulo 25

13/08/2009 – Capítulo 26

14/08/2009 – Capítulo 27

15/08/2009 – Capítulo 28

16/08/2009 – Capítulo 29

17/08/2009 – Capítulo 30

18/08/2009 – Capítulo 31

19/08/2009 - Capítulo 32

19/08/2009 - Capítulo 33

21/08/2009 – Capítulo 34

22/08/2009 - Capítulo 35

23/08/2009 - Capítulo 36

24/08/2009 - Capítulo 37

25/08/2009 – Capítulo 38

26/08/2009 – Capítulo 39

26/08/2009 – Capítulo 40

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 1

Capítulo 1 – Verde Gramado

“Para Lucasta, em ir à Warres, “ comecei.

“Diga-me não, Amor, me chamo Unkinde;

Aquele vindo de Nunnerie,

De peito puro, e mente tranqüila,


Para Warres e Armes eu vou.

Verdade; uma nova Amante agora persigo,

O primeiro Inimigo no Campo,

E com uma Fé ainda presa mais fortemente,

Uma Espada, um Cavalo, um Escudo.

Ainda esta inconstância é tal,

como você também a deve adorar,

Não posso amá-la, Deare, tanto assim;

Amor, não o honro mais.”

Me virei para Mary com um sorriso triunfante, e fui imediatamente desapontado por sua
expressão facial.

“Isso foi lindo, Edward, ” Mary sussurrou. Ela tocou seus olhos com um pequeno lenço
de seda. Não vi lágrimas, e fortemente suspeitava que ela estava fazendo uma ceninha.
Olhei para ela impacientemente.

“Não é para ser lindo, ” expliquei.”É sobre quão grande é a honra de um soldado que
está apaixonado com a guerra.” Não consegui ver entendimento em seus olhos, a garota
era realmente de cabeça vazia e estava testando minha paciência cada vez mais.

“Então se eu for para a guerra, ” tentei novamente, “e estiver longe por períodos largos
de tempo. . . é por minha lealdade à ela. Meu amor por você, ” ou qualquer garota, já
que não amava Mary e a considerava ser bastante temporária, “sempre estará em
segundo lugar. Apesar que considerando meu forte desejo em ser um soldado, até
segundo lugar é muito bom.” Eu sorri para ela timidamente, na esperança de um
mínimo sinal de entendimento.

“Claro, Edward, ” ela disse com olhos bem abertos, “o que te fizer feliz.”

Suspirei exasperado, e me levantei. Estendi minha mão, a ajudando a se levantar. Ela


me olhou em retorno com uma expressão confusa. Realmente não me importava. Eu
tinha muita certeza que uma vez que já tivesse sido mandado para a guerra, ela
esqueceria tudo a meu respeito.

Eu estava bem consciente de que nossos pais estavam discutindo a possibilidade de um


casamento. Pensei sobre isso enquanto ela se levantava delicadamente, seu vestido
branco de musselina farfalhando ruidosamente à sua volta. Como eu poderia considerar
passar o resto da minha vida com uma garota com quem eu não podia nem ter uma
conversa inteligente?
Mary era bonita, eu sabia disso. Todas as garotas que meus pais me apresentaram eram
bonitas. Ainda assim nenhuma podia prender meu interesse por muito tempo. Loira,
com seu espartilho, altamente criada Mary, muito menos. Eu não me importava com
esses detalhes superficiais, embora eu vestia um belo terno cinza e cabelos penteados,
sempre que necessário. Eu realmente não queria ferir seus sentimentos, como fiz várias
vezes com outras garotas. Havia sempre algo de errado com elas. Elas não eram a garota
certa.

Mary era o tipo de garota que as pessoas considerariam ser a esposa perfeita. Prendada,
educada, que sabe apoiar. Ela sempre teria um vaso de flores frescas na mesa da sala de
jantar e um beijo recatado para mim pela manhã antes de eu sair para trabalhar. Ela me
receberia calorosamente quando estivesse de volta, com uma dose de scotch em sua
mão. Completamente tedioso. Eu não procurava aquele estilo de vida, de qualquer
modo, não buscava nenhum estilo. Minha mente e meu coração já estavam marcados na
glória de me tornar um soldado.

Estendi meu braço para ela, mais por hábito que por cortesia. Ela balançou seus cílios
estupidamente e colocou uma de suas mãos em meu braço. Caminhamos através do
vasto e verde jardim da propriedade de minha família em silêncio. Isso não era
problema para mim, mas senti ser para ela. Ela olhou em volta inquieta, constantemente
fitando meu rosto. Me parecia que ela lutava para encontrar algo para dizer, e aquilo
estava começando a me irritar seriamente, que ela obviamente não podia pensar em
nada. Tão tola.

“Está um belo dia, ” eu comentei. Ao menos um de nós era capaz de segurar uma
conversa, eu pensei, virando minha cabeça ligeiramente, para que assim ela não pudesse
me ver revirando os olhos.

“Sim, ” ela suspirou de alívio, “está um dia muito bonito.” Ela não disse mais nada e eu
também não. Me recusava a ter uma conversa de apenas um lado.

Entrando em casa, caminhamos em passos largos até a sala de estar. Esperando em um


sofá de veludo vermelho estava minha prima, Heather. Ela era do lado da minha mãe, o
que era bastante óbvio. Ela tinha o cabelo cor de bronze, que era a marca registrada.

Ela era dois anos mais nova do que eu e ainda não tinha sido apresentada à sociedade.
Contudo, ela estava extremamente ansiosa para isso. Nesse ano passado ela tinha
começado a me fitar com um olhar que me deixava desconfortável. Era o mesmo olhar
que via naquelas garotinhas bobas que meu pai insistia que eu devesse conhecer.

“Olá, Edward, ” Heather cumprimentou contente, levantando-se num salto. Franzi as


sobrancelhas em desaprovação do vestido que ela usava, era um pouco adulto demais
para ela. Um pouco decotado demais, embora ela realmente não tivesse nada para
mostrar. Suspeitava fortemente que ela estava usando um espartilho. Cheguei a
conclusão que ela só estava sendo esperançosa, embora seus esforços parecessem
prematuros.

“Olá, Heather, ” respondi sem emoção.”Uma vez que temos convidados, trarei a
criada.” Coloquei Mary sentada no sofá e a deixei rapidamente.
Não era necessário, é claro. Tínhamos maravilhosos empregados, muitos haviam se
tornando bons amigos meus. Um deles estaria presente quase que de imediato. Era só
uma desculpa para deixar a sala, para ter um momento para mim mesmo, um momento
de paz. O fato de me tornar um homem tinha provado ser muito mais estressante do que
eu tinha antecipado. Inclinei-me de costas contra a parede perto da entrada, fitando o
teto.

“Como estão as coisas com você e Edward?” Ouvi Heather perguntar. Franzi o rosto.
Não gostava que minha própria família bisbilhotasse sobre mim nas minhas costas.

“Ele é muito doce, ” respondeu Mary cautelosamente, “ele recitou um poema para mim
hoje.”

“Foi um poema de amor?” Heather pressionou. Ela estava obviamente pescando por
detalhes solícitos.

“Não tenho certeza.” Eu podia ouvir a desaprovação na voz de Mary. Apertei os lábios,
tentando com força reprimir a risada.

Naquele momento, Nelly, a criada, virou a esquina do corredor e me pegou. Sorri


timidamente para ela. Ela levantou uma sobrancelha.

“O que está fazendo, Edward?” Ela me repreendeu. Nelly era uma das minhas favoritas.
Uma mulher grande, roliça, com bochechas suaves. Ela vinha em acirrado segundo
lugar, perdendo apenas para minha mãe, como a favorita mulher em meu mundo. Eu a
adorava, e me sentia muito afortunado por ter mais de uma mãe amorosa em minha
vida. Pressionei um dedo contra meus lábios, a urgindo para ficar em silêncio.

“Esse é um olhar travesso em seus olhos, jovem Edward, ” ela me reprimiu, mas
manteve sua voz bem baixa.

“Ele beijou a sua mão? Ou sua bochecha?” Ouvi Heather perguntar demasiadamente
ansiosa atrás de mim.

“Você está espreitando nas senhoritas?” Nelly sussurrou asperamente.

“Não. . . embora eu deseje que ele o fizesse, ” disse Mary triste.

Nelly ridicularizou.”Que garota estúpida, ” ela disse. Pressionei uma mão por cima da
minha boca segurando as risadinhas que estavam escapando da minha garganta. Nelly e
eu rimos em sussurros silenciosos.

“Você encontrará a menina certa, ” Nelly disse depois que acalmamos nossas risadas.
Encolhi os ombros e me desviei de seu olhar fixo.”Sei que vai, Edward. Você é um bom
homem, você tem um bom coração.”

Deixei-a ver um pequeno sorriso.”Obrigado, Nelly.”

Não acreditava realmente naquilo, embora fosse difícil negar a sinceridade de Nelly. Era
só que amor, garotas e casamento simplesmente não eram prioridades para mim. Eu já
tinha uma quantidade infinita de problemas para que conseguisse que alguém na minha
família entendesse que eu estava loucamente apaixonado pela glória de me tornar um
soldado. Estava comprometido a isso e não podia ver nada mais além. Estava cego.

“Vamos lá, então, ” disse Nelly, empurrando-me em direção à sala de estar, “não pode
ser grosseiro com seus convidados.”

Aquilo foi horrivelmente embaraçoso e Heather era completamente culpada. De alguma


forma ela conseguiu flertar comigo, mantendo um tom ciumento com Mary, e se auto-
convidar para o jantar, praticamente tudo ao mesmo tempo. Estava muito irritado e
muito ansioso para que as duas fossem embora. Eu queria ser deixado em paz com os
meus sonhos de batalhas triunfantes que eu lutaria, e ganharia.

Assim lá estávamos nós, sentados na mesa de sala de jantar, esperando a chegada dos
meus pais. Heather fez algumas perguntas fúteis sobre os meus interesses, meus
passatempos, se eu iria à sua infame festa de aniversário no próximo mês.

Mary permaneceu tímida, incapaz de pensar em uma palavra para dizer. De repente
senti pena dela. Embora ambos tivéssemos sido formalmente apresentados à sociedade,
e éramos adultos, ainda assim, éramos jovens. Crianças. Senti que ela não estava pronta
para ser uma mulher ainda, e vivia expectativas além das suas capacidades. De qualquer
forma, por que todos nós tínhamos de crescer tão rápido?

Os meus pais nunca chegaram. Estava começando a ficar preocupado. Era um


comportamento extremamente incomum. Então serviram-nos a sopa, e meus pais ainda
não haviam chegado. Tentei chamar a atenção do empregado, mas ele rapidamente
deixou a sala antes de que eu pudesse sequer dizer uma palavra.

Olhei fixamente minha sopa. Algo estava errado, sabia que estava. Essa sopa deveria ser
tão apimentada? Senti um suor lento se formando em minha testa. Podia ouvir
vagamente Mary e a Heather conversando. Ao que parecia, Heather tinha grandes
planos para seu aniversário. Tive a impressão de que ela sentia que finalmente tinha
idade o suficiente para se socializar com os adultos. Minha sopa virou um borrão diante
de meus olhos e perdi meu apetite de repente.

Sem aviso, Nelly entrou correndo na sala de jantar. Vi seus olhos bem abertos, sua boca
se contorcendo. Algo muito errado. Levantei-me num salto e corri até ela, segurando
seus braços.

“O que é, Nelly, ” demandei. Em algum lugar da minha mente me toquei que estava
sendo muito grosseiro, mas não liguei para isso. Vi sua boca se contorcer ainda mais,
seus olhos em todos os lugares, exceto para mim.”Onde estão meus pais?” Perguntei
devagar.

Foi quando ela finalmente me encarou, com lágrimas nos olhos.”Eles estão sendo
levados para o hospital, Edward, ” disse ela suavemente.

“Por quê?”

“Eles estão muito doentes e precisam de assistência médica.”


“Por quê?”

Ela suspirou fundo.”Está espalhada por aí, estão chamando de Gripe Espanhola.”

Meu coração caiu aos meus pés. Eu estava bem ciente daquela doença, ciente de que
qualquer um com ela raramente sobrevivia.

Pensei em abrir minha boca e deixar sair uma enorme quantidade de exigências. Tinha
de ir ao hospital, tinha de ver meus pais. Naturalmente meus pais tinham levado o carro,
mas eu ia ordenar à Nelly que preparasse uma carruagem, ou um cavalo. Eu montaria
em pêlo se fosse necessário. Pensei em dizer tudo isso e mais, mas não o fiz. Em vez
disso, abri minha boca e tossi sangue em minha camisa.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 2

Capítulo 2 – Hospital

Ninguém disse nada, nem mesmo minha mãe, mas eu sabia. Talvez ela não, mas eu
sabia que meu pai tinha partido. Eu sentia o vazio em meu peito com sua morte. Ele não
durou muito, meu valente pai com seus cabelos escuros. Ele se foi.

Minha mãe e eu estávamos aguentando mais tempo, deitados lado a lado em nossas
camas. Embora sentisse que nossa luta era em vão. A febre era devastadora e eu sentia
dor por todo meu corpo, pulsando em minhas veias. Sabia que eu estava muito pior que
minha forte mãe. Eu mal podia senti-la quando ela tentava cuidar de mim em meu leito
de morte.

Estava tão tomado pela doença que nem ao menos podia falar. “Mãe”, eu quis dizer,
“não faça isso. . . cuide de si mesma, não de mim. ” Eu tinha dezessete anos, mal havia
começado minha vida ainda, mas sabia que ela estava se acabando. Como qualquer bom
soldado, eu era capaz de reconhecer uma batalha perdida.

Em algum momento, consegui abrir meus olhos e ver um pouco mais claramente. Eu
lamentei tê-lo feito. Mal conseguia ver Mary deitada em uma cama no outro lado do
quarto. Tão jovem. Seus olhos estavam bem abertos. Eles não se moviam. Foi aí que
soube que ela estava morta, muito antes deles jogarem um lençol por cima de seu pálido
corpo. Eu sentia muito nesse momento, sentia por não ter conseguido amá-la.

De repente pude ouvir a voz frenética de minha mãe, tão perto e ainda tão longe. Ela
tinha dito meu nome, aquilo sim ouvi, entretando o resto foi um borrão. Parecia que ela
estava falando com alguém, não tinha nenhuma idéia de quem. Um médico talvez? Uma
alucinação? Eu a podia sentir partindo, o vazio em meu peito tornou-se mais forte.

Como meu pai, eu simplesmente soube. Minha linda mãe de cabelos cor de bronze, com
seus impactantes olhos verde-esmeralda se foi. Não havia sobrado mais ninguém. Eu
queria mostrar meu pesar, expressar meu remorso para a favorita mulher em minha
vida, mas a doença não me deixava. Eu nem pudia mais manter meus olhos abertos. Me
envergonhava infinitamente o fato de que não podia pagar meu respeito à minha mãe,
nem mesmo em meu próprio leito de morte.

Não tinha nenhuma idéia quanto tempo tinha passado, poderia ter sido minutos, poderia
ter sido meses. Não tinha mais nenhum conceito de tempo, era irrelevante. Eu estava
morrendo, nada mais importava. Morte. . . isto não era o que eu tinha ansiado desde
sempre? Realmente era a glória de um soldado, ou era a de uma orgulhosa morte?

Sim, eu concluí, nunca fui apaixonado por ser um soldado. Eu estava apaixonado pela
morte. Fazia perfeito sentido para mim. Eu queria morrer. Exceto. . . não haveria
nenhuma glória nesta aqui. A vergonha regressou. Talvez todos esses pensamentos
somente eram o resultado da febre. Estava apenas delirando.

Mas eu podia sentir. Morte. Era estranho, muito mais real do que poderia ter imaginado.
Uma força poderosa se aproximando para levar o pouco de vida que eu ainda tinha.
Deixe vir! Pensei selvagemente. Honorável ou não, eu estava preparado para ela.
Qualquer coisa para acabar com a dor.

Então aconteceu. Eu estava voando, minha alma alcançando os céus. Logo a escuridão
em meus olhos partiria e tudo que eu veria seria luz. Me reuniria com meus pais.
Estaríamos contentes, seguros e em aconchego.

De repente, parei de voar e senti que estava sendo colocado em algo duro e frio. O que
tinha acontecido? Eu tinha sido negado o paraíso? O que eu tinha feito de errado?
Estava desesperado para ver a face de minha mãe novamente, balancei minha cabeça de
um lado para o outro, tentando forçar meus olhos a se abrirem.

A nova dor que veio era algo além da imaginação humana. Rasgou minha carne, partiu
minha alma em pedaços. O fogo estourou por minhas veias, e parecia estar vindo de
mais do que apenas uma fonte. Meu pescoço, meu peito, minhas mãos, fogo ardente
insuportável.

Eu gritei, rugi, me debati. Tentei buscar cegamente pelas chamas, para fazer delas
cinzas com minhas próprias mãos. Mas não podia me mover, enormes pedras estavam
me contendo. Então este é o Inferno? Estou sendo castigado por não ser o homem que
todo mundo queria que eu fosse? Qual foi meu pecado? Fiquei revoltado, eu NÃO tinha
pecado, eu não era um pecador! Como elas ousam, as forças divinas de natureza,
tomarem minha alma apenas por ser humano! Bati meus dentes às tais pedras,
acreditando que poderia me livrar à base de mordidas se precisasse.

Eu sinto muito.

Eu parei. Isso foi falado tão claramente, quase pensei que tivesse sido dito em voz alta.
Mas não foi. Ouvi em minha cabeça. Lentamente, um pouco de cada vez, abri meus
olhos. Vi seu rosto e entendi. Foi o pensamento dele que eu ouvi.

“Quem é você?” sussurrei.


“Meu nome é Carlisle, ” ele murmurou. ” Você estava morrendo. Sinto muito, eu tive
que fazer o que podia. “

“Você causou toda esta dor?” Franzi minhas sobrancelhas. Ele não conseguia me olhar
nos olhos.

“Sinto muito, ” ele repetiu. “Eu tenho pensado nisso por muitos anos. Acreditei que o
que eu estava fazendo era o certo. “ Eu estive sozinho por muito tempo.

“Por quanto tempo?” perguntei.

Surpreso, ele me olhou com seus arregalados olhos em tom marrom-dourado. “O que
você disse?”

“Por quanto tempo você esteve só?”

Ele continuou me encarando por um longo momento. Foi aí quando percebi que eu tinha
respondido ao pensamento dele, que não foi dito em voz alta.

Você pode ouvir o que estou pensando?

Abri minha boca para dizer que sim, mas então outra onda de dor me atingiu. Meu
corpo inteiro estremeceu e ele agarrou depressa meus ombros.

Vai acabar logo, eu prometo.

“Logo quando?” ofeguei. O mesmo olhar de surpresa apareceu em seu rosto, juntamente
com outra coisa, mas eu não sabia dizer o que. Me concentrei enquanto a dor parava. Eu
podia ouvir orgulho na mente dele.

Eu sabia que meu pai tinha me amado, de um modo obrigatório. Afinal de contas, eu era
o filho de um poderoso advogado. Era uma de suas realizações. Porém, Carlisle parecia
estar orgulhoso de quem eu era como pessoa, em lugar de ‘aquele menino’ que meu pai
exibia. Havia mais sobre meu pai do que isso, mas eu estava tendo dificuldade em
segurar minhas recordações.

Olhei para Carlisle. A pele dele era muito pálida, suas mãos eram frias e duras. Havia
algo muito ameaçador sobre ele, e ainda assim sua mente era cheia de compaixão. E
amor. Ele me amava como se eu fosse seu próprio filho, eu podia ouvir isto. Sorri para
ele e ele sorriu em retorno. Vi um sorriso duplo, em seus lábios e em sua mente.

Então o fogo relampejou novamente através de meu corpo, e meu sorriso mudou para
um rosto fechado em dor. Meu peito pesou e se contorceu com a pulsação correndo por
cada célula do meu corpo. Não conseguia olhar para Carlisle, sua face horrorizada de
arrependimento só me amedrontava ainda mais. Sentia como se minhas vísceras
estivessem sendo invertidas, se transformando em um corpo que não era o meu. Meus
gritos eram uma ação sem sentido contra a dor, eles só intensificavam a sensação de
estar morrendo.
Era uma morte nova, esta dor em meu coração se apertando e se esticando para fora de
meu peito. Me perguntei quantas vezes um homem poderia morrer, se em primeiro lugar
eu fosse de verdade um homem, ou se eu fosse ao menos permanecer humano. Um
humano. . . humanidade. . . alma. . .

Isso durou por três dias. Estava tornando-me mais ciente das horas que passavam, e
então de todos os minutos, enquanto sentia minha humanidade deslizando por meu fraco
aperto. E então meu coração parou. Não foi um grande evento, simplesmente apagou
em meio ao nada. Vazio. Oco.

Porém eu nunca poderia esquecer da dor desses três longos dias. Se me concentrasse na
memória dos dentes afiados de Carlisle em minha carne, e sua língua deslizando e
selando as feridas, eu ficaria perturbado.

Perturbado.

Morto.

Zumbi.

Abri meus olhos, nem havia percebido que eles estavam fechados. Vi Carlisle pairando
sobre mim. Elevei minha mão lentamente, franzindo à minha nova pele. Segurei minha
palma próximo à visão do rosto de Carlisle. Minha nova pele estava agora tão pálida
quanto ele.

Este era o momento no qual eu soube que tinha morrido. O momento. . . quando
acreditei que tinha perdido minha alma.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 3

Cap. 3 – Verde desbotado

Não consigo relembrar aquele primeiro dia claramente, ou suponho que teria sido o
quarto dia. Ainda assim, era o meu primeiro dia, como este estranho ser novo. Fui tão
esmagado pela novidade de tudo que minha mente estava capturada pelas sensações.
Meus pensamentos eram dificilmente lógicos ou sequer humanos. Eles eram crus e
predatórios.

Carlisle continuava falando comigo, me assegurando, tanto com sua boca quanto com
sua mente. Era um pouco perturbador, para dizer ao menos. Um eco de vozes
bombardeadas na minha cabeça. Logo, os ecos se acalmaram. Quando eles pararam,
olhei para Carlisle curiosamente. Ele estava calmo, destituído de qualquer pensamento.
Quase parecia como se ele tivesse prática com animal leitor de mentes como eu.

Um animal, uma descrição muito cabível. Minhas memórias, o meu sentido de


humanidade estavam desbotando-se rapidamente. Apesar dos meus pensamentos
irracionais, alguma pequena parte de mim queria se agarrar àquelas memórias que
estavam desaparecendo. Mas a coisa que senti foram os meus novos instintos, ferozes e
perigosos. Eu estava tanto aterrorizado e ainda assim. . . estranhamente empolgado
comigo mesmo.

Passei a maior parte dos dias de quatro, rastejando pelo chão e paredes. Inspecionava
tudo, cheirava cada odor com os meus sentidos aguçados recentemente adquiridos.
Permiti que a nova pele do meu rosto deslizasse através das várias texturas. Maravilha
encheu minha mente enquanto sentia uma dualidade estranha entre o que deveria ter
sentido e o que eu tinha me tornado.

Carlisle ficou imóvel em uma cadeira, olhando cada movimento meu cuidadosamente.
Seu rosto não entregava nada. Uma vez, ele tentou me dizer para ir deitar novamente na
cama. Ele ousou me interromper com seus pensamentos enquanto eu estava correndo
minha macia mão ao longo de um cano no canto da sala. Virei meu rosto rapidamente
para ele, mostrei os dentes e rosnei. Ele nunca tentou aquilo novamente.

Eram os instintos que me controlavam com uma sensação de poder, uma sensação de
conhecimento que se eu cedesse aos instintos, o poder seria ainda maior. Eu o queria,
precisava dele. Dê-me o poder que é por direito meu! O monstro levantou seu rosto de
olhos vermelhos dentro de mim.

Em algum lugar na minha mente, estava um ser racional, com pensamentos sensatos,
normais. O monstro de olhos vermelhos não se preocupava com aquele ser, ele rangeu
seus dentes e rosnou. Tive pena do ser que o monstro odiava. O ser chamado Edward.

Edward.

Automaticamente me virei à fonte do meu nome. Carlisle olhou para mim com aqueles
gloriosos olhos dourados. Eu estava agachado em frente à porta. Eu podia sentir odores
do outro lado dela e farejei os espaços que a porta não cobria. Eu precisava.

“Ficará mais fácil, Edward, ” disse Carlisle suavemente. “Uma vez que você tiver
totalmente aprendido autocontrole, fica mais fácil. “

“Como você pode tolerá-lo, ” sussurrei, minha voz tinha ficado macia, musical e letal.
Menos que o som de sinos de prata retinindo e mais próximo do som de uma lâmina
rasgando carne. Lentamente rastejei em direção aos seus pés. Seus olhos se alargaram
com minha aproximação, sua mente se encheu de apreensão. Eu não estava tentando
consolá-lo com as minhas seguintes palavras, eu estava meramente afirmando um fato.
“Estou com sede, ” rosnei inadvertidamente. Fiquei surpreso por quão humana a
afirmação soou, apesar do som da minha estranha voz.

“Sim, ” Carlisle concordou, seus olhos ainda abertos, “Sei que você está. Eu tenho
estado esperando pelo momento apropriado para levá-lo para caçar. “

Caçar. Eu o encarei incredulamente. Minha humanidade teve ânsias de vômito à essa


idéia, mas o monstro que crescia dentro de mim riu ameaçadoramente na minha mente.
Caçar, sim, mas. . .

“O que caçamos?” Perguntei com olhos estreitos.


“Animais, ” Carlisle respondeu simplesmente. “Há um parque próximo, há cervos. “

Não! Meus instintos gritaram para mim, rebelando-se contra o pensamento. Animais
não são o bastante! Eu era o animal aqui, precisava de uma presa muito mais forte para
apaziguar o monstro que se tornava mais forte. Minhas mãos em forma de garras
arrastaram minhas unhas pelo lado do meu rosto, sabendo que não podia me machucar,
mesmo se eu quisesse.

“Com a passagem do tempo, fica mais fácil, ” repetiu Carlisle. “Com o sangue de
animais, podemos conservar o que temos de nossa humanidade. ” O pouco que pode ter
sobrado nele.

O pensamento dele me balançou, me atirou contra o concreto. Apoiei-me em uma


parede e o encarei, enquanto o pó se acomodava em minha volta. Como eu não podia
possuir alguma humanidade? Fui humano uma vez, tive uma família, pais, uma vida
humana verdadeira. Embora as minhas memórias estivessem desbotando rápido, eu
tinha de me agarrar. O meu pai valente, minha bela mãe, não podia me esquecer. Sou
humano, lutei com o monstro, tenho um nome!

“Meu nome é Edward, ” rasguei através de secas lágrimas, “Meu nome é Edward. . . ”
Não podia produzir lágrimas, não importava o quanto tentasse. O pó que se movia em
volta de mim era a única coisa que poderia servir de lágrimas.

“Sim, ” Carlisle assegurou, “você é Edward Masen, como você sempre será. E eu sou
Carlisle Cullen. “

“Não, ” sussurrei, “não sou mais um Masen. “

Uma enorme tristeza nublou o rosto e a mente dele. Durante um momento, tudo o que
ouvi e vi foi sua pena e compaixão. Então ele me abriu sua mente. Carlisle, jovem,
aterrorizado e tendo convulsões com a dor da transformação, escondido embaixo de um
saco de batatas podres.

“Então, você sabe, ” reconheci.

Sim, conheço a sua dor.

Inclinei minha cabeça, curioso. Não houve nenhum eco daquela vez. Somente seus
pensamentos claros. Vi o rebanho de cervo passando, e Carlisle, fraco com a fome. Ele
caiu sobre o cervo, devastando seus corpos como. . . como um monstro.

“Eu vejo, ” eu disse, sentindo-me ligeiramente aterrorizado. Imediatamente percebi que


a afirmação tinha mais de um significado.

“Fica mais fácil, ” ele sorriu, “isso melhora. “

Eu sabia que nesse ponto ele já tinha estado explicando minha nova existência durante
dias, e eu escutei. Acho. Não, não tinha escutado realmente, eu tinha rejeitado a maior
parte das suas palavras. Ainda assim, elas me voltavam, como se eu nunca pudesse
esquecer nada novamente. Entretanto, tive de perguntar.
“O que me tornei?”

Ele respirou profundamente, uma ação que diretamente contradisse suas seguintes
palavras. “Somos vampiros. ” Não perdi o seu plural.

Eu quis gritar com ele, rasgar sua garganta por dizer tais palavras, negar tudo. O menino
que era Edward chorou dentro de mim, fazendo muitas perguntas. O que irá acontecer
comigo? Que tipo de vida eu terei? Morrerei? Eu poderia morrer, mesmo por minhas
próprias mãos? Vagamente relembrei uma memória humana. Um objetivo há muito
tempo esquecido, o desejo de morrer depois de uma longa e dura batalha. Como um
soldado orgulhoso.

A honra da morte, o orgulho de uma guerra bem lutada, elas eram todas memórias
inúteis para mim. Um tempo esquecido, um tempo que nunca aconteceria novamente.

Então uma memória mais fresca me veio. Deitado no meu leito de morte, humilhado por
uma febre mortal e muito doente para sussurrar até uma palavra. Nem mesmo uma
palavra de adeus aos meus pais humanos. E não podia me reunir à eles, nem na morte e
certamente nem no céu, sendo que minha alma tinha sido perdida.

Eu quis morrer nesse momento, queria muito.

Carlisle inclinou-se para frente, apoiando suas mãos em seus joelhos. “Há poucas
maneiras que um vampiro pode morrer. Para todos os efeitos, você é imortal. ” Ele
surpreendeu-me, como se ele fosse o leitor de mente aqui, não eu. Então percebi que eu
tinha ouvido isso antes, várias vezes de fato. Eu tinha estado escutando afinal.

“Vivemos por uma eternidade, ” continuou Carlisle. “Dediquei a minha existência para
curar e salvar as vidas humanas. Não sei quais as suas aspirações serão, Edward, duvido
que você as saiba também. ” Ele sorriu tortamente. “Mas temos um longo tempo para
descobrir. “

Suponho que ele pretendia que suas palavras confortassem, mas tudo que pude pensar
foi que eu tinha toda a eternidade para assistir à alguem desvanecendo.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 4

4. A caça ao Edward Vermelho.

Carlisle se manteve perto de mim no parque, eu podia sentí-lo a menos de um pé de


distância todo o tempo. Era um pouco irritante, ser observado tão de perto. Eu não me
sentia assim desde que eu era… era. . . Não conseguia me lembrar. Uma criança, acho.
Uma memória estava me cutucando, enquanto estava parado no parque com Carlisle, o
céu era uma noite sem lua.
A memória passou num flash em minha mente, embora eu só a visse através de
embaçados olhos humanos . Meus dedos percorreram teclas de marfim. Eu hesitei,
atingindo uma nota forte demais “Não, ” minha professora de música gritou, “agora
faça novamente!” eu movi minha cabeça, tocando as notas da forma como deveriam
ser tocadas. Hesitei novamente, cometendo exatamente o mesmo erro. A régra bateu
em minhas mãos. A pele ardeu. “Lembre-se, ” ela disse, “controle. “

Balancei minha cabeça, afastando a memória para longe. Cheiros estranhos estavam em
toda minha volta. Meus novos instintos estavam borbulhando debaixo de minha pele.
Para caçar, para matar. Tudo o que precisava era o menor dos incentivos. Ou isso era o
que o monstro precisava. Estava ficando difícil distinguir entre o monstro em minha
cabeça e eu mesmo. Éramos um só, e o mesmo, mas não exatamente.

Então ela estava lá. Arregalados olhos castanhos saturados de medo. Ela congelou de
repente ao nos ver. Sorri e respirei fundo. O sangue que eu podia cheirar, pulsando em
suas veias, me chamava como um doce elixir. Não tão doce como os outros aromas que
cheirei antes, mas esse serviria. Este animal seria meu.

Carlisle colocou uma repressora mão em meu ombro.

“Lembre-se do que eu disse. Passos pequenos, ” ele murmurou.

Então percebi nesse momento, éramos capazes de falar tão suavemente que nem um
animal podia nos ouvir. Nossa presa não receberia aviso algum de sua morte iminente.
O veado ficou parado, olhos bem abertos, quase como uma estátua. Apenas o
movimento de seu peito traia sua quietude. A sede rasgou por entre meus pulmões, se
arrebentando minha garganta, um líquido vil preencheu minha boca. Eu engoli com
dificuldade.

“É veneno, ” Carlisle explicou. “Paraliza nossa presa. “

Interessante. Por mais que essas novidades me assustassem, era difícil não estar
maravilhado com todos os incríveis detalhes. Veneno em minha boca. Dentes afiados
como lâminas. E como Carlisle havia me mostrado antes, força superior que eu tinha
que manter cuidadosamente guardada. Podia quase acreditar que havia adquirido
poderes de um Deus em meu obscuro novo mundo de insuportável sede e desejos
selvagens.

A orelha do viado se contorceu. Ela não piscou, ela não se moveu. Mas aquele
movimento era o único incentivo que eu precisava. Me posicionei de forma agachada,
mais que preparado para minha presa.

“Ainda não, ” Carlisle disse com uma rápida mão em meu ombro, “passos pequenos.
Você precisa aprender controle. “

“Não, ” vociferei, empurrando a mão de Carlisle e pulando à frente.

Edward, espere! Controle! Por favor. Oh, Deus…


Ela estava em minhas mãos antes que até pudesse pensar. Percorri meus dedos ao longo
de sua coluna, procurando pelo ponto mais vulnerável em suas vértebras. Quebrei seu
pescoço com um movimento de meus dedos. Rosnei com poder e forcei meus dentes em
seu pêlo. Sangue deslizou em minha garganta, preenchendo-me com um prazer cegante.
Então, o prazer esgotou-se rápido demais, e não havia mais sangue algum no veado.
Soltei o inútil e seco corpo no chão. Tudo isso aconteceu em menos de um segundo.

Virei para Carlisle. “Mais, ” eu ordenei com um rosnado. Lambi meus dentes
ensanguentados. Ele cautelosamente andou até mim e se agachou.

“Não vou mentir para você, Edward. Você pode ler minha mente, então não há muita
razão em fazê-lo, ” ele sorriu. Virei meus olhos. “Sangue animal nunca irá satisfazê-lo
completamente, mas é o suficiente. “

“Que outro sangue há?” franzi, sentindo-me desesperado. Carlisle evitou meus olhos, e
olhou para o morto e mutilado animal.

“É sua escolha, ” ele sussurrou. “Eu acredito que não é apenas porque fui transformado
em algo, isso não significa que não posso tentar ser melhor do que aquilo me tornei. “

“Você não respondeu minha pergunta, ” estreitei meus olhos, “e você está bloqueando
seus pensamentos. “

Ele suspirou. “Esta é a vida que escolhi, apenas me alimentar de animais e não de
humanos. “

Humanos? Ele era louco? Eu era? Os aromas que pude me lembrar de antes voltaram
para mim, e minha garganta explodiu em chamas com a nova sede. Sim, humanos. Me
virei, preparando-me para correr.

“Edward!” Carlisle gritou enquanto se atirou, me levando ao chão. Lutei, e por um


momento parecia que eu estava ganhando. Eu era mais rápido e um melhor soldado. Eu
podia acabar com ele tão facilmente.

“Pense nisso, Edward, apenas por um momento!” Carlisle me olhou, era intimidante.
Quando parei de lutar, ele falou novamente. “Seu pai era um humano. Sua mãe era
humana. Toda sua família era humana. Você realmente quer sugar a cada um deles até
secarem?

Minha mandíbula se apertou. “Talvez eu queira. ” Encarei em resposta.

“Está bem, ” ele disse de forma áspera. “Vamos escavar o corpo de seu pai e deixar
você beber o pouco de sangue que lhe resta. Você gostaria disso?” Estremeci com a
imagem que ele estava mostrando. “Que tal deitarmos você ao lado de sua mãe morta
para que assim possa sugar todo o sangue dela a noite toda, enquanto estão ambos a sete
palmos debaixo do chão. É mais de sua preferência?”

Me senti doente, não fisicamente, mas mentalmente. Carlisle estava sendo impiedoso,
mostrando meus pais em sua mente como bonecos zumbis. Olhe mas não toque. Então
entendi o que ele estava dizendo. Qualquer humano que eu ousasse matar, seria
exatamente como meus pais, porque eram humanos também. Assassinar humanos
apenas me levaria para mais longe de minha humanidade perdida. De acordo com o
mundo de Carlisle, ao menos. Em seu mundo, ele poderia não ser humano, mas ele
sentia que era compassivo de estar perto o suficiente de possuir humanidade.

E eu não estava me comportando com qualquer traço de compaixão ou humanidade. Eu


estava com fome e monstruoso e envergonhado. Emoções passavam e mudavam tão
mais rápido para vampiros. Eu fui de ser um monstro para ser ‘aquele garoto’ que
desapontou minha mãe com sonhos tolos de guerra e frustrei meu pai com rejeições
constantes de garotas que ele me apresentou.

Carlisle me levantou e colocou um braço ao redor de meus ombros.

“Sinto muito, Edward. Eu sei que isso é difícil para você. “

“Você nunca bebe de humanos, então?” murmurei.

“Nunca, ” ele respondeu.

“Tem algo errado comigo?” preocupei. “Sou o único que quer mais do que apenas o
brando sangue de um animal?”

“Não, ” ele sorriu. “Eu anseio por isso também. Mas depois de anos de prática, posso
resistir, e utilizar minhas. . . habilidades para ser um médico melhor. “

Ele me deixou sem palavras. Não pude evitar de observá-lo, eu estava repleto de
admiração. Jurei naquele momento em ser melhor do que eu era. Tornou-se um sonho,
fazer meu novo amigo e novo pai orgulhoso de mim. Eu irei resistir. Tinha esperanças
de que dessa vez, não seria um sonho tolo.

“Vamos, ” ele disse, “foi o suficiente para sua primeira vez. Agora deveríamos te
colocar em roupas mais apropriadas. “

Olhei para ele, confuso. Então olhei para mim mesmo. Ainda estava usando a
vestimenta do hospital. Olhei para a parte de trás e sorri envergonhado.

Eu estava parado em frente a um espelho no banheiro de Carlisle. Bati no meu cabelo


enquanto Carlisle observava minhas reações. Meu cabelo ficou no mesmo lugar,
congelado no tempo. Parecia meio bagunçado e nem sequer um pente faria alguma
diferença.

“Você transpirou muito como resultado da febre, ” ele explicou, “então seu cabelo ficou
assim. “

Movi meus ombros e continuei me inspecionando. O terno que ele me comprou serviu
muito bem, mas ainda me sentia desconfortável. Meus sentidos aguçados podiam sentir
cada fibra da roupa em minha nova pele. Ah sim, minha pele, mais pálida que o próprio
branco. A luz do banheiro não ajudava muito, me perguntei como eu ficaria na luz do
sol.
Mas então, havia meus olhos. E eu soube que nenhuma parte do garoto chamado
Edward havia permanecido, nem mesmo sua única conexão com sua mãe. Seus olhos
verdes como esmeraldas. Meus olhos eram vermelhos. O sangue vermelho de um
caçador.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 5

5. Remorso Vermelho

Era fascinante como a cor do olho de Carlisle ficava mais claro enquanto caçávamos, de
marrom dourado para caramelo. Meus olhos continuavam vermelho sangue e isso me
incomodava. Carlisle me assegurou que meus olhos mudariam para dourado com o
tempo, depois que meu corpo tivesse gastado todo meu sangue humano.

Eu queria ser como ele. Esse meu único confidente era compassivo e dourado. Mas eu
ainda estava combatendo o monstro dentro de mim. Ou talvez estava apenas lutando
contra eu mesmo. Parecia não haver nenhuma diferença entre os dois, especialmente
enquanto eu ainda era um selvagem recém-criado. Enquanto eu permanecia neste estado
sedento de sangue, estava ficando cada vez mais difícil se agarrar às minhas recordações
humanas. Quem eu uma vez fui.

Ouvir os pensamentos de todo o mundo era um assunto diferente. Os pensamentos de


outras mentes ficavam tão altos que anulavam freqüentemente os meus próprios
pensamentos. Nesso primeiro ano, Carlisle me manteve cuidadosamente escondido da
população humana. Ainda assim, se um humano se aventurasse dentro de alguns
quilômetros de minha loacalização, eu podia ouvi-los claramente. Eu sentia como se
tivesse perdendo os dois: minha humanidade e minha mente.

Levei um tempo para aprender a como controlar meu novo dom, como Carlisle
chamava. Eu tinha dúvidas quanto a chamar isso de dom, se sentia mais como uma
maldição. Minha cabeça pulsava com os pensamentos de outros, e ele me encontrava
freqüentemente em um canto, encolhido como uma bola.

Ele me encontrou assim um dia, estremecendo e encolhido tão apertado que eu nem
podia ve-lo. As vozes continuavam vindo a mim, rasgando minha sanidade.

Não não, Lesley, você não deve tocar nisso…

Eu quero tê-la antes do nosso casamento. É apenas o justo, inspecionar o produto antes
da compra final…Me pergunto se os seios dela são firmes assim sem suas roupas…

Tempo ruim hoje…Droga se eu sair na chuva e arruinar meu vestido novo…Papai


pagou caro por este vestido…
Mamãe é tão má, ela não me deixa ter nada…tudo que quero é um milk-shake de
chocolate…má, má, má…

Ele nem vai perceber se eu pegar algo dos lucros, só um pouquinho por cima…
ninguém vai saber…

“Por que eles não param de falar?” Chorei sem lágrimas.

Edward, você pode me ouvir?

“Sim.”

Então focalize em minha voz e ignore o resto.

Fiz o que me disse. Levou muita concentração, mas eu fui capaz de bloquear as outras
vozes. Era como se fossem dois rádios, lado a lado. As vozes e Carlisle. Eu diminuí o
volume de todas aquelas vozes e aumentei a voz de Carlisle à todo volume.

Eu relaxei, enquanto deixava sair uma longa respiração. Interessante como eu tinha
deixado de respirar todo aquelo tempo, e que não tinha notado que nem precisava
respirar. Eu me desenrolei e apoiei as costas na parede. Carlisle se sentou próximo a
mim e ambos olhávamos para frente.

Melhor agora?

“Sim, Carlisle,” eu suspirei.”Obrigado.”

Poderá levar um tempo até voce se ajustar. Eu não tenho o seu dom, não tenho certeza
de quanto tempo levará.

“Dom,” eu ridicularizei debaixo de minha respiração.

Claro que é um dom. Se não fosse, eu não seria capaz de me comunicar com você desta
maneira.

Ele me pegou ali. Eu realmente estava gostando da nossa silenciosa comunicação. Tinha
alguma coisa bem mais profunda e mais pessoal sobre conversar com alguém em sua
mente. Isso removia tantos detalhes superficiais envolvidos em uma conversa normal, e
ía direto para o coração dos problemas. Estava começando a esquecer como eu
conseguia manter uma conversa com alguém antes.

Diga-me Edward, o que você gosta?

“Gosto?” perguntei frazindo a testa.

Sim, todos nós gostamos de algo. Eu gosto do meu trabalho. Com certeza você deve ter
tido prazeres antes.

“Eu gosto de música,” eu disse sem pensar.


Que tipo de música?

“Eu gosto de tocar piano.”

Nunca o questionei e apenas brevemente me perguntei como ele conseguiu um piano


tão rápido. Ele o trouxe para casa logo no dia seguinte. Os pensamentos dos outros não
eram mais tão altos, e eu podia me concentrar no embalar pacífico da música. Sorri para
mim mesmo, quando me dei conta que não havia ninguém para golpear a minha mão
com uma régua. E mesmo se houvesse, eu estava aprendendo a controlar.

Tantas coisas mudaram, não só meu corpo fisico. Mas também minha mente. Eu tinha
muito mais escolhas do que nunca tive antes. Já não era obrigado a casar com alguma
menina tola. Na verdade, eu já não tinha a obrigação de amar ninguém. Eu amava a
idéia de me tornar um soldado, mas é claro que era um sonho desnecessário,
considerando o que eu tinha me tornado. A idéia de me tornar um soldado de repente
pareceu-me tão banal.

E então tinha Carlisle, seus próprios pensamentos o traíam. Uma noite, quando voltava
tarde do hospital, eu o ouvi no quarto ao lado, se lamentando.

Tantas pessoas morrem todo o tempo, e ainda assim suas famílias sofrem o pesar e
seguem em frente…

Minhas mãos diminuíram seus movimentos sob as teclas do piano, e escutei com mais
atenção.

A morte é normal e natural. O que eu fiz? Uma coisa era tentar melhorar a mim
mesmo, mas condenar Edward a essa vida também…

Eu estava chocado. Certo que ele tinha sido bastante severo durante os primeiros dias de
minha nova existência, mas considerando meu comportamento, obviamente era uma
dureza bem merecida. Eu era perigoso.

Ele estava morrendo…os pais dele já estavam mortos…Morte teria sido uma escolha
melhor para ele?

“Não,” eu disse suavemente, enquanto fiquei parado na entrada do quarto. Carlisle


permaneceu imóvel, com a cabeça em suas mãos.

Ele era meu amigo, meu camarada. Eu sabia seus pensamentos mais íntimos, até mesmo
os que ele nunca expressou. Ainda assim lá estava ele, se perguntando se ele tinha me
feito o certo, enquanto eu acreditava que tinha sido um bom confidente para ele. Pelo
menos, eu pensei que tinha sido um amigo decente. Claramente precisava mostrar o
quanto eu o respeitava.

“Você me perdoa?” ele sussurrou.

“Claro,” eu respondi.”Se não fosse por você, eu nunca teria tido uma chance de ser o
homem que queria ser. Você me deu muito mais que outra vida, você me deu livre-
arbítrio.”
“Eu sinto muito, se eu condenei sua vida,” ele disse.

Eu balancei minha cabeça e caminhei para ele.”Você não me condenou,” eu disse


enquanto me agachava em sua frente.”Você me salvou. Obrigado, pai, por me salvar.”

Ele me olhou surpreso, foi a primeira vez que o chamei de pai, mas era a única palavra
que faria justiça ao meu respeito por ele. Eu sorri e esperei não parecer forçado. Sentia
um som de culpa em algum lugar no fundo da minha mente. Me perguntei se eu estava
sendo um hipócrita. Era parcialmente uma mentira. Afinal, você precisava de uma alma
para ser salvo, e eu tinha perdido a minha.

E assim, esse foi meu primeiro ano. Assisti o vermelho em meus olhos começando a
enfraquecer, e eles ficarem tingidos com um ouro muito escuro. Para o fim do ano, eu
ainda não estava lá, não era dourado ainda. Porém, eu tinha ganho uma quantia incrível
de autocontrole. Aprendi a como bloquear pensamentos, como aumentar o volume de
um rádio. Os pensamentos dos outros se tornaram um fraco barulhode fundo que eu
podia ignorar facilmente.

Carlisle era gentil comigo, ele também aprendeu a nunca invadir minha mente com seus
próprios pensamentos até quando ele queria falar diretamente comigo. Descobri que eu
gostava muito de nossa comunicação silenciosa, e me sentia ficando cada vez mais
próximo à ele. Este homem, este vampiro, meu pai.

Um pouco de cada vez, ele abria sua mente para mim, revelando como ele viveu durante
os séculos. Eu aprendi tudo que devia saber sobre vampiros. Aprendi tudo das
experiências dele, suas viagens, inclusive os Volturi. Espantou-me descobrir que
estávamos praticamente sozinhos, embora haviam poucos vampiros no mundo. No
entanto, me surpreendi ainda mais por perceber quão únicos éramos no nosso estilo de
vida. Bebíamos sangue de animais e nunca sangue humano.

Eu soube quando aquele primeiro ano tinha terminado quando me vi no espelho, uma
cor marrom dourada começou a vazar em meus olhos. Quase lá. Logo, eu iria aprender
como viver neste mundo cheio de humanos e tentação.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 6

6. Vermelho Desbotado

Eu olhei no espelho. Franzi profundamente as sombrancelhas, e depois as alisei.


Levantei um canto de minha boca, depois abaixei o outro canto. Levantei minhas
pálpebras e depois deixei-as cair. Mostrei minha língua. Suspirei. Meus olhos tinham
começado a mudar levemente, conseguia ver uma vaga cor castanha na iris, mas o
vermelho ainda era bastante visível. Isto ia ser difícil.

Carlisle tinha me mantido bastante isolado durante quase um ano. Tudo que tive como
companhia era o piano e livros. Quantias infinitas de livros, colecionadas por Carlisle.
Haviam livros que eu nunca tinha ao menos ouvido falar. Absorvi cada palavra,
inclusive os livros de medicina. Eu podia ler tão rápido, aprender mais rápido ainda, em
uma velocidade cegante. Ainda assim, ficava entediado.

E então, estava na hora de me aventurar lá fora. Carlisle tinha feito planos para eu
reinvidicar os bens de minha família. De alguma maneira ele tinha convencido as
pessoas apropriadas de que eu tinha sobrevivido a epidemia e que estava me
recuperando todo esse tempo. Quando eu lhe perguntei, ele disse, ” Os humanos vão
acreditar no que você lhes falar.”. Isto aliviou um pouco minha culpa, eu não era o
único que estava mentindo.

Você está pronto, Edward?

Eu podia ver Carlisle no espelho, em pé na entrada. Curvei minha cabeça e me apoiei


contra a pia do banheiro.

“Na verdade não, ” murmurei. “Me lembre novamente como é a história.”

Como seu médico, eu te tenho mantido sob meu cuidado pessoal pelos últimos dez
meses. Considerando que seus pais faleceram, você é o único restante para reinvidicar
a herança. Claro que, a única razão para a qual fazermos isso é para que você possa
ter o que quiser de sua antiga vida.

“E por que estamos fazendo isto hoje?” Eu olhei para ele no espelho, e ergui uma
sobrancelha.

“Porque hoje”, ele sorriu largamente, “está nublado.”

Nós estávamos andando rua abaixo rumo a minha casa. E quero dizer andando mesmo.
Carlisle tinha que caminhar ao meu lado com uma mão em meu ombro todo o tempo.
Primeiro, para ter certeza que eu mantivesse o ritmo humano, e segundo, porque eu
estava fingindo ser cego. Usei pequenos e redondos óculos de sol, para que assim
ninguém pudesse ver meus olhos vermelhos.

Carlisle tinha falado ‘manso’ com o advogado que estava controlando os negócios de
minha família. Ele era um dos sócios de meu pai. Era um pouco perturbador descobrir
que os pensamentos dele eram tão diferentes às suas palavras faladas. Ele me ofereceu
seus pêsames, dizendo que a morte de meus pais foi uma grande lástima. Enquanto em
sua mente, ele se alegrava pelo ganho do controle da firma de advocacia que a morte do
meu pai lhe permitiu. Todos os humanos eram assim tão mesquinhos?

Eu tinha decidido não vender a casa, não podia dizer o porque, e talvez nunca saberia. A
única coisa que podia ter certeza era o senso de família que a casa representava, e eu
não podia deixar isso partir. Assim, a casa iria permanecer em meu nome, sendo
cuidada pelo escritório de advocacia por tempo indeterminado.

Então ali estávamos, dentro da casa que parecia familiar mais e ainda assim diferente
para mim. Trabalhamos de forma eficiente, Carlisle e eu, recolhendo tudo o que eu
queria manter comigo. Ele dizia do outro lado da casa, Você deseja manter as jóias da
sua mãe? E eu respondia em nada mais do que um sussurro, ele conseguiria ouvir cada
palavra.
Etiquetamos as caixas, decidindo quais deveriam ser enviadas a nós e quais
permaneceriam lá. Tudo levou uma hora. Satisfeito com nosso trabalho, deixamos a
casa pela parte dos fundos, cruzando o vasto e verde gramado. Naquele momento, as
nuvens se abriram e um raio de luz solar acariciou Carlisle. Eu congelei. Carlisle se
virou.

O que foi, Edward?

Sua pele estava brilhando, eu podia ver toda linha, cada superfície. Olhei para minha
mãos na luz do sol, minha pele estava brilhando também.

É o que nós somos, ele disse, congelados no tempo.

Fascinante e aterrorizante ao mesmo tempo. Respirei profundo e acenei com a cabeça


para que ele continuasse andando.

O vampiro conduzindo o cego, bem cômico na verdade. Entrelaçamos através de um


mercado local cheio de pessoas gritando suas auto-promoções. Eu cortei o fluxo de ar
para meus pulmões, como Carlisle havia me dito, para bloquear todos esses cheiros
humanos. Fechei meus olhos brevemente, tentando controlar o volume de seus
pensamentos.

“As melhores e mais frescas flores que você poderá encontrar!” gritou uma grande
mulher em um vestido cinza. Elas estavam frescas ontem, mas as pessoas não
compraram, oh não. . . então eles as compram hoje. . .

“Peixe! Compre seus peixes aqui!” Meu primo me falou semana passada que meus
preços são ultrajantes. . . para inferno com ele, eu tenho uma família para alimentar. . .

Eu não pude deixar de me perguntar se existia tal coisa como um humano que fosse fiel
às suas palavras. E me perguntei também de suas reações. As multidões pareciam não
perceber que estavam se abrindo entre nós como o Mar Vermelho. Mas ninguém sequer
deu uma segunda olhada, com excepção de alguns: Que belo homem ou Que pena que
ele é cego, um rosto tão lindo, e em seguida estávamos fora de suas mentes. O que lhes
causava que nos ignorasse tão depressa?

“Eles nos temem, ” eu concluí em um sussurro.

Sim, entretanto eles não estão cientes de seus medos. O instinto humano declara que
eles devem manter distância, mas eles não sabem disso em um nível consciente.

“Por quê?”

Eles são nossa presa natural. Mas, e ele deu ênfase nessa palavra, escolhi não ver a
humanidade de tal maneira.

Os detalhes de nosso disfarce se tornaram muito mais complicados para mim.


Estávamos nos escondendo em plena vista, era um paradoxo fenomenal.

“Como voce vê os humanos então?”


Como uma lembrança de minha fé.

“Fé?”

Sim, acredito que se eu puder manter minha sensibilidade em respeito a humanidade,


talvez minha alma será julgada baseada nisso.

“Sua fé é absoluta?”

Sim. E a sua?

Naquele momento queria acreditar muito nele . Eu sabia o que ele estava dizendo, ele
acredita que temos almas. Que poderíamos proteger nossas almas ao sermos mais
humanos. Não podia concordar e não conseguia dizer nada mais desse assunto.

Porém mais do que qualquer outra coisa, eu queria me afastar dos humanos.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 7

Cap. 7 – Dourado

Eles tinham estado lutando durante dias, os humanos de Chicago. Olhei para fora da
janela, agradecido que estávamos em uma área longe das rebeliões. Podia imaginar bem
o que aconteceria com tanto sangue humano derramado na minha frente. Eu lhes
mostraria uma luta que eles nunca imaginariam, nem até em seus piores pesadelos.

Espiei Carlisle. Ele estava ouvindo as notícias na rádio, ocasionalmente sacudindo sua
cabeça. Terrível, e não parece que está melhorando em nada, ele estava pensando.
Suspirei. Ainda bem que ele não podia ouvir os meus pensamentos. Eu tornava-me mais
ansioso à medida que o tempo passava. Tendo de ficar confinado em um apartamento,
para que não pegássemos o cheiro de sangue humano há quilômetros de distância, era
completamente maçante. Com certeza, nós como vampiros, poderíamos ter sido muito
mais produtivos.

Estave no meu limite e pensando em várias coisas ao mesmo tempo. Se pudesse pegar
os causadores. . . Conseguiria por um fim em todo esse assunto sofrido rapidamente, e
não deixaria nenhuma evidência para trás. Ninguém nem notaria que outro criminoso
esteve no meio. Eu seria limpo sobre isso e até lhes mostraria clemência, nenhuma
tortura, apenas uma morte rápida. Estava gostando do plano que estava em formação na
minha mente quando Carlisle me interrompeu com os seus pensamentos.

É uma pena, mas suponho que até os seres humanos se tornam animais de vez em
quando. . .
Decidi expressar meus pensamentos. Se os humanos estavam se comportando como
animais, talvez não éramos melhores do que eles eram. Jogo justo.

“Poderíamos parar isto, ” eu disse casualmente.

“Não, não podemos, ” respondeu Carlilse severo. Eu sabia que ele estava sério em suas
palavras já que ele as disse em voz alta, mas tive de discutir.

“Mas podemos, ” enfatizei, “temos habilidades, poderíamos terminar com toda esta luta.

Ele levantou-se e cruzou seus braços. “As nossas habilidades não são para perpetuar a
violência. “

Joguei meus braços para o ar. “Isso é precisamente para o que as nossas habilidades são.
Somos assassinos, é o que fazemos. “

“Não, eu sou um médico. “

“E você é vampiro. “

Encaramos um ao outro durante um momento. A tensão de viver em um espaço tão


confinado estava obviamente atacando nossos nervos. Então ele suspirou e tentou sorrir.

“Peço desculpas, ” ele disse graciosamente. “Podemos ser assassinos, mas não somos
heróis. “

“Então o que somos, vilões?” Respondi asperamente.

Imediatamente lamentei tê-lo respondido assim e olhei para baixo. Foi horrivelmente
desrespeitoso, certamente não podia me dar o luxo de perder o único aliado que eu tinha
em meu mundo escuro. Era oficial, o meu último nervo se esgotou. Aliviei minha
carranca e olhei para baixo, esperando por uma resposta.

Ele muito calmamente respondeu, “Não, estamos nos mudando. “

Por mais que eu não quisesse adimitir, Carlisle estava certo. A luta, os humanos
começaram a chamar “the Race Riot”, era a distração perfeita. Era tempo para mudar e
começar realmente a viver. Ninguém nem nos notaria deixando a cidade. Para não
mencionar, Carlisle tinha estado em Chicago por muito tempo, ele não podia dizer que
era mais velho do que trinta e cinco sem despertar suspeitas. O disfarce pesou.

“Onde estamos indo?” Perguntei.

“Ashland, Wisconsin. É uma área em que já estive antes. ” Ele abriu sua mente e vi uma
pequena comunidade do norte, localizada perto de um grande lago.

“O que farei lá?” A imagem que ele me mostrou foi agradável o bastante, mas não
gostei da idéia de passar ainda outro ano em exclusão.
“Eu estava pensando que você poderia ser o irmão mais jovem de minha esposa que
morreu. ” Bufei, era divertido. Toda a alegria abandonou-me quando ele disse suas
seguintes palavras. “Você pode registrar-se em uma secundária, aprender como se
comportar em volta dos humanos. “

Tínhamos tudo no carro de Carlisle, um brilhante modelo Ford T preto. Não


conseguimos colocar o piano, é claro, portanto aconselhei obter um segundo veículo,
uma picape talvez. Carlisle aceitou e adquiriu um caminhão Dodge enferrujdo. Logo
estávamos na estrada, segui o seu Ford enquanto dirigia o caminhão, e fomos capazes
de ter uma conversa o caminho inteiro. Os talentos ocultos do vampiros eram
certamente muito convenientes.

A mais ou menos meio caminho do nosso destino notei um carro lentamente dirigindo
junto de nós. Era longo e esbelto, uma máquina muito bela.

“Eu sempre quis ter um desses, ” mencionei.

Um Pierce Arrow?

“Sim, o meu pai teve um se me lembro corretamente. Ainda assim eu teria gostado de
ter um para mim mesmo. “

Verei o que posso fazer. Podia praticamente ouvir o sorriso em sua voz.

Ele comprou uma pequena casa nos arredores da cidade, perto de uma floresta. Era a
posição ideal. Tínhamos mais espaço do que antes e pela primeira vez, comecei a sentir-
me em casa com ele.

Caçamos aquela primeira noite, para dar-me a chance de explorar esta nova área. O jogo
era muito mais desafiante, ursos e búfalos. Aproveitei imensamente. Era gratificante
enfrentar um desafio verdadeiro, me entregar à caça.

Um novo cheiro invadiu minhas narinas. Girei minha cabeça e vi uma bela criatura.
Uma cara bonita, orgulhosa. Olhos dourados que brilhavam na escuridão da noite. O
leão da montanha curvou seus ombros, o imitei. Meus músculos se tensionaram,
preparados para dar o bote. Me agachei e mostrei meus dentes para minha presa.

As palavras se foram de mim quando afundei meus dentes na carne do leão do


montanha. Como alguém descreve a refeição mais deliciosa que eles já provaram
alguma vez quando não há nenhuma comparação? O gosto do sangue deslizando por
minha garganta abaixo não era o único fator. O jeito que esta criatura lutava,
provocando um desafio a cada um dos meus sentidos e habilidades, era excitante. Mais
do que qualquer coisa, eu aceitei o desafio e ganhei cada vez.

Soltei o corpo inanimado no chão. Apontei meu rosto para o céu estrelado e deixei sair
um longo rugido de alegria. Lutei contra o animal e saí triunfante.

Depois que nos satisfizemos, nos sentamos em um vasto campo, dois vampiros apenas
tentando sobreviver.
“Carlisle?”

Sim?

“Entendo que não estou mais com sede, mas também não estou completamente
satisfeito. “

Carlisle suspirou. Eu sei, Edward. Tomou-me muitos anos para aprender como viver
com essa insatisfação. Sempre estará lá.

“Você alguma vez deseja por mais?”

Às vezes. Passei dois séculos e meio resistindo ao chamado do sangue humano. Não
estou a ponto de desistir de tudo isso agora.

Eu podia dizer que havia mais em sua mente, então o incitei. “O que você deseja?”

Companhia.

Isso não era algo que eu desejava. Não podia imaginar compartilhar-me com alguém,
nem mesmo precisar de alguém. Eu tinha um objetivo simples, fazer meu pai orgulhoso.
Carlisle, um vampiro, o meu pai e meu ídolo. Me senti triste que ele desejasse mais,
quando eu não o fazia. Mais de mim mesmo, talvez, mas certamente não companhia.

“Você deveria se limpar, ” Carlisle disse enquanto andávamos de volta para a casa.

Sorri de modo esperto para ele. “Você também. “

Ele fingiu ofensa. “Quero que você saiba que não tenho derramado uma gota de sangue
em minha roupa desde 1679. “

“Sério?” Levantei uma sobrancelha. “O que aconteceu?”

“Bem. . . Tive um confronto particularmente entusiasmado com um Alce.”

Rimos baixinho, e entrei no banheiro.

O meu queixo caiu quando olhei o espelho. Inclinei-me para perto, virando meu rosto
para um lado e para o outro. Carlisle sorriu calorosamente no espelho e piscou para
mim. Não podia parar de olhar. Meus olhos estavam cor de topázio. Finalmente
consegui, eu tinha terminado com o meu primeiro ano. Eu era dourado.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 8

8. Rosto dourado
Aquele verão foi suficientemente agradável. Carlisle havia adquirido um Pierce Arrow.
Eu estava extático, era um carro deslumbrante, polido e amarelo. Ele disse que dirigi-lo
ao redor de Ashland não seria beneficial ao nosso disfarce, mas nos permitimos dirigir o
carro em outro lugar. Apenas uma coisa me incomodava.

“Como você comprou esse carro, Carlisle?”

Eu não comprei.

Levantei uma sobrancelha. Levou-me menos de um segundo para compreender a


verdade. “Você roubou ele?”

Carlisle moveu os ombros. Claro, eu queria proporcionar o melhor à você. Quero que
você seja feliz Edward. Ele quase disse ‘filho’ em seus pensamentos, mas parou a si
mesmo. Embora ele tenha aceitado que eu pensasse sobre ele como um pai, porque ele
era digno de tal respeito, ele não tinha certeza de que eu aceitaria de ser referido como
seu filho.

E eu estava feliz, estando com meu pai e sendo seu filho. Embora fosse perturbador
aprender o lado mais obscuro de nossa existência. Tínhamos que mentir, trapacear e
roubar para podermos nos acomodar no mundo. Contudo, meus sentimentos
perturbados diminuíram rapidamente, quando concluí que estes pecados realmente não
fariam diferença aos condenados. Indiferentemente, era muito divertido.

Dirigimos até a cidade mais próxima e vasculhamos por lojas de música. Comecei a
colecionar tudo que podia colocar minhas mãos em cima. Em uma loja, Carlisle me
passou uma pilha de papéis. Olhei para o pacote, eram folhas de música em branco.
Achei que você gostaria de começar a escrever sua própria música, ele disse. Eu sorri.
Você está contente com essa vida. . . Edward? Eu franzi as sobrancelhas. Seus
pensamentos pausaram por um breve segundo, e eu sabia que ele queria me chamar de
‘filho’. Então fiz desse meu objetivo, provar a ele que eu era merecedor de tal título.

Em sumo, um belíssimo verão, envolvendo tempo de qualidade entre pai e filho para os
estranhos, e um reforço de camaradagem entre dois vampiros. Então setembro apareceu,
e era meu primeiro dia do ensino médio. Bem, tecnicamente não era bem meu primeiro
dia, mas, meu primeiro dia como vampiro fingindo ser humano em uma escola cheia de
suculentos humanos.

“Estou certo de que você ficará bem, ” Carlisle disse depois de eu me vestir. “Você
exibiu grande controle durante nossas viagens à cidade. “

“Parece que sim, ” respondi, pegando minha bolsa de livros.

Boa sorte, Edward, eu ouvi enquanto saía pela porta.

Retornei extamente às 15h50min, cinco minutos após o final das aulas. Corri o caminho
todo, ansioso por escapar de todas aquelas mentes juvenis. Encontrei Carlisle em seu
escritório, um jornal aberto em frente ao seu rosto. Fiz uma carranca, soltando um
sibilo.
“Como foi seu primeiro dia na escola, filho?” Carlisle perguntou por de trás do jornal.

“Foi a experiência mais excruciantemente chata da minha vida. . . Pai, ” respondi


secamente.

Carlisle gargalhou. Então, ele cuidadosamente dobrou o jornal e o deitou em sua mesa.
Ele estava sorrindo e então ficou sério abruptamente.

“E os humanos? Como foi?” ele perguntou. Movi meus ombros, me jogando em uma
cadeira. “Teve qualquer problema em resistir?”

“Bem, não foi tão difícil quanto eu imaginava, ” eu disse. “Estou bem certo de que
humanos ficariam tão surpresos quanto eu estava, se a refeição deles começasse a andar
de repente. “

Carlisle levantou as sobrancelhas, surpreso. “O que quer dizer?”

“Eu podia ouvir todos os seus pensamentos, cada uma de suas insignificantes,
minúsculas mentes. ” Apertei o canal do meu nariz. “Foi exaustivo. Sim,
ocasionalmente um humano chegava muito perto, ou havia uma brisa em minha direção.
Contudo, apesar da dor em minha garganta e o fresco fluxo de veneno em minha boca,
eu certamente não os achava atraentes quando seus pensamentos triviais invadiam
minha mente. “

“Interessante, ” respondeu Carlisle, com um sorriso. Estou orgulhoso de você.

“Pelo quê?” questionei.

“Por desenvolver uma conexão com a humanidade tão cedo. É uma proeza incrível. “

Eu sorri, era um elogio maravilhoso. Quase me fez sentir que depois de tudo eu tinha
alguma chance de viver às expectativas dele e ganhar meu valor. Naquele ponto, a
relação pai/filho era mais uma piada interna do que uma realidade que eu tanto ansiava.

“Então, você vai trabalhar no seu primeiro turno noturno no hospital essa noite,
correto?” perguntei, sem querer ser rude. Eu me importava com os interesses dele tanto
quanto com os meus próprios. No entanto, eu poderia facilmente ter ficado reclamando
de ter que ficar na escola por horas, então eu precisava de uma distração.

“Sim, isso mesmo, ” ele respondeu. “Estou ansioso para continuar meu trabalho. “

E assim foi por meses. Tínhamos nossa rotina. De dia, eu agia como humano, estudante
de dezesseis anos, e de noite, enquanto Carlisle trabalhava no hospital, eu continuava
com minhas composições musicais. Tínhamos uma imensa quantidade de privacidade, a
qual adorava imensamente. Ainda assim, ao mesmo tempo, compartilhávamos nossa
privacidade respeitosamente. Eu não aprendi que havia ganhado meu valor até muito
depois, pois eu fiquei sem tempo de repente, quando achei que tínhamos todo o tempo
do mundo.

Os dois anos que tínhamos. . . se acabaram.


Eu ouvi Carlisle correndo para dentro de casa, seus pensamentos estavam confusos e em
um turbilhão. Eu também podia sentir o cheiro, teria sido impossível não notar. Sangue.
Sangue humano. Sangue humano fresco. Carlisle, eu pensei, o que você fez?

Edward venha depressa! Preciso de sua ajuda!

Nunca o ouvi soar tão agitado antes, me deixava nervoso. Corri até ele e o encontrei
carregando uma mulher humana. Sem palavras, me joguei de costas contra uma parede.

Por favor, ela não tem muito tempo, ele me implorou. Ele estava certo. Eu mal podia
ouvir o coração dela, estava tão fraco e desacelerando a uma velocidade assustadora.

“O que você espera que eu faça?” fechei a cara.

Preciso que você me segure. Ela é especial, não sei se posso me conter. . . E eu preciso.
..

Meus olhos se arregalaram, chocado com suas palavras. Mas se era o que ele precisava,
então isso era o que eu faria por ele. Acenei em consentimento. O segui até seu
escritório. Ele gentilmente deitou a mulher em sua mesa. O que eu vi em seguida fez
minha mente nauseada. Ele a estava mordendo. Pescoço, pulsos, tornozelos, peito.
Criando feridas da mesma forma que fez comigo.

Edward! Faça-me parar!

Eu o agarrei e puxei nós dois para fora do escritório. Sentamos ali, eu amedrontado e ele
respirando pesadamente. Então ele correu para o banheiro e cuspiu sangue na pia. Ele
ligou a torneira, enxaguando a boca. Tudo que eu podia fazer era sentar ali e encara-lo.
Ele me viu pelo espelho.

“Obrigado, ” ele sussurrou. Movi meus ombros. Eu faria qualquer coisa por ele. “O
nome dela é Esme, ” ele começou, “ela tentou suicídio. Ela é especial e eu não podia
apenas deixá-la morrer. “

Sua mente abriu e eu vi Carlisle atendendo uma garota de 16 anos. Ele estava cuidando
de sua perna quebrada. Sedos cabelos cor-de-caramelo, rosto doce e apaixonado. Era o
mesmo rosto da mulher contorcendo-se de agonia no escritório de Carlisle, dez anos
antes. Um rosto dourado. Eu soube então, era a companhia que ele precisava. Eu não era
suficiente.

Ele justificou suas ações, tirar uma vida humana por amor e companheirismo. Eu tive
dificuldades em justificar suas ações com a mesma rapidez que ele o fez. Sim, já
estavamos condenados, então mais um ato pecaminoso e criminoso de roubar uma alma
humana não importava. Contudo, eu sabia que Carlisle ainda lutava com sua
consciência mesmo que suas palavras falavam o contrário. Ele sabia melhor do que não
tentar me enganar.

Eu aceitei que essa mulher era o que ele precisava. O que ele queria todo o tempo. Isso
não significava que eu tinha que gostar da situação ou dar minha aprovação.
Obviamente ele podia fazer o que quisesse, com ou sem minha opinião. Nunca falamos
olho no olho sobre o assunto. Ele ainda acreditava firmemente, agora mais que nunca
desde que tinha esta mulher, de que haveria um lugar para nós em uma pós-vida. Ele
tinha uma visão serena, quando tudo o que eu via era esquecimento. Mas, em que
contemplar a pós-vida de um vampiro importava para um imortal? Era uma discussão
sem sentido. Nenhum de nós encararia a morte tão cedo, isso se algum dia a
encontrarmos.

Então ouvimos um histérico grito de dor vindo do escritório. E então começou. . .

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 9

Capítulo 9 – Delustre Dourado

Eu a ajudei, esta mulher, esta Esme. Minha suposição sobre seu rosto tinha sido correta,
ela era uma mulher tremendamente apaixonada e amava os outros sem reserva. A sua
bondade comigo era esmagadora no começo. Era difícil não sentir que eu tinha de
devolver aquela bondade, embora eu muitas vezes falhei em fazê-lo.

Então, enquanto Carlisle trabalhava, eu ficava com Esme. Ensinando a ela tudo que me
havia sido ensinado. Protegendo-a tanto quanto eu podia, assim como quando eu era um
recém-criado. Fomos caçar juntos e ela falava comigo frequentemente. Sua mente
estava tão aberta e honesta, era bem refrescante. Especialmente depois de passar o dia
com mentes adolescentes.

Eles casaram-se rapidamente. Estive lá na pequena e íntima cerimônia. Qualquer outra


pessoa teria questionado a velocidade de sua relação, mas eu sabia que eles haviam se
conhecido antes e isto era de fato destinado a acontecer. Eles eram a alma gêmea um do
outro, e eu estava feliz pela felicidade de Carlisle. Mesmo se isso significasse que
nossas vidas iriam mudar drasticamente.

Ainda assim, ela não era minha mãe, embora muitas vezes visse isso ansiando em sua
mente. Ela tinha instintos maternais tão fortes que era difícil não sentir as mesmas
emoções. Era uma das muitas desvantagens de ser um leitor de mentes. Era tão difícil de
vez em quando decifrar entre desejos interiores de alguém dos meus. Eles muitas vezes
se misturavam.

“Isto é belo, Edward,” ela disse a medida que ela se aproximava de mim. Eu estava
dedilhando o piano como de hábito.

“Obrigado,” respondi educadamente, sabendo que ela esperava nada além de educação.

“Acho de que todas as canções que o ouvi tocar, acredito que essa é minha favorita.”
Ela emitiu ao se sentar ao meu lado no banco.

“Possivelmente será esse o título,” eu disse, “A Favorita de Esme.”


Ele realmente faria isso por mim? Talvez ele permita que eu o ame como meu filho.

Encolhi-me e ela notou.

“Sinto muito, Edward. Ainda não estou acostumada com sua capacidade de ler mentes,”
ela disse graciosamente.

“Levará tempo,” respondi sem emoção. “Carlisle também levou algum tempo antes que
se acostumasse.”

“Me desculpe, realmente não pretendo me intrometer.” Me perdoe.

Olhei para ela, um rosto irradiando sinceridade. Eu tinha dificuldade em decifrar a


anatomia de Esme. Ela conseguia de alguma forma ajustar um coração de 100kg em um
corpo de 50.

“Desejo falar com você sobre um certo assunto.” Ela hesitou.

Suspirei. “Eu apenas verei as palavras da sua cabeça, Esme, se você não as disser em
voz alta.”

As suas desculpas foram um sorriso.

“Como você se sente em relação a encontrar uma companheira?” Ela segurou sua
respiração enquanto esperava.

“Não sinto nada, na verdade. Não tenho nenhuma necessidade de uma companheira,”
encolhi os ombros.

“Mas, você não deseja encontrar uma companheira? Sua outra metade?” Ela franziu as
sobrancelhas preocupadamente.

“Não há uma outra metade,” informei-a. “Sou completo comigo mesmo.”

Os ouvi naquela noite, falando sobre mim. Aumentei o volume da minha música. Tentei
tirá-los de sintonia, dar-lhes privacidade conjugal tanto quanto eu podia.
Independentemente, sabendo que alguém está falando de mim pelas costas nunca era
agradável.

“O que é Esme?”

“Estou preocupada com o nosso… seu… filho.” Seu amigo… sua… droga, eu disse a
palavra errada?

Carlisle suspirou. “Ele é nosso filho, Esme. Edward só precisa de tempo, não tem sido
fácil para ele.”

“Quantos anos ele tinha quando você o transformou?” Era demasiado jovem, talvez?
“Dezessete. Ele morria da Gripe Espanhola. A mãe dele, antes de morrer, pediu que eu
o salvasse. Portanto eu o fiz.” Ela tinha os mesmos olhos verdes…

A minha mente animou-se com isso, Carlisle nunca havia mencionado minha mãe
humana antes. Muito sutilmente diminuí a música.

“Você acha que ele era muito jovem quando você o transformou?” A sua voz estava
cheia da tristeza. Pobre garoto, ele deve ter se sentido péssimo perdendo de sua mãe
dessa maneira…

“Por que você diz isto?”

“Não é normal. Entendo que ele esteja vivo há mais do que dezessete anos, mas que
menino adolescente não iria querer uma companheira?” Seguramente existem vampiras
apropriadas…

“Edward não é um garoto,” contrariou Carlisle, “ele é um homem no seu próprio direito.
E ele tem sido tudo menos normal. Ele é extraordinário.”

“Concordo,” disse Esme cautelosamente, “mas parte meu coração vê-lo tão sozinho o
tempo todo.” Tocando com seu piano, sendo tão doce como é, não parece o bastante…

“Eu sei, Esme, eu me sinto da mesma forma.”

Zombei desses dois. Quem eram eles para ditar o que eu devia ou não devia ser? Só
porque eles tinham encontrado um ao outro, isso não lhes dava o direito de decidir
minha vida. Como Carlisle disse, eu era um homem e fazia as minhas próprias escolhas.
Eu não gostei nem um pouco do modo que eles pensaram em mim como somente um
garoto. Isso me lembrou de memórias humanas vagas quando o meu pai humano me
mostrava como ‘aquele garoto’ em reuniões sociais. Era irritante e não menos irritante
agora.

Estou isolando meu quarto à prova de som, eu jurei.

O primeiro ano de Esme chegou ao fim e eu tinha terminado o ensino médio há muito
tempo. Era hora de nos mudarmos. Novamente. Esta mudança em particular deixou-me
preocupado e eu não tinha nenhuma explicação. Carlisle tinha escolhido Rochester,
Nova York, como nosso novo lar. Esme tinha pedido para ser encarregada das
renovações e decorações de casa. Tive de sorrir para aquilo, era óbvio que mantínhamos
nossa casa regularmente sem o toque de uma mulher. Agora era a vez dela.

Explorei Rochester em dias nublados, inspecionando esta área por algo novo. Estava
ansiando por algo diferente do que nossa charada humana habitual. Nosso disfarce
aquele tempo foi simples, eu era o irmão mais jovem de Esme e o cunhado de Carlisle.
Mesmo nos nossos atos, eles não eram meus pais.

“Carlisle,” eu disse, quando voltei em casa de uma das minhas explorações, “há uma
universidade aqui.”

Ele levantou os olhos surpreso. “Você quer ir para a universidade?”


“Eu contemplava medicina, de fato.” A sua boca se abriu ligeiramente, então
rapidamente expliquei. “Você terá de ficar a par das últimas tecnologias médicas e não
terá tempo para ir você mesmo. Assim, posso aprender as técnicas eu mesmo e
compartilhar a informação.”

“É uma idéia brilhante, Edward. Isso me ajudaria tremendamente.” E naturalmente, seus


pensamentos o traíram. Ele não quer ser um doutor.

Eu teria amado virar doutor. Qualquer coisa, para agradar o homem que tem sido meu
pai de todos os modos que contavam. Meu camarada. Meu aliado. Sentia que minha
fraqueza e incapacidade de resistir ao sangue como ele podia, o desapontavam. Mas eu
podia ir à escola por ele, podia fazer ao menos isso. Eu provaria o meu valor mais do
que uma simples companhia feminina. O ajudando com o seu objetivo de vida em ser
um doutor, provaria que era um melhor vampiro, moral e compassivo como ele. Ou isso
provaria ser a minha ruína.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 10

Cap 10 – Sombrio Dourado

A Universidade foi. . . tediosa. Aqui estava eu, imensamente ansioso para o ensino
superior, apenas para ser gravemente desapontado. Primeiro ano de universidade era
como uma extensão do último ano do ensino médio. Cada tema elementar ridiculamente
repetido por razões de humana lentidão mental.

Combinado com o tédio e o assunto eu estava estudando, aromas humanos começaram a


esmagar-me. O pensamento de estudantes universitários eram ligeiramente mais
maduros do que estudantes do ensino médio. Não, maduro não era a palavra certa
mesmo. Solícitos teria sido uma melhor maneira de descrever meus colegas estudantes.
Eles iniciaram a fase adulta como uma criança numa loja de doces. Superficiais e
mesquinhos.

Carlisle sentiu minha crescente agitação. Ele começou a me encontrar depois do


trabalho e me acompanhar para casa. Durante dita caminhada, eu queria lhe mostrar
todo meu recém-encontrado conhecimento, embora não houvesse muito a ser tido. Os
humanos não haviam avançado na medicina tanto assim.

Depois que eu terminasse de falar, ele educadamente me perguntaria questões relativas


à forma como eu estava lidando com a escola. Eu desviava essas perguntas com
respostas curtas. Não queria contar para ele como eu estava me sentindo. Começamos a
nos afastar. .

Eu estava na biblioteca da escola em uma noite, estudando patente de medicamentos.


Carlisle tinha recebido uma jovem paciente que parecia fisicamente como uma morta de
fome. Ela jurou que era um medicamento de uma certa patente, isso obviamente a
estava matando. Prometi a Carlisle que iria procurar o assunto. Foi desconcertante
constatar que estes chamados “medicamentos” eram nada mais de que uma alta mistura
de álcool e drogas, como a cocaína.

Boneca, esse vestido está saindo agora mesmo. Aposto que ela é daquelas que gritam.

Não tinha certeza porque esse pensamento subitamente invadiu a minha mente. Eu tinha
me tornado bastante bom no bloqueio de outras mentes. No entanto, foi o tom da sua
“voz”, mais do que suas palavras, que me chamou a atenção. Quem seja que fosse esse
homem, ele não tinha boas intenções.

Você gosta disto? Quando te agarro aqui? Que tal aqui?

Ouvidos humanos não teriam sido capazes de captar o som, mas eu o ouvi tão
claramente como se estivesse bem do meu lado. Os gritos abafados de uma mulher. Eu
não pensei, simplesmente agi.

Eles estavam do lado de fora, de pé em uma sombra, praticamente invisíveis na


escuridão da noite. Ele a tinha pressionada contra a parede e estava fazendo certas
coisas . . . com suas mãos. Ela estava lutando inutilmente, seu agressor era mais forte.
Lágrimas percorriam seu rosto abaixo. Ele tinha uma mão sobre a boca dela e
parcialmente sobre seu nariz. Ela não conseguia respirar.

Puxei o homem para longe, me virei e o joguei contra a parede segurando-o por seu
pescoço. Seus pés suspensos acima do chão. Eu me virei para a mulher, seus olhos
imensos em choque. Ela havia sido golpeada, uma gota de sangue fresco escapava desde
o canto de sua boca.

“Corra” a ordenei. Depois adicionei “Agora” quando ela não havia se movido
imediatamente. Ela correu. Uma vitima em minhas mãos era o bastante, eu não queria
duas naquela noite.

Olhei fixamente para o homem. Ele arranhava minha mão, a que eu pressionava em seu
pescoço. Seu coração estava batendo rápido. Só me levaria um momento para quebrar
seu pescoço e beber do rico sangue que eu havia sido negado.

“Ela é minha namorada, por favor, ” ele suspirou, um choro estrangulado. Ele me enoja.
Como tantos humanos podem não entender que luxúria e amor deve sempre andar em
compania? Ele obviamente não a amava.

Deixe-o ir, Edward.

“Não”, eu rosnei. Os dedos de Carlisle começaram a tirar minhas mãos do pescoço do


homem. Eventualmente, ele foi libertado e correu para longe de nós, dos monstros.
Fiquei na mesma posição, minha mão levantada prendendo o ar.

Vamos delatá-lo para as autoridades.

“Isso não será o bastante!” virei meu rosto subitamente e olhei para ele . “Ele iria violá-
la! Ele irá violá-la na próxima vez que tiver oportunidade!”
“Isso não é para você decidir”, Carlisle respondeu calmamente. Ele estava olhando em
meus olhos. Vi então que eles estavam negros. “Não é suas responsabilidade. As
autoridades humanas irão tomar conta deste problema. “

Claro que era a minha responsabilidade. Para que servia essa força desumana seria se eu
não poderia parar os dolorosos pensamentos dos outros? Ele passou um braço sobre
meus ombros e me levou embora. E quando aquela mulher fosse violada novamente,
talvez até morta, seu sangue estará em minhas mãos.

Nós caçamos aquela noite no primeiro parque que encontramos. Eu podia dizer que
Carlisle estava preocupado com a cor de meus olhos. Eu não disse nada e ele
simplesmente esperou por algum sinal de que eu estivesse preparado para falar. A presa
era patética e fraca. Veados e alces, eles mal lutaram antes de eu os matar. Seus sangues
me deixaram insatisfeito.

Não levou muito tempo para tomar minha decisão. Decidi que esse era o caminho certo
para eu tomar e meus “pais” apenas estavam no meu caminho. Estava na hora de
colocar um fim nesse disfarce. Fui até o escritório de Carlisle, calmo e seguro.

“Não estou mais fazendo isso”, eu anunciei pacificamente. Carlisle foi apanhado
completamente de surpresa.

O que na terra ele quer dizer? “Se universidade é demais para você, eu compreendo.
Muitos têm problemas. . . “.

“Não era disso que estava me referindo, ” o interrompi.

“Então me diga, Edward, o que posso fazer por você?” Ele dobrou suas mãos e esperou
pacientemente.

“A única coisa que você pode fazer por mim”, respondi, “é parar de mudar a minha
dieta. É apenas natural para eu beber de seres humanos. “

Oh meu Deus. . .“Edward, não estou tentando privar você de forma alguma. Isto é
simplesmente a dieta eu escolhi. Sempre foi aberto à sua escolha. “

Fechei meu maxilar.”Então, eu escolho sangue humano.”

Ele sentou para trás, seu rosto duro e imperdoável.”Então vou ter de lhe pedir para ir.”

“Você está me jogando para fora da família?” Perguntei incrédulo.

“Você não me deixa escolha, Edward. Não podemos tê-lo aqui se este é o estilo de vida
que você quer. “

Olhei para ele, apertando ainda mais minha mandíbula.”Eu estava apenas te divertindo
enquanto fiquei aqui, ” eu disse friamente.”Agora você tem Esme para amar, e você já
não me ama mais.”
Dor atravessou seu rosto.”Isso não é verdade, Edward. Você é meu filho, eu sempre te
amarei.”

“Então porque você insiste em causar-me esta dor!” Eu gritei.

Ele levantou suas sobrancelhas. Dor?

“Eu estou farto disto, ” eu rosnei.”Farto de estar em dor o tempo todo porque nunca
posso estar satisfeito. O sangue de animais não é suficiente!”

Essa escolha é sua, Edward.

Típico Carlisle. Sempre tão entendedor, isso apenas me irritou mais. Ele não
compreendeu nada. Ele não entendia que me dando essa tal paciência, ele estava me
dizendo adeus.

“Sim, ” eu disse, minha voz estava pacífica retornando “é minha escolha e não sua.”
Com isso, deixei para trás a única família que eu conhecia.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 11

Cap. 11 – Rebelião Vermelha – Newark, NY, 1927

Eu corri e continuei correndo, por cidades e metrópoles humanas. Me tornei um


vampiro vadio, desgrenhado e sempre com fome. Minhas roupas muitas vezes eram
rasgada pelam vegetação rasteira das florestas que passavam, meu cabelo emaranhado
com galhos finos. Estava ficando mais difícil me esconder em plena vista. Mas então
concluí que não havia nenhuma necessidade. Essa era a escolha de Carlisle, não minha.

Não tinha começado a caçar seres humanos ainda, continuei com animais. Era uma
inevitável necessidade. A ardência em minha garganta, os músculos de meu estômago
se contorcendo, era tudo difícil demais para resistir, e tinha de matar o que fosse
conveniente. Assim, os meus olhos permaneceram dourados durante a primeira parte de
minhas viagens. Odiava admitir para mim mesmo, mas estava nervoso e era
inexperiente quando se tratava de caçar humanos. Não era tão simples como caçar
animais, cujos pensamentos subconscientes eu não podia Queria grandemente começar
a caçar humanos, mas me faltava a experiência de saber por onde começar.

Sempre que encontrava um humano cujo sangue apelava o suficiente, eu era repelido
por seus pensamentos que me lembravam de sua humanidade. Era um conceito tão
simples, caçar a minha presa natural. Mas estava se provando ser bastante complicado.
Eu estava incerto se podia fazer esse compromisso quando eu estava muito consciente
de sua humanidade e das imagens de seus entes queridos em suas mentes. Os maridos,
esposas e as crianças que sentiriam imensamente a falta deles. Era um compromisso que
eu estava sem disposição de fazer.

Ocasionalmente eu encontraria um humano cujos pensamentos eram tão vis que era
fácil para mim ignorar a sua assim chamada humanidade. Houve apenas uma conclusão
que pude chegar. Caçar humanos que não eram menos do monstro que eu era. Agora
tudo o que eu precisava era a oportunidade, o estímulo mais leve e poderia fazer esse
compromisso. Tudo o que eu precisava era uma justificação.

Então eu estava em Newark no que parecia ser o dia perfeito, para vagar sem rumo por
uma cidade cheia de saborosos humanos. Sem aviso, o sol abriu passagem pelas nuvens.
Tive de me esconder. Rápido. Amaldiçoei a mim mesmo enquanto me metia atrás de
uma lanchonete. Era inacreditavelmente frustrante encontrar a mim mesmo se
escondendo mais uma vez.

O sol não estava desistindo. Rapidamente passei meus dedos por meu cabelo, tirando
toda aquela folhagem. Alisei minha roupa o melhor que eu pude. A sombra na qual eu
estava desaparecendo rapidamente. Entrei silenciosamente na lanchonete, meus olhos
passaram por todo o lugar. Me sentei.

“O que posso te servir?” a garçonete disse.

“Por agora um copo de água, obrigado, ” respondi com a voz que reservei para não
assustar humanos. Água eu poderia colocar para fora facilmente depois, eu não iria
ousar tentar nada mais.

“Trago já, ” ela disse felizmente. Bem lindinho, em uma forma meio esquisita. . .

Claramente, eu tinha perdido meu juízo. Não bastasse que estava me escondendo, mas
eu tinha escolhido um pequeno estabelecimento cheio de humanos pungentes. E por
cima de tudo, pelo que ouvi da garçonete, eu estava chamando atenção desnecessária
para mim. Eu tinha de me distrair desesperadamente e me encolher mais ainda em
minha própria concha. Então fechei meus olhos e concentrei-me em sua conversas sem
importância.

“. . . Só posso dizer, não encontramos nada ainda. ”

“Ele é um garotinho tão bom. Realmente espero que eles descubram algo logo. ” Mas
não tão rápido. . .

“Eu também, minha esposa está enlouquecendo com preocupação. Ela tem passando
todos os dias com Elice, a consolando. ”

“Isto é muito bondoso da parte dela. ”

“É, embora ela continue me mandando à loja para buscar mais coisas. Quantas tortas de
maçã uma mulher pode assar de qualquer forma?”
“Mulheres e as suas prioridades. Acho que torta de maçã irá ajudar Elice com essa
tragédia. ” E espero que ajude. Espero que ela deixe isso de lado e pare de procurar
por seu filho. . . Não posso ser pego. . .

Meus olhos abriram rapidamente. Observei a garçonete cautelosamente colocar um


copo de água na mesa. Algo em meu rosto a fez rapidamente partir, mas ainda assim
decidindo que eu lindo de qualquer forma. Procurei com os meus olhos apenas pelos
homens que eu tinha ouvido conversar. Haviam dois deles. Pelo seus trajes, percebi que
eles trabalhavam com construção.

Rapidamente encontrei o homem que eu procurava. Um cavalheiro grisalho, embora


provavelmente não houvesse nada gentil sobre ele. Agora que eu estava olhando, eu
podia ver como ele traia sua culpa em modos minúsculos. Uma mudança em seus olhos.
O jeito que ele se movia em sua cadeira, constantemente tentando encontrar uma
posição mais cômoda. Eles eram todos movimentos humanos que não teriam sido
notados por olhos também humanos. Mas eu sabia.

Inalei o ar, procurando por seu cheiro. Então o guardei na memória.

<intervalo>

O homem movia-se desajeitadamente. . Era cômico. Ele andou os degraus que o levava
ao porão, seus passos eram golpes barulhentos que anunciavam sua presença. Em suas
mãos, ele transportava uma grande bolsa de papel, emitindo cheiro forte de comida
humana. Ele acendeu o interruptor, depois ofegou. A bolsa caiu e maçãs rolaram pelo
chão. Peguei uma maçã, rodando o fruto em minhas mãos.

“Quem diabos é você?” o homem gritou.

“Não posso te dizer quem sou, ” eu disse serenamente, “mas posso te dizer quem eu não
sou. ” Comecei a descascar a maçã com as minhas pontas dos dedos. “Não sou Frankie.

“O que você fez com o meu menino?” ele disse nervosamente.

Arqueei uma sobrancelha. “O seu menino? Eu estava com a impressão que ele é o filho
do vizinho. Se você se refere ao Frankie, bem, eu o libertei há pouco tempo. ”
Casualmente segurei uma das cordas ainda atada à cadeira na qual me sentava.
“Honestamente, esse é o tipo de corda reservada para o gado. Me levou apenas um
milissegundo para mastigá-las. ” Estreitei meus olhos em sua direção. “Você é
realmente patético, Henry. ”

“Você não entende, ” ele começou a suplicar.

“Ah, acho que entendo tudo muito bem, ” eu disse casualmente. “Seu cheiro estava por
todo aquele menino. ”

“Eu. . . quer dizer. . . explico. . . oh Deus . . . ” ele gaguejou, caindo de joelhos.


Lancei a maçã de uma mão para a outra. “Seriamente duvido que você possa explicar a
sua justificação para violar uma criança. ”

“Mas ele estava se debatendo!” ele disse defensivamente. “Muito mais do que os outros,
tive de contê-lo. Foi culpa dele mesmo! Se ele tivesse apenas me escutado, teria
acabado mais rápido. Então eu o teria deixado ir. ”

“Outros?” Comentei obscuramente.

Henry ofegou. Uma onda de imagens passou em flashes por sua mente, cada criança
que ele tinha violado alguma vez na escuridão do seu porão. Houve muitas crianças.
Não senti nada além de pura raiva.

Em um movimento cegamente rápido, eu estava em sua frente. Peguei a maçã e a meti


em sua boca. Então agarrei este Henry, e o lancei através da sala. Ouvi um osso quebrar.
Prendi minha respiração, depois ouvi seu batimento cardíaco. Ele ainda estava vivo.
Bom. Eu não queria matá-lo ainda. Andei cuidadosamente, permitindo-o esperar pela
minha aproximação em um suspense torturante.

Ele colocou suas mãos em frente ao seu rosto. “Por favor, não me machuque. ”

“Não se atreva a me dar ordens!” Rugi. Agarrei sua cabeça, e à força movi para o lado,
revelando seu pescoço e veias pulsantes.

“Por favor, ” ele pediu, “prometo que não farei novamente. ”

“Claro que não fará, ” murmurei.

Mostrei meus dentes, preparando-me para o bote. Uma imagem passou como um flash
por sua mente naquele momento, e vacilei. Ele me via como um Deus vingativo, vindo
para dar sua mais que merecida punição.

“Quem é você?” ele sussurrou.

“Só posso te dizer quem não sou. Não sou Deus. ” Rasguei sua carne e arranquei suas
veias.

O absoluto prazer e poder que percorreram por mim eram estonteantes. Um assassinato
justificado. Um pecado justificado. Foi o momento que comecei a perder a mim mesmo.
Pelos próximos anos, um monstro de olhos vermelhos tomou o meu lugar.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 12

v12. Rebelião Vermelha – Montreal, Canadá, 1928.


Nota da Autora: Violência e censura racial, mas, não se preocupe, Edward toma conta
disso

A primeira experiência nunca pode ser repetida, pois só pode haver uma única primeira
vez.

Aquele primeiro humano, um monstro vil, foi simplesmente delicioso. A melhor


refeição que eu havia provado até aquele momento. Foi similar a jantar no mais fino
restaurante e comer o item mais caro do menu. Então depois que você esteja satisfeito,
você sai andando sentindo-se como um milhão de dólares.

Claro, eu não podia dizer com certeza. Eu havia há tempos esquecido o gosto de comida
humana. Ainda assim, eu ouvi tal sentimento no pensamento de alguém certa vez.
Parecia uma comparação adequada. O máximo que eu podia comparar com algo de
humanidade.

Me recusei a refletir sobre meu primeiro assassinato. Eu sabia que se pensasse demais,
eu desenvolveria sentimentos perturbados sobre o que estava fazendo. Estava me
agarrando a meus sentimentos rebeldes. Sangue humano era minha fonte natural de
alimento, portanto eu estava certo e Carlisle errado. Esta era minha assim chamada
lógica.

Enquanto passava por pequenas cidades americanas, eu encontraria a vítima perfeita e


rapidamente seguiria meu caminho. Não fiquei em um lugar por muito tempo, mas
também não fui longe. Então, um dia, avistei a pior chamada em um jornal que pudesse
ter visto, enquanto passava por uma pequena cafeteria em Nebraska. Humanos
desaparecidos, a única evidência eram algumas gotas de sangue. Eu sabia que eram
minhas vítimas.

Eu havia sido tão descuidado assim? Achei que tinha limpado meticulosamente no final
de tudo. Foi uma das primeiras lições que Carlisle me ensinou. Destruir evidências. Se
ele visse as notícias desse artigo. . . Balancei minha cabeça, banindo aquela linha de
pensamento. Eu havia feito minha escolha. Eu seguiria minhas regras, não as dele.

Me mudei para o Canadá, era melhor deixar o país por enquanto. Eu estava morando em
Montreal por quase um ano. Uma grande cidade com milhares de humanos. Na época, a
censura estava em pleno vigor na América, fazendo de Montreal um paraíso seguro para
aqueles que queriam continuar sua devassidão. Desnecessário dizer, eu não precisava
procurar longe por minha presa. Era irônico, um paraíso seguro para humanos, ainda
assim uma coleção de humanos monstruosos, prontamente disponíveis para serem
tomados. Seguro, ainda assim perigoso.

Admiti para mim mesmo que a primeira vez havia sido dramática demais, mas não
continuei aquele drama. Caí em uma rotina fácil. Passando por um humano desavisado
enquanto eu andava pela rua, na escuridão da noite. Um momento, eles estariam
pensando coisas que não deviam, admitindo seus cometidos crimes em suas mentes. No
momento seguinte, eles eram carregados para um beco, seus corpos completamente
drenados de sangue. Depois, eu destruía evidências.
Fiz bem meu papel. Me vestia agradavelmente. Era educado com todos. Nunca
levantava suspeita. Eu era o assassino perfeito.

Quando eu tiver terminado, a matarei. . . Ninguém pode descobrir. . . O que eu faço. . .

Ah, aquela era minha deixa. Nunca deixava de me impressionar como tais humanos vis
consideravam-se verdadeiros assassinos quando seu trabalho era desleixado e patético
na melhor das hipóteses. Um verdadeiro assassino nunca, jamais é pego. Mas então, eles
eram apenas humanos e tinham suas limitações. Eu não podia esperar que eles tivessem
minhas habilidades de força e velocidade. Indiferentemente, eu era orgulhoso em minha
busca por monstros humanos. Os considerava como nada mais que baratas meramente
dignas de serem esmagadas pela sola de meu sapato.

Eu era arrogante e ridiculamente cheio de orgulho. Eu era um tolo.

Olhei de relance em um beco escuro. Um homem estava pressionado contra uma


mulher, a bochecha dela empurrada contra uma parede. Seu rosto contorcido de dor.
Agachei-me e saltei. Um vulto branco e uma leve brisa foi tudo que a mulher sentiu,
enquanto eu agarrava o homem e voávamos beco abaixo. Drenei-o rapidamente e depois
quebrei seu corpo em pequenos pedaços. Despejei a evidência em uma lixeira próxima
e escondi os pedaços debaixo dos escombros de um açougue. Ninguém jamais saberia.

Cheirei o ar. A mulher ainda estava no mesmo local, não tinha se movido um
centímetro. Uma compulsão absurda impulsionou-me, para ter certeza de que ela estava
ilesa.

“Oh, ” ela suspirou enquanto olhava para cima. Bonito. . . Perigoso. . . Preciso do
dinheiro. . .

Ignorei seus estranhos pensamentos e perguntei gentilmente, “Você está bem?”

Ela ergueu a mão e disse “Vinte dólares. ” É melhor ele não me roubar como o último
cara.

Levantei uma sobrancelha. “Perdão?”

Ela bufou impaciente. “Eu cobro vinte dólares. Pagamento adiantado. “

Com a outra mão, ela ergueu sua saia até seu peito. Rapidamente desviei o olhar,
fixando meus olhos na parede a seu lado. Claro que ela era uma prostituta, eu não pude
acreditar que não havia notado antes.

“Você não quer?” ela disse, sua saia balançando conforme caía. “Oh, eu sei o que você
quer. Quinze dólares. ” Ela ficou de joelhos em minha frente.

Levantei-a por seus ombros e a pressionei contra a parede. Coloquei minhas duas mãos
em ambos os lados de seu rosto e fixei meus olhos nos seus.

“Acredito, ” murmurei, “que você precise de ajuda com sua memória. “


“Minha. . . memória?” Seus olhos brilharam.

“Sim, sua memória parece estar com falhas. Você não me viu aqui esta noite, correto?”

“Mas – o outro homem – e então você. . . ” ela gaguejou.

“Sim, havia um homem, mas ele foi embora. Eu nunca estive aqui. “

“Havia um homem. . . “

“Sim, havia apenas um homem. “

“Apenas um homem, ” ela repetiu deslumbrada.

Satisfeito, removi minhas mãos e dei um passo para trás. Eu a observei cambalear para
fora do beco. Eu poderia tê-la atacado, bem aqui e na hora. Ela era uma testemunha,
tomá-la teria sido um dano colateral. Mas, afinal, ela foi a vítima nessa situação,
indiferente de sua profissão escolhida.

Nojento. . . Embolsando todo nosso dinheiro. . . Ele não merece isso. . .

Hmm, intrigante. Com as mãos em meus bolsos, caminhei até uma pequena loja de
penhores. Três homens, em sujas calças e camisetas de trabalho, estavam batendo
incessantemente em um velho homem. Encostei-me em uma parede e observei. .

Judeu imundo, todos eles pensavam.

“Vocês não acham que isso é um pouco hipócrita, ” anunciei minha presença,
“considerando seu próprio vestuário. ” Apontei para suas roupas.

Em toda comparação, roedores possuíam mais inteligência que esses homens. Na


verdade, eu diria que roedores eram possivelmente mais espertos, considerando seu
forte senso de auto-preservação. Mas, estes homens humanos não pensaram, apenas
agiram e me atacaram. Levantei minhas duas palmas. Eles imediatamente caíram para
trás ruidosamente. O velho senhor se arrastou para o fundo da loja. Bom, pensei, menos
dano colateral.

Seriam três pelo preço de um esta noite. Sim, a presa era abundante. Eu era um tubarão
tropeçando com um grande cardume de peixes, indefesos e a minha mercê. Ainda assim
estive lá por quase um ano. Eu nunca poderia ficar em qualquer região por muito tempo
sem inevitavemente levantar suspeitas. Era hora de mudar de lugar. Novamente.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 13

13: Rebelião Vermelha – Augusta, Maine, 1929.


A cidade estava em dificuldades. Após a queda do mercado de ações, os humanos
reverteram-se em seres Neandertais. Era incrível para mim ver como a pobreza súbita
fazia os humanos sucumbirem aos comportamentos mais hediondos. Roubar, mentir,
trapacear. O caos no ar era praticamente palpável. Fez as escolhas tão fáceis.

Enqaunto os desafios diminuíam, comecei a me perguntar o que eu ainda estava fazendo


aqui na América. Eu era tão cuidadoso quanto pudesse ser, embora ocasionalmente
vacilasse e meu erro acabaria nos jornais. Pareceu-me bastante estúpido estar no mesmo
país que outros vampiros conhecidos. Vampiros que não se alimentavam de seres
humanos, que eram plenamente capazes de lerem os jornais nacionais.

“Opa, desculpe!”, o humano masculino disse.

Eu sorri agradavelmente. Era eu que tinha estrategicamente me colocado no caminho


desse homem, a fim de induzir o que pareceria um encontro por acaso.

“Está tudo bem”, respondi graciosamente.

Ele piscou, olhando para mim com uma mandíbula travada e olhos vidrados. Seus
pensamentos eram tão excessivamente simples que apenas encontrei uma imagem de
mim mesmo em sua mente – um alto senhor vestindo um terno marrom e sapatos
usados. Eu tinha que me misturar ao ambiente. A depressão havia afetado os humanos
de todas as formas, incluindo suas vestimentas. A imagem de um homem bem vestido
em um terno branco caro naquela época não seria benéfica para mim.

Dei um sorriso ainda mais largo para o homem, bloqueando sua saída do beco escuro e
inclinando meu ombro contra uma parede. Eu podia sentir o cheiro da jovem garota que
ele havia escondido num caixote no final do beco. Ouvi os pensamentos dela muito
antes dos dele. Este homem certamente não era o pai dela ou parente de nenhum grau.

Ainda assim, eu tinha de ser meticuloso em meus esforços.

“Como você conhece a adorável Anna?” Perguntei docemente.

O homem branqueou. Seu rosto ficou tão pálido e tenso que por um momento fiquei
preocupado que ele fosse ter um ataque cardíaco antes que eu tivesse minha chance. A
imagem do que ele tinha feito à garota chamada Anna percorreu por sua mente, assim
como as imagens de várias outras meninas. O caos da depressão era simplesmente uma
desculpa para ele. Ele já estava rondando por aí antes mesmo de que qualquer um
tivesse ouvido falar da quebra no mercado de ações.

Eu dei uma passo à frente lentamente. Ele cambaleou para trás, tropeçando e batendo a
cabeça nos escombros atrás dele. Seus olhos estavam arregalados, sua respiração
ofegante, seu coração batendo em um ritmo extremamente rápido. Suspirei enquanto me
aproximava dele. Eu já estava ficando cansadodesse jogo. Não podia prever o futuro,
mas sabia que Anna ficaria bem enquanto esse monstro choramingando aos meus pés
não existisse mais. Avancei por seu pescoço. . . e ele deixou de existir.
Minha rotina havia se tornado fácil. Humanos eram tão previsíveis. Eles seguiam as
linhas de suas vidas. Iam para o trabalho e escola, e aproveitavam seus passatempos
favoritos. Um dos quais também gostava.

Eu estava agradecido pelos filmes. Os humanos tinham finalmente entrado em uma


indústria cinematográfica em desenvolvimento e isso me permitia estudar o
comportamento humano em um contexto muito interessante. Paixão, ódio, vingança,
ciúmes. Embora não pudesse sentir essas emoções eu mesmo, sentia que as entendia
bem, simplesmente por observar as emoções encenadas pela tela do cinema.

“Oh meu Deus, ela está grávida”, cochichou uma mulher. Eu não me importaria em
estar grávida dele.

Virei meus olhos e reprimi a vontade de debochar. Um jovem casal estava sentado
algumas fileiras à minha frente no cinema escuro. Suas conversas baixinas estavam
começando a me irritar, assim como seus pensamentos.

Muito jovem, muito bonita, nada tão bonito assim vive por muito tempo. . .

Esperei pacientemente para que o filme terminasse, o que foi difícil, já que era uma
pretensiosa história de amor. Eu conhecia bem isso, de tanto ler a mente das pessoas,
que esse drama simplesmente não acontecia na realidade. Como os humanos podiam se
apaixonar por um enredo tão banal, eu nunca entendi.

Observei o jovem casal de cabelos claros sair do cinema, de mãos dadas. Eles estavam
obviamente profundamente apaixonados. Senti pena deles, cegos para tudo que
acontecia à sua volta, e incapazes de ver algo mais do que um ao outro. Esperei alguns
segundos antes de seguí-los.

Vou torná-la ainda mais bonita, ela ficará perfeita quando estiver morta. . .

Eu podia ouví-los alguns passos à frente, rindo e conversando sobre suas simples vidas.
Meus passos eram silenciosos enquanto deslizava através das sombras.

“Fique perto de mim, Louise”, ouvi o rapaz cochichar para sua amada.

“O que foi, Jack?” Louise cochichou de volta.

“Acho que estamos sendo seguidos.”

Claro que estavam sendo seguidos, mas não por mim. Eu tinha meus olhos no outro
homem com um sobretudo marrom, indo em direção a eles, entre eu e o casal. Podia
ouvir os pensamentos dele claramente.

Tudo que é bonito morre. . . todas elas morrem. . . cada uma das minhas flores. . .

Podia sentir que ele estava prestes a atacar, um ridículo plano de golpear e deixar o
rapaz inconsciente, e em seguida raptar a mulher, pairava em sua mente. Corri e parei na
frente dele, bloqueando seu caminho, antes que ele pudesse concluir seu pensamento.
“Essa é uma flor que não morrerá tão cedo, ” sibilei. Ele me encarou, mandíbula
fechada. Várias perguntas bombardearam sua mente.”Eu tenho te seguindo há dias,
George”, expliquei em um tom entediado.”Honestamente, você tem sido o jogo mais
tedioso até hoje.” Então sorri desagradavelmente.”Se eu soubesse que você já tinha
matado ‘flores’, eu teria terminado esse jogo muito mais cedo.”

“Eles eram minhas flores.” George resmungou, franzindo a testa.”Minhas lindas flores. .
. minhas lindas flores. . .”

“Não”, eu retruquei.”Elas nunca foram suas para que você as tomasse.”

Quebrei seu pescoço, e o suguei. Ele continuou lutando em meus braços. Demorou
algum tempo antes que ele parasse de se contorcer. Eventualmente, ele parou. Eles
sempre paravam. Até mesmo coisas que não são bonitas morrem. . .

Olhei para minha presa morta. Seu rosto eternamente congelado em uma máscara de
horror e dor. Senti a mais estranha sensação me infiltrar. De início, não pude distinguí-
la. Em seguida isso me atingiu, quase como um ataque mental. Poderia estar eu
sentindo. . . remorso?

Culpa, uma estranha emoção. E uma emoção humana. Como se eu pudesse sentir
qualquer obrigação em relação a assassinos e violadores humanos. . . Ainda assim, a
culpa estava lá. Talvez era apenas pelo fato dos rostos de Carlisle e Esme continuarem a
me perseguir, seus olhos dourados cheios de decepção. Eu ressentia a imagem no início,
mas então comecei a pensar. .

Verdade, eu estava sendo arrogante em minha caça aos monstros humanos. Um


complexo Deus complexo, se assim o preferir. E vendo os rostos deles apavorados,
antes que eu fosse pelo bote, apenas reforçava aquela primeira imagem em minha
mente. Um jovem e zangado Deus, vingativo e determinado a buscar justiça. Isso
aumentava minha arrogância e retidão. Ainda assim uma pergunta ainda maior estava
começando a se fazer mais alta em minha mente.

Seria essa imagem de justiça minha. . . ou do monstro que deixei escapar ?

Eu decidi continuar com minha arrogância e por de lado o remorso. Além do mais,
minhas presas era monstros ainda piores do que eu era. Suas vítimas eram selecionadas
aleatoriamente e se eram escolhidas de propósito, era apenas devido a uma mente
perigosa e psicótica. No entanto, até mesmo a minha presa mais perigosa estava
começando a me entendiar. Foi uma conclusão óbvia em minha mente – tudo que eu
precisava era um desafio maior, uma aventura maior. Um jogo melhor. Era hora de
cruzar o Oceano Atlântico.

¹Criatura pré-histórica; homem das cavernas; selvagem.


Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 14

14 – Rebelião Vermelha – Londres, Inglaterra, 1931

Era a aurora de uma nova década, a década de trinta. Mudança estava no ar, mas eu não
a sentia. Mudança era para os humanos. Eu era eterno, congelado no tempo.

Eu tinha viajado para a Inglaterra sob a pretensão de educação estrangeira. Na verdade,


eu não queria nem estar no mesmo continente que os meus pais adotivos. Eu não os
queria lendo os jornais e imaginando se o último homicídio era ato de seu filho.

Culpa – uma emoção muito estranha.

Era noite e incomumente nebuloso, até mesmo para a cidade de Londres. O país inteiro
era tão previsível durante a noite, entre o nevoeiro e a humanidade. Suponho que eu
deveria ter sido iludido por um país exótico preenchido com seres humanos e seus
sotaques exóticos. Mas isso teria sido uma reação humana. E eu não era humano.

Ouvi os pensamentos da criança muito antes de estar perto o suficiente para ouvir seu
choro. Saltei sobre a ponte e corri sem ser percebido pelo escuro, apenas um borrão
branco, eu poderia ter sido confundido como parte do nevoeiro. Corri ao longo da
margem do rio até que os encontrei e fiquei bem surpreso com o que ouvi.

Mamãe, por favor, porque?, não. . .

Uma fêmea? Esta era nova. Eu estava confuso, porque é que uma mulher cometeria tal
ato? Então os vi – desgrenhados, sujos e pobres. Ele era uma criança pequena, duvidava
que pudesse ter mais de três anos. Havia um jeito em seus olhos enquanto ela se
inclinava sobre ele com uma faca de cozinha. Ela estava completamente fora de sua
mente.

Nos tempos modernos, ela provavelmente teria sido diagnosticada com depressão pós-
parto. Mas na década de trinta doença mental não tinha se tornado uma coisa comum
ainda. Tantos tinham sido deixados sozinhos, sem tratamento e sem apoio. Seus
pensamentos tinham se tornado claro, ela não podia mais reprimir a raiva que sentia, ela
achava que não tinha ninguém para pedir ajuda. Então eu estava lá.

“Você realmente quer ferir a criança?” anunciei minha presença e vi a mim mesmo em
suas mentes. Um cavalheiro, em um terno bege e olhos pretos. Eles sentiram medo, sim,
mas também admiração com minha beleza. A lua cheia empalideceu em comparação
com minha pele branca.

“Fique longe” a mulher rosnou raivosamente para mim “você não me levará ainda. “

Então, ela não estava apenas falando maluquices, ela também pensava que eu era o
próprio demônio – pronto para levá-la para os poços do inferno, onde ela achava que
pertencia. Talvez esquizofrenia tivesse sido um melhor diagnóstico, mas isso apenas
complicava as coisas. Ela estava completamente sem conhecer suas ações; ela
sinceramente acreditava que estava fazendo o que ela tinha que fazer.

“Você é uma mãe, ” gentilmente a lembrei, “ele é de sua carne e sangue.” Eu acenei
com a cabeça para a criança, que estava soluçando em prantos e olhando para mim com
olhos extremamente fundos.

O que eu estava fazendo? Dando uma de assistente social? Uma coisa era bancar o
negro deus vingativo, mas isso era ridículo. Eu não era o seu psicólogo, certamente não
um padre ou mesmo um amigo da família que poderia confortá-la corretamente. Eu era
perigoso para ela, e seu sangue aromático.

“Fiquei longe!” Ela gritou. Percebi então, que ela não estava sozinha em sua própria
mente e que estava falando não apenas para mim. Ouvi as outras vozes em sua cabeça,
rosnando e rebatendo, os verdadeiros demônios que eram uma ameaça para ela. Sim,
esquizofrenia.

Senti uma onda de pena. Eu sabia muito bem o quanto horrível poderia ser ter uma
multidão de vozes em sua cabeça. Uma coisa é ouvir os pensamentos desagradáveis dos
outros, avareza, luxúria, inveja, para citar alguns. Imagine vozes que estavam te
dizendo, não, ordenando, matar um bebê inocente a sangue frio.

“Eles não são reais, Clara, ” disse gentilmente, pois eu podia ouvir os demônios
imaginários chamando o seu nome, “as criaturas em sua mente são apenas assim, na sua
mente. Eles não são reais.”

Seus lábios tremeram, seus olhos se arregalaram. Os demônios falaram mais alto. Mate,
eles cantavam.

“Você não quer fazer isso, Clara, ” Eu sussurrei, dando-lhe minha voz mais
sedutora.”Largue a faca e deixe a criança ir.” Me inclinei lentamente para frente.”Deixe
seu filho viver.”

Lágrimas caíram de seus olhos e a mão que estava segurando a faca assustadoramente
perto da garganta da criança, tremeu. Eu tinha que agir rápido; aqueles demônios
estavam ficando mais altos a cada segundo. Em um rápido movimento, me meti entre a
criança e a louca mulher. Sua faca pressionou contra a minha barriga.

Ela reagiu mal, ou talvez tenham sido aqueles demônios alucinatórios que estavam no
controle de seu corpo. Ela me apunhalou com a faca repetidamente, a metade superior
se rompeu e caiu com barulho no chão. Medo atravessou seu rosto ainda mais forte que
antes. Segurei seus pulsos em uma mão, gentilmente colocando minha outra mão fria
sobre sua bochecha.

“Eles não são reais”, eu cravei meus olhos nos dela, desejando com todo o meu poder
que ela enxergasse a verdade de sua doença.

“Não!” Ela lamentou penosamente. Ela lutou inutilmente em minhas mãos. Mate, os
demônios cantaram novamente. Eles não estavam mais ordenando-lhe para matar a
criança que estava atrás de mim aos prantos, eles estavam ordenando para matá-la a si
mesma.

Ela nunca iria ficar livre deles, eu podia ver isso em seus olhos selvagens. Eles iriam
sempre assombrá-la até o dia que ela morresse. Entre as vozes dos demônios, eu ouvi a
voz verdadeira de Clara. Deixe ele me matar agora.

“Não, ” eu sussurrei antes de pensar.

“Por favor”, ela soluçou. Lágrimas caíam em cascata pelo rosto dela, fazendo seu
perfume muito mais poderoso. Me encolhi internamente; eu deveria ter ido caçar antes
de bancar o assistente social para uma estranha.

Mate. Ela continuou se contorcendo, a tensão em seu corpo causando-lhe seu pulso a
arrebentar em meus ouvidos. Mate. A criança atrás de mim caiu ao chão, chorando até
dormir. Por favor, eu quero morrer.

Franzi a testa; as coisas foram se tornando confusas enquanto aquela dor seca na minha
garganta queimava. Os demônios estavam falando com ela ou comigo? Mate.

“Clara, me ouça:” Eu lutei com o monstro dentro de mim, empurrando-o para o


lado.”Você pode viver, vocês dois podem viver um vida longa e feliz. Você precisa de
ajuda. ” Mate. Aquela era uma palavra de um dos demônios dela ou dos meus?

Ela mordeu seu lábio tão forte enquanto chorava que começou a sangrar. Uma pequena
ferida, quase insignificante, um corte de papel teria sido mais profundo. Minha garganta
explodiu em chamas. Sangue. Doce, aromático, sensual sangue, descendo por minha
garganta, preenchendo meus desejos retorcidos. Sangue.

Mate. Mate. Mate. Mate. Mate.

“Desculpe-me. ” sussurrei. Torci os pulsos dela bem levemente e mergulhei a faca


quebrada em seu coração.

Eu joguei o corpo de Clara sem vida no rio. Duvidei que uma vez que o corpo viesse a
tona, alguém lhe daria muita importância. Um corpo morto no rio Tamisa, em especial
neste sórdido bairro, era dificilmente uma coisa rara em Londres. Meus movimentos
foram rápidos o suficiente, e estava escuro o suficiente, a criança não tinha visto meus
atos. Eu o peguei no colo, protegendo seu rosto e o deixei no orfanato mais próximo que
encontrei.

Eu fui embora.

Para longe de uma vida que eu não queria viver mais e para um lugar que eu nunca
deveria ter saído.

Fui para casa.


Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 15

A Cap. 15 – De volta ao Dourado

Olhei para o mar enquanto o barco de passageiros cortava através das enormes ondas.
Por trás de meus óculos escuros, os meus olhos ainda eram vermelhos. Tive de me
perguntar como tal visão seria recebida.

Naquela longa viagem de barco, comecei a pensar em cada uma de minhas vítimas.
Lembrei-me de todas elas claramente, eu nunca seria capaz de esquecer. Clara ouvia
vozes em sua cabeça. . . Eu ouvia vozes na minha cabeça. A prostituta tinha uma
profissão ilegal para sobreviver. . . meus atos foram ilegais para sobreviver. Henry era
um monstro. . . Eu era um monstro. George buscava a beleza. . . eu buscava beleza?

Mas não tinha de ser um monstro. Foi sempre a minha escolha. Era isso o que eu andava
buscando todo aquele tempo? Era essa a lição que Carlisle permitiu que eu aprendesse
deixando-me ir? Pai querido, amigo querido, rezo para que você me perdoe por todos
os meus pecados.

Cheguei a Rochester, Nova York, em circunstâncias menos que agradáveis. Tive de


admitir a mim mesmo que eu estava fugindo, fugindo do monstro dentro de mim. E
fugindo para as duas pessoas mais maravilhosas que eu já conheci como um vampiro.

Carlisle ficou surpreso quando ele abriu a porta da casa deles. Mas ele não estava
zangado. Ele me olhou com amor e felicidade. Baixei minha cabeça, envergonhado do
que eu tinha feito a ele. Eu não disse uma palavra. Ele me falou rapidamente em sua
mente.

Bem-vindo a casa, Edward.

Ouvi Esme atrás dele, se perguntando quem estava na porta e por que Carlisle não os
deixava entrar. Me perguntei isso também, mas ele apenas ficou de pé ali, em choque
com meu regresso.

“Edward!” Ela ofegou enquanto vinha à porta. Ela correu para mim, lançando seus
braços em volta da minha cintura. Ela alcançou os meus óculos escuros, querendo ver
meu rosto completamente.

“Não, não tire, ” murmurei, repelindo sua mão. Ela acenou com cabeça
desanimadamente, mas aceitou. Ela também não queria ver os meus olhos vermelhos.

“Estou tão contente que você voltou, ” ela sussurrou sinceramente. Mas ele ficará?

“Sim, Esme, ” respondi, “Estou aqui para ficar. Se . . . vocês me aceitarem. ” Abaixei
minha cabeça mais ainda pela vergonha.
“É claro, Edward, ” disse Carlisle imediatamente. Você sempre será meu filho.

Apesar de tudo, apesar da horrível fúria que deixei para trás no dia que fui embora,
apesar de todos os meus atos horríveis contra a humanidade, eles me trouxeram para
dentro e me deram as boas-vindas como um filho pródigo. Foi muito mais do que eu
teria esperado, mais do que eu merecia. O rosto torturado de Clara passou como um
flash na minha mente. O meu segredo, que eu nunca seria capaz de esquecer.

Culpa. Uma emoção muito, muito estranha.

“Tenho feito pintura e entalhação de madeira, ” Esme tagarelou enquanto flutuávamos


pela casa. “Também peguei um grande interesse em restauração e arquitetura.” Ela
parecia falar sem parar, ela estava nervosa? Espero que ele não se incomode comigo,
ele não disse uma palavra desde o seu regresso. Sim, sim ela estava.

“Isso é maravilhoso, Esme, ” eu disse no que esperava ser um tom sincero.

Ela deixou-me ver um pequeno sorriso. “Nunca deixei de acreditar que você voltaria,
Edward. Carlisle tem estado solitário sem você. “

“Solitário?” Perguntei, surpreso. “Mas ele tem você. “

“Ele tem estado solitário pelo seu filho. ” Ela franziu a testa em uma maneira que isso
deveria ter sido óbvio.

“Sei, ” foi a minha única resposta.

“Então aqui estamos, o seu quarto, ” ela anunciou.

Fiz uma pausa, olhando-a com dúvida. Ela sorria com antecipação, e os seus olhos
estavam cheios da esperança. Me infiltrie em sua mente mas encontrei uma parede. Ela
estava me bloqueando. Movi meus ombros e abri a porta.

Meu quarto tinha sido modificado drasticamente. Todas as minhas músicas estavam
meticulosamente organizadas ao longo de uma parede. Um sofá apoiava-se contra outra
parede. E as paredes foram cobertas com o mesmo carpete felpudo dourado que o chão.
Luz penetrava da enorme janela, fazendo o meu quarto parecer ainda mais belo.

Ai meu Deus, ele parece como se uma bomba o atingiu. . . Apenas quis dá-lo o
melhor, como uma mãe faria para um filho. . . Eu sempre soube que ele voltaria. . . ele
está muito zangado comigo?

Virei para ela e sussurrei, “Não. Estou pasmo pelo que você fez por mim. Você me fez
sentir que estou realmente em casa. Obrigado, mãe, por tudo. “

Ela piscou, completamente atordoada. “Oh. . . Edward. . . ” Ele acabou de me chamar


de ‘mãe’? Estou tão feliz que poderia abraçá-lo.

“Eu sei, mãe. ” Envolvi meus braços em volta dos seus ombros e dei um gentil aperto.
Ele está mostrando afeto, meu filho está me abraçando.

Carlisle e eu estávamos sentados na varanda, admirando o pôr do sol. Crepúsculo, o


momento mais seguro do dia para nós. Não tínhamos dito muito e temia dizer algo.
Queria que ele soubesse que a minha fase adolescente estava acabada. Eu nunca
deixaria os meus pais adotivos passarem por isso novamente. Eu tinha amadurecido
durante o meu tempo longe, e não estava seguro em como expressar isso a ele.

“Esme está cursando Arquitetura na universidade, ” ele disse do nada.

“Interessante. Ela fez um trabalho fabuloso com o meu quarto. ” Os carpetes dourados
foram engenhosos, fornecendo a acústica perfeita para minha música.

“Sim, ” ele respondeu, “embora eu me perguntasse se o projeto a machucaria depois. “

“O que você quer dizer?”

Ele fez uma pausa. “Ela estava tão certa do seu retorno, como eu estava. Embora nós
dois soubéssemos que havia uma possibilidade distinta que nunca o veríamos
novamente. “

“Eu teria voltado eventualmente, ” disse de modo culpado, “foi só uma fase
passageira, nada mais. “

Ele suspirou. “Quando você partiu, ela sentiu como se tivesse perdido uma criança
novamente.”

Isso não tinha me ocorrido. Eu estava bem ciente que a tentativa de suicídio de Esme foi
o resultado de perder uma criança. Ela segurou o bebê durante apenas três dias antes que
ele morresse de uma infecção pulmonar. Honestamente não percebi que a minha partida
traria a tona sua dor pela perda.

“Desculpe, ” murmurei.

Carlisle sorriu. “Como você pode ter notado, desde que o deixamos entrar, você já
esta perdoado. “

“Amo muito vocês dois, ” eu disse com tanta emoção quanto pudesse reunir. “Quero
que você saiba, sempre serei dedicado a vocês dois. “

“É claro, ” Carlisle sorriu, “você é a parte desta família. “

E então eu era, como eu sempre tenho sido, e sempre seria.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 16


16. Botões

Permaneci isolado durante os primeiros dois anos depois de meu retorno. Meus sempre
leais pais adotivos não questionaram meu isolamento, apenas me deram quanto espaço
que eu precisasse. Eu era eternamente grato por isso. Não podia suportar explicar que eu
ainda estava lutando com minha consciênca. Eu nunca poderia impor minhas memórias
horríveis em meus pais.

Eles me deram tempo, e tempo eu tomei.

Que estranho, ele está fazendo uma terrível baderna… “Está tudo bem, Edward?” Esme
perguntou da porta do meu quarto.

“Tudo está bem, Esme. Peço desculpas pelo barulho. Vou tentar mantê-lo ao mínimo. ”
Gentilmente joguei o disco de vinil com uma das mãos e ele pousou na terceira
prateleira perfeitamente.

Esme olhou entre eu, a pilha de discos no sofá e a prateleira. “Posso perguntar o que
você está fazendo?”

“Estou reorganizando minha música, ” respondi.

“Oh, desculpe-me, Edward, ” Esme disse, instantaneamente acanhada. “Eu tentei


organizar tudo da forma que esperava que você fosse querer, sinto muito mesmo…”

“Não precisa se desculpar, Esme, ” encolhi os ombros. “Eu prefiro as coisas em uma
certa ordem. Não posso esperar que você soubesse. Afinal, você não é a leitora de
mentes. ” Eu sorri ironicamente.

Ela riu, dando um tapa brincalhão em meu ombro. Então foi ficando quieta, ponderando
seus pensamentos, os quais, claro, eu ouvi claramente.

“Você sabe o que eu estava pensando?” ela finalmente perguntou.

“Eu normalmente sei, ” sorri afetadamente. Ela riu novamente, balançando a cabeça.

“Vou reformular. Eu estava pensando que já faz um tempo que caçamos juntos, só nós
dois. ”

“Você está certa, Esme, já faz um tempo. Eu adoraria ir caçar com você. ”

Ela irradiou alegria. “E talvez você possa conceder um favor no caminho…”

“Sim, ” eu sorri, “Te ajudo com os materiais para seu próximo projeto de renovações. ”

“Obrigado, Edward, ” ela sorriu.

“Disponha Esme. ”
Estava eu pronto para interagir com outras pessoas em qualquer nível normal? Não. Eu
estava mentindo para minha mãe ao fazer isso como se fosse tão simples? Claro. Eu era
um vampiro. Eu tinha que manter tudo bem guardado. Eu tinha que pisar com muito
cuidado. Mas, eu estava tentando… Aquilo tinha que contar como algo.

Bem alimentado e sentindo-me despreocupado, fizemos nossa jornada de volta para


casa ao escurecer. Nós dois pausamos exatamente no mesmo momento. Algo estava
errado. Concentrei-me, mas a única coisa que ouvia era Carlisle lamentando, Tanto
desperdício… Tanto desperdício… Repetidamente. Esme e eu trocamos olhares
preocupados, acenamos uma vez e corremos para dentro de casa.

Estatelada em cima da mesa, na bem iluminada cozinha, estava uma garota, obviamente
no ápice d extrema agonia. Carlisle estava segurando a mão dela, lhe dizendo o quanto
sentia muito. Sim, ele havia se desculpado a mim da mesma maneira. Ele olhou quando
fomos nos aproximando, seu rosto pesadamente manchado com angústia.

“Por favor, mate-me!” a garota gritou, arqueando as costas em dor. “Deixe-me morrer!”
A mão de Esme voou até sua boca. Os sons que essa garota fazia estavam partindo o
coração da pobre Esme.

Então reconheci quem era essa garota, seria difícil não lembrar. Todos em Rochester
conheciam os Kings. E ela era a noiva do filho deles. O potencial de exposição que isso
causava, apresentava um grande perigo ao nosso disfarce.

“O que você estava pensando Carlisle?” exigi. “Rosalie Hale?”

“Eu não podia apenas deixá-la morrer, ” Carlisle disse quietamente. “Era demais —
horrível demais, desperdício demais. ”

“Eu sei, ” disse curtamente. Vi Rosalie Hale em sua mente, espancada, roupas rasgadas,
violada; deixada para morrer na rua fria como um cachorro.

“Era desperdício demais. Não podia apenas deixá-la, ” Carlisle repetiu em um sussurro.

“Claro que não podia, ” Esme concordou, sempre a esposa que apóia.

“Pessoas morrem a todo o momento, ” lembrei-o duramente. “Vcê não acha que ela é
um pouco reconhecível demais? Os Kings armarão uma grande busca-” Royce, por que
você fez isso comigo? Ouvi Rosalie gritar em sua mente. Não que alguém suspeite do
cafajeste. Eu rosnei.

A mesma imagem reluziu na mente de Carlisle. Rosalie Hale, jogada no chão com a
morte a sua espreita. A beleza que ele viu, apesar de seu estado torturado, prevaleceu
sobre ele. Aí reside a ironia de como a mente vampira funciona. Somos belos para
nossa presa intencional e somos apenas atraídos por belas presas.

“O que faremos com ela?” Exasperei, jogando os braços para o ar.

Carlisle suspirou. “Cabe a ela decidir, claro. Ela pode querer seguir seu próprio
caminho. ”
Calculei o tempo rapidamente em minha mente. Esme e eu fomos caçar por três dias.

“Quanto tempo faz, Carlisle?” perguntei quietamente, reprimindo meu aborrecimento.

“Dois dias, ” ele sussurrou.

Obviamente, ele estava desgastado, era hora de aliviá-lo de seus afazeres. Coloquei uma
mão em seu ombro. Ele olhou para mim, a angústia ainda clara em sua face. O que me
impressionou foi que seus olhos ainda estavam um topázio claro. Ele havia feito melhor
com essa Rosalie Hale do que havia feito comigo ou Esme. Ele não consumiu uma gota
de seu sangue. Ainda assim, eu sabia que a tentação ainda estaria aí.

“Descanse Carlisle, ” eu disse bondosamente. “Vá caçar. Eu ficarei com ela. ”

Carlisle sorriu agradecido. Esme colocou seus braços ao redor dos ombros dele e o
guiou pelo caminho.

Eu sentei e segurei a mão esquerda de Rosalie. Certamente não era uma tarefa fácil. Ela
reproduzia os eventos em sua mente, agarrando-se a cada detalhe vívido. Eu estremecia
cada vez que o filme mental começava de novo. Jaqueta rascada, botões voando, cabelo
arrancado pela raiz. Mas eu queria essa tortura. Eu matei a tantos, vinguei outros. E
Rosalie Hale, foi a única que não salvei, porque eu não estava lá.

Notei que ela mantinha sua mão direita em punho apertado, unhas entrando na carne.
Gentilmente abri seus dedos e encontrei um objeto brilhante. Coloquei o objeto em meu
bolso. Ela não precisava desse lembrete. Algumas coisas são melhores esquecidas e esse
objeto não era exceção.

Um botão de metal.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 17


17. Domando Rose

Rosalie entrou pisando duro na casa. Esme e Carlisle entraram atrás dela, parecendo
envergonhados. Eu apertei a ponta do meu nariz. Era o quarto piso que ela destroçava
na semana. Ela não tinha problemas em destruir a casa, minha nova irmã, e ainsa assim
ela passava horas se arrumando. Ela não parecia entender que não importasse o
número de vezes que ela penteasse seu cabelo, ela nunca seria humana outra vez.

“Dê uma chance a ela, Edward”– ele murmurou enquanto vinha em minha direção.

Nós dois olhamos para o novo buraco feito no chão.

“Ela precisa aprender a se controlar, isso é ridículo” eu apontei para a madeira


despedaçada do chão
“Ela é uma recém-nascida, há de se esperar. E se eu me lembro bem, você não tinha um
comportamento perfeito” ele sorriu.

Tive que rir com essa. Eu acidentalmente havia arrancado uma porta das dobradiças
simplesmente quando estava tentando virar a maçaneta.

“Os pensamentos dela estão perturbados” eu mencionei.”O que a fez ficar assim dessa
vez?”

Carlisle suspirou. “Ela está traumatizada, tenho certeza de que você pode entender
isso.” Eu concordei. Ele continuou “Eu estava tentando contê-la, ela estava a ponto de
fugir. Quando eu coloquei meu braço sob o seu ombro, ela gritou ‘não me toque!’. Eu
realmente não tinha a intenção de assustá-la.”

Eu tinha decidido falar com a Rosalie quando Carlisle e Esme saíram para ter um pouco
de privacidade. Eles nunca diziam nada em voz alta, mas eu estava bem ciente de que
ninguém conseguia privacidade alguma quando eu estava por perto. Eu tentava meu
melhor para deixar claro que eu respeitava a privacidade de todos e tentava desligá-los
sempre que eu pudesse. Medi meus passos em direção ao banheiro da Rosalie, para que
ela pudesse me escutar bem antes que eu chegasse lá.

“Eu entendo.” eu disse calmamente, enquanto me apoiava na moldura da porta.

Ela me olhou com fúria em seus olhos.”Você é um homem. Não não pode entender
nada.”

Eu encarei o chão, procurando por palavras diplomáticas.”Meu sexo tem muito pouco a
ver com isso.” eu murmurei.”Entendo a vontade de vingança pelo atos cometidos à
você.”

“Como é possível você compreender?” ela debochou.

Fechei meus olhos, todos os rostos das vitimas das minhas vitimas muito claros.”Já
passei por isso.” eu retruquei.”Você precisa achar um jeito de superar isso, Rosalie.” Os
lábios dela tremeram.”Você não pode fazer isso sozinha, o que está planejando. Alguém
tem que cuidar de você.”

Ela ofegou. “Você não vai tentar me impedir?” ela disse, chocada.

“Não, como eu disse, eu entendo.”

Enfiei a mão dentro do meu bolso, tirei e mostrei para ela. Um botão de metal. Ela o
puxou da minha mão, segurando-o com as suas duas próprias, próximo ao seu coração.
Então me olhou com intensidade e abriu a mente.

O plano de Rosalie era simples, já estava sendo desenvolvido em sua cabeça durante
alguns dias. Quando ela falava sobre o vestido de casamento, ela se castigava, dizendo
que era bobo e infantil. Mas eu entendia o que era drama. Eu precisava deixar claro para
ela no entanto que assassinato pode ser surpreendemente viciante. É difícil parar apenas
no primeiro. Ainda assim, ela me surpreendeu. Ela estava determinada a não beber o
sangue deles.

“Não quero nenhum deles dentro de mim.” ela disse. O membro mais novo da família
acabou sendo muito inteligente.

Eu sabia que meus pais não poderiam saber do plano dela. Entre compaixão e paixão,
Carlisle e Esme não aprovariam. Aos olhos deles, não haveria justificativa em matar
estupradores. Mas eu entendia melhor.

Andar com a Rosalie não era algo fácil. A mente dela continuava a guerra entre seu ódio
mortal pelos homens que a tinham a machucado e sua vontade de se agarrar a
humanidade fortemente com os dez dedos. Talvez alguns dedões também. No mais, era
difícil tentar manter uma pequena conversa com uma garota cuja mente estava tão
concentrada nos aspectos cruéis do que nós tínhamos planejado fazer nos momentos
seguintes. Em vez disso, passei por nosso plano de novo, só para me certificar que ela
entendia tudo que estava envolvido.

“Eles vão sair do clube de senhores depois da hora de ter fechado, em aproximadamente
vinte minutos.” eu a lembrei. Ela revirou seus olhos. Eu suspirei.”Só quero ter certeza
que você sabe o que está fazendo, Rosalie.”

“Eu sei o que estou fazendo, Edward.” ela disse protetoramente.

“Ao primeiro sinal de qualquer frenesi, estou tirando você de lá. Não importa se matou
a todos ou não.”

“Eu sei!” ela disse irritada.”Já falamos disse mil vezes.”

“Você gosta mesmo de hipérboles, não gosta?” eu respondi secamente.

“Certo.” ela suspirou.”Vamos revisar mais uma vez. Mas é a última.” ela balançou seu
dedo indicador para mim.

Eu ri, então mudei minha expressão para uma mais séria.”Você intercepta os homens
enquanto eles andam em direção a residência dos King. Mate-os rapidamente, quebre
seus pescoços, mas não cause nenhuma ferida aberta. Eu estarei por perto. Vou
sussurrar alto o bastante para que você escute e mais ninguém. Você pode falar comigo
em sua mente”.

Rosalie acenou freneticamente. Eu olhei para ela, ela estava esplendida no vestido de
noiva que tinha roubado para a ocasião. Também notei que seus olhos estavam tomando
uma expressão determinada. Sorri para mim mesmo. Ela seria uma bela de uma
caçadora.

Estou chegando para te pgar, Royce, farei você sofrer, ela repetia em sua cabeça.

Era um pensamento curioso. Royce foi seu noivo, ela não sentia nada além de
hostilidade pelo homem com quem passaria o resto de sua vida?
“Você realmente o odeia tanto assim?” eu perguntei. Seus pensamentos repetitivos
falharam durante um breve momento.

“Eu apenas quero causar a ele tanta dor quanto ele me causou.” Ela fechou sua
mandíbula.

Ergui uma sobrancelha.”E isso te deixará satisfeita?”

“Sim.” Ela respondeu fervorosamente.

“Ótimo.” Eu sorri.”Porque apenas estou ajudando você para que esse assunto se
encerre. Do contrário, ” eu apontei para a rua à frente, .”tudo isso não tem sentido.”

“Pela última vez, Edward Cullen, eu sei o que estou fazendo.” Ela levantou seu queixo e
marchou adiante.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 18

18. Rendas sem sangue

Eu estava em admiração de minha linda irmã. Ela era uma vampira recém-nascida e
ainda assim se segurava com um controle inacreditável. A tentação estava lá, claro. Eu
podia facilmente imaginar como sua garganta queimava com uma dor seca já que podia
ler tudo isso em sua mente. Mas ela resistia, entoando seu mantra repetidamente. Eu
não terei nenhum deles em mim. Ela apenas queria a morte para seus atacantes. Ela
sentia que os permitindo viver enquanto ele chupava todo seu sangue seria uma morte
muito fácil. O horror em seus olhos enquanto ela quebrava seus frágeis ossos humanos
era mais que suficiente.

Ela era uma assassina natural, nascida para causar destruição para aqueles que
mereciam ser punidos dolorosamente. Uma vampira com olhos vermelho-sangue,
arrastando seu vestido de noiva de renda branca na rua escura e fria, enquanto a neve
flutuava ao redor de seu cabelo como uma aréola. Eu estava tão satisfeito quanto ela
quando ouvi os aterrorizados gaguejos nas mentes dos homens que ela matou. Apesar
de seus acentuados odores humanos, o cheiro de nossa presa natural estar impregnado
nela e pesado em minha mente, ela nunca bebeu o sangue deles. Nem sequer uma única
vez.

Rosálie era linda, uma fina espécime de vampira. Mas sua mente era muito superficial,
transparente e clara como vidro. Minha lealdade permanecia com minha família, antes
de mais nada e por tudo. Naturalmente eu cuidaria dela como um irmão faria com uma
irmã. Isso era o certo. Sem importar de toda minha admiração por seus talentos
sensuais, quebrando os pescoços dos homens que cruzaram seu caminho sem nenhuma
dificuldade, eu apenas podia apreciar suas habilidades. Seu corpo, se assim preferir.
Mas sem ter a capacidade de ler mentes, eu não sentia conexão alguma com ela. Ela era
linda, mas não era minha. E eu não era dela.

E então, a noite de terror que tinha caído sobre a cidade de Rochester, Nova Iorque,
tinha acabado. Não em um banho de sangue, mas com a renda esfarrapada de um
vestido de noiva.

Eu estava recostado em meu sofá, lendo um atlas dos Estados Unidos. Carlisle veio até
meu quarto, enraivecido. Ouvi seus confusos pensamentos de fúria muito antes de ele
ter entrado. Sua mente estava completamente sem coesão.

Ele jogou um jornal aos meus pés e me encarou. Eu olhei a manchete, “Royce King
brutalmente assassinado”. Eu olhei de volta para ele, apertando minha mandíbula.

“E você me acusa de falta de discrição”, disse Carlisle entre seus dentes.

Balancei meus ombros. “Era necessário. ”

“Necessário?” ele gritou. “Exatamente como você poder chamar isso de necessário?”

“Ela estava segurando sua raiva fortemente demais”, respondi calmo. “Era a única
maneira de ela poder seguir adiante. ”

“Então você pensou que assassinar sete homens, dois dos quais eram guardas inocentes,
necessário?”

Eu sorri ao lembrar dos guardas. Eu falei para Rosalie onde Royce estava se
escondendo, ela correu imediatamente ao local. Eu sussurrei urgentemente, “Rosalie,
cuidado, há dois guardas!” Ela deu risada em sua mente e respondeu, “Haviam dois
guardas”.

“Você acha isso engraçado, não acha?” A raiva de Carlisle me trouxe de volta ao
presente. Coloquei minhas mãos atrás da cabeça.

“De algumas formas, foi bem divertido. ” Eu sorri.

“Edward!” ele rosnou. “Eu não posso tê-lo aqui se você continuar se comportando como
um adolescente rebelde!” Como meu filho pode fazer isso. . . ?

“Carlisle”, eu franzi, “Eu não matei aqueles homens. ”

Todos os pensamentos chegaram à um ponto de parada. Ele estreitou os olhos. “Estes


foram claramente os atos de um vampiro”, ele afirmou.

“Sim”, eu concordei. “Rosalie precisava encerrar esse assunto”.

Parecendo derrotado, ele se sentou perto de mim no sofá. Os dois olhamos o jornal com
pensamentos bem diferentes em nossas mentes. Eu estava orgulhoso da forma que
Rosálie lidou com toda a situação. Ela não deixou cair uma única gota de sangue.
Enquanto os pensamentos de Carlisle eram uma mistura de desapontamento e culpa. Eu
criei um. . .

“Não, Carlisle”, eu interrompi seu raciocínio calmamente. “Você não criou um monstro.

“Como pode estar tão certo?” Carlisle franziu preocupado.

“Ela não tinha interesse no sangue deles. Ela apenas queria que eles sofressem do jeito
que ela sofreu. ”

“Mas se ela cometeu esses atos uma vez. . . ”

“Não”, eu interrompi novamente, “ela não fará isso novamente. ”

Eu a tinha encontrado naquela noite, o olhar perdido, sentada na sala com o corpo
desfigurado de Royce. Ela não me olhou quando me aproximei dela. Ela estava
chorando, secas e pesadas lágrimas. Eu deslizei um braço por baixo de seus joelhos e
passei o outro ao redor de suas costas. Eu a levantei e a levei para casa. Assunto
encerrado.

Ele viu o atlas no meu colo.

“Você percebe que nós teremos que nos mudar por causa disso”, Carlisle disse.

“Eu bem ciente disso”, respondi colocando uma mão no atlas. “Eu estava pensando que
o Apalache seria legal. As montanhas são perto o suficiente. ”

“Procurando por mais leões da montanha?” Carlisle sorriu.

Eu sorri de volta. “Realmente, não há suficiente nesta área. ”

Ele deu uma risada. “Está bem, então, hora de termos uma reunião de família. ”

Nos encontramos na sala de estar, Esme sentava-se perto de Rosálie, acariciando seu
cabelo. Ela parecia apreciar ser mimada. Eu permaneci indiferente, se Rosálie não sentia
nenhum arrependimento, então eu também não sentiria. Carlisle, porém, parecia ter
outras coisas em mente.

“Rosalie, ” ele começou, “é muito importante nesta família não termos segredos. ” Ele
me lançou um ligeiro olhar. “Apesar de respeitarmos a privacidade uns dos outros,
privacidade absoluta é praticamente impossível nesta família. ” Ela concordou com
Carlisle e então olhou em minha direção. Eu sorri suavemente. “Preciso deixar isso
perfeitamente claro, ” Carlisle continuou. “Eu não concordo com seus atos contra
aqueles homens, mas eu não não a impediria também. ” Ambos, Rosalie e eu, olhamos
para ele em choque. Ele sorriu. “Estou apenas dizendo que não podemos ter esse tipo de
segredos. Algum aviso teria sido melhor, já que agora teremos que nos mudar. ”

E foi o que fizemos. Todos os pertences empacotados e prontos em pouco tempo.


Conveniente velocidade de vampiro. Rosalie estava demorando em seu quarto, Esme
me mandou para ver qual era o problema. Ela estava sentada em seu quarto vazio,
afagando o vestido de noiva roubado em seu colo. Eu me agachei ao seu lado.

“Você entende que não pode ficar com isso, ” eu disse.

Ela suspirou, “Oh, eu sei, mas foi tão adorável enquanto durou. ” Ela me olhou séria.
“Você não acha que eu fiquei linda nesse vestido?”

Era difícil responder honestamente. Apesar de reconhecer sua imensa beleza, eu


pessoalmente não sentia nenhuma atração por ela. Eu tive que usar diplomacia
novamente.

“Sim, é um vestido muito bonito, ” eu disse. Ela sorriu sem forças. “Venha, ” Eu ofereci
minha mão, “eles estão esperando lá fora. ”

Paramos a algumas milhas da casa enquanto Carlisle cobria os pisos com querosene.
Ouvimos o riscar do fósforo e a casa ardeu em chamas.

“Eu deixei o vestido lá, ” ela sussurrou pra mim, “mas fiquei com isso. ” Ela me
mostrou sua mão aberta. Um botão de metal.

Aquela era Rosalie. Bonita, de metal e sozinha. Por um tempo senti que éramos
camaradas lidando com essa existência singular juntos. Ela era de verdade uma irmã
para mim, nada mais.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 19

Urso Negro

A cidade de Appalachia acabou sendo uma cidade tediante de Virginia. As pessoas eram
como o tempo, sem graça e previsíveis. Havia pouco para se interessar, havia pouco
para se fazer. Era absolutamente perfeito.

Das mentes humanas locais, eu podia discernir o que eles pensavam dessa área como
bonita e singular. A beleza das florestas e montanhas. Contudo, para vampiros que tem
passado a maioria da suas existências fingindo ser algo que eles não são, era difícil
apreciar o cenário. Novas experiências eram incrivelmente raras.

Como de hábito, caímos na nossa rotina. Desta vez Rosalie e eu pretendíamos ser as
crianças adotadas do muito caridoso casal Cullen. Isto permitiu que Rosalie mantivesse
o seu nome de nascimento, uma tentativa bastante superficial de manter sua
humanidade. Também descobrimos que nós dois gostávamos de automóveis. Para
minha grande surpresa, ela provou ser uma mecânica de mão cheia.
Seria razoável assumir que nos tornamos próximos, os irmãos Cullen. Contudo, também
irritávamos um ao outro. Não nos afastamos também, mas eu não diria que éramos
almas gêmeas. Éramos irmão e irmã, nada mais.

Edward, você poderia entrar por um momento? Ouvi Carlisle enquanto eu passava por
seu escritório.

“O que posso fazer por você?” Perguntei, suspeito com o sorriso que ele usava.

“Só desejo conversar. Por favor, sente-se. ” Ele apontou para a cadeira de couro. Sentei-
me com relutância, ele estava bloqueando os seus pensamentos novamente. Ele cruzou
suas mãos na escrivaninha.

“Como você está se dando com Rosalie esses dias?”

Que pergunta estranha, eu não sabia como responder inicialmente. “Estamos civis se
isto for o que você está perguntando. ”

Ele riu levemente. “Quando encontrei Esme pela primeira vez, ela tinha dezesseis anos.
Apenas uma criança. ” Virei os meus olhos; vi esta história na mente dos meus pais
adotivos já muitas vezes. “Realmente não sabíamos que nos amávamos até que eu a
encontrasse naquele dia no necrotério.”

Eu estava ficando impaciente. “Você tem um ponto, Carlisle?”

Ele sorriu. “O meu ponto é, às vezes leva tempo. ” O amor muitas vezes leva tempo.

De boca aberta, levou-me alguns momentos para falar novamente. “Não amo Rosalie
dessa maneira, Carlisle. Ela é apenas uma irmã para mim. E você sabe que sou leal a
esta família. ”

Seus olhos caíram até suas mãos cruzadas. “Sei, ” ele disse com sua voz cheia da
decepção.

Estreitei os meus olhos. “É por isso por que você a acolheu?”

“Não, não, ” ele disse muito defensivamente, “Apenas esperava . . . ”

“Você esperou mal, ” rebati. “Não preciso de uma companheira, não interfira
novamente. ” Andei duramente para fora do escritório.

Na minha saída, encontrei Rosalie com as costas pressionadas contra a parede. Ela
parecia magoada. Ela é uma vampira. Com audição de vampiro. Ela ouviu tudo.
Suspirei.

“Você não me acha linda?” ela disse em uma voz pequena.

“Rosalie, ” tentei, usando minha voz diplomática, “claro que você é linda, do seu
próprio jeito. Eu teria de ser cego para não ver que linda você é. Mas não a amo. Sinto
muito. ”
Como uma pintura é bela, ou um por do sol é belo, fui perfeitamente honesto com
relação à sua beleza. Como a beleza das florestas e montanhas, não era nada novo para
mim. Não era cego e podia ver facilmente a beleza deles, ainda assim não mantinham
meu interesse. Apenas a parte última era uma mentira, realmente não lamentei nunca
não ter me apaixonado por ela.

Royce não me amou também. . . a maldição da minha beleza . . . ela não permite nem
que Edward me ache atraente. . . Ouvi enquanto andava com passos largos de volta ao
meu quarto. Terrivelmente irônico, sério. A mente feminina trabalha de modos
estranhos. Ou mais especificamente, a mente feminina vaidosa. Ela não teve nenhuma
dificuldade em acreditar que eu sentia muito, embora acreditasse que todo o resto que
eu tinha dito era mentira. Então novamente, eu deveria ter sabido melhor. Atenção para
Rosalie era o equivalente a oxigênio para um ser humano.

Esme, Rosalie e eu tínhamos ido caçar nas montanhas. Rosalie quis arriscar-se a uma
área oposta a onde eu sabia que havia leões da montanha. Ela foi bastante teimosa na
sua resolução e de qualquer maneira fez que nós concordássemos que ela caçasse
sozinha. Ao tempo em que Esme e eu voltamos para casa, não havia nenhum sinal de
Rosalie. Os pensamentos dos meus pais estavam cheios de preocupação, lembrando-se
daquela vez em Rochester. Senti que as suas preocupações eram infundadas; Rosalie era
perfeitamente capaz de se cuidar.

A sua respiração estava errática quando ela finalmente voltou, arrebentando-se pela
porta. Ouvi Esme silenciosamente decidir ficar no seu estúdio, confiante que seu marido
poderia cuidar dos problemas. Saí do meu quarto, totalmente preparado para fica ao
lado de Carlisle.

“Por favor Carlisle! Eu imploro a você!” Ouvi Rosalie suplicar enquanto eu entrava na
sala dianteira. Os olhos dela estavam selvagens com preocupação. Ela estava coberta em
manchas do sangue. Sangue humano fresco. Imediatamente cortei o ar dos meus
pulmões. Era um cheiro do qual eu não precisava.

Em seus braços, ela carregava um macho humano adulto. Pelas marcas de garras por
todas as partes do seu corpo, assumi um ataque de animal. Pela mente dele, eu podia ver
que ele revivia o horror de um ataque de urso. Ele estava obviamente em dor, embora
ele mantesse os seus olhos abertos, encarando Rosalie com admiração. E mais
importante do que qualquer outro detalhe, ele estava morrendo.

“Por favor, ” ela suplicou novamente, “nunca pedi nada a você Carlisle. Agora peço esta
única coisa. Por favor, o transforme. ” Ele é o que eu estive procurando. . . seu cabelo
encaracolado. . . suas covinhas. . . Não posso deixá-lo ir. . .

Carlisle parecia dividido. Eu, por outro lado, estava mortificado. Um clã com mais de
três vampiros era praticamente não existente. Era preocupante manter as aparências com
quatro vampiros. Agora ela queria acrescentar um quinto membro à nossa família? A
minha mente voou, tentando deduzir a logística de cinco vampiros compartilhando a
mesma casa.

“Você conhece este humano?” Carlisle gentilmente perguntou.


“Não, juro que nunca o vi antes na minha vida. . . Nem ao menos sei seu nome. . . ” ela
disse, distraída.

“Emmett McCarty, ” falei. Eles me olharam com surpresa. Balancei os ombros. Esse é o
nome que ele continua repetindo em sua mente.”Emmett McCarty. Agora você
realmente conseguiu. Você foi trazido a Deus por um Anjo para ser julgado”. Parece
que ele pensa que somos divindades. Sorri.

Rosalie fez um som suave. “Ele pensa que sou um anjo. . . ” ela sussurrou. Então ela
virou um olhar feroz a Carlisle. “Você tem de transformá-lo agora. Por favor, farei
qualquer coisa, apenas o transforme!”

Virei meus olhos para toda essa cena acontecendo. Carlisle ainda hesitava enquanto
Rosalie continuava pedindo.

“Ah pelo amor de Deus!” Exasperei. “Vá em frente e o transforme, Carlisle. Ele está
sangrando por todo o tapete branco de Esme. ”

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 20

20. Urso Branco

Emmett não era um homem pequeno. Sendo como um urso, levou mais tempo para o
veneno transformá-lo completamente. Quatro dias. Interessante o suficiente, ele não
reagiu muito à dor. Estou certo de que ter Rosalie a seu lado todo o tempo ajudou
tremendamente. Esme até trouxe água e roupas limpas para que Rosalie pudesse se
trocar sem ter que sair do lado dele.

Eu estava aliviado em algumas formas. Agora que ela havia encontrado Emmett, eu não
precisava mais lidar com as falsas esperanças de Carlisle. Por outro lado. . . Cinco
vampiros. Cinco vezes a quantidade de força vampira. Talvez pudéssemos encontrar
uma boa caverna para morar. . .

Inicialmente, tive problemas com formular uma opinião sobre este novo vampiro.
Considerando seu tamanho, era garantia de que ele seria um recém-nascido
problematico. Também estava bastante incerto sobre o que ele acharia do nosso
escolhido estilo de vida. Esme escolheu animais por causa de Carlisle. Rosalie fez a
mesma escolha principalmente porque não tolerava a idéia de estar sozinha. E eu tinha o
monstro em minha cabeça para manter calmo.

Não precisávamos dessas complicações. Não precisávamos de outro membro em nossa


famÌlia. Nãp precisávamos de mais outro instruso.
Meu belíssimo anjo. . . Ouvi atrás de mim. Meus dedos estavam acariciando as teclas de
marfim do piano, minhas costas viradas para a famÌlia que se aproximava, eu podia
sorrir a salvo sem ninguém notar. Esse Emmett tinha uma impressão ridÌcula sobre
minha irmã. Se seus pensamentos continuassem nesses termos, eu me sentiria enjoado
todo o tempo.

Minha nossa, quem é o garoto no piano. . . Eu enrijeci. Me virei em um borrão,


permitindo que ele visse minha rapidez. Ele deu um passo estranho e involuntário para
trás. Com sua nova pele e olhos vermelho-sangue, ele parecia um urso albino. Eu sorri
falsamente.

Edward, ele escolheu juntar-se à nossa famÌlia, alguma gentileza, por favor, Carlisle
me repreendeu.

Você está sendo rude com seu novo irmão, Esme disse.

Bufei para eles, ficando em pé do outro lado da sala. Culpa paternal era tão irritante.

Emmet olhou entre nós, não compreendendo a silenciosa troca que havia acontecido.
Seu rosto estava enrijecida de concentração, tentando deduzir o mistério. É como algum
tipo de idioma secreto, ele estava pensando. Código morse, piscar de olhos talvez?

“Emmett, querido, ” ouvi Rosalie sussurrar, “Aquele é Edward. Seja cuidadoso perto
dele, ele pode ouvir sua mente. ” Ela lançou um olhar de aviso para mim. Revirei meus
olhos.

“Ah, é?” ele sorriu afetadamente. “Que número eu estou pensando?” Vinte e cinco. . .
Dezesseis. . . Ha, isso vai confundi-lo. . . Quarenta e três. . . Ele parece terrivelmente
convencido. . . Trinta e oito. . . Dezessete. . .

Cruzei os braços e ergui meu queixo. “Bem-vindo à famÌlia, Emmet. Vinte e cinco.
Você terá muito o que aprender, dezesseis. Há regras que você precisa seguir, quarenta
e três. Se você pisar fora da linha, irei forçá-lo a lidar com as consequências. Sete, trinta
e oito e o •último número foi dezessete. ”

Eu o ouvi rir em sua mente um segundo antes de todos nós ouvirmos sua gargalhada.
“Diga-me irmão, ” ele sorriu, “acha que aguenta uma partida de queda de braço?”

Eu estaria mentindo se dissesse que o primeiro ano de Emmet foi fácil. Foi perigoso,
como havia sido para todos nós, e certamente manteve Esme ocupada com renovações
na casa. Ainda assim, sob o cuidado amoroso de Rosalie, Emmett sobreviveu aquele
primeiro ano virtualmente ileso.

Eu não compreendia o relacionamento deles. Carlisle e Esme pelo menos haviam


compartilhado uma história antes de serem companheiros. Entre Rosalie e Emmett,
parecia ser estritamente físico. Eu não conseguia ver como eles não ficaram
rapidamente cansados um do outro. Estava além do meu entendimento.
Mas, eu estava supondo, já que Emmett acreditava que estava sendo levado para o fogo
do inferno quando Rosalie o trouxe até nós, seu relacionamento com ela era uma
simples indulgÍncia. Uma gota no oceano do pecado. Èramos, afinal, vampiros.

Por mais que eu preferisse a solidão, e minha família entendia minha preferência, eu
realmente achava que passar tempo com meu novo irmão era igualmente agradável. Era
confortante que ele raramente pensasse algo que não diria em voz alta. Ele faltava
fortemente aquele conflito entre pensamentos e palavras faladas que a maioria possui.

“Eu gostaria de dar um presente à ela, ” ele começou um dia enquanto sentávamos em
um banco perto do rio, “mas não tenho certeza do que comprar dessa vez. ” Eu preciso
mesmo da sua ajuda. “Alguma sugestão, irmão?”

“Hmm, ” pensei em voz alta, “bem, estou certo de que você está ciente do gosto de
Rosalie por um grande espetáculo. ”

Ele riu alto. “Bem verdade. Mas, quero dar algo realmente especial. ” … É muito cedo
para um anel?

“Emmett, ” franzi o rosto para ele, “você está considerando propor casamento?”

Ele encarou seriamente o rio transbordante. “Se eu estiver, tenho sua benção?”

Balancei minha cabeça e sorri. “Você não precisa da minha benção. Minha aceitação de
você como parte de nossa famÌlia deveria ser o suficiente. ”

“… esse sua forma indireta de dizer que eu tenho sua benção?” Queria que você falasse
inglês normal, para variar.

“Sim, ” suspirei. “Em inglês claro, você tem minha benção. ”

Ele sorriu brevemente. “Obrigado, eu estava preocupado que você não fosse aprovar. ”
Que talvez você sentisse algo pela Rosalie. . .

“Emmett, ” eu interrompi seus pensamentos bruscamente, “Eu não tenho sentimentos


por Rosalie, além dos de um irmão para com uma irmã. ”

“Ok, ” ele disse cautelosamente, “Acho que presumi que você fosse querê-la para si
algum dia. ” Ela é um anjo tão lindo.

“Ela é bonita, ” concordei, “entretanto, é bem óbvio que ela não é meu par. Ela é o seu.

Ele respirou aliviado. “Obrigado, novamente. ”

Cinco vampiros. Dois casais casados. Minha solidão estava se tornando difÌcil de se
alcançar. Falei com Esme e pedi um terceiro andar apenas para mim em nossa nova
casa. Pois tinhamos que nos mudar novamente. O primeiro ano de Emmett estava
terminado.
Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 21

21. Olhos Castanhos

Conforme a década chegava ao fim, nós nos fixamos em Hoquaim. A área era
agradável, as florestas da redondeza tinham muita vida selvagem. O clima do dia a dia
era nublado e infeliz. Era excelente. Emmett tinha sorte de passar seu segundo ano
como vampiro em um lugar com condições tão compatíveis.

Esme tinha renovado a casa perfeita para a nossa família maior. E como o prometido, eu
tinha o terceiro andar apenas para mim. Rosalie deu alguns ataques, é claro. Emmett
milagrosamente conseguiu acalmá-la, explicando que se ela ouvisse vozes em sua
cabeça durante todas as horas do dia, ela também iria querer um andar inteiro de uma
casa só para ela. Fiquei surpreso, eu não tinha percebido que o Emmett fosse tão bom
em entender meu “dom”. Ainda assim, seu jeito com as palavras deixava a desejar.
Rosalie começara a acreditar que eu era mentalmente problemático.

Estávamos caçando na floresta Hoh. Àquela manhã eu estava pensando que aquela área
combinava tanto com o nosso estilo de vida que poderíamos ficar durante bastante
tempo lá, sem grandes dificuldades. Estava errado.

“Que merda!” Emmett de repente soltou.”Que cheiro é esse?”

Eu olhava na direção oposta no momento, então não tinha idéia a que ele se referia. Me
virei e vi que os outros retorciam seus narizes. O vento soprou naquele momento,
mandando o cheiro horrível direito no meu rosto.

“Lobisomem, ” Carlisle sussurrou, aterrorizado.

Três lobos gigantescos apareceram das árvores e lentamente entraram em nossa visão.
Não eram animais comuns, soube disso em um instante. Eles eram seres pensantes,
podia ouvir seus pensamentos perfeitamente, chamando os nomes uns dos outros, dando
instruções. Uma cacofonia de chamados mentais de lobo.

Eles pararam em uma formação em V, mostrando os dentes e rosnando. O lobo da


frente tinha o pelo marrom avermelhado e olhos castanhos profundos. Ele era
obviamente o líder. Os pensamentos da minha família estavam caóticos, completamente
despreparados para uma batalha.

O lobo líder estava prestes a saltar, eu podia ouvir seus músculos se tensionando. Não
podia simplesmente permitir isso, eu tinha a minha família para proteger. No exato
momento em que o lobo se atirou para frente, eu estiquei minha mão e agarrei seu
pescoço. Ele me encarou, seus grandes olhos castanhos arredondados, e eu encarei de
volta. Nunca perdi o contato visual com esse lobo durante todo o tempo.

Eu falei rapidamente, para que todos pudessem me ouvir antes que se lançassem para o
ataque.”Eu poderia matá-lo com um estalar de meus dedos, diga a eles para se
afastarem.” Quando eu vi que os outros dois tinham parado de se ir para frente, eu
continuei, falando deliberadamente.”Mas eu não vou te matar. Não significamos perigo
para vocês.”

Muito gentilmente, eu soltei o lobo, permitindo que ele desse alguns passos para trás
sem nenhum machucado. Ergui as palmas das minhas mãos e disse: “Nada de
problemas agora, Ephraim Black.” Dei três passos comedidos e lentos para trás e
esperei.

Como o frio sabe o meu nome?

Ele acabou de te chamar de Ephraim?

O que ele quer dizer com “nada de problemas”?

As vozes deles se sobrepunham enquanto se comunicavam em suas mentes. Era


fascinante. Eu não queria que eles soubessem que eu conseguia ouvir cada palavra,
achei que era melhor manter minhas próprias habilidades de ler mentes no escuro para
eles, já que eram inimigos. Deixe que pensem que eu tenho algum tipo de poder
mágico, eu sorri para mim mesmo.

Eu apontei para Carlisle, “Esse é meu pai, e líder da nossa família.”

“Obrigado, Edward.” Carlisle disse. Estou em débito com você por pensar tão rápido.
“Meu nome é Carlisle Cullen. Entendo que vocês pensam de nós como seus inimigos
naturais, mas posso garantir que somos diferentes.”

Diferentes? Diferentes como?

Blah, o frio fala com se achasse que fosse humano.

Tenho um mal pressentimento quanto a isso, estamos em minoria…

“Minha família e eu ” Carlisle continuou em uma voz calma e tranqüilizadora, “não


somos como outros vampiros.” Os lobos rosnaram mentalmente com essa palavra.”Nós
não bebemos sangue humano, só nos alimentamos de sangue de animais.

Os lobos trocaram olhares e então correm floresta adentro.

“Que diabo foi tudo isso?” disse um confuso Emmett.

“Shh, ” – eu alertei em um sussurro, “eles voltarão em um momento. Não diga uma


palavra e não faça nenhum movimento brusco, do contrário eles vão atacar.”

“Você consegue ouvir os pensamentos deles?” Carlisle me perguntou.

“Claramente.” Respondi.

Que bom, você pode me ajudar com as negociações. Vamos tentar convencer os lobos a
deixar Esme e Rosalie voltarem para casa. Acho que será mais fácil se apenas somos
três de nós.
Eu sorri, um luta justa.

Se isso ficar mal, você deve pegar Emmett e correr, não importa o que aconteça. Você
entendeu, filho?

Fechei minha mandíbula, sabia o que ele estava pedindo, uma luta não justa.
Relutantemente, balancei a cabeça.

Eles voltaram em seguida em forma humana. Cada um deles tinha a pele cor bronzeada
e cabelo bem curto, preto como tinta. Aparentemente, não tinham nenhuma vergonha.
Todos usavam shorts esfarrapados e nada mais. Era interessante ver que nenhum deles
parecia mais velho que vinte e cinco anos.

Eles pararam a uns três metros de distância, cruzando os braços e empinando os peitos
exatamente do mesmo jeito. Ninguém se atreveu a dar mais um passo. Isso era uma
sorte para nós, considerando o cheiro horrível. Eles nos encararam com ódio.

“Obrigado, ” Carlisle disse mantendo sua voz calma.”Agradeço sinceramente seus


esforços para conversarem conosco civilizadamente. Essa é minha esposa Esme, meus
filhos Edward e Emmett, e minha filha Rosalie.” Ele apontou para cada um de nós e
acenamos enquanto íamos apresentados.

Pelo que eu tinha escutado dos lobos, fria de cabelo castanho é a companheira,
parasita sugador de sangue de cabelo bronze, linda loira sanguessuga, e por último, uh
oh frio BEM GRANDE. As vozes deles não pareciam mais se sobrepor. Interessante, eu
pensei, só na forma de lobos eles conseguem se comunicar através de suas mentes.

“Eu sou Ephraim Black, ” disse o líder deles.”Chefe da tribo e protetor do povo
Quileute.” Eu realmente não gosto disso, mas se não nos comportarmos bem, eles nos
matam.

“Nós não queremos lutar, ” eu disse.”Nós pedimos à vocês que deixem minha mãe e
minha irmã voltarem para casa em segurança.”

Obrigado, Edward.”Emmett, Edward e eu iremos discutir os assuntos com vocês, ”


Carlisle ofereceu.

Se deixarmos as fêmeas frias irem, não estaremos mais em desvantagem.

O quê? Simplesmente deixá-las ir embora? Ele não pode estar falando sério…

Eu acho que é melhor, mas preciso esclarecer algumas coisas primeiro…

“Deixaremos as fêmeas irem com uma condição, ” Ephraim restringiu.”Se elas, ” ele
apontou um dedo para Esme e Rosalie, “morderem um humano, então haverá guerra.”

“De acordo.” Carlisle disse graciosamente. “Como eu disse, nós não tocamos em
humanos.” Ele se virou para as mulheres.”Esme, Rosalie, por favor, voltem para casa.
Iremos encontrá-las brevemente.”
Rosalie olhou sem acreditar, alternando os olhares entre Emmett e Carlisle.”Não vou
deixá-lo aqui, você não pode esperar que eu…”

“Rosalie¬, ” Carlisle sibilou. Ela tremeu sob o olhar intenso dele.

“Vamos, ” Esme a acalmou, colocando seus braços ao redor de Rosalie. Enquanto elas
andavam para fora da floresta, Rosalie continuou olhando para trás por cima de seu
ombro. Se ele se machucar, eu os mato.

“Agora, ” Carlisle assumiu um tom profissional.”Eu proponho uma trégua.”

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 22

22. Na verde floresta

“Rose, ” Emmett gritava enquanto batia na porta de banheiro deles, “Você cheira bem!
Já saia daí!” Porcaria, essa mulher me frustra. . .

Eu suspirei e aumentei o volume da minha música. Aparentemente, Rosalie estava


convencida que o fedor dos lobos estava impregnado. Ela dizia que ainda poderia senti-
lo em seu corpo. Ela tem se banhado direto por 3 dias, enquanto o pobre Emmett
acampou fora da porta do banheiro deles, tentando lidar com sua vaidosa esposa.

Já tive o bastante. Corri para fora do meu quarto e encontrei Esme enquanto eu ia para a
porta da frente.

“Onde você está indo?” Esme perguntou.

“Caçando, ” rosnei.

Eu não tinha fome particularmente, era mais pelo conforto. Comida para confortar,
como eu ouvia os humanos dizerem, ao descrever suas refeições de purês de batata e
peru. Bem, aquele pensamento me fez perder o apetite. Eu deixei de correr e me sentei.
Me apoiei em uma alta árvore, sentindo a umidade do musgo em minhas costas. Fechei
meus olhos.

Uma criatura passou por perto. Sem abrir meus olhos, eu alcancei e agarrei o cervo,
afundando meus dentes na carne. Uma matança limpa, nem uma gota de sangue em
mim. Cavei um buraco e lancei a carcaça na terra. Então eu a enterrei.

“Eu posso sentir seu cheirar daqui, ” eu disse, “então melhor que você se mostre.”
Ephraim Black saiu por detrás de uma árvore cautelosamente. Ele olhou por cima de seu
ombro e acenou com a cabeça uma vez. Uma exibição de que estou seguro que ele
queria que eu visse. Os outros dois lobos estavam pertos, ele não estava só. E eu sim.

“Então você come animais mesmo, ” ele disse. Nunca pensei que veria isso um dia. . .

“Carlisle é um líder maravilhoso, nós seguimos os modos dele, ” eu sorri.

“Você nunca bebe sangue humano?”ele olhou franzindo. Realmente é difícil acreditar
nestes frios. . .

Eu estreitei meus olhos a ele.”Nós já fizemos o tratado, esta conversa é sem ponto.”

“Você não respondeu minha pergunta, ” ele disse, cruzando seus braços
orgulhosamente. Ele deve estar escondendo algo.

“Olhe nos meus olhos, Ephraim Black, ” eu disse severamente.”Se eu provasse sangue
humano eles estariam vermelhos e eles não estão.

“Huh, isso é bom saber, ” ele respondeu. Virei meus olhos. Como se ele já não
soubesse, Carlisle tinha explicado tudo quando eles se encontrarem para fazer o tratado.

“Há quanto tempo você tem estado por aí?”

Ergui uma sobrancelha.”Pergunta estranha, por que você quer saber?”

Ele moveu os ombros.”Nós temos histórias sobre os frios, apenas queria saber se eu o
poderia achar em uma das histórias.”

Bufei .”Não sou tão velho.”

“Então, ” ele hesitou, ” você nunca provou sangue humano. . .” Ele parece distraído o
bastante.

“Todos nós cometemos erros, ” movi os ombros.”Estou certo que a esposa de Levi Uley
entende disso tudo muito bem.” Os olhos dele estalaram em surpresa e pura raiva.”O
braço dela está se curando?” Perguntei inocentemente.

Parasita Sanguessuga! Um lobo preto saiu de meio as árvores e me bateu no peito. Eu


olhei para baixo, minha camisa bege estava rasgada em pedaços.

“Você. . . arruinou. . . minha. . . camisa, ” disse quietamente.”Você arruinou minha


camisa, ” eu disse um pouco mais alto.”Você arruinou minha camisa!” Eu gritei
enquanto o observava furioso.

O lobo preto caiu no chão, tremendo e fazendo barulhos estranhos. Olhei enquanto o
lobo se transformou em um homem, quatros patas se transformaramem duas. lPercebi
então, os barulhos eram risadas. A meu entender, maior prova de que lobos eram
instáveis.
“Seus idiotas!” Eu rugi.”Eu não feri um humano e você me ataca por nenhuma razão.
Você quebrou o trato!”

O outro, Quil Ateara, avançou das árvores com um olhar mortal em seu rosto. Levi se
levantou para vestir seus shorts. Ephraim caminhou para frente, enquanto segurava para
cima suas mãos em frente ao outros dois, sinalizando que eles não deveriam avançar. Eu
estava agitado, sabendo que meus olhos estavam negros pela raiva.

“Nós não quebramos o tratado, ” Ephraim disse lentamente.”Isto foi um simples


acidente.”

Eu catei os pedaços rasgados de minha camisa.”Simples acidente, ” eu disse entre os


dentes.

Ele cruzou os braços.”Não acontecerá novamente.”

“Acidente ou tentativa de assassinato?” Eu cuspi.

Ele se eriçou.”Nós manteremos o trato, enquanto seu bando o honrá-lo.”

Por muito tempo, eu pensei comigo mesmo. Afinal de contas, lobos não vivem para
sempre e vampiros sim. Nós viveríamos mais que estes cachorros. Este trato não
significaria nada com o tempo. Com minha nova conclusão, me levantei e olhei
diretamente para o chefe deles em seu olho.

“Isto foi um teste, não foi?” Eu acusei.”Testando meus limites, vendo a que ponto eu
chegaria.”

“Talvez, ” Ephraim admitiu, sua mandíbula se fechando com teimosia. Ainda estou
inseguro se o trato pode ser confiável. . .

“Por que se incomodar a fazer o trato, se você nos odeia tanto?” Eu


questionei.”Claramente seu ódio corre mais profundo, e você amaria nada além de ir
para guerra.”

Como eu também amaria, e tem apenas três deles, nós poderíamos acabar com eles tão
facilmente. Eu poderia trair Carlisle, quebrar a cadeia de comando, e acabar com eles eu
mesmo. Era uma idéia muito tentadora, todo este caso sórdido seria terminado.

Ephraim franziu em desgosto.”Você pensa que sabe tanto.” Eu sabia que sim, eu podia
ouvir seus pensamentos.”Estamos fazendo um favor para seu bando, você deveria ser
grato.” Levi e Quil rosnaram em acordo.

Se eles quisessem, eles poderiam me matar, bem aqui e nesse instante. Mas eles não
queriam, eu podia ver em suas mentes. Tudo que eles queriam era se livrar de nós.
Ainda assim, eles estavam obviamente nos espionando, assistindo a todos nossos
movimentos.

“Estou certo que você estará assistindo, esperando um nós de fazer algum movimento
errado, ” sorri sem sinceridade.
Ephraim sorriu da mesma maneira.”Sempre, ” ele prometeu.

Eu não estava ansioso para voltar pra casa. Eu podia imaginar bem as suposições que
minha família iria fazer. Foi um acidente, eu falei a mim mesmo. Repeti a frase sem fim
em minha cabeça, permitindo que a mentira soasse mais convincente.

“Oh!” Esme exclamou quando caminhei pela porta.”O que aconteceu com você?”

“Foi um acidente, ” eu murmurei. Pelo canto de meu olho vi Carlisle se aproximando.

“O que aconteceu?” ele exigiu.

“Um acidente, ” repeti. Emmett e Rosalie desceram as escadas naquele momento.

“Acidente uma ova, você fede a lobo!” disse Emmett.

Rosalie deu a volta imediamente soltando um alto gritinho, e correndo escada acima.
Então, todos nós ouvimos novamente a água do chuveiro.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 23

Branca Neve

A ironia era realmente chocante.

Tínhamos estado vivendo na área perfeita durante alguns anos. Apesar de que não
completamente em paz. Os lobos estavam sempre lá, em cada passod o caminho. Mas
eles mantiveram o tratado e não houve nunca outro incidente como aquele dia na
floresta. Eles não nos afugentaram.

Minha família e eu mantivemos as nossas mentiras humanas sem defeitos. Nenhum de


nós escorregou, nunca despertamos nenhuma suspeita da nossa identidade verdadeira.
Carlisle continuou com a sua prática médica, Esme era a mãe e esposa devotada,
enquanto Rosalie, Emmett e eu, éramos os adolescentes mais bem-comportados. Nós
não nos afugentamos.

Eram os humanos. Os humanos de outro país tinham decidido jogar uma bomba neste
país e assim, houve guerra. Isto forçou-nos a viver em uma área ainda mais isolada,
longe dos humanos e seus jogos de matança. Nisso está a verdadeira ironia. Apesar de
todas as circunstâncias precárias que nos rodeavam, apesar dos lobos e a nossa façada
humana, um evento histórico que não tinha nada a ver conosco, foi a causa de fugir. Se
não tivéssemos escolhido o nosso estilo de vida, um país partido pela guerra nunca teria
alterado as nossas vidas.

Nos mudamos para Delta Junction, Alasca. Terras neutras, cobertas com fria neve
branca. Era selvagem, mas se ajustava ao nosso objetivo. Adquirimos uma cabana na
borda da floresta. Era um lugar apertado, com todos os cinco de nós. Não havia
absolutamente nenhuma privacidade.

Eu caçava sozinho. . . freqüentemente.

Entretanto a caça naquela área era interessante. Os ursos polares eram um desafio
encantador, o modo que eles ficavam de pé em suas pernas traseiras e rugiam
ameaçadoramente. Me ergui nos meus dedos do pé e rugi de volta. O urso curvou-se
para baixo e rosnou. Me agachei e mostrei os dentes. Então, fui para matar.

Depois de enterrar o cadáver, apoiei-me contra uma grande rocha de gelo. A vantagem
da Tundra era como semelhante a temperatura exterior se parecia à minha própria
temperatura corporal anormalmente fria. Era refrescante e familiar. Era também tedioso
de adormecer a mente.

O vento uivava, abafando qualquer música que eu escutava, bem como o meu tocar do
piano. A leitura de livros era muitas vezes problemática, o papel congelava antes
mesmo que eu tivesse uma chance de virar a página. Se eu pudesse ter passado mais
tempo na cabana aquecida, não teria sido tão ruim. Mas ouvindo vozes de todo mundo
em tal proximidade, era insuportável. A minha única salvação era a Tundra hostil.

Certamente um bonito espécime. . . caçador interessante. . . minhas irmãs amarão vê-


lo. . .

Virei rápido a minha cabeça, em direção à fonte dos pensamentos. Eu não estava
sozinho. Alguém estav próximo o suficiente para eu ouvir sua mente, alguém que não
era humano. E esse alguém estava languidamente encostado em um galho de árvore,
três metros acima de mim.

Uma mulher, com características faciais russas e cabelo longo e grosso cor de branca
neve. Ela sorriu para mim, seus olhos dourados brilhando no sol ártico. A vampira
piscou, depois desapareceu. Eu estava incerto se ela tinha sentimentos doentis a mim,
não senti nada malicioso em seus pensamentos. Os meus olhos lançaram-se para todo
lugar, procurando esta nova vampira.

Senti algo levemente cutucar meu ombro, dei a volta e encontrei-me face a face com a
mulher estranha. Seu sorriso era enorme, me deixou desconfortável. Claramente, eu
estava lidando com uma vampira com experiência muito maior do que a minha.

“Olá, ” ela disse suavemente, forte sotaque europeu, “posso perguntar quem você é?”

Arqueei uma sobrancelha. “Você pode, embora eu possa não responder. Então. . . você
primeiro. ” Um nunca pode ser cauteloso demais.

Ela deu risadinhas. “Sou Irina. Essa é a nossa área de caça. ” Ela abriu os seus braços,
indicando a Tundra. O vento bateu e levantou o nosso cabelo.

“Nossa?” Perguntei.

“O meu clã, ” ela sorriu. “Vivemos aqui, em Denali. ”


Acenei com cabeça. “A minha família e eu residimos em Delta Junction. ” Melhor
indicar que eu não estava completamente sozinho, haviam outros que sentiriam minha
ausência.

“Eu gostaria de conhecer a sua família, jovem, ” ela disse afetado, deslizando um dedo
por meu peito. Repeli sua mão bruscamente.

“Meu nome é Edward Cullen, ” eu disse deliberadamente. “A minha família é forte, não
infringiremos o seu território. Somos uma família pacífica, não queremos nenhum
problema. ”

Para minha surpresa, ela riu.

“Edward Cullen, você é estranho. ” Ela estava me chamando de estranho? “O meu clã
virá conhecer sua família no crepúsculo. Até lá. . . adeus. ” Ela piscou, e correu para
fora de minha vista.

“Carlisle, ” sussurrei alto o bastante para ele ouvir, enquanto eu andava de volta para a
cabana.

O que é, Edward?

“Encontre-me lá fora pelos fundos. Temos de conversar, ” eu disse passando


diretamente pela cabana e porta afora pelos fundos. Não vi o ponto em alarmar os
outros desnecessariamente.

Eu estava andando para frente e para trás pela porta dos fundos quando Carlisle
emergiu.

“Há algum problema?” ele perguntou.

“Não tenho certeza, ” franzi a testa. “Encontrei outra vampira aqui na Alasca. Ela tem
olhos dourados. ”

“Interessante, ” Carlisle murmurou. “Apenas uma?” Talvez ela precisará de nossa


ajuda. . .

Sacudi minha cabeça. “Não, ela disse que o clã dela reside aqui também. Eles virão aqui
ao crepúsculo. ”

Um clã inteiro de vampiros? Os olhos de Carlisle alargaram-se. “Você percebe uma


ameaça?”

“Acho que não, pelo menos não nos pensamentos dela. . . ”

“Algo está obviamente te incomodando, Edward. Diga-me o que é. ”

“Quisera eu saber. ” Retomei meu passo. “Algo sobre ela me deixou muito
desconfortável. ”
Carlisle cruzou os seus braços. “Você sabe o nome dela?”

“Sim, ela é Irina. Ela disse que eles vivem em Denali. ”

Irina. . . Denali. . . poderia ser?

“Ser o que?” Exigi.

“Diga-me, ” ele disse pacientemente, “como era Irina?”

Movi meus ombros. “Cabelo longo, loiro. Olhos dourados. ” Carlisle estava me olhando
de modo estranho, então continuei. “Nos seus pensamentos, ela se referiu a mim como
um ‘espécime’. ”

Carlisle riu baixinho e virou para voltar ao interior da casa. Sei do clã Denali, ouvi
sobre eles pela primeira vez enquanto estava na Itália. Não há nada para se preocupar,
Edward, tudo ficará bem.

Encarei a porta fechada, me perguntando como Carlisle poderia ser tão indiferente sobre
os problemas à mão. Murmurei para mim mesmo, “Que inferno está acontecendo por
aqui?”

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 24

24. Loiro trigo

Eu estava determinado a tornar claro meu desconforto para Carlisle, eu não podia
acreditar que ele iria dispensar meu mal-estar tão facilmente. Marchei cabanda adentro e
fui em direção ao quarto que ele e Esme compartilhavam. Que também servia como
escritório de Carlisle; um cômodo apertado, de fato.

Então, Edward. . .

Parei nos meus calcanhares. Não gostei do tom de voz de Rosalie. “O que você quer,
Rose?”

Ela surgiu de seu quarto, braços cruzados e sorrindo. “Ouvi que você conheceu uma
garota. ”

“Não, conheci uma vampira, ” corrigi.

“Ei, Emmett, ” ela chamou por cima de seu ombro, “Edward conheceu uma garota!”
Uma risadinha flutuou do quarto deles. Bufei e voltei para meu caminho. Rosalie
continuou em sua mente, Ela não deve ser nada atraente, não pode ser mais bonita do
que eu se ele fugiu dela. . .
“Eu não fugi, ” gritei de volta para ela, “ela fugiu de mim!”

Ooh, grande, aterrorizante Edward assustou a garota, ela zombou.

Sem olhar para trás, peguei um abajour e joguei nela. Sua risada me seguiu pelo
corredor.

Edward?

Suspirei. “O que foi, Esme?”

Voce poderia me fazer um favor e cortar um pouco de madeira para a lareira?

“Tudo bem, mas, em um momento, Esme. ”

Por favor, Edward. Gelo se formou por toda uma parede. Estou preocupada com tentar
tirar. Obviamente precisamos de mais calor aqui.

“Tenho certeza de que isso pode esperar alguns minutos, nesse momento eu preciso
discutir algo com Carlisle. . . ”

Por favor, Edward?

Suspirei novamente. “Está bem, vou pegar sua madeira. ” Eu não podia ser rude com
Esme, nem podia negá-la auxÌlio. Virei e fui novamente para fora.

Como qualquer cabana ma selva, tÌnhamos as ferramentas e amenidades apropriadas.


Um bloco para cortar madeira e um machado estavam posicionados bem do lado de fora
da porta dos fundos. Claro, estes eram apenas enfeites, caso acontecesse de algum
humano desafortunado cruzar com essa cabana cheia de vampiros. Eu arranquei uma
tora de uma enorme pilha e o parti em pedaços limpos.

Edward?

“Sim, Carlisle?” parti outra tora.

Agradeço sua paciência. Bufei quietamente. Preciso olhar em alguns livros antes de
poder fornecer mais informação.

Curiouso, pensei. “Você nota uma ameaça, Carlisle?”

Ele riu. Claro que não, Edward. Apenas me dê alguns momentos e discutiremos isso
mais a fundo.

Murchei em frustração. Parti a próxima tora no meio. Entre as duas metades em minhas
mãos, ali estava outra vampira. Ela tinha um rosto redondo, mas feições semelhantes as
de Irina. Seu cabelo loiro cor de trigo alcançava seus joelhos. Ela sorriu atraentemente,
acenando com os dedos. Meus olhos se estreitaram.

“Minha irmã não estava exagerando, ” ela disse docemente, “Você é um belo garoto. ”
Eu a ignorei, recusava-me a entrar em seus jogos, quaisquer que fossem.

“Meu nome é Katrina, mas você pode me chamar de Kate. ” Ela sorriu brilhantemente.

“Meu nome é Edward, ” eu disse em tom entediado, “você pode me chamar de. . .
Edward. ”

Seu sorriso cintilou. “Que delicioso, ” ela exclamou, “um verdadeiro desafio. ”

O verdadeiro desafio era sua mente, que era demasiada simples. Seus pensamentos não
revelavam nada para mim, além daquele mesmo desconforto que também senti com
Irina. Eu não iria tão longe a dizer que ela era densa, apenas que era muito direta em
seus pensamentos.

Decidi mudar meu próprio plano de jogo um pouco, ao invés de permitir que a agitação
tirasse o melhor de mim. Era hora de jogar a carta da diplomacia.

“Perdoe-me Kate, ” disse sinceramente, “mas tenho tarefas as quais devo atender.
Minha mãe necessita de lenha e eu não posso me distrair. ”

“Claro, ” ela deu uma risadinha. “Que garoto tão bonzinho você é. ”

Eu fiz menção de olhar e bufar à ela, mas nesse momento ela já havia desaparecido.

“Carlisle!” gritei assim que entrei na cabana, carregando uma volumosa pilha de
madeira.

O que foi, Edward?

“Acabei de encontrar mais um membro do clã de Denali, Katrina, ” resmunguei.

“Nossa, você está popular hoje, ” Rosalie disse maliciosamente. Virei e encarei. Ela
ergueu uma sobrancelha para o carregamento que eu segurava. “Você cortou bastante
madeira, Edward. Está se sentindo frustrado?” ela riu afetadamente.

“Isso não é engraçado, Rosalie, ” disse ferozmente.

“Ah, mas é sim, ” ela sorriu largamente. “O Insociável Edward continua fugindo de
todas as garotas. ” Com aquilo, joguei a pilha que estava em meus braços. Logo ela
estava enterrada em pedaços de madeira.

“Edward!” Esme corrigiu-me ao entrar.

“Desculpe-me, Esme, mas isso está cada vez mais irritante. Isso é sério. Estas não são
vampiras normais. Há algo errado. ” Ela ergueu as sobrancelhas em surpresa.

“Não há nada de errado, Edward, ” Carlisle gargalhou da porta.

“O que você não está me dizendo?” olhei severamente.


“Aro mencionou as três irmãs enquanto estive na Itália, ” ele começou. “Elas são as
originais por detrás dos mitos sobre os sucubos. ” vi Esme e Rosalie visivelmente
enrijecerem pelo canto do meu olho. “Não há preocupações, ” ele adicionou
rapidamente. “Elas começaram a sentir remorso por suas presas e desde então adotaram
um estilo de vida pacÌfico. ”

“Pacífico como?” Esme perguntou.

“Elas não caçam mais humanos, apenas animais, ” explicou Carlilse.

“Mas, elas ainda são. . . ?” Rosalie tagarelou sugestivamente. Emmett apareceu atrás
dela e deslizou um braço ao redor de sua cintura.

“Nada poderia me separar do meu anjo, ” Emmett murmurou no ouvido dela.

“Elas não se comportam mais como sucubos, ” Carlisle adicionou. Mas elas ainda
gostam de homens. Ergui uma sobrancelha. Carlisle moveu os ombros. “Elas realmente
vivem bem pacificamente agora. ” Nunca se sabe, filho, você pode gostar de uma delas.
..

“Carlisle, ” avisei, “já tivemos essa conversa. ”

“De acordo, ” Carlisle acenou. “Contudo, ” ele direcionou toda a famÌlia, “quero que
cada um de vocês mantenha uma mente aberta quando elas visitarem. Independente de
seu passado, elas mudaram seus modos. Elas são mais como nós do que vocês possam
imaginar. ”

“Mente aberta?” perguntei incrédulo. “Claramente, elas tem tentado me seduzir!”

Talvez ele finalmente conheça alguém. Os pensamentos de Esme eram orgulhosos.

Hmpf, ninguém poderia seduzir Emmett como eu posso. Rosalie estava sendo vaidosa,
como sempre.

Apenas mantenha uma mente aberta, Edward, por favor, Carlisle pediu.

Terrivelmente engraçado ver Edward apurado assim, Emmett sorriu largamente.

Olhei para cada membro da minha famÌlia. Então, murmurei uma linha de xingamentos
sob meu fôlego, marchei para meu quarto e fechei a porta. Com força.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 25

25. Sedas de muitas cores


Eu nem ia me incomodar em ligar o meu rádio. Aparentemente, tempo de guerra para os
humanos significava que a música country fosse mais popular. Eu tremi. Decedi por
minha coleção de discos. Música de salão, talvez. Jazz, tinha potencial. Tchaikovsky,
ah, sim. Música clássica era o curativo tranquilizante perfeito para mim no momento.
Coloquei o vinil no tocador e esperei que a calma se espalhasse por mim.

O que não aconteceu.

Eles estavam conversando, rindo e pensando alto demais. Eu deitei no chão e fechei
meus olhos. Era inacreditável o modo como minha família estava agindo, tratando esse
clã de vampiros como se eles fossem velhos amigos. Pressionei minhas palmas contra
os ouvidos. A única coisa que isso conseguiu foi deixar os pensamentos deles ainda
mais altos. Eu gemi em frustração.

Houve uma batida educada na porta. A ignorei. Sem duvida era Rosalie vindo para tirar
sarro de mim, mais uma vez, por me esconder das fêmeas.

“Edward, posso entrar, por favor?” Era Esme. Ela parecia magoada. Me chutei
mentalmente por causa dor emocional a minha mãe.

“Sim, pode entrar, ” disse calmamente.

Esme entrou no quarto, fechando a porta gentilmente. Ela me lançou um olhar


preocupado, e então se deitou ao meu lado. Encaramos o teto por um momento.

“Eles são adoráveis, Edward, ” ela começou.”Carmen e seu companheiro, Eleazar, são
maravilhosos. Eu realmente acho que você iria gostar deles.”

“Tem um macho no clã?” eu perguntei, surpreso.

“Sim.” ela riu.

“Oh, presumi que todas as cinco eram irmãs…”

Ela riu de novo.”Realmente não é dessa forma. Carlisle estava certo, eles vivem
pacificamente agora.”

“Hmm.” eu respondi.

“Tanya estava comentando sobre o seu gosto fantástico para música. Ela disse que a
Sinfonia n. 6 é uma das preferidas dela.” Ela se levantou, me olhando
especulativamente.”Por favor, se junte a nós, Edward. Estamos passando um prazeiroso
tempo com eles. Todos iríamos adorar sua companhia.”

Talvez eu estivesse julgando demais. Mesmo assim, continuava sendo minha a decisão
de com quem dividir minha companhia. Eu ainda estava irritado com Carlisle por
pensar que a Rosalie poderia ser minha companheira. Percebi que ele tinha a melhor das
intenções em mente, e não o culpava por isso. Apenas não conseguia entender porquê
toda a minha família estava tentando tomar essa decisão por mim. Talvez eu devesse
deixar minha opinião mais clara, porque esconder no meu quarto certamente não era tão
claro assim.

“Certo, Esme, ” eu desisti.”Vamos conhecer o clã de Denali.”

Eles estavam espalhados no gramado coberto de neve na frente da cabana, meio


deitados em um cobertor vermelho e grosso. Minha família estava sentada com eles.
Cada membro do clã usava roupas estranhas, sedas de várias cores. Era como olhar um
desfile étnico. Me perguntei se essas eram suas roupas do dia-a-dia, ou apenas um show.
Minhas suspeitas voltaram. Eu parei na beirada do cobertor e cruzei meu braços.

“Muito obrigado por se juntar a nós.” Carlisle sorriu. Eu sei que isso foi difícil para
você, filho. Agradeço seus esforços. Acenei uma vez.

Ele se voltou para os nossos convidados.”Você já conheceu Kate e Irina, ” Kate


balançou seus dedos e Irina moveu a cabeça, um sorriso dissimulado aparencendo em
seus lábios. “Esses são Carmen e Eleazar.” Ele gesticulou para o casal espanhol que
estava sentado próximo, de mãos dadas. O sorriso deles era amigável. Eu também
acenei.”E essa é a Tanya.”

Tanya sorriu para mim, mostrando seus dentes brancos. Mesmo sentada, eu podia ver
que ela era alta. Ela sentava com as pernas esticadas, seus tornozelos cruzados. Ela era
absolutamente maravilhosa. E loira com cabelo avermelhado tom de morango. Contive
a vontade de revirar os olhos. Pelo amor de Deus, todas essas loiras. Acenei para ela e
me sentei do outro lado do cobertor.

“Permita-me me desculpar, Edward.” Seu sorriso aberto me fez acreditar que desculpas
não eram sinceras.”Minhas irmãs e eu temos velhos hábitos. Gostamos da companhia de
homens, mas não tivemos a menor intenção de deixá-lo desconfortável.” Hmm, é
possível, mas eu ainda tinha minhas suspeitas.

“Não pudemos evitar de admirar sua beleza.” Kate deu uma risadinha.

“Você é um homem muito belo, Edward.” Irina elogiou.

Estava tendo difículdades em responder apropriadamente porque rapidamente eu estava


sendo bombardeado com os pensamentos de nove vampiros. Seus pensamentos se
misturavam, o que tornou virtualmente impossível concentrar. Apertei a ponta do meu
nariz e fechei os olhos. Tudo o que podia fazer era concentrar em minha respiração.
Desnecessário, claro, mas pelo menos era algo a mais para me concentrar. Não
adiantou. Me levantei rapidamente.

“Indo a algum lugar, Edward?” Tanya perguntou disfarçadamente.

“Preciso de um pouco de paz e tranquilidade, ” eu disse secamente, e fui embora. Atrás


de mim, ouvi Tanya continuar, com um tom confuso.

“Perdão, eu não quis ofendê-lo com nossa natureza jovial.”

Carlisle suspirou. “Edward muitas vezes necessita de um tipo diferente de paz.”


“Entendo.” Ela disse.

Corri para a floresta, deixando que a velocidade e liberdade me tomassem. Achei uma
clareira pequena e me sentei. As estrelas tinham apenas acabado de aparecer no céu
escuro, elas espiavam pelos altos topos das árvores.

Edward… você pode me ouvir?

Revirei meus olhos.”Sim, Tanya, alto e claro.” Eu não me importava muito, os


pensamentos de apenas uma pessoa eram muito mais fáceis de lidar. E a voz da Tanya
agora estava vazia de qualquer sinal de brincadeira. Ela parecia realmente arrependida.
Decidi não culpá-la. Afinal, ela era uma estranha que eu mal conhecia. Sem duvida eu
era o culpado pelo clima de hostilidade que estava sentindo.

“Sinto muito mesmo, ” ela sussurrou enquanto se sentava ao meu lado.”Carlisle


explicou o seu dom e como pode ser problemático para você às vezes.

Eu resmunguei.”Isso é o mínimo que pode ser.”

“Minha irmã, Kate, e Eleazar também tem talentos parecidos com o seu. Realmente
entendo que pode ser difícil.”

“Eles escutam vozes em suas cabeças e tem pessoas ao redor que acham que eles tem
problemas mentais?” Sorri fracamente.

“Não muito, ” ela riu.”Deve ser difícil para você, ser o único na sua família que tem
esse tipo de dom.”

“Os outros têm dons também.” Eu defendi.

“É claro, ” ela disse rapidamente.”Mas nenhum que permita que ouçam vozes em suas
mentes e levem terceiros a questionarem suas sanidade.” Nós rimos.

Voltei a encarar o céu.”Você está fazendo um belo trabalho em bloquear seus


pensamentos de mim.”

“Eu achei, ” ela franziu a testa, “que isso faria mais fácil para você, não?”

“Nem tanto, ” eu disse.”Estou acostumado a me comunicar tanto com palavras como


com pensamentos. É assim que eu sou, assim que tenho sido desde o meu novo
nascimento. Embora nove mentes de uma vez podem ser um pouco demais.”

“Entendo, ” ela respondeu.”Para aqueles que não têm tais dons, pareceria…
complicado. Mas isso vem naturalmente para você, não é?”

“Sim… tão natural como essa vida pode ser.”

“Bem, ” ela sorriu, “também tem esse lado.”


Sorrimos um para o outro. Era entranho encontrar que um certo entendimento estava
crescendo entre nós. Tanya parecia a irmã que eu teria escolhido. O tipo de irmã que
apoiava o jeito que eu sentia quanto a minha existência, ao invés de alguém comsumido
pela vaidade.

Naquela hora, não percebi nenhum motivo a mais vindo da Tanya. Estava enganado.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 26

26. Morango

O tempo que passamos no Alasca foi bastante agradável. Estávamos longe da pressão
da máscara de humanos e passando tempo com vampiros que compreendiam
perfeitamente o estilo de vida que escolhemos. O tédio do deserto ártico foi logo
substituído por uma atmosfera de uma família extendida.

Eu nunca fui muito próximo com Kate e Irina durante esses anos. Eu não tinha maus
sentimentos para com elas, mas o meu desconforto nunca diminuíu quando eu estava
perto delas. Tanya e eu, por outro lado, muitas vezes íamos a passeios ou viagens de
caça, só nós dois. Conversar com ela era fácil, ela se tornou uma espécie de confidente.
Minhas suspeitas sobre o clã desapareceram completamente e cheguei a considerá-los
da mesma forma que a minha família fazia: velhos amigos.

Numa caçada em particular, Tanya e eu achamos uma matilha de lobos árticos um tanto
grande. Foi um grande banquete. Nos sentamos em uma caverna perto, conversando
calmamente.

Quantos anos você tinha quando foi transformado?

“Dezessete”, respondi automaticamente.

Ela balançou a cabeça: “Eu tinha dezenove. . . quase há mil anos atrás. ”.

“Hmm”, aquilo não era nenhuma informação nova, então não me surpreendeu
realmente.

“Eu era uma escrava e era boa para o meu mestre. ”, ela respondeu. Como fui boa para
muitos homens depois que fui transformada.

Eu olhei para ela com curiosidade, pensando se ela queria que eu conhecesse o seu
passado. Então, ela abriu a sua mente. Vi homens de todos os cantos da vida serem
amados por ela. Ela os seduziu, os trouxe de bom grado para a sua cama. E matou cada
um deles.

“Você gostava de brincar com a sua comida?”, provoquei.


Ela olhou para baixo para suas mãos.”Essa era a maneira como nós caçávamos. Nós
amávamos os homens e de boa vontade eles morriam pelo amor que nós dávamos a
eles. Mas, como minhas irmãs, eu comecei a desenvolver simpatia para com a minha
presa e não podia continuar.”

“Bem, isso eu realmente entendo.” Embora eu não aprovasse a sua forma anterior de
caça, eu entendia simpatia.

Sério? Como você pode entender?

Dei de ombros casualmente. “Eu fiquei por aí sozinho por algum tempo. ”

“Você matou inocentes?”, sua voz aumentou uma oitava.

Balancei a cabeça.”Me tornei um assassino de outros assassinos menores. Eu acreditava


que se eu matasse homens que tivessem matado, ou que estavam prestes a matar, meus
atos seriam justificados.”

“E eles foram?” O que o levou a voltar para Carlisle?

Eu me endureci, não disposto a discutir detalhes, mesmo com Tanya.”Pelas mesmas


razões porque você parou, eu imagino. A tomada da vida humana se tornou demais.”

Ela deslizou para mais perto uma fração de uma polegada.”Você não respondeu à minha
primeira pergunta. Os seus atos foram justificados?”

“Não”, sussurrei, em seguida suspirei.”Sempre, em retrospecto, não é?”

“Sim, a verdade muitas vezes não pode ser revelada . . . até que seja tarde demais”, ela
sorriu.

Era bom ser bem entendido assim por outro vampiro. Pelo menos eu pensei que era
entendido.

Então o ano de 1945 foi se desenrolando e a guerra dos humanos tinha terminado. Era
hora de voltar à nossa fachada humana. Me peguei ansioso pela oportunidade de provar
ao meu pai que eu poderia ser melhor do que aquilo que eu tinha sido. Tanya me ajudou
a colocar meus pertences nas malas em meu quarto, na noite antes de partirmos, e eu
expliquei meus planos para ela.

“Eu posso nunca ser capaz de lidar com o sangue como Carlisle consegue, ” eu disse,
“mas eu gostaria de tentar. Estou pensando em voltar para faculdade de medicina”.

“Essa é uma ambição fantástica”, disse ela com ligeira admiração.”Eu nunca vou
entender como Carlisle consegue fazer isso.”

“Sim, o autocontrole dele é fenomenal”, eu disse calmamente.


“Oh, não se preocupe”, ela riu, dando um tapinha no meu ombro.”Eu tenho certeza de
que você terá a oportunidade de provar a si mesmo. Você irá se sair brilhantemente
bem, eu tenho certeza.”

“Obrigado, Tanya, só posso ter esperança.”

“Você pode fazer melhor do que ter esperança, Edward, eu sei que você pode.” Ela
deslizou para mais perto, passando um braço em torno de minha cintura.

“Eu aprecio o seu entusiasmo.”, franzi enquanto tentei me desvencilhar. Fiquei


pensando sobre a súbita afeição. Ela nunca se atreveu a ser tão atirada antes. Ela não me
soltava.

“Edward, você não acha que é hora de nos tornarmos mais próximos?”

Virei minha cara amarrada para ela.”Eu não entendo o que você está dizendo, Tanya.”

“Oh, vamos lá, ” ela suspirou ofendida.”Passamos quatro anos juntos. Tenho sido muito
paciente com você. ”

Eu pisquei.”Você quer dizer, todo este tempo, a sua amizade era apenas uma farsa?”

Ela fez um pequeno ruído de dor e se sentou no chão.”Eu nunca tentei te seduzir”, disse
ela tristemente, “ou te levar para a cama. Eu estava apenas tentando te conhecer, me
abrir para você. Eu tinha esperanças. . . de que um dia . . . você faria o mesmo por
mim.”

Eu me agachei e peguei suas mãos nas minhas.”Tanya, eu não quero uma companheira,
eu tenho sido muito honesto com você sobre esse assunto.”

“Não sou linda o suficiente?”, ela perguntou com tristeza.

“Claro que você é, ” eu disse sinceramente. “Tal como uma pintura ou um pôr do
sol . . . . . . ou uma irmã . . . ”

“Você não me ama”, ela disse suavemente e eu poderia quase sentir o gosto da dor nas
suas palavras.

Ambos sabíamos que ela não estava se referindo ao tipo de amor que se sente por um
membro da família. Eu soltei suas mãos, me sentei novamente e fechei meus
olhos.”Sinto muito, mas eu não te amo.”

“A mim?”, ela sussurrou.”Ou será que você não consegue amar a si mesmo?”

Eu não respondi e mantive os olhos fechados. Senti uma brisa e rapidamente abri meus
olhos. A última coisa que eu vi foi uma madeixa de cabelos loiros avermelhados
desaparecendo.

Na manhã seguinte, nosso último dia no Alasca, fui cumprimentado por Carlisle. Em
suas mãos estava uma folha de papel dobrado. Ela me deu isso lá fora um momento
atrás, ele pensou para mim, Ela queria que você tivesse isso. Eu balancei a cabeça e
peguei o papel de suas mãos. Ele sorriu com simpatia e depois saiu para ajudar a família
a carregar o caminhão.

Abri o papel cuidadosamente e vi a letra firme de Tanya.

Bem, te perdi; e te perdi justamente;

Da minha própria maneira, e com meu pleno consentir.

Diga o que quiseres, reis condenados raramente

Foram para suas mortes mais orgulhosos do que este esteve a ir.

Algumas noites de apreensão e quente chorar

Confessarei, mas isso é permitido a mim;

O dia secou os meus olhos, não fui feita para ser aprisionada

Enfurnada em uma gaiola, uma asa que seria livre.

Se te amado menos tivesse, ou enganado-te furtivamente

Por um verão a mais poderia ter te prendido,

Mas ao custo de palavras que me são muitos queridas,

E nenhum verão tal como o antes vivido.

Se eu sobreviver a esta angústia – e os homens sobrevivem-

Terei apenas o bem para falar de você.

Seja livre, Edward.

Tanya

Entendi, então, o que ela estava fazendo por mim. Não havia nenhuma dúvida em minha
mente de que eu a havia feito se sentir completamente rejeitada, mas ainda assim, ela
me deu o melhor presente que ela poderia me dar. Ela estava me deixando ir.

**Nota da autora:

O poema utilizado é “Bem, eu te perdi” de Edna St. Vincent Millay, 1931.


Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 27

27. Olhos Vermelhos

Passei meses calmamente contemplando uma explicação racional para a minha rejeição
a Tanya. Então ela veio: eu era egoísta – até o fundo. Tudo com o que me preocupava
eram as minhas próprias ambições, o que não deixava nenhum espaço em minha vida
para uma companheira. Eu não pensava mal de minhas ações então, era para o melhor.
Ninguém deveria estar envolvido com uma criatura tão egoísta como eu.

Tão egoísta eu era, que discuti com Carlisle sobre a nossa seguinte locação. Eu queria
voltar a Hoquiam, ou algum lugar na Península de Olympic. Ele sentia que era muito
cedo desde a nossa última estadia. Ele tinha razão, é claro. E o mais importante, ele
estava mantendo os meus melhores interesses em mente. Ele e Esme tinham encontrado
uma casa localizada entre Lebanon e Enfield, em New Hampshire. Estava
convenientemente perto de Dartmouth, o lugar perfeito para mim, para que eu atendesse
a faculdade de medicina.

Por mais agradecido que eu estivesse com o cuidado dos meus pais, sentia mais culpa
do que gratidão. E Rosalie muitas vezes me lembrava daquela culpa através de seus
pensamentos, me acusando de ser uma criança mimada. Jurei de provar que ela estava
errada, comprovar o meu valor.

Todos os dias ia para a faculdade escola pontualmente. Era o melhor aluno e os


professores adoravam o meu trabalho. Realmente não era tanto um desafio. Já naquele
tempo, eu estava acostumado ao tédio da faculdade e aturava silenciosamente. O meu
único alívio era o tempo que passava no fim do dia de faculdade com Carlisle,
compartilhando o meu conhecimento recentemente adquirido.

“Como vocês podem ver deste corpo, ” o meu professor falou de forma monótona, “o
fígado foi pesadamente danificado. ” Ele cutucou o órgão morto e sangue escoou. Olhei
para longe, cortando o ar nos meus pulmões. Os meus colegas de classe estavam
fazendo o mesmo, por outras razões. Um colega correu da sala em velocidade humana
máxima. Podia ouvi-lo vomitando no corredor. Tive de zombar. Eles pensam que
náusea é um fardo terrível… eles não tinham nenhuma idéia.

E assim foi, dia após dia após dia. Tolerando o cheiro enlouquecedor de sangue
humano, os meus olhos eram preto como carvão quase todo o tempo. Minha família me
tratava como uma dinamite ambulante. Eu estava mal-humorado e propenso à explodir
sem motivo. Só Carlisle entendia o meu sacrifício.

“Faz dois anos desde que comecei a faculdade de medicina, ” sentei-me no escritório de
Carlisle, os outros tinham ido caçar.

“Você não está sob nenhuma obrigação, Edward, ” ele disse amavelmente. “Você não
tem de fazer isso. ”
“Mas eu quero, ” objetei. “Posso fazer isso, posso terminar a faculdade, posso… ”

Ele ergueu suas mãos. “Mas você não tem obrigação. ”

Suspirei. “Como você conseguiu terminar a faculdade de medicina?”

“Pela maior parte estudei de longe, ” ele sorriu timidamente. “Claro, agora venho
praticando sem uma licença legal. ”

Rimos. Cada vez que nos mudávamos não só tínhamos de forjar certidões de
nascimento, como também tínhamos de forjar uma licença médica para Carlisle.

“Memorizei milhares de livros, ” ele explicou. Você poderia fazer o mesmo, Edward,
não pensarei menos de você.

Eu franzi. “E sua resistência a sangue?”

“Anos e anos de prática, ” ele sorriu.

“Depois que o topo do crânio é cortado, ” o meu professor ainda falava monotonamente,
“separamos o cérebro da caixa craniana com muito cuidado. ” Ele enfiou um escalpelo
dentro do crânio aberto. “Ah… droga, ” ele resmungou enquanto sangue jorrava na sua
roupa. Os meus colegas de classe riram. Eu não podia me mover, não podia fazer algum
som. Sangue gotejava pela frente do jaleco do meu professor. A minha garganta
queimou e meu estômago se retorceu em nós dolorosos.

Dia após dia após dia…

Fiquei surpreso ao encontrar a casa vazia um dia, depois de voltar da faculdade. Eu


sabia que Carlisle ainda estava no hospital. Lembrei que Esme e Rosalie falavam sobre
uma viagem de compras. Mas onde estava Emmett? Oh Deus… Emmett…

Eles irão me odiar… eles irão me jogar para fora da família… eles nunca irão me
perdoar…

Andei cuidadosamente escada acima e para dentro do banheiro que Emmett e Rosalie
dividiam. Lentamente deslizei as cortinas do chuveiro. Encontrei Emmett lá, sentado
embaixo da água corrente, os seus joelhos erguidos até o seu peito, seu rosto enterrado
nas suas pernas. Sua roupa ensopada com a água, parecia que ele esteve sentado lá há
algum tempo. Ele se balançava para frente e para trás enquanto continuava sua
lamentação mental.

Rose irá me deixar… Perderei o meu doce anjo… Carlisle irá me matar… e Edward…
Oh Deus Edward me ajude!

Agachei-me e coloquei uma mão no seu ombro, na esperanças de confortá-lo. Ele se


quebrou em soluços. Então ele olhou para cima e me olhou. Prendi minha respiração e o
encarei em choque. Seus olhos eram vermelho brilhante. Retirei minha mão.

“O que você fez?” Exigi em um áspero sussurro.


“Não pude parar, ” ele chorou, “tive de fazer, não pude me fazer parar, eu nem queria
parar!”

Franzi a testa. “Quantos?”

“Dois… ou três, ” ele sussurrou. Talvez quatro.

“Talvez?!” Gritei. Ele se jogou em mim e agarrou o colarinho da minha camisa com
ambas as mãos. Seu rosto estava selvagem pelo medo.

“Por favor, Edward, me ajude, ” ele suplicou. “Juro que nunca acontecerá novamente.
Havia dois deles, uma fêmea e sua mãe. O cheiro era forte demais. Não pude parar em
somente dois. Sinto tanto! Por favor! Nunca mais acontecerá novamente!” O meu
colarinho começou a rasgar na costura.

“Tudo bem, ” eu disse lentamente, colocando minhas mãos nos seus ombros. “Não é o
minha área. Você deve falar com Carlisle sobre iisso. Ele saberá o que fazer. ”

Ele baixou a cabeça em vergonha. “Ele irá me perdoar?”

“Bem… ele suportou o meu comportamento rebelde. Ele me perdoou no segundo que
voltei. Tenho certeza que você ficará bem. ” Ele sorriu tristemente.

“Eu a amo tanto. Eu a desapontei, ” ele sussurrou.

“Rosalie precisa de você tanto quanto você precisa dela. Ela te perdoará também. Nós
todos iremos. ”

“O que fazemos agora?” Suas sobrancelhas juntas com preocupação.

Pensei rapidamente. “Teremos de nos mudar, começar tudo novamente. ” Ele


concordou com sua cabeça, ainda tremendo pelo o que passou.

Era um pouco irônico. Aqui estávamos, nos preocupando com minhas próprias
experiências com a faculdade de medicina, Emmett sendo aquele que precisava de nossa
atenção. A ironia parecia ser um tema recorrente na minha existência. Ou talvez, essa é
somente a natureza de um vampiro.

Verdade seja dita, o deslize de Emmett era uma desculpa conveniente. Eu não podia
lidar mais com a faculdade de medicina, e essa era a oportunidade ideal de escapar de
todo os cadáveres sangrentos. Poderíamos ter ficado, limpar a desordem que ele deixou
para trás, ninguém saberia. Mas incitei a família a se mudar para uma locação diferente
por um tempo. Por que? Porque eu era egoísta. E ser egoísta era muito mais fácil do que
admitir a minha fraqueza.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 28


A de espetadinhos negros e o cicatrizado

“Ah ha!” Emmet disse alegre.”São duas em três. Quer tentar quatro de cinco?”, ele
sorriu largamente.

Eu sorri enquanto me levantava, limpanVerde, do os detritos do solo da floresta das


minhas roupas. Estava começando a se tornar cansativamente repetitivo. Durante o
restante da década, tínhamos passado tanto tempo adulando Emmett, garantindo que ele
não iria sair da linha de novo – por assim dizer. Eu o levei frequentemente a viagens de
caça, ajudando-o a criar resistência novamente. E, claro, depois que terminávamos a
caça, ele me desafiava para uma luta.

Ao menos, sentia que o estávamos mimando demais. Não estávamos realmente, cada
um de nós continuou com os nossos assuntos habituais. Nos mudamos para Buffalo,
Nova York. Carlisle continuou a sua prática médica, Esme dedicou-se à renovação de
uma casa e Rosalie … bem … todos nós conhecemos Rosalie.

No entanto, essas lutas teriam de acabar em algum ponto.

“Vamos, Emmett, ” eu disse, “estamos fora já por bastante tempo. Temos de voltar para
casa.”

Ele cruzou os braços.”Você está tirando o corpo fora do desafio?”

Eu suspirei.”Você só terá que esperar até à próxima vez. Prometemos a Esme que
iríamos ajudar a remodelar o porão, lembra?”

“Claro que me lembro”, ele bufou.”Tudo bem, seja um desmancha prazer.” Então um
ímpio malicioso cintilou em seus olhos.”Aposto uma corrida de volta!”, e ele decolou.

Eu sorri, dando a ele uma pequena vantagem. Afinal, eu era mais rápido, ele nunca
ganharia essa. Contei até cinco e depois disparei pela floresta.

Parei abruptamente quando alcancei a casa. Algo não estava certo. Emmett chegou
rapidamente e continuou correndo. Parei-o com uma mão sobre o seu peito, nunca
tirando meus olhos da nossa casa.

“Você dá a volta pelos fundos.”, sussurrei rapidamente “verifique Esme e Rosalie.” Um


milhão de perguntas surgiram em sua mente então eu apressadamente acrescentei:
“Apenas confie em mim.” Ele balançou a cabeça e caminhou bem quieto rumo a porta
de trás.

Lentamente fiz meu caminho pela porta da frente, nunca fazendo nenhum som. Me virei
e, de repente, havia um alto vampiro em pé no meio da sala. Ele me encarou, olhos
arregalados. Eu avaliei sua aparência em um mili-segundo, seus braços eram cobertos
com cicatrizes de batalha. Imediatamente me agachei e rosnei. Ele imitou a minha
postura, rosnados irrompendo dele. Ele se inclinou para a esquerda, eu acompanhei o
movimento perfeitamente. Nos encaramos fixamente, nos lançando um ao outro
repetidas vezes, sem que nenhum de nós pegasse o outro com sucesso.

De repente, ouvi uma educada tosse à minha direita. Rapidamente lancei os olhos nessa
direção e vi um Carlisle parecendo um pouco envergonhado.

“Este é Jasper Whitlock”, ele anunciou.”Ele e sua companheira chegaram hoje mais
cedo. Eles querem se juntar à nossa família.” Eles querem seguir nossos caminhos,
filho.

“Oh… Peço desculpas”, eu disse a este Jasper Whitlock.”Eu não tinha percebido…”

Ele também se endireitou e disse: “Nenhum dano causado. Na verdade foi muito
divertido”, ele sorriu.”Talvez em alguma outra hora você possa me mostrar seus
movimentos.”

Eu sorri de volta.”Você está me desafiando?”

“Qualquer hora em que você estiver pronto”, ele riu descontraidamente.

Esme e Emmett entraram nesse momento. Ele também estava parecendo um pouco
envergonhado. Esme tinha uma sobrancelha levantada. Ela olhou brava para Jasper e
depois de volta para mim.

“Não acontecerá novamente, mãe, ” eu sorri. Ela revirou seus olhos e saiu.

“Ei Emmett, eu acho que temos um novo parceiro de brincadeiras para você.” Eu
balancei a cabeça na direção de Jasper.”Ele está desesperado por um novo oponente de
luta.”

“Seria um prazer para mim, ” Jasper sorriu. Ele andou rumo à Emmett e lhe deu um
amigável aperto de mão.

“Huh, ” Emmett disse, “É um aperto decente que você tem aí. Afim de se juntar a mim
no quintal?”

“Me mostre o caminho, ” Jasper sinalizou.

Mas antes de que qualquer um pudesse se mover, antes que pudéssemos piscar, uma
pequena menina veio pulando pelas escadas como um raio. Ela parou na minha frente
de uma vez, saltitando de emoção. Ela tinha o cabelo curto, preto, espetado e um
enorme sorriso.

“Oh meu Deus, Edward”, ela tagarelou em alta velocidade “É tão bom finalmente
conhecê-lo!” Ela deu um salto e desarrumou meu cabelo.”Eu tenho esperado tanto
tempo, eu não posso acreditar que finalmente estamos aqui. Na verdade eu posso
acreditar, mas ainda assim é tão maravilhoso. Não acha? Ah, eu sei que nós seremos os
melhores irmãos que existem!” Esta pequenina aberração jogou seus braços em torno de
minha cintura e me apertou forte. Em seguida ela voou rapidamente escada acima de
novo, rindo por todo o caminho.
“Uh … aquela … hmm …” Eu gaguejei, me sentindo profundamente atordoado.

“Aquela”, disse Carlise calmamente, “era Alice, a companheira de Jasper”.

“Ela tem muita energia”, Jasper sorriu.

“Eu percebi.” disse o óbvio.

“Ouça”, ele começou, “desculpe sobre anteriormente”.

Balancei a cabeça.”Está tudo bem, minha culpa, realmente. Eu não deveria ter me
precipitado daquele jeito.”

“Não”, ele retrucou, “A culpa é minha. Eu deixei minhas emoções saírem de controle”.
Levantei as sobrancelhas.

“Jasper e Alice tem dons especiais.”, Carlisle explicou, “Como você. Tenho certeza que
você pode entender isso, Edward, como é difícil lidar em ter um dom”. Balancei a
cabeça, é claro que eu entendia. Então me voltei para Jasper.

“Qual é o seu dom?”, perguntei educadamente.

Ele olhou para baixo, parecendo embaraçado.”Tenho o dom da empatia. Posso sentir e
controlar emoções.”

“Interessante, sua mente parece ser bastante focada em emoções também.” Ele olhou
para cima surpreso.”Fiquei me perguntando por que sua mente parecia livre de
palavras”. Eu sorri enquanto tocava minha testa com ponta dos dedos.”Eu posso ler
mentes.”

Ele riu.”Isso vai ser muito interessante.”

“Uma luta seria mais interessante, ” Emmett murmurou.

Nós rimos, então Carlisle disse, “Eu gostaria de assistir, se vocês não se importam”.
Eles sorriram e avançaram para o quintal.

Eu estava sorrindo para mim mesmo enquanto caminhava para o meu quarto, então meu
sorriso começou a se desaparecer. Estranho como parecíamos aceitar esses recém-
chegados tão rápido. Eu deveria ter sido cauteloso, mas não fui. Me senti estranhamente
em paz na presença de Jasper. Então, um pensamento me atingiu… ele controla
emoções. Gostaria de ter passado mais tempo com este pensamento, mas eu tinha
chegado ao meu quarto. Ou, o que costumava ser o meu quarto…

“Alice”, cumprimentei com um franzido. Ela parecia estar mexendo em uma enorme
pilha de roupas. Ela olhou para cima e acenou entusiasmadamente.”Errr … onde estão
minhas coisas?”

“Elas estão na garagem”, ela sorriu, então voltou a se concentrar na roupa.


Aparentemente, eu agora estava vivendo na garagem.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 29

29 – Chuva Cinza

Sete vampiros… três casais… um teto. Achar uma caverna para viver estava soando
melhor a cada dia.

Carlisle tinha passado um bom tempo conversando com Jasper, só os dois, no seu
escritório. Eu sabia que Carlisle queria que a conversa fosse privada. No entanto, com a
minha necessidade de proteger minha família, eu escutei, para prevenir. Jasper estava
achando difícil aceitar completamente o jeito que meu pai descrevia o nosso escolhido
estilo de vida. Em vários momentos da conversa, eu ouvi Jasper pensar Farei pela
Alice, qualquer coisa por ela. E então eu vi o amor em sua mente.

Sacudi a cabeça. Três casais… uma boa caverna não devia ser tão difícil de achar.

Mas eu gostava do Jasper. Ele tinha um estratégico jeito de pensar, organizado e sempre
preparado. Eu tinha que admirar isso nele. Estava claro que Jasper tinha muita
experiência em lidar com seu estilo de vida antigo. Não havia duvida que ele era o tipo
de homem que você gostaria de ter ao seu lado em uma luta. E ele estava do nosso lado.

Mesmo assim… alguns de seus pensamentos eram um pouco perturbadores. Com a sua
outra “família”, eles tratavam os humanos como se fossem uma criação de gado na
estrada, lá para serem pegos. Embora ele não tivesse tomado nenhuma decisão, a idéia
de trapacear era muito tentadora para ele. Mas ele rapidamente mandava esse
pensamento para longe, sabendo muito bem que não era aceitável e que iria magoar
severamente Alice.

Alice. Que criaturinha bizarra. Eu ainda tinha que entender seu dom. Ela dizia ter a
habilidade de “ver” as coisas, o que quer que isso significasse. Ela era tão pequenina, e
mesmo assim tinha a capacidade de controlar em Jasper alguns de seus desejos
assassinos. O relacionamento deles me fascinava. Rosalie e Emmett eram mais óbvios
sobre sua relação, enquanto os meus pais tinham um relacionamento mais espiritual.
Alice e Jasper, no entanto, pareciam ainda mais místicos que a própria natureza dos
vampiros.

Eu estava sentando no chão da garagem, tentando reorganizar todos os meus pertences,


quando a Esme entrou.

“Já quase terminei com seu novo quarto. Fiz uma coisa diferente com a parede sul.”
Acho que você vai gostar bastante disso.”Você gostaria de ver?”

Eu olhei para cima, seu rosto estava cheio de esperança e excitação.


“Ok, Esme, vamos dar uma olhada.” Eu levantei e a segui para dentro da casa.

Entrei no meu novo quarto e minha boca abriu levemente. A parede sul inteira era vidro.
Dava tanta luz, muto mais do que qualquer um de nós já tinhamos experimentado em
uma casa antes. Era perfeito.

“Brilhante, ” eu murmurei.”Absolutamente brilhante.”

Esme riu.”Está lindo, não é?” Eu concordei calado.”Bom, tudo o que precisamos é
acrescentar os carpetes, e então seu quarto estará completo.”

“Obrigado, Esme. Como sempre, você fez um trabalho extraordinário.”

Ela sorriu, e então saiu para pegar o resto das coisas.

Andei até a janela e olhei para o cenário abaixo. A parede de vidro dava para o lago
Erie, somente a uma pequena distancia da fronteira com o Canadá. A água era de um
verde escuro e se movia pacificamente. Era por isso que nós havíamos escolhido a área,
é claro, as condições do tempo geralmente contavam com grandes quantidades de chuva
e nuvens. Embora não estivesse chovendo no momento, em minha mente eu podia ver
um temporal lavando o chão. Era estranho, eu ainda não tinha visto nada tão vívido
assim antes. Era quase como uma visão…

Eu me virei e achei Alice parada na porta. Ela olhava com olhos grandes, de fada.

“O que foi isso?” eu perguntei, surpreso.

Ela sorriu.”Isso foi o amanhã. Vai chover. Perfeito para beisebol.”

“Beisebol?” perguntei com uma sobrancelha erguida.”Nunca pude jogar beisebol, não
com vampiros. . .”

Ela riu, o som tocava como sininhos.”Você pode em uma tempestade. Há uma clareira a
alguns quilômetros daqui. Não vai chover, apenas trovões.”

“Você vê o futuro. . .” eu declarei.”Sempre é assim tão claro?”

Ela moveu os ombros.”A maioria das vezes, mas de vez em quando fica um pouquinho
borrado. Eu vi Jasper e essa família perfeitamente. Sempre soube que era aqui que
deveríamos estar.”

Ela abriu a mente e eu vi a visão que ela devia ter tido quando nos viu pela primeira
vez. Eu vi meus pais, parecendo serenos como sempre. Vi Emmett e a Rosalie, flertando
como sempre. E então vi a mim mesmo, tocando piano. Foi o olhar em meu rosto que
me deixou mais perturbado. Um olhar de pedra, distante. Eu sempre fui assim?

Alice mal interpretou minha careta como desaprovação. Ela bateu suas mãos e deu uma
reverência.

“Obrigado, Alice, ” eu disse rapidamente, “por compartilhar sua visão comigo.”


Ela olhou e sorriu. “É muito legal ter alguém que possa ver o que eu vejo.”

“Sim, é, ” eu concordei.

Minha primeira impressão sobre ela estava correta, ela era uma aberração, assim como
eu. Ambos éramos aberrações em uma família de vampiros. Eu tinha um pressentimento
que iríamos nos dar muito bem.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 30

30. Saia rodada cor de rosa

“É cedo demais. ”, eu disse com determinação.

“Por favor, Edward. ”, Alice implorou. Ele quer fazer isso. “Eu sei que ele pode fazer
com a nossa ajuda”.

Balancei minha cabeça. “Nossa ajuda não terá importância se Jasper tomar uma decisão
impulsiva. ”

Ela fez bico. “Você faz com ele pareça um monstro fora de controle. ”

“Não”, eu corrigi, “eu faço com que ele pareça um vampiro”.

Ela franziu a testa em frustração. “Carlisle concorda que é hora de construir a


resistência de Jasper”.

Suspirei. “A decisão final é de Carlisle, eu suponho. ”

“Então você vai ajudar?” Os olhos dela brilharam com entusiasmo.

“Alice… ”

“Muito obrigada, Edward!”, ela exclamou, lançando seus pequeninos braços em volta
da minha cintura. Eu afaguei seu cabelo espetado.

Suspirei. “Eu sempre farei o que puder para proteger esta família”.

Jasper queria ir para a escola. Em tantas mentes humanas, eu ouvia as pessoas se


desesperarem, implorando para o tempo passar mais rápido para que eles finalmente
possam deixar a escola. Ainda assim, íamos para o colégio de propósito, como uma
forma de nos mantermos inconspícuos. Jasper não tinha que fazer isso, mas eu
realmente concordava que ele teria que aprender a resistir ao sangue humano de alguma
forma.
Carlisle criou uma história intrincada. O caridoso casal Cullen havia abrido sua casa
para adolescentes problemáticos. É claro, os humanos não tinha absolutamente
nenhuma ideia que quão problemáticos nós realmente éramos. Eles não poderiam saber.
Na superfície éramos os adolescentes mais bem comportados que qualquer um já
encontrou. Tínhamos passado os últimos anos às escondidas enquanto nos ajustávamos
à nossa nova e maior família. Todos nós estávamos bem preparados para continuar com
a nossa farsa humana.

Estacionei a Mercedes-Benz 56 vermelha no estacionamento já meio cheio da escola.


Satisfeito com a minha manobra delicada e rápida, me virei para Rosalie com um
sorriso.

Sim, ela pensou secamente, é um carro muito bom. Mas ainda assim é o meu carro.

“Carlisle só concordou em deixar você trazer esse carro para a escola se eu dirigisse”,
retruquei.

Da próxima vez, dirija seu próprio carro, ela falou com raiva enquanto abria a porta.

“Eu teria dirigido meu próprio carro, se você tivesse terminado o trabalho de pintura
noite passada”, murmurei. O restante dos meus irmãos saíram quietos.

“Tinta prata não é fácil de encontrar, sabia?”, ela cruzou os braços e se inclinou em
direção à porta de passageiros.

“Um Chevrolet Bel Air”, ela reclamou para Emmet, “o que ele está pensando?” Emmett
deu de ombros e beijou sua bochecha.

“Agora, crianças”, Carlisle repreendeu enquanto se aproximava de nós, “estamos na


escola agora”. Ele estava trabalhando em um hospital próximo e optou por
simplesmente nos encontrar aqui no nosso primeiro dia. “Além do mais”, ele disse
numa voz muito baixa, “temos uma platéia”.

Observei os olhos de Jasper se arregalarem enquanto olhávamos ao redor. Uma pequena


multidão de camisas xadrez e saias rodadas havia parado para nos encarar. Há tantos
eles, Jasper pensou, eles têm um cheiro tão bom… Edward estava certo… eles são bifes
falantes…

Eu arrepiei. Não era isso que eu quis dizer quando descrevi para ele meu primeiro dia de
aula como vampiro. Ele percebeu minha expressão facial e rapidamente olhou para
baixo, em vergonha. Poderia ter sido pior. Pelo menos ele não podia ouvir o que eles
estavam pensando também, como eu podia.

Eles são mais bonitos do que eu… droga…

Eles são novos aqui? Eu nunca recebo nenhuma atenção…

Eu era a loira mais linda da escola… por que ela teve de aparecer?

Eles são gêmeos? Eles são ambos loiros… e se parecem…


“Eles acham que Jasper e Rosalie são gêmeos”, cochichei para Carlisle.

“Interessante”, ele respondeu, “e um bo disfarce. Rosalie?”

“Eu manterei meu sobrenome”, ela enrijeceu sua mandíbula.

“Não importa para mim”, Jasper moveu os ombros.

“Então é Rosalie e Jasper Hale”, Carlisle balançou a cabeça.

“Jasper Hale”, Alice de um gritinho, se agarrando ao seu braço, “você é o cara mais
bacana da escola!” Ela moveu seus cílios dramaticamente, induzindo uma risada de
Jasper e um revirar de olhos da minha parte.

“Vamos”, Carlisle apontou para o escritório à frente. Nós gentilmente acenamos com a
cabeça e o seguimos. Carlisle suavemente nos apresentou para a secretária agitada e
procedeu organizando nossos horários. Tínhamos que tomar cuidado. Pelo menos um de
nós tinha que estar na mesma aula que Jasper. Mas tivemos sorte, a escola era muito
pequena e o horário foi facilmente arranjado.

Estava tudo bem até a aula de inglês no terceiro período. Emmett estava na mesma aula
de geometria com Jasper na sala do outro lado do hall. Ouvi os pensamentos deles
enquanto esperava no fundo da sala a aula começar. Uma garota em uma saia rodada
rosa e blusa branca entrou na sala. Mal a percebi naquele momento.

Ela passou perto do aquecedor, soprando seu aroma em minha direção. Os músculos do
meu estômago se contraíram e minha mandíbula se cerrou com o jorro de veneno
fresco. Não era nada novo, eu tinha há muito tempo me acostumado com as minhas
reações monstruosas aos humanos.

Olhei para a garota pelo canto do meu olho, um movimento que nenhum humano
perceberia. Ela tinha um pescoço esbelto e de pele fina, sua pulsação era muito visível.
Ninguém veria um corpo morto no fundo da sala… eu poderia beber todo o seu sangue
antes que qualquer um percebesse que seu pescoço estava quebrado.

Minha garganta estava queimando, fogo subindo por meu peito. Balancei minha cabeça.
Não era certo. Eu não deveria ter reagido tão fortemente. O que estava errado comigo?
Eu espalharia sua saia rosa e ninguém notaria que ela estava caída… e morta… Não! Eu
jamais faria isso! Em meio à dor flamejante, eu não tinha percebido que esses
pensamentos não eram meus…

Jasper.

Corri para fora e explodi na sala do outro lado do corredor. O professor olhou para
cima, surpreso. Segurei Jasper pelos braços e acenei para Emmett.

“Realmente sinto muito. ”, disse rapidamente para o professor. “Houve uma emergência
familiar, temos que sair”. Olhei para Jasper e disse numa voz baixa, dura, “Agora”. Ele
balançou a cabeça, parecendo culpado. Enquanto Emmett e eu escoltávamos Jasper para
fora da sala, vi uma garota sentada de olhos arregalados no fundo da sala. Ela usava
uma saia rodada rosa.

“Entre”, ordenei, uma vez que havíamos chegado ao carro. Jasper abaixou a cabeça e se
sentou no banco de passageiro. Me virei para Emmett. “Volte para a sala de aula,
invente uma história. Não me importa o que. E diga aos outros que levei Jasper para
casa”.

Ele vai ficar bem? Ele pensou.

“Provavelmente”, suspirei.

Ele acenou sorrindo e correu de volta para a escola.

Deslizei para dentro do carro e saí rapidamente do estacionamento. Eu estava muito


chateado com Jasper, mas ainda mais comigo mesmo. Claramente, eu precisava prestar
mais atenção. Fui um tolo de não perceber mais cedo que eram os pensamentos de
Jasper na minha cabeça e não os meus próprios. Ele se sentou ao meu lado contrariado,
mentalmente se debatendo.

Depois de um momento de tenso silencio, ele falou. “Eu não ia fazer nada, Alice teria
visto”, ele murmurou.

“Ela só vê as coisas quando as decisões estão tomadas”, respondi.

“Eu sei”, ele cochichou.

“Bem, pelo menos eu posso ouvir o que está acontecendo na sua mente naquele exato
momento”.

Havíamos chegado em casa. Estacionei o carro, mas nenhum de nós se moveu.

“Algum dia ficará mais fácil, Edward?”, ele me perguntou tristemente. A dor é tão
insuportável…

“Eu sei”, suspirei. “Ficou mais fácil para mim lidar com isso, mas a dor nunca diminui”.

“Então por que você se incomoda em fazer isso?”, ele perguntou em um tom confuso.
Eu não entendo…

“O que te fez decidir a fazer isso?” retruquei.

“Por Alice”, ele cochichou.

“Bem, então, eu faço por Carlisle. ”

Por Carlisle… minha família… eles, e somente eles. Eu não tinha mais ninguém.
Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 31

31. Arco – íris

Se eu fosse resumir os anos 60, eu teria de citar Charles Dickens e dizer, “Foi o melhor
dos tempos, foi o pior dos tempos…” De uma perspectiva humana pelo menos. Da
minha própria perspectiva, só posso dizer que lamentava profundamente a incapacidade
de sentir náusea de verdade então eu poderia vomitar em cada tendência psicodélica que
passava.

Sim, estou bem consciente que é uma perspectiva muito áspera. Mas honestamente,
camisetas tye-dye? Mini saias obscenas? (Uma tendência de moda que Rosalie não se
importava e Emmett amava ver em sua esposa). Lâmpadas de lava? LSD consumido em
grandes quantidades? Não entendia aquela década, nem agora nem nunca.

Vivíamos em Upham, Dakota do Norte. Uma pequena cidade perto do rio Sioux. Era
1967, o verão do amor, eles o chamavam. Havia tanta paz no ar que Jasper nunca tinha
de usar o seu dom. Novamente, o desejo de experimentar náusea era grande.

“Então… eu estava pensando… em… uma coisa…” Linda, uma loira de cabelo muito
longo, estava falando comigo no corredor da escola. Bem, mais como sons estavam
saindo de sua boca, sem a lógica de orações completas. Os seus pensamentos eram
ainda mais lentos. “Há esta coisa… sabe?” Ele… eu… saco de dormir…

“Não era para você ser a presidente da escola?” Polidamente a lembrei.

“Ah! Sim… certo,” ela disse distraidamente. Acho que preciso de outro baseado…

“Portanto, você tem uma reunião para assistir, correto?”

“Sim…” ela franziu, de boca aberta. Havia algo que eu ia perguntar a ele…

“Minhas desculpas,” eu disse suavemente, “estou ocupado neste fim de semana e


incapaz de ir em uma viagem de acampamento com você.”

“Ah o… k,” ela disse, ainda me encarando.

“Talvez alguma outra hora,” menti e parti tão rapidamente como eu poderia sem destruir
o meu disfarce humano. A menina estava tão inebriada que eu seriamente duvidava que
ela percebesse que respondi os seus pensamentos e não suas palavras. Na verdade,
duvidava que ela se lembrasse da conversa cinco segundos depois que ela terminou.

Uma menina pequena, com uma abundância de cabelo encaracolado esperava no meu
carro no estacionamento. Suspirei. Judy Valance. Sua mãe trabalhava para o jornal de
cidade, mais especificamente ela tagarelava sobre os podres dos moradores locais na
coluna de sociedade. Eu teria de ter cuidado com esta menina. Não há dúvida que ela
iria correr para sua mãe, contando todos os detalhes. A minha família e eu não
podíamos permitir fofoca.

“Boa tarde, Judy,” cumprimentei.

“Ah. Oi Edward. Eu estava apenas, hmm, meu Deus,” ela gaguejou. Espero que ele vá
comigo… Não quero ir a outro baile sozinha…

Bem, pelo menos ela era sincera. “Desculpe, Judy, mas devo partir rapidamente. A
minha família e eu estamos começando uma viagem de acampamento mais cedo.
Estamos partindo em algumas horas.”

Não era uma mentira completa, nós estávamos discutndo a possibilidade de caçar
naquele fim de semana. Apenas não tínhamos planejado partir na Quarta-feira.

“Ah, sei,” ela disse tristemente. Ela apertou seus livros em seu peito. Compaixão correu
por mim até que eu ouvisse o seu seguinte pensamento. Vou simplesmente pegá-lo para
o próximo baile. Ele tem de me beijar então. Minha mãe sempre me disse que eu seria a
menina mais popular na escola se eu tivesse um garoto lindo…

“Te vejo na próxima semana, Judy,” eu disse secamente, entrando rápido no meu carro.
Obviamente, ela não merecia nenhuma compaixão se ela me via como um objeto, um
troféu. Uma coisa.

Cuidadosamente pensei no que eu tinha de dizer a Carlisle. Tínhamos passado tempo


demais nesta cidade. A minha rejeição a Judy não ia passar bem com sua mãe. Senti que
era hora de mudar novamente. Abri minha boca enquanto entrava pela porta da frente,
depois parei.

Emmett estava na sala de estar usando um colete de couro por cima de uma camisa
listrada e calça boca de sino com cores do arco-íris. Em volta da sua testa estava uma
fita enfeitada com contas. Rosalie então entrou, usando o que parecia ser uma toalha de
prato colorida como um arco-íris.

“O que… é isso?” Eu olhei para o seu traje estranho.

“É um mini vestido,” ela riu.

“Não acho que nem é permitido legalmente você se agachar nesse vestido.” Olhei a
bainha da saia com desagrado.

“Ei, cara,” Emmett sorriu, “relaxe. Paz e amor, baby.” Ele levantou dois dedos, no gesto
universal do ‘V’.

Eu o encarei “Nunca… mais… me chame de ‘baby’.”

Corri escada acima, ansioso para escapar para o meu quarto. Foi lá, na escada, quando
vi Jasper. Dúzias de margaridas foram trançadas no seu cabelo. Ele me olhou com uma
expressão aflita. Por favor não diga nada, Edward, por favor, por favor.
Eu pus uma mão em seu ombro e disse em um suspiro, “Alice”.

“Alice,” ele concordou, fazendo uma careta.

Nunca antes eu tinha sido tão grato de estar sem uma companheira e ainda mais grato
que eu poderia sobreviver a este tempo terrível. Os meus pensamentos finais sobre os
anos 60 foram que parecia ser a década que nunca iria terminar.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 32

32. Jeans azul

Houveram momentos em minha existência onde eu desejei poder dormir. Ensino


Médio… Escola de Medicina… Os anos 70…

“Não!” eu gritei.

“Ah, vai, Edward,” Alice choramingou. Por favor? Por favorzinho?

“Eu disse não, e é definitivo!” me virei e olhei para ela.

“Mas está na moda, estou apenas tentando fazer a gente se misturar,” ela disse com
olhos arregalados.

“Não,” eu repeti, cruzando meus braços.

“Mas, eu vi em uma visão, você vai ficar ótimo!”

“Mentirosa,” eu disse secamente.

Ela estreitou os olhos. “Se você não usar, os humanos notarão que você parece
diferente deles.”

Eu agarrei os ombros dela e disse firmemente, “Nada, em toda a eternidade, jamais me


convencerá a usar um terno de poliéster branco.”

Ela fez uma cara feia e saiu da sala batendo o pé, gritando, “Jazz! Tenho algo pra você
vestir!”

Valeu mesmo, Edward, Jasper pensou, sarcasticamente.

Deitei no carpete do meu quarto e fitei o teto. Tinha que me perguntar quando essas
décadas terríveis acabariam? Eu acreditava mesmo que, em uma cidade menor, a moda
não seria tão ruim. Mas não, a cidade de Glen Arbor, Michigan, era tão ruim quanto
se estivéssemos morando em Nova Iorque. E a escola de Glen Arbor não era exceção.

Estávamos sentados na lanchonete da escola, fingindo comer, como sempre. Esfarelei


um pacote de bolachas de água e sal enquanto tentava ao máximo me desligar da
conversa de Alice e Rosalie. Seus pensamentos de moda eram tão triviais quanto das
mulheres humanas.

Eles são muito pálidos… Me pergunto se eles fazem como aquele cara…

O pensamento me chamou a atenção imediatamente. Um filme estava repetindo-se na


mente da garota. Algum filme ridÌculo sobre um vampiro chamado Martin, que
drogava suas vÌtimas antes de beber seu sangue. Absurdo, como se algum dia
precisássemos de artifícios tão frívolos.

Mas aquele cara também não tinha presas… Faz sentido…

Ela estava certa. Por alguma razão inexplicável, o diretor fez um filme de um vampiro
sem presas. Eu tive que me perguntar se aquela garota, bem como o diretor,
percebiam quão perto estavam de entender a verdadeira natureza dos vampiros. Claro,
não poderia me perguntar por muito tempo.

“Holly Austin está pensando de novo, ” murmurei para Alice.

A garota no macacão jeans azul?

“Sim. ”

Ela está nessa a semana toda. Por que ela ainda não deixou de lado?

“Culpe George A. Romero, ” eu disse seco.

Assisti a mente de Alice enquanto ela procurava por inconvenientes no futuro. Certo o
suficiente, Holly nos seguiria depois da escola e nos abordaria. Alice enrijeceu quando
viu a próxima visão. Jasper bebendo o sangue da garota, como uma tentativa nobre de
proteger nosso disfarce.

Não podemos deixar isso acontecer, ela pensou frenéticamente.

“Claro que não, ” murmurei.

Os outros estavam olhando entre Alice e eu, com expressões preocupadas.

“Uma garota humana está ficando muito desconfiada, ” expliquei.

Merda, Emmett xingou, e os ursos são tão bons nessa região… Não é justo…

Verdade, meu irmão, mas a vida raramente é justa.

Não pode ter sido nada que eu fiz, Rosalie estava pensando.
Você quer que eu cuide disso? Jasper perguntou.

“Não!” Alice e eu dissemos ao mesmo tempo, respondendo ao pensamento dele e a


visão dela. Olhamos nervosos ao redor, os humanos tinham nos ouvido.

“Venham, ” instrui. Fiz sinal para os outros seguirem.

Maldição, Holly percebeu nosso movimento e ficou de pé na entrada da lanchonete.

“Eu cuido disso, ” murmurei para os outros. “Holly, ” eu disse em uma voz reservada
para humanos desse tipo, “Bom te ver novamente. No entanto, meu pai encontrou um
problema.” Bom, ele teria um problema se essa humana persistisse. “Sinto muito, mas
precisamos falar com ele imediatamente. Aproveite sua tarde.”

Uau… Ele é tão… Uau… Seus olhos ficaram vidrados. Eu sorri, confiante de que a
havia distraído com sucesso. Viramos em direção a saÌda.

“Por que vocês não tem presas?” ela soltou.

Nos congelamos. Felizmente, apenas alguns humanos ouviram e estavam no momento


questionando a sanidade de Holly.

“Porque, ” Alice disse brilhantemente, “não combinava com nossas fantasias. Então
decidimos não nos incomodar com as presas esse ano. ”

Brilhante, faltavam apenas algumas semanas para o Dia das Bruxas e Alice
providenciou uma saída evasiva perfeita.

“Ah, ” Holly franziu as sobrancelhas. Não foi isso que eu quis dizer… exatamente… O
que eu estava pensando antes?

“Vamos embora, agora. ” sussurrei para minha famÌlia. Andamos até a porta o mais
rápido que nossa charada humana nos permitia.

Carlisle e eu ficamos em frente da grande janela de vidro, observando o Lago Superior.

“É uma pena, ” Carlisle murmurou, “eu estava começando a gostar mesmo dessa
região. ”

“Sim, ” concordei, “Emmett também. Embora eu duvide que os ursos sentirão tanta
falta da gente. ”

Carlisle riu. “Você acha que essa Holly será um problema?”

“Não, ” respondi, “estou certo de que ela esquecerá assim que partirmos. ”

Ele acenou com a cabeça.

Foi praticamente a primeira vez que chegamos perto da exposição. Mas lidamos com
isso da mesma maneira de sempre. Simplesmente desaparecemos.
Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 33

33. Sangrento

Emmett estava escutando o álbum mais recente do Michael Jackson em alto volume.
Tive que sacudir a cabeça para isso, era impressionante. O grito agudo no meio da
musica, a dança absurda sem razão aparente, Emmett estava me dando nos nervos.

Eu tinha gostado de alguns aspectos da musica nos anos 80, parecidos com o que eu
gostei no início dos anos 60… antes que os humanos começassem a consumir grandes
quantidades de LSD. A partir daí tudo foi ladeira abaixo. Nos anos 80, no entanto,
houve alguns artistas interessantes, como Fleetwood Max e U2. Embora eu tivesse
dificuldade em entender as baladas românticas do U2. Como era possível amar alguém
com ou sem a pessoa? Humanos podiam ser tão confusos.

“Vamos caçar.” Rosalie anunciou da porta do meu quarto.

Ergui uma sobrancelha para ela. “Nisso?” eu apontei ao seu vestuário. Ela estava
usando uma jaqueta branca de couro com babados.

Ela revirou os olhos. “Claro que vou me trocar. Você vem conosco?”

Suspirei e desviei meus olhos. “Não, obrigado.”

Tantos anos haviam passado, nossa família havia crescido para três casais. Eu tinha
feito tanto esforço para bloquear os pensamentos deles e respeitar suas privacidades. E
mesmo assim ninguém respeitava a minha. Parecia que eles achavam que eu não tinha
nenhum senso de privacidade, já que podia ouvir os pensamentos de todos. Afinal, eu
era nada mais do que uma ferramenta útil na fachada humana que mantínhamos pelo
bem da obsessão médica do Carlisle. Talvez as fêmeas humanas estavam corretas em
suas impressões sobre mim, eu não era nada além de “uma coisinha”.

Eu comecei a caçar muito mais do que antes. Mesmo quando eu estava com a minha
família, em casa ou na escola, eu não estava realmente com eles. Minha mente estava
a milhões de quilômetros de distancia, fantasiando com um lugar onde eu não poderia
ser invadido pelos pensamentos de outros. É claro, não havia lugar assim para mim.
Eu não tinha nem o direito de tal paz. Eu tinha obrigações a fazer e pecados a serem
perdoados.

Quanto mais tempo eu passava sozinho, mais eu pensava sobre minhas ações passadas.
E mais distante eu fiquei de qualquer tipo de resolução. Por mais divertida que essa
família tenha sido, eu ainda estava condenado e sem alma.

Nós estávamos sentados na cafeteria, no começo de outro longo e tedioso ano escolar.
Eu encarava sem interesse as rachaduras no teto da escola Rawling, em Wyoming.

Entediado, Edward?, Alice pensou.


Olhei para as rachaduras, para cima e então para baixo. Lá por 1987, Alice e eu
tínhamos aperfeiçoado nossa forma silenciosa de comunicação.

Não se preocupe, vamos nos divertir bastante na aula de biologia hoje.

Eu levantei uma sobrancelha e disse, “E o que, por favor me diga, há na agenda?”

Vamos dissecar fetos de porcos. Não está animado?

Eu olhei para seu sorriso. “Oh, eu não sei,” eu disse com uma tristeza de zombação.
“Não sei se eu posso resistir a gloriosa atração dos… fetos de porcos.” Minha família
riu com o meu sarcasmo.

Eu tinha sorte de ter a Alice como parceira de biologia esse ano. Fazia com que lidar
com o tédio fosse um pouco mais fácil. Em outros anos, eu simplesmente trabalhava
sozinho. Os humanos me temiam e os professores não faziam objeções. Todos me
deixavam em paz.

“Hoje, turma,” o Sr. Shwartz, professor de bilogia, disse num tom monótono, “Eu
decidi fazer as coisas de um jeito diferente. Vocês vão se juntar com parceiros
diferentes.”

“E você não viu isto?” Sibilei para Alice, baixinho.

“Decisão de último minuto.” Ela murmurou.

“Lisa,” o Sr. Shwartz continuou, “Você fará par com o Edward. Alice, com o Dave.”
Alice foi pulando feliz até o alto jogador de futebol. Lisa, uma pequena e loira, se
aproximou à minha mesa timidamente.

Está tudo bem, Lisa, ela dizia a si mesma, Sim, ele é inacreditavelmente lindo, mas
não é como se ele fosse me morder ou algo assim…

Me tomou um pouco de esforço para esconder meu sorriso. Bem, se ela me achava
atraente, eu melhor usar isso em minha vantagem. Eu me inclinei e sussurrei no ouvido
dela.

“Se você preferir, eu posso fazer todo o trabalho. Não me incomodo.” Eu dei a ela meu
sorriso mais doce. A respiração da Lisa ficou muito falhado. Fácil demais, eu pensei
presunçoso.

Edward, seja bonzinho, Alice atirou através da sala. Eu pisquei rapidamente em sua
direção.

“Agora, cortem um pequeno X abaixo do esterno,” Sr. Shwartz ensinou. Sei bem
disso, Sr. Shwartz, eu pensei a mim mesmo. Eu tinha dois diplomas de medicina, já
havia trabalhado em humanos crescidos. Lidar com um feto de porco era apenas um
insulto a minha inteligência. Por que eles tinham que contratar os professores mais
banais para o colegial? Os humanos realmente se importavam tão pouco nada com a
educação de suas crianças?
Um bebê se contorceu nas mãos do médico, chorando e coberto com os remanescentes
do parto…

Eu olhei para Alice com olhos arregalados. Ela me olhou de volta com a mesma
expressão. Depois que a aula monótona finalmente terminou, me aproximei da minha
irmã.

“Essa foi sem dúvida a imagem mais repulsiva que eu já vi.” Eu murmurei.

“Foi só um porquinho, Edward, não é tanta coisa assim.”

“Não foi a isso que eu estava me referindo.”

“Oh, aquilo.” Ela disse baixinho.

“Sim, aquilo.” Eu disse com severidade. “Por que diabos você está tendo visões de
reprodução humana?”

“Eu não sei,” ela franziu seu rosto. E então, abruptamente sorriu. “Mas o que sei é
que é uma menina!”

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 34

34. Tédio negro

*Notas da autora do capítulo: Usei muito do primeiro capítulo de Midnight Sun para
este capítulo, só para que vocês saibam.

Os anos se passaram. Eu suponho que poderia ser poético sobre o tédio daqueles anos.
A escuridão da monotonia. Tudo era igual, dia após dia, ano após ano. Entretanto, nem
mesmo poesia faria justiça. Muito pouco me surpreendeu durante todos aqueles anos.

Jordon, Montana, 1995. Refeitório da escola. Novamente.

Rosalie estava pensando sobre seu reflexo em uma janela. Novamente. Emmet estava
tentando imaginar uma nova forma de competição. Novamente. Alice estava
observando Jasper cuidadosamente, e Jasper estava… sofrendo.

Novamente e novamente.

Edward?
Sim, Alice, eu pensei, movendo meu olhar para cima e depois para baixo. O que ela
tomaria como sina de que a estava ouvindo, embora para mim tivesse outro significado.

Como ele está indo?

Dei de ombros, não querendo dizer nenhuma palavra sobre os pensamentos de Jasper.

Como ele estava indo? Ele estava atualmente imaginando a forma mais estratégica de
aniquilar uma multidão de humanos inteira sem ser pego. Ele jamais faria isso, é claro,
era só uma forma de passar o tempo para ele. Embora eu realmente sentisse que ele
viajava um pouco demais em suas fantasias.

Mas então, ele começou a reagir fisicamente à essa fantasia. Ele estava pensando sobre
como sua garganta estava queimando, a corrente de veneno fresco em sua boca…

Chutei sua cadeira. Não senti que minha atitude foi rude, considerando que aquilo era
algo que eu vinha fazendo com regularidade.

Ele se virou e me lançou um olhar basilisco. Se eu tenho que suportar essa dor, ele
ameaçou em sua mente, ao menos me deixe aproveitar minhas fantasias.

Franzi a testa e olhei para o lado. Ele deveria saber que eu, de todas as pessoas, entendo
quão perigoso os pensamentos podem ser. Ele poderia estar apenas pensando sobre um
assassinato em massa naquele dia, mas e o dia seguinte? Ou o próximo? Se ele
realmente estava comprometido com o nosso estilo de vida como ele dizia, ele deveria
abrir mão dessas fantasias sombrias.

Edward! Disse uma voz muito ansiosa. Fechei meus olhos brevemente antes de
responder.

“Relaxe, Alice,” cochichei “Está tudo bem.”

Então por que eu vejo Jasper atacando uma sala de aula cheia de alunos?

Então eu vi a sua visão. Ela estava certa, droga. Suspirei.

“Talvez hoje seja um bom dia para matar aula”, murmurei.

“Com licença?”, Rosalie perguntou, incrédula.

“Mantenha sua voz baixa”, cochichei. Lancei um olhar agudo para Jasper.

Cale a boca, Edward. Já estou cheia de todo mundo ficar adulando o pobre Jasper.

“Sinto terrivelmente que o mundo não gire ao seu redor”, eu disse secamente.

A chuva caiu na distância e um trovão estrondou…

Virei minha cabeça para Alice, nós sorrimos.


“Quando?”, perguntei a ela.

“Em mais ou menos duas horas”, ela respondeu.

Me virei para Emmett e disse, “Vai chover, perfeito para baseball.” Ele deu um imenso
sorriso.

Jogamos baseball até o sol desaparecer. Não foi o jogo mais prazeroso. Rosalie
continuou reclamando sobre suas roupas ficarem sujas. Emmett estava reclamando que
as bases não estavam longe o suficiente. Alice estava constantemente trapaceadno,
usando sua visão para prever os eventos antes que acontecessem. Jasper estava infeliz, e
de despeito, ele projetava sua raiva ao restante de nós.

Jogamos mal e brigamos no decorrer do jogo. Pobre Esme teve suas mãos cheias,
tentando resolver nossos confrontos. Eventualmente, ela desistiu e se sentou na beira da
clareira. Carlisle apareceu por volta da meia noite. Ele não disse uma palavra, nem
mesmo em seus pensamentos. Ele se sentou ao lado de Esme,envolvendo um braço em
volta de seus ombros.

“Eu não trapaceei!”, rugi para Emmett.

“Você tem que ter trapaceado!” ele rugiu de volta. “Você deve ter sabido que eu estava
esperando uma bola curva!”

“Se você realmente quiser discutir trapaça, converse com Alice.” Eu disse.

“Alice não pode ler mentes” ele encarou. De repente, Emmett pegou sua virilha e cuspiu
uma rajada de veneno no chão. Olhei para o veneno e em seguida para ele. “Isso foi…
nojento.”

“É o que eles fazem na TV,” ele deu de ombros.

Jasper então lançou uma onda de calma, temperada com sentimentos de culpa. Lancei a
ele um olhar reprovador.

“Desnecessário”, murmurei.

“Acho que precisamos de umas férias prolongadas com a família”, Carlisle anunciou,
dando um passo à frente. Olhei para ele curioso. Visões de neve encheram sua mente.
“Estamos indo para o Alaska.”

Dei um gemido. Férias para eles, tortura para mim. Ótimo… simplesmente ótimo.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 35


Cap. 35 – Morango e Gelo
A viagem de carro até o Alasca foi desnecessariamente longa. Carlisle insistiu em
dirigir, embora eu lhe dissesse repetidamente que chegaríamos lá muito mais rápido se
eu dirigisse. Eram tempos como esses que eu queria que eu não fosse o único leitor de
mentes. Assim poderia haver alguém mais que ouvia os pensamentos altos de sete
outros vampiros, cada um com personalidades fortes.

“Carlisle, ” Alice implorou novamente, “ainda não chegamos?”

Ele suspirou. “Estamos quase lá, Alice. ”

“Estamos acabando de passar por Anchorage agora, ” ressegurou Esme.

Suspirei e olhei para fora da janela. Toquei as minhas próprias composições na minha
mente, para bloquear fora os pensamentos que me rodeavam. Dirigimos dois carros para
o Alasca, Rosalie e Emmett estavam no carro adiante. Isso fez uma pequena diferença
para mim, os seus pensamentos sempre se intrometiam.

Me pergunto como este clã Denali é… Eles estariam interessados em fazer compras?
Naturalmente, esses eram os pensamentos de Alice.

Outro grupo de vampiros ‘pacíficos’… isso nunca termina… Jasper pensava


tristemente.

Rose é tão linda, tenho de levá-la em umas férias… outra lua de mel, talvez… Emmett
passou a imaginar todas as coisas que ele gostaria de fazer nem sua lua de mel. Segurei
a ponte do meu nariz.

Aquele biquinho pode ser sexy, mas acho que tenho de trabalhar nele… Rosalie
comentava da sua reflexão no espelho retrovisor. Eu nem queria saber o que isto tinha a
ver com algo.

“Chegamos, ” anunciou Carlisle.

“Graças a Deus!” Exclamei, apressadamente saindo do carro. Virei para o meu pai
depois que ele emergiu. “Da próxima vez, dirigimos três carros. ” Ele sorriu fracamente
e acenou com cabeça.

“Prazer em viajar com você, também, ” disse Jasper secamente enquanto passava
apressado por mim.

“O prazer foi meu, ” respondi no mesmo tom.

Edward, posso falar com você um momento? Antes que entremos. Carlisle olhou a casa
de cedro. Acenei com cabeça. Você esteve nesta família por mais tempo. Entendo que
as coisas entre você e Tanya não terminaram bem, mas preciso do seu apoio completo
na apresentação da família inteira ao Clã Denali. Eu deslizei as minhas mãos para os
meus bolsos. Por favor, Edward.

“Você sempre terá o meu completo apoio, ” sussurrei.


Obrigado, Edward.

A porta se abriu antes que pudéssemos bater, revelando três fêmeas demasiadamente
entusiasmadas.

“Querido Carlisle, é tão maravilhoso vê-lo novamente, ” arrulhou Tanya.

“Esme, você está gloriosa como de hábito! ‘ Irina soltou.

“Oh meu, ” suspirou Kate, “esses são os membros mais novos da sua família?” Kate
tomou uma das mãos de Jasper e uma de Alice nas dela. “Um prazer enorme conhecê-
los. Por favor, entrem!” Ela andou para trás, conduzindo-os para a casa. Carlisle me
olhou. Encolhi os ombros, dando sinal que eu estava bem, e o resto de nós foi para o
interior.

Paramos na sala de estar desajeitadamente. Eu senti como se estivesse em um refeitório


de escola novamente, havia muito pouca diferença. Os meus olhos seguiram a madeira
na parede.

“Então digam-me, ” conversou Tanya com Alice e Jasper, “Como vocês encontraram os
maravilhosos Cullens?” Ainda só tenho coisas boas para dizer de você, Edward.
Endureci-me com seus pensamentos.

“Tive uma visão, ” disse Alice timidamente.

“Uma visão, ” disse Tanya maravilhada. “Que dom fenomenal de se ter. ” Falando em
dons, sei que você pode me ouvir, Edward.

“Tem estado comigo desde a minha transformação, ” Alice moveu os ombros. “Vi os
Cullens e Jasper, também. ”

“Ah, sim, Jasper. ” Ela sorriu calorosamente para ele. Quão afortunada Alice é em tê-lo
como companheiro. Ele é quase tão belo quanto você é. Você alguma vez sente ciúmes?

Virei os meus olhos para o piso de madeira. Por Carlisle, lembrei-me repetidamente.

“Oh, Deus, ” soou Tanya imediatamente embaraçada, “Estou sendo tão rude.
Naturalmente a mais encantadora de todos é Rosalie. Como vai?” Rosalie se endireitou
com orgulho enquanto Tanya beijava ambas suas bochechas.

“Estou bem, ” disse Rosalie, “Emmett e eu já estivemos em três luas de mel por
enquanto. ”

As mulheres Denali riram baixinho sabiamente.

“Emmett, querido, esperançosamente o quarto no segundo andar servirá de uma lua de


mel temporária, ” piscou Tanya.

Emmett sorriu, abruptamente lançando sua esposa por cima do seu ombro. Ela gritou
durante todo o caminho ao segundo andar.
Isso é coisa demais… A minha cabeça voou para Jasper. Ele estava oscilando, tendo
dificuldades em estar de pé sozinho. Alice correu ao seu lado, o apoiando.

“Toda esta tensão sexual, ” Jasper respirou, “acho… preciso ir caçar… ou algo…”

“Irei com você, ” disse Alice rapidamente. Eles tropeçaram para fora da casa.

Encarei Tanya com olhos estreitos. Eu sabia que Esme já tinha lhes dito do dom de
Jasper, tinha deixado muito claro que ele tem dificuldades em estar em volta de outros.
Senti que ela deveria ter estado deliberadamente causando problemas. Ela estreitou os
seus olhos diretamente de volta para mim.

“Então, Edward, ” ela começou, cruzando os seus braços,”Como vai?” ela perguntou em
um tom meramente interessado.

“Estou bem, ” respondi, meus olhos ainda estreitos.

“Você voltou à escola de medicina?”

“Sim, tenho dois diplomas de doutorado agora. ”

A seca conversa era falada em um tom apenas.

“Frio demais, Edward?” ela zombou.

“Insensível demais, Tanya?” Repliquei, imitando a sua voz.

Fechei os meus olhos, imediatamente lamentando minhas palavras, embora os meus


pensamentos naquele momento fossem muito mais ásperos. Abri meus olhos,
totalmente preparado para pedir desculpa, mas fui parado congelado por seu olhar frio.
Ela atirou o seu cabelo loiro morango por cima de seu ombro e andou com força para
fora da sala.

“Sinto muito, ” murmurei, tarde demais.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 36

36. Seda vermelha

Nós passamos oito anos no deserto selvagem do Alaska. Minha família, aparentemente,
aproveitou imensamente. Eu, por outro lado, passei a maioria do tempo caçando sozinho
e me ausentando da presença dos outros o máximo que pude.
Alice, Kate e Irina foram a tantas viagens de compras que perdi a conta. Não que eu
tenha realmente prestado atenção. Jasper, depois do primeiro encontro, pareceu
rapidamente ficar mais à vontade com o clã de Denali. Eu suspeitei que a falta de
interação deles com humanos foi do que ele pareceu gostar mais.

Emmett pediu Rosalie em casamento pela quarta vez. Eles passaram pouco tempo no
Alaska e logo foram para Paris para sua lua de mel. Eles prometeram voltar quando
estivéssemos restabelecidos em uma nova região. Eu não me importava realmente com
a ausência deles. Menos para ouvir, menos para bloquear, caia-me muito bem.

Agora, Eleazar e Carmen, eu nunca me importei. Eles eram amáveis e gentis do seu
próprio modo. De todos os vampiros, eu me sentia mais confortável em caçar com
Eleazar, se eu caçasse com alguém de qualquer forma. Carmen, sinto dizer, não me
liguei a ela. Grosseria da minha parte, mas ela parecia entender e me deixar para lá.

Passei um infinito número de horas tocando o piano da casa do clã. Era relaxante e
terapêutico. Ninguém ousava interromper enquanto eu tocava.

Oito muito longos anos. Senti que havíamos passado tempo mais que o suficiente de
férias. Me aproximei de Carlisle.

“Quanto tempo você planeja passar aqui?” perguntei.

Ele olhou por cima do livro que estava lendo. “Eu só planejei que minha família tivesse
férias prazerosas.”

“Acho que já ficamos aqui tempo o suficiente.”

Ele acenou. “Você está ansioso para voltar a um estilo de vida mais humano?”

“Não exatamente,” murmurei, “mas, ainda tenho objetivos que desejo realizar.”

“Tudo bem, Edward. Partiremos amanhã.”

“Obrigado, Carlisle.”

“Há algum lugar em particular que você tenha em mente?”

Eu sorri. “Eu gostaria muito de voltar para Olympic Peninsula.”

Ele riu. “Claro. Acredito que Forks, Washington, seria uma localidade ideal.”

E então, havia Tanya. Nós nos evitamos completamente durante todo o tempo.
Desnecessário dizer, eu fiquei muito surpreso quando ela me cumprimentou na manhã
em que partimos. Ela ficou de pé na entrada do quarto em que eu fiquei, observando-me
fazer as malas.

“Não precisa ser assim, você sabe” ela sussurrou.

“Estou ciente. Foi sua escolha, não minha,” respondi.


Ela bufou. “Senhor Edward Cullen, tão frio e contido. Você não tem nenhuma
emoção?”

Meu maxilar apertou. “Claro que tenho. Só não estou demonstrando nenhuma emoção
em direção a você.”

“Você me odeia tanto assim?” ela franziu a testa.

“Não, Tanya,” suspirei. “Simplesmente não quero te dar a idéia errada.”

“Certo, a idéia errada,” ela disse secamente. “Tal como a possibilidade de me amar?”

“Essa é uma idéia,” murmurei.

Eu estava bem ciente de que todos os vampiros presentes na casa podiam ouvir cada
palavra. Fiz uma promessa a Carlisle de lhe dar todo meu apoio. Tinha a intenção de
cumprir essa promessa, realmente tinha.

“Você poderia me amar,” Tanya disse quietamente.

“Tanya,” eu comecei, minha voz mais severa do que eu planejava, “eu não vou
continuar essa conversa com você.”

“Você não encontrou outra, eu sei que poderia me amar,” ela disse, teimosa.

“Não,” eu disse firmemente.

“Mas, você poderia!” ela gritou. “Você poderia me amar se permitisse a si mesmo!”

“Mas eu não te amo e jamais amarei!” gritei de volta, quebrando minha promessa.

“É porque você não se permite amar ninguém!”

“Eu não sou capaz de amar ninguém!”

“Por que é tão difícil para você acreditar que tem uma alma gêmea?!”

“Porque você precisa de uma alma para ter uma alma gêmea!”

Ela engasgou, chocada com minha declaração. Você realmente acredita que nenhum de
nós tem alma? Um dia te provarão que você está errado, Edward. Que você sobreviva
à experiência. Eu balancei a cabeça. Ela se virou e saiu do quarto.

Eu alcancei meu bolso e puxei um pedaço de papel dobrado. Parecia não haver outra
resolução. Deixei o poema de Tanya no travesseiro de seda vermelha e a deixei para lá.
Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 37

37 – Peixinho dourado

Alice e eu casualmente entramos na loja e olhamos ao redor. Era o único lugar na


cidade para produtos de acampamento, e na melhor das hipóteses era um lugar
bagunçando. O jeito que a loja era arrumada, decorado com tantos pôsteres coloridos
demais, a meu ver parecia que os donos sentiam que seu negocio era um pouco maior
do que na verdade era.

Um garoto estava parado atrás de um balcão, loiro, cabelo espetado e olhos


obscenamente arregalados. Eu me aproximei dele lentamente, sorrindo de forma
amigável.

“Olá, ” eu olhei para o nome na etiqueta pregada na roupa dele. “Mike. Minha família e
eu precisamos de produtos de acampamento. “

Ok… ele é… diferente… Os pensamentos dele era uma desordem sem sentido, até piores
que os da Rosalie. A boca dele repetidamente abria e fechava, e ainda assim nenhum
som saiu. A criança se parecia com um peixinho dourado. Eu me inclinei no balcão e
falei lentamente, pelo bem dele.

“Você pode ser de assistência?”

“Oh!” ele ofegou. “Sim, sim, é claro que eu posso. O que vocês precisam? Muito. .
muito… diferente…

“Produtos de acampamento. ” Eu sorri.

“Tipo… de que tipo?” Ele gaguejou.

Eu suspirei. “Barracas, sacos de dormir, barracas, ganchos, eu poderia continuar.


Precisamos de tudo. “

Nossa, se ele comprar tudo isso, a comissão que eu vou ganhar… o pai vai ficar tão
orgulhoso…

Alice pulou ao meu lado. “Oi, Mike!” Ela sorriu.

“Cuidado com os dentes, ” eu sussurrei baixo demais para o humano escutar. Ela fez
uma careta para mim.

“Estou muito interessada nos sacos de dormir com capuz, você tem algum “cor-de-rosa?

“Alice, ” eu sibilei. “É uma loja de produtos de acampamento, não vestidos para


jantares de gala. “

Ela fez um biquinho e foi saltitando até a seção dos sacos de dormir.

Ela é bonitinha… mas esquisita…


Eu me permiti um sorriso breve. “Ela é minha irmã. “

“Ok. ” ele disse abobado.

“Edward! – Rosalie reclamou enquanto entrava na loja. “Eu não quero outra barraca
barata dessa vez. “

Os pensamentos de Mike se tornaram uma mistura sem lógica de desejo e medo.

“Rosalie é minha outra irmã, ” eu expliquei a ele.

Nossa, que cara sortudo… isso é meio doentio… mas sortudo…

Eu impedi a vontade incrível de revirar os olhos.

“Mike, eu acredito que seria melhor se nós simplesmente darmos uma olhada por aí. Eu
o chamo se precisarmos de algo. ” A cabeça dele foi de cima para baixo, como um
peixinho dourado.

Uma mulher apareceu nos fundos, suas expressões faciais muito parecidas com as da
criança. A mãe dele, eu percebi. Ela olhou para o Mike, então para nós três, nos
observando remexer pelas caixas de sacos de dormir nas prateleiras.

“Mike, ” eu escutei seu sussurro, “quem são essas pessoas?”

“Sei lá. Eles precisam de equipamentos para acampar, um monte deles, ” ele deu de
ombros.

“Tem algo em que posso ajudá-los?” ela nos chamou.

“Não, obrigada, ” Alice disse animadamente, mostrando os dentes. A Sra. Newton


piscou rapidamente, claramente estonteada.

Eu sacudi a cabeça. Se Alice continuasse com isso eu teria que arranjar uma focinheira
para ela. Ou talvez quebrar todos seus dentes. Eu lancei um olhar de censura a ela e ela
mostrou a língua para mim.

“Edward?” Carlisle chamou quando entrou. “Como estamos indo?”

“Estamos bem, pai, ” eu respondi.

Ele foi até o balcão e falou com os humanos deslumbrados.

“Meu nome é Carlisle Cullen, minha família e eu acabamos de nos mudar para cá. “

“Que… legal, ” a Sra. Newton conseguiu dizer. Ela se inclinou para frente, batendo os
cílios. Ele é tão bonito…
Eu gemi internamente. Já era ruim o bastante quando os humanos tentavam flertar
comigo ou com meus irmãos, mas quando eles flertavam o meu pai, já era demais para
agüentar.

“Carlisle, querido, parece que isso está tomando um tempo tão longo, ” Esme disse
amavelmente depois de abrir a porta.

Carlisle sorriu para ela e então disse aos humanos, “Essa é a Esme, minha esposa. “

Droga. Droga, droga, droga. Claro, eu sou uma mulher casada, mas um viúvo teria
sido tão mais conveniente… a Sra. Newton pensava, amarga.

É, a família toda é bem diferente, Mike pensou.

“Onde está o Jasper?” Alice perguntou.

“Ele está esperando no carro com Emmett. ” Carlisle respondeu.

Os pensamentos das minhas irmãs eram conflitantes.

Que bebezão…

Ótimo, ele está aprendendo a reconhecer quando uma situação pode ser demais para
ele.

“Quantos filhos você tem, Sr. Cullen?” a Sra. Newton perguntou.

“Apenas cinco, ” Carlisle sorriu.

Apenas?! “Nossa, é bastante… “

“Eles são todos adotados, ” Esme explicou.

“Ah… entendo, ” a Sra. Newton disse. “É muito bondoso da parte de vocês, adotar
tantas crianças. “

Esme sorriu para o Carlisle. “Nós decidimos há algum tempo atrás abrir nossa casa para
adolescentes problemáticos. Tem sido uma experiência maravilhosa. ” Carlisle se
inclinou e beijou a testa dela.

“Aonde vocês moravam antes?” a Sra. Newton perguntou.

“Alasca. ” Carlisle respondeu.

Hmm… isso explica a pele pálida… tenho que falar disso com a Sra. Stanley… ela tem
que saber…

“Pai?”

“Sim, Edward?”
“Iremos pescar esse ano?” Eu apontei para os produtos. “Parece que eles tem uma boa
seleção de carretéis e anzóis. “

Essa foi nossa deixa para ir embora? ele pensou. Eu balancei a cabeça
imperceptivelmente.

“Talvez em alguma outra ocasião possamos olhar o material de pesca. Por agora, sacos
de dormir e barracas serao suficientes. ” Ele sorriu.

“Ok. ” eu disse.

Fizemos as nossas compras, dando a Mike Newton uma comissão bem generosa.
Depois, Carlisle e eu sentamos no carro enquanto os outros foram para casa com os
novos equipamentos de acampamento, mais conhecidos como nossos enfeites.

“Acho que correu tudo bem. ” Carlisle disse.

“Sim, ” concordei. “Nosso disfarce está agora firmemente estabelecido. “

“Você percebeu qualquer problema?”

“Não. A mulher, a Sra. Newton, estava pensando em compartilhar suas novas


informações com uma Sra. Stanley. Pelo tom dos pensamentos dela, eu presumi que
essa Sra. Stanley é um tipo de rainha da fofoca. Senti que se nós déssemos mais
qualquer informação, teria sido prejudicial.

“Ah, entendo. Bom pensamento, Edward. “

Dei de ombros.

Era verão de 2003. Nós nos fixamos na pequena cidade de Forks, Washington. Não
havia nada de novo em viver na área, tudo era exatamente igual. Carlisle trabalhava no
hospital de Forks, Esme tinha renovado uma grande casa perto do rio. Rosalie e
Emmett, e Alice e Jasper seguiam com seus relacionamentos. Eu tocava piano. Lugar
diferente, mesmo tédio.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 38

38. Chihuahua cinza

Estacionei meu Volvo novo com cuidado, não querendo me mexer. Vamos, Edward,
Rosalie pensou, ninguém vai roubar seu precioso carro. Suspirei, afrouxando meu
punho em volta do volante. Me juntei à minha família enquanto aguardávamos fora do
carro, esperando pela Mercedes de Carlisle.

Uma pequena multidão estava se formando no estacionamento. Não era nada novo,
apenas as típicas boas-vindas que recebíamos em uma nova escola. Os alunos da Forks
High obviamente não eram nenhuma exceção. Surpresa, admiração e medo, tudo
ressoando em seus pensamentos. Olhei para longe, me apoiando na lateral do meu carro.

Oh… meu… Deus… Oh meu Deus… Oh meu Deus… tão inacreditavelmente gatos…
Esses pensamentos estavam vindo de uma pequena garota com cabelo encaracolado.
Olhei para ela por um momento. Ela fez um bico com os lábios e estufou seu peito. Era
o suficiente para fazer um vampiro sentir enjoo. Em seguida, ela caminhou em nossa
direção.

“Humana luxuriosa se aproximando, logo à frente”, cochichei rapidamente para minha


família. Cada um sorriu para mim. Jasper colocou uma mão calma no meu ombro e eu
relaxei.

“Oi”, disse a pequena garota em uma voz estridente. “Sou Jessica Stanley. Vocês devem
ser a nova família, ouvi tudo sobre vocês pela mãe do Mike”.

Ela parecia e soava como um chihuahua, exceto que ela tinha a cabeça cheia de cabelo e
sua pele estava coberta com um sweater cinza e uma saia combinando, ao invés de pelo.
Do contrário, não haveria nenhuma diferença.

“Então, quais são os seus nomes?”, ela perguntou com um sorriso esperançoso. Todos
reviramos os olhos e lançamos um olhar conhecedor uns aos outros. Alice deu um passo
à frente.

“Sou Alice, esta é Rosalie, aquele é Emmett, Jasper e Edward. ”

“Uau, ” Jessica suspirou, encarando cada Cullen macho. Ela não era sutil. Eu nunca vou
querer lembrar de seus pensamentos, especialmente as imagens. Suas fantasias eram
technicolor.

Então eu pausei. Jessica Stanley… Sra. Stanley… obviamente esta era sua filha. Pelo
que eu podia dizer, sua filha não ficava atrás da mãe, parecia que ela era criada em meio
a fofocas. Me lembrei de Judy Valance, de muitos anos atrás. Suspirei. Mais uma garota
com a qual precisávamos lidar com muito cuidado.

“Prazer em te conhecer, Jessica”, eu disse educadamente no mesmo momento em que vi


Carlisle encostando no estacionamento, “mas acredito que temos que ir agora. Nosso
pai chegou”. Apontei para a Mercedes. Ela se virou e seu queixo caiu quando Carlisle
saiu de seu carro. Eu podia jurar que vi uma gota de baba no canto da boa de Jéssica. O
carro ou o meu pai? Não importa quantos anos ele tem, eu pegava na hora! Meu pai…
infelizmente.

“Bom dia, crianças”, Carlisle disse acenando com a cabeça.

“Bom dia, pai”, dizemos todos ao mesmo tempo. Estávamos todos rindo histericamente
em nossas mentes e Carlisle parecia sentir isso. Ele nos lançou um olhar reprovador.
Ficamos quietos rapidamente.

“Uau, Dr. Cullen, ” Jessica tagarelou. “Muito legal te conhecer. Minha mãe me falou
tanto sobre você. ”
Carlisle levantou uma sobrancelha.

“Esta é Jessica”, apresentei, “filha da Sra. Stanley”. Jessica sorriu largamente.


“Fofoqueira junior”, cochichei rapidamente. Emmett teve que esconder sua risada com
uma tosse.

“Encantando em te conhecer, Jessica”, Carlisle disse graciosamente. Seu sotaque inglês


é tão sexy. “Temos uma reunião com o Sr. Green e não podemos nos atrasar. Se você
pudesse nos indicar o escritório principal, eu ficaria muito grato”, ele sorriu.

“Er… sim… ” ela engasgou. “Bem ali”. Ela vagamente acenou para sua esquerda,
mantendo os olhos colados em Carlisle. Claramente, não o chihuahua mais brilhante do
canil.

“Gentilemente agradeço, Jessica. Por favor, dê minhas considerações à sua mãe. ”


Carlisle disse. Jessica balançou a cabeça, de boca aberta.

Carlisle acenou, indicando que deveríamos ir na frente e ele iria nos seguiria. Estávamos
prestes a entrar no pequeno prédio quando uma garota loira com um enorme sorriso se
aproximou.

“Oi, ” ela disse em uma voz que claramente era para soar mais sofisticada e sensual,
embora ela apenas soasse boba para mim. “Sou Lauren Mallory. Se vocês precisarem de
alguma ajuda com qualquer coisa, pensem em mim como o comitê de boas-vindas. ”.
Ela riu, uma risada nasal falsa que era direcionada mais aos seus pensamentos do que ao
que ela havia acabado de dizer. Eu daria a esses rapazes as melhores boas-vindas que
eles já tiveram…

Se as fantasias de Jessica eram vívidas, as de Lauren eram diretamente pornográficas.


Eu visivelmente tremi.

“Obrigada, Lauren”, Alice sorriu, “certamente pediremos sua ajuda se precisarmos”.

“Ótimo! Bem-vindos a Forks!” Lauren acenou quando saiu. Eu tenho que falar com
Jessica sobre isso agora mesmo…

Minha família olhou para mim, eu só balancei a cabeça e dei de ombros. Então
finalmente entramos no prédio.

Oh meu Deus, este é com certeza o grupo de pessoas mais lindas que já vi… pensou a
secretária de cabelo vermelho.

“Bom dia, você deve ser a Sra. Cope, eu sou Carlisle Cullen e esses são meus filhos.
Temos uma reunião com o Sr. Green. ”

“Sim, claro, deixe-me ver seus papéis”, disse a agitada Sra. Cope. Ela vasculhou alguns
papéis por perto e então levantou uma pasta grossa. “Aqui está”, ela sorriu largamente.
“O escritório do Sr. Green é atrás da porta”, ela apontou para trás de si.

“Obrigado”, Carlisle balançou a cabeça, pegando a pasta.


Carlisle bateu polidamente na porta do diretor.

“Entre”, disse o Sr. Green.

Entramos no pequeno escritório para encontrar um homem gordo e careca. Seus olhos
se arregalaram quando ele olhou para nós. Carlisle apertou sua mão e então se sentou, o
restante de nós ficamos em pé, não haviam cadeiras o suficiente.

“Bem”, disse o Sr. Green trêmulo. “Bem-vindos à Forks High. Dr. Cullen, eu li os
arquivos escolares de seus filhos e, devo dizer, estou muito impressionado com suas
notas. ” Carlisle sorriu. “Podemos não ser uma escola avançada como a que seus filhos
frequentavam no Alaska, mas acredito que realmente promovemos uma boa educação. ”

“Tenho certeza disso”, Carlisle assegurou. “Eu apenas gostaria de discutir a Educação
Física de meus filhos”.

“Educação física?”, o Sr. Green perguntou com um franzir na testa.

“Sim”, confirmou Carlisle. “Meus filhos têm uma rara condição de pele, da qual eu
mesmo trato. É por isso que minha esposa e eu os adotamos. Não é contagioso, mas se
exposta diretamente à luz solar, suas peles podem ficar muito infeccionadas. ”

“Oh, entendo. ” Não me admira que sejam tão brancos… “Bem, o uniforme de
Educação Física da escola é normalmente short e camiseta, mas também fornecemos
trajes longos. Isso é o bastante?”

“Será mais que suficiente”, eu sorri. “Obrigado, Sr. Green”.

“Certo, bem, vocês encontrarão seus horários na pasta e um mapa do campus da


escola”.

Carlisle abriu a pasta e distribuiu os papéis.

“Se precisarem de alguma coisa”, implorou o Sr. Green, “por favor venham me ver”.

“Certamente faremos isso”, Carlisle sorriu, se levantando e ficando de pé.

Jessica Stanley estava caminhando em frente ao meu Volvo quando chegamos lá fora.
Eu simplesmente tenho que saber se eles têm namoradas ou não… tomara que não…

Acompanhamos Carlisle até sua Mercedes. Ele apertou nossas mãos e nos desejou boa
sorte. O asseguramos que tudo iria correr bem. Ignoramos completamente Jessica, que
estava zanzando perto do meu carro. Então sua impaciência foi maior que seu controle e
ela correu para nossa direção enquanto andávamos para nossas salas de aula.

“Vocês sabem para onde estão indo?”, ela quase deu um gritinho. “Quais são suas
primeiras aulas? Posso ajudar de alguma forma?”

“Não, está tudo bem”, eu disse, “obrigado, mas ficaremos bem. ”


Isso é um pouco rude, Edward, Alice pensou.

“Necessário, ” eu cochichei.

“Suas namoradas vêm para essa escola aqui também?”, ela soltou.

Emmett e Jasper passaram os braços ao redor de suas esposas e sorriram para Jessica.

Oh, ela pensou, oh uau… eles estão, tipo, juntos… tipo, realmente juntos… mal posso
esperar para contar isso para mamãe…

Então ela olhou para mim especulativamente.

“É melhor irmos”, eu disse rapidamente para minha família, apressando meu passo.

Ele parece ser o mais novo… ele deve ser solteiro… oh as coisas que eu quero fazer…

Eu queria bater minha cabeça na parede, não que iria fazer muita diferença, mas ainda
assim era tentador. Ser considerado com luxúria por uma chihuahua era
verdadeiramente horrível. Bem-vindo a Forks, pensei desanimando à mim mesmo.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 39

Cap 39 – Picape Vermelha

18 de Janeiro de 2005, às 8h45

Todos os vampiros eram mentirosos. Cada olhar, cada posição, enquanto sustentávamos
a nossa pretensão no mundo humano, era uma mentira. Das nossas roupas, que humanos
usavam para se aquecerem, até da bandeja de almoço no refeitório, era tudo um pacote
de mentiras. E mesmo assim, os seres humanos eram ainda os piores mentirosos de
todos.

Eles traíram-se com cada pensamento. Eles nunca diziam o que eles na verdade
pensavam. Às vezes os seus pensamentos eram tão contraditórios às suas palavras ditas
que eles se tornariam nada mais do que uma comédia. Já que ouvi esses pensamentos,
todos os dias, dia após dia, durante mais de oitenta anos.

E minha família de fato se perguntava o por que eu tinha escolhido uma existência
solitária. Tentei explicar a eles, mil vezes antes que eu finalmente desisti, simplesmente
como tediosamente chato tudo era para mim. A vida era previsível, na melhor das
hipóteses.
Claro que eu não precisava de companhia, uma parceira. Eu já tinha tido qualquer
experiência que a vida tinha para oferecer. Eu já as tinha ouvido em cada mente
demasiadas vezes, tanto em mente de ser humano quanto de vampiro. Visto tudo isso
em filmes, programas de televisão e livros. Não importa quanto originais ou
desenvolvidos os humanos pensavam que eles eram, eles afundavam nas mesmas
questões repetidamente. Era tudo exatamente o mesmo, todo dia. Por que eu comporia
todo esse tédio com a experiência direta? Tremi com o pensamento.

Eu não era sem propósito, entretanto. Todos tínhamos desejos e escolhas. Neste ano,
tínhamos decidido todos permanecermos jovens, portanto fomos matriculados em uma
escola. Não pela primeira vez, eu posso acrescentar. Todavia, isso nos mantinha jovens.
Nos mantinha mais perto de qualquer humanidade que nos prendíamos.

Esse era só um objetivo compartilhado, na minha família. O meu objetivo individual


centrava em volta do meu pai, Carlisle. Tinha grande respeito por ele, como um
vampiro e como um homem. Não sentia competição, como muitas vezes fazia com
meus irmãos. Não, o meu único objetivo era ganhar de qualquer maneira o direito de ser
igual à ele. Talvez era em vão, mas isto não me impedia de tentar, e eu realmente
tentava.

E assim, dirigi minha família para a Forks High School em silêncio, como eu tenho feito
durante os passados dezoito meses, nunca desafiando a juntar-me a qualquer conversa
previsível que eles estavam tendo. Estacionei o meu carro, sentindo uma breve
excitação na escola. Alguma nova chegada na cidade, que lamentável. Os humanos
eram tão facilmente distraídos por qualquer pequena novidade.

Suspirei para mim mesmo, reunindo as minhas coisas, meus acessórios. Seria apenas
outro dia tedioso nesta mentira. Nada diferente, nada fora do ordinário. Tudo na mesma.
Passei por uma enferrujada picape vermelha que eu não tinha visto no estacionamento
antes. Nada de interesse naquilo.

Era tudo nada mais que uma mentira.

Verde, Vermelho, Dourado – Capítulo 40

Nota da autora:

O poema é Gencianas Bávaras de D. H. Lawrence, 1932.

40. Espectro

Nem todo o homem tem gencianas em casa


no suave Setembro, no lento e triste dia de São Miguel.

Gencianas bávaras, grandes e escuras, somente escuras

escurecendo as horas do dia, tochas com o azul esfumado da

escuridão de Plutão,

alinhadas como tochas, de chama escurecida espalhada de azul

aplanada em pontos, plana sob a varredura de um dia claro

flor em tocha da escuridão azul-esfumada, ofuscação azul escura de Plutão,

candeias escuras dos salões de Dis, ardendo em azul escuro,

emitindo escuridão, escuridão azul,

como as pálidas candeias de Deméter espalhando luz,

guiando-me então, escolhendo o caminho.

Colhe-me uma genciana, dê-me uma tocha!

deixa que me guie com a forçada tocha azul desta flor

pelas escadas abaixo, cada vez mais escuras,

onde o azul é escurecido em azulado

onde mesmo Prosérpina vai, agora mesmo, desde o Setembro gelado

até ao reino cego onde a escuridão é desperta sobre o escuro

e a própria Prosérpina não é senão uma voz

ou uma escuridão invisível envolta na mais funda escuridão

dos Plutúnicos braços, e perfurada com a paixão da densa escuridão,

por entre o esplendor de tochas de escuridão, derrama escuridão sobre

a perdida noiva e o seu noivo.

13 de Junho de 2006

Senti-me como Hades, arrastando abaixo a bela Perséfone para o reino invisível e
condenando-a a uma eternidade de escuridão. Desviei o olhar do livro de poesia e olhei
para Bella. Ela estava esparramada em minha cama, dormindo profundamente. Fiz uma
promessa e, para cumprir tal promessa, ela jamais dormiria novamente.

E seria apenas escuridão para ela. Se eu desse tudo à ela, combinasse todas as cores,
tudo o que ela teria seria negro.

Deitei ao lado de meu lindo amor. Não podia fazer nada a não ser pensar em toda minha
existência passada enquanto a observava respirar profundamente. Minha patética
existência. Tudo era sem importância antes dela. Eu havia sido um tolo, confundindo
meu isolamento por solidão. Minha dor com apatia. Era ela, durante todo o tempo, que
eu estive procurando.

Tanto eu queria dar à ela, vida, amor, todo o planeta. Ainda assim, vez após vez, eu
falhei em prover o que ela realmente precisava. E agora, ela me concedia o mais
espantoso favor. Sua mão em casamento. Estiquei a mão e tracei delicadamente sua
face.

Egoísmo por anseio. Ou talvez anseio por egoismo. Os dois pareciam impossíveis de
separar. Eu ansiava por ela e a queria. Minha, por toda a eternidade.

E enquanto eu deitava ali, ponderando minhas ações, lutei para chegar a conclusão de
toda minha insensatez. Eu havia chegado tão perto de permitir que o monstro dentro de
mim dominasse. Tão perto de perder minha famÌlia, a mim mesmo. Tão perto de perdê-
la. Bella, aquela que eu estava precisando durante todo aquele tempo.

Eu jamais seria capaz de expressar o que ela havia feito por mim, pelo menos não em
palavras. Eu tentei dizer a ela, mostrá-la, quão grande é o meu amor, um mar infinito.
Eu fui tão estúpido de acreditar que seu amor por mim não era tão profundo quanto o
meu por ela. Abandoná-la foi verdadeiramente o pior dos erros que eu tinha feito.
Jamais tinha percebido que eu poderia ser amado tão profundamente, que pudesse
merecer tal amor de qualquer um. Menos ainda de uma linda garota humana.

Como pode ela me amar tanto? Eu, um monstro desalmado. Bem, talvez eu tivesse uma
alma. Como Bella disse, ‘sejamos esperançosos’. Eu apenas podia esperar que ela fosse
minha alma gêmea e que ambos viveríamos, experimentando uma vida gloriosa.

O anel de minha mãe coube perfeitamente em seu dedo. O acareciei amorosamente.


Pelo menos uma vez, eu havia finalmente feito a coisa certa. Mas, seria o suficiente?
Logo eu estaria transformando-a em um monstro como eu era. Crime, um pecado
horrível. Ainda assim, era o que ela queria, o que ela precisava. Eu faria qualquer coisa
por ela.

Então suavemente, finalmente cheguei a minha conclusão. Tudo o que eu havia vivido,
tudo que havia feito, noventa anos de espera, foi tudo por uma razão e uma razão
apenas. A gloriosa experiência de ser arrebatado por ela.

Bella, meu único amor. . . Você ultrapassou até o mais brilhante espectro de cores. Você
me salvou.

FIM.

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