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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

MESTRADO EM DIREITO
TEORIA GERAL DO DIREITO
PROF. HUGO SEGUNDO
ALUNO: JOSÉ MARIA MCCALL ZANOCCHI

Questão 1. Discorra sobre o conceito de relação jurídica


segundo Kelsen.

Kelsen constrói um conceito de relação jurídica diferente da doutrina


tradicional. O autor critica a concepção de relação jurídica como a
relação entre dois indivíduos, entre o sujeito de um dever jurídico e o
sujeito do correspondente direito, por ser, na sua opinião, demasiado
estreita.

Segundo Kelsen, esta relação não se restringe a dois indivíduos, mas


é muito mais ampla, considerando toda a ordem jurídica.

As relações estabelecidas sob a ordem jurídica envolvem não só o


indivíduo que é obrigado a uma determinada conduta e o indivíduo
em face do qual aquele é obrigado a tal conduta, mas também entre
o indivíduo que tem competência para a criação de uma norma e o
indivíduo que tem competência para a aplicação dessa norma, bem
como entre um indivíduo que tem competência para a criação ou
aplicação de uma norma e o indivíduo a quem essa norma impõe um
dever ou confere um direito.1

Há uma diferença, por exemplo, entre as relações entre aqueles tem


competência para a criação ou aplicação de uma norma e o indivíduo
a quem essa norma impõe um dever ou confere um direito. Fala-se

1 KELSEN, Hans. Teoria da Norma Jurídica. Tradução de João Batista


Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003, p. 183.
em relações jurídicas publicas e privadas levando em consideração
essa diferença.

Assim, Kelsen define a relação jurídica não como uma relação entre
indivíduos, mas relações entre normas, ou seja, não como uma
relação entre o sujeito do dever e o sujeito do direito, mas como
relação entre um dever jurídico e o direito reflexo que lhe
corresponde.

Segundo o autor, a relação jurídica não deve ser vista como uma
relação entre dois fenômenos diferentes. Numa situação
juridicamente relevante, o direito de um é um reflexo do dever de
outrem, ambos correspondentes ao mesmo fenômeno jurídico.
Portanto, não haveria, nesse caso, qualquer relação entre o dever
jurídico e o direito reflexo.

Assim, a relação jurídica determinada pelas normas jurídicas existe,


nas palavras do autor

“quando a ordem jurídica confere ao individuo, em


face do qual um outro esta obrigado a conduzir-se
de determinada maneira, o poder jurídico de,
através de uma ação, iniciar um processo que
conduza à norma individual, a estabelecer pelo
tribunal, pela qual é ordenada a sanção prevista
pela norma geral e a dirigir contra o indivíduo que
se conduz contrariamente ao dever. Neste caso
existe uma relação jurídica entre o individuo dotado
deste poder jurídico e o individuo obrigado. Esta
relação, porem, não é outra coisa senão a conexão
ou relação entre a conduta que consiste no
exercício deste poder jurídico, a ação, e a conduta
contra a qual a sanção é dirigida, o delito; isto é, a
conexão entre dois fatos determinados pela ordem
jurídica como pressupostos da sanção. É a relação
típica, designada pela teoria tradicional como
relação jurídico-“privada”. Porém, na medida em
que a distinção entre relações jurídicas privadas e
publicas se baseie na diferença que existe entre
supra-ordenacao e subordinação, de um lado, e
igualdade de plano ou equiparação, do outro, a
relação entre o individuo provido do poder jurídico
de instaurar a ação e o indivíduo obrigado, contra o
qual a ação vai dirigida, é uma relação jurídica
pública no mesmo sentido em que o é a relação
entre o tribunal, funcionando como órgão estadual,
e este indivíduo. Com efeito, o poder jurídico do
titular do direito de ação consiste na sua
competência para intervir na produção da norma
individual que ordena a sanção a dirigir contra o
indivíduo que se conduz contrariamente ao seu
dever. (...) A relação de supra-ordenação e
subordinação que existe, segundo a concepção
tradicional, entre a comunidade jurídica, ou seja, o
Estado, representado pelo tribunal, e o réu, existe
também entre o autor e o réu.”2

Questão 2. Segundo Nawiasky qual a relação entre direito


subjetivo, dever júridico e relação jurídica?

A concepção de Nawiasky acerca da distinção entre relação entre


direito subjetivo, dever jurídico e relação juridica parte inicialmente
de uma distinção entre direito subjetivo e objetivo.

2 Ibid, p. 185-186.
A norma é a expressão do direito objetivo e o direito subjetivo nada
mais é que a vinculação entre um determinado destinatário a uma
norma objetiva, a ponto deste poder designar-lhe “sua” norma
jurídica ou “seu” direito.

Desta vinculação surge uma relação jurídica entre o destinatário e a


norma jurídica, bem como entre aquele e o Estado, pois toda a
relação jurídica pressupõe um liame com o Estado.

Assim, para o autor, “dever jurídico é o mesmo que a relação jurídica


contemplada sob o ponto de vista subjetivo, enquanto que a relação
jurídica é o mesmo que o dever jurídico sob a perspectiva objetiva”.3

O direito subjetivo de um destinatário surge quando este tem o poder


de influir decisivamente para a realização da sanção jurídica. Nesses
casos, a fator coação está diretamente condicionado à vontade do
interessado; a norma jurídica não só opera em seu favor, como
também está à sua disposição, convertendo-se em “sua” norma,
“seu” direito.

Desta forma, segundo a definição de Nawiasky: direito subjetivo é,


pois, uma norma jurídica estabelecida em favor de uma pessoa, cuja
tutela depende da sua vontade individual ou o poder de disposição
sobre a tutela jurídica estatal posta em favor do seu interesse
individual4.

Portanto, se o direito subjetivo consiste na pretensão de tutela


jurídica estatal, significa poder sobre uma função estatal, poder sobre
o Estado. Assim se manifesta o direito subjetivo em oposição ao
dever jurídico.

3 NAWIASKY, Hans. Teoria general del derecho. Tradução de José


Zafra Valverde. Granada: Comares, 2002, p. 167.
4 Ibid, p. 169.
Na perspectiva do dever jurídico, há uma relação de subordinação da
vontade individual à vontade estatal, enquanto que, na do direito
subjetivo, uma relação de subordinação do Estado a uma vontade
individual.

No primeiro caso, o sujeito é o destinatário da norma; no segundo, o


titular da vontade condicionante da norma.

Será titular de um direito subjetivo aquele a quem o direito reconhece


como legítimo o interesse sobre a conduta devida pelo obrigado,
conforme prescrito pela norma objetiva.

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