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A CONSTRUÇÃO DE UMA PROPOSTA DE ENSINO E AVALIAÇÃO DE

FILOSOFIA DESTINADA A PROFESSORES NÃO-FILÓSOFOS

Pôster – Eixo Temático 06: Educação Fundamental e Média

TOSTA, Leíne Rodrigues1 (leinert@seduc.to.gov.br) – SEDUC/TO


MARTINS, Cleverson da Silva2 (cleverson_ms@hotmail.com) – CEM-GURUPI
PERINI, Vilma Borges de Moura3 (vilmaperini@hotmail.com) – CEM-GURUPI

1. O Ensino de Filosofia no Ensino Médio: Bases Legais*

O ensino de Filosofia na educação média sempre sofreu grandes transformações


ao longo do tempo, ora se apresentou como disciplina obrigatória ora como disciplina
optativa. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 4.024/61 a disciplina
deixa de ser obrigatória, e com a aprovação da Lei nº. 5.692/71 o ensino de Filosofia, no
então nível secundário, acaba sendo excluído do currículo escolar oficial.
Por volta da década de 1970 desencadeou-se um processo para a reintrodução da
disciplina no Ensino Médio fortalecido com a criação do Centro de Atividades
Filosóficas, que mais tarde passou a se chamar Sociedade de Estudos e Atividades
Filosóficas (SEAF), um de seus objetivos era estabelecer uma discussão nacional sobre
o problema da ausência da disciplina de Filosofia no ensino secundário.
Apesar da luta em favor do retorno do ensino de Filosofia no Ensino Médio,
somente com a aprovação da Lei nº. 7.044/82, que alterou alguns dispositivos da LDB
nº. 5.692/71, referentes a profissionalização do ensino de segundo grau, é que surge esta
possibilidade. Tal medida repercutiu no texto da atual Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional.
No entanto, a Lei nº. 9.394/96, no ato de sua promulgação não deixou claro se o
ensino de Filosofia seria trabalhado como disciplina ou se seria diluído em outras áreas
do conhecimento ou ainda tratado como projetos. Essa ambigüidade gerou
interpretações contraditórias, uma vez que o texto da LDB apenas facultou a oferta do
ensino de Filosofia:

*
As decisões legais tomadas em relação à disciplina de Filosofia estendem-se também à disciplina de
Sociologia.
2

Art. 36. O currículo do Ensino Médio observará o disposto na Seção I deste


Capítulo e as seguintes diretrizes:
§ 1º. Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão
organizadas de tal forma que ao final do Ensino Médio o educando demonstre:
I – (...)
II – (...)
III – domínio dos conhecimentos de Filosofia e Sociologia necessários ao
exercício da cidadania. (BRASIL, 2008a, p.42)

A Resolução CNE/CBE nº. 3/98 que instituiu as Diretrizes Curriculares


Nacionais para o Ensino Médio, em seu Art. 10, apenas reiterou a LDB, prevendo o
seguinte tratamento para a disciplina de Filosofia:

Art. 10. A base nacional comum dos currículos do Ensino Médio será
organizada em áreas de conhecimento, a saber:
§ 2º. As propostas pedagógicas das escolas deverão assegurar tratamento
interdisciplinar e contextualizado para:
a) (...)
b) Conhecimentos de Filosofia e Sociologia necessários ao exercício da
cidadania. (BRASIL, 1998, p. 6)

Entretanto, com a mobilização de setores ligados à educação, que defendem a


inclusão da Filosofia como um dos esforços para a qualificação do Ensino Médio no
Brasil, as redes públicas estaduais começaram a adotar a disciplina de Filosofia em sua
organização curricular. Tal inclusão não foi determinada por lei federal ou por norma
nacional, mas pelos próprios sistemas estaduais de ensino, seja por iniciativa própria,
seja por força da legislação estadual. Em alguns Estados a disciplina configurou-se
como disciplina obrigatória e em outros como optativas. Alves (2002, p. 54) afirma que
todas as vezes que a Filosofia teve seu espaço reduzido no currículo coincidiram com os
momentos em que a legislação federal tornou-a optativa ou quando se pronunciou de
forma ambígua e contraditória a respeito desta questão.
Essa realidade trouxe uma situação de desigualdade quanto ao acesso aos
conhecimentos de Filosofia, considerando que alguns Estados não haviam incluído o
ensino de Filosofia no currículo do Ensino Médio, o que ocorreu igualmente na rede
particular de ensino, em que parte das escolas tomou a iniciativa de inclusão, porém
muitas outras não o fizeram.
Em 2005 foi protocolado no Conselho Nacional de Educação o documento
Diretrizes Curriculares das disciplinas de Sociologia e Filosofia no Ensino Médio,
elaborado pela Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação com a
participação de representantes de várias entidades. Uma das indagações constante neste
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documento era como garantir que os ‘conhecimentos de Filosofia e Sociologia


necessários para o exercício da cidadania’ seriam tratados efetivamente pelas demais
disciplinas escolares de forma interdisciplinar e contextualizada. Ao final das
argumentações propuseram a alteração do Art. 10 da Resolução CNE/CBE nº. 3/98.
Assim, em fevereiro de 2006 a Câmara de Educação Básica promoveu reunião
com entidades e pessoas para a discussão do tema “Alteração das Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio/inclusão de componentes curriculares
obrigatórios de Filosofia e Sociologia”, com base na proposta da Secretaria da Educação
Básica. Em julho do mesmo ano foi aprovado o Parecer CNE/CBE nº. 38/2006 que
versa sobre a inclusão obrigatória das disciplinas de Filosofia e Sociologia no currículo
do Ensino Médio, o qual fundamentou a Resolução nº. 04/2006, que alterou o § 2º do
Art. 10 da Resolução nº. CNE/CBE nº. 03/98 que passou a ter a seguinte redação:

§ 2º. As propostas pedagógicas de escolas que adotarem a organização


curricular flexível, não estruturada por disciplinas, deverão assegurar
tratamento interdisciplinar e contextualizado, visando ao domínio de
conhecimentos de Filosofia e Sociologia necessários ao exercício da cidadania.
(BRASIL, 2006a, p. 1)

Além desta alteração foi acrescentado o § 3º com a seguinte redação:

§ 3º. No caso das escolas que adotarem, no todo ou em parte, organização


curricular estruturada por disciplinas, deverão ser incluídas as de Filosofia e
Sociologia. (Idem)

Cabe ressaltar que a preocupação com o ensino de Filosofia e Sociologia esteve


presente em outras instâncias, inclusive no Legislativo. O Presidente Fernando
Henrique Cardoso que sancionou a Lei nº. 9.394/96, chegou a vetar integralmente
Projeto de lei aprovado Congresso Nacional que instituía a obrigatoriedade dessas
disciplinas no Ensino Médio brasileiro. Entretanto, outras iniciativas parlamentares
foram registradas, tanto na Câmara dos Deputados como no Senado.
Somente em 02 de junho de 2008 foi sancionada a Lei nº. 11.684/2008 que
alterou o Art. 36 da LDB, a qual acrescentou o inciso IV com a seguinte redação: “serão
incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do
Ensino Médio”. A referida Lei ainda, revogou o inciso III, do § 1º, do mesmo artigo,
que apenas mencionava que ao final do Ensino Médio o educando deveria demonstrar
domínio dos conhecimentos de Filosofia e Sociologia necessários ao exercício da
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cidadania. A nova Lei é bem clara em suas intenções, não deixando dúvidas em sua
interpretação.
Resolvida a questão da inclusão da disciplina de Filosofia na organização
curricular do Ensino Médio, verificou-se a existência de outros problemas quanto ao seu
ensino, trata-se da organização dos conteúdos e a escassez de profissionais
licenciados/habilitados para ministrarem as aulas de Filosofia.
A partir da leitura das Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio,
publicação do Ministério da Educação, percebeu-se que as sugestões de temas e
conteúdos indicados para o ensino de Filosofia são destinados a profissionais
licenciados em Filosofia.
A afirmação da obrigatoriedade, inclusive na forma da lei, torna-se essencial
para qualquer debate interdisciplinar, no qual a Filosofia nada teria a dizer, não
fora também ela tratada como disciplina, ou seja, como conjunto particular de
conteúdos e técnicas, todos eles amparados em uma história rica de
problematização de temas essenciais e que, por conseguinte exige formação
profissional específica, só podendo estar a cargo de profissionais da área.
(grifo nosso) (BRASIL, 2008b, p.16-17)

Estabelecer o que o aluno deve aprender e que competências e habilidades


deverá desenvolver nas aulas de Filosofia no Ensino Médio configura uma tarefa a ser
enfrentada de maneira diferente daquela que se espera em qualquer outra disciplina, em
função das características que são próprias do filosofar. Diferentemente de outras
disciplinas, não existe um pré-requisito para se introduzir a filosofia, a não ser quanto
aos cuidados necessários com o estágio de competência de leitura e abstração do aluno,
assim como os conhecimentos e valores que ele traz consigo (Brasil, 2000, p. 41-42)

2. O Ensino de Filosofia no Centro de Ensino Médio de Gurupi

O Centro de Ensino Médio de Gurupi (CEM-GURUPI), unidade escolar da Rede


Estadual do Tocantins, localizada no centro urbano do município de Gurupi/TO, atende
aproximadamente 1.000 alunos, distribuídos nos três turnos de funcionamento. O corpo
docente é composto atualmente por 32 professores, todos graduados em licenciaturas
específicas, sendo que 90% destes possuem cursos de pós-graduação em nível de
especialização na área educacional. A equipe pedagógica é formada por nove
profissionais: Diretor, seis Suportes Pedagógicos (Coordenadores Pedagógicos e
Orientadores Educacionais) e dois Auxiliares de Apoio Pedagógico.
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A primeira preocupação da equipe pedagógica com o ensino de Filosofia surgiu


logo no início deste ano, com a modulação dos profissionais que iriam ministrar a
disciplina, uma vez que a unidade escolar não contava com nenhum professor com
habilitação específica na área. Assim tornado-se necessário que profissionais de outras
áreas assumissem a responsabilidade das aulas de Filosofia. Até o momento a disciplina
era ministrada apenas por pedagogos, com a necessidade de professores de outras
disciplinas assumirem as aulas de Filosofia, priorizou-se a escolha daqueles licenciados
em História, conforme Gallo (2007) afirmou que de forma emergencial licenciados em
áreas afins, como História e Ciências Sociais, poderiam assumir as aulas. Desta forma, o
grupo de professores foi composto por três pedagogos, dois historiadores e um
licenciado em Letras∗∗.
A segunda preocupação foi a constatação de que a disciplina de Filosofia
funcionava como complementação de carga horária, além disso, a partir da observação e
a análise do planejamento dos professores e das aulas de Filosofia verificou-se uma
multiplicidade de abordagens de conteúdos e metodologias, evidenciando que a
disciplina havia se transformado em uma “colcha de retalhos”.
Diante do exposto, o que fazer? De um lado, a lei que tornou obrigatória a oferta
da disciplina e as orientações curriculares que exigem a formação específica dos
profissionais e de outro, o sistema de ensino que não supre tal exigência, e
conseqüentemente a disciplina acaba sendo ministrada por profissionais não habilitados,
e muitas vezes não preparados. O que fazer para não permitir que a disciplina caia no
descrédito dos alunos? Diante da complexidade dos questionamentos, tornou-se
necessário repensar o ensino de Filosofia sob a ótica e análise de professores não-
filósofos. Então, o que ensinar? sem recair na afirmação de Imannuel Kant, “não se
ensina Filosofia, ensina-se a filosofar”, repetida inúmeras vezes por muitos professores.
Há muitos questionamentos, e por enquanto poucas respostas.
Diante da situação apresentada, criou-se um Grupo de Trabalho, composto pelos
professores da disciplina e equipe de suporte pedagógico, com o intuito de discutir e
propor melhorias ao ensino da disciplina de Filosofia no Ensino Médio no CEM-

∗∗
No segundo semestre/2008 ocorreram mudanças no quadro de professores da unidade escolar. Com a
saída de um dos professores licenciados em História, o mesmo foi substituído por um profissional
licenciado em Filosofia, em regime de contrato provisório.
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GURUPI, este trabalho exigiu reuniões e um estudo sistemático sobre o assunto,


partindo do contexto filosófico. O objetivo principal do grupo foi a construção de uma
proposta de ensino e avaliação destinada a professores não-filósofos.

3. Construindo a proposta de ensino

A Proposta Curricular para o Ensino Médio do Estado do Tocantins (2007, p.


247) afirma que a Filosofia enquanto disciplina escolar deve proporcionar ao educando
a oportunidade para o desenvolvimento de competências que torne o aluno sujeito
autônomo e cidadão consciente. Assim, cabe ao educador promover e provocar
condições para que o aluno construa seu conhecimento crítico e se oriente na direção da
autonomia da ação. Desta forma, o acesso ao conteúdo filosófico deve ser feito de forma
reflexiva, buscando os pressupostos dos conceitos e exercitando a capacidade de
problematização.
Tal Proposta Curricular abre espaço para o professor desenvolver um programa a
partir de temáticas, tomando a História da Filosofia como referencial constante das
reflexões, evitando equívocos e a banalização do conhecimento filosófico. A utilização
da História da Filosofia como recurso não a reduz à exposição de fatos e idéias, mas sim
um retorno à gênese dos conceitos e à sua reinterpretação até compreendê-los a partir do
contexto atual. (Brasil, 2000, p. 51)
A partir das discussões tornou-se evidente que o ensino de Filosofia requer
domínio conceitual, metodológico e epistemológico apropriado e coerente com a
própria natureza do conhecimento filosófico, de modo que a reflexão permanente deve
ser objetivo pedagógico principal da “filosofia escolar”, o que exige constante estudo.
Para Favaretto (2008, p. 48), situar a Filosofia como disciplina implica uma
tomada de posição para que a sua contribuição seja significativa quanto aos conteúdos e
processos cognitivos. Favaretto ainda propõe que para a efetivação do sentido
pedagógico do ensino de Filosofia, podem ser formadas duas posições gerais, uma
estritamente filosófica e outra que enfatiza procedimentos gerais de pensamento.

Essas posições não são excludentes, são componíveis. A primeira enfatiza a


constituição histórica do pensamento, mostrando como os problemas
filosóficos vão se formando nos filósofos, nos textos, de modo específico. A
segunda enfatiza os procedimentos de pensamento que se encontram nos
exercícios da reflexão. Nas duas posições é possível tomar-se a história da
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filosofia como centro ou como referencial para a montagem de conteúdos de


ensino. (FAVARETTO, 2008, p. 52-53)

Com os estudos propostos pelo Grupo de Trabalho constatou-se que as aulas de


Filosofia não eram significativas para os alunos, em contrapartida, estes não
demonstravam interesse ou qualquer tipo de valorização pelo trabalho desenvolvido em
sala de aula. Afinal, a reimplantação de uma disciplina que por muito tempo esteve
ausente na maioria das instituições de ensino não se configurou em um processo
simples. Assim, para se construir uma proposta de ensino, inicialmente é necessário que
o professor tenha clareza sobre o que ele entende por Filosofia e mantenha coerência
entre aquilo que ele entende e aquilo que ele ensina em sua prática escolar.
Com o intuito de tornar a disciplina agradável e significativa aos alunos o Grupo
de Trabalho tomou por orientação didático-metodológica a proposta de Gallo (2006),
em que o ensino de Filosofia é realizado em quatro etapas.
Na primeira etapa ocorrerá a sensibilização, pois alunos precisam ser
sensibilizados para os problemas, de modo a vivê-los como seus. Deverá existir relação
do tema com a vida dos alunos. Depois de sensibilizados, partir-se-á para a segunda
etapa, a problematização, que é a transformação do tema em problema, o professor
estimulará os alunos a produzirem questionamentos sobre o tema abordado.
A partir dos questionamentos surgidos durante as aulas, iniciará a terceira etapa,
a investigação, em que o professor recorrerá à História da Filosofia e aos filósofos que
em determinada época e contexto pensaram sobre o tema em questão como pano de
fundo, atribuindo assim, sentido aos textos filosóficos. A quarta e última etapa, a
conceituação, os alunos recriarão os conceitos estudados, refazendo o movimento do
pensamento, ou até mesmo, criando um novo conceito que ofereça uma outra forma de
resolver o problema, tornando-se assim, protagonistas de sua própria aprendizagem. A
esse respeito Gallo ressalta

talvez o leitor pense ser muita pretensão afirmar que estudantes do Ensino
Médio tenham condições de criar seus próprios conceitos. Criar um conceito
não significa, apenas e necessariamente, criar uma obra-prima que atravessará
os séculos. O jovem estudante pode criar um conceito que diga respeito apenas
às sua experiência pessoal, que não adquira maior sentido fora e para além de
sua própria experiência. Mas isso não obscurece o fato de ele ter sido capaz, de
haver ele mesmo feito a experiência do pensamento. É esse tipo de liberdade e
autonomia de pensamento que penso que as aulas de Filosofia no Ensino
Médio podem oportunizar aos jovens brasileiros, e que nenhuma outra
disciplina o fará. (2006, p. 3-4)
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Desta forma, o ensino de Filosofia seria tratado como uma ação reflexiva, um
ensino ativo, e não como mais uma série de conteúdos, idéias e sistemas sem nenhum
significado a serem decorados pelos alunos.

3.1 Os conteúdos

A Filosofia investiga os instrumentos do pensar, como a lógica e a metodologia,


distingue e compara diversas formas de apreensão do real, tais como mito, religião,
senso comum, ciência, filosofia etc., elabora a teoria do conhecimento, indagando sobre
as possibilidades e os limites desse conhecimento. (BRASIL, 2000, p. 45)
Assim como na primeira série os alunos chegam ao Ensino Médio sem terem
contato com a disciplina de Filosofia, neste momento, ao contrário do que recomenda a
Proposta Curricular estadual, que os trabalhos sejam iniciados a partir da análise
temática, os temas propriamente ditos filosóficos não serão apresentados. Nesta etapa da
escolarização média, a abordagem histórica, terá maior relevância. A priori não se
falaria em Filosofia, seu conceito será construído durante as aulas.
Em relação aos conteúdos partiría-se da evolução humana juntamente com a
evolução do pensamento, auxiliados por temas tratados na psicologia, de forma que o
aluno compreenda como se constitui e se forma o pensamento, uma vez que a atitude
filosófica exige muito do “pensar”.
Em seguida, serão estudados o Mito e os mitos, entendida a sua função de
ordenar e explicar uma realidade concreta por meio de elementos sensíveis pertencentes
à realidade social, ou seja, uma narrativa que explica a origem de alguma coisa, como
visão de mundo. Após o entendimento da explicação mítica da realidade, o próximo
conteúdo abordado será a estrutura epistemológica do conhecimento (senso comum,
filosófico, científico, teológico e artístico), buscando a passagem do senso comum para
o senso crítico.
A Filosofia será o quarto conteúdo a ser apresentado, abordando o seu conceito,
objetivos, práticas e aplicabilidade no cotidiano, assim como as diferentes filosofias
existentes. Logo em seguida serão estudados a História da Filosofia e a Filosofia na
História, o ponto inicial para o tratamento deste conteúdo partirá do surgimento da
Filosofia entre os gregos, perpassando pelos principais períodos: Filosofia Antiga,
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Patrística, Medieval, Renascentista, Moderna, Iluminista e Contemporânea, estudando-


se os grandes pensadores e filósofos, bem como os grandes embates da Filosofia,
principalmente envolvendo a religião, propriamente o Cristianismo. Este conteúdo se
encerrará com a Filosofia no Brasil.
O objetivo até aqui não é oferecer um curso de História de Filosofia, mas
permitir que o aluno vislumbre um panorama a respeito do que será estudado durante
todo o Ensino Médio. Trata-se da introdução dos conteúdos, propiciando que o aluno
avance em sua escolarização debatendo temas e problemas filosóficos, situando-os em
um contexto histórico e buscando suas fontes a fim de relacioná-los com a atualidade.
A partir desta preparação, ainda na primeira série, os alunos terão contato com
os temas filosóficos, sendo estudada a Metafísica, enfocando seus diferentes conceitos e
pensadores.
Para a segunda e terceira séries a abordagem adotada partirá de temas e
problemas, sempre os relacionando ao contexto vivenciado pelos alunos. Para a segunda
série foram selecionados os seguintes temas: razão, verdade, conhecimento, lógica, as
ciências, a tecnocracia e a bioética, sendo abordadas as características do método
científico e a tecnologia a serviço dos objetivos do homem, cultura e arte, o
desenvolvimento da sensibilidade e imaginação. Para a terceira série: religião, moral ,
ética, política, autonomia, liberdade, relações de poder e democracia. Esta organização
não será rígida, e nem necessariamente seqüencial, permitindo ao professor flexibilizá-
la à medida que os questionamentos surgirem durante as aulas.
Todos os temas trabalhados partirão da perspectiva de diferentes filósofos, e da
realidade, ancorados em textos que enfoquem a tradição filosófica, buscando-se sempre
as referências históricas. A organização das aulas seguirá as orientações didático-
metodológicas: sensibilização, problematização, investigação e conceituação,
propiciando o desenvolvimento das capacidades de análise e leitura, técnicas de
raciocínio e argumentação, métodos de questionamentos e expressão.

3.2 A avaliação

Definida a organização curricular tornou-se também necessário repensar a


prática avaliativa. Além dos instrumentos comumente utilizados no cotidiano escolar:
provas, trabalhos escritos, seminários dentre outros, propõe-se a utilização do portfólio.
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Conforme Estrutura Curricular para o Ensino Médio, aprovada pelo Conselho


Estadual de Educação por meio da Resolução CEE/TO nº. 1/2004 a carga horária da
disciplina de Filosofia será de uma aula semanal com quarenta e oito minutos de
duração, sendo ofertada nas três séries desta modalidade de ensino. Decorrido um
bimestre, seriam dadas, aproximadamente, dez aulas de Filosofia em cada turma.
A carga horária sempre foi uma reclamação constante entre os professores, os
quais justificam que o tempo é insuficiente para a realização de um trabalho coerente e
significativo. Baseado neste argumento optou-se pelo portfólio como prática avaliativa.
O portfólio é um instrumento que compreende a compilação dos trabalhos realizados
pelos alunos, durante determinado período de tempo, trata-se do registro da trajetória de
aprendizagem dos alunos, do processo de investigação e documentação desta trajetória.
O portfólio é um instrumento centrado no processo e não apenas no resultado.
Assim, professores e alunos ganhariam mais tempo para o desenvolvimento da
aprendizagem, que não ficaria restrito à sala de aula. De acordo com Alvarenga (2001)
o grande mérito do portfólio é a sua tendência a centrar a reflexão na prática já que esta
é a referência para construção e reconstrução do conhecimento.
Entretanto, a utilização do portfólio necessita conhecimento e tempo, além de se
tratar de um processo trabalhoso, tanto para o aluno quanto para o professor. Os
professores devem ter claro que o portfólio não se refere apenas a coleta de material,
que caracteriza a amostra de trabalhos por parte dos alunos, mas que a sua organização
seja um indicador real das aprendizagens obtidas, para que a avaliação seja justa,
embora rigorosa.
Alvarenga (2006) afirma que a maioria dos autores estudados oferece sugestões
ao indicar o formato para a exibição. Destacam a importância de um sumário bem
elaborado que oriente, tanto o aluno como o leitor, para o conteúdo do portfólio, bem
como para a localização de determinadas tarefas e/ou produtos. A mesma autora em
suas pesquisas ainda aponta etapas de elaboração do portfólio, de forma a torná-lo
eficaz, além de indicadores para a avaliação do mesmo.
Para elaboração são citadas quatro etapas:
• determinar os objetivos, as competências e habilidades a serem
desenvolvidas e avaliadas;
• coletar os trabalhos com intenção e propósito;
• determinar como os trabalhos serão organizados e onde serão arquivados;
• selecionar e avaliar os trabalhos. (ALVARENGA, 2006, p. 144)
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Alguns indicadores gerais de avaliação e monitoramento do portfólio deverão


ser considerados, embora outros do arbítrio do professor sejam também válidos. Por
exemplo, quanto:
• à organização;
• à documentação e demonstração do conhecimento do aluno sobre o conteúdo
desenvolvido;
• à presença de reflexões sobre os temas;
• a evidências que demonstrem como o progresso aconteceu;
• à demonstração do conhecimento obtido e a aplicação do mesmo;
• a reflexões do aluno com os indícios ou indicadores do progresso em
aprendizagens factuais, conceituais, atitudinais e procedimentais.
(ALVARENGA, 2006, p. 143)

No que se refere ao processo de avaliação da disciplina de Filosofia sugere-se


para compor o portfólio: registros de aulas-passeios, textos e artigos lidos seguidos de
intervenções pessoais (fichamentos), projetos e relatórios de pesquisa, auto-avaliações,
indicações de leituras, sites e filmes, recortes, fotografias, registro de entrevistas
realizadas, registro de estudos de caso, anotações de aulas e experiências, trabalhos e
produções individuais ou grupais, leituras complementares, relatórios/comentários de
filmes assistidos, produções artísticas, diário reflexivo do processo ensino e
aprendizagem, glossário entre outros.
Mesmo com a apresentação de tais sugestões o que caracteriza o portfólio como
modalidade de avaliação não é o seu formato físico, mas a concepção de ensino e
aprendizagem que ele veicula.
A definição dos materiais que podem ser usadas pelos alunos como prova ou
evidência do aprendizado deve estar em sintonia com o planejamento das aulas feito
pelo professor, assim como, também é de sua responsabilidade a indicação de
informações e leituras adicionais para que os alunos compreendam e elaborem
adequadamente as tarefas propostas. Além disso, devem esclarecer quais evidências
básicas são importantes e quais processos e procedimentos são necessários para
documentar as realizações, bem como encorajar os alunos a refletirem sobre suas
habilidades, dificuldades, interesses e experiências, estimulando a criatividade.
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5. Considerações Finais

O ensino de Filosofia na educação média ao longo do tempo sofreu grandes


transformações, ora se apresentando como disciplina obrigatória ora como disciplina
optativa. Somente após a sanção da Lei nº. 9.394/96, vislumbrou-se a reintrodução da
mesma no currículo escolar oficial. Entretanto, a interpretação de tal lei trouxe certas
contradições e ambigüidades, que só vieram a ser totalmente solucionadas em junho de
2008 com a provação da Lei nº. 11.684/2008 que inclui obrigatoriamente as disciplinas
de Filosofia e Sociologia no currículo do Ensino Médio.
Uma vez solucionada a legalidade da oferta da disciplina, tornou-se necessário
repensar a organização de conteúdos a serem ministrados nas aulas de Filosofia, para
tanto se criou no interior da escola um Grupo de Trabalho que objetivou discutir e
propor soluções para a melhoria do ensino de Filosofia no Ensino Médio.
A proposta de ensino apresentada encontra-se em fase de conclusão, com
previsão de implantação e implementação para o ano letivo de 2009. Trata-se de uma
tentativa de tornar a disciplina de Filosofia atraente aos olhos dos alunos e
descomplicada aos professores, unificando o entendimento do corpo docente e
minimizando alguns prejuízos ocorridos ao longo dos anos.
Conjuntamente com a proposta de organização de conteúdos, apresentou-se
também uma proposta de avaliação, centrada na construção de portfólios, otimizando
assim os tempos e espaços de aprendizagem dos alunos e professores. Assim, o papel do
professor, consiste em dar elementos para o aluno examinar de maneira crítica as
certezas recebidas e descobrir os preconceitos muitas vezes velados que as permeiam.
A proposta de ensino destinada a professores não-filósofos tem o objetivo de
desenvolver inteligências dialéticas ao invés de reproduzir conhecimentos estanques e
petrificados, de modo que a reflexão permanente seja objeto pedagógico da filosofia
escolar, para que o pensar criticamente não seja um privilégio apenas de um
determinado grupo de alunos em cada sala de aula, mas que seja uma conseqüência
natural do ofício de ser estudante.
A Filosofia auxilia o aluno a lançar outro olhar sobre o mundo e a transformar a
experiência vivida em experiência compreendida, desta forma, não pode ser
“facilitada”, deve ser “desmistificada” daquilo que tem sido muito difundido, que a
Filosofia é algo muito difícil, atividade própria de filósofos profissionais.
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Referências Bibliográficas:

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Lamparina, 2008.

TOCANTINS. Secretaria da Educação e Cultura. Proposta Curricular para o Ensino


Médio – versão preliminar. Palmas: SEDUC, 2007, p. 239-256.

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1
Pedagoga, Técnica em Avaliação de Desempenho da Secretaria da Educação e Cultura do Estado do Tocantins, tendo
exercido a função de Suporte Pedagógico no Centro de Ensino Médio de Gurupi entre os anos de 2006 a 2008.
2
Historiador, Especialista em Metodologia do Ensino Superior/UEG e História da África e cultura Afro-Brasileira/UFT,
Professor de História e Filosofia do Centro de Ensino Médio de Gurupi.
3
Bióloga, Mestranda em Produção Vegetal/UFT, Suporte Pedagógico do Centro de Ensino Médio de Gurupi.

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