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Direito de Família
Direito de Família
Direito – Diurno
7° Semestre
Paulo Quevedo
São Paulo
2011
INTRODUÇÃO AO DIREITO DE FAMÍLIA
1- "Os vínculos se estabelecem e os poderes se conferem, não tanto para atribuir direitos quanto
para impor deveres, a tal ponto que não é somente a violação destes, mas o abuso ou mau uso
daqueles geram sua privação."
O Direito de família tem o condão de instituir poderes e direitos numa hierarquia familiar, como o
atual poder parental (art. 226,§5, CF/88), e de constituir obrigações, como a de prover o sustento da
família.
Nessa brilhante frase está explicito que tanto os poderes quanto direitos gerados no âmbito familiar
são de tamanha relevância, e fragilidade tal, que seu descumprimento, inobservância ou abuso, gera
sua privação. Mas observamos que ela trata de algum negócio jurídico capaz de gerar um vínculo
familiar.
Outro tópico importante a se ressaltar sobre essa oração, é que ela dá ênfase na imposição de
deveres e no abuso dos direitos. Há a necessidade disso para que se inicie ao tema que dará a
problematização do instituto, assim há como incitar o estudioso, promovendo a dialética do assunto.
Trata-se de difícil tarefa conceituar aquela que dizemos ser primordial e basilar para todas as demais
instituições, qual seja a família.
No âmbito jurídico, dentre tantos conceitos, podemos dizer que família é um conjunto de pessoas
ligadas por vínculo sanguíneo e descendentes de tronco ancestral comum, formado basicamente por
pais e filhos. Tem-se ainda, dentro deste conceito, uma subdivisão: família em sem sentido amplo
( a qual se estende para além da relação pais e filhos, ou relacionamento matrimonial formada por
parentes próximos com os quais mantém-se vínculo de afetividade), e família em sentido restrito
(cuja a relação é oriunda de laços matrimoniais e prole).
O Código Civil de 1916, no qual o homem é o chefe da família, tinha o casamento como único
instituto jurídico formador da família, de tal forma que não admitia a dissolução do vínculo
conjugal, permitindo apenas o chamado desquite. Além disso, as uniões de caráter convivencial, de
companheirismo, não eram jurídicamente reconhecidas, e, consequentemente, não era reservando
qualquer direito às uniões que não fossem formadas por intermédio do casamento, como o
concubinato e a união estável.
A primeira Constituição Federal no Brasil que dedicou um capítulo inteiro à família, foi a de 1934,
na qual previa a proteção do Estado para a manutenção desta instituição.
A CF/88 em contraponto ao antigo CC, trouxe uma transformação, trazendo um modelo de família
fundado em preceitos como a igualdade, solidariedade e respeito à dignidade da pessoa humana.
Outra grande transformação trazida pela Carta Magna, foi o de reconhecer e igualar o afeto como
formador da família (filhos adotivos e união estável), sem distinção aos laços decorrentes do
casamento ou de sangue.
Em 2002, o atual CC, veio regulamentar as normas constitucionais, pelo qual acabou-se o poder
patriarcal e se estabeleceu a igualdade em direitos e deveres dos cônjuges no seio familiar,
regulamentou-se a união estável entre o homem e a mulher, e definiu o reconhecimento de direitos
decorrentes das relações concubinas.
Embora tenha se passado apenas 10 anos em que o atual código passou a viger, houve inúmeras
mudanças na sociedade, e quanto ao que é moralmente aceitável. Assim, hoje, existem famílias
monoparentais, numerosas, e até constituídas por pessoas do mesmo sexo. Não obstante, na minha
concepção, forma-se uma família a partir da convivência harmoniosa, de respeito e proteção mútua,
tanto afetiva como econômica.
Para uma melhor reflexão acerca dessa questão importante se faz conhecermos de início o que
significa o termo descodificação. A descodificação é um fenômeno contemporâneo que consiste na
fragmentação do sistema unitário do Código Civil, com a proliferação de leis civis especiais que
reduzem o primado do Código e criam uma pluralidade de núcleos legislativos, os chamados
microssistemas jurídicos. Representa o ocaso dos códigos civis e a passagem do monossistema
jurídico da modernidade, centralizado no Código, ao polissistema, centralizado na Constituição. A
descodificação do direito de família teria um impacto positivo, uma vez que este não mais iria se
pautar exclusivamente em princípios traçados pelo direito civil ao qual ele está inserido, podendo
assim ter seus próprios princípios traçados analisando exclusivamente essa matéria, nada mais justo
para um ramo que protege direitos tão importantes que é o Direito de família. Observando a
sistemática do nosso ordenamento jurídico atual pode-se dizer que as sociedades contemporâneas
pretendem, no campo da legislação, transferir das majestáticas comissões codificadoras para os
pequenos, mas ativos, grupos intermediários, situados a meio-termo entre o cidadão eleitor e o
Estado, a definição dos estatutos jurídicos mais adequados às reivindicações de cada grupo, com
isso tais sociedades se valem deste método que é a descodificação.