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com/blogs/o-
provocador/2010/10/14/politica-e-religiao-abortem-essa-ideia/)
Entretanto, não trago aqui o fato de seu passamento (para mim, muito doloroso,
pela amizade e pela companhia constantes) com o intuito de repetir homenagens
já prestadas pela mídia e pelo "povo-de-santo" de São Paulo, Rio e Bahia. É que o
assunto pode servir como guia reflexivo para fatos e fenômenos recentes
(acompanhados principalmente pela imprensa escrita), relativos às relações entre
vida política e religião.
Primeiro plano
Ora, o homem da modernidade ocidental transita noutro plano, por ser antes de
tudosujeito, quer dizer, uma imanência, exigida pela dinâmica de produção total do
capitalismo emergente. Transformar todo real em objeto e todo homem em sujeito
é o único fundamento universal de qualquer processo modernamente histórico. Na
ordem em que reina o sujeito, caem as transcendências, neutralizam-se os valores
e suspende-se toda forma de violência simbólica do sagrado em função de um
valor único, que é o valor de troca.
Julgamentos futuros
CALVEZ: Deve-se usar palavras tão genéricas com cuidado, porque em todo caso
o problema que mais se confirmou, no decorrer da história, é o da proximidade e
do distanciamento entre autoridades religiosas e políticas. O problema concreto,
na realidade, é o da separação e relação entre as autoridades. Há uma relação
estreita entre os valores políticos essenciais e os valores religiosos. A política é
um lugar de entrega profunda, ocupa um nível muito alto em nossa existência. Por
isso falo de uma certa transcendência no político. Neste sentido se trata de uma
esfera muito próxima ao religioso. O doutor em Letras e Ciências Humanas,
Claude Lefort, que escreveu sobre a relação entre democracia e religião, afirma
que no político há uma transcendência, um lugar vazio que não pertence a
ninguém e que não deve ser ocupado por ninguém. Afirma que não há democracia
sem este nível de abertura a algo superior. Caso contrário, a sociedade seria
organizada de modo puramente positivista, sem poder responder os desejos
profundos dos homens. Mas deve-se estabelecer uma distância prudente com a
autoridade política, já que dispõe de meios de coerção que não podem ser
usados quando a consciência está em jogo. As autoridades religiosas não devem
se aproveitar do poder político em questões de consciência ou de doutrina
religiosa.
BAGGIO: Deve-se evitar que uma parte justifique impor algo à totalidade. Se isto
acontecer, estamos numa ditadura. Creio que quando um grupo religioso
considera válido um princípio sob o ponto de vista civil, para fundamentá-lo deve
usar duas linguagens. Um interno, referente a sua comunidade, com o qual se
fundamenta, lançando mão das palavras da própria revelação. Mas quando estiver
num parlamento, no governo da cidade ou numa discussão política, não se pode
usar a linguagem religiosa. Se há algo bom na idéia religiosa, temos que poder
expressá-lo numa linguagem comum a toda a sociedade. A fé tem que ter uma
relevância pública também pelos elementos humanos traduzíveis que contém. Isto
é, deve-se encontrar argumentos baseados nos direitos protegidos pela
democracia.
BAGGIO: Numa ordem democrática é bom que o governo ajude todas as formas
de solidariedade civil. Especialmente entre pares, horizontal, porque é muito boa
para melhorar a solidariedade entre todos. Se um amigo e eu compartilhamos
tudo, nós nos ajudamos, fizemos sacrifícios e convivemos fazendo esforços para
ajudar-nos na velhice, eu me preocuparia para que este amigo pudesse receber
quando eu morresse os benefícios que obtive em vida. As leis podem contemplar
esta forma de solidariedade, por exemplo, prever a reversibilidade das pensões. E
não é necessário definir que meu amigo e eu somos uma família, é suficiente que
o Código Civil o permita. Portanto, se a vontade for realmente ajudar esta forma
de solidariedade, que tem muitos matizes, pode ser feita facilmente. Diferente é se
quiser dar início a uma batalha ideológica e pretender que seja família uma forma
de convivência diferente. Um Estado deve fazer referência a sua própria ordem
jurídica, para definir o que é família e o que não é. Há Estados que têm uma
Constituição que define o que é uma família. Se a comunidade nacional considera
que essa definição já não representa o sentir nacional, deve-se mudar essa
Constituição, e aqui se abre um debate cultural.
CALVEZ: Creio que distinguir é a solução para quase todos os problemas que nos
propomos em matéria de religião e política. Deve-se distinguir bem entre minhas
convicções, que devem ser plenamente livres e que devo poder expressar onde
me queiram escutar, e o que é o trabalho político parlamentar como legislador.
Tenho a responsabilidade de elaborar a melhor lei possível, e isso não
necessariamente significa que corresponda em tudo às minhas convicções, mas
deverá ser a melhor lei possível para a comunidade concreta na qual vivemos.
Não há contradição: são dois pontos de vista diferentes. Governar significa
combinar, conjugar, entender-se, negociar. Não creio que necessariamente o ideal
seja recorrer sempre ao voto, determinar tudo por votação. Um bom presidente de
comissão ou de uma assembléia é um homem que raramente apela ao voto. É,
em todo caso, um homem que procura o maior consenso possível, que depois de
ter escutado a todos, pergunta se há ainda alguém que não esteja de acordo em
absoluto com essa solução, e se houver, dá-lhe a palavra. E assim, até não haver
ninguém que levante a mão para opor-se. É o que eu entendo por consenso.
Certamente, essa resolução não corresponderá ao que for melhor para alguém,
mas é a solução política boa, porque o "melhor" é sempre algo relativo. Reflete a
imperfeição do homem, mas se trata da perfeição do político. Há um certo
idealismo absoluto que não respeita a realidade.
CALVEZ: Creio que é fundamental apoiar-se nos direitos humanos, cuja origem é
principalmente cristã, ainda que não de maneira exclusiva. Figuras não cristãs
também reconhecem isso. João Paulo II dizia que os direitos humanos, em certo
sentido, são mais importantes do que a democracia. Não porque a democracia
não o seja, senão porque está incluída de alguma maneira nos direitos humanos.
Mas, claramente, há níveis diferentes. A vida e a morte são fundamentais, porque
sem eles não há nada. Mas eu, mais do que a vida, proponho sempre a pessoa.
Não foi dito suficientemente que a Igreja não defende a vida de todo ser animado,
senão o direito da pessoa à vida.
Segundo o pensamento Ocidental, a religião praticada maioritariamente pelos cristãos é de tipo racional. Ist
uma coisa é a fé, a sua crença em Deus; outra coisa, bem diferente, é a vida quotidiana. E a Política insere-
se nesta categoria. Desta forma, facilmente o homem religioso separa, em cada momento da sua prática, o
espaço sagrado do espaço profano. Aliás, o sagrado e o profano são duas categorias bem definidas no
espírito discursivo. É esta capacidade de discernimento que, por exemplo, marca a diferença entre cristãos
islâmicos.
Aprendemos, desde cedo, a não misturar as águas, porque, já o sabemos, quando se misturam ficam turvas
Aliás, também aprendemos com os erros do passado. E o que nos diz o passado? Diz-nos que sempre que
misturamos religião com política, as coisas da vida não correm muito bem. Para ilustrar esta ideia basta que
recordemos a chamada «Santa Inquisição», misto de política e religião. E o que aconteceu com esta mistura
Outra razão, de entre muitas outras, que aconselham a que estas práticas ocorram separadas, é o facto de
existirem múltiplas ideologias políticas que, não raro, são antagónicas. Numa linguagem mais corrente,
diremos que existem as ideologias neo-liberal, liberal, social-democrata, socialista e comunista. Ou, menos
correctamente, existem as ideologias de direita e de esquerda. Ora, em cada uma destas ideologias
encontramos homens e mulheres que professam religiões comuns. Esta realidade é mais do que suficiente
para que defendamos que religião e política não são misturáveis. Não sendo incompatíveis revelam
incompatibilidades.
Vem a nossa reflexão a propósito do que se passa no Iraque pós Saddam, e que nos leva a questionar:
Terminou a guerra no Iraque? Não. Calaram-se as grandes máquinas de guerra, terminou o aparato bélico
americano, terminou o horror que se abateu sobre aquele povo martirizado por Saddam e pelas armas da
«Coligação»; mas não terminou a guerra, ou seja, agora começo outra guerra: a guerra da sucessão, que
será, provavelmente, uma guerra religiosa, a guerra da afirmação de um povo que se sente ocupado e
ofendido, que vê na religião a única forma de exorcizar o inimigo invasor que ocupou a sua terra.
E é aqui que continua o dramatismo deste povo, talvez por incapacidade imediata para racionalizar, a quent
as duas vertentes da praxis humana: a política, a arte de bem governar a polis, e a vida religiosa, o espaç
de ligação entre os homens que comungam os mesmos princípios religiosos e defendem os mesmos
dogmas. É esta circunstância que ainda trará muitos e profundos problemas àquele povo sedento de paz,
harmonia e subsistência.
Observe-se o que já está a acontecer: uma das poderosas forças religiosas quer impor à outra os seus
pontos de vista, querendo implantar um estado islâmico, portanto, um estado religioso, teocêntrico, obedien
e temente. Esta emotividade religiosa, dogmática, fechada, irracional, ainda não entendeu a gravidade da
situação; ao invés de procurar consensos alargados, que vá ao encontro dos ideais do maior número
possível de líderes e do povo iraquiano, que é «correr com a coligação», quer impor, aos outros o que não
quer que lhe imponham a si! Chama-se a isto irracionalismo puro, cegueira religiosa, o fundamentalismo qu
não é capaz de entender que cada pessoa desenvolve o seu ponto de vista político e o seu modo de estar n
É esta a grande diferença que notamos, no nosso tempo, entre os povos cristãos e islâmicos. Aqueles sabe
separar a vida sagrada da vida profana, defendendo, por isso, estados laicos; estes não são capazes de
separar o que não é unificável e defendem estados religiosos, onde tudo se confunde. É a cultura dos povos
Uma coisa é estabelecer campos distintos entre Igreja e Estado e assim deve se
organizar a vida pública. Isso não pode implicar em banir a dimensão espiritual,
eliminar a possibilidade de trocas entre os vários campos da mesma vida pública.
Dizia Hannah Arendt, ao analisar historicamente esse processo de separação em
seu livro A Condição Humana: “a secularização significa separação entre Igreja e
Estado, entre religião e política (...) e não uma perda de fé e transcendência ou um
novo e enfático interesse nas coisas do mundo”.
Se fizemos muito bem em buscar os limites que separam, de maneira clara, Igreja
e Estado, penso que muito bem também fazemos se aceitarmos o desafio de
continuar a pensar como, respeitando os princípios da secularização, religião e
política se integram. Se está claro o que os separa, também claro deve estar o
que os une, já que ambos se pautam pelo compromisso com a vida. Todas as
tradições religiosas têm na defesa da vida seu mais elevado objetivo. E o que
media a construção de um conceito vigoroso de bem comum senão a defesa da
vida? A desejada justiça social se orienta por esse princípio. A função social da
propriedade e do lucro, essencial para consolidar a justiça social, é definida textos
constitucionais, mas também se ampara em textos religiosos. Ambos perseguem
os direitos presentes na construção da dignidade humana.
Várias violações aos direitos básicos da pessoa humana vem ocorrendo por conta
da mistura entre estado e religião no Brasil, garantida no preâmbulo da
Constituição de 1988.
Pessoas de outras religiões que não a cristã, por exemplo, são obrigadas a
seguirem práticas sociais das quais discordam. Pagam imposto para o Estado
gastar alguns milhões em compras de crucifixos nos parlamentos, tribunais,
delegacais, salas de autoridades e por aí vai.
E no Natal têm que aguentar aquela hipocrisia do feliz natal enquanto a maior
parte dos humanos não tem o que comer ou estão sem água de qualidade em
algum canto do planeta devastado.
Juntar uma coisa com outra é como ocorreu no golpe militar de 64, apoiado pela
marcha da familia com deus pela liberdade, deu no que deu: tortura e assassinato,
corrupção e falta de liberdade em nome da religião, sua ética e sua moral. E
depois perseguição aos padres da teologia da libertação. This is what religion is all
about.
E nas questões geopolíticas que se mete a dar palpite finge defender o meio
ambiente mas faz de conta que não viu ter se esgotado padrão econômico atual,
o capitalismo. Como se não houvesse nada de errado com termos passado de 3
bilhões depois da II Guerra para atuais 6,5 bilhões, a caminho dos 9 bilhões em
poucos anos -usando o mesmo recurso natural finito.
Finge não ver o que a ciência demonstra, que está em curso uma reação normal
da raça humana, reagindo darwinianamente com menos fertilidade devido ao
esgotamento dos recursos, a superpopulação, as doenças, a contaminação do
solo e das águas, a deterioração da qualidade biologica da vida após duzentos
anos de poluição do planeta. Sob a benção da religião.
Esta tentativa de palpitar por parte de lideres religiosos não parece dar resultado
mas reverbera e tem influência na governança do mundo todo, pois além das
bancadas religiosas que elegem nos parlamentos democráticos, tem também seus
aliados que ajudam nos partidos. Como alguns nanicos inspirados no social-
cristianismo ou na ação do Vatino para derrubar o comunismo com o apoio ao
sindicato Solidariedade, de Gdansk, Polônia.
No plenário volta e meia fazem sessão solene sobre a biblia ou dia disso ou
daquilo, o que pode parecer ser o exercicio do culto à diversidade mas revela
apenas o atraso politico do país. Não tem nada a ver com respeito à diversidade.
Na prática é propaganda de cada seita, cada corrente religiosa. E os mais fortes
se sobrepõem, é claro. Já viu uma sessão em homenagem ao Corão?
Mas misturam, e figem não perceber que estão gastando tempo e recursos com
cultos e missas e outros mitos mais, como se fossem curiosidades antropologicas.
É a luta por corações mais do que mentes, passando pela via da lavagem
cerebral. e do uso indevido do espaço do parlamento.
Crie seu sagrado, seu ritual, seu sacramento e pronto. It’s your business. Not
mine.
Aquilo era levado a sério, tinha sido motivo de terem largado a Inglaterra
conservadora para criarem suas igrejas livres nas 13 colônias originais na América
do Norte.
Sabiam que religião e guerra costumam andar juntas quando se mistura com
politica. Os constituintes deles tiveram o bom senso de separar coisas diferenes,
inclusive para que não viesse a religião ser motivo de guerras intestinas que
inviabilizassem a união das colônias na formação dos Estados Unidos da América.
Não misturam até hoje leis com ideologia religiosa. Por isso tanto faz terem um
presidente católico como John Kennedy ou um protestante como George Bush.
Ou, agora, um Barack Obama, que afastou-se de um pastor radical e estaria
frequentando outra igreja evangelica, alem de ser filho de muçulmano africano
com mãe branca cristã.
Paradoxalmente, nos Estados Unidos atuais a religiosidade manipulada
politicamente vinha se mostrando um fator de atraso cultural e político, como na
sustentação de Bush por oito anos.
Muito diferente da secular Europa, onde metade das igrejas virou centros
comunitários, salas de espetáculos musicais e museus. Pode-se avaliar que para
a metade dos europeus a questão da existência de deus tornou-se secundária,
eles amadureceram filosoficamente e passaram por cima da teologia.
Seria uma contrareforma muçulmana em territorio europeu, que tem sido brecada
pelo estado laico derivado da república francesa.
Na constituinte de 1987 muita gente se opôs mas ao final o texto promulgado ficou
com o jeitinho brasileiro - ficou lá, como algo inofensível, agradando supostamente
a todos. Por mais pouco republicano e democrático que seja.
Passou a inspirar um instituto de salvaguarda das liberdades que tem sido tão mal
utilizado quanto outras leis erradas - no caso, sustenta o principio de que no
Brasil se respeita o direito de cada um ter a religião que quiser e inclusive de
tentar impingi-la a força aos que não querem ter religião alguma.
Mesmo que seja ao lado de sua casa, gritando nos micofones em altíssimos
decibéis. Mesmo que seja tomando o dinheiro dos pobres sem nada dar em volta
a não ser exemplos de enriquemento ilicitio, sonegação e escândalos no exterior,
como o casal de bispos da igreja universal condenados na Florida.
Outra coisa é o desrespeito ao outro. Para serem respeitados, os que tem religião
seriam obrigados a respeitar os direitos de outros, que não têm e não querem ter
religião. Mas isso vai contra o princípio de espalhar o envangelho.
Imaginem que não conseguem respeitar os ateus e agnóticos quanto mais o que
tem religião diferente do cristianismo ocidental - os budistas, por exemplo, as
religiões afro-animistas etc, os seguidores de Maomé, os mitos indígenas,
africanos, em geral. Não respeitam mesmo, querem converter à força.
Conheço muita gente como eu que não nos sentimos representados por esta
constituição, que começou mal ao invocar algo acima do povo, como a origem do
poder político dado à sociedade naquele momento.
Quem garante que existe Deus e proteção divina para se colocar isso num acordo
social entre todos os cidadãos? Onde está o consenso sobre isso, se 99% dos
cientistas de ponta não acreditam em deus? Se era controverso, não deveria estar
na constituição.
Para representar a cena, melhor do que invocar a época do Direito Divino, antes
do atual direito natural positivista que está levando ao fim da natureza, basta fazer
a conexão com o imaginário bíblico de Moisés entregando as leis feitas sob
inspiração de Deus.
Grande cena revivida no cinema, que se aplica agora à cada vez que o presidente
das mesas do Congresso abre as sessões, seguindo o preâmbulo da Constituição.
Sob os mandamentos de Alá, declaramos aberta a sessão deste parlamento…
pode?
Não, pois são todos da bancada cristã quando, por exemplo, trata de perseguir as
mulheres vitimadas pelo aborto clandestino. E sabem que se exigem a retirada do
crucifixo vão ficar sem o direito de fazerem suas sessões solenes biblico-
evangélicas. Há na verdade um pacto, eles se unem nas comissões na hora do
aborto, por exemplo.
Olha um exemplo local, como gostam os ecos: somente em Brasilia, antes do final
do ano, estão regularizando os lotes ilegais, em invasões, de uns 400 templos em
Brasilia.
É pertinente trazermos como tema para nossa reflexão este assunto, visto que
aqui no Brasil estamos num ano eleitoral, quando serão renovados os quadros
executivos e legislativos nacionais, tanto nos estados como a nível federal.
O universo das igrejas pentecostais não é coeso entre si; sua formação histórica
origina-se de cismas doutrinários em igrejas protestantes, chamadas tradicionais,
ao longo do tempo estas mesmas igrejas pentecostais fragmentaram-se, por
outros cismas, dando origem a um sem número de igrejas conhecidas como neo-
pentecostais. Segundo estatísticas, a cada dia duas novas denominações neo-
pentecostais assentam registros em cartórios brasileiros. Há uma rivalidade velada
entre elas, o que seria natural, pois cada líder novo que surge cria um rebanho
para si e preserva-o por todos os meios. Reproduzirei aqui e agora a fala do ex-
articulador político da Igreja Universal, bispo Carlos Alberto Rodrigues, egresso da
mesma, conforme publicado no Jornal do Brasil aos 20 de dezembro de 2004,
coluna do jornalista Bernardo Mello Franco: “A Universal é grande e precisa de um
partido próprio para apoiar sua estrutura de comunicação”.
Entendo que ministros de confissão religiosa seja ela qual for, tem o direito de
pleitearem cargos públicos enquanto cidadãos, não enquanto ministros e
dirigentes de igrejas ocupando púlpitos. Conforme proposta apresentada ao
Congresso Nacional Brasileiro em 16 de novembro de 2004, ainda não votada, a
Juíza Deputada Sra. Denise Frossard Loschi pede o afastamento; no mínimo 12
(doze) meses anteriores ao pleito; do pretendente a qualquer cargo público nas
áreas executivas ou legislativas, do seu cargo ou função que exerce na hierarquia
da instituição religiosa a qual pertence, seja católica, protestante, judaica, islâmica,
induista , religiões orientais , afro-brasileiras, etc. Projeto de Lei Complementar –
Lei das Inelegibilidades .
Pelas palavras e instruções do N.S. Jesus Cristo, entendo que o dar a César o
que é de César e a Deus o que é de Deus, eqüivale dizer que Igreja e política
partidária não podem ser irmãs, no máximo podem ser primas, oriundas de
diferentes famílias com funções diametralmente opostas, pois uma cuida da
elevação moral e espiritual do povo e outra dos negócios seculares.
Sem dúvida, todos os ramos das atividades salutares humanas que concorram
para um aprimoramento de todas as instituições e produzam um, cada vez mais,
elevado padrão de vida física, material, moral, intelectual e espiritual de um povo
(ou dos povos) devem ser buscados e cultivados, inclusive a política. O código
moral, espiritual bíblico-evangélico é universal e apartidário, daí a igreja não poder
ater-se a um partido político, senão perde o seu caráter de universalidade e
imparcialidade.
Outro destaque bíblico que cabe aqui é que ninguém pode servir a dois senhores
e muitos largaram a mão do arado e voltaram-se para trás.
Se também bem entendi o Velho Testamento, lá está escrito que Deus fez uma
nítida separação entre a condução e administração dos negócios de Estado ou
Nação dos negócios da religião, sendo que religião é ‘religare’: o processo de
religar o homem a Deus (elo rompido no Jardim do Édem).
Diante do exposto estamos assistindo aqui no Brasil, não sei como estão os outros
países do mundo, a um desvirtuamento da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no que concerne a ser a detentora do poder espiritual provindo do alto: Espírito
Santo; para a redenção dos povos, para a maior glória de Deus nas alturas, a
partir dos terráqueos na face da terra.
Sinais no céu
O livro do Apocalipse (capítulo 12 ) fala de dois sinais no céu: uma mulher vestida
de sol, pronta para dar à luz um filho; e, um dragão cor de fogo, que tinha 7
cabeças e 10 chifres e este queria devorar esse filho logo que nascesse. Esse
dragão parecia ter um poder invencível pois somente com o seu rabo ele
conseguia estraçalhar ou destruir a terça parte das estrelas do céu. É interessante
notar que os dois sinais apareceram no céu. Deus estava no primeiro sinal, porém,
muitos ficavam fascinados e se deixavam seduzir pelo segundo sinal, que também
se apresentava como sendo Deus. Ao perguntar nas comunidades de Pinheiro
Preto, porque o dragão apareceu no céu, um menino me respondeu: "porque ele
tem asas". De fato muitas pessoas acreditaram, no passado, que só podem estar
no céu as pessoas que faziam a vontade de Deus e respeitavam os seus
mandamentos, mais os anjos e as aves que possuem asas. Desta maneira fica
difícil imaginar que também uma serpente ou um dragão pudesse criar asas e
aparecer no céu, apresentando-se como sagrado ou divino. Mas aqui, de fato, não
somente Deus apareceu no céu como também o seu maior inimigo, o comandante
ou o chefe de todo mal, de toda violência, opressão e morte.
É comum ouvir hoje em dia, como também era comum ouvir ao longo de todo o
século XX, que religião não deve se meter em política. Algumas pessoas e grupos
diversos batem tanto nessa tecla que não demora muito para ela se quebrar.
Parece não haver a possibilidade de uma aproximação razoável entre essas duas
dimensões. Caso existisse apenas uma forma de fazer política e uma única
maneira de viver a religião então sim seria possível acreditar nisso, separar essas
duas esferas da vida humana de tal forma que ambas ficassem opostas e
inconciliáveis. Porém, essa questão não é tão simples e para compreender o
problema ao menos duas questões precisam ser postas:
1. Que não se faz política da mesma forma em todos os países do mundo e que
também muda a forma dela ser exercida em épocas diferentes. Logo, se não há
uma política eternamente igual, então, também não se pode fazer um discurso
afirmando que "nenhum político presta" ou "que todos são iguais";
2. Também no campo religioso aparecem problemas semelhantes. Sabe-se que
existem muitas formas de se dirigir e de se viver uma religião. O catolicismo hoje
não é o mesmo de um século atrás. Uma mesma religião não é igual em
diferentes países. E a diversidade de igrejas e religiões é enorme. Há inclusive,
ainda hoje, guerras entre religiões. Desta forma, se há grandes diferenças entre as
mesmas não se pode afirmar que "todas as religiões são iguais", que "ser religioso
é ser alienado" ou que "qualquer religião é boa".
Logo, aqueles que apontam para a religião como coisa de Deus ou para a política
como diabólica (ou o inverso dessas duas afirmações) podem estar acertando ao
olhar para certas realidades mas também podem falhar ao observar outras
realidades. E, geralmente, falham. Toda forma de generalização, em relação às
coisas deste mundo, é burra! Em relação ao céu pode-se afirmar existir a
perfeição absoluta, apesar de que o dragão também se impunha no céu com
sendo o seu lugar. Só depois que Jesus foi elevado ao céu que a vontade de Deus
se tornou plenamente revelada e que o mal foi desmascarado e o sinal do dragão
passa a aparecer como aquilo que seduz e conduz para a morte, para o inferno. A
realidade humana, porém, continua contraditória. Há muitas coisas que prejudicam
a vida, que acabam com a saúde, que impedem uma boa convivência humana,
que geram destruição, violência e morte, que se apresentam como sagradas, que
atraem e fascinam uma boa parte das pessoas. As pessoas que lutam de maneira
obsecada pelo capital, aquelas que vivem para consumir, as que se deixam
corromper na política, as que promovem guerras e as instituições que exploram os
fiéis ou os cidadãos são alguns exemplos de adoradores do dragão.
No Brasil houve uma separação entre a Igreja e o Estado no final do século XIX,
no ano de 1890. Até então o catolicismo era a religião oficial do Estado e as
demais religiões, desde a constituição de 1824, eram proibidas. A Igreja Católica
geralmente era subvencionada pelo Estado e, por sua vez, abençoava e dava
legitimidade aos chefes de Estado. A partir de então o Estado permitiu a liberdade
religiosa e para dar legitimidade aos seus projetos bem como para satisfazer os
seus interesses houve um fortalecimento crescente das instituições políticas,
especialmente dos poderes executivo, legislativo e judiciário, bem como da
burocracia. Desta forma a religião deixou de ser fundamental para os fins e
interesses da política. Inclusive o Estado passou a substituir a Igreja em muitas de
suas antigas funções: educação, saúde, assistência social, direitos, justiça,
aconselhamento psicológico, cemitérios, casamentos, entre outras. O Estado
passou a se apresentar como a instituição mais importante e mais necessária aos
cidadãos. Para sobreviver o Estado procura o reconhecimento do povo através de
obras e projetos que ele executa e para se tornar poderoso ele tem obrigado os
cidadãos a pagar impostos cada vez maiores e os mais diversos possíveis.
Todavia, o fato de ter havido essa ruptura histórica e legal entre uma Igreja e o
Estado não significa que, da mesma forma, houve uma separação radical entre
religião e política. E também a negação ou o enfraquecimento de uma Igreja não
significou o fim da religião e sim a sua multiplicação e diversificação. Uma ruptura
radical entre religião e política só seria possível quando os políticos fossem todos
ateus ou não praticantes de religião alguma e, também, quando houvesse uma lei
que proibisse de se candidatar a cargos públicos as pessoas que não abrissem
mão de sua pertença, prática ou convicção religiosa. Fato é que isso não
aconteceu. Há inclusive representantes oficiais, ordenados de diferentes igrejas e
religiões que se candidatam e assumem cargos públicos. Queira Deus que fosse
por causa da ressalva na lei, isto é, em vista da defesa do "interesse público".
Fato é que a própria religião tem sido julgada por diversas instituições
educacionais, políticas e especialmente por vários veículos de comunicação, como
sendo a culpada de muitos males e problemas que a sociedade enfrenta. A
religião tem sido atacada de todos os lados perdendo assim parte de sua força e
credibilidade. É verdade que a religiosidade das pessoas e também as instituições
religiosas não são puras, todas são, de alguma forma, mais ou menos, pecadoras.
Elas, tanto quanto outras instituições sociais, políticas, educacionais ou
comunicacionais possuem ambiguidades e contradições. Porém, não se pode
esquecer que ainda hoje, junto com a família, a(s) Igreja(s) ou a(s) religião(ões)
tem aparecido em várias pesquisas como uma das instituições de maior
aprovação e credibilidade do povo. Já os partidos políticos e o Congresso
Nacional normalmente aparecem entre os piores índices.
- quando duas ou mais pessoas se reúnem para ouvir e dialogar sobre a Palavra
de Deus;
- quando uma criança pobre ou doente sorri diante de uma atitude de alguém;
- quando as pessoas se movem pelo amor e a solidariedade e não pela cobiça;
- onde existe um movimento popular defendendo uma causa que não é apenas de
algumas e sim de muitas pessoas;
- quando os mais fracos vão ficando mais fortes e os mais violentos se tornam
humanos e pacíficos, os mais pobres e os mais doentes vão se tornando menos
pobres e mais saudáveis, os mais depressivos, oprimidos e tristes vão se tornando
menos depressivos e mais libertos e felizes, quando o salário dos parlamentares
diminui e o dos(as) trabalhadores(as) aumenta, quando os agricultores
conseguem viver dignamente no campo e os bairros das cidades são atendidos
em suas maiores necessidades, quando os meios de comunicação divulgam a
verdade, quando os políticos agem com ética, quando os direitos humanos são
defendidos e garantidos, quando as igrejas e religiões se tornam menos
pecadoras e mais santas...