Sei sulla pagina 1di 25

1

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO – UNESC

JULINEIA SCHIMITBERGER PEDRONI

DIFICULDADES DA COORDENAÇÃO MOTORA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

COLATINA
2010
2

JULINEIA SCHIMITBERGER PEDRONI

DIFICULDADES DA COORDENAÇÃO MOTORA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro Universitário
do Espírito Santo – UNESC, sob
orientação da Professora Maria Tecla
Soares, como requisito para a
obtenção do Título Licenciatura Plena
em Pedagogia.

COLATINA
2010
3

RESUMO

A educação psicomotora contribui para a formação do desenvolvimento do ser


humano nos níveis motor, afetivo e psicológico, e através de atividades recreativas e
jogos, a criança toma consciência do seu corpo. Por isso, a importância das
atividades lúdicas na Educação Infantil, pois a mesma ajuda o professor com os
alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem. Diante disso, o presente
artigo tem o objetivo de fazer uma abordagem sobre as dificuldades da coordenação
motora na Educação Infantil. O referido artigo aborda os seguintes temas: a
psicomotricidade na Educação Infantil; a importância dos estímulos psicomotores na
preparação da escrita e leitura; fracasso e sucesso escolar; psicomotricidade e os
problemas de aprendizagem e psicomotricidade na formação da criança na idade
escolar. São assuntos importantes para a prática do educador contemporâneo. O
embasamento teórico é de ARAÚJO, OLIVEIRA, FONSECA e outros.

Palavras-chave: psicomotricidade-aluno-professor-educação infantil.


4

INTRODUÇÃO

As crianças quando chegam às escolas, indivíduos que são, trazem


características pessoas bastante diferentes entre si, daí a necessidade do professor
estabelecer critérios especiais de tratamento, e definir os objetivos a serem
atingidos.
Certas crianças apresentam características de dificuldades de aprendizagem
de certos conteúdos devido à falta de desenvolvimento de habilidades especiais.
Outras apresentam lentidão de aprendizagem, também de conteúdos específicos.
Essas duas diferenças devem ser notadas pelos professores e tratadas de modo
diferente, pois são características distintas.
Em palavras mais simples, pode-se dizer que algumas crianças quase não
aprendem nada de certo conteúdos, enquanto que outras aprendem devagar ou
esquecem bem rapidamente o que aprenderam.
No primeiro caso, há necessidade de um diagnóstico mais profundo das
características dessas crianças e em tratamento efetivo através de profissionais
especializados (psicopedagogo). Não cabe ao professor tradicional tratar desses
alunos.
Quanto aos alunos lentos, podem ser agrupados em classes homogêneas,
exigindo como complementação, a adaptação do currículo.
Esses casos podem estar relacionados com a coordenação psicomotora da
criança, ou seja, prejudicando a aprendizagem escolar da criança.
Portanto, deverá ser trabalhada com essa criança a coordenação motora
inicial, onde ela despertará tudo aquilo que estava recluso dentro dela. A motivação
é muito importante neste caso, pois a aprendizagem está em proporção direta com a
motivação.
5

A PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL (DESENVOLVENDO


CAPACIDADES)

A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e


estruturação do esquema corporal e tem como objetivo principal incentivar a prática
do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Por meio das atividades,
as crianças, além de se divertirem, criam, interpretam e se relacionam com o mundo
em que vivem. Por isso, cada vez mais os educadores recomendam que os jogos e
as brincadeiras ocupem um lugar de destaque no programa escolar desde a
Educação Infantil.
A Psicomotricidade nada mais é que se relacionar através da ação, como um
meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente, o ser espírito, o
ser natureza e o ser sociedade. A Psicomotricidade está associada à afetividade e
à personalidade, porque o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que sente.
Vitor da Fonseca (1998) comenta que a "PSICOMOTRICIDADE" é atualmente
concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação
inteligível entre a criança e o meio.
Na Educação Infantil, a criança busca experiências em seu próprio corpo,
formando conceitos e organizando o esquema corporal. A abordagem da
Psicomotricidade irá permitir a compreensão da forma como a criança toma
consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse
corpo, localizando-se no tempo e no espaço. O movimento humano é construído em
função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o
movimento transforma-se em comportamento significante. É necessário que toda
criança passe por todas as etapas em seu desenvolvimento.
O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a formação
de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando
oportunidade para que por meio de jogos, de atividades lúdicas, se conscientize
sobre seu corpo. Através da recreação a criança desenvolve suas aptidões
perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor. Para que a
criança desenvolva sua expressão motora, a recreação deve realizar atividades
considerando seus níveis de maturação biológica. A recreação dirigida proporciona a
aprendizagem das crianças em várias atividades esportivas que ajudam na
conservação da saúde física, mental e no equilíbrio sócio-afetivo.
6

Segundo BARRETO (2000), “O desenvolvimento psicomotor é de suma


importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do
tônus, da postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”. A educação da
criança deve evidenciar a relação através do movimento de seu próprio corpo,
levando em consideração sua idade, a cultura e os seus interesses. A educação
psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as funções motoras,
perceptivas, afetivas e sócio-motoras, pois assim a criança explora o ambiente,
passa por experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento
intelectual, e é capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca.
Bons exemplos de atividades físicas são aquelas de caráter recreativo, que
favorecem a consolidação de hábitos, o desenvolvimento corporal e mental, a
melhoria da aptidão física, a socialização, a criatividade; tudo isso visando
à formação da sua personalidade.
Segundo BARRETO (2000) são exemplos de exercícios psicomotores:
engatinhar, rolar, balançar, dar cambalhotas, se equilibrar em um só pé, andar para
os lados, equilibrar e caminhar sobre uma linha no chão e materiais variados
(passeios ao ar livre), etc.
Pode-se afirmar, então, que a recreação, através de atividades afetivas e
psicomotoras, constitui-se num fator de equilíbrio na vida das pessoas, expresso na
interação entre o espírito e o corpo, a afetividade e a energia, o indivíduo e o grupo,
promovendo a totalidade do ser humano.

A IMPORTÂNCIA DOS ESTÍMULOS PSICOMOTORES NA PREPARAÇÃO PARA


A LEITURA E A ESCRITA

Desde o nascimento o bebê precisa adaptar-se ao mundo que o cerca e às


situações novas que vão surgindo. Ao explorar diferentes situações, a criança se
posiciona em relação ao outro, ao objeto e ao mundo que a circunda, enriquecendo-
se paulatinamente nessa convivência.
FONSECA (1998, p.9), afirma que a psicomotricidade está intimamente ligada
no ser humano.

O ser humano não é só um ser pensante, mas também um ser de


sentimentos e de movimentos. Sem movimento não há desenvolvimento do
pensamento. É através da psicomotricidade que o cérebro se desenvolve.
7

Motricidade sem cognitividade é possível, mas cognitividade sem


motricidade não é [...]

O desenvolvimento da motricidade contribui para o desenvolvimento cognitivo


do ser humano. O contato do filho com a mãe é muito importante, principalmente
quando isto acontece por ocasião da amamentação, porque liga a alimentação a
uma situação de prazer.
É por isso que a mãe ao dar mamadeira também deve trazer seu filho junto ao
seu regaço, permitindo-lhe um contato mais estreito com seu corpo. Nesta
intimidade, a criança vai reconhecer a mãe pelo cheiro, toque de pele, voz, cabelo,
etc. Geralmente a partir dos três meses e meio, sorri reconhecendo a pessoa chora
quando as estranha, mostra preferência por este ou aquele brinquedo.
A criança não necessita de muitos brinquedos, pelo contrário, se eles forem em
demasia podem confundi-la em sua experiência e dificultar o desenvolvimento da
criatividade. O excesso de estímulos pode levar à falta de concentração, deixando a
criança dispersiva e desinteressada.
Alguns autores defendem que as crianças devem receber um ou dois
brinquedos de cada vez; não devem ser bombardeadas com estímulos. Aprenderão
mais se puderem explorar uma coisa de cada vez; se tiverem coisas interessantes
em excessiva quantidade ao seu redor não se interessarão por nenhuma, limitando-
se a olhá-las. A criança precisa ser estimulada a pensar e a tomar iniciativa
respeitando-se o seu tempo de observação e exploração.
Os exercícios corporais são imprescindíveis ao desenvolvimento do bebê.
Aliado à maturação neurofisiológica, o treino levará à eficiência psicomotora. Aos
seis anos a grande maioria das crianças amarra seu próprio sapato ou tênis. O
adulto deve incentivá-la para que faça as coisas sozinhas, como, por exemplo,
alimentar-se, vestir-se, higienizar-se. A falta de treino vai comprometer esta
aprendizagem.
Do ponto de vista cognitivo é a época das tentativas, quando experimenta
aplicar em situações novas tudo aquilo que aprenderam, buscando resolver os
problemas que vão surgindo. Este período é muito ativo no aprendizado; é o
momento em que começam a construir sobre as fundações de todas as áreas
desenvolvidas em seus primeiros anos, inclusive nas áreas de percepção motora, da
linguagem sócio-emocional e cognitiva para aprender novas informações e aptidões
através da integração das que já dominam.
8

A transferência do aprendizado, bem como a adaptação do conhecimento às


situações cognitivas é de grande satisfação à criança. A personalidade da criança é
resultado de um crescimento lento e gradual. Seu sistema nervoso chega à
maturidade por etapas e seqüências naturais. Portanto, educar significa favorecer o
crescimento e a adaptação da criança.

FRACASSO ESCOLAR X SUCESSO ESCOLAR

O fracasso escolar pode ser tanto de ordem especificamente escolar a partir de


um déficit instrumental, como, um comprometimento da personalidade em evolução
considerando-se o insucesso escolar como um sintoma. Associados aos transtornos
da aprendizagem encontram-se: déficit de atenção, memória, percepção visual,
processos lingüísticos, disfunção psicomotora, transtornos emocionais e até uma
combinação de todos. A visão crítica do professor permite cada vez mais situar à
tríade criança-família-escola frente à problemática, tendo a perspectiva de recuperar
a criança como um ser que interfere e sofre interferências neste processo de
aprendizagem.
O ingresso da criança no ambiente educacional se dá de forma direta e efetiva
na descoberta e vivência de um novo mundo onde se espera a aquisição de
conhecimentos progressivos, passando de um sistema restrito para outro preciso e
codificado. A relação transferencial entre escola e aluno é essencial para que cada
um obtenha seu objetivo: o da escola - de ensinar; o do aluno - de aprender.
A psicomotricidade tem se mostrado uma ciência aliada no conjunto de
necessidades da Educação Brasileira, criando oportunidades inalteradas de prazer,
no entendimento do conteúdo universal humano: O Conhecimento!
O trabalho psicomotor privilegia o ato físico, mas também o leva ao trabalho
mental, no qual se aprendem a escutar, interpretar, imaginar, organizar, representar,
passar da idéia ao ato, do abstrato ao concreto. A psicomotricidade na escola exalta
fundamentos da hierarquia pedagógica em resposta singular de aplicabilidade e
funcionalidade, pois segundo AJURIAGUERRA (pai da psicomotricidade), esta
ciência é a expressão de um pensamento através do ato motor, preciso, econômico
e harmonioso. Exercitá-la na escola é prevenir, é educar, além de facilitar as
multirelações escolares, criando assim uma oportunidade rara de prevenção e
encaminhamento.
9

O JOGO E OS ASPECTOS PSICOMOTORES

Atualmente poucas vezes pode-se dizer que o jogo está presente na vida
escolar das crianças. Desde o seu significado até a sua prática. Analisando a
prática usual de atividades psicomotoras, percebe-se que as atividades observadas
representam um conjunto de regras complexas e preestabelecidas que chegam a
privar os alunos de participarem ativamente das aulas, submetendo-se a resultados
que satisfaçam exclusivamente ao observador-professor.
Desta forma, as atividades deixam de possuir o caráter de jogo sobrepujando o
sentido e a importância do lúdico na vida do ser humano. A prática do jogo, seja ela
individual, seja coletiva, constantemente se caracteriza sob forma de competição
regida por regras.
O aspecto competitivo torna-se imprescindível à medida que possibilite a
demonstração de prazer durante a ação e reflita uma expressão agradável e
interessante conseguida pelo próprio esforço do jogador.
O mesmo se pode dizer das regras incluídas no jogo. São propostas
desafiadoras e estimuladoras no processo de relação entre o jogo e jogadores.
A teoria do jogo de Piaget, a ação pedagógica que estimula o desenvolvimento
dos aspectos psicomotores tem dado uma grande contribuição no sentido de
promover o envolvimento da criança como sujeito da ação. Nesta condição, não se
trata apenas de conceder-lhe a liberdade de agir, mas, através de suas
características de desenvolvimento e de seu próprio interesse, suscitar prazer nas
atividades em que está inserida.
Passemos, então, ao entendimento de como esta ação pedagógica pode estar
associada ao envolvimento da criança na situação do jogo. Além de tomarmos por
base exemplos de atividades, o envolvimento da criança na situação de jogo
estende-se, sobretudo, aos momentos em que ela consegue representar, através do
desenho, alguns dados vivenciados durante a aula.

ATIVIDADES PSICOMOTORAS NO CONTEXTO ESCOLAR

Da civilização oriental à civilização ocidental, passando pela Idade Média,


até aos nossos dias, a significação do corpo sofreu inúmeras transformações.
Porém, apenas no século XIX o corpo começou a ser estudado.
10

No Brasil, nos anos 60, com o advento da psicomotricidade, era utilizada em


forma de recursos coadjuvantes a outras especialidades. Em nível de graduação
“latu sensu”, a psicomotricidade surgiu em 1990 no IBMR (currículo adaptado da
formação na França).
O progresso das ciências biológicas e da saúde tem prometido e permitido ao
homem uma vida melhor. Essa importância dada ao corpo, através das atividades
psicomotoras, observando estreita relação entre corpo, mente, movimento e
pensamento, promovem bem-estar físico e mental ao indivíduo. Essa idéia de
movimento surgiu decorrente da concepção fundamental de que a atividade motora
e a mental estão em constante inter-relação podendo uma influenciar beneficamente
no desenvolvimento global da outra, numa tentativa de compreender o ser humano
em sua unidade e globalidade.
Henri Wallon é, provavelmente, o grande pioneiro da psicomotricidade, vista
como campo científico. Ele iniciou (1925) uma das obras mais relevantes no campo
do desenvolvimento psicológico da criança. Como médico, psicólogo e pedagogo,
impulsionou as primeiras tentativas de estudo da reeducação psicomotora.
Wallon e Piaget colocam em evidência o papel da atividade corporal no
desenvolvimento das funções cognitivas. Wallon (1942) afirma que o pensamento
nasce da ação para retornar a ele. Piaget (1936) sustenta que, mediante a atividade
corporal a criança pensa, aprende, cria e enfrenta problemas de sua vida cotidiana.
No âmbito escolar, podemos verificar que há alunos correndo, brincando e
participando de todos os jogos propostos, apresentando às vezes dificuldades, que
podem ser sanadas mediante interação da criança com atividades que favoreçam
ampliar seu potencial psicomotor, cognitivo e afetivo.
Existem alunos que apresentam déficit no desenvolvimento das funções
neuropsicológicas devido a vários fatores, como má alimentação, doenças
patológicas, perturbações emocionais, entre outros, e isto pode influenciar no seu
aprendizado.
OLIVEIRA (1997, p. 75) diz que:

Muitos professores, preocupados com o ensino das primeiras letras, e


não sabendo como resolver as dificuldades apresentadas por seus alunos,
várias vezes os encaminham para as diversas clínicas especializadas que
os rotulam como “doentes”, incapazes ou preguiçosos. Na realidade,
muitas dessas dificuldades poderiam ser resolvidas dentro da própria
escola.
11

Desde o início da vida, a criança passa pela fase de vivência corporal. Ela
trabalha seu corpo em busca de respostas. Nesse período, a criança – através
dessa movimentação – vai enriquecendo a experiência subjetiva de seu corpo,
ampliando assim as potencialidades motoras espontâneas e coordenadas.
Considerando a criança como ser integral desse processo, cabe à escola criar
o máximo de situações onde ela interaja de maneira atrativa e prazerosa, com
atividades que favoreçam o seu amadurecimento psicomotor.
Segundo LAPIERRE (1986), a educação psicomotora tem por objetivo não só
a descoberta do seu próprio corpo e capacidade de execução do movimento, mas
ainda a descoberta do outro e do meio ambiente, utilizando melhor suas
capacidades psíquicas, facilitando a aquisição de aprendizagens posteriores.
É através da atividade psicomotora, principalmente nos jogos e atividades
lúdicas que a criança irá explorar o mundo que a cerca, diferenciando aspectos
espaciais, reelaborando o seu espaço psíquico, ligações afetivas e domínio do seu
corpo.
Se o professor desenvolve sua prática tendo por referência teórica a idéia de
que o conhecimento é construído pelo aluno em situações de interação, precisará
dispor de estratégias que ajudem a compreender o que cada um já traz consigo,
elevando suas potencialidades.
Daí, a importância da escolha das atividades curriculares. Elas devem
contemplar a psicomotricidade a partir de uma relação entre o conhecimento prévio
do professor frente às etapas do desenvolvimento motor infantil.
Piaget trata das fases motoras da criança desde seu nascimento. Um bebê
sente o meio ambiente como fazendo parte dele mesmo. À medida que cresce, com
um maior amadurecimento de seu sistema nervoso, vai ampliando suas experiências
e passa, pouco a pouco, a se diferenciar de seu meio ambiente.
Chega, pois, à representação dos elementos do espaço, descobrindo formas e
dimensões e com isto passa a aperfeiçoar e refinar seus movimentos adquirindo
uma maior coordenação dentro de um espaço e tempo determinado.
Acredita-se que o educador não deve se preocupar só com a aprendizagem
específica de determinada tarefa. Existem dificuldades que resistem a uma
pedagogia normal. É por isto que é melhor “prevenir que remediar”, isto é, ele deve –
antes de tudo – promover condições para que esta aprendizagem se torne
12

satisfatória. O professor deve ser sempre aberto às indagações e dúvidas, tratar os


alunos com respeito e consideração, respeitar o ritmo de cada um.
Acompanhar a criança num processo psicomotor possibilita uma melhor
estruturação tanto mental quanto corporal. De posse a uma pedagogia que dê lugar
a criatividade, a espontaneidade, a criança fortalece sua auto-estima, realiza novas
descobertas, constrói relações de confiança consigo mesma e com os outros, e
avança nos demais aspectos, tanto cognitivos quanto motores.
Conforme OLIVEIRA (1997, p.), conclui-se que:

Não adianta somente discutirmos os porquês das dificuldades de


aprendizagem. É preciso propor caminhos que possam se não solucionar,
pelo menos diminuir alguns destes problemas que são tão dolorosos para a
criança – como ver suas chances diminuídas por problemas que são alheios
a ela.

PSICOMOTRICIDADE E DISGRAFIA

O ser humano comunica-se através da linguagem verbal, mas também através


de gestos, olhares, movimentos, emoções e forma de andar – sua linguagem
corporal. A criança se faz entender por gestos nos primeiros dias de vida e, até o
início da linguagem verbal, o movimento constitui a expressão global de suas
necessidades. A profundidade e o valor da intercomunicação humana pelo gesto são
de extrema importância não só por estar em relação com suas moções, como
também por ser um veículo de transmissão do equilíbrio do estado interior do recém-
nascido (FONSECA, 1998). Quando o bebê sente fome ou dor ele torce seu corpo o
que permite a sua mãe perceber seu desconforto. Por meio do movimento, do tônus,
a criança fala através de seu corpo. Essas “mensagens corporais” acompanham o
ser humano por toda a sua vida.
Se como educadores, pensarmos no desenvolvimento da criança de forma
integrada, ou seja, buscando atender aos aspectos físicos, afetivos, sociais e
cognitivos, faz-se necessária desde cedo à utilização ampla do movimento. O
movimento consciente pode ser realizado através da prática de atividades
psicomotoras, como forma de auxiliar a criança na comunicação com o mundo
através da ação, por meio do movimento e dos gestos, favorecendo o
13

desenvolvimento integral e as aprendizagens. Na opinião de LOFIEGO (1995), o


desenvolvimento psicomotor, caracteriza-se por uma maturação que integra o
movimento, o ritmo, a construção espacial, o reconhecimento dos objetos, das
posições, a imagem do nosso corpo e a palavra (atividade verbo-motriz).
Inicialmente a psicomotricidade estava relacionada a uma concepção
neurofisiológica, ancorada na neuropsiquiatria infantil. O interesse de estudiosos da
área da psicologia, pedagogia e educação física foi aos poucos mudando o enfoque
deste trabalho. Os autores que mais influenciaram os psicomotricistas nesta
mudança foram Wallon, Piaget e Lê Boulch, que em suas obras tratam da formação
da inteligência, deixando claro que esta se produz a partir da experiência motriz.
A vida moderna proporciona às crianças um excesso de inatividade. Essa falta
de atividade tem provocado dificuldades cada vez maiores de realização de
movimentos simples, causando tensões musculares desnecessárias, rigidez e má
postura, entre tantos outros problemas.
FONSECA (1987, p.21), retrata este fato quando afirma:

[...] a ausência de espaço e a privação de movimento é uma verdadeira


talidomida da atual sociedade, continuando na família (urbanização) e na
escola. A não - aceitação da necessidade de movimento e da experiência
corporal da criança põe em causa as atividades instrumentais que
organizam o cérebro.

Estudos anteriores realizados por CUNHA (1990) atestam para a importância


do desenvolvimento psicomotor e cognitivo. Constatou-se que o desenvolvimento
psicomotor é de grande importância para o aprendizado da leitura e escrita e que as
crianças com nível superior de desenvolvimento conceitual e psicomotor são as que
apresentam os melhores resultados escolares. Ainda sobre este aspecto, OLIVEIRA
(1992) realizou um trabalho de reeducação psicomotora com vinte e seis crianças,
com idade entre sete e onze anos que apresentavam dificuldades de aprendizagem.
Os resultados obtidos mostraram que a maioria delas obteve melhoria no
desempenho escolar.
Porém, o que parece simples a primeira vista, pode ser muito complexo, pois o
professor tem dificuldades em diagnosticar as dificuldades de aprendizagem e, mais
ainda, em relacionar a experiência psicomotora como auxílio para as dificuldades
apresentadas. Como afirma COLLELO (1995, p.17):
14

[...] as aulas de educação física parece se restringir às atividades de


recreação ou de fortalecimento muscular, nos quais o movimento parece ter
um fim em si mesmo. Paralelamente, os professores, em sala de aula,
trabalham a motricidade infantil, visando apenas a uma mecânica
padronizada de comportamento. Quando a escrita é considerada um ato
prioritariamente motor (que não impõe ao aprendiz grandes esforços
cognitivos), a maior preocupação dos alfabetizadores recai no treinamento
das habilidades responsáveis pelos aspectos figurativos da escrita
(coordenação motora, discriminação visual e organização espacial [...]).

Para os educadores, o baixo rendimento escolar é a manifestação mais


evidente das dificuldades de aprendizagem, e pode servir como indicativo de que a
criança apresenta ou pode vir a apresentar este tipo de dificuldade. Não se pretende
com isto dizer que a psicomotricidade é a solução para todos os problemas de
aprendizagem, e nem tão pouco afirmar que um desenvolvimento psicomotor
inadequado pode ser a causa de todas as dificuldades escolares. O que se busca é
analisar dentre as inúmeras dificuldades de aprendizagem observáveis em sala de
aula, aquelas que se relacionam com um fraco desenvolvimento psicomotor. A
disgrafia, uma das dificuldades usualmente apontadas pelos professores, também
chamada de “letra feia”, ocorre em geral em decorrência da dificuldade de recordar a
grafia correta para representar um determinado som ouvido ou elaborado
mentalmente (o sujeito é capaz de ler e falar, mas não de escrever, tem dificuldades
na cópia de letras e palavras), um problema de execução mais do que de
planificação. Alguns estudos atribuem a causa destas dificuldades a fatores sociais,
outros a fatores emocionais, e alguns, ainda, a atrasos no desenvolvimento
psicomotor, sendo este último o foco desta pesquisa. A sociedade exige do indivíduo
o domínio da leitura e da escrita, o saber escrever tem uma dimensão que
ultrapassa a sala de aula, é indispensável para que o indivíduo se integre e se
adapte ao meio social.
Segundo GUERRERO (2002), o fato de o sujeito não conseguir escrever
discrimina-o, primeiramente na escola, e depois em todo o seu meio social. A
imprecisão do diagnóstico e a insuficiência do tratamento fornecido pelas escolas a
essas crianças servem como parâmetro da necessidade de investigações nesta
área.
Apesar de vários autores (LE BOULCH, 1992; LAPIERRE, 1982)
demonstrarem a importância da psicomotricidade no desenvolvimento cognitivo, na
aprendizagem da leitura e da escrita e na formação da inteligência, tradicionalmente,
a escola tem dado pouca importância à atividade motora das crianças. O espaço da
15

atividade infantil fica reduzido à visão de que o movimento é algo essencialmente


motor, destacado de qualquer outra esfera do desenvolvimento, seja afetiva,
cognitiva ou social (COLELLO, 2002).
Os estudos relacionados ao ser humano, a partir de Descartes, com o
Dualismo, passaram a ser divididos, isto é, o corpo humano passou a ser visto
separadamente da dimensão definida como “espiritual”.
Conforme destaca FONSECA (1983, p.29),

Porém, com o início do século XX o corpo começa a ser objeto de estudo,


primeiro dos neurologistas, por necessidades de compreensão das
estruturas cerebrais, bem como de um esclarecimento dos fatores
patológicos; mais tarde, dos psicológicos e dos psiquiatras.

Na atualidade o tema é definido da seguinte forma: “Uma ciência que estuda a


conduta motora com expressão do amadurecimento e desenvolvimento da totalidade
psicofísico do homem” FONSECA (1983, p.30).
Os campos de atuação, segundo ARAÚJO (1992, p.30) seriam:

Educação Psicomotora apresenta-se sob um aspecto pedagógico e sua


prática estende-se, sobretudo nas instituições educativas onde, através da
utilização do movimento humano, procura desenvolver o indivíduo como um
todo. Reeducação Psicomotora insere-se numa estratégia de ajuda onde,
através de jogos e exercícios psicomotores, procura corrigir as alterações
existentes no desenvolvimento psicomotor, tais como, dispraxia, distúrbios
da postura, equilíbrio, coordenação, debilidade motora, etc. A Terapia
Psicomotora refere-se particularmente a todos os casos – problemas nos
quais a dimensão afetiva ou relacional parece dominante na instalação
inicial do transtorno.

Ao observar as crianças pode-se observar que elas possuem vontades,


sentimentos e necessidades que assumem características próprias.
À medida que o adulto lhe dá condições e orientação para explorar tudo àquilo
que a cerca, deixando-a agir por seus próprios interesses, irá progressivamente
adquirindo experiências que servirão de suporte a um melhor conhecimento de seu
corpo e de suas potencialidades de movimento. Toda esta estimulação, além de
possibilitar à criança uma adaptação motora, favorece o trabalho de um real
desenvolvimento psicomotor.
Desde o nascimento até dois anos de idade, as ações da criança são
estritamente sensoriais e motoras, representando assim um comportamento
automático e reflexo, dominado pelas necessidades orgânicas e ritmado pela
alternância alimentação/sono.
16

Pela necessidade de se movimentar e de explorar tudo aquilo que a cerca


através de movimentos globais, a criança progressivamente enriquece sua
experiência motora e começa a distinguir seu próprio corpo do mundo e dos objetos.
As vivências desta fase comum somam-se e vão constituir-se em suporte para a
estruturação de uma nova ação.
Com o aparecimento da função de interiorização que representa uma
percepção centrada no próprio corpo, a criança toma consciência de suas
características corporais e as verbaliza, produzindo ações que tornam possível
melhor dissociação de movimentos. No final desta fase os níveis do comportamento
motor e intelectual podem ser caracterizados como pré-operatórios, porque, embora
sejam ainda centrados sobre o próprio corpo – noção que já se baseia numa
atividade simbólica, está submetido à percepção num espaço em parte
representado.
A criança antes do desenvolvimento, segundo ARAÚJO (1992, p.34),
apresenta desarmonia de movimento e sem simetria. Inicialmente ocorrem os
movimentos involuntários, tornando-se voluntários e intencionais.

À medida que a criança toma consciência e controla seus segmentos


corporais. No trabalho de coordenação, o equilíbrio tem um papel muito
importante, pois o aperfeiçoamento progressivo da realização motora da
criança só será mantido se esta for levada a sustentar um equilíbrio corporal
seja um estado de relaxamento ou movimento. Muitas vezes o distúrbio
pode refletir no estado emocional da criança, ocasionando insegurança,
distração, angústia, etc. e quanto mais o equilíbrio for prejudicado, mais
energia se consome. Assim, a realização de movimentos econômicos e
harmônicos é condição favorável à interação da criança consigo mesma e
com o meio (ARAUJO, 1992, p. 34).

A criança, inicialmente é egocêntrica, só se interessa por ela mesma, para


depois se interessar pela família, escola, ampliando dessa forma seu circuito de
interesses até os problemas mais amplos da humanidade.
O início do processo educativo está no papel de como o conhecimento
está relacionado com o cotidiano das crianças, ou seja, da relação entre as
necessidades das crianças e seu meio. Dessa forma, o brincar da criança apóia e
valoriza seu desenvolvimento, no sentido de que a brincadeira surge com a
linguagem natural da criança, e a aprendizagem ocorre pela descoberta.
É importante destacar que toda atividade proposta para a criança será bem
aproveitada se a abordagem do conteúdo respeitar e acompanhar.
17

Para os educadores, o baixo rendimento escolar é a manifestação mais


evidente das dificuldades de aprendizagem, e pode servir como indicativo de que a
criança apresenta ou pode vir apresentar dificuldade na coordenação motora.
Segundo GUERRERO (2002, p.36),

O fato de o sujeito não conseguir escrever, discrimina-o,


primeiramente na escola, depois em todo o seu meio
social. A imprecisão do diagnóstico e a insuficiência do
tratamento fornecido pelas escolas a essas crianças
servem como parâmetro da necessidade de investigação
nesta área.

Apesar de vários autores demonstrarem à importância da psicomotricidade no


desenvolvimento cognitivo, na aprendizagem da leitura e da escrita e na formação
da inteligência, tradicionalmente, a escola tem dado pouca importância à atividade
motora da criança.

PSICOMOTRICIDADE E OS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

As crianças quando chegam às escolas trazem características pessoais


bastante diferentes entre si. Daí a necessidade do professor estabelecer critérios
especiais de tratamento, e definir os padrões a serem atingidos.
Certas crianças apresentam características de dificuldades de aprendizagem
de certos conteúdos devido à falta de desenvolvimento de habilidades especiais.
Outras apresentam lentidão de aprendizagem, também de conteúdos específicos.
Essas duas diferenças devem ser notadas pelos professores e tratadas de modo
diferente, pois são características distintas.
Em palavras mais simples, pode-se dizer que algumas crianças quase não
aprendem nada de certos conteúdos, enquanto que outras aprendem devagar ou
esquecem bem rapidamente o que aprenderam.
No primeiro caso, há necessidade de um diagnóstico mais profundo das
características dessas crianças e em tratamento efetivo através de profissionais
especializados (psicopedagogo). Não cabe ao professor tradicional tratar desses
alunos.
Quanto aos alunos lentos, podem se possível agrupados em classes
homogêneas, exigindo como complementação, a adaptação do currículo. Esses
casos podem estar relacionados com a coordenação psicomotora da criança, ou
seja, se não teve no início escolar uma correta formação motora, futuramente pode
18

ocorrer uma carência desse trabalho motor na qual poderá ser revertido na
aprendizagem escolar da criança.
Portanto deverá ser trabalhada com essa criança a coordenação motora inicial,
onde ela despertará tudo aquilo que estava recluso dentro dela. A motivação é muito
importante neste caso, pois eficiência da aprendizagem está em proporção direta
com a motivação. A motivação é um problema individualizado, que considera o
resultado de qualquer recurso através das necessidades e intenções do indivíduo,
ou o seu autoconhecimento, diante da situação em que se encontra.

PSICOMOTRICIDADE E APRENDIZAGEM

A motricidade o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento afetivo são


interdependentes na criança. O estudo da psicomotricidade não se refere somente
ao desempenho motor da criança, à sua lateralidade, estruturação tempo-espacial
ou às discriminações perceptuais que é capaz de realizar mais do “eu” e as
conseqüências da falta de um esquema corporal bem conscientizado.
Etimologicamente teríamos: psique = mente, motricidade é a propriedade que
possuem certas células nervosas de determinar a contração muscular. Do ponto de
vista fisiológico o inter-relacionamento dos sistemas anatômicos que concorrem para
a motricidade é de fato, muito intricado.
O sistema extrapiramidal tem na realidade origens corticais, certas delimitações
com o sistema piramidal e fazem com que ele garanta, sem sinergia com este
regulações complexas. Estima-se atualmente que o sistema extrapiramidal
é atribuído à motricidade massiva. Os sistemas apresentam evidências de
convergências notáveis, e há uma multiplicidade de vias córtico-estriadas, córtico-
cerebelares, cerebelo-estriadas, etc. Um mesmo “centro” participa em regulações
diferentes: não é graças à sua parte mais recente que o cerebelo exerce um papel
na harmonia motora; suas partes mais antigas intervêm no equilíbrio e na resistência
ao peso.
O desempenho psicomotor de uma criança pode acontecer em sua plenitude
através das experiências vividas por uma infância rica em oportunidades
estimuladoras naturais.
19

Os problemas de aprendizagem podem ter várias causas: problemas físicos,


causas sensoriais, neurológicas, emocionais, intelectuais, sociais, ou até causas
geradas pelo ambiente educacional.
A aprendizagem é um processo inteligente e seletivo, não consiste num
encadeamento de reflexões ou numa reação cega e inconsciente, estímulos
externos, mas é uma atividade consciente que implica sempre na compreensão da
situação.
A aprendizagem é um processo dinâmico e auto-ativo. O principal agente da
aprendizagem é a própria atividade da criança, não apenas uma atividade externa e
física, mas atividade interna e mental.
A aprendizagem é um processo sintético e global, em que entra em jogo a
própria personalidade, e não consiste numa aquisição de estados mentais isolados
ou de reações nervosas fragmentárias.
A aprendizagem é um processo que apresenta diferenças individuais, embora
conservando os seus caracteres essenciais. Essas diferenças resultam de causas
várias, como a capacidade intelectual, temperamento, clima, sociedade, família, etc.
É necessário diferenciar aprendizagem de ensino. Ensino é a transmissão de
conhecimentos por meio de explicações orais, indicações de livros, etc. Para que
exista aprendizagem, é necessário motivar a criança, incentivar seus interesses, de
modo a obter um esforço espontâneo. Podemos encontrar algumas crianças com as
seguintes deficiências:
A. Observação imperfeita;
B. Compreensão superficial, por falta de pensamento reflexivo ou de
capacidade de raciocínio;
C. Desinteresse, criança distraída;
D. Ausência de atenção voluntária, dificuldade de manter-se numa situação de
esforço que, talvez, lhe pareça penosa demais;
E. Indução rápida demais, tendo como conseqüência conclusões apressadas;
F. Maturidade para certas noções exigidas;
G. Falta de objetivação suficiente;
H. Falta de método especializado.

A PSICOMOTRICIDADE NA FORMAÇÃO DA CRIANÇA EM IDADE ESCOLAR


20

O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a formação


de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e psicológico, dando
oportunidade para que, por meio de jogos, de atividades lúdicas, se conscientize
sobre seu corpo. Através de exercícios psicomotores, a criança desenvolve suas
aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor.
Para que a criança desenvolva o controle mental de sua expressão motora, os
exercícios psicomotores devem considerar seus níveis de maturação biológica.
Segundo BARRETO (2000), “O desenvolvimento psicomotor é de suma
importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do
tônus, da postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”. A educação da
criança deve evidenciar a relação através do movimento de seu próprio corpo,
levando em consideração a idade, a cultura corporal e os seus interesses. Essa
abordagem constitui o interesse da educação psicomotora. A educação psicomotora
para ser trabalhada necessita que sejam utilizadas as funções motoras, cognitivas,
perceptivas, afetivas e sociomotoras.
A ação psicomotora é exercida pela cultura sobre a natureza e o
comportamento do ser humano. Ela diversifica-se em função das relações sociais,
das idéias morais, das capacidades e da maneira de ser de cada um, além de seus
valores, comportamentos, permitindo, assim, as transformações. A diversificação
das condições sociais em cada nível escolar e o respeito à individualidade das
crianças em cada processo de aprendizagem de gestos e movimentos estão sujeitos
ao ritmo de aprendizagem e às peculiaridades das relações sociais que existem
entre os integrantes de cada grupo ou classe escolar.
A educação psicomotora na pré-escola e séries iniciais do ensino fundamental
atua como prevenção. Com ela podem ser evitados vários problemas como a
má concentração, confusão no reconhecimento de palavras, confusão com letras e
sílabas e outras dificuldades relacionadas à alfabetização. Uma criança cujo
esquema corporal é mal formado não coordena bem os movimentos.
Suas habilidades manuais tornam-se limitadas, o ato de vestir-se e despir-se
se torna difícil, a leitura perde a harmonia, o gesto vem após a palavra e o ritmo de
leitura não é mantido ou, então, é paralisado no meio de uma palavra. As noções de
esquema corporal – tempo, espaço, ritmo – devem partir de situações concretas,
nas quais a criança possa formar um esquema mental que anteceda à
aprendizagem de leitura, do ritmo, dos cálculos. Se sua lateralidade não está bem
21

definida, ela encontra problemas de ordem espacial, não percebe diferença entre
seu lado dominante e o outro lado, não é capaz de seguir uma direção gráfica, ou
seja, iniciar a leitura pela esquerda. Muitos fracassos em matemática, por exemplo,
são produzidos pela má organização espacial ou temporal. Para efetuar cálculos, a
criança necessita ter pontos de referência, colocar números corretamente, possuir
noção de coluna e fileira, combinar formas para fazer construções geométricas.
Segundo STAES e DE MEUR (1984), o intelecto se constrói a partir da
atividade física. As funções motoras não podem ser separadas do desenvolvimento
intelectual nem da afetividade. Para que o ato de ler e escrever se processe
adequadamente, é indispensável o domínio de habilidades a ele relacionado,
considerando que essas habilidades são fundamentais manifestações psicomotoras.
Educação psicomotora é a educação da criança através de seu próprio corpo e
de seu movimento (Rev. PEC, Curitiba, v.3, n.1, p.91-93, jul. 2002-jul. 2003). A
criança é vista em sua totalidade e nas possibilidades que apresenta em relação ao
seu meio-ambiente.
Através da educação psicomotora, a criança explora o ambiente, passa por
experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e
é capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca.
Nos casos em que as perturbações do relacionamento fundamental entre o eu
e o mundo são evidentes, a reeducação psicomotora às vezes permite obter
resultados espetaculares. O que é bem-sucedido com os deficientes poderia se
impor também às pessoas normais durante o período de estruturação do seu
esquema corporal: a psicocinética, que toma o aspecto de uma educação
psicomotora, quando se aplica as crianças menores de doze anos pode ser
considerada como uma forma eletiva de educação física nesta idade.
Relacionar-se com o outro na escola, através do ensino, é fundamental. Esse
relacionamento deve ser bem proporcionado para que haja uma relação entre
professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor.
Nesse aspecto as atividades psicomotoras propiciam para a criança uma
vivência com espontaneidade das experiências corporais, criando uma simbiose
afetiva entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor, afastando os tabus e
preconceitos que influenciam negativamente as relações interpessoais.
O desenvolvimento psicomotor caracteriza-se por uma maturação que integra o
movimento, o ritmo, a construção espacial; e, também, o reconhecimento dos
22

objetos, das posições, da imagem e do esquema corporal. As atividades propostas


na educação psicomotora devem ocorrer com espontaneidade, pois quando se
desenvolvem essas atividades com as crianças nota-se uma grande receptividade
por parte delas, visto que ainda não adquiriram tonalidades preconceituosas.
As atividades que envolvem o toque de uma criança com a outra devem ser
elaboradas e pensadas, pois não é tão simples executá-las, até porque muitos
educadores têm dificuldades de tocar alguém ou deixar-se tocar.
Bons exemplos de atividades físicas são aquelas de caráter recreativo, que
favorecem a consolidação de hábitos higiênicos, o desenvolvimento corporal e
mental, a melhoria da aptidão física, a sociabilização, a criatividade; tudo isso
visando à formação da sua personalidade.
23

CONCLUSÃO

É importante salientar que o movimento é a primeira manifestação na vida do


ser humano, pois desde a vida intra-uterina realizamos movimentos com o nosso
corpo, no qual vão se estruturando e exercendo enormes influências no
comportamento.
A partir deste conceito e através da nossa prática no contexto escolar,
consideramos que a psicomotricidade é um instrumento riquíssimo que nos auxilia
na intervenção proporcionando resultados satisfatórios em situações de dificuldades
no processo de ensino-aprendizagem.
O ensino aprendizagem das funções psicomotoras vai se refinando em
atividades de manuseio de materiais concretos de diferentes tipos, tamanhos, e
formas.
O objetivo deste estudo foi investigar as dificuldades da coordenação motora e
a contribuição das atividades psicomotoras como uma interferência pedagógica na
aprendizagem da escrita superando as dificuldades.
Analisando as intervenções pedagógicas fica claro que a mediação deve
ser realizada através de instrumentos da linguagem oral e escrita efetivando um
trabalho relacionado com atividades psicomotoras reconhecendo as dificuldades e
procurando saná-las com atividades complementares.
Diante do que foi exposto, volta-se a afirmar que tanto as atividades
psicomotoras como a escrita são objetos culturais e, portanto, é no convívio social
que as suas apropriações são adquiridas.
Por fim, conclui-se que é necessário continuar os estudos e aprofundar debates
sobre a temática em questão. Essa visão se justifica pela importância de
disponibilizar aos responsáveis pela formação e orientação de professores da
educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental, responsáveis pela
alfabetização que tenha uma prática pedagógica que contemple as atividades
psicomotoras para o aprendizado da escrita.
24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, Vânia Carvalho de. O jogo no contexto da educação psicomotora. São


Paulo: Cortez, 1992 – 106p.

COLELLO, S. M. G. Alfabetização e Motricidade: Revendo Essa Antiga Parceria.


Cad. Pesquisa. SP, n.87, p.58-61, nov. 1995.

FONSECA, V. da. Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes, 1983.

______. Contributo para o estudo da Génese da Psicomotricidade. 3. ed.


Lisboa: Editorial Notícias. 1998.

LAGRANGE, G. Manual de Psicomotricidade. Lisboa: Estampa, 1974.

LAPIERRE, A. A reeducação Física. 6.ed. São Paulo: Manole, 1986. p.365-367.

LE BOULCH, J. Psicomotricidade. Uberlândia. Secretaria da Educação Física e


Desportos. MEC, 1992.

______. Educação Psicomotora. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 1988. ______. O


desenvolvimento Psicomotor: do nascimento até os 6 anos. 7.ed. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1992.

LOFIEGO, J. L. Disgrafia: Avaliação Fonoaudiológica. Rio de Janeiro: Revinter,


1995.

MENDES, N.; FONSECA, V. da. Escola, escola, quem és tu? Porto Alegre:
Artmed, 1987.

OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num


enfoque psicopedagógico. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

______.Psicomotricidade: Educação e Reeducação. São Paulo: Vozes, 2000.

______. Psicomotricidade: Um Estudo em Escolares com Dificuldades em Leitura


e
Escrita. 1992. 277f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 1992.

______. Avaliação Psicomotora a Luz da Psicologia. São Paulo: Vozes, 2003.

PIAGET, J. A psicologia. 2.ed. Lisboa: Livraria Bertrand, 1973.

PITOMBO, E. A contribuição da linguagem corporal na aquisição da linguagem


escrita: um estudo de caso de uma criança com problemas de aprendizagem
escolar. Revista Psicopedagógica. SP, nov. 2001.
25

TRONCOSO-GUERRERO, P. V. O processo de apropriação da linguagem


escrita em crianças na fase inicial de alfabetização escolar. Tese de Doutorado.
UNICAMP, Campinas. São Paulo – Faculdade de Educação, 2002.

Potrebbero piacerti anche