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220,4
Considerando o estado duplo: τ
(Tração+Corte) - σP1 = 381,2MPa 247,6 θ1
381,2
σP2 = -160,8MPa - 160,8
τmáx = 271MPa σ
Como tg 2θp = τxy / ½ (σx - σy) = θ1
= -247,6 / ½ (220,4) = - 2,247;
2θp = - 66,0º; θp1 = - 33,0º; θp2 = 57,0º
Como σ (máx) = 78kgf/mm = 765MPa,
2
Segundo o critério da máxima energia específica de deformação total não haverá deterioração
do material se:
σ12 + σ22 +σ32 − 2ν (σ1 σ2 + σ2 σ3 + σ3 σ1) < ( σlimite )2 .......................... (9.3.2)
que, no caso do estado duplo de tensões (com σ3 = 0) e considerando um certo C.S., se torna:
σ12 + σ22 − 2ν (σ1 σ2) < ( σlim/CS )2 .............................. (9.3.3)
Observa-se experimentalmente que os materiais suportam tensões muito mais elevadas do que a
ao ensaio uniaxial de tração, quando submetidos a estados hidrostáticos de tensão (quando as 3 tensões
principais são todas iguais, ficando os círculos de Mohr reduzidos a um ponto sobre o eixo dos σ), não
ocorrendo tensão tangencial em qualquer plano (ficando o estado de tensão definido pela grandeza
escalar “pressão”, invariante para todas as direções). As rochas sob a crosta terrestre são um bom e-
xemplo do que se comenta. Tal comportamento fica compreendido quando se leva em conta que a e-
nergia total de deformação pode ser desdobrada em duas componentes: a energia para variação de vo-
lume e a energia para variação de forma (distorção). Assim é que podemos estabelecer a composição:
σ2 p σ2 - p
σ1 = p + σ1 - p
σ3 p
σ3 - p
30
Dimensionamento de Vigas e Eixos
Admite-se que a ação inelástica ocorrerá sempre que a energia de distorção exce-
der o valor correspondente no ensaio de tração (onde apenas uma das tensões principais
não é nula). Este é o chamado critério da máxima energia de distorção (Von Mises).
O valor da energia específica de distorção (ud) será computado subtraindo do va-
lor da energia total, a parcela correspondente a energia de variação volumétrica decor-
rente da tensão média p, fazendo em (9.3.1) σi = p = ( σ1 + σ2 + σ3 )/3, nos dando:
uvolume = [(1 – 2ν)6E]( σ1 + σ2 + σ3 )2.
Efetuando a diferença obtem-se:
udistorção = [(1+ν)/6E] [(σ1 − σ2)2 + (σ2 − σ3)2 + (σ3 − σ1)2] ..................... (9.3.4)
D=200
Analisaremos as tensões ocorrentes nos pontos da seção da base (na
parte interna, onde atua uma tensão de compressão σ3 = - p):
A – onde a tensão longitudinal trativa devido à p se soma à devido à M; C
B – onde a tensão tangencial devido ao torque T se soma à devido à Q;
B
C – onde a tensão longitudinal pode ser compressiva.
31
Dimensionamento de Vigas e Eixos
σL σL σL
τLC σC τLC
τLC p σC p
σC
σC σC
σC
p
σL σL σL
σmédio = ½ (114,3 + 114,0) = 114,2 σmédio = ½ (114,3 + 57,13) = 85,72 σmédio = ½ (114,3 + 0,28) = 57,29
R = {[½ (114,3 - 114,0)]2 + 19.92}1/2= R = {[½ (114,3 – 57,13)]2 + 31,272}1/2= R = {[½ (114,3 – 0,28)]2 + 19.92}1/2=
=19,90 = 42,37 =60,38
σ1 = 114,2 + 19,9 = 134,1MPa σ1 = 85,72 + 42,37 = 128,1MPa σ1 = 57,29 + 60,38 = 117,7MPa
σ2 = 114,2 - 19,9 = 94,3MPa σ2 = 85,72 – 42,37 = 43,45MPa σ2 = 57,29 – 60,38 = - 3,09 MPa
σ3 = - 3,2MPa σ3 = - 3,2MPa σ3 = - 3,2MPa
τmáx = ½ (σ1 − σ3) = τmáx = ½ (σ1 − σ3) = τmáx = ½ (σ1 − σ3) =
=1/2 [134,1 – (-3,2)] = 68,65MPa =1/2 [128,1 – (-3,2)] = 65,65MPa =1/2 [117,7 – (-3,2)] = 60,45MPa
τ τ τ
σ σ σ
32
Dimensionamento de Vigas e Eixos
Uma outra forma de representar os estados limites em função dos critérios de resistência
adotados para os materiais dúteis é a apresentada na fig. 9.3, sendo os eixos cartesianos repre-
sentativos das tensões principais σ1 σ2 para um estado duplo de tensões.
(a) segundo o critério da máxima tensão tangencial (Tresca) o estado de tensão represen-
tado pelo par σ1 , σ2 deve ficar limitado ao hexágono ABCDEFH, que corresponde às condições:
| σ1 | < σesc, |σ2 | < σesc, para σ1 e σ2 com o mesmo sinal e | σ1 − σ2 | < σesc , caso σ1 e σ2 tenham
sinais contrários.
σp2
σesc B (b) segundo o critério da máxima energia de
A
distorção (Von Mises) o limite passa a ser a
C elipse ABCDEFGHA, para a qual:
σ12 − σ1σ2 + σ22 = σesc2.
0,577
−σesc
0,500
H
σp1
D σesc O caso da torção pura, quando σ1 = τ e
σ2 = −τ evidencia a distinção dos dois critérios
obtendo-se τlim = 0,500 σesc (segundo Tresca) e
G
E F
−σesc τlim = 0,577 σesc (segundo Von Mises).
Fig.9.3 – Critérios de Tresca e de Von Mises
τadm = 125 / 2,5 = 50 MPa, teremos, pelo critério da máxima tensão tangencial:
d3 = 16x 170,8 / π 50x106 → d = 25,9 mm
Pelo critério da máxima deformação por torção, teríamos:
δθ/L = T / G JP = 32 T / G π d4, sendo G = E / 2 (1 + ν) = 200 / 2,6 = 76,9 GPa.
No caso: (δθ/L)adm = 2,5º/m = 2,5 / 57,3 = 0,04363 rad/m, e
A 3,6m D
A viga AB é apoiada em seus extremos sobre 0,4m 0,9m
o meio dos vãos das vigas CD e EF, sendo as
três constituídas por perfis S100 x 11,5 (I = C 0,9m
B
2,53 x 106 mm4). Adotando como tensões
limites σe = 150MPa e τe = 90MPa, F
pede-se calcular o coeficiente de segurança
do conjunto de vigas. 1kN
E
Solução: o cálculo das reações nos apoios de 1kN 10kN
cada uma das vigas e o traçado dos respecti-
vos diagramas de momento fletores mostram
9kN
que as seções críticas das vigas são:
VIGA AB – seção junto à carga P = 10kN, no 1,0kN.m
trecho PB, onde Q = 9kN e M = 3,6 kN.m;
0,5kN 3,6kN.m 9kN
4,5kN
VIGA EF – no meio do vão, junto ao contato
em B, onde Q = 4,5kN e M = 4,05kN.m. 4,05kN.m
34 4,5kN
Dimensionamento de Vigas e Eixos
VIGA AB – (tensões no plano da seção transversal crítica)
Máxima tensão σ de tração/compressão: (3,6 x 103 /2,53x10-6) 0,051 =72,57MPa
Máxima tensão τ: (9,0 x 103 x(0,067x0,0074x0,0473+ 0,0048x0,04362/2) /
/ (2,53x10-6x0,0048) =20,76MPa
Tensões na união entre a mesa e a alma do perfil:
tensão σ de tração/compressão: (3,6 x 103 /2,53x10-6) 0,0436 =62,04MPa
tensão τ: (9,0 x 103 x(0,067x0,0074x0,0473)/(2,53x10-6x0,0048) =17,38MPa
Considerando o estado triplo de tensões:
Nos topos da viga: σP1 = 72,57MPa; σP2 = 0; σP3 = 0; τmáx = ½ 72,57 = 36,29MPa;
No ponto médio da alma: : σP1 = 20,76MPa; σP2 = 0; σP3 = - 20,76 MPa; τmáx = 20,76MPa;
Nas junções mesa-alma: σP1 = ½ (62,04) + [(½ 62,04) 2 + 17,382]1/2 = 31,02 + 35,56 = 66,58MPa
σP2 = 0; σP3 = ½ (62,04) - [(½ 62,04) 2 + 17,382]1/2 = 31,02 – 35,56 = - 4,54 MPa
τmáx = [(½ 62,04)2 + 17,382]1/2 = 35,56MPa
Portanto, para a viga AB teremos: σmáx = 72,57 MPa e τmáx = 36,29MPa
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Dimensionamento de Vigas e Eixos
9.6 – Cargas Variáveis. Fadiga
9.6.1 - Fadiga
A experiência mostra que uma peça, submetida a uma carga cíclica, em geral se
deteriora, depois de um certo tempo, sob tensões muito mais baixas do que as obtidas
nos ensaios estáticos do respectivo material. É a chamada fratura por fadiga.Tal decorre
do fato de que o efeito sobre o material provocado pela ação de uma carga alternativa é
diferente daquele produzido pela carga, quando aplicada de forma gradual, até seu valor
final. A ruína devido à ação de um esforço estático provoca uma fratura (com superfície
rugosa) bem diferente daquela provocada pela fadiga do material (com duas regiões distin-
tas na superfície fraturada: uma polida, esmerilhada, e outra rugosa – Fig. 9.5.1).
Sob o carregamento alternado, uma pequena trin-
ca (em geral na superfície, onde as tensões são
trinca mais elevadas, tanto as normais devido à flexão,
como as tangenciais, devido à torção) provoca
uma concentração de tensões no entorno da fenda.
Como a carga se alterna, invertendo o sentido da
tensão, há uma propagação da fenda para o interi-
a or da peça, diminuindo a área da parte ainda ínte-
gra da seção, até a danificação total. Tal fenôme-
no é responsável por mais da metade das quebras
dos eixos das máquinas e ferramentas, pois, a
cada giro, um ponto da periferia do eixo, mesmo
b submetido a um torque e a um momento fletor
invariantes, passa da condição de tracionado a
M M M comprimido, retornando a ser tracionado a cada
tração tração rotação. Por exemplo, num eixo de motor elétrico
girando a 1.800 rpm, a cada segundo ocorrerão 30
desses ciclos de esforços alternados, provocando
compressão ω um “abre e fecha” da trinca, que prossegue apro-
fundando. É importante não confundir tal fenô-
ω M M ω M meno (que ocorre após milhares de ciclos) com o
fenômeno da plastificação alternada, ocorrente
c quando se provoca deformações ultrapassando o
limite de escoamento de materiais dúteis, inver-
Fig. 9.6.1–Seção de um eixo fraturado por fadiga: tendo o sentido da deformação e, após uns poucos
(a) Região esmerilhada; (b) região rugosa; c) al- ciclos, o material encruado sofre fratura frágil,
ternância do sentido da tensão normal decorrente com grande dissipação de energia (caso de arames
do momento fletor, causada pela rotação do eixo. que ficam aquecidos quando partidos). A máxima
tensão alternada à qual o material pode ser submetido, sem ruptura, mesmo após um milhão (106) de ci-
clos de solicitação, é a denominada tensão limite de fadiga (σn), medida através da máquina de Moore
(Fig.9.5.2), obtendo-se o gráfico representado abaixo (tensão ruptura x nº de ciclos de solicitação).
500 Corpo de Prova Espelhado
MPa M M
90% probabilidade de ruína
Motor
σn
250
Os valores adotados para a tensão limite de resistência à fadiga - σn (obtidos utilizando-se cor-
po de prova com acabamento superficial espelhado, diâmetro de 7,62mm = 1/3 polegada, para até 106
ciclos, submetido à flexão, a uma temperatura que não ultrapasse 71ºC) devem ser corrigidos em fun-
ção das peculiaridades da peça real (quanto a seu acabamento, tamanho, tipo de solicitação, vida limi-
tada, temperatura de trabalho), através de fatores cujas ordens de grandeza são apresentadas na tabela a
seguir (para aços com tensão de ruptura entre 300 e 600MPa *).
σf = σn (a) (b) (c) (d) (e) ............................ (9.6.1)
(a) acabamento (b) tamanho da peça (c) vida limitada (d) tipo de solicita- (e) temperatura
ção
a= b= c= d= e=
Espelhado ...............1,00 D=10mm..........1,0
Retificado.....0,93 a 0,90 D=20mm..........0,9 c = (106/ n)0,09 Flexão – 1,0 e = 1,0 (t< 71ºC)
Usinado........0,90 a 0,83 D=30mm..........0,8
c/ ranhura.....0,83 a 0,68 D=50mm..........0,7 n < 106 ciclos Axial – 0,8
Laminado.....0,70 a 0,50 D=100mm........0,6 e = 344/ (273 + tºC)
para t > 71ºC
c/ corrosão...0,60 a 0,40 D>200mm…..0,58 Torção – τ = 0,6 σ
Corrosão água salgada..
....................0,42 a 0,28
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Dimensionamento de Vigas e Eixos
4,0
d
15
b
K K
a h b
b
3,0
10 d
h/b = 0,35
Fig. 9.6
2,0
5 h/b = 0,50
1,0 1
0,0 0,5 Relação d/b 1,0 0,0 0,5 Relação d/b 1,0
c
M M d
r M d
K K
D d
M
h
2,0 3,0
Observação:
Os valores indi- b
D/d = 1,1 cados tanto
podem ser utili-
zados para eixos h/d > 3
D/d = 1,5 circulares com
1,5 seções tornea- 2,0
das como para
D/d = 4,0 barras chatas. h/d < 0,33
1,0 1,0
0,0 0,5 Relação r/d 1,0
e 0,5 Relação d/b 1,0
K r K
T T r f
3,0 3,0 T T
D d D/d = 2
D d
(D-d)/2r = 1
1,0 1,0
0,0 0,5 Relação r/d 1,0 0,0 0,05 0,10 0,15 0,20 Relação r/d
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Dimensionamento de Vigas e Eixos
9.8 – Cargas Pulsantes.
No caso de peças submetidas a cargas σvar
variáveis, que correspondem a um valor de ten- σ
σméd máx
são média diferente de zero (σm), ao qual se σmín t
sobrepõe um valor alternativo (σv), observa-se
experimentalmente que a falha ocorrerá quando
σv
o par de valores (σm; σv) for plotado acima da σfad/CS
linha reta que une o pontos representativos das σfad
duas tensões limites correspondentes, para a
resistência estática (σest) e para a fadiga (σfad),
como mostrado na figura ao lado.
A equação da reta limite, no plano carte- σest/CS
siano (σm; σv), será (na forma normal):
[σm / (σest)] + [σv / (σfad)] = 1
Adotando um mesmo coeficiente de se-
gurança (CS) para as tensões consideradas ad- σest σm
missíveis, tanto para a fadiga como para a re-
sistência estática do material, teremos: Fig. 9.8.1 – Cargas pulsantes
Como tensão limite para a resistência estática, nos materiais dúteis, adota-se a
tensão de escoamento (σe), enquanto que para os materiais frágeis, adota-se a tensão de
ruptura (σr)
39
Dimensionamento de Vigas e Eixos
Exemplo 9.8: A viga bi-apoiada esquema-
Furo - D = 20mm P pulsante entre
tizada na figura, fabricada por laminação
em aço com tensão de escoamento 250MPa 8kN e 4kN
e tensão limite de fadiga 190MPa, tem se-
ção quadrada (90x90 mm2) e um furo ver-
tical circular, de diâmetro 20mm, no meio
do vão. A viga é submetida a uma carga 2,0m
vertical pulsante P, que varia em módulo 1,0m
entre 8kN e 4kN, na posição indicada. Pe- 1,0m
de-se determinar o coeficiente de seguran-
ça considerando a fadiga e a concentração 8kN
de tensões.
Para o valor mínimo de P (4kN) (metade do valor máximo) as tensões correspondentes terão a
metade do valor, o que leva a concluir que as tensões críticas serão:
Na seção onde M é máximo - σM pulsando entre: 49,38 e 24,69 - σm = 37,04; σV = 12,35MPa
Na seção onde há o furo - σF pulsando entre: 42,33 e 21,17 - σm = 31,35; σV = 10,58MPa
Exercício proposto: faça um re-dimensionamento do eixo analisado no exercício 9.5.1 (pág. 33)
considerando:
• que a tensão normal calculada varia alternadamente devido à rotação (σfadiga = 0,7 σescoam)
• que a tensão tangencial calculada é constante;
• que há escalonamentos no diâmetro do eixo para a montagem das polias (K = 1,5);
• que há chavetas conectando as polias ao eixo (K = 1,7).
40