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Como citar este comentário: OLIVEIRA JÚNIOR, Euclides Quintino de. Alimentos gravídicos.

Disponível em http://www.lfg.com.br. 17 de novembro de 2008.

O Presidente da República sancionou no dia 06 de novembro de 2008 a lei que leva o número 11.804,
que disciplina o direito a alimentos gravídicos, a forma como será exercido e dá outras providências. O
adjetivo "gravídico" não carrega uma entonação condizente com a realidade do benefício que se
pretende alcançar. Talvez "alimentos do nascituro" tivesse uma especificação mais correta da
finalidade da lei, já que o Código Civil põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

E não é esta a primeira vez que o feto surge como agente de tutela estatal. A Declaração Dos Direitos
da Criança, promulgada pela Assembléia Geral da ONU preconiza que a criança, em razão de sua
imaturidade física e mental, necessita de proteção legal apropriada, tanto antes como depois do
nascimento. O Estatuto da Criança e do Adolescente acrescenta ainda o direito de proteção à vida e à
saúde, proporcionando um nascimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. O
Tribunal de Justiça de São Paulo, através de seu Órgão Especial, em julgamento recente, decidiu que
o feto tem legitimidade para ingressar com ação judicial visando garantir o atendimento médico pré-
natal para sua mãe, que cumpria pena em uma cadeia pública. Pode o feto, desta forma, pela
projeção alcançada, figurar como autor em ação de alimentos, investigação de paternidade e outros
direitos compatíveis com sua condição de concebido, mas não nascido.

Pois bem. A nova lei, em apertado resumo, confere direito à mulher gestante, não casada e que
também não viva em união estável, de receber alimentos, desde a concepção até o parto. Para tanto,
deverá ingressar com o pedido judicial em desfavor do futuro pai. O juiz decidirá, no âmbito de uma
cognição sumária, com base nos indícios de paternidade, a obrigação alimentar do suposto pai, que
poderá contestar, mas em restrito âmbito cognitivo também. Os alimentos fixados permanecerão até o
nascimento com vida, quando serão convertidos em pensão alimentícia e, a partir deste marco,
poderão ser revistos por uma das partes.

A lei vem revestida da mais pura boa-fé e com a intenção de proporcionar à mãe, que também
oferecerá sua cota de participação, valores suficientes para cobrir as despesas decorrentes da
gravidez. O objetivo é atingir um nascimento com dignidade à criança. Trata-se de uma procriação
responsável, com o comprometimento integrado e solidário dos genitores, numa verdadeira guarda
compartilhada intra-uterina.

A espontaneidade da lei, no entanto, contrasta com condutas de mulheres desprovidas de bona fide
que, conforme a reiterada experiência forense, viveram relacionamentos sucessivos e engravidaram.
Numa terminologia mais clássica do Direito, seria a situação da mulher freqüentada por vários homens
(plurium concubentium), e a conseqüente dificuldade de apontar com segurança o pai da criança. Qual
seria, então, o critério de escolha da paternidade, que é deferido exclusivamente à mulher? Seria o
envolvimento amoroso ou o econômico? O primeiro, pela sua própria conduta, fica descartado. Vinga
o segundo e se não corresponder à paternidade verdadeira, mesmo assim, pelos indícios, o suposto
pai arcará com o pagamento. Poderá contestar o pedido, mas o exame excludente da alegada
paternidade será realizado somente após o nascimento da criança, quando, pelo menos
provisoriamente, foi sacramentada a paternidade. A não ser que se faça a coleta do líquido amniótico,
procedimento que coloca em risco o feto e de altíssimo custo.

O texto originário do Projeto (PLS n.º 62/04), de autoria do Senador Rodolpho Tourinho, do PFL
baiano, possibilitava o pagamento de danos materiais e morais ao réu, quando resultasse negativo o
exame pericial de constatação de paternidade. Foi vetado, no entanto, pelo Presidente da República

Prevalece, desta forma, uma paternidade calcada em indícios, o distanciamento do princípio da


presunção de inocência, a restrição à ampla defesa e à soberania do in dúbio pro actore. A dúvida
militará em favor do autor e não contra o réu, contrariando regra comezinha de Direito. Muitas vezes a
verba alimentar não é tão pesada quanto a imputação de uma paternidade não verdadeira, que
decretada posteriormente ao nascimento, fará surgir um novo pai. A lei, pela sua destinação e
finalidade, não pretende eleger pais e sim apontar os verdadeiros.

A palavra da mulher é de vital importância para o esclarecimento, mas deve aflorar com a credibilidade
necessária. Basta ver que nos crimes sexuais, em razão de serem praticados solus cum sola in
solitudinem, a versão ofertada pela vítima, na maioria das vezes, vem a ser o sustentáculo da
acusação e posterior condenação. Por falar nisso, já que estamos ainda respirando a comemoração
do centenário de morte de Machado de Assis, será que no romance Dom Casmurro, Ezequiel, filho de
Capitu, tinha como pai Bentinho ou Escobar?...

http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20081112101903924

Alimentos Gravídicos?
A expressão é feia, mas o seu significado é dos mais salutares. Aguarda a sanção presidencial Projeto
de Lei [01] que concede à gestante o direito de buscar alimentos durante a gravidez, daí "alimentos
gravídicos."

Ainda que inquestionável a responsabilidade parental desde a concepção, o silêncio do legislador


sempre gerou dificuldade para a concessão de alimentos ao nascituro. Raras vezes a Justiça teve a
oportunidade de reconhecer a obrigação alimentar antes do nascimento, pois a Lei de Alimentos exige
prova do parentesco ou da obrigação. [02] O máximo a que se chegou foi, nas ações investigatórias de
paternidade, deferir alimentos provisórios quando há indícios do vínculo parental ou após o resultado
positivo do teste de DNA. Graças à Súmula do STJ [03], também a resistência em se submeter ao
exame passou a servir de fundamento para a antecipação da tutela alimentar.
Assim, em muito boa hora é preenchida injustificável lacuna. Porém, muitos são os equívocos da lei, a
ponto de questionar-se a validade de sua aprovação. Apesar de aparentemente consagrar o princípio
da proteção integral, visando assegurar o direito à vida do nascituro e de sua genitora, nítida a postura
protetiva em favor do réu. Gera algo nunca visto: a responsabilização da autora por danos materiais e
morais a ser apurada nos mesmos autos, caso o exame da paternidade seja negativo. Assim, ainda
que não tenha sido imposta a obrigação alimentar, o réu pode ser indenizado, pelo só fato de ter sido
acionado em juízo. Esta possibilidade cria perigoso antecedente. Abre espaço a que, toda ação
desacolhida, rejeitada ou extinta confira direito indenizatório ao réu. Ou seja, a improcedência de
qualquer demanda autoriza pretensão por danos materiais e morais. Trata-se de flagrante afronta o
princípio constitucional de acesso à justiça [04], dogma norteador do estado democrático de direito.

Ainda que salutar seja a concessão do direito, de forma para lá de desarrazoada é criado um novo
procedimento. Talvez a intenção tenha sido dar mais celeridade ao pedido, mas imprime um rito bem
mais emperrado do que o da Lei de Alimentos.

O primeiro pecado é fixar a competência no domicílio do réu [05], quando de forma expressa o estatuto
processual concede foro privilegiado ao credor de alimentos [06]. De qualquer modo, a referência há
que ser interpretada da forma que melhor atenda ao interesse da gestante, a quem não se pode exigir
que promova a ação no local da residência do devedor de alimentos.

A outra incongruência é impor a realização de audiência de justificação, mesmo que sejam trazidas
provas de o réu ser o pai do filho que a autora espera. Da forma como está posto, é necessária a
ouvida da genitora, sendo facultativo somente o de poimento do réu, além de haver a possibilidade de
serem ouvidas testemunhas e requisitados documentos. Porém, congestionadas como são as pautas
dos juízes, mesmo sem a audiência, convencido da existência de indícios da paternidade,
indispensável reconhecer a possibilidade de ser dispensada a solenidade para a fixação dos
alimentos.

Mas há mais. É concedido ao réu o prazo de resposta de 5 dias. Caso ele se oponha à paternidade a
concessão dos alimentos vai depender de exame pericial. Este, às claras é o pior pecado da lei. Não
há como impor a realização de exame por meio da coleta de líquido amniótico, o que pode colocar em
risco a vida da criança. Isso tudo sem contar com o custo do exame, que pelo jeito terá que ser
suportado pela gestante. Não há justificativa para atribuir ao Estado este ônus. E, se depender do
Sistema Único de Saúde, certamente o filho nascerá antes do resultado do exame.

Os equívocos vão além. Mesmo explicitado que os alimentos compreendem as despesas desde a
concepção até o parto, de modo contraditório é estabelecido como termo inicial dos alimentos a data
da citação. Ninguém duvida que isso vai gerar toda a sorte de manobras do réu para esquivar-se do
oficial de justiça. Ao depois, o dispositivo afronta jurisprudência já consolidada dos tribunais e se
choca com a Lei de Alimentos, que de modo expresso diz: ao despachar a inicial o juiz fixa, desde
logo, alimentos provisórios [07].

Preocupa-se a lei em explicitar que os alimentos compreendem as despesas adicionais durante o


período de gravidez, da concepção ao parto, identificando vários itens: alimentação especial,
assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e
demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico. Mas o rol não é
exaustivo, pois o juiz pode considerar outras despesas pertinentes.

Quando do nascimento, os alimentos mudam de natureza, se convertem em favor do filho, apesar do


encargo decorrente do poder familiar ter parâmetro diverso, pois deve garantir ao credor o direito de
desfrutar da mesma condição social do devedor [08]. De qualquer forma, nada impede que o juiz
estabeleça um valor para a gestante, até o nascimento e atendendo ao critério da proporcionalidade,
fixe alimentos para o filho, a partir do seu nascimento.

Caso o genitor não proceda ao registro do filho, e independente de ser buscado o reconhecimento da
paternidade, a lei deveria determinar a expedição do mandado de registro. Com isso seria dispensável
a propositura da ação investigatória da paternidade ou a instauração do procedimento de averiguação,
para o estabelecimento do vínculo parental [09].

Apesar das imprecisões, dúvidas e equívocos, os alimentos gravídicos vêm referendar a moderna
concepção das relações parentais que, cada vez com um colorido mais intenso, busca resgatar a
responsabilidade paterna. Mas este fato, por si só, não absolve todos os pecados do legislador.

http://jus.uol.com.br/revista/texto/11540/alimentos-gravidicos

Alimentos Gravídicos: Aspectos da Lei 11.804/08


19/11/2008 | Autor: Leandro Soares Lomeu

Entrou em vigor no dia 06 de novembro de 2008, uma nova lei de alimentos, a Lei 11.804/08, que
busca disciplinar o direito a alimentos gravídicos e a forma como ele será exercido, objetivando
preencher uma triste lacuna ora existente no Direito de Família contemporâneo. Os alimentos
gravídicos pode ser compreendido como aqueles devidos ao nascituro, e, percebidos pela gestante,
ao longo da gravidez, sintetizando, tais alimentos abrangem os valores suficientes para cobrir as
despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto,
inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas
indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. Assim, entende-se
que o rol não é exaustivo, pois pode o juiz pode considerar outras despesas pertinentes.

A Lei de Alimentos (Lei 5.478/68) consistia um óbice à concessão de alimentos ao nascituro, haja vista
a exigência, nela contida, no seu artigo 2º, da comprovação do vínculo de parentesco ou da obrigação
alimentar. Ainda que inegável a responsabilidade parental desde a concepção, o silêncio do legislador
sempre gerou dificuldade para a concessão de alimentos ao nascituro.

A dificuldade gerada pela comprovação do vínculo de parentesco de outrora já não encontrava-se


engessada pela Justiça que teve a oportunidade de reconhecer, em casos ímpares, a obrigação
alimentar antes do nascimento, garantindo assim os direitos do nascituro e da gestante, consagrando
a teoria concepcionista do Código Civil e o princípio da dignidade da pessoa humana. Sem dúvidas,
houve, mais uma vez, o reconhecimento expresso do alcance dos direitos da personalidade ao
nascituro.

Nesses moldes já afirmava Silvio de Salvo Venosa sobre a legitimidade para a propositura da ação
investigatória:

"São legitimados ativamente para essa ação o investigante, geralmente menor, e o Ministério Público.
O nascituro também pode demandar a paternidade, como autoriza o art. 1.609, parágrafo único (art.
26 do Estatuto da Criança e do Adolescente, repetindo disposição semelhante do parágrafo único do
art. 357 do Código Civil de 1.916)."[1]
Ainda especificamente a respeito dos alimentos ao nascituro, vale trazer à baila valioso ensinamento
de Caio Mário da Silva Pereira:

"Se a lei põe a salvo os direitos do nascituro desde a concepção, é de se considerar que o seu
principal direito consiste no direito à própria vida e estar seria comprometida se à mão necessitada
fossem recusados os recursos primários à sobrevivência do ente em formação em seu ventre.

Neste sentido Pontes de Miranda comenta que 'a obrigação alimentar pode começar antes de nascer,
pois existem despesas que tecnicamente se destinam à proteção do concebido e o direito seria inferior
se acaso se recusasse atendimento a tais relações inter-humanas, solidamente fundadas em
exigências da pediatria'.

Silmara J. A. Chinelato e Almeida reconhece que são devidos ao nascituro os alimentos em sentido
lato - alimentos civis - pra que possa nutrir-se e desenvolver-se com normalidade, objetivando o
nascimento com vida.
(...) Têm os nossos Tribunais reconhecido a legitimidade processual do nascituro, representado pela
mãe, tendo decisão pioneira da Primeira Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo, datada de
14.09.1993 (Ap. Cível n. 193648-1), atribuído legitimidade 'ad causam' ao nascituro, representado pela
mãe gestante, para propor ação de investigação de paternidade com pedido de alimentos. Concluiu o
relator - Des. Renan Lotufo - reportando-se à decisão pioneira no mesmo sentido do Tribunal do Rio
Grande do Sul (RJTJRS 104/418) que 'ao nascituro assiste, no plano do Direito Processual,
capacidade para ser parte como autor ou réu. Representado o nascituro, pode a mãe propor ação de
investigatória e o nascimento com vida investe o infante na titularidade da pretensão de direito
material, até então uma expectativa resguardada'.

Na hipótese de reconhecimento anterior ao nascimento autorizada pelo parágrafo único do art. 1.609
do Código Civil, não se pode excluir a legitimidade do nascituro para a ação de alimentos."[2]

Já enfatizava o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul acerca dos alimentos em favor de
nascituro, ao decidir que:

"Havendo indícios da paternidade, não negando o agravante contatos sexuais à época da concepção,
impositiva a manutenção dos alimentos à mãe no montante de meio salário mínimo para suprir suas
necessidades e também as do infante que acaba de nascer. Não afasta tal direito o ingresso da ação
de investigação de paternidade cumulada com alimentos."[3]

Diante de tais ensinamentos, dúvidas não restavam de que a tendência apontada pela doutrina e
jurisprudência[4] era é o reconhecimento à mãe gestante da legitimidade para a propositura de ações
em benefício do nascituro. Fato jurídico que foi socorrido e se fez consagrado pela nova legislação
alimentícia através da Lei 11.804/08.
Abrilhanta a Lei de Alimentos Gravídicos a desejada proteção da pessoa humana e dos direitos
fundamentais consagrados na Carta Magna, correspondendo-os ao sistema do direito privado,
gerando a via tão desejada do direito civil-constitucional, considerando assim um grande avanço da
legislação pátria.

A nova legislação entra em contato com a realidade social facilitando a apreciação dos requisitos para
a concessão dos alimentos ao nascituro, devendo a requerente convencer o juiz da existência de
indícios da paternidade, desta forma, este fixará os alimentos gravídicos que perdurarão até o
nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.
Note-se que os critérios para a fixação do valor dos alimentos gravídicos são os mesmos hoje
previstos para a concessão dos alimentos estabelecidos no art. 1694 do Código Civil: a necessidade
da gestante, a possibilidade do réu - suposto pai -, e a proporcionalidade como eixo de equilíbrio entre
tais critérios.

Outro aspecto interessante da nova lei é o período de condenação ao pagamento dos alimentos
gravídicos que se restringe a duração da gravidez, e com o nascimento, com vida, do nascituro, eles
se convertem em pensão alimentícia. Leva-nos, em ordem contrária, como nos indica a boa justiça, a
afirmar que caso haja a interrupção da gestação, tal é o fato de um aborto espontâneo, por exemplo,
extingue-se de pleno direito os alimentos de forma automática. Isso porque não abrangem os
alimentos gravídicos o disposto na recente Súmula 358 do STJ, que dispõe sobre "o cancelamento de
pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante
contraditório, ainda que nos próprios autos".

Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em
favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão, de acordo com o parágrafo único do
art. 6º, da Lei 11.804/08. Nessas linhas, nada impede, contudo, que o juiz estabeleça um valor para
a gestante, até o nascimento e atendendo ao critério da proporcionalidade, fixe alimentos para o
filho, a partir do seu nascimento.

Quanto ao foro competente certo é o do domicílio do alimentado, neste caso a gestante. O Projeto
de Lei que originou a Lei de Alimentos Gravídicos previa a competência do domicílio do réu,
mostrava-se em desacordo com a sistemática adotada, que de boa ordem foi vetado.

Outro ponto de suma importância e que causou controvérsias, encontrava-se no vetado artigo 9º, que
determinava a incidência dos alimentos desde a citação. É direta a possibilidade de se afirmar que se
assim fosse determinado, ou seja, que os alimentos gravídicos somente fossem devidos apenas depois
da citação do réu, provocaria manobras no sentido de se evitar a concretização do ato, objetivando
escapar do oficial de justiça. Talvez fosse possível encontrar o suposto pai somente após o
nascimento do filho, perdendo assim a finalidade da lei. Colidia o artigo 9º também com a redação
da Lei de Alimentos que determina ao juiz despachar a inicial fixando, desde logo, os alimentos
provisórios. Dessa forma, a Lei 11.804/08 adotou a posição consagrada na doutrina e na
jurisprudência, e também expressa legalmente, ou seja, o juiz deve fixar os alimentos ao despachar
a petição inicial.

Vislumbra-se através da Lei de Alimentos Gravídicos a busca incessante pela dignidade da pessoa
humana, pessoa esta considerada desde a sua concepção. Alcança a nova legislação alimentícia as
características atinentes a repersonalização do Direito Civil, a conseqüente despatrimonialização do
Direito de Família e a responsabilização efetiva da parentalidade.

Como afirma Maria Berenice Dias, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família
(IBDFAM), em artigo que analisou o Projeto de Lei que deu origem a atual Lei de Alimentos
Gravídicos: "apesar das imprecisões, dúvidas e equívocos, os alimentos gravídicos vêm referendar a
moderna concepção das relações parentais que, cada vez com um colorido mais intenso, busca
resgatar a responsabilidade paterna"[5].

Ademais a Constituição Brasileira de 1988 prioriza a necessidade da realização da personalidade dos


membros familiares, ou seja, a família-função, através do princípio da solidariedade familiar, com
amparo no art. 3º, inciso I da CF. Assim como é dever do Estado assegurar a assistência à família na
pessoa de cada um dos que a integram, o que pôde ser alcançado, salvo as intempéries legislativas,
com a sanção da Lei 11.804/08, elencando a pessoa humana como centro da proteção jurídica, ao
invés do individualismo e do patrimonialismo do século passado.

Em conclusão, invoca-se palavras de Jurandir Freire Costa, ao considera que "para que possamos
restituir à família a legitima dignidade que, historicamente, lhe foi outorgada, é preciso colocar em
perspectiva seus impasses, procurando reforçar o que ela tem de melhor e vencer a inércia do que
ela tem de pior"[6]. Espera-se que Lei de Alimentos Gravídicos vença os impasses outrora vividos
diante da lacuna que existia em nosso ordenamento jurídico, e reforce as garantias e o melhor
interesse do menor e da gestante.

http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=467

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