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DEUSES

CELESTIAIS
Ensaio

2010
Sadas
O sagrado no céu

“A simples contemplação da abóbada celeste é suficiente para desencadear uma


experiência religiosa” (Mircea Eliade).
O fato do céu se apresentar como algo elevado, imenso, abismal, já basta para insinuar
ao homem religioso um atributo divino. Muitos deuses são descritos como seres do alto,
celestiais.
O deus da tribo akposo se chama Uwoluwu (o que está no alto). Para os selknam, Deus
é o “Habitante do céu”. Para os andamanais, chama-se Puluga e este habita o céu. Os
fenômenos do céu, como trovões, ventos e furações, são sinais de sua presença. Olorum é o
deus dos céus para os iorubás. Os samoiedos cultuam Num (literalmente: Céu). Para os
koryaks, o Deus supremo se chama “O Senhor do alto”. Para os ainos, ele é o “Chefe do céu”.
O deus dos mongóis era Tengri (Céu). A palavra chinesa “tien” significa tanto o céu
quanto o deus do céu. O mesmo se dá com a palavra suméria “dingir”. Os babilônios tinham o
deus Anu (céu). Os indo-europeus, veneravam Dewos, palavra usada para o brilho celeste e
que originou o latim Deus, o grego Zeus, o indiano Deva. O báltico Perkunas e o protoeslavo
Perun eram deuses do relâmpago.
Mais próximos de nós estão os exemplos de Zeus, habitando o olimpo, tão alto quanto
o céu, e portando raios; e o Deus judeu e cristão, o El Elyon (Deus Altíssimo), o “Pai que está
no céu”.

O Deus longínquo
Uma interessante tendência destes deuses celestiais é seu afastamento. Não apenas o
óbvio e literal afastamento, já que se encontram na longínqua distância do céu. Eles se
afastam numa espécie de desinteresse real.
Por serem deuses supremos, por demais elevados, sentem-se distantes das
banalidades deste mundo. Tornam-se como o rei que não pode ser um pai muito próximo de
seus filhos para não perder o respeito real.
Em consequência, os deuses ctônicos, terrenos, mais próximos de nós, assumem um
grau de intimidade maior com os devotos. Na mitologia grega, Cronos, Urano e o próprio Zeus
foram tratados com distância, respeitosa e quase que mutuamente indiferente, ou seja, eles
são deuses supremos demais para se importar conosco e nós nos identificamos pouco com
eles. Zeus, particularmente, aparece como um deus irado, perigoso, a quem se deve temer,
mas não ter carinho. Seria, numa concepção freudiana, o deus com imagem paterna.
Por outro lado, os deuses mais terrenos, mais humanos, como Venus e Dionísio,
desfrutavam do carinho, do apego por parte de seus fiéis. A Dionísio dedicavam-se festas tão
alegres que deveriam causar ciúmes em Zeus.
Para os australianos kulin, Bundjil criou o Cosmo e os seres vivos, depois afastou-se,
deixando seu filho na Terra e sua filha no Céu, a governá-los. O deus Puluga, dos andamanais,
também se retirou do mundo após criá-lo. O mesmo se dá com o Habitante do Céu dos
selknam, o Olorum dos iorubás, o Ndyambi dos hereros, o Dzingbé dos ewe, o Nzame dos fang.
O deus do céu é um deus otiosus (Deus ocioso). Odim, soberano de asgard, passava
longos períodos dormindo, não se permitindo que os demais o perturbassem. No Gênesis,
após criar o mundo, Deus descansou. E este Deus continuou se afastando cada vez mais na
história do povo escolhido. Ele se mostrava indignado com os pecados e a veleidade de seu
povo, retirando-se para dentro do Santo dos Santos, tornando-se acessível apenas a alguns
profetas.
Por fim, na versão cristã, este Deus se afastou por completo, deixando seu Filho Jesus
em seu lugar. Jesus apresenta um papel como dos deuses ctônicos. Sendo ele terreno, de
carne e osso, produz uma empatia maior no devoto. Identifica-se conosco e está sempre
presente.
Somente em ocasiões extremas é que se recorre ao Deus distante. Os gregos
clamavam a Apolo, Venus, Dionísio, Poseidon. Apenas no momento extremo recorriam a Zeus.
O católico costuma buscar a intermediação dos santos, de Maria, de Jesus, deixando a busca
do Deus do Céu como último recurso.

Ensaio baseado na obra O Sagrado e o Profano, de Mircea Eliade.

Publicação: Sadas Editora


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