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São Paulo
2007
AQUICULTURA, MEIO AMBIENTE E LEGISLAÇÃO 2
E-book
ISBN n° 978-85-906936-1-1
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201 p. : Digital.
ISBN 978-85-906936-1-1
Inclui Bibliografia
CDD – 600
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Revisão do Texto
Márcia Navarro Cipolli
Assessoria Jurídica
Dra. Mirene Prieto Afonso
_____________________
Agradeço especialmente à:
PREFÁCIO........................................................................................................................... 7
APRESENTAÇÃO...............................................................................................................8
INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 9
AQÜICULTURA SUSTENTÁVEL................................................................................. 44
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................. 129
TABELAS......................................................................................................................... 139
PREFÁCIO
APRESENTAÇÃO
É com grande satisfação que faço a apresentação deste livro, cujo autor, colega e
amigo, sempre esteve preocupado com os assuntos ligados ao meio ambiente. Sendo
biólogo e bacharel em Direito, tem o preparo suficiente para abordar os temas apresentados
nesta obra, tentando dar os subsídios necessários para o desenvolvimento da aqüicultura e
da gesta ambiental.
As populações humanas estão crescendo a uma taxa alarmante, de modo que existe
grande pressão para desenvolver a produção de recursos pesqueiros. Na década de 1990
houve grande expansão da aqüicultura e, principalmente no Brasil, apareceram vários
empresários rurais com grande interesse nesta atividade como sistema de produção
pesqueira, demonstrado pelo surgimento de vários pesque-pague.
Este livro permite, como o próprio autor relata, “uma reflexão sobre a questão do
gerenciamento ambiental de atividades aqüícolas procurando verificar a inter-relação entre
indicadores de impacto ambiental e normas jurídicas na gestão ambiental da aqüicultura”.
Esta obra terá grande contribuição ao pesquisador interessado no assunto, pois
contém importantes informações sobre impactos ambientais e socioeconômicos na
aqüicultura e apresenta, também, uma retrospectiva sobre legislação brasileira pertinente.
O pesquisador encontrará, ainda, excelentes citações bibliográficas para auxiliá-lo
em investigações sobre Aqüicultura, Meio Ambiente e Legislação.
INTRODUÇÃO
O homem utiliza a natureza. Assim, como já expusera Roule (1914) no seu “Traité
Raisonné de la Pisciculture et des Pêches”, dentre os múltiplos recursos que a natureza
oferece, os recursos vivos aquáticos sempre fascinaram a humanidade no que diz respeito a
sua exploração. A criação destes organismos se destaca historicamente, sendo até os dias
atuais, ainda, experimentados novos e antigos métodos de criação pelos povos ao redor do
planeta. Atualmente as atividades aqüícolas apresentam escala planetária e muitas técnicas
de criação de organismos aquáticos já são amplamente dominadas. Entretanto a gestão
ambiental destes empreendimentos pode ser, ainda, desenvolvida sob normas jurídicas
elaboradas e consolidadas de maneira que assegurem a melhor gestão ambiental dos
recursos naturais e aqüícolas.
Segundo Huet (1970), historicamente, a prática da aqüicultura é muito antiga.
Pinturas egípcias mostram cenas de pesca e piscicultura; os romanos criavam organismos
aquáticos em viveiros; e depois de séculos, nos países da Região Indo-Pacífica
(primeiramente a China), apresentou-se crescente expansão da aqüicultura, em
conseqüência da demanda alimentar causada pelo grande aumento demográfico e, também,
de características hídricas propícias. A partir do século XV desenvolveu-se a aqüicultura
na Europa Central e Ocidental, na América do Norte, na África Central e, por fim, na
América Latina e no Oriente Médio.
Atualmente, a produção mundial de organismos aquáticos originados através de
técnicas de aqüicultura cresceu de 13.480.431 toneladas métricas em 1987 para 34.116.249
toneladas métricas em 1996, correspondentes a uma razão de crescimento de 2,53 no
período, perfazendo um montante comercializado de U$ 20.739.433.000,00 em 1987 e U$
46.548.092.000,00 em 1996, equivalente a uma razão de crescimento de 2,24 no período
(FAO, 1999; New, 1999) (Tabelas III, V e XII). No Brasil, segundo estimativas da Food
and Agriculture Organization of the United Nations/FAO, a produção anual total da
aqüicultura passou de 30.915 toneladas métricas em 1994 para 77.690 toneladas métricas
em 1996 (FAO, 2007) (Tabela X). Neste sentido, New (1999) (Tabela XII), baseado em
dados da FAO, apresenta uma razão de crescimento de 3,9 no volume produzido pela
aqüicultura brasileira no período de 1987 a 1996, crescendo de 13.140 toneladas métricas
em 1987, para 51.281 toneladas métricas em 1996, e uma razão de crescimento de 3,8 nos
valores negociados pela aqüicultura brasileira no período de 1987 a 1996, crescendo de U$
59.343.000,00 em 1987 para U$ 226.908.000,00 em 1996 (Tabela XII). Este autor
apresenta ainda, para o mesmo período, uma razão de crescimento total da aqüicultura na
América do Sul de 5,1 no volume produzido entre 1987 e 1996, crescendo de 103.911 para
528.599 toneladas métricas, e uma razão de crescimento de 3,1, nos valores negociados no
mesmo período, crescendo de U$ 633.251.000,00 para U$ 1.936.271.000,00 (Tabela XII).
Ainda, segundo dados de FAO (1996), são utilizadas pela aqüicultura mundial 102
espécies de peixes, 21 de crustáceos e 41 de moluscos (Tabela XIV). Este crescimento da
atividade aqüícola, com certeza, além de comprovar antigas predições, evidencia a
necessidade de reflexão sobre os impactos ambientais gerados e sofridos pelas atuais
práticas de aqüicultura existentes no planeta bem como sobre o conjunto da legislação que
disciplina estas atividades no Brasil.
Dentre as práticas zootécnicas em atividade no Brasil, a aqüicultura teve um grande
desenvolvimento, com aumento da oferta de produtos e ganhos de produtividade a partir
dos anos 80, assumindo características de atividade econômica. Essa nova posição é fruto
de uma série de fatores que possibilitaram sua real implantação. Pode-se citar como um
deles o desenvolvimento de tecnologia compatível com uma criação racional, viabilizando
diferentes processos de produção que permitem o escoamento da produção, tanto em larga
como em pequena escala (MARTIN et al., 1995). Neste contexto, o crescimento do número
de empreendimentos de aqüicultura no Brasil, de maneira desordenada e nos mais variados
corpos d’água, bem como nas zonas marítimas costeiras, muitas vezes sujeitos a alta
concentração de poluentes, acarreta um descontrole ocasionado pela falta de políticas e
instrumentos de gestão ambiental e de produção sustentada, potencializado pelo excesso de
normas legais sobrepostas em relação ao uso de recursos naturais (FUNDAP, 1989) e,
também, aos espaços e ambientes essenciais ao desenvolvimento da aqüicultura.
Segundo Pillay:
Esse autor considera, ainda, que no contexto global dos impactos ambientais das
interferências e atividades humanas, como a agricultura, habitação, indústria,
desenvolvimento de infra-estrutura, a contribuição da aqüicultura é indubitavelmente
pequena.
Todas as formas de produção de alimentos, como qualquer outra atividade humana,
afetam o meio ambiente de uma ou outra maneira. Distúrbios no equilíbrio natural
decorrentes destas atividades são fenômenos conhecidos, mas, enquanto as pressões sobre
o meio ambiente continuarem dentro de limites sustentáveis perceptíveis, problemas
maiores não serão reconhecidos
Reconhecendo-se a aqüicultura como potencial causadora de impactos ambientais,
pelo consumo de recusrsos naturais, poluições ou interferências em níveis de
biodiversidade, atenção especial deve ser dada à gestão ambiental dessa atividade, e
principalmente pelo seu desenvolvimento, atualmente acelerado, estar diretamente ligado a
um recurso de múltiplos usos e essencial à qualidade de vida, que é a água.
A questão ambiental e os padrões técnico-científicos exercem importante papel no
desenvolvimento da aqüicultura. Com o crescimento da produção aqüícola, em nível
mundial, a formulação de políticas ambientais tornou-se uma grande área de pesquisa
(BAILLY & PAQUOTTE, 1996). Em decorrência das similaridades entre os sistemas de
produção da agricultura tradicional e os sistemas de produção da aqüicultura, muitas
pessoas assumem que a produção aqüícola é capaz de alcançar, de maneira semelhante, o
sucesso da agricultura e da criação de animais terrestres. Entretanto, existem diferenças
importantes entre os cultivos terrestres e os aquáticos, que devem ser entendidas e
compatibilizadas anteriormente à realização desta predição.
Seja qual for a perspectiva adotada acerca da norma jurídica, suas teorias,
suas características, planos, etc..., as normas jurídicas possuem como
essência, acima de tudo, um objeto ideal que variará e se comporá de acordo
com a cultura histórica de cada sociedade, evoluindo com ela e tendente a
expressar as conotações políticas, sociais, econômicas, institucionais, etc...
que a envolvem. Ressalte-se que o que variará será o seu conteúdo e não a
própria norma. Sua essência é ética e sua fonte o próprio homem (1994).
1) Sachs (1972)
Alteração na qualidade ambiental resultante da modificação de processos naturais
ou sociais provocada por uma ação humana.
2) Munn (1975)
Mudança na saúde e bem-estar humanos (inclusive a saúde de ecossistemas dos
quais depende a sobrevivência do homem) que resulta de efeito ambiental e está ligada à
diferença na qualidade ambiental com e sem ação humana.
3) Canter (1977)
Qualquer alteração no sistema ambiental físico, químico, biológico, cultural e
sócio-econômico que possa ser atribuída a atividades humanas relativas às alternativas
em estudo para satisfazer as necessidades de um projeto.
5) Wathern (1984)
A mudança em um parâmetro ambiental, num determinado período e numa
determinada área, que resulta de uma dada atividade, comparada com a situação que
ocorreria se essa atividade não tivesse sido iniciada.
9) ACIESP (1987)
Toda ação ou atividade, natural ou antrópica, que produz alterações bruscas em
todo o meio ambiente ou apenas em alguns de seus componentes. De acordo com o tipo de
alteração, pode ser ecológico, social ou econômico.
5) Impacto local - quando a ação afeta apenas o próprio sítio e suas imediações
(e.g., mineração);
6) Impacto regional - quando o impacto se faz sentir além das imediações do sítio
onde se dá a ação (e.g., abertura de uma rodovia);
7) Impacto estratégico - quando o componente ambiental afetado tem relevante
interesse coletivo ou nacional (e.g., implantação de projetos de irrigação em áreas de seca);
8) Impacto imediato - quando o efeito surge no instante em que se dá a ação (e.g.,
mortandade de peixes devido ao lançamento de produtos tóxicos);
9) Impacto a médio ou longo prazo - quando o impacto se manifesta certo tempo
após a ação (e.g., bioacumulação de contaminantes na cadeia alimentar);
10) Impacto temporário - quando seus efeitos têm duração determinada (e.g.,
efeitos de um derrame de petróleo sobre um costão rochoso exposto e bem batido pelas
ondas);
11) Impacto permanente - quando, uma vez executada a ação, os efeitos não cessam
de se manifestar num horizonte temporal conhecido (e.g., derrubada de um manguezal);
12) Impacto cíclico - quando o efeito se manifesta em intervalos de tempo
determinados (e.g., anoxia devido à estratificação da coluna d’água no verão e reaeração
devido a mistura vertical no inverno, num corpo hídrico costeiro que recebe esgotos
municipais);
13) Impacto reversível - quando o fator ou parâmetro ambiental afetado, cessada a
ação, retorna às suas condições originais (e.g., poluição do ar pela queima de pneus).
Segundo Stickney:
Tanques
- Ambiente projetado especificamente para - Grandes volumes de água são requeridos para atingir
aqüicultura. Oxigenação e nitrificação ocorrem e manter os níveis de água requeridos. Efluentes podem
principalmente por processos lênticos naturais. impactar as águas receptoras.
Sistemas Recirculatórios
- A água retirada deste sistema fechado é filtrada - Apresentam pouca probabilidade de produção de
e relançada ao sistema. impactos.
- Criação de organismos vivos através de - Principais impactos são a matéria fecal produzida e a
tanques-rede e cercados em grandes corpos de parcela de alimentos não ingerido pelos organismos
água (lagos, baías, fiordes, etc...). A qualidade de cultivados, sobre a qualidade da água e do bentos local.
água é mantida por processos naturais. Impactos estéticos negativos podem ser considerados
em áreas altamente populosas.
Aqüicultura Extensiva
1. Criação de algas macrófitas - Possibilidade de ocupar recifes vir- - Lucro financeiro; geração de
gens; perdas devido a tempestades; empregos; produção exportá-
competição de mercado; conflitos vel.
sociais de uso.
2. Criação de moluscos bivalves (ostras, - Riscos à saúde pública e resistência - Lucro financeiro; geração de
vieiras, mexilhões, berbigões) ao consumo (doenças viróticas e mi- empregos; produção exportá-
crobianas, marés vermelhas, poluição vel; aumento nutricional di-
industrial); perdas devido a tempes- reto.
tades; diminuição de sementes; com-
petição de mercado especialmente
para exportação; conflitos sociais de
uso.
3. Tanques de aquicultura em áreas cos- - Destruição de ecossistemas (especi- - Lucro financeiro; geração de
teiras: tainhas; "milkfish"; camarões; almente manguezais); perda de com- empregos; produção exportá-
tilápias petitividade devido à intensificação vel (camarões); aumento nu-
dos sistemas de criação; perda de tricional direto.
sustentabilidade com aumento de
crescimento populacional; conflitos
sociais de uso.
continua
continuação
Aqüicultura Semi-intensiva
1. Tanques de aqüicultura de águas doce - Água doce: riscos à saúde dos aqüi- - Lucro financeiro; geração de
e estuarina (camarões e pitus, carpas, cultores por água contaminada com empregos; produção exportá-
bagres, "milkfish", tainhas, tilápias) patógenos. vel (camarões); aumento nu-
- Água estuarina: salinização e/ou tricional direto.
acidificação do solo e/ou aqüíferos. - Preços acessíveis para ali-
- Ambas: competição de mercado (es- mentação e fertilização dos
pecialmente para exportação); con- tanques.
flitos sociais de uso.
2. Aqüicultura e agricultura integradas - Riscos à saúde dos aqüicultores por - Lucro financeiro; geração de
(rizipiscicultura, gado com avipiscicul- água contaminada com patógenos, empregos; aumento nutricio-
tura; frutipiscicultura; outras combina- resistência ao consumo de produtos nal; interações sinergéticas
criados com alimentação oriunda de entre agricultura, pecuária e
ções)
excreções animais; competição pelo aqüicultura; reciclagem de
uso dos insumos de alimentação resíduos agrícolas e outros.
como excreção do gado e cereais,
acumulação de substâncias tóxicas de
rações para o gado (metais pesados)
no sedimento dos tanques; acumula-
ção de pesticidas em peixes.
3. Piscicultura utilizando efluentes de - Riscos à saúde dos aqüicultores por - Lucro financeiro; geração de
outras atividades água contaminada com patógenos; empregos; aumento nutricio-
resistência ao consumo. nal direto; transformação de
reservatórios de detritos em
unidades produtivas e depura-
doras.
1. Tanques de aqüicultura de águas doce, - Drenagem/efluente com alta De- - Lucro financeiro; geração de
estuarina e marinha (camarões e pitus); manda Bioquímica de Oxigênio empregos; produção exportá-
peixes, especialmente carnívoros (DBO) e sólidos em suspensão; com- vel.
petição de mercado, especialmente
(bagres, enguias, garoupas, pargos,
para exportação; conflitos sociais de
etc...) uso.
3. Outros ("raceways", silos, tanques, - Drenagem/efluente com alta De- - Lucro financeiro; produção
etc...) manda Bioquímica de Oxigênio exportável ; uso de pouca
(DBO) e sólidos em suspensão; mui- mão-de-obra.
tos problemas locacionais específicos.
continuação
Quadro 5 -Taxas de excreção de nitrogênio, amônia e uréia por espécie aquática cultivada
(BEVERIDGE et al. 1991).
Crustáceos
Penaeus esculentus N 17-27 µg N g-1dia-1 Dall & Smith (1986)
NH3 6-40 µg NH3 g-1dia-1 "
Peixes
Salmo gairdneri NH3 20-78,5 g N kg food-1dia-1 Meade (1985);
NH3 433-895 mg NH3 kg-1dia-1 Kaushik (1980)
-1 -1
Uréia 73-474 mg uréia kg dia "
-1 -1
Total 511-958 mg N kg dia "
Salvelinus fontinalis NH3 3,2-3,6 mg NH3-N kg-1h-1 Paulson (1980)
Oncorhynchus nerka NH3 8,2-35 mg N kg-1h-1 Brett & Zala (1975)
Anguilla anguilla NH3 5-50 mg N kg-1h-1 Knights (1985)
Uréia 0-25 mg N kg-1h-1 "
Anguilla rostrata NH3 7-17 mg N kg-1h-1 Gallager & Mathews (1987)
Gadus morhua NH3 12,3-41,2 mg N kg-1h-1 Ramnarine et al. (1987)
Cyprinus carpio NH3 110-581 mg N kg-1dia-1 Kaushik (1980)
Oreochromis mossambicus NH3 1,72 mg N kg-1h-1 Musisi (1984)
Oreochromis niloticus NH3 1,7-9,4 mg N kg-1h-1 McKinney (pers. comn.)
Sparus aurata NH3 25,2-70 mg N kg-1h-1 Porter et al. (1987)
TIPO COMENTÁRIOS
Bardach (1997c) apresenta estudo de caso desenvolvido nas águas da Finlândia por
Roshental (1985), e, baseado em trabalho de Sumari (1982), os tipos de efeitos dos
efluentes oriundos de pisciculturas e o número de suas ocorrências:
Eutrofização 22 24,4
Aumento de compostos fosfóricos 15 16,7
Crescimento de populações bacterianas 11 12,2
Queda na quantidade de oxigênio 9 10,0
Florações de algas 8 8,9
Deposição de detritos de fungos e de sólidos 5 5,6
Aumento de clorofila - a 4 4,4
Aumento de macrófitas 3 3,3
Aumento da turbidez da água 2 2,2
Odores anormais 2 2,2
Peixe com gosto ruim 2 2,2
Água não potável 2 2,2
Restrições no uso da água potável 1 1,1
Mortandade de peixes 1 1,1
Mudanças na fauna bêntica 1 1,1
Poluição em armadilhas de pesca 1 1,1
Deterioração de pescas 1 1,1
Total 90 100
Quadro 8 - Produção aqüícola mundial em toneladas métricas por tipo de recurso hídrico, no
ano de 1986 (PHILLIPS et al. 1991)
Volume de água Produção aqüícola de 1986 em toneladas métricas
(1012 m3) Peixes Moluscos Crustáceos Algas
Lagos de água doce 125,00 - - - -
Atmosfera 13,00 - - - -
Quadro 9 - Relação entre produção aqüícola em toneladas métricas e água requerida por
espécies cultivadas e sistemas de produção (PHILLIPS et al. 1991)
modificado de estudos originalmente desenvolvidos por Schwab et al. (1971) e Muir &
Beveridge (1987).
Segundo Muir:
Embora se trate mais dos impactos que a aqüicultura infere ao meio ambiente,
é relevante considerar a informação disponível sobre os níveis mínimos de
qualidade de água necessários para a manutenção da aqüicultura. Nesse
sentido, os níveis mínimos de tolerância de qualidade de água dependem
muito, também, das espécies cultivadas, especialmente no que diz respeito à
temperatura e salinidade (1992).
Boyd (1981) considera que peixes de águas quentes podem sobreviver com níveis
de oxigênio dissolvido abaixo de 1 mg/l, mas seu crescimento é afetado negativamente por
uma exposição prolongada a estes níveis, pois os níveis de oxigênio dissolvido desejados
encontram-se acima de 5 mg/l.
O custo energético para manutenção do balanço interno de sal pode ser um fator
limitante para o crescimento quando a energia dos nutrientes é utilizada para a osmo-
regulação. Muitas espécies de peixes de água doce não toleram níveis moderados de
salinidade, mas níveis baixos de salinidade, entre 2 e 4 º/oo, podem melhorar a
performance de crescimento destes peixes (STICKNEY, 1991).
Stickney relata, ainda, que:
estão situados em 4,0, para o ponto ácido de morte, e em 11,0, para o ponto alcalino de
morte.
A amônia não ionizada (NH3) é tóxica para peixes, enquanto o íon amônia (NH4+)
não é tóxico (BOYD, 1981). De acordo com a European Inland Fisheries
Commission/EIFAC (1973), os níveis de toxicidade aguda para amônia não ionizada
situam-se usualmente entre 0,6 e 2,0 mg NH3/l. Amônia não ionizada torna-se mais tóxica
quando associada a baixa concentração de oxigênio dissolvido no ambiente aquático, mas
isto possui pouca importância em tanques de criação, pois a toxicidade decresce com o
aumento da concentração de dióxido de carbono (PILLAY, 1992). Embora a amônia seja
tóxica para os peixes, ela é um composto comum em muitos corpos aquáticos por ser um
produto de ocorrência natural proveniente da degradação metabólica. Adicionalmente, a
amônia é freqüentemente lançada aos corpos aquáticos por atividades industriais, urbanas e
agrícolas.
Russo & Thurston (1991), evidenciando a existência de alguma variação na
suscetibilidade de peixes aos efeitos tóxicos agudos da amônia, apresentam, através da
compilação de vários trabalhos científicos, e por espécie de peixe, a amplitude de valores
de toxicidade aguda, representativa para amônia (NH3) não-ionizada em valores de 96
horas de exposição a concentração letal média (96-h LC50), conforme apresentados
adiante.
Quadro 13 - Valores de toxicidade aguda representativa para amônia (NH3) por espécie de
peixe (RUSSO & THURSTON, 1991).
Os nitritos, também tóxicos aos peixes, não são comuns em concentrações tóxicas
nos corpos aquáticos naturais, entretanto, nos sistemas de aqüicultura, onde os níveis de
concentração de amônia são altos, os níveis de nitrito têm grande probabilidade de alcançar
valores tóxicos. Já os nitratos, que estão geralmente presentes na maioria das águas
oligotróficas superficiais, são relativamente não-tóxicos aos peixes e onde aparecem em
altas concentrações podem ocasionar problemas, por contribuir com a eutrofização do
ambiente, e não propriamente por sua toxicidade (RUSSO & THURSTON, 1991).
Russo & Thurston (op. cit.) apresentam, por espécie de peixe, as seguintes
amplitudes de valores de toxicidade aguda representativa para nitrito (NO2-N), em valores
de 48 ou 96 horas de exposição a concentração letal média (48 ou 96-h LC50), ressaltando
que os dados apresentados revelam variação muito grande na amplitude dos resultados não
só entre famílias diferentes de peixes, como entre peixes de mesma família:
Quadro 15 - Valores de toxicidade aguda representativa para nitrato (NO3-N) por espécie de
peixe (RUSSO & THURSTON, 1991).
AQÜICULTURA SUSTENTÁVEL
3) Costanza (1991)
Sistemas sustentáveis são aqueles que garantem: a continuação da vida humana
indefinidamente; a prosperidade dos indivíduos humanos; e o desenvolvimento das
culturas humanas, sendo que, ao mesmo tempo, os efeitos das atividades humanas
mantenham-se dentro de limites que não importem em riscos de destruição da diversidade,
da complexidade e das funções dos sistemas de suporte ecológico da vida.
4) Pillay (1992)
A definição de desenvolvimento sustentado proposta pela FAO (1990) parece ser
facilmente aplicável, também, ao desenvolvimento sustentável da aqüicultura.
5) Tundisi (1997)
O conceito de desenvolvimento sustentado implica em que a exploração dos
recursos naturais deve ser feita em condições tais, que as futuras gerações possam utilizar
esses recursos e beneficiar-se de um processo contínuo e equilibrado, no qual a redução
das desigualdades econômicas e sociais, a diminuição da pobreza, sejam metas
fundamentais. Além disso, a preservação e restauração dos ecossistemas naturais, a
reciclagem de materiais e o deslocamento das prioridades de um crescimento quantitativo
para um crescimento qualitativo tem um papel importante. O crescimento tecnológico
deve levar em conta, sem dúvida, o componente ambiental, e deve-se, insistentemente,
procurar uma conciliação permanente entre as duas tendências: o crescimento
quantitativo e o crescimento qualitativo.
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Título I
Da pesca
Capítulo IV
Dos direitos e deveres dos pescadores
...
Art. 21. Os pescadores que tiverem conhecimento de infracções à polícia da pesca e
de qualquer procedimentos à conservação das espécies de seres marinhos, os levarão
immediatamente ao conhecimento da autoridade naval competente.
...
Art. 27. Quando se fizer necessário tomar medidas de proteção ou outras para
conservação ou polícia da pesca, os pescadores, coletivamente ou por seus
representantes, fundamentando a representação, as solicitarão da Diretoria da Pesca.
...
Título II
Pescas Especiaes
Capítulo I
Da colheita dos molluscos
Art. 74. É proibida a exploração direta dos campos naturaes de ostras. Esta só poderá
ser permitida por meio de collectores.
Art. 75. Descoberta uma nova jazida, o pescador que a houver feito levará o facto ao
conhecimento da autoridade marítima do local mais próximo.
Art. 76. É prohibida a pesca com rêdes de arrasto, não só sobre os bancos naturaes de
ostras como também a menos de 500 metros dos locaes em que estejam dispostas
fachinas ou outros engenhos collectores.
Art. 77. É expressamente prohibida a pesca nos parques particulares de ostreicultura.
Art. 78 É prohibido largar ancora sobre os bancos de ostras devidamente demarcados
e, bem assim, lançar sobre os mesmos immundices, lastros de navios, varreduras de
porão, cinzas de fornalha e quaesquer outros detrictos.
Art. 79. Os capatazes verificarão as demarcações das ostreiras e si estão devidamente
determinados os seus limites extremos pelos interessados.
Art. 80. É permitido collocar fachinas e outros apparelhos collectores de ostras
pequenas, sobre os bancos e nas proximidades, para recolher as que dalli se destacam,
afim de serem levadas a viveiros especiaes, desde que não embaracem a navegação.
Art. 81. É prohibido extrahir para alimentação molluscos adherentes às carenas das
embarcações e ás estacas forradas de metal.
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Título I
Pesca
Capítulo III
Deveres do Pescador
...
Art. 23. Constituem deveres do pescador:
f) zelar por todos os meios e modos pela defesa e conservação da fauna e flora
aquáticas.
...
Capítulo VII
Art. 64. A descoberta de uma jazida de moluscos, deverá ser communicada, no prazo
de 10 dias, ao Serviço de Caça e Pesca, descriminando-se sua situação e dimensões.
...
Art. 66. É permitido colocar faxina e outros apparelhos collectores de ostras nos
bancos naturaes e suas proximidades para collecta de material destinado á propagação
desses moluscos em outros lugares.
Art. 67. Os ostreicultores e mitilicultores poderão, em época conveniente, colher os
productos dos parques de sua propriedade, obedecidas as prescripções emanadas do
Serviço de Caça e Pesca.
Art. 68. O Serviço de Caça e Pesca permittirá o estabelecimento de parques para a
criacão de ostras e mexilhões, em lugares convenientes, desde que os mesmos não
embaracem a navegação.
Art. 69. Ao Serviço de Caça e Pesca compete a fiscalização sanitária dos campos
naturaes de ostras e mexilhões e dos parques artificiaes.
Parágrapho único - Verificada qualquer anormalidade no estado sanitário de um
campo ostreícola, o Serviço de Caça e Pesca suspenderá a colheita do molusco pelo
tempo que julgar conveniente.
Art. 70. É prohibido colher para alimentação moluscos adherentes aos corpos
capazes de lhes transmitir qualidades toxicas.
Art. 71. É prohibido fundear embarcações ou lançar detrictos de qualquer natureza
sobre os bancos de moluscos devidamente demarcados.
...
Art. 74. É proibido estabelecer parques ostreícolas nas proximidades de esgotos e
despejos de fábricas.
Parágrapho único - Os parques naturaes de ostras existentes nas condições deste
artigo não podem ser explorados para o consumo público.
Art. 75. A cultura das ostras em parques artificiaes convenientemente installados
poderá ser permitida pelo Serviço de Caça e Pesca.
...
Capítulo XI
Da Pesca Interior
Art. 109. O Serviço de Caça e Pesca promoverá o repovoamento dos lagos, rios e
outros cursos interiores, facilitando o fornecimento de ovos e alevinos necessários.
Art. 110. A acclimação de espécies exóticas ou das procedentes de outras regiões do
paiz só poderá ser feita com prévio conhecimento ou instrucções emanadas do Serviço
de Caça e Pesca, que a respeito fará os estudos necessários.
Art. 111. A installação de estações experimentaes de biologia ou de piscicultura, em
qualquer região do paiz, ficará a cargo do Serviço de Caça e Pesca.
Art. 112. As estações experimentaes de biologia e de piscicultura do Serviço de Caça
e Pesca, competirá:
a) realizar estudos referentes á biologia dos peixes, propagação e defesa da criação,
segundo as condições regionaes;
b) fornecer aos interessados que se queiram dedicar á piscicultura todos os elementos
e informações necessárias;
c) cuidar do povoamento ou repovoamento dos cursos de água, tanques ou açudes,
fornecendo ovos, alevinos ou adultos de espécie adaptáveis ás condições da região;
d) observar quaes as espécies que mereçam ser industrializadas e realizar os estudos
referentes aos processos mais aconselháveis à sua conservação e aproveitamento
industrial;
e) divulgar entre os industriaes instrucções concernentes ao melhor aproveitamento
do producto e sua consequente valorização comercial.
Art. 113. A divulgação dos resultados dos estudos realizados nas estações de
biologia ou de piscicultura, assim como a contribuição dos serviços discriminados no
artigo anterior ficam sujeitas á previa approvação e autorização do Serviço de Caça e
Pesca.
...
________________________________________________
Capítulo III
Dos deveres do pescador
...
Art. 14. Constituem deveres do pescador:
d) zelar pela defesa e conservação da fauna e da flora;
...
Capítulo VII
Dos Moluscos, Crustáceos, Esponjas e Algas
Art. 43. A descoberta de um campo natural de moluscos ou esponjas deverá ser
comunicada, no prazo de 60 dias, ao Serviço de Caça e Pesca, descriminando-se sua
situação e dimensões.
Art. 44. É permitido colocar aparelhos coletores de ostras nos bancos naturais e suas
proximidades para coleta de material destinado à cultura desses moluscos em parques
artificiais.
Art. 45. O Serviço de Caça e Pesca regulamentará o estabelecimento de parques para
a cultura de ostras e mexilhões.
Art. 46. Ao Serviço de Caça e Pesca compete a fiscalização sanitária dos campos
naturais e parques artificiais de moluscos.
Art. 47. O Serviço de Caça e Pesca poderá suspender a exploração em qualquer
parque ou banco quando as condições tal justifiquem.
Art. 48. É proibido fundear embarcações ou lançar detritos de qualquer natureza
sobre os bancos de moluscos devidamente demarcados.
Art. 49. O Serviço de Caça e Pesca regulamentará a época e condições de exploração
dos bancos e parques de cultura de moluscos.
Art. 50. Quem desejar instalar parques de cultura de moluscos ou crustáceos deverá
submeter ao Serviço de Caça e Pesca o respectivo plano.
...
Capítulo X
Da piscicultura e comércio de peixes vivos
Art. 61. O Serviço de Caça e Pesca regulamentará as estações de piscicultura
federais, estaduais, municipais e particulares.
Art. 62. O Serviço de Caça e Pesca manterá um registro de piscicultores, cujas
condições de inscrição serão reguladas por instruções organizadas pelo mesmo
serviço.
Art. 63. É proibida a condução ou remessa para o exterior de peixes vivos ou ovos,
sem prévia autorização do Serviço de Caça e Pesca.
Art. 64. A importação, por particulares, de peixes vivos ou ovos, só será permitida
com autorização do Serviço de Caça e Pesca.
________________________________________________
...
Art. 3º. O pedido de registro de Aqüicultor deverá ser encaminhado ao IBAMA,
mediante requerimento do interessado ou seu representante legal, em modelo próprio
adotado por este Instituto, com atendimento das seguintes condições:
d) apresentação de cópia da Licença Ambiental, expedida pelo órgão
competente;
Art. 4º. Ficam isentos da apresentação de Licença Ambiental para fins de obtenção
de registro de aqüicultor junto ao IBAMA os projetos de aqüicultura que não tenham
finalidade comercial ou que estejam enquadrados nas seguintes categorias:
a) criadores de trutas e salmões em bases fixas com área de espelho d'água total igual
ou inferior a 500 (quinhentos) metros quadrados;
b) criadores de rã touro-gigante (Rana catesbiana);
c) criadores de peixes tropicais não ornamentais em bases fixas e sistema extensivo,
com área de espelho d'água total igual ou inferior a 5 (cinco) hectares;
d) criadores de peixes tropicais não ornamentais em bases fixas e sistema semi-
extensivo, com área de espelho d'água total igual ou inferior a 3 (três) hectares;
e) criadores de peixes tropicais não ornamentais em bases fixas, com área de espelho
d'água total igual ou inferior a 1 (um) hectare;
f) criadores de peixes ornamentais;
g) criadores de camarões de água doce em bases fixas, com área de espelho d'água
total igual ou inferior a 2 (dois) hectares, em qualquer sistema;
h) criadores de camarões marinhos em bases fixas, com área de espelho d'água total
igual ou inferior a 10 (dez) hectares, em sistema extensivo ou semi-extensivo.
Parágrafo Único - Para efeito desta Portaria, entende-se por bases fixas as seguintes
instalações de cultivo:
1) viveiros de derivação;
2) viveiros de barragens;
3) tanques revestidos em alvenaria, concreto ou similar;
4) lagos, lagoas ou açudes que tenham toda a sua área utilizada para a aqüicultura.
________________________________________________
Art 1º, Parágrafo único. Não será autorizada a exploração da aqüicultura em área de
preservação permanente definida na forma da legislação em vigor.
...
Art. 12. O Ministério da Agricultura e do Abastecimento encaminhará os projetos a
que trata o artigo anterior, aos Ministérios da Marinha, da Fazenda e do Meio
Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazonia Legal para manifestação conclusiva,
no prazo de até trinta dias, a respeito dos aspectos insertos nas suas competências.
...
Art. 15. Na exploração da aqüicultura em águas doces, será permitida somente a
utilização de espécies autóctones de bacia em que esteja localizado o empreendimento
ou de espécies exóticas que já estejam comprovadamente estabelecidas no ambiente
aquático.
...
Art. 20. A criação de parques e suas respectivas áreas aqüícolas se dará por ato
normativo conjunto dos Ministérios da Agricultura e do Abastecimento, da Marinha,
da Fazenda e do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazonia Legal, que
definirá seus limites, diretrizes, normas de utilização e estabelecerá sua capacidade de
suporte.
...
Art. 24. Na exploração da aqüicultura em reservatórios hidroelétricos, deverá ficar
resguardada a plena operação do respectivo reservatório e a preservação ambiental.
...
Art. 26. Os Ministérios da Agricultura e do Abastecimento, da Marinha, da Fazenda
e do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazonia Legal, baixarão, em
conjunto, as normas complementares de regulamentação deste Decreto no prazo de
sessenta dias, a contar da data de sua publicação.
________________________________________________
Capítulo IV
Das permissões, proibições e concessões
Título I
Das Normas gerais
...
Art. 34 - É proibida a importação ou a exportação de quaisquer espécies aquáticas,
em qualquer estágio de evolução, bem como a introdução de espécies nativas ou
exóticas, sem autorização da SUDEPE.
...
Art. 37. Os efluentes das redes de esgotos e os resíduos líquidos ou sólidos das
indústrias somente poderão ser lançados às águas, quando não as tornarem poluídas.
...
Título VI
Da aquicultura e seu comércio
Art. 50. O Poder Público incentivará a criação de Estações de Biologia e Aquicultura
federais, estaduais e municipais, e dará assistência técnica às particulares.
Art. 51. Será mantido registro de aqüicultores amadores e profissionais.
________________________________________________
...
Art. 4º - A efetivação do registro dar-se-á com a emissão pelo IBAMA do
"Certificado de Registro", em modelo próprio, o qual só terá validade após o
recolhimento da importância correspondente ao valor do registro prevista na legislação
em vigor.
...
Art. 8º - Animais abatidos oriundos de projetos de aqüicultura ou pesque-pague
deverão, em seu transporte e comercialização, ser acompanhados de documento
(modelo anexo) emitido na origem, quando:
a.Tratar-se de espécie nativa e os indivíduos encontram-se com tamanhos inferiores
aos mínimos estabelecidos na Legislação vigente para a pesca extrativa da espécie.
b.Tratar-se de espécie nativa que se encontra em período de defeso na pesca
extrativa.
Art. 9º - Na fiscalização de seus empreendimentos, o aqüicultor e o proprietário de
pesque-pague deverão apresentar os respectivos Certificados de Registro nos termo do
estabelecido no Art. 4º desta Portaria.
________________________________________________
Art. 1o Os espaços físicos em corpos d’água da União poderão ter seus usos
autorizados para fins da prática de aqüicultura, observando-se critérios de
ordenamento, localização e preferência, com vistas:
I - ao desenvolvimento sustentável;
II - ao aumento da produção brasileira de pescados;
III - à inclusão social; e
IV - à segurança alimentar.
Parágrafo único. A autorização de que trata o caput será concedida a pessoas físicas
ou jurídicas que se enquadrem na categoria de aqüicultor, na forma prevista na
legislação em vigor.
...
Art. 4o A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República
delimitará a localização dos parques aqüícolas e áreas de preferência com prévia
anuência do Ministério do Meio Ambiente, da Autoridade Marítima, do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão e da ANA, no âmbito de suas respectivas
competências.
§ 1o A falta de definição e delimitação de parques e áreas aqüícolas não constituirá
motivo para o indeferimento liminar do pedido de autorização de uso de águas
públicas da União.
§ 2o A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca solicitará reserva de
disponibilidade hídrica à ANA para cessão de espaços físicos em corpos d’água de
domínio da União, que analisará o pleito e emitirá a respectiva outorga preventiva.
§ 3o A outorga preventiva de que trata o § 2 o será convertida automaticamente pela
ANA em outorga de direito de uso de recursos hídricos ao interessado que receber o
________________________________________________
RESOLVE
Art. 1º Estabelecer normas e procedimentos para operacionalização do Registro
Geral da Pesca – RGP, no âmbito da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da
Presidência República – SEAP/PR
...
CAPÍTULO II
Seção VII
Do Registro de Aqüicultor
Art. 21. Para obtenção do registro de Aqüicultor deverá ser apresentada pelo
requerente a seguinte documentação:
I - formulário de requerimento de registro devidamente preenchido e assinado pelo
interessado ou seu representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;
II - quando pessoa física, cópia do documento de identificação pessoal do
interessado ou de seu representante legal;
III - quando pessoa jurídica, cópia de documento que comprove a existência jurídica
do interessado;
IV – cópia de comprovante de residência ou domicílio do interessado;
V - projeto detalhado da infra-estrutura existente ou que venha a ser implantada, com
especificações que permitam a identificação das características técnicas do
empreendimento;
________________________________________________
CAPÍTULO I
Das Disposições Preliminares
o
Art. 1 A autorização de uso do espaço físico em corpos d'água de domínio da União
para fins de aqüicultura, de que trata o Decreto no 4.895, de 2003, é intransferível, não
sendo permitido ao titular o parcelamento ou o arrendamento da referida área.
Art. 2o Os interessados na prática da aqüicultura em corpos d'água de domínio da
União, relacionados no art. 3o do Decreto no 4.895, de 2003, deverão encaminhar, por
intermédio do Escritório Estadual na Unidade da Federação onde estiver localizado o
projeto, quatro vias do requerimento para a autorização de uso dos espaços físicos à
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca - SEAP/PR, bem como do projeto
especifico elaborado por profissionais cadastrados no Cadastro Técnico Federal do
IBAMA, de acordo com a atividade a ser desenvolvida, na forma dos Anexos a esta
Instrução Normativa.
CAPÍTULO II
Dos Parques Aqüícolas e Faixas ou Áreas de Preferência
Art. 3o A SEAP/PR promoverá a delimitação dos parques aqüícolas e faixas ou
áreas de preferência, de que tratam o art. 2o, incisos III e IV, e o art. 5o, inciso I, do
Decreto no 4.895, de 2003, utilizando as informações técnicas disponíveis nas
instituições envolvidas.
§1o A delimitação dos parques aqüícolas e faixas ou áreas de preferência citados no
caput dependerá da outorga preventiva a ser emitida pela ANA, no âmbito de sua
competência, do licenciamento ambiental, da manifestação da Autoridade Marítima,
da anuência da Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento
Orçamento e Gestão – SPU/MP e do cumprimento das exigências para a apresentação
de projeto, constantes dos Anexos I, II e V a esta Instrução Normativa.
CAPÍTULO III
Das Áreas Aqüícolas
Art. 4 Para a instalação dos projetos em áreas aqüícolas, previstas no art. 2o, inciso
o
II, do Decreto 4.895, de 2003, fora dos parques aqüícolas, deverão ser cumpridas as
exigências para a apresentação do projeto, constantes dos Anexos I e II a esta
Instrução Normativa.
§1o Verificada a adequação técnica do projeto, a SEAP/PR o submeterá à ANA,
quando couber, ao IBAMA e à Autoridade Marítima com jurisdição sobre a área onde
se pretende instalar o empreendimento, para análise e manifestação conclusiva.
...
§4o Caberá ao IBAMA, ou entidade por ele delegada, analisar o projeto no âmbito de
sua competência e emitir as devidas licenças ambientais, observando a Instrução
Normativa Interministerial no 08, de 26 de novembro de 2003, e demais instrumentos
legais vigentes, estabelecendo em ato normativo próprio a delegação de competência e
observando:
I - nos procedimentos de licenciamento ambiental, em função do potencial de
impacto ambiental do empreendimento, poderá ser solicitado estudo ambiental
CAPÍTULO IV
Das Unidades de Pesquisa
Art. 5o Para efeito desta Instrução Normativa, entende-se por Unidades de Pesquisa
aquelas destinadas ao desenvolvimento, à pesquisa, à avaliação e à adequação
tecnológica voltadas para as atividades aqüícolas.
§1o A autorização de uso de espaços físicos em corpos d’água de domínio da União
para implantação de Unidades de Pesquisa será aprovada pela SEAP/PR, em conjunto
com o IBAMA, para instituições nacionais de comprovado reconhecimento científico,
por intermédio de procedimento administrativo que contemple as questões técnicas,
científicas e ambientais na forma dos Anexos I, II e III a esta Instrução Normativa,
observada a respectiva outorga da ANA, quando couber, a anuência da Autoridade
Marítima e a permissão da SPU/MP.
...
§3o A instituição autorizada deverá encaminhar relatórios semestrais ou anuais de
avaliação e o relatório final da pesquisa à SEAP/PR e ao IBAMA, visando garantir
que os conhecimentos apurados serão de domínio público.
§4o É obrigatória a retirada de todos os equipamentos de aqüicultura e organismos
que estiverem sob cultivo, além de quaisquer resíduos resultantes da utilização do
espaço físico, no prazo de trinta dias, do término da pesquisa.
§5o A implantação de Unidades de Pesquisa em aqüicultura obedecerá a critérios
técnicos de dimensionamento máximo de área estabelecido em ato normativo da
SEAP/PR, com a anuência do IBAMA.
CÓDIGO DE ÁGUAS
LIVRO II
Aproveitamento das Águas
TÍTULO II
Aproveitamento de águas públicas
Capítulo IV
Derivação
...
Art. 43. As águas públicas não podem ser derivadas para as aplicações da
agricultura, da indústria e da higiene, sem a existência de concessão administrativa, no
caso de utilidade pública e, não se verificando esta, de autorização administrativa, que
será dispensada, todavia, na hipótese de derivações insignificantes.
...
Art. 51. Em regulamento administrativo se disporá:
a) sobre as condições de derivação, de modo a se conciliarem quanto possível os
usos a que as águas se prestam;
b)sobre as condições da navegação que sirva efetivamente ao comércio, para os
efeitos do parágrafo único do artigo 48.
...
TÍTULO III
Aproveitamento das águas comuns e das particulares
Capítulo I
Disposições preliminares
Art. 68. Ficam debaixo da inspeção e autorização administrativa :
a) as águas comuns e as particulares, no interesse da saúde e da segurança pública;
b) as águas comuns, no interesse dos direitos de terceiros ou da qualidade, curso ou
altura das águas públicas.
...
TÍTULO IV
Águas subterrâneas
Capítulo Único
Art. 98. São expressamente proibidas construções capazes de poluir ou inutilizar,
para uso ordinário, a água do poço ou nascente alheia, a elas preexistentes.
...
TÍTULO VI
Águas nocivas
Capítulo Único
Art. 109. A ninguém é lícito conspurcar ou contaminar as águas que não consome,
com prejuízo de terceiros.
Art. 110. Os trabalhos para a salubridade das águas serão executados à custa dos
infratores, que, além da responsabilidade criminal, se houver, responderão pelas
perdas e danos que causarem e pelas multas que lhes forem impostas nos
regulamentos administrativos.
Art. 111. Se os interesses relevantes da agricultura ou da indústria o exigirem, e
mediante expressa autorização administrativa, as águas poderão ser inquinadas, mas os
agricultores ou industriais deverão providenciar para que elas se purifiquem, por
qualquer processo, ou sigam o seu esgoto natural.
Art. 112. Os agricultores ou industriais deverão indenizar a União, os Estados, os
Municípios, as corporações ou os particulares que pelo favor concedido no caso do
artigo antecedente, forem lesados.
Art. 113. Os terrenos pantanosos, quando, declarada a sua insalubridade, não forem
dessecados pelos seus proprietários, sê-lo-ão pela administração, conforme a maior ou
menor relevância do caso.
________________________________________________
TÍTULO I
Da Política Nacional de Recursos Hídricos
Capítulo I
Dos Fundamentos
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes
fundamentos:
I - a água é um bem de domínio público;
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo
humano e a dessedentação de animais;
IX - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das
águas;
IV - a bacia hidrográfica e a unidade territorial para implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos;
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
Capítulo II
Dos Objetivos
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte
aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou
decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional
de Recurso Hídricos:
SEÇÃO III
Da Outorga de Direitos de Uso de Recursos Hídricos
Art. 11. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como
objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo
exercício dos direitos de acesso à água.
Art. 12. Estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de
recursos hídricos:
I - derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para
consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
II - extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de
processo produtivo;
III - lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos,
tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
IV - aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
V - outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente
em um corpo de água.
...
Art. 20. Serão cobrados os usos de recursos hídricos sujeitos a outorga, nos termos
do art. 12 desta Lei.
Art. 21. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos hídricos
devem ser observados, dentre outros:
I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu regime de
variação;
II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o volume
lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas, biológicas e de
toxidade do afluente.
...
Capítulo VI
Da Ação do Poder Público
Art. 29. Na implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, compete ao
Poder Executivo Federal:
II - outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regulamentar e fiscalizar os
usos, na sua esfera de competência;
V - promover a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental.
TÍTULO II
Do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
Capítulo I
Dos Objetivos e da Composição
Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,
com os seguintes objetivos:
I - coordenar a gestão integrada das águas;
II - arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos;
III - implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos;
IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação e a recuperação dos recursos
hídricos;
V - promover a cobrança pelo uso de recursos hídricos.
Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos:
I - o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
II - os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;
III - os Comitês de Bacia Hidrográfica;
IV - os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais e municipais cujas
competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos;
V - as Agências de Água.
Capítulo II
Do Conselho Nacional de Recursos Hídricos
Art. 34. O Conselho Nacional de Recursos Hídricos é composto por:
I - representantes dos Ministérios e Secretarias da Presidência da República com
atuação no gerenciamento ou no uso de recursos hídricos;
Parágrafo único. Das decisões dos Comitês de Bacia Hidrográfica caberá recurso ao
Conselho Nacional ou aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, de acordo com
sua esfera de competência.
Art. 39. Os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos por representantes:
I - da União;
II - dos Estados e do Distrito Federal cujos territórios se situem, ainda que
parcialmente, em suas respectivas áreas de atuação;
III - dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação;
IV - dos usuários das águas de sua área de atuação;
V - das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia.
§ 1º O número de representantes de cada setor mencionado neste artigo, bem como
os critérios para sua indicação, serão estabelecidos nos regimentos dos comitês,
limitada a representação dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios à metade do total de membros.
§ 2º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias de rios fronteiriços e
transfronteiriços de gestão compartilhada, a representação da União deverá incluir um
representante do Ministério das Relações Exteriores.
§ 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras
indígenas devem ser incluídos representantes:
I - da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União;
II - das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia.
§ 4º A participação da União nos Comitês de Bacia Hidrográfica com área de
atuação restrita a bacias de rios sob domínio estadual, dar-se-á na forma estabelecida
nos respectivos regimentos.
Art. 40. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão dirigidos por um Presidente e um
Secretário, eleitos dentre seus membros.
...
Capítulo VI
Das Organizações Civis de Recursos Hídricos
Art. 47. São consideradas, para os efeitos desta Lei, organizações civis de recursos
hídricos:
I - consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas;
II - associações regionais, locais ou setoriais de usuários de recursos hídricos;
TÍTULO III
Das Infrações e Penalidades
Art. 49. Constitui infração das normas de utilização de recursos hídricos superficiais
ou subterrâneos:
I - derivar ou utilizar recursos hídricos para qualquer finalidade, sem a respectiva
outorga de direito de uso;
II - iniciar a implantação ou implantar empreendimento relacionado com a derivação
ou a utilização de recursos hídricos, superficiais ou subterrâneos, que implique
alterações no regime, quantidade ou qualidade dos mesmos, sem autorização dos
órgãos ou entidades competentes;
IV - utilizar-se dos recursos hídricos ou executar obras ou serviços relacionados com
os mesmos em desacordo com as condições estabelecidas na outorga;
V - perfurar poços para extração de água subterrânea ou operá-los sem a devida
autorização;
VI - fraudar as medições dos volumes de água utilizados ou declarar valores
diferentes dos medidos;
VII - infringir normas estabelecidas no regulamento desta Lei e nos regulamentos
administrativos, compreendendo instruções e procedimentos fixados pelos órgãos ou
entidades competentes;
VIII - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades competentes no
exercício de suas funções.
________________________________________________
CAPÍTULO I
DAS DEFINIÇÕES
Art. 2o Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:
I - águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 ;
II - águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 e inferior a 30 ;
III - águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 ;
IV - ambiente lêntico: ambiente que se refere à água parada, com
movimento lento ou estagnado;
V - ambiente lótico: ambiente relativo a águas continentais moventes;
VI - aqüicultura: o cultivo ou a criação de organismos cujo ciclo de vida,
em condições naturais, ocorre total ou parcialmente em meio aquático;
...
CAPÍTULO II
DA CLASSIFICAÇÃO DOS CORPOS DE ÁGUA
Art.3o As águas doces, salobras e salinas do Território Nacional são
classificadas, segundo a qualidade requerida para os seus usos preponderantes, em
treze classes de qualidade.
Parágrafo único. As águas de melhor qualidade podem ser aproveitadas em
uso menos exigente, desde que este não prejudique a qualidade da água, atendidos
outros requisitos pertinentes.
Seção I
Das Águas Doces
o
Art. 4 As águas doces são classificadas em:
I - classe especial: águas destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,
c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de
proteção integral.
III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;
...
CAPÍTULO III
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS
Seção I
Das Disposições Gerais
Art. 7o Os padrões de qualidade das águas determinados nesta Resolução
estabelecem limites individuais para cada substância em cada classe.
Parágrafo único. Eventuais interações entre substâncias, especificadas ou
não nesta Resolução, não poderão conferir às águas características capazes de causar
efeitos letais ou alteração de comportamento, reprodução ou fisiologia da vida, bem
como de restringir os usos preponderantes previstos, ressalvado o disposto no § 3o do
art. 34, desta Resolução.
Art. 8 o O conjunto de parâmetros de qualidade de água selecionado para
subsidiar a proposta de enquadramento deverá ser monitorado periodicamente pelo
Poder Público.
§ 1 o Também deverão ser monitorados os parâmetros para os quais haja
suspeita da sua presença ou não conformidade.
§ 2 o Os resultados do monitoramento deverão ser analisados
estatisticamente e as incertezas de medição consideradas.
§ 3o A qualidade dos ambientes aquáticos poderá ser avaliada por
indicadores biológicos, quando apropriado, utilizando-se organismos e/ou
comunidades aquáticas.
§ 4 o As possíveis interações entre as substâncias e a presença de
contaminantes não listados nesta Resolução, passíveis de causar danos aos seres vivos,
deverão ser investigadas utilizando-se ensaios ecotoxicológicos, toxicológicos, ou
outros métodos cientificamente reconhecidos.
§ 5 o Na hipótese dos estudos referidos no parágrafo anterior tornarem-se
necessários em decorrência da atuação de empreendedores identificados, as despesas
da investigação correrão as suas expensas.
§ 6o Para corpos de água salobras continentais, onde a salinidade não se dê
por influência direta marinha, os valores dos grupos químicos de nitrogênio e fósforo
serão os estabelecidos nas classes correspondentes de água doce.
Art. 9 o A análise e avaliação dos valores dos parâmetros de qualidade de
água de que trata esta Resolução serão realizadas pelo Poder Público, podendo ser
PADRÕES
PARÂMETROS VALOR
MÁXIMO
Clorofila a 10 µg/L
Densidade de 20.000 cel/mL ou
cianobactérias 2 mm3/L
Sólidos dissolvidos totais 500 mg/L
PARÂMETROS VALOR
INORGÂNICOS MÁXIMO
Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al
Antimônio 0,005mg/L Sb
Arsênio total 0,01 mg/L As
Bário total 0,7 mg/L Ba
Berílio total 0,04 mg/L Be
Boro total 0,5 mg/L B
Cádmio total 0,001 mg/L Cd
Chumbo total 0,01mg/L Pb
Cianeto livre 0,005 mg/L CN
Cloreto total 250 mg/L Cl
Cloro residual total 0,01 mg/L Cl
(combinado + livre)
Cobalto total 0,05 mg/L Co
Cobre dissolvido 0,009 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
Fósforo total (ambiente 0,020 mg/L P
lêntico)
Fósforo total (ambiente 0,025 mg/L P
intermediário, com tempo
de residência entre 2 e 40
dias, e tributários diretos
de ambiente lêntico)
III - Nas águas doces onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para
fins de consumo intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste
artigo, aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:
PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
INORGÂNICOS
Alumínio dissolvido 1,5 mg/L Al
Arsênio total 0,01 mg/L As
Bário total 1,0 mg/L Ba
Berílio total 5,3 µg/L Be
Boro total 5,0 mg/L B
Cádmio total 0,005 mg/L Cd
Chumbo total 0,01 mg/L Pb
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Triclorobenzeno 80 µg/L
(1,2,3-TCB + 1,2,4-
TCB)
Tricloroeteno 30,0 µg/L
III - Nas águas salinas onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para
fins de consumo intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo,
aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:
PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
INORGÂNICOS
Alumínio dissolvido 0,1 mg/L Al
Arsênio total 0,01 mg/L As
Berílio total 5,3 µg/L Be
Boro 0,5 mg/L B
Cádmio total 0,005 mg/L Cd
Chumbo total 0,01 mg/L Pb
Cianeto livre 0,001 mg/L CN
Cloro residual total 0,01 mg/L Cl
(combinado + livre)
Cobre dissolvido 0,005 mg/L Cu
Cromo total 0,05 mg/L Cr
Ferro dissolvido 0,3 mg/L Fe
Fluoreto total 1,4 mg/L F
sulfato)
Etilbenzeno 25,0 µg/L
Fenóis totais 0,003 mg/L C6H5OH
(substâncias que
reagem com 4-
aminoantipirina)
Gution 0,01 µg/L
Heptacloro epóxido + 0,001 µg/L
Heptacloro
Lindano (g-HCH) 0,004 µg/L
Malation 0,1 µg/L
Metoxicloro 0,03 µg/L
Monoclorobenzeno 25 µg/L
Paration 0,04 µg/L
Pentaclorofenol 7,9 µg/L
PCBs - Bifenilas 0,03 µg/L
Policloradas
Substâncias 0,2 mg/L LAS
tensoativas que
reagem com azul de
metileno
2,4,5-T 10,0 µg/L
Tolueno 215 µg/L
Toxafeno 0,0002 µg/L
2,4,5-TP 10,0 µg/L
Tributilestanho 0,010 µg/L TBT
Triclorobenzeno 80,0 µg/L
(1,2,3-TCB + 1,2,4-
TCB)
III - Nas águas salobras onde ocorrer pesca ou cultivo de organismos, para
fins de consumo intensivo, além dos padrões estabelecidos no inciso II deste artigo,
aplicam-se os seguintes padrões em substituição ou adicionalmente:
CAPÍTULO IV
DAS CONDIÇÕES E PADRÕES DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES
Art. 24. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser
lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de água, após o devido tratamento e
desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e
em outras normas aplicáveis.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente poderá, a qualquer
momento:
I - acrescentar outras condições e padrões, ou torná-los mais restritivos,
tendo em vista as condições locais, mediante fundamentação técnica; e
II - exigir a melhor tecnologia disponível para o tratamento dos efluentes,
compatível com as condições do respectivo curso de água superficial, mediante
fundamentação técnica.
Art. 25. É vedado o lançamento e a autorização de lançamento de efluentes
em desacordo com as condições e padrões estabelecidos nesta Resolução.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente poderá, excepcionalmente,
autorizar o lançamento de efluente acima das condições e padrões estabelecidos no art.
34, desta Resolução, desde que observados os seguintes requisitos:
I - comprovação de relevante interesse público, devidamente motivado;
II - atendimento ao enquadramento e às metas intermediárias e finais,
progressivas e obrigatórias;
III - realização de Estudo de Impacto Ambiental-EIA, às expensas do
empreendedor responsável pelo lançamento;
IV - estabelecimento de tratamento e exigências para este lançamento; e
V - fixação de prazo máximo para o lançamento excepcional.
Art. 26. Os órgãos ambientais federal, estaduais e municipais, no âmbito de
sua competência, deverão, por meio de norma específica ou no licenciamento da
atividade ou empreendimento, estabelecer a carga poluidora máxima para o
lançamento de substâncias passíveis de estarem presentes ou serem formadas nos
processos produtivos, listadas ou não no art. 34, desta Resolução, de modo a não
comprometer as metas progressivas obrigatórias, intermediárias e final, estabelecidas
pelo enquadramento para o corpo de água.
PADRÕES
PARÂMETROS VALOR MÁXIMO
INORGÂNICOS
Arsênio total 0,5 mg/L As
Bário total 5,0 mg/L Ba
Boro total 5,0 mg/L B
Cádmio total 0,2 mg/L Cd
Chumbo total 0,5 mg/L Pb
Cianeto total 0,2 mg/L CN
Cobre dissolvido 1,0 mg/L Cu
Cromo total 0,5 mg/L Cr
Estanho total 4,0 mg/L Sn
Ferro dissolvido 15,0 mg/L Fe
CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 39. Cabe aos órgãos ambientais competentes, quando necessário,
definir os valores dos poluentes considerados virtualmente ausentes.
Art. 40. No caso de abastecimento para consumo humano, sem prejuízo do
disposto nesta Resolução, deverão ser observadas, as normas específicas sobre
qualidade da água e padrões de potabilidade.
Art. 41. Os métodos de coleta e de análises de águas são os especificados
em normas técnicas cientificamente reconhecidas.
Art. 42. Enquanto não aprovados os respectivos enquadramentos, as águas
doces serão consideradas classe 2, as salinas e salobras classe 1, exceto se as
condições de qualidade atuais forem melhores, o que determinará a aplicação da classe
mais rigorosa correspondente.
Art. 43. Os empreendimentos e demais atividades poluidoras que, na data
da publicação desta Resolução, tiverem Licença de Instalação ou de Operação,
expedida e não impugnada, poderão a critério do órgão ambiental competente, ter
prazo de até três anos, contados a partir de sua vigência, para se adequarem às
condições e padrões novos ou mais rigorosos previstos nesta Resolução.
§ 1 o O empreendedor apresentará ao órgão ambiental competente o
cronograma das medidas necessárias ao cumprimento do disposto no caput deste
artigo.
§ 2 o O prazo previsto no caput deste artigo poderá, excepcional e
tecnicamente motivado, ser prorrogado por até dois anos, por meio de Termo de
Ajustamento de Conduta, ao qual se dará publicidade, enviando-se cópia ao Ministério
Público.
§ 3o As instalações de tratamento existentes deverão ser mantidas em
operação com a capacidade, condições de funcionamento e demais características para
as quais foram aprovadas, até que se cumpram as disposições desta Resolução.
§ 4o O descarte contínuo de água de processo ou de produção em
plataformas marítimas de petróleo será objeto de resolução específica, a ser publicada
no prazo máximo de um ano, a contar da data de publicação desta Resolução,
ressalvado o padrão de lançamento de óleos e graxas a ser o definido nos termos do
art. 34, desta Resolução, até a edição de resolução específica.
A maior parte das informações que escutamos e lemos sobre meio ambiente
representam opiniões. As pessoas usam dados oriundos de estudos ou
observações científicas na avaliação de questões ambientais, mas suas
conclusões são freqüentemente opiniões. Há, ainda, grande diversidade na
maneira como as pessoas percebem o meio ambiente e o uso correto de
recursos naturais e de ecossistemas, de tal forma, que pessoas com
sentimentos arraigados freqüentemente anulam a objetividade (requerida
pelos processos científicos) para chegarem rapidamente às conclusões. Desta
maneira, as questões ambientais são voláteis, pois são afetadas por opiniões e
fortes sentimentos. Além do mais, estilo de vida e aspectos econômicos são
fatores que freqüentemente também interferem em questões ambientais.
Conseqüentemente, discordâncias sobre questões ambientais são,
potencialmente, tão explosivas quanto discordâncias sobre questões
espirituais (1999).
nós usamos este termo como referência para nós mesmos. Para nós, também,
isto é dito pelo fato que somos possuídos pela natureza e devemos nos
comportar de maneira relativamente natural. Entretanto, quando falamos
sobre natureza humana, isto não implica necessariamente que a existência
humana participa da natureza que nós atribuímos à animalidade ou da
finalidade de continuidade da existência em relação ao mundo natural. Em
sentido contrário, nós precisamente designamos estes modelos para marcar o
que é concebido na natureza como modelo de animalidade. Certamente, é
verdadeira a idéia de que o conceito de natureza humana é muito utilizado
para enfatizar nossa diferença em relação às demais espécies naturais, e,
quando, por exemplo, isto é dito, a existência humana é vista pela razão da
natureza racional e moral, as quais não são verificadas nas espécies naturais,
e é contrário à idéia do comportamento natural animal destas outras espécies,
percebendo, assim, a natureza como um modelo que precisamente renega o
que é verdadeiramente inerente a nós mesmos. A história das maneiras pelas
quais a idéia ou modelo de natureza se demonstra através de nossas próprias
concepções humanas é extraordinariamente complexa e permite uma
variedade de abordagens que passam pelas mais diferentes análises sob os
pontos de vista sociológico, cultural, ético, político, biológico, histórico e
filosófico, dentre outros (1995).
E, ainda:
pessoas estão se dando conta disto. Não se quer dizer com isso que o modelo
da produção em massa entrou em crise nos anos 70, por causa dos limites
naturais. Mas o fato de estarem muito presentes fez emergir , principalmente
na década de 70, essa ênfase na necessidade de outro conceito, menos
produtivista, e que levasse mais em conta a necessidade de um convívio de
certos limites impostos pela natureza. Acho que é isso que leva a essa
aceitação tão generalizada e, de certa forma, tão rápida da noção de
desenvolvimento sustentável (1995).
Corbin & Young (1997) afirmam que a aqüicultura está amadurecendo como
ciência e negócio. Isto influencia, de maneira consistente, mudanças ambientais em países
em desenvolvimento e modifica os enfoques de gerenciamento de recursos aquáticos em
países desenvolvidos. Assim, para o século 21 é previsto grande crescimento e
diversificação, já que novas tecnologias e espécies encontram-se disponíveis. A captura de
peixes continua a declinar conjuntamente com um aumento de demanda por produtos
aquáticos, e vários governos nacionais têm dirigido sua atenção para a aqüicultura como
produtora de alimentos e de negócios. Os padrões de desenvolvimento mundial percebidos
nestes anos recentes tornam claro que, para um crescimento produtivo, será necessária uma
grande destinação de recursos naturais para uso da aqüicultura. Dentre estes recursos
incluem-se áreas costeiras, águas subterrâneas, rios, lagos e hábitats marinhos costeiros, e,
muito provavelmente, também haverá descuido governamental em relação à questão do
uso destes recursos para a atividade aqüícola. Experiências recentes indicam que o
crescimento desordenado da aqüicultura pode causar sérios danos ao meio ambiente e,
também, impactos sociais, econômicos e culturais, não desejáveis e desconhecidos, sobre
comunidades.
Para Corbin & Young (1997), a estrutura política e regulamentadora e os
programas públicos de suporte que implementam esforços para o desenvolvimento
aqüícola constituem a visão nacional geral para expansão da aqüicultura. Historicamente, é
importante notar que países “desenvolvidos” e “em desenvolvimento” possuem visões
diferentes sobre as atividades aqüícolas e as expectativas de contribuição social relativas a
estas atividades. Assim, nota-se uma diferença de temas ou problemas, entre países
Países Países
Categoria Tema ou Problema desenvolvidos em
desenvolvimento
Biofísica
Eliminação de manguezais - X
Eliminação de áreas úmidas - X
Degradação da qualidade da água e do substrato X X
Extinção de águas subterrâneas e salinização do solo X X
“Blooms” de algas tóxicas X X
Contaminação por doenças oriundas das aqüiculturas X X
Redução da capturas de espécies nativas X X
Diluição genética dos estoques nativos X X
continua
continuação
janeiro de 1997, e Resolução CONAMA n.° 357, de 17 de março de 2005. Estes diplomas
legais apresentam determinação de padrões ambientais precisos para o estabelecimento e
desenvolvimento de aqüiculturas (Resolução CONAMA n.° 357, de 17 de março de 2005)
e inserção de participação social para definição e gestão dos usos de recursos hídricos (Lei
nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997). Assim, mesmo o Decreto Nº 24.643, de 10 de julho de
1934, que cuida básica e principalmente da propriedade e do aproveitamento da água, em
detalhado ordenamento lógico, apresenta muitos dispositivos legais que abordam aspectos
ambientais correlatos à atividade aqüícola e que se encontram explicitados nos dados
obtidos no presente estudo.
Nota-se também que, mesmo existindo padrões ambientais definidos para o
estabelecimento e desenvolvimento de aqüiculturas no conjunto de legislação e voltados à
água e ao gerenciamento de recursos hídricos, este conjunto de legislação não é
diretamente recebido, utilizado ou vinculado ao conjunto de legislação voltado ao
estabelecimento e desenvolvimento de pesca e de aqüicultura.
O ponto de vista jurídico-normativo proposto por Hans Kelsen (1979, 1986, 1998),
no qual se baseia a maior parte das legislações brasileiras circunscritas no universo
amostral deste trabalho, de postura extremamente positivista e formalista, com certeza não
auxilia abordagens multi e interdisciplinares necessárias ao estabelecimento de um regime
legal da atividade aqüícola, que contemple um desenvolvimento desta atividade sob bases
ambiental e socialmente toleráveis. Entretanto, a teoria de Kelsen, embora apresentando,
como fundamentos de validade da norma jurídica, simplesmente a existência de uma
norma jurídica anterior que a valide, possibilita que valores técnico-científicos essenciais
ao crescimento econômico-produtivo da aqüicultura brasileira, baseado em princípios
ambientais, sejam agregados às normas jurídicas através do uso de atos administrativos
normativos regulamentadores (Decretos, Portarias, Resoluções, Deliberações).
Deve-se ressaltar, entretanto, que tais atos, além de não contemplarem,
necessariamente, uma plena discussão social por serem atos de vontade de autoridades do
poder Executivo, não poucas vezes causam conflitos entre si, como, e. g., Resoluções de
competência estadual que versam sobre temas já disciplinados por Portarias de
competência federal, mas com diferentes determinações legais.
E afirma:
curiosa redundância, segundo a qual "os indivíduos devem fazer o que devem
fazer !". Esta redundância esconde uma forma de jusnaturalismo. As
explicações de Kelsen pecam por obscuras. Mas mostram, de qualquer modo,
que o caminho positivista nos conduz a um momento de "irracionalidade"
(“sensu” positivista da palavra) no sentido de fazer a imperatividade das
normas repousar não num "conhecimento", nem num reconhecimento, mas
num ato de crença (FERRAZ JR., 1997a).
De acordo com Ferraz Jr. (op. cit.), o sujeito normativo não é puramente o sujeito
passivo de um monólogo, mas também um sujeito reativo do diálogo. Nestes termos, ao
contrário do que ocorre para Kelsen (para quem as situações subjetivas são apenas relações
entre normas) do ângulo pragmático elas são também comportamentos discursivos
fundamentantes dos sujeitos, que podem ser mais ou menos persuasivos. Por exemplo, a
noção de obrigação jurídica não se reduz (como para Kelsen, que nos fala em dever
jurídico, enquanto o comportamento que evita a sanção) à posição do sujeito perante a
ameaça de sanção, mas se refere concomitantemente ao estabelecimento da relação meta-
complementar que não é produzida pela sanção. Assim, é possível reconhecer, neste
sentido, que a noção de obrigação tem, além de uma dimensão sintática (conexão entre
normas) e de uma dimensão semântica (relação entre comportamentos exigidos e
sancionados com a realidade), uma dimensão pragmática (imposição de relação
complementar). Kelsen, neste sentido, define o delito como o comportamento que provoca
a sanção e o cumprimento do dever, como o que evita.
Como reflexão à utilização de teses aplicadas à formulação e estabelecimento de
normas jurídicas essencialmente formalistas, e muito provavelmente insustentáveis quando
pragmaticamente aplicadas à realidade sócio-cultural de populações e setores produtivos,
Branco pondera que:
CONCLUSÕES
A abordagem positivista adotada por Hans Kelsen não auxilia, por seu rigor e
formalismo baseado em uma ordem jurídica homológica originada linearmente de uma só
norma, discussões que abordem conceitos ambientais, discussões de dados técnico-
científicos, discussões pluridimensionais, e inter-relação entre conjuntos de legislação
originariamente distintos. Já, a abordagem proposta por Ferraz Jr. possibilita a inserção da
discussão ambiental sob forma pluridimensional e heterológica na gestão de atividades que
necessitem de critérios técnico-científicos e de ampla participação social.
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TABELAS
TABELA I
(Milhões de toneladas)
CONTINENTAL
MARINHA
DESTINAÇÃO
Fonte: FAO - World Review of Fisheries and Aquaculture – 2004 (SOFIA). Disponível
em:<http://www.fao.org/docrep/007/y5600e/y5600e04.htm>. Acesso em 19 jan. 2007.
TABELA II
(Milhões de toneladas)
PRODUÇÃO
CONTINENTAL
MARINHA
DESTINAÇÃO
Suprimento de pescado per capita 13,3 13,2 13,2 13,4 13,2 13,3
(kg)
Fonte: FAO - World Review of Fisheries and Aquaculture – 2004 (SOFIA). Disponível
em:<http://www.fao.org/docrep/007/y5600e/y5600e04.htm>. Acesso em 19 jan. 2007.
TABELA III
TABELA IV
TABELA V
TABELA VI
TABELA VII
Total 1 2 3 4 5 6 7
Peixes e moluscos China Índia Japão Indonésia Tailândia USA Bangladesh
Q* 20.774.754 10.612.473 1.527.796 781.027 597.522 514.006 390.801 269.560
1994
V* 35.990.079 10.826.475 2.078.217 4.047.665 1.823.180 1.877.587 701.630 479.861
Q* 24.276.398 12.792.021 1.608.938 820.124 611.410 464.224 413.431 321.506
1995
V* 39.060.418 12.401.439 2.138.813 4.221.660 1.851.944 1.894.300 729.097 595.206
Q* 26.384.583 17.714.570 1.768.422 829.354 672.130 509.656 393.331 390.088
1996
V* 41.546.015 17.886.099 1.979.604 3.891.963 2.020.197 1.836.725 736.423 806.451
8 9 10 11 12 13 14 OUTROS
Coréia/Rep Filipinas Noruega França Taiwan Espanha Chile PAISES
Q* 342.785 380.480 218.082 280.867 281.686 180.040 117.960 1.863.283
1994
V* 602.612 1.257.341 848.531 639.506 1.262.379 240.167 453.424 6.342.589
Q* 368.155 346.271 282.471 280.685 277.959 226.165 157.083 1.919.866
1995
V* 617.364 1.224.928 1.037.189 663.399 1.371.655 287.326 561.737 6.453.097
Q* 358.003 342.678 324.543 285.559 262.276 233.833 217.903 2.082.137
1996
V* 685.618 1.195.661 1.026.421 582.726 1.177.528 286.858 787.102 6.646.639
TABELA VIII
Nota: Esta estatística exclui as plantas aquáticas. APR significa a razão média de crescimento anual para o período 2000-02
Fonte: FAO - World Review of Fisheries and Aquaculture – 2004 (SOFIA). Disponível
em:<http://www.fao.org/docrep/007/y5600e/y5600e04.htm>. Acesso em 19 jan. 2007.
TABELA IX
(Porcentagem de crescimento)
Fonte: FAO - World Review of Fisheries and Aquaculture – 2004 (SOFIA). Disponível
em:<http://www.fao.org/docrep/007/y5600e/y5600e04.htm>. Acesso em 19 jan. 2007.
TABELA X
Total Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador Paraguai Peru Uruguai Venezuela
Org. Aquáticos
1994 / Q* 763 617 30.915 F 183.747 25.652 89.096 100 F 5.903 10 4.153
V* 4.893 1.734 134.885 F 479.739 106.966 536.071 144 F 37.941 70 18.004
1995 / Q* 1.474 616 46.202 206.266 36.630 105.597 190 F 5.771 20 F 5.719
V* 9.220 1.783 171.896 583.869 161.043 633.582 300 F 44.140 106 21.660
1996 / Q* 1.332 380 77.690 F 323.115 29.900 107.920 350 F 7.724 21 7.362
V* 8.737 1.092 298.379 F 829.187 137.862 647.520 560 F 60.775 145 23.873
1997 / Q* 1.334 387 87.674 375.113 43.710 134.497 350 F 7.931 19 8.950
V* 8.497 1.165 319.427 959.759 189.793 678.894 623 F 49.887 134 29.935
TABELA XI
2000 / Q* 1.784 405 172.450 425.058 61.786 61.311 103 F 6.523 85 13.505
V* 10.395 1.229 684.396 1.266.241 257.612 321.567 218 F 37.277 798 52.825
2001 / Q* 1.340 320 203.710 631.634 57.660 F 52.428 F 570 F 7.640 17 16.647
V* 8.163 672 750.044 1.754.905 242.180 F 267.445 F 1.200 F 45.349 156 50.627
2002 / Q* 1.457 418 242.590 617.303 57.160 F 55.638 F 1.000 F 11.614 17 18.020
V* 7.677 916 879.225 1.688.157 246.580 F 291.573 F 1.800 F 71.399 93 55.413
2003 / Q* 1.647 375 277.640 603.485 60.895 65.227 F 1.300 F 13.768 24 19.821
V* 7.152 842 979.452 2.169.882 269.201 306.681 F 1.950 F 80.886 159 58.262
2004 / Q* 1.848 450 269.699 694.693 60.072 63.579 F 2.100 F 22.199 21 22.210
V* 9.951 1.084 965.628 2.814.837 277.036 292.077 F 3.258 F 130.555 115 65.785
TABELA XII
TABELA XIII
TABELA XIV
Crustáceos 21 6 28,6
Moluscos 41 8 19,5
TABELA XV
Dez Principais Grupos de Espécies na Produção Aquícola Mundial
em Quantidade e Porcentagem de Crescimento
Participação
Grupo de Espécies 2000 2002 APR
relativa a 2002
Nota: Esta estatística exclui as plantas aquáticas. APR significa a razão média de crescimento anual para o período 2000-2002
Fonte: FAO - World Review of Fisheries and Aquaculture – 2004 (SOFIA). Disponível
em:<http://www.fao.org/docrep/007/y5600e/y5600e04.htm>. Acesso em 19 jan. 2007.
ANEXOS DE LEGISLAÇÃO
ANEXO 1
R E S O L V E:
Art. 1º Estabelecer normas e procedimentos para operacionalização do Registro Geral da Pesca – RGP, no
âmbito da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência República – SEAP/PR.
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 2º As pessoas físicas ou jurídicas só poderão exercer atividade de pesca e aqüicultura com fins
comerciais, se previamente inscritas no RGP, na forma do disposto na presente Instrução Normativa.
Parágrafo único. As pessoas físicas estrangeiras portadoras de autorização para o exercício de atividade
profissional no país deverão, também, ser inscritas no RGP.
Art. 3º O RGP contemplará as seguintes categorias de registro:
I - Pescador Profissional, devendo ser classificado como:
a) Pescador Profissional na Pesca Artesanal; e
b) Pescador Profissional na Pesca Industrial.
II – Aprendiz de Pesca;
III - Armador de Pesca;
IV - Embarcação Pesqueira;
V -Indústria Pesqueira;
VI -Aqüicultor; e
VII - Empresa que Comercia Organismos Aquáticos Vivos.
Parágrafo único. O registro de que trata o caput poderá ser precedido de permissões de pesca e autorizações,
conforme disposto na presente Instrução Normativa ou previsto em legislação.
Art. 4º Para os fins da presente Instrução Normativa, entende-se por:
I - Pescador Profissional: pessoa física maior de dezoito anos e em pleno exercício de sua capacidade civil,
que faz da pesca sua profissão ou meio principal de vida podendo atuar no setor pesqueiro artesanal ou
industrial:
a) Pescador Profissional na Pesca Artesanal: aquele que, com meios de produção próprios, exerce sua
atividade de forma autônoma, individualmente ou em regime de economia familiar ou, ainda, com auxilio
eventual de outros parceiros, sem vínculo empregatício; e
b) Pescador Profissional na Pesca Industrial: aquele que, com vínculo empregatício, exerce atividade
relacionadas com a captura, coleta ou extração de recursos pesqueiros em embarcações pesqueiras de
propriedade de pessoas físicas ou jurídicas inscritas no RGP na categoria correspondente.
II – Aprendiz de Pesca: pessoa física maior de quatorze e menor de dezoito anos, que exerce a atividade
pesqueira de forma desembarcada ou embarcada como tripulante em embarcação de pesca, conforme previsto
em legislação;
III - Armador de Pesca: a pessoa física ou jurídica que, em seu nome ou sob a sua responsabilidade, apresta
para sua utilização uma ou mais embarcações pesqueiras, cuja arqueação bruta totalize ou ultrapasse 10
toneladas;
IV - Embarcação Pesqueira: a embarcação de pesca que se destina exclusiva e permanentemente à captura,
coleta, extração ou processamento e conservação de seres animais e vegetais que tenham na água seu meio
natural ou mais freqüente habitat;
V - Indústria Pesqueira: pessoa jurídica que, direta ou indiretamente, exerce atividade de captura, extração,
coleta, conservação, processamento, beneficiamento, ou industrialização de seres animais ou vegetais que
tenham na água seu meio natural ou mais freqüente habitat;
VI – Aqüicultor: pessoa física ou jurídica que se dedica ao cultivo, criação ou manutenção em cativeiro, com
fins comerciais, de organismos cujo ciclo de vida, em condições naturais, ocorre total ou parcialmente em
meio aquático, incluindo a produção de imagos, ovos, larvas, pós-larvas, náuplios, sementes, girinos,
alevinos ou mudas de algas marinhas; e
VII - Empresa que Comercia Organismos Aquáticos Vivos: a pessoa jurídica que, sem produção própria, atua
no comércio de organismos animais e vegetais vivos oriundos da pesca extrativa ou da aqüicultura,
destinados à ornamentação ou exposição, bem como na atividade de pesque-pague.
Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso VI do caput, excetuam-se do referido conceito os grupos
ou espécies tratados em legislação ambiental específica.
CAPÍTULO II
DOS PROCEDIMENTOS PARA O REQUERIMENTO DE AUTORIZAÇÕES, PERMISSÕES E
REGISTROS
Art. 5º As autorizações, permissões e registros mencionados nesta Instrução Normativa serão requeridos
junto aos Escritórios Estaduais da SEAP/PR, na Unidade da Federação em que o interessado esteja
domiciliado, na forma desta Instrução Normativa e demais procedimentos adotados por esta Secretaria.
Parágrafo único. Quando o interessado residir em municípios localizados em outra Unidade da Federação,
limítrofes ou próximos de um determinado Escritório Estadual, este poderá receber e protocolar a
documentação pertinente e encaminhar ao Escritório Estadual da Unidade da Federação de origem do
interessado, para fins de efetivação da autorização, permissão ou registro requerido.
Seção I
Do Registro de Pescador Profissional e de Aprendiz de Pesca
Art. 6º Para obtenção do registro de Pescador Profissional deverá ser apresentada pelo requerente a seguinte
documentação:
I – formulário de requerimento devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante
legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;
II – cópia do documento de identificação pessoal;
III – cópia do comprovante de residência do interessado;
IV – cópia do documento de inscrição no CPF;
V – cópia do documento de inscrição no PIS/PASEP, quando não se tratar do registro inicial;
VI – duas fotos 3 x 4;
VII – comprovação da data da inscrição inicial no RGP como Pescador Profissional em órgão competente à
época, quando for o caso; e
VIII - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente à expedição da Carteira de Pescador
Profissional, quando prevista em lei.
Art. 7º Para obtenção do registro de Pescador Profissional estrangeiro, com visto temporário no Brasil,
deverá ser apresentado pelo requerente a seguinte documentação:
I – formulário de requerimento devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante
legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;
II – cópia do passaporte, especificamente das folhas onde consta o visto temporário e data de entrada no país;
III – duas fotos 3 x 4;
IV – cópia da Autorização de Trabalho que permite o exercício da atividade profissional no país, expedido
pelo Ministério do Trabalho e Emprego; e
V - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente à expedição da Carteira de Pescador
Profissional, quando prevista em lei.
Parágrafo único. A Carteira de Pescador Profissional será emitida com a mesma validade da autorização,
mencionada no inciso IV do caput, sem prejuízo do disposto no art. 28.
Art. 8º Para obtenção do registro de Aprendiz de Pesca deverá ser apresentada pelo requerente a seguinte
documentação:
I – formulário de requerimento de registro devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu
representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;
II – autorização de um dos pais ou representante legal;
III – cópia do documento de identificação pessoal;
IV – duas fotos 3 x 4;
V – comprovante de matrícula em Instituição de ensino regular, quando for o caso; e
VI - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente à expedição da Carteira de Aprendiz de
Pesca, quando prevista em lei.
Parágrafo único. O Aprendiz de Pesca que exerce a atividade pesqueira de forma embarcada deverá
apresentar, ainda, a devida autorização do juiz competente.
Seção II
Do Registro de Armador de Pesca
Art. 9º Para obtenção do registro de Armador de Pesca deverá ser apresentada pelo requerente a seguinte
documentação:
I - formulário de requerimento de registro devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu
representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;
II - quando pessoa física, cópia de documento de identidade ou qualificação pessoal;
III - quando pessoa jurídica, cópia de documento que comprove a existência jurídica da empresa;
IV – cópia de comprovante de residência ou domicílio do interessado;
V - cópia de Certificado de Armador, expedido pelo órgão competente da Autoridade Marítima, quando o
somatório da arqueação bruta das embarcações totalize ou ultrapasse cem toneladas; e
VI - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente ao registro de Armador de Pesca, prevista
em lei.
Seção III
Das Permissões de Pesca e do Registro de Embarcação Pesqueira
Subseção I
Das Permissões de Pesca
Art. 10. Para fins da presente Instrução Normativa entende-se por:
I – Permissão Prévia de Pesca: é o ato administrativo discricionário e precário, condicionado ao interesse
público, pelo qual é facultado ao interessado construir, importar, adquirir ou converter embarcação de pesca,
devidamente identificada, sem prejuízo da obrigatoriedade de obtenção das licenças de construção ou
importação junto aos órgãos competentes, conforme o caso;
II – Permissão de Pesca: é o ato administrativo discricionário e precário condicionado ao interesse público
pelo qual é facultado ao proprietário, armador ou arrendatário operar com embarcação de pesca, devidamente
identificada, nas atividades de captura, extração ou coleta de recursos pesqueiros.
Parágrafo único. Ficam dispensadas da Permissão Prévia de Pesca e da Permissão de Pesca, sem prejuízo do
registro, as embarcações que operam exclusivamente nas atividades de conservação, beneficiamento,
processamento de pescados, desde que não participem da atividade de captura, coleta ou extração.
Art. 11. Na Permissão Prévia de Pesca, bem como na Permissão de Pesca deverão estar especificados todos
os métodos de pesca, todas as espécies a capturar, bem como a respectiva zona de operação.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo entende-se como:
I – método de pesca: processo pelo qual as atividades de captura, extração ou coleta se realizam considerando
os equipamentos, as artes ou petrechos de pesca utilizados podendo ser:
a) pesca de arrasto: a que se realiza com o emprego de rede de arrasto tracionada por embarcação pesqueira,
com recolhimento manual ou mecânico;
b) pesca de linha: a que se realiza com o emprego de linha simples ou múltipla com anzóis ou garatéias, com
ou sem o auxilio de caniço ou vara;
c) pesca de espinhel ou “long-line”: a que se realiza com o emprego de linha mestra da qual saem linhas
secundárias, onde são fixados anzóis;
d) pesca de rede-de-espera: a que se realiza com o emprego de rede-de-emalhar não tracionada, fixa ou a
deriva, seja de superfície, de meia água ou de fundo;
e) pesca de armadilha: a que se realiza com o emprego de petrechos do tipo “armadilhas”;
f) pesca de cerco: a que se realiza com o emprego de rede de cercar, com o auxílio de embarcação;
g) pesca de tarrafa ou rede de caída: a que se realiza com o emprego de rede circular lançada manualmente; e
h) outros: qualquer outro método não mencionado nas alíneas anteriores, devendo ser especificado pelo
interessado.
*Retificação publicada no Diário Oficial da União de 16 de junho de 2004, seção 1, pág.06
II – espécie: grupo de indivíduos objeto das atividades de captura, extração ou coleta, conforme definido nas
respectivas permissões de pesca; e
III – zona de operação: área de ocorrência da espécie a ser permissionada para o exercício da pesca.
Art. 12. Para obtenção da Permissão Prévia de Pesca deverão ser informadas pelo interessado as
características básicas da embarcação pesqueira a construir, importar, adquirir, ou converter apresentando os
seguintes documentos:
I – formulário de requerimento de Permissão Prévia de Pesca devidamente preenchido e assinado pelo
interessado ou seu representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;
II - quando pessoa física, cópia de documento de identidade ou qualificação pessoal;
III - quando pessoa jurídica, cópia de documento que comprove a existência jurídica da empresa;
IV – cópia de comprovante de residência ou domicílio do interessado;
V – memorial descritivo contendo as características básic as da embarcação, com identificação e assinatura
do responsável pelo projeto, quando for o caso;
VI – planta baixa ou arranjo geral do convés contendo legenda e as características básicas da embarcação,
com identificação e assinatura do responsável pelo projeto, quando for o caso; e
VII - comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente à expedição da Permissão Prévia de
Pesca, quando prevista em lei.
§ 1º A planta baixa ou arranjo geral do convés exigida no inciso VI poderá ser substituída por um “croqui”,
quando se tratar de embarcação até doze metros de comprimento.
§ 2º No caso de importação ou nacionalização de embarcação pesqueira, o interessado deverá atender,
também, as exigências dispostas em norma específica.
Art. 13. A Permissão Prévia de Pesca terá validade de dois anos, contados a partir da data de sua expedição,
para fins de inscrição da embarcação pesqueira permissionada no Registro
Geral da Pesca.
§ 1º O prazo de validade da Permissão Prévia de Pesca poderá ser prorrogado, até por igual período,
considerando-se justificativa a ser apresentada pelo interessado até trinta dias antes do final do prazo de
vigência estabelecido no caput.
§ 2º Findo o prazo de vigência e não sendo prorrogada, a Permissão Prévia de Pesca fica cancelada
automaticamente.
Art. 14. A Permissão Prévia de Pesca e a Permissão de Pesca são vinculadas à embarcação na forma
concedida e ficarão automaticamente sem efeito no caso de venda, arrendamento, transferência, alteração ou
substituição da embarcação, sem anuência da SEAP/PR, na forma disposta no art. 12.
Art. 15. É vedada uma mesma embarcação obter mais de uma Permissão de Pesca para explotação de
recursos pesqueiros com esforço de pesca limitado ou sob controle.
Art. 16. Nas áreas de ocorrência de espécies com esforço de pesca limitado, não será concedida Permissão de
Pesca para embarcação pesqueira que não seja integrante da respectiva frota controlada, cuja Permissão de
Pesca indique ou permita a utilização de métodos ou petrechos utilizados por estas frotas ou que possam
capturar tais espécies.
Parágrafo único. Ficam dispensadas desta restrição, as modalidades, métodos ou petrechos considerados
seletivos, a critério da SEAP/PR.
Subseção II
Do Registro de Embarcações Pesqueiras
Art. 17. O registro de Embarcação Pesqueira é o ato administrativo que contém os elementos inerentes à
Permissão de Pesca outorgada à embarcação, bem como os dados relativos à sua posse e propriedade, além
de suas características físicas.
Art. 18. Para obtenção do registro de Embarcação Pesqueira brasileira deverá ser apresentada pelo requerente
a seguinte documentação:
I – formulário de requerimento devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante
legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;
II – quando pessoa física, cópia do documento de identificação pessoal do interessado;
III - quando pessoa jurídica, cópia de documento que comprove a existência jurídica do interessado;
IV – comprovante de residência ou domicilio do interessado; e
V – documento que comprove a propriedade da embarcação, contendo suas características físicas básicas,
emitido ou ratificado pela instituição competente da Autoridade Marítima;
VI – original da Permissão Prévia de Pesca outorgada à embarcação ou o original do Certificado de Registro
anteriormente concedido;
VII – certidão negativa de débitos do interessado, inclusive no que se refere à embarcação, expedida pelo
IBAMA; e
VIII – comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente ao registro da Embarcação Pesqueira
prevista em lei.
Parágrafo único. No caso de Embarcação Pesqueira brasileira arrendada, o requerente, deverá apresentar,
além do previsto nos incisos de I a VIII, cópia do contrato de arrendamento, com identificação do
proprietário e do arrendatário.
Art. 19. Para obtenção do registro de Embarcação Pesqueira estrangeira, em regime de arrendamento, deverá
ser apresentada pelo requerente a seguinte documentação:
I – formulário de requerimento devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu representante
legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;
II – cópia de documento que comprove a existência jurídica do interessado;
III – comprovante do domicílio do interessado;
IV – atestado de Inscrição Temporária de Embarcação Estrangeira, emitido pela instituição competente da
Autoridade Marítima;
V – cópia da Autorização de Arrendamento emitida pela SEAP/PR;
VI – certidão negativa de débitos do arrendatário expedida pelo IBAMA; e
VII – comprovante de recolhimento do valor da taxa correspondente ao registro da embarcação e do
interessado na categoria de Indústria Pesqueira, prevista em lei.
Parágrafo único. Quando do encerramento, no Brasil, das atividades de captura, extração ou coleta de
recursos pesqueiros de uma Embarcação Pesqueira estrangeira, o seu arrendatário deverá, obrigatoriamente,
comunicar o fato ao Escritório Estadual requerendo o cancelamento do registro e da Permissão de Pesca da
respectiva embarcação, na forma estabelecida no art. 33.
Seção VI
Do Registro de Indústria Pesqueira
Art. 20. Para obtenção do registro de Indústria Pesqueira deverá ser apresentada pelo requerente a seguinte
documentação:
I - formulário de requerimento de registro devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou seu
representante legal, conforme modelo adotado pela SEAP/PR;
II - cópia de documento que comprove a existência jurídica do interessado;
III – cópia de comprovante do domicílio do interessado;
CAPÍTULO III
DO DEFERIMENTO E EFETIVAÇÃO DAS PERMISSÕES E REGISTROS
Art. 24. O deferimento dos pedidos de Permissão Prévia de Pesca, Permissão de Pesca e Registros e a
conseqüente inscrição no RGP serão precedidas de avaliação e análise técnica pelos setores competentes da
SEAP/PR, com base em critérios técnicos e científicos disponíveis na bibliografia existente e em
conformidade com legislação especifica.
§ 1º Os requerimentos de Permissão Prévia de Pesca, Permissão de Pesca e Registros de embarcações
pesqueiras integrantes de frotas com esforço de pesca sob controle deverão ser encaminhados pelos
respectivos Escritórios Estaduais à Diretoria de Ordenamento, Controle e Estatística da Aqüicultura e Pesca -
DICAP, da SEAP/PR, para apreciação quanto a sua viabilidade, devolvendo-os à origem para emissão da
permissão de pesca requerida e respectivo certificado de registro ou, se for o caso, arquivamento do processo.
§ 2º Aplica-se, também, o disposto no § 1º, quando se tratar de Permissão de Pesca ou Registro de
embarcações pesqueiras com comprimento total superior a dezesseis metros, independentemente da
modalidade de pesca ou espécie a capturar.
§ 3º Ficam dispensados de remessa à DICAP, os pedidos que tratem de renovação ou alteração de registro, se
mantida a Permissão de Pesca originalmente concedida.
§ 4º A SEAP/PR, conforme procedimento administrativo da unidade competente, fará publicar no Diário
Oficial da União a relação das embarcações pesqueiras inscritas, pelos Escritórios Estaduais, no Registro
Geral da Pesca.
Art. 25. A efetivação da Permissão Prévia de Pesca e do Registro das categorias mencionadas no art. 3º se
dará com a emissão pelo respectivo Escritório Estadual da SEAP/PR, do Certificado de Permissão Prévia, do
Certificado de Registro, ou das Carteiras de Pescador Profissional e de Aprendiz de Pesca, conforme modelos
adotados por esta Secretaria.
Parágrafo único. Os certificados de que trata o caput serão numerados seqüencialmente, conforme
procedimentos do sistema de processamento de dados adotado pela SEAP/PR.
Art. 26. O proprietário ou arrendatário da embarcação pesqueira deverá indicar, de forma visível, no casco de
sua embarcação o respectivo número de inscrição no RGP, respeitados os critérios ou padrões dispostos na
legislação da Autoridade Marítima, ou norma especifica complementar.
Art. 27. As Carteiras, de Pescador Profissional e Aprendiz de Pesca, e os Certificados de Registro das
categorias especificadas nos incisos III a VII do art. 3º servirão de instrumento comprobatório da autorização,
permissão ou registro para o exercício da atividade pesqueira neles especificados.
CAPÍTULO IV
DA REVALIDAÇÃO E DA RENOVAÇÃO
Art. 28. A Carteira de Pescador Profissional e a Carteira de Aprendiz de Pesca deverão ser revalidadas a cada
dois anos, com apostilamento no verso por meio da expressão “Visto Bienal” do Escritório Estadual da
SEAP/PR, conforme modelo adotado por esta Secretaria, condicionado à comprovação de pagamento de
taxa, quando prevista em lei.
§ 1º Quando se tratar de registro inicial na categoria de Pescador Profissional, a primeira revalidação deverá
ser efetivada ao final do período de um ano, contado a partir da data de expedição da respectiva Carteira, com
apostilamento no verso da Carteira por meio da expressão “Visto Anual”.
§ 2º Após o vencimento da segunda revalidação, por meio do respectivo “Visto Bienal” mencionado no
caput, a Carteira de Pescador Profissional perderá sua validade e terá que ser devidamente substituída,
mediante comprovação do pagamento de taxa correspondente à sua expedição, quando prevista em lei.
Art. 29. Os Certificados de Registro das categorias dispostas nos incisos III a VII do art. 3º deverão ser
renovados anualmente, mediante apostilamento no verso do respectivo Certificado, por meio de “Visto
Anual” do Escritório Estadual da SEAP/PR responsável pela emissão, conforme modelo adotado por esta
Secretaria, condicionado à comprovação de pagamento da devida taxa anual de registro, prevista em lei.
Parágrafo único. A renovação do Certificado de Registro de Embarcação Pesqueira estrangeira, com
respectivo “Visto Anual”, fica condicionada a apresentação pelo requerente da cópia de Autorização de
Arrendamento ou de sua Prorrogação.
Art. 30. A revalidação ou renovação dos Certificados de Registros e das Carteiras de Pescador Profissional
ou Aprendiz de Pesca, bem como de emissão de novo Certificado de Registro ou de Certificado de Permissão
Prévia de Pesca, concedidos nos termos desta Instrução Normativa, devem ser requeridas até trinta dias antes
da data de seu vencimento, mediante apresentação do requerimento e comprovação do pagamento prévio de
quaisquer débitos porventura existentes com a SEAP/PR.
Art. 31. Na revalidação da Carteira de Pescador Profissional e na renovação do Certificado de Registro de
Armador de Pesca, deverão ser observadas, ainda, as seguintes condições:
I – se Pescador Profissional na Pesca Artesanal:
a) apresentação de “Relatório de Desempenho Anual de Atividade”, conforme modelo adotado pela
SEAP/PR;
b) comprovação de inscrição na Previdência Social como segurado especial ou autônomo ou comprovação da
aposentadoria nessas categorias;
c) quando filiado: declaração da entidade representativa da categoria, cadastrada ou registrada no órgão
competente, atestando que o pescador profissional faz da pesca sua profissão ou meio principal de vida;
d) quando não filiado: o “Atesto” de dois pescadores já inscritos no RGP da SEAP/PR.;
e) cópia do documento de inscrição no PIS/PASEP; e
f) quando pescador profissional embarcado, apresentar cópia do Certificado de Registro da embarcação
utilizada na pesca, se de sua propriedade, ou declaração do proprietário de que faz uso da embarcação de
pesca, se esta for de terceiros.
II – se Pescador Profissional na Pesca Industrial:
a) apresentação de cópia da Carteira de Trabalho da Previdência Social - CTPS, especificamente das folhas
onde comprova o vínculo emp regatício como Pescador Profissional ou o respectivo contrato de trabalho;
b) comprovação de inscrição na Previdência Social; e
c) cópia do documento de inscrição no PIS/PASEP.
III – se Armador de Pesca:
a) apresentação da relação nominal das embarcações pesqueiras que possui ou que estejam sob sua
responsabilidade; e
b) apresentação do “Mapa Anual de Produção Pesqueira”, para cada embarcação, conforme modelo adotado
pela SEAP/PR.
Art. 32. No caso de perda ou extravio do Certificado de Permissão Prévia, do Certificado de Registro, das
Carteiras de Pescador Profissional ou de Aprendiz de Pesca, poderá ser emitida a segunda via do respectivo
documento, pelo Escritório Estadual da SEAP/PR, mediante solicitação e justificativa do interessado, bem
como pagamento da respectiva taxa de emissão, quando prevista em lei, mantido o prazo de validade
original.
CAPÍTULO V
DAS ALTERAÇÕES E DO CANCELAMENTO
Art. 33. Qualquer modificação ou alteração das condições ou dados constantes das Permissões de Pesca, bem
como do Registro concedido, deverá ser comunicada pelo interessado, no prazo máximo de sessenta dias
contados após sua ocorrência, ao Escritório Estadual da SEAP/PR, na Unidade da Federação que o emitiu,
por meio de requerimento instruído com a respectiva documentação comprobatória, para fins de atualização
do registro originalmente concedido, inclusive quando se tratar de pedido de cancelamento.
Parágrafo único. O requerimento decorrente de incorporação de nova unidade de aqüicultura deverá ser
encaminhado ao Escritório Estadual da SEAP/PR, na Unidade da Federação onde se localiza o
empreendimento, para fins de averiguação, atualização do registro originalmente concedido ou emissão de
novo Certificado de Registro.
Art. 34. Os registros, carteiras e permissões de que trata esta Instrução Normativa deverão ser cancelados nos
seguintes casos:
I - a pedido do interessado;
II – quando não comprovado o exercício da atividade de pesca como profissão ou meio principal de vida, no
caso da Carteira de Pescador Profissional;
III – de ofício, quando infringir qualquer dispositivo constante da presente Instrução Normativa; e
IV - a pedido do órgão fiscalizador competente.
§ 1º A efetivação do cancelamento se dará por ato administrativo, do Escritório Estadual da SEAP/PR que
emitiu o respectivo registro, a ser formalizado junto ao interessado.
§ 2º Todas as formas de cancelamento constantes neste artigo implicarão, conforme o caso, na devolução à
SEAP/PR do Certificado de Registro, Certificado de Permissão Prévia ou Carteira de Pescador Profissional
ou de Aprendiz de Pesca, sem prejuízo das penas previstas em lei.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 35. Os Escritórios Estaduais da SEAP/PR poderão averiguar, a qualquer tempo, as informações
constantes do respectivo registro, mediante:
I - solicitação de documentação complementar; e
II – realização de vistorias ou auditorias técnicas.
Parágrafo único. A solicitação de documentação complementar prevista no inciso I fica condicionada a
aprovação prévia da DICAP, da SEAP/PR.
Art. 36. Os Certificados de Registros e as Carteiras de Pescador Profissional e de Aprendiz de Pesca,
emitidos pelos órgãos anteriormente responsáveis pelo RGP, deverão ser substituídos, por solicitação do
interessado, no prazo máximo de um ano, contado a partir da data de publicação desta Instrução Normativa,
ficando isentos do pagamento de taxas de expedição ou registro, quando estiverem dentro do prazo de
validade.
Art. 37. As cópias dos documentos exigidos na presente Instrução Normativa terão que ser autenticadas,
podendo ser realizadas pelos servidores dos respectivos Escritórios Estaduais da SEAP/PR mediante
apresentação dos originais, na forma prevista em legislação.
Art. 38. Caberá a Subsecretaria de Desenvolvimento da Aqüicultura e Pesca da SEAP/PR o estabelecimento
de procedimentos administrativos complementares relativos às concessões de permissões e registros de que
trata esta Instrução Normativa, bem como decidir sobre os casos considerados omissos.
Art. 39. Aos infratores das normas disciplinadas pela presente Instrução Normativa
serão aplicadas, conforme a categoria, as penalidades previstas na Lei n. º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,
na Lei n. º 7.679, de 23 de novembro de 1988, no Decreto-Lei n. º 221, de 28 de fevereiro de 1967 e no art.18
do Decreto nº 4.810, de 19 de agosto de 2003 e em legislação complementar.
Art. 40. Ficam revogadas a Instrução Normativa nº 2, de 9 de fevereiro de 1999, a Instrução Normativa nº 14,
de 29 de outubro de 1999, a Instrução Normativa nº 5, de 18 de janeiro de 2001, e a Instrução Normativa nº
33, de 27 de março de 2002, todas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Art. 41. Esta Instrução Normativa entra em vigor após decorridos quarenta e cinco dias de sua publicação
oficial.
JOSE FRITSCH
ANEXO 2
II - lagos, rios e quaisquer correntes de águas em terrenos de domínio da União, ou que banhem mais de uma
Unidade da Federação, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham; e
III - depósitos decorrentes de obras da União, açudes, reservatórios e canais, inclusive aqueles sob
administração do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS ou da Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF e de companhias hidroelétricas.
Art. 4o A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República delimitará a localização dos
parques aqüícolas e áreas de preferência com prévia anuência do Ministério do Meio Ambiente, da
Autoridade Marítima, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e da ANA, no âmbito de suas
respectivas competências.
§ 1o A falta de definição e delimitação de parques e áreas aqüícolas não constituirá motivo para o
indeferimento liminar do pedido de autorização de uso de águas públicas da União.
§ 2o A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca solicitará reserva de disponibilidade hídrica à ANA para
cessão de espaços físicos em corpos d’água de domínio da União, que analisará o pleito e emitirá a respectiva
outorga preventiva.
§ 3o A outorga preventiva de que trata o § 2o será convertida automaticamente pela ANA em outorga de
direito de uso de recursos hídricos ao interessado que receber o deferimento da Secretaria Especial de
Aqüicultura e Pesca para emissão da cessão de espaços físicos para a implantação de parques, áreas aqüícolas
e de preferência.
Art. 5o A autorização de uso referida neste Decreto nos espaços físicos decorrentes de áreas de preferência ou
de fronteira, inclusive em áreas e parques aqüícolas já delimitados, será concedida a pessoas físicas ou
jurídicas, observado o seguinte:
I - nas faixas ou áreas de preferência, a prioridade será atribuída a integrantes de populações tradicionais,
atendidas por programas de inclusão social, com base em critérios estabelecidos em ato normativo de que
trata o art. l9 deste Decreto;
II - na faixa de fronteira, a autorização de uso será concedida de acordo com o disposto na legislação vigente.
Art. 6o A União poderá conceder às instituições nacionais, com comprovado reconhecimento científico ou
técnico, a autorização de uso de espaços físicos de corpos d’água, de seu domínio, para a realização de
pesquisa e unidade demonstrativa em aqüicultura .
Parágrafo único. Os critérios e procedimentos para a autorização de uso de que trata o caput serão
estabelecidos em conformidade com o art. 19 deste Decreto.
Art. 7o A edificação de instalações complementares ou adicionais sobre o meio aquático ou na área terrestre
contígua sob domínio da União, assim como a permanência no local, de quaisquer equipamentos, desde que
estritamente indispensáveis, só será permitida quando previamente caracterizadas no memorial descritivo do
projeto e devidamente autorizada pelos órgãos competentes.
Art. 8o Na exploração da aqüicultura em águas continentais e marinhas, será permitida a utilização de
espécies autóctones ou de espécies alóctones e exóticas que já estejam comprovadamente estabelecidas no
ambiente aquático, onde se localizará o empreendimento, conforme previsto em ato normativo específico do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.
Parágrafo único. Para introdução de novas espécies ou translocação, será observada a legislação pertinente.
Art. 9o A aqüicultura em unidade de conservação ou em seu entorno obedecerá aos critérios, métodos e
manejo adequados para garantir a preservação do ecossistema ou seu uso sustentável, na forma da legislação
em vigor.
Art. 10. O uso de formas jovens na aqüicultura somente será permitido:
I - quando advierem de laboratórios registrados junto à Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca;
II - quando extraídas em ambiente natural e autorizados na forma estabelecida na legislação pertinente;
III - quando obtidas por meio de fixação natural em coletores artificiais, na forma estabelecida na legislação
pertinente.
§ 1o A hipótese prevista no inciso II somente será permitida quando se tratar de moluscos bivalves e algas
macrófitas.
§ 2o A hipótese prevista no inciso III somente será permitida quando se tratar de moluscos bivalves.
§ 3o O aqüicultor é responsável pela comprovação da origem das formas jovens introduzidas nos cultivos.
Art. 11. O cultivo de moluscos bivalves nas áreas, cujos usos forem autorizados, deverá observar, ainda, a
legislação de controle sanitário vigente.
Art. 12. A sinalização náutica, que obedecerá aos parâmetros estabelecidos pela Autoridade Marítima, será de
inteira responsabilidade do outorgado, incumbindo-lhe a implantação, manutenção e retirada dos
equipamentos.
Art. 13. A autorização de uso de áreas aqüícolas de que trata este Decreto será efetivada no âmbito do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, após aprovação final do projeto técnico pela Secretaria
Especial de Aqüicultura e Pesca.
Parágrafo único. O pedido de autorização, instruído na forma disposta em norma específica, será analisado
pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, pela Autoridade Marítima, pelo IBAMA, pela ANA e pela
Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão.
Art. 14. Verificada a existência de competição entre empresas do setor, a autorização de uso será onerosa e
seus custos deverão ser fixados mediante a instauração de processo público seletivo.
§ 1o Os critérios de julgamento do processo seletivo público, referido no caput deste artigo, deverão
considerar parâmetros objetivos que levem ao alcance das finalidades previstas nos incisos I a IV do art. 1o
deste Decreto.
§ 2o Para fins de classificação no processo seletivo público, a administração declarará vencedora a empresa
que oferecer maiores indicadores dos seguintes resultados socais, dentre outros:
I - empreendimento viável e sustentável ao longo dos anos;
II - incremento da produção pesqueira;
III - criação de novos empregos; e
IV - ações sociais direcionadas a ampliação da oferta de alimentação.
Art. 15. O instrumento de autorização de uso de que trata este Decreto deverá prever, no mínimo, os
seguintes prazos:
I - seis meses para conclusão de todo o sistema de sinalização náutica prevista para a área cedida, bem como
para o início de implantação do respectivo projeto;
II - três anos para a conclusão da implantação do empreendimento projetado; e
III - até vinte anos para o uso do bem objeto da autorização, podendo ser prorrogada a critério da Secretaria
Especial de Aqüicultura e Pesca.
Parágrafo único. Os prazos serão fixados pelo poder público outorgante, em função da natureza e do porte do
empreendimento.
Art. 16. O uso indevido dos espaços físicos de que trata este Decreto ensejará o cancelamento da autorização
de uso, sem direito a indenização.
Art. 17. O outorgado de espaço físico de que trata este Decreto, inclusive de reservatórios de companhias
hidroelétricas, garantirá o livre acesso de representantes ou mandatários dos órgãos públicos, bem como de
empresas e entidades administradoras dos respectivos açudes, reservatórios e canais às áreas cedidas, para
fins de fiscalização, avaliação e pesquisa.
Art. 18. Os proprietários de empreendimentos aqüícolas atualmente instalados em espaços físicos de corpos
d’água da União, sem o devido termo de outorga, deverão requerer sua regularização no prazo de seis meses,
contado da data de publicação deste Decreto.
Art. 19. A Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, a ANA, o IBAMA e a Autoridade Marítima, de forma articulada ou em
conjunto, no âmbito de suas competências, editarão as normas complementares no prazo de noventa dias,
contado da publicação deste Decreto.
Art. 20. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 21. Fica revogado o Decreto nº 2.869, de 09 de dezembro de 1998
Brasília, 25 de novembro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
José Dirceu de Oliveira e Silva
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 26.11.2003
ANEXO 3
CAPÍTULO I
Das Disposições Preliminares
Art. 1o A autorização de uso do espaço físico em corpos d'água de domínio da União para fins de
aqüicultura, de que trata o Decreto no 4.895, de 2003, é intransferível, não sendo permitido ao titular o
parcelamento ou o arrendamento da referida área.
Art. 2o Os interessados na prática da aqüicultura em corpos d'água de domínio da União,
relacionados no art. 3o do Decreto no 4.895, de 2003, deverão encaminhar, por intermédio do Escritório
Estadual na Unidade da Federação onde estiver localizado o projeto, quatro vias do requerimento para a
autorização de uso dos espaços físicos à Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca - SEAP/PR, bem como
do projeto especifico elaborado por profissionais cadastrados no Cadastro Técnico Federal do IBAMA, de
acordo com a atividade a ser desenvolvida, na forma dos Anexos a esta Instrução Normativa.
§1o Cada pedido de uso de espaço físico deverá contemplar apenas uma área aqüícola.
§2o Caberá ao Escritório Estadual da SEAP/PR conferir, no ato do protocolo dos pedidos de uso
dos espaços físicos, as informações e documentos solicitados nesta Instrução Normativa, requisitar os que
faltarem e emitir o Registro do Aqüicultor após a aprovação final do projeto.
§3o A interlocução entre o empreendedor e os órgãos envolvidos nesta Instrução Normativa será
realizada por intermédio da SEAP/PR.
§4o Caberá ao interessado o pagamento de todas as despesas decorrentes do processo de aprovação
do projeto, bem como o fornecimento de informações adicionais que eventualmente sejam necessárias às
análises desenvolvidas pelos órgãos citados nesta Instrução Normativa.
CAPÍTULO II
Dos Parques Aqüícolas e Faixas ou Áreas de Preferência
Art. 3o A SEAP/PR promoverá a delimitação dos parques aqüícolas e faixas ou áreas de
preferência, de que tratam o art. 2o, incisos III e IV, e o art. 5o, inciso I, do Decreto no 4.895, de 2003,
utilizando as informações técnicas disponíveis nas instituições envolvidas.
§1o A delimitação dos parques aqüícolas e faixas ou áreas de preferência citados no caput
dependerá da outorga preventiva a ser emitida pela ANA, no âmbito de sua competência, do licenciamento
ambiental, da manifestação da Autoridade Marítima, da anuência da Secretaria do Patrimônio da União do
Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão – SPU/MP e do cumprimento das exigências para a
apresentação de projeto, constantes dos Anexos I, II e V a esta Instrução Normativa.
§2o Quando solicitadas para programas de inclusão social ou de segurança alimentar de órgãos da
Administração Pública ou de entidades sem fins lucrativos que tenham como objetivo ações de assistência
social a populações tradicionais, as faixas ou áreas de preferência deverão ter área suficiente para atender ao
número de pessoas que forem objeto da solicitação.
§3o Caberá à SEAP/PR, ou à entidade por ela delegada, delimitar as áreas aqüícolas, suas
subdivisões e espaços intermediários dentro dos parques aqüícolas.
§4o A administração dos parques aqüícolas e das faixas ou áreas de preferência será de
responsabilidade da SEAP/PR ou de entidade por ela delegada, devendo contemplar o monitoramento e o
controle ambiental, obedecendo aos critérios definidos na outorga de direito de uso de recursos hídricos
emitida pela ANA, quando couber, no licenciamento ambiental e na autorização de uso dos espaços físicos
em águas de domínio da União, emitida pela SPU/MP.
CAPÍTULO III
Das Áreas Aqüícolas
Art. 4o Para a instalação dos projetos em áreas aqüícolas, previstas no art. 2 o, inciso II, do Decreto
4.895, de 2003, fora dos parques aqüícolas, deverão ser cumpridas as exigências para a apresentação do
projeto, constantes dos Anexos I e II a esta Instrução Normativa.
§1o Verificada a adequação técnica do projeto, a SEAP/PR o submeterá à ANA, quando couber,
ao IBAMA e à Autoridade Marítima com jurisdição sobre a área onde se pretende instalar o empreendimento,
para análise e manifestação conclusiva.
§2o Caberá à ANA, quando solicitada pela SEAP/PR, emitir outorga preventiva para fins de
reserva de disponibilidade hídrica que possibilite aos investidores o planejamento do uso requerido, conforme
previsão do art. 6o da Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000.
§3o A outorga preventiva será automaticamente convertida pela ANA em outorga de direito de uso
de recursos hídricos após a aprovação do projeto pela SEAP/PR.
§4o Caberá ao IBAMA, ou entidade por ele delegada, analisar o projeto no âmbito de sua
competência e emitir as devidas licenças ambientais, observando a Instrução Normativa Interministerial no
08, de 26 de novembro de 2003, e demais instrumentos legais vigentes, estabelecendo em ato normativo
próprio a delegação de competência e observando:
I - nos procedimentos de licenciamento ambiental, em função do potencial de impacto ambiental
do empreendimento, poderá ser solicitado estudo ambiental complementar, com maior nível de
detalhamento contendo as informações do Anexo VI a esta Instrução Normativa, bem assim outras que
julgar pertinentes; e
II - que as licenças ambientais poderão ser emitidas isoladas ou sucessivamente.
§5o Caberá à Capitania dos Portos encaminhar à SEAP/PR o parecer conclusivo emitido pelo
representante da Autoridade Marítima para a segurança do tráfego aquaviário, conforme a Norma da
Autoridade Marítima que trata dos procedimentos para a realização de obras sob, sobre e às margens das
águas sob jurisdição brasileira.
CAPÍTULO IV
Das Unidades de Pesquisa
Art. 5o Para efeito desta Instrução Normativa, entende-se por Unidades de Pesquisa aquelas
destinadas ao desenvolvimento, à pesquisa, à avaliação e à adequação tecnológica voltadas para as atividades
aqüícolas.
§1o A autorização de uso de espaços físicos em corpos d’água de domínio da União para
implantação de Unidades de Pesquisa será aprovada pela SEAP/PR, em conjunto com o IBAMA, para
CAPÍTULO V
Das Unidades Demonstrativas
Art. 6o Para efeito desta Instrução Normativa entende-se por Unidade Demonstrativa a estrutura de
cultivo destinada ao treinamento, capacitação e transferência de tecnologias em aqüicultura.
§1o A implantação de Unidades Demonstrativas será aprovada pela SEAP/PR, quando não por ela
executada, para instituições nacionais com comprovado reconhecimento científico ou técnico, por intermédio
de procedimento administrativo que contemple as questões técnicas e ambientais na forma dos Anexos I, II e
IV a esta Instrução Normativa, observada a respectiva outorga da ANA, quando couber, e a anuência da
Autoridade Marítima e da SPU/MP.
§2o A instituição autorizada deverá encaminhar relatórios semestrais de avaliação e o relatório
final à SEAP/PR, detalhando o cumprimento das metas estabelecidas no projeto técnico.
§3o É obrigatória a retirada, no prazo de trinta dias, de todos os materiais e equipamentos ao
término da demonstração, bem como dos estoques de organismos sob cultivo.
§4o O produto auferido da Unidade Demonstrativa deverá ser doado e destinado a instituições
sociais ou a programa de segurança alimentar.
§5o A implantação de unidade demonstrativa de aqüicultura obedecerá a critérios técnicos de
dimensionamento máximo de área estabelecidos em ato normativo da SEAP/PR com a anuência das demais
instituições envolvidas.
§6o Observados os procedimentos previstos nesta Instrução Normativa, a SEAP/PR poderá
instalar, de forma direta, Unidades Demonstrativas.
§7o O prazo máximo de autorização de uso de espaços físicos de corpos d'água de domínio da
União para a implantação de Unidade Demonstrativa em aqüicultura é de até três anos.
CAPÍTULO VI
Da Competição Onerosa
Art. 7o Verificada a existência de competição entre os interessados, a autorização de uso será
onerosa e seus custos deverão ser fixados mediante a abertura de processo seletivo público.
§1o Os critérios de julgamento do processo seletivo público, deverão considerar parâmetros
objetivos que levem ao alcance das finalidades previstas nos incisos I a IV do art. 1o, do Decreto no 4.895, de
2003.
§2o Para fins de classificação no processo seletivo público, a administração declarará vencedor o
empreendedor que oferecer maiores indicadores dos seguintes resultados sociais, dentre outros:
I - empreendimento viável e sustentável ao longo dos anos;
CAPÍTULO VII
Das Autorizações de Uso dos Espaços Físicos
em Corpos D'água de Domínio da União
Art. 8o Os pedidos de autorização de uso de espaços físicos em corpos d’água de domínio da
União serão instruídos e analisados na forma prevista no art. 13, parágrafo único, do Decreto n o 4.895, de
2003.
§1o Após a aprovação do projeto técnico pela SEAP/PR, esta o encaminhará à SPU/MP para a
autorização de uso do espaço físico em corpo d’água de domínio da União.
§2o Para autorização de uso do espaço físico em corpo d’água de domínio da União, a SPU/MP
deverá observar os prazos previstos no art. 15 do Decreto no 4.895, de 2003.
§3o O projeto técnico não aprovado será restituído pela SEAP/PR ao proponente por meio de
expediente contendo a devida justificativa.
Art. 9o Expedido o ato de autorização de uso pela SPU/MP, a SEAP/PR informará a decisão ao
interessado por intermédio do Escritório no Estado onde está prevista a implantação do projeto e por meio do
seu endereço eletrônico.
Parágrafo único. Caberá à SEAP/PR informar às instituições governamentais envolvidas no
processo de autorização de uso de áreas aqüícolas os atos autorizativos ou denegatórios para que cada
instituição possa tomar as providências de sua alçada.
CAPÍTULO VIII
Da Renovação da Autorização de Uso
Art. 10. O autorizado poderá requerer a renovação da autorização de uso, conforme o disposto no
art. 15, inciso III, do Decreto no 4.895, de 2003, desde que a solicitação seja protocolada nos escritórios
estaduais da SEAP/PR, com antecedência de um ano do término da autorização em vigor.
§1o Renovada a autorização de uso, com a devida anuência das demais entidades envolvidas, terá
prazo de validade estabelecido pelo poder público outorgante.
§2o A partir da segunda renovação, a autorização de uso do espaço físico estará sujeita a processo
seletivo público.
Art. 11. É vedada a renovação das autorizações de uso das Unidades de Pesquisa e das Unidades
Demonstrativas de que tratam os Capítulos IV e V desta Instrução Normativa.
CAPÍTULO IX
Da Desistência
Art. 12. Em caso de desistência, o autorizado deverá informar esta decisão, por escrito, no prazo
de trinta dias, à SEAP/PR, que comunicará o fato às demais entidades ou órgãos envolvidos no processo de
autorização.
Parágrafo único. Todos os equipamentos de aqüicultura e organismos que estiverem sob cultivo,
além de quaisquer resíduos resultantes do uso do espaço físico em corpos d’água, deverão ser retirados pelo
autorizado no prazo de trinta dias, contado a partir da data da comunicação à SEAP/PR.
CAPÍTULO X
Do Falecimento do Autorizado
Art. 13. Em caso de falecimento do autorizado e havendo interesse de continuidade da atividade
pelo ascendente, descendente, cônjuge ou convivente, este deverá requerer nova autorização para a
manutenção do projeto para o período remanescente da autorização.
§1o O requerente da nova autorização deverá apresentá-la à SEAP/PR no prazo máximo de
sessenta dias, contados a partir da data do falecimento do autorizado.
§2o Expirado o prazo estabelecido no §1o, a área poderá ser requerida na forma estabelecida nesta
Instrução Normativa.
CAPÍTULO XI
Das Infrações e Penalidades
Art. 14. Verificado o descumprimento, a qualquer tempo, de um ou mais requisitos que levaram à
aprovação final do projeto técnico, as instituições governamentais relacionadas nesta Instrução Normativa
deverão adotar os procedimentos administrativos e de fiscalização cabíveis, bem como comunicar à
SEAP/PR eventuais irregularidades no uso do espaço físico em corpos d’água de domínio da União, para fins
de cumprimento do estabelecido no projeto aprovado.
Art. 15. Por infração de qualquer disposição legal ou regulamentar, ou pelo não atendimento das
solicitações feitas, o infrator, a critério da autoridade competente, ficará sujeito às penalidades cabíveis e a
SEAP/PR solicitará à SPU/MP o cancelamento da autorização de uso sem aviso prévio ao autorizado, ficando
este impedido de obter novas autorizações.
§1o Recebida a comunicação de que trata o art. 14, a SEAP/PR adotará seqüencialmente os
seguintes procedimentos administrativos:
I - notificação ao autorizado para que cumpra o estabelecido no prazo de quinze dias, contado a
partir da data de recebimento da notificação;
II - solicitação à SPU/MP para cancelamento da autorização de uso do espaço físico em caso de
persistência da infração; e
III - comunicação ao autorizado e às demais entidades relacionadas nesta Instrução Normativa,
informando sobre o efetivo cancelamento da autorização de uso pela SPU/MP.
§2o Em caso de cancelamento da autorização, todos os equipamentos de aqüicultura e organismos
que estiverem sob cultivo, além de quaisquer resíduos resultantes do uso do espaço físico autorizado, deverão
ser retirados pelo proprietário no prazo de trinta dias, contado a partir do recebimento da notificação de
cancelamento da autorização.
§3o O descumprimento do estabelecido no parágrafo anterior implicará, sem aviso prévio, após a
quantificação e cadastramento, na remoção dos materiais e equipamentos, pelo órgão competente de acordo
com a natureza da infração, bem como dos estoques de organismos sob cultivo, dando a estes o destino
estabelecido na legislação pertinente.
§4o Todos os custos decorrentes das operações descritas no §3o serão cobrados, administrativa ou
judicialmente, do infrator.
§5o Em caso de reincidência, a qualquer tempo, em faltas da mesma natureza, no descumprimento
de um ou mais requisitos que levaram à aprovação final do projeto técnico, a SEAP/PR solicitara à SPU/MP
o cancelamento da autorização de uso, sem aviso prévio ao autorizado, ficando o mesmo impedido de obter
novas autorizações.
§6o As providências descritas no parágrafo primeiro não impedem a aplicação das sanções cíveis,
administrativas e penais previstas em lei.
CAPÍTULO XII
Do Sistema de Informação das Autorizações de
Uso das Águas de Domínio da União – SINAU
Art. 16. Fica instituído o Sistema de Informação das Autorizações de Uso das Águas de Domínio
da União para fins de Aqüicultura - SINAU, vinculado à SEAP/PR, com as seguintes finalidades:
I - cadastrar e controlar os projetos aqüícolas;
II - referenciar geograficamente as faixas ou áreas de preferência, os parques e áreas aqüícolas e as
unidades demonstrativas e de pesquisa;
III - criar e manter o banco de dados das autorizações de uso; e
IV - subsidiar o ordenamento das atividades aqüícolas em águas de domínio da União.
CAPÍTULO XIII
Das Disposições Finais
Art. 17. Ao final do prazo estabelecido no ato autorizativo, o proprietário deverá retirar, no prazo
de trinta dias, todos os equipamentos de aqüicultura e organismos que estiverem sob cultivo, além de
quaisquer resíduos resultantes do uso do espaço físico em corpos d’água da União.
Art. 18. A ocupação de espaços físicos em corpos d’água de domínio da União sem autorização, e
sem a observância do disposto nesta Instrução Normativa e no Decreto no 4.895, de 2003, sujeitará o infrator
às cominações legais previstas para os casos de esbulho de áreas públicas de uso comum e às sansões penais.
Art. 19. A autorização de uso de espaços físicos de corpos d'água de domínio da União não exime
o autorizado do cumprimento da legislação em vigor.
Art. 20. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 21. Fica revogada a Instrução Normativa Interministerial no 9, de 11 de abril de 2001.
JOSÉ FRITSCH
MARINA SILVA
GUIDO MANTEGA
ROBERTO DE GUIMARÃES CARVALHO
JERSON KELMAN
MARCUS LUIZ BARROSO BARROS
Resumo
Neste estudo se analisa conceitualmente a questão do uso da água pela aqüicultura com
base na assunção de modelos de gestão ambiental voltados a essa atividade e no
arcabouço legal vigente. São analisadas especificamente algumas estratégias e
instrumentos relativos à política de uso e consumo da água, técnicas de manejo,
instrumentos de gestão e legislação. Verifica-se a existência de divergências semânticas
e técnicas, internas e externas ao setor produtivo, que indicam uma distensão sobre a
questão da consuntividade da aqüicultura. Conseqüentemente, a codificação de
regulamentos voltados ao uso da água, que já tem sido ampliado em seu repertório legal
e temático, também deve contemplar características pluridimensionais e participativas,
objetivando a aplicação eficaz da norma jurídica e a utilização racional e cuidadosa
desse recurso, prevendo concomitantemente sua manutenção quantitativa, qualitativa e
ecologicamente funcional.
Palavras-chave: aquicultura; água; recurso hídrico; gestão ambiental.
Abstract
This study analyzes conceptualy the question of water use by aquaculture based on the
assumption of environmental management models directed to this activity and to the in
force legal structure. Specifically, some strategies and tools referring to the policy of
use and consumption of water, handling techniques, paticipative management and
legislation aiming the maintenance the quality and quantity of water available to the
society are analysed.The existence of semantic and technical divergences, inner and
outer to the productive sector, that indicate strain about the subject of aquaculture
consumptivity, is verified. Consequently, the codification of rules focusing the water
use, that has been enlarged in its legal and thematic repertoire, also must to comprise
pluridimiensional and participative characteritics aiming the optimization of the legal
enforcement and the rational and carefull use of this resource, including its quality,
quantity and functional maintenance.
Quadro 1 - Água requerida por sistemas de produção aqüícola e sistemas de produção industrial e
agropecuária com os respectivos valores de produto e de água (PHILLIPS; BEVERIDGE & CLARK, 1991).
Água requerida Valor nominal do Valor da água
3 3 3
Produto (m /TM e m /m ) produto (US $) (US $/ m3)
Álcool 125-170 2.000/m3 12-16
Papel 9-450 300/TM 0,7-33
Petróleo 21,6-810 500/m3 0,6-23
Aço 8-250 200/TM 0,8-25
Algodão 90-450 1.000/ TM 2,2-11
Criação de gado 42 2.000/TM 48
Criação de porco 54 2.000/TM 37
Aqüicultura
Tanques de camarão 11.000-55.000 6.000-12.000/TM 0,1-1,1
Salmonídeos 252.000 1.650-4.000/TM 0,006-0,018
Tanques de bagres / channel catfish 6.470 1.650/TM 0,25
m3: metro cúbico e TM: tonelada métrica
Metodologia
A partir das bases conceituais voltadas à gestão ambiental da água pela aqüicultura, sob
perspectivas metodológicas e marcos conceituais interdisciplinares propostos por LEFF (2000) ,
SILVA (2000) e PHILIPPI Jr. (2000), e do levantamento e coleta de dados sobre o uso da água pela
aqüicultura, na atual literatura mundial e nas normas jurídicas brasileiras da gestão do recurso água,
que possuem maior correlação com a atividade aqüícola, foram analisadas criticamente estratégias
e instrumentos de implementação institucional de gestão ambiental encontrados nas organizações
aqüícolas voltadas ao recurso água.
Resultados e Discussão
No sentido de direcionar a análise proposta, a questão prioritária diz respeito à definição do
tipo de uso e consumo da água. CHRISTOFIDIS (2002), em análise da característica de consumo
de água pela atividade aqüícola, pondera que: "A piscicultura tem sido considerada como atividade
não consuntiva. Entretanto, se introduzimos a questão da qualidade no conceito de consuntivo,
então a aquicultura pode passar a ser consuntiva, posto que o efluente não pode ser utilizado
diretamente para abastecimento (no caso de águas continentais) e pode gerar problemas
ambientais (marés vermelhas tóxicas, entre outros) no caso de águas marinhas".
De qualquer maneira, a reflexão sobre atividades antrópicas que utilizem recursos naturais
de domínio coletivo leva-nos a posturas como as apresentadas em PHILIPPI Jr. (2000): “A
necessidade de se estabelecer novos métodos para o conhecimento das questões ambientais faz
com que sejam fixadas as bases que deverão provocar mudanças e transformações nas pesquisas
científicas e tecnológicas. Na verdade, estando a natureza profundamente marcada por ações
humanas, muitas delas de caráter predatório, é imperioso encontrar meios de diminuir ou
espelho d’água, projeto escolhido ou técnicas de manejo, podem interferir em um maior consumo
real de água e podem também ser levados em conta nos modelos de outorga e cobrança pelo uso de
recursos hídricos para as atividades de aqüicultura.
mesmo tempo, não totalmente aceitas por organizações que se percebem fora de enquadramentos e
padrões determinados para a execução das exigências e cobranças. Tais instrumentos, entretanto,
devem levar em conta a quantidade e a qualidade da água, uma vez que atividades, tal como a
aqüicultura, apresentam características de uso e consumo de água diferentes daquelas apresentadas
pela agricultura irrigada, abastecimento doméstico, produção industrial, geração de energia, dentre
outras atividades.
Considerando que a cobrança pelo uso da água não deve ser vista como instrumento de
gestão isolado e capaz de resolver todas as questões relacionadas com o planejamento e gestão de
recursos hídricos, BARTH (2000) ressalta que: “não é a definição do modelo econômico-
financeiro da cobrança o maior desafio, mas sim, a aceitação de sua implementação pelas
comunidades das bacias hidrográfica”.
Práticas internacionais em cobrança pelo uso da água já existem e produzem resultados
variáveis de acordo com os objetivos declarados e o universo institucional existente nos países de
implantação desse sistema (Quadro 2).
Quadro 2 - Características principais das Experiências Internacionais em Cobrança pelo Uso da Água Bruta
(AZEVEDO; BALTAR; & FREITAS, 2000, baseado em Asad et al., 1999, e Seroa da Motta, 1998).
País Tipo de Aplicação da Renda Regulamentação e Critério de Resultados
Cobrança Gerenciamento Cobrança
França QT e QL Financiamento de Comitês/Agência de Preços públicos e Consolidação da bacia
obras de saneamento bacias padrões como a unidade principal
para as bacias ambientais de gerenciamento e
geração / distribuição de
receita
Holanda QT e QL Financiamento de Governos estadual e Preços públicos e Níveis de cobrança altos
obras de saneamento federal padrões e crescentes forçaram
nos municípios ambientais práticas de controle e
geraram elevadas receitas
Alemanha QL Financiamento de Governos estadual e Preços públicos e Isenções de cobrança
obras de saneamento federal padrões para atendimento a
nos municípios ambientais padrões mais restritivos
aumentou o controle de
poluição mas reduziu a
receita
México QL Coletada pelo Governo federal Padrões Aumento da receita,
Tesouro Nacional e ambientais porém frágil capacidade
parcialmente institucional para
adicionada ao implementação
orçamento das
agências de
gerenciamento de
água
Colômbia QT e QL Finaciamento das Governos estadual e Danos A complexidade dos
agências de federal ambientais critérios de cobrança e a
gerenciamento de frágil capacidade
água institucional dificultam a
implementação
Índia QT e QL Governos estadual e Danos Associações de usuários
_______ federal ambientais de água criadas e
enormes aumentos de
preços implementados
África do Sul QT Financiamento de Agências federais, Infra-estrutura,
gerenciamento de locais ou de bacias gerenciamento de
recursos hídricos; bacias e cobrança _________
desenvolvimento e que reflete a
uso de sistemas escassez relativa
hidráulicos; e alcance da água
de alocação
eqüitativa e eficiente
de água
EUA QT Financiamento das Agências federais, Subsídios para irrigação
agências de locais ou de bacias ________
gerenciamento de
água
QT = cobrança por quantidade; QL = cobrança por qualidade
Quadro 3 - Relação entre consumo/uso de água e porcentagem de reciclagem de água em sistemas intensivos
de produção de salmonídeos (PHILLIPS; BEVERIDGE & CLARK, 1991)
% de reciclagem de água Água requerida (m3/TM)
0 200.000
80 40.000
90 20.000
95 10.000
99 2.000
- Conclusões
Atualmente, o repertório de estratégias e ações voltadas à implementação de políticas que
visam ao uso responsável dos recursos hídricos tem aumentado, e questões globais e setoriais têm
sido melhor identificadas. TUCCI (2000) acredita que dentro da atualidade dos problemas da
sociedade, a questão dos recursos hídricos é interdisciplinar por natureza, e para a sociedade e o
ambiente “não interessam as querelas corporativistas das disciplinas e dos profissionais”, pois,
“para buscar soluções adequadas e produtivas é necessário transitar e interagir nas diferentes
disciplinas sem preconceitos e com linguagem comum, que, infelizmente, ainda é muito limitada”.
A aqüicultura é uma atividade produtiva humana que utiliza de maneira intensiva os
recursos hídricos, sendo uma competidora importante na disputa pela água disponível para a
população e para as outras atividades produtivas. Por sua característica zootécnica, parece-nos que
os controles e cobranças voltados à manutenção da qualidade da água devam ser reforçados.
Entretanto, ao contrário de outras atividades, como aquelas industriais, a aqüicultura pode
colaborar com sistemas de controle de qualidade de água, pela necessidade de monitoramento
constante deste recurso, com vistas ao sucesso de sua capacidade produtora de alimentos para os
humanos. Esta característica pode ensejar também, conforme disposições contidas na Agenda 21
(ONU, 1993), uma necessidade de certificação da qualidade da água destinada às criações
aquáticas, o que, com certeza, demandará ainda um amplo esforço institucional na discussão destes
tipos de medidas técnicas e legais.
WELLCOME (1996) explicita que os limites impostos à aqüicultura pela demanda de
recursos hídricos implicarão em uma adequação do número de empreendimentos aqüícolas por
bacias hidrográficas e/ou corpos d’água e em um aumento dos custos marginais de produção,
impostos por regras mais rígidas em relação ao controle da qualidade de água. Neste sentido e
segundo a ótica econômica de BUCHANAM (1991), seria ilegítimo qualificar uma determinada
estrutura econômica como sendo injusta, não eqüitativa ou ineficiente, sem demonstrar que um
regime alternativo pode gerar distribuições ou alocações que solucionem tais problemas.
Ontologicamente, deve ser ampliada a discussão sobre a utilização da água pela
aqüicultura, pois existem divergências semânticas e técnicas, internas e externas ao setor produtivo,
que indicam uma distensão sobre a questão “se a aqüicultura usa ou consome o recurso hídrico”, e
o que esta distinção de consuntividade implica na sua contribuição para a melhor gestão ambiental
dos recursos hídricos.
Embora muito ainda precise ser modelado, construído e submetido a testes empíricos, os
instrumentos, mecanismos de atuação e as regras formais e informais necessários à mudança
institucional dos sistemas de gestão dos recursos hídricos brasileiros deverão, sob nosso ponto de
vista, ser gerados através de processos heterológicos e participativos, jurídicos ou não, em que a
ação individual possa ser decodificada e transformada em ações coletivas que possibilitem a
aplicação eficaz de regras que diminuam custos de transação, incertezas e assimetrias,
possibilitando, assim, uma melhor transmissão de performances seletivas entre as organizações
e/ou instituições aqüícolas (e demais grupos de interesse), que favoreçam suas relações político-
econômicas, em concomitância com outros setores dependentes do aporte e apropriação comunal
de recursos hídricos.
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podem ser melhor posicionadas no seu mercado de atuação, agregando valores a seus produtos
finais e possibilitando, e. g., maior amplitude de ações de marketing institucional.
Eqüidade no tratamento dos vários usuários de recursos hídricos deve ser equacionada e
aplicada através de instrumentos de gestão como a outorga e cobrança do uso do recurso, uma vez
que características particulares de organizações inter e intra setores produtivos tendem a ser
relevadas na decisão de índices de valores de cobrança de uso de recursos, bens e serviços, e ao
mesmo tempo, tendem a não serem totalmente aceitas por organizações que se percebam fora de
enquadramentos e padrões determinados para a execução das exigências e cobranças. Tais
instrumentos, entretanto, devem levar em conta a quantidade e a qualidade da água, uma vez que
atividades como, e. g., a aqüicultura, apresentam características de uso e consumo de água
diferentes daquelas apresentadas pela agricultura irrigada, abastecimento doméstico, produção
industrial, geração de energia, dentre outras atividades.
Wellcome (1996) explicita que os limites impostos à aqüicultura pela demanda de recursos
hídricos implicará em uma adequação do número de empreendimentos aqüícolas por bacias
hidrográficas e/ou corpos de água, e em um aumento dos custos marginais de produção, impostos
por regras mais rígidas em relação ao controle da qualidade de água.
Considerando que a cobrança pelo uso da água não deve ser vista como um instrumento de
gestão isolado e capaz de resolver todas as questões relacionada com o planejamento e gestão de
recursos hídricos, Barth (2000) ressalta que: “não é a definição do modelo econômico-financeiro
da cobrança o maior desafio, mas sim, a aceitação de sua implementação pelas comunidades das
bacias hidrográfica”.
de política e gestão ambiental socialmente participativos para a gestão dos recursos hídricos
brasileiros, devem verificar a possibilidade de certificar a água recebida pela aqüicultura, uma vez
que de maneira geral, a aqüicultura apresenta características específicas de uso e consumo.
No Brasil, a regulamentação da aqüicultura carece de instituições que produzam normas
não baseadas em atos normativos regulamentadores, o que, pela característica eminentemente
estatal calcada na autoridade do poder executivo, obsta e/ou contigencia a melhor produção de
normas socialmente participativas e setorialmente aceitas para a consolidação de uma proteção do
meio ambiente através da melhor gestão do recurso hídrico pelas atividades aqüícolas.
No que diz respeito ao licenciamento ambiental da aqüicultura, Tiago (2002) evidencia que
um dos maiores problemas em relação aos licenciamentos, é o fato de que faltam instrumentos
específicos, incentivadores ou desincentivadores, que auxiliem e assegurem um desenvolvimento
sustentável da aqüicultura e promovam a proteção ambiental
Conforme estudos conceituais desenvolvidos por Tiago (2002), métodos legislativos que
contribuam com um aumento de repertório discursal ou legal e com utilização de transmissão de
performances seletivas entre atores sociais, comumente encontrados em sistemas jurídicos
semânticos, pluridimensionais heterológicos e participativos, devem ser eleitos para a melhor
adequação do conjunto de legislação voltada a regulamentação da gestão ambiental da aqüicultura,
com vistas à manutenção quantitativa, qualitativa e ecologicamente funcional dos recursos hídricos.
Assim, métodos legislativos onde os discursos tendem a ser desqualificados por uso de reputação e
de exclusão de discursos contrários ao dogma, comumente encontradas em sistemas jurídicos
sintáticos, lineares e homológicos, devem ser evitados.
Considerações Finais
Políticas, programas e instrumentos de gestão isolados, não são capazes de resolver todas as
questões relacionadas com a gestão responsável dos recursos hídricos. Muito esforço deve ainda
ser direcionado para a organização das sociedades humanas, no sentido da eqüalização de
diferenças materiais e intelectuais que permita a perspectiva da organização dos conflitos
acarretados por uso e direito de uso de recursos naturais comunais, que, com o passar do tempo,
tendem a ser agravados. Mesmo com grande esforço de todos os equipamentos sociais, nenhuma
sociedade que não seja minimamente organizada e justa, conseguirá promover a instalação de
sistemas integrados de gestão de bens coletivos (como os recursos naturais) eficazes, e que
permitam a organização e a solução de conflitos. Nosso trabalho é árduo e deve ser direcionado a
uma compreensão de todos os aspectos globais da interdisciplinar problemática ambiental, para que
consigamos gerar a substância social capaz de nos equipar para ações de gestão integradas, e
socialmente justas, dos finitos recursos naturais.
Com o aumento já observado no seu repertório legal e temático, a codificação de regulamentos
voltados ao uso da água deve apresentar características semânticas e heterológicas que indiquem
um maior esforço regulador na transmissão de performances seletivas favoráveis ao uso racional e
cuidadoso da água, prevendo concomitantemente, a manutenção quantitativa, qualitativa e
ecologicamente funcional dos recursos hídricos. Tal direcionamento, com certeza, produzirá
respostas cooperativas positivas pelas organizações dos setores produtivos brasileiros no que diz
respeito ao uso compartilhado da água, com performances seletivas favoráveis à melhor gestão dos
recursos hídricos nacionais e da produção animal.
No plano da organização e das articulações inter e intrasetoriais das atividades de produção
animal brasileira e das ações organizacionais reais, é importante a forte atuação das unidades de
produção junto aos seus Comitês de Bacia Hidrográfica para cooparticiparem no controle e na
aplicação das melhores ações de gestão dos recursos hídricos locais e, principalmente, nos
processos de instalação das Agências de Bacia que deterão o poder executivo de recebimento e
redistribuição dos montantes auferidos pela cobrança do uso da água e de outros possíveis
benefícios ou investimentos governamentais e/ou privados.
Bibliografia
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E-book
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Sob o n° ISBN 978-85-906936-1-1