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Capítulo 10

“Vamos entrar na sua mente”.


Aquilo era absurdo demais. Apenas pensar naquilo fazia minha cabeça
latejar violentamente.
—Lisa, tem mais daqueles comprimidos? – perguntei virando para ela.
—O quê? — ela perguntou surpresa.
Podia ser só minha impressão, mas parecia que ela estava entendendo
toda a situação tão bem quanto eu. De certo modo isso me deixava aliviado
já que começava me achar um idiota.
—Essa coisa toda é demais para minha cabeça! no que eu estava
pensando? Me entupir de analgésicos não ajudaria em nada – Esquece! –
olhei para Chantel – Você disse que vai entrar na minha mente?
—Exatamente! – ela falou como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Respirei fundo tentando me recompor. Para mim tudo aquilo era
simplesmente ininteligível.
—Você notou o tamanho da loucura que está dizendo? – disse.
—Viu! Até ele concorda! – Mary interveio.
Chantel fulminou-a com um olhar reprovador.
—O que você considera loucura e o que ele considera loucura são coisas
completamente diferentes! – ela disse, levemente irritada.
Mary cruzou os braços e me encarou.
—Eu acho que entrar na sua mente é uma loucura! Você não concorda? –
ela me perguntou com um olhar inquisidor.
Concordei com a cabeça. Após receber um olhar daqueles, você
simplesmente concorda com o que quer que seja. Porém, apesar daquela
ser a primeira demonstração de bom senso que vi em tempos, algo me
parecia estranhamente errado.
—Viu! Ele também acha que é uma loucura! – ela exclamou orgulhosa.
Chantel fitou-a com uma expressão indecifrável. As duas ficaram se
entreolhando, imóveis, durante longos instantes.
—Sabe, Mary, eu ainda sou a superior aqui! – Chantel disse sorrindo
matreira.
As duas continuaram se olhando até que Mary suspirou profundamente,
claramente frustrada. Aquele não era um argumento que ela podia
contestar.
—Tudo bem! – Mary disse cabisbaixa – Mas eu ainda acho isso uma
loucura!
Não fazia idéia do que estava acontecendo lá. Sentia-me como um aluno
do primário tentando entender a conversa dos professores. Olhei para
Dave, tentando encontrar uma resposta, mas ele limitou-se a dar de
ombros. Corri o olhar para Lisa, mas ela apenas sorriu.
Quanto mais eu ficava naquele lugar mais me convencia da falta de
sanidade de todos os presentes. Pergunto-me se aquela não seria a razão de
existirem tantas invenções inúteis por aí.
—Poderiam pelo menos me explicar direito isso tudo? Se alguém diz que
vai “entrar na sua mente” e meio difícil se manter no lugar, compreendem?
Mesmo com toda essa coisa de Realidade Estendida ainda é da minha
mente que estamos falando! – disse com minha voz mais calma.
Chantel tomou posição para começar a explicação. Senhorita sem sentido
iria atacar novamente...
—A idéia é simples: Quando Hipnos tenta penetrar em sua mente ele tem
que enviar a própria consciência para superar a sua e penetrar no seu
“subconsciente”. A questão é que seria impossível um único corpo suportar
duas mentes, bem, existem os casos de Duo persona, mas isso é diferente já
que não duas mentes num corpo. Se esse fosse o…
—O que? – Tentei dizer algo mais inteligente, mas meu estado mental
não permitiu. Ao menos consegui fazê-la parar.
—Duo persona! Não conhece? – ela indagou, indignada.
—Eu sei o que é Duo Persona! Mas o que isso tem haver com o assunto?
– aquilo já começava a me irritar.
—Eu estava falando de duas mentes num corpo e como isso seria
impossível, pois segundo a teoria de Her… – ela continuou.
—Só continue explicando a Realidade Estendida! – interrompi. – Não
estou com nem um pouco de cabeça para ouvir teorias!
Chantel me olhou de modo indecifrável. Ela deveria estar querendo me
dizer algo, porém eu simplesmente não entendia o que era. O sotaque facial
dela também não ajudava em nada.
—Acho que seria melhor se eu explicasse. – sugeriu Dave.
Eles se olharam por um instante e então Chantel foi se sentar. O nível de
entendimento deles era algo realmente assustador.
—Desculpe por isso, às vezes ela divaga demais. – sussurrou-me Dave.
Concordei com a cabeça. Queria adicionar alguma coisa àquela frase,
mas achei melhor ficar calado.
—Bem, vamos às explicações! – Dave fechou os olhos por um instante,
respirou fundo e começou a explanação – A teoria é simples: Um único
corpo não consegue suportar duas mentes diferentes, pois cada mente
possui uma freqüência de onda própria. Baseada nisso Chantel deve ter
suposto que o que Hipnos faz é instalar uma ponte no seu subconsciente,
ou Mundo Interior. Essa tese é corroborada pelo fato da magia apenas ter
efeito durante o sono, quando a o subconsciente está no controle. Todavia
já tivemos prova de que ele consegue forçá-lo a desmaiar, o que significa
que ele mantém uma ligação continua com você. Tendo isso como verdade
o plano é simples: da próxima vez que ele tentar te desmaiar você
executará uma magia de Realidade Estendida fazendo com que penetremos
na sua mente ao mesmo tempo em que ele está ativo lá. Isso vai evitar com
que ele possa sair e, uma vez lá dentro tudo, que temos a fazer é derrotá-lo.
Aquela foi a mais rápida sucessão de palavras que vi na minha vida.
Ainda me pergunto se não teria sido melhor ouvir as divagações da
Chantel.

Olhei para Lisa que, novamente, parecia tão perdida quanto eu. Naquele
momento concluí que nem toda pessoa que trabalha no Instituto é louca,
apenas Chantel e todos aqueles que conviviam com ela. Saber que alguém
assim ia entrar na minha mente não era nada animador.

—Você falando até parece fácil… – murmurou Mary.

Chantel e Dave a olharam irritados.

—O que foi? – Ela esbravejou – Sabem tão bem quanto eu que nunca é
simples lutar contra um Rosenscherwt! Não o chamam de Deus dos Sonhos
à toa!
A expressão de Mary, apesar de um tanto ruborizada, era séria. E tenho
plena consciência do por quê. Já havia tido amostras do poder de Hipnos e
gostaria de nunca ter que ficar frente a frente com alguém como ele outra
vez. Porém fugir não era uma opção.
—É por isso que vamos pegar reforços! – Chantel olhou para Lisa, que
ainda parecia confusa – Gostaria que fosse conosco nessa missão, Lisa!
Soube que você já participou de caçadas à Rosenscherwt e até mesmo fez
parte de uma campanha de retaliação a um kaiju. – ela sorriu – Sua
experiência seria de grande valia para nós!
Olhei para Lisa, atônito. Não importava de que ângulo a analisava, ela
não parecia o tipo de pessoa que havia enfrentado algo desse nível. Sabia
que os médicos da campanha sempre ficavam nas linhas de trás, mas ainda
assim era estranho ela não ter uma marca sequer depois de enfrentar um
kaiju. Além disso, simplesmente não conseguia imaginá-la num campo de
batalha.
—Você está num cargo superior ao meu, Srta. Grace. – Lisa sorriu – Não
tem motivos para me pedir esse tipo de coisa, pois creio que tenha plena
noção da sua autoridade.
Chantel concordou.
—Mas não seria certo te envolver nisso sem que você queira. Não
estamos falando de um inimigo comum e sim de alguém realmente
poderoso.
A empatia dela era absurda. Pergunto-me se ela ainda lembrava que eu, o
dono da mente que serviria de campo de batalha, ainda estava lá.
—Não se preocupe quanto a isso. – Lisa me olhou gentilmente – Uma
enfermeira sempre acompanha seu paciente. – seu olhar percorreu o vazio
por alguns instantes – E, além disso, tenho motivos pessoais para aceitar a
proposta.
—Certo! – exclamou Chantel – Dave! Vá falar com o coordenador da
Divisão Médica e peça para liberar a Lisa por uma semana!
—Agora mesmo! – Dave respondeu enquanto saía da sala.
—Mary, você cuida da papelada e pega a permissão com o Alexander!
Mary suspirou, irritada.
—Por que eu sempre fico com a parte burocrática? – ela murmurou.
—Você sabe como ele gosta de você. – ela disse olhando-a de um
modo… não muito profissional, digamos.
—Vá à merda, Chantel! – Mary xingou enquanto se retirava.
Assim que Mary se retirou, Lisa levantou-se e olhou para Chantel.
—Sinto muito, mas devo me retirar. Tenho trabalho a fazer na Divisão
Médica e acabei usando mais tempo do que dispunha.
—Certo. – Chantel sorriu – Obrigado, Lisa!
Lisa consentiu com a cabeça e iniciou sua trajetória de partida, porém, ao
chegar ao limiar da porta, virou-se para mim.
—Se precisar de qualquer coisa não hesite em me chamar. – ela disse
sorrindo gentilmente.
Concordei com a cabeça e Lisa se retirou. Fiquei parado por alguns
segundos olhando-a sair do meu campo de visão. A elegância com a qual
ela andava era impressionante.
—Que fofo! – riu Chantel.
—O que foi? – perguntei irritado.
—Nada demais. – ela respondeu sorrindo.
Realmente odiava a postura sabe-tudo dela. Era uma das poucas coisas
que conseguiam me tirar do sério.
—Espere um segundo. – ela me disse indo em direção à sua mesa.
Chegando lá ela pareceu pegar algo da gaveta. De longe não consegui ver
do que se tratava, mas quando ela se aproximou percebi que era um molho
de chaves.
—Venha comigo, Johan! – ela ordenou.
Até a porta a segui sem hesitar. Logo após ela, porém, decidi tentar
descobrir onde ela pretendia me levar.
—Para onde estamos indo? – perguntei.
Após trancar a porta e guardar as chaves ela se virou para mim.
—Tenho menos de uma semana para te ensinar uma magia tão difícil que
muitos preferem ignorar. – ela então sorriu, confiante – Vamos para a Zona
Zero!

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