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Olhei para Lisa que, novamente, parecia tão perdida quanto eu. Naquele
momento concluí que nem toda pessoa que trabalha no Instituto é louca,
apenas Chantel e todos aqueles que conviviam com ela. Saber que alguém
assim ia entrar na minha mente não era nada animador.
—O que foi? – Ela esbravejou – Sabem tão bem quanto eu que nunca é
simples lutar contra um Rosenscherwt! Não o chamam de Deus dos Sonhos
à toa!
A expressão de Mary, apesar de um tanto ruborizada, era séria. E tenho
plena consciência do por quê. Já havia tido amostras do poder de Hipnos e
gostaria de nunca ter que ficar frente a frente com alguém como ele outra
vez. Porém fugir não era uma opção.
—É por isso que vamos pegar reforços! – Chantel olhou para Lisa, que
ainda parecia confusa – Gostaria que fosse conosco nessa missão, Lisa!
Soube que você já participou de caçadas à Rosenscherwt e até mesmo fez
parte de uma campanha de retaliação a um kaiju. – ela sorriu – Sua
experiência seria de grande valia para nós!
Olhei para Lisa, atônito. Não importava de que ângulo a analisava, ela
não parecia o tipo de pessoa que havia enfrentado algo desse nível. Sabia
que os médicos da campanha sempre ficavam nas linhas de trás, mas ainda
assim era estranho ela não ter uma marca sequer depois de enfrentar um
kaiju. Além disso, simplesmente não conseguia imaginá-la num campo de
batalha.
—Você está num cargo superior ao meu, Srta. Grace. – Lisa sorriu – Não
tem motivos para me pedir esse tipo de coisa, pois creio que tenha plena
noção da sua autoridade.
Chantel concordou.
—Mas não seria certo te envolver nisso sem que você queira. Não
estamos falando de um inimigo comum e sim de alguém realmente
poderoso.
A empatia dela era absurda. Pergunto-me se ela ainda lembrava que eu, o
dono da mente que serviria de campo de batalha, ainda estava lá.
—Não se preocupe quanto a isso. – Lisa me olhou gentilmente – Uma
enfermeira sempre acompanha seu paciente. – seu olhar percorreu o vazio
por alguns instantes – E, além disso, tenho motivos pessoais para aceitar a
proposta.
—Certo! – exclamou Chantel – Dave! Vá falar com o coordenador da
Divisão Médica e peça para liberar a Lisa por uma semana!
—Agora mesmo! – Dave respondeu enquanto saía da sala.
—Mary, você cuida da papelada e pega a permissão com o Alexander!
Mary suspirou, irritada.
—Por que eu sempre fico com a parte burocrática? – ela murmurou.
—Você sabe como ele gosta de você. – ela disse olhando-a de um
modo… não muito profissional, digamos.
—Vá à merda, Chantel! – Mary xingou enquanto se retirava.
Assim que Mary se retirou, Lisa levantou-se e olhou para Chantel.
—Sinto muito, mas devo me retirar. Tenho trabalho a fazer na Divisão
Médica e acabei usando mais tempo do que dispunha.
—Certo. – Chantel sorriu – Obrigado, Lisa!
Lisa consentiu com a cabeça e iniciou sua trajetória de partida, porém, ao
chegar ao limiar da porta, virou-se para mim.
—Se precisar de qualquer coisa não hesite em me chamar. – ela disse
sorrindo gentilmente.
Concordei com a cabeça e Lisa se retirou. Fiquei parado por alguns
segundos olhando-a sair do meu campo de visão. A elegância com a qual
ela andava era impressionante.
—Que fofo! – riu Chantel.
—O que foi? – perguntei irritado.
—Nada demais. – ela respondeu sorrindo.
Realmente odiava a postura sabe-tudo dela. Era uma das poucas coisas
que conseguiam me tirar do sério.
—Espere um segundo. – ela me disse indo em direção à sua mesa.
Chegando lá ela pareceu pegar algo da gaveta. De longe não consegui ver
do que se tratava, mas quando ela se aproximou percebi que era um molho
de chaves.
—Venha comigo, Johan! – ela ordenou.
Até a porta a segui sem hesitar. Logo após ela, porém, decidi tentar
descobrir onde ela pretendia me levar.
—Para onde estamos indo? – perguntei.
Após trancar a porta e guardar as chaves ela se virou para mim.
—Tenho menos de uma semana para te ensinar uma magia tão difícil que
muitos preferem ignorar. – ela então sorriu, confiante – Vamos para a Zona
Zero!