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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Curso de Engenharia Elétrica


Automação de Medidores de Energia Elétrica
Carlos Henrique Marcelino Balan
Poços de Caldas 2010
Carlos Henrique Marcelino Balan
Automação de Medidores de Energia Elétrica
Trabalho
apresentado
à
disciplina
de
Orientação de Projeto de Fim de Curso da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerai
s, Campus Poços de Caldas.
Orientador: Ramiro Romankevicius Costa
Poços de Caldas 2010
B171a
Balan, Carlos Henrique Marcelino. Automação de Medidores de Energia Elétrica. Poços de C
aldas, MG, 2010.
Orientador: Ramiro Romankevicius Costa. Relatório de Projeto de Fim de Curso – Ponti
fícia Universidade Católica de Minas Gerais – campus Poços de Caldas, Curso de Engenhari
a Elétrica.
1. Automação 2. Energia Elétrica CDU 681.3.098: 621.31
Carlos Henrique Marcelino Balan Automação de Medidores de Energia Elétrica Trabalho ap
resentado à disciplina Orientação de Projeto de Fim de Curso da Engenharia Elétrica da P
ontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – campus Poços de Caldas.
. Prof. M.Sc Ramiro Romankevicius Costa (Orientador) – Puc Minas
. Prof. M.Sc Rodrigo Gonçalves – Puc Minas
. Prof. M.Sc Francislei José da Silva – Puc Minas
Poços de Caldas, 9 de Junho de 2010
Aos meus pais. Que sempre me incentivaram, e acreditaram na minha vitória.
AGRADECIMENTOS
Agradeço Primeiramente a Deus pela luz que iluminou e guiou meus passos por todos
estes anos de estudo.
Agradeço a minha família, em especial aos meus pais, Ademir e Natalina, por todo o a
poio e incentivo que me dedicaram. Agradeço aos professores, “fontes do saber”, que se
tornaram amigos e conselheiros ao final do curso.
Agradeço a todos aqueles que de alguma forma me ajudaram com o desenvolvimento des
te trabalho.
Agradecimentos a todos aqueles que foram reconhecidos ou não. Aos que de alguma ma
neira se orgulharam. Todos têm a sua importância e serão sempre lembrados.
“Quem teme perder já está vencido. Somente se aproxima da perfeição quem a procura com con
stância, sabedoria, e sobretudo, com muita simplicidade”
Pensamento Chinês.
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo o estudo e o desenvolvimento de um sistema
wireless de aquisição e transmissão de dados, para ser aplicado à leitura automatizada d
e medidores de energia elétrica residenciais, possibilitando efetuar a leitura do
consumo de energia de forma remota, reduzindo assim os custos com a mão de obra ne
cessária para este serviço. Neste trabalho também são abordados conceitos que visam uma
contribuição para a evolução destes medidores, oferecendo uma solução para os atuais proble
as referentes à leitura, furto de energia, fraude, corte e religamento e tarifação saz
onal. Para a transmissão de dados, será utilizada a rede wireless denominada ZigBee
regulamentada pela norma IEEE 802.15.4, que tem como principais características a
facilidade de criação e manutenção da rede, a grande imunidade a interferências, a facilid
ade de se adicionar novos pontos de acesso, o baixo consumo de energia, entre ou
tras.
Palavras
Chave:
Automação
de
Medidores
de
Energia
Elétrica,
Leitura
Automatizada de Medidores, ZigBee, Eletrônica Embarcada.
ABSTRACT
This work has for objective the study and development of a data acquisition and
wireless transmission system, to be used on the automatic access of residential
electric meters. This allows the acquisition of electric consumption data in a r
emote way, reducing costs and labor in this service. This work also presents con
cepts that aim for a contribution on meters evolution, offering a solution for c
urrents problems with meters reading, electricity theft, fraud, disconnection an
d reconnection of consumers and seasonal fees. For data transmission, it will be
used the wireless network named ZigBee managed by the IEEE 802.15.4 standard, t
hat facilitates network creation and maintenance, has high interference immunity
, easily permits to add new access points, has the lowest energy consumption, an
d others.
Key-words: Electrical Metering Automation, Automated Meter Reading, ZigBee, Emba
rked Electronic.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema básico do sistema elétrico. .....................................
................... 17 Figura 2 - Ramal de entrada de energia do consumidor. ...
....................................... 18 Figura 3 - Medidor de lâmpada-hora de G
ardiner e medidor de lâmpada-hora para corrente alternada de Fuller. .............
........................................................................ 20 Figu
ra 4 - Medidor de ampere-hora químico de Edison ..................................
.......... 20 Figura 5 - Medidor de ampere-hora de Shallenberger. ..............
............................... 21 Figura 6 - Medidor de watt-hora de Shallenber
ger .................................................... 22 Figura 7 - Medidor d
e pré-pagamento oferecido pelas companhias GE, Fort Wayne, Westinghouse e Sangamo
na sequência. ................................................................. 23
Figura 8 - Medidor tipo I produzido pela GE ...................................
........................... 24 Figura 9 - Medidor tipo OB destacável da Westinghou
se ......................................... 24 Figura 10 - Medidor modelo I-50
da GE .................................................................... 26 Fi
gura 11 - Partes constituintes do medidor de energia elétrica.....................
........... 27 Figura 12 - Circuito magnético do medidor de energia elétrica. ......
.......................... 29 Figura 13 - Forças resultantes da interação entre os flu
xos Figura 14 - Forças resultantes da interação entre o fluxo e a corrente . ........
30
e as correntes . .......... 30
Figura 15 - Medidor de Energia Elétrica ..........................................
.......................... 37 Figura 16 - Local para instalação dos sensores. ......
................................................. 39 Figura 17 – Esquema do suport
e dos sensores ópticos. ........................................... 40 Figura 18 -
Suporte dos sensores ópticos. ...................................................
............. 41 Figura 19 – Efeito Bounce. ......................................
.................................................. 41 Figura 20 – Debounce através d
a espera de um determinado tempo ( ) ................ 42 Figura 21 – Erro de debou
nce devido a velocidade variável. .................................... 42 Figura 2
2 – Debounce usando dois sensores para atuar um Flip-Flop tipo D. .......... 43 Fi
gura 23 - Circuito do receptor. ................................................
................................ 43 Figura 24 - Placa de circuito impresso dos s
ensores. ............................................... 44 Figura 25 - Kit de d
esenvolvimento FBee. ...........................................................
..... 45 Figura 26 - Módulo tranceiver FBee. .....................................
.................................... 46 Figura 27 - Topologia estrela...........
.......................................................................... 48 Fi
gura 28 - Topologia árvore. ......................................................
.............................. 49
Figura 29 - Topologia MESH. ....................................................
................................ 49 Figura 30 - Pilha de demonstração do protocolo Z
igBee. ......................................... 50 Figura 31 - Camadas do proto
colo ZigBee. ............................................................... 51
Figura 32 - Funções Primitives e suas respostas. ...................................
.................. 53 Figura 33 - Circuito eletrônico do dispositivo de interface.
........................................ 66 Figura 34 - Circuito montado em pro
toboard. ............................................................ 66 Figura
35 - Teste dos sensores acoplados ao medidor. ..................................
.......... 67 Figura 36 – Teste do circuito de aquisição de dados ....................
............................ 68 Figura 37 – Teste final do protótipo desenvolvido ..
................................................... 69
LISTA DE SIGLAS
AC – Alternated Current ANATEL – Agencia Nacional de Telecomunicações COPPE – Instituto Al
berto Luiz Coimbra de Pós-Graduação em Engenharia FFD – Full Function Device FSK – Frequen
cy Shift Keying GE – General Electric ICSP – In Circuit Serial Programming IEEE – Inst
itute of Electrical and Electronics Engineers ISM – Industrial Scientific Medical
Kd – Constante do disco Kg – Quilograma KV – Quilovolt MAC – Media Access Control MiWi – M
icrochip Wireless PDA – Personal Digital Assistant PHY – Physical PLC – Power Line Com
munications RF – Rádio Frequência RFD – Reduced Function Device RS-232 – Recommended Stand
ard 232 UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro USP – Universidade de São Paulo
V – Volt VHF – Very High Frequency Wh/r – Watt hora por revolução Wi-Fi – Wireless Fidelity
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................
................................ 13 1.1 Considerações Iniciais......................
................................................................ 13 1.2 Justific
ativa ..........................................................................
.............................. 15 1.3 Objetivos ................................
............................................................................ 16
1.3.1 Objetivo Geral ...........................................................
...................................... 16 1.3.2 Objetivos Específicos ............
........................................................................ 16 2 RE
VISÃO DE LITERATURA ..............................................................
................... 17 2.1 Introdução ..............................................
............................................................ 17 2.2 Uma breve hi
stória do surgimento e desenvolvimento dos medidores de energia elétrica ...........
................................................................................
............. 19 2.3 Princípio de funcionamento do Medidor de Energia Elétrica, Elet
romecânico, Residencial ..........................................................
........................ 27 2.4 Contexto atual do mercado energético .............
.............................................. 31 3 METODOLOGIA ................
................................................................................
.... 35 4 DESENVOLVIMENTO ......................................................
..................................... 36 4.1 Desenvolvimento dos sensores a sere
m acoplados ao medidor ................. 36 4.2 Protocolo ZigBee. ..............
................................................................................
44 4.3 Desenvolvimento do dispositivo de aquisição e transmissão de dados. .... 64 4.
4 Testes efetuados com os protótipos .............................................
.................. 67 5 CONCLUSÃO ................................................
........................................................ 70 BIBLIOGRAFIA .......
................................................................................
................. 72 ANEXO A – ARQUIVO PRINCIPAL DO PROJETO DO DISPOSITIVO COORDIN
ATOR ...........................................................................
............................ 73 ANEXO B – ARQUIVO PRINCIPAL DO PROJETO DO DISPOSIT
IVO RFD .......... 99
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Considerações Iniciais
Os avanços efetuados no estudo da eletricidade por volta do século XVIII permitiram
ao homem dominar sua produção e transporte. Com a instalação dos primeiros centros de ge
ração, esta energia passou a ser distribuída, e os gastos com sua produção, divididos entr
e seus consumidores. Mas como deveria ser feito esta cobrança? De início, a energia
elétrica era praticamente toda consumida por lâmpadas a arco voltaico, que eram liga
das ao mesmo tempo e pela mesma chave. Deste modo, iniciou-se uma cobrança pelo te
mpo no qual estas lâmpadas ficavam ligadas. Com esta ideia surgiu o primeiro medid
or de energia elétrica, conhecido por “Medidor de lâmpada-hora”, desenvolvido em 1872 po
r Samuel Gardiner. A partir deste momento, vários pesquisadores iniciaram uma verd
adeira corrida em busca de soluções mais adequadas para a medição de energia elétrica. Den
tre todos os medidores pesquisados, aqueles que mais se destacaram foram os medi
dores de ampere-hora e de watt-hora, que sofreram diversas modificações ao longo dos
anos, sempre procurando atender o mercado de energia elétrica. Nos dias atuais, o
medidor mais utilizado é o medidor de watt-hora, também conhecido por “relógio de luz” co
mo uma analogia ao primeiro medidor desenvolvido por Gardiner. Estes medidores p
odem ser encontrados no formato mais comum, que é o medidor eletromecânico com trans
dutor indutivo e registrador ciclométrico ou de ponteiros, e no formato eletrônico,
com sensores hall efetuando a medição de energia e displays eletrônicos ou registrador
es mecânicos para serem efetuadas as leituras. As leituras destes medidores são feit
as em sua maioria de forma não automatizada, ou seja, um funcionário da concessionária
vai até o medidor todas as vezes que se necessita efetuar uma leitura. Geralmente
estas leituras são feitas uma vez por mês, permitindo as concessionárias efetuar uma
cobrança mensal de seus consumidores.
14
Muitas vezes ocorre de alguns medidores estarem em um local de difícil acesso, ou
no caso de residências muito antigas, estarem dentro da própria residência do consumid
or. Somando este fato à probabilidade de um funcionário efetuar a leitura de forma e
rrada, e a procura por sistemas de medição antifraude, desencadeou-se uma série de pes
quisas com base no desenvolvimento de sistemas para a automatização destes medidores
. Para esta automatização, muitos pesquisadores optaram pelo
desenvolvimento de um medidor totalmente novo, com o dispositivo de acesso a red
e de transmissão já embutido. Esta forma de automatização se mostra viável apenas á longo p
azo, pois seria necessária a troca de todos os medidores atualmente instalados, de
mandando um alto investimento. Na tentativa de reduzir este investimento inicial
, alguns pesquisadores estudam o desenvolvimento de um dispositivo para ser acop
lado ao medidor já existente (de forma pouca invasiva), coletando os dados do mesm
o e os enviando para a central. Desta forma, os medidores atuais poderiam ser ut
ilizados até o final de sua vida útil, reduzindo assim os custos necessários para a im
plantação deste sistema. Para a transmissão destes dados, a maioria dos estudos está sen
do direcionada no sentido de se utilizar a própria rede elétrica como meio de transm
issão, tecnologia denominada PLC (Power Line Communications) e que está atualmente s
endo pesquisada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), porém esta tec
nologia demanda uma adequação das redes elétricas já existentes. Outro meio de transmissão
também cogitado consiste do uso da rede móvel celular (já em uso por algumas concessi
onárias na leitura de medidores instalados em indústrias), porém este método depende de
contratos efetuados com as operadoras de telefonia celular, o que pode vir a ele
var o custo do sistema. Há também alguns estudos direcionados a utilização de redes pess
oais para esta transmissão de dados, como por exemplo, as redes Bluetooth (atualme
nte em teste pela AES Eletropaulo) e a transmissão de dados por infravermelho (já im
plantado em alguns medidores, para sua comunicação com coletores manuais), ambas pad
ronizadas pela norma IEEE 802.11, e também as redes ZigBee e MiWi (Microchip Wirel
ess), padronizadas pela norma IEEE 802.15.4.
15
1.2 Justificativa
Existem vários grupos de pesquisa distribuídos pelo Brasil1 buscando uma solução para a
automação de medidores de energia elétrica, água e gás, sendo que as propostas baseiam na
transmissão de dados por Rádio Frequência (RF) e através da própria rede elétrica (Power Li
e Communications - PLC) entre outras. A grande maioria destas propostas apresent
a alguns pontos frágeis, como a tentativa de desenvolver um medidor totalmente nov
o, tornando muito caro o custo de implantação, além de se utilizar redes de dados vuln
eráveis a interferências e ruídos externos. Neste mesmo tempo, a demanda pela tecnolog
ia de transmissão de dados wireless teve um crescimento significante. Isto se deve
em principal a rede, que por não necessitar de cabos, reduz o tempo e o custo de
implantação. Este mercado tem despertado o interesse de muitos pesquisadores, que bu
scam aprimorar estas redes, possibilitando a transferência de dados a taxas cada v
ez mais elevadas. Seguindo este caminho, algumas empresas estudam a criação de redes
favoráveis à automação, que ao contrário das demais redes para troca de dados, não necessi
a de altas taxas de transmissão, mas sim de segurança e confiabilidade, sendo capaze
s de suportar diversos tipos de interferência, devido ao ambiente onde as mesmas d
everão operar. Este trabalho busca dar prosseguimento aos estudos já iniciados sobre
a aplicação da tecnologia de transmissão de dados wireless padrão IEEE 802.15.4, juntam
ente com seu protocolo ZigBee na automatização da leitura de medidores de energia elét
rica residenciais.
1 COPPE/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia
em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro) – Programa de Planejame
nto Energético. USP (Universidade de São Paulo) - Sistema de cartão pré-pago para consum
o de energia elétrica.
16
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
Este trabalho tem por objetivo o desenvolvimento de um dispositivo eletrônico capa
z de efetuar a leitura dos medidores de consumo de energia elétrica residenciais,
e transmitir estes dados para uma central onde os mesmos serão processados. Espera
-se desenvolver um dispositivo que não altere o funcionamento dos medidores existe
ntes, e que utilize uma rede de transferência de dados imune a interferências e ruídos
externos.
1.3.2 Objetivos Específicos
O trabalho objetiva o desenvolvimento de um dispositivo para uso na automatização da
leitura de medidores de energia elétrica, tendo o estudo direcionado para os segu
intes tópicos: Estudo dos medidores de energia elétrica, suas características e funci
namento. Alocação dos sensores para a leitura do medidor. Desenvolvimento dos circui
tos eletrônicos para: o Módulo de comunicação wireless padrão ZigBee. o Interface entre o
dispositivo e o computador. Adequação da desenvolvido. Testes com os protótipos para a
correção de falhas que o mesmo possa apresentar. pilha de protocolo ZigBee para o d
ispositivo
17
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Introdução
A energia elétrica passa por uma série de equipamentos desde sua produção, a chegada ao
consumidor. Estes equipamentos fazem parte do sistema elétrico e podem ser dividid
os em três partes distintas: a produção, a transmissão e a distribuição; como ilustra a Fig
ra 1.
Figura 1 - Esquema básico do sistema elétrico. Fonte: Creder, 2002.
A produção de energia elétrica é efetuada normalmente por meio de geradores de grande po
rte, que podem ser movidos pela força da água, no caso de hidrelétricas; pela força do v
apor, no caso de termoelétricas, usinas nucleares, e alguns tipos de usinas solare
s; pela força do vento, no caso das usinas eólicas; etc. Os centros de produção de energ
ia elétrica são denominados “Usinas”, e são interligados entre si e aos pólos de consumo po
meio de linhas de transmissão. Esta interligação possibilita as Usinas um melhor cont
role de sua produção, pois uma delas pode ficar responsável por manter o sistema estável
, enquanto as outras operam com uma geração fixa, ou seja, quando uma carga é adiciona
da ou retirada do sistema, a Usina responsável pela estabilidade aumenta ou diminu
i sua geração de forma proporcional. Para que estas interligações sejam economicamente v
iáveis, as linhas de transmissão devem operar com tensões elevadas, possibilitando a s
ua construção com condutores de bitola menor e diminuindo as perdas de energia neste
s
18
condutores. Assim sendo, temos uma subestação elevadora junto a Usina, e uma subestação
abaixadora junto ao centro de distribuição. Os centros de distribuição são responsáveis por
distribuir a energia elétrica aos consumidores e são normalmente localizados dentro
dos próprios centros de utilização (cidades, bairros, indústrias, etc.). A distribuição de
nergia elétrica se inicia na subestação abaixadora, onde a tensão é abaixada para valores
padronizados (11 kV; 13,2 kV; 15 kV; etc.). Depois esta energia é distribuída pelas
redes de distribuição primária, até perto dos consumidores, onde a tensão é novamente abaix
da para os valores padronizados para a utilização, denominados baixa tensão (380/220 V
, 220/127 V). Esta energia é então distribuída pelas redes de distribuição secundárias, que
são finalmente ligadas aos ramais de entrada dos consumidores, conforme ilustra a
Figura 2.
Figura 2 - Ramal de entrada de energia do consumidor. Fonte: Creder, 2002.
19
A medição de energia elétrica surgiu com o intuito de possibilitar as concessionárias, u
m meio de efetuar o faturamento de seus clientes de forma adequada. Para isso, u
tiliza-se de medidores capazes de registrar a quantidade de energia elétrica que já
foi consumida, e que são instalados nos ramais de entrada dos consumidores.
2.2 Uma breve história do surgimento e desenvolvimento dos medidores de energia elét
rica
De acordo com (Dahle, 2009), por volta do ano de 1870, a eletricidade tinha seu
uso direcionado principalmente para o telefone e o telégrafo, sendo que em questão d
e potência, seu uso era limitado a algumas lâmpadas a arco ligadas em série. Sabendo-s
e que a corrente e a tensão nestas lâmpadas eram constantes, e que todas as lâmpadas e
ram controladas por uma única chave, apenas se fazia necessário medir o tempo no qua
l estas lâmpadas ficavam ligadas, criando-se então uma unidade de medida definida co
mo lâmpada-hora. Em 1872, Samuel Gardiner patenteou o primeiro medidor de energia
elétrica, conhecido como medidor de lâmpada-hora. Este medidor consistia de um mecan
ismo eletromagnético que iniciava e parava a marcação de tempo em um relógio, registrand
o assim o tempo no qual as lâmpadas permaneciam ligadas. A Figura 3 nos mostra um
desenho deste medidor. Em 1878, J. B. Fuller desenvolveu um medidor de lâmpada-hor
a para corrente alternada. Este medidor consistia em uma armadura vibrando entre
duas bobinas e movimentando o registrador para a marcação de tempo, conforme ilustr
ado na Figura 3. Após a invenção da lâmpada incandescente por Edison em 1879 e a divisão d
a iluminação em circuitos com controle individual, tornou-se impraticável a medição da ene
rgia elétrica em lâmpadas-hora, mas a mesma ainda continuou em uso até 1880 com os cir
cuitos de lâmpadas a arco usadas nas ruas.
20
Figura 3 - Medidor de lâmpada-hora de Gardiner e medidor de lâmpada-hora para corren
te alternada de Fuller. Fonte: Dahle, 2009.
Em 1882, Edison abriu sua primeira companhia elétrica para a iluminação incandescente.
Inicialmente, a cobrança de energia elétrica adotada por Edison baseava-se em uma t
axa fixa por lâmpada instalada, porém isto era insatisfatório, então o próprio Edison dese
nvolveu um medidor de ampere-hora químico (Figura 4), constituído de duas placas de
zinco mergulhadas em uma solução condutora e conectadas em série com o circuito elétrico
do consumidor. As placas eram pesadas todos os meses, e as medidas do consumo b
aseavam-se na diferença de peso que ocorria de um mês para outro. Este medidor era p
ouco eficiente e sujeito a erros, mas Edison o preferia devido ao seu interesse
em química.
Figura 4 - Medidor de ampere-hora químico de Edison Fonte: Dahle, 2009.
21
Em 1885, George Westinghouse comprou os direitos do transformador patenteado na
Europa por Gaulard e Gibbs. Um de seus funcionários, William Stanley, refinou o de
sign velho em uma versão comercialmente viável (O professor e inventor Elihu Thomson
já havia desenvolvido um transformador similar por volta de 1879), tornando a tra
nsmissão em corrente alternada possível e mais eficiente que a transmissão em corrente
contínua, já que a queda de tensão em linhas de transmissão longas e a falta de uma man
eira de elevar ou rebaixar a tensão contínua foi o principal motivo. Mas ainda havia
um único obstáculo a ser vencido, não existia um medidor viável á medição de energia alter
a. Foi também em 1885 que Galileo Ferraris fez a descoberta fundamental de que dua
s fases alternadas poderiam fazer uma armadura sólida rodar, isto possibilitou o d
esenvolvimento dos motores de indução, que foram os precursores dos medidores de ene
rgia elétrica por indução. Em abril de 1888, Oliver B. Shallenberger e um assistente e
stavam trabalhando no desenvolvimento de uma nova lâmpada a arco, nos laboratórios d
a Westinghouse, quando uma mola caiu e foi parar em uma saliência perto desta lâmpad
a, quando a mesma começou a rodar, Shallenberger decidiu descobrir o motivo, e des
cobriu que isto se devia ao campo girante da energia que fluía pela lâmpada. Shallen
berger viu então uma oportunidade e com menos de três semanas desenvolveu um medidor
de ampere-hora para corrente alternada (Figura 5), colocando no mercado em meno
s de três meses. Nos 10 anos seguintes foram vendidos mais de 120.000 destes medid
ores.
Figura 5 - Medidor de ampere-hora de Shallenberger. Fonte: Dahle, 2009.
22
Em 1889, Thomson apresentou seu Wattímetro Gravador. Este foi verdadeiramente o pr
imeiro medidor de watt-hora conhecido, e se tornou um sucesso comercial, sendo a
dotado em muitas atividades como modelo padrão. Embora este medidor tenha sido des
envolvido para a medição de energia alternada, ele também funcionava perfeitamente par
a a energia contínua ainda em uso neste tempo. Em 1892, Thomas Duncan (Que já havia
trabalhado com Thomson no desenvolvimento do Wattímetro Gravador) desenvolveu o pr
imeiro medidor por indução que usa apenas um disco para ambos os elementos de condução e
freio (até este momento, os medidores usavam discos separados para cada elemento)
, porém este modelo nunca foi colocado em produção. Em 1894, com o rápido crescimento da
s indústrias de eletricidade, a corrente alternada estava sendo usada para acionar
motores, e os medidores de amperehora e watt-hora existentes estavam incapacita
dos de efetuar a medição devido à variação de tensão e ao baixo fator de potência dos circu
s AC (Alternated Current – Corrente Alternada). Muitos inventores trabalhavam para
desenvolver um novo medidor capaz de efetuar esta medida, mas Shallenberger foi
o que mais se aproximou de um medidor funcional – um pequeno motor de indução com as
bobinas de corrente e tensão defasadas de 90 graus uma da outra. Este conceito foi
refinado no primeiro medidor de watt-hora produzido comercialmente. Este modelo
foi um dos mais pesados (18,6 Kg), e um dos mais caros da época, como mostra a Fi
gura 6.
Figura 6 - Medidor de watt-hora de Shallenberger Fonte: Dahle, 2009.
23
Em 1899, Paul McGahan, engenheiro da Westinghouse Electric & Manufacturing Co.,
anunciou um modelo de medidor polifásico funcional. Dois medidores monofásicos foram
instalados em uma mesma caixa e usavam o mesmo registrador. Este design foi ado
tado por todas as companhias e construído de várias formas até o ano de 1969. Durante
este mesmo ano, a GE (General Electric) introduziu um novo conceito de medidor.
Usualmente, os medidores eram lidos para os consumidores serem cobrados. Uma nov
a versão do wattímetro gravador de Thomson, combinado com um dispositivo externo de
pré-pagamento permitiu cobrar adiantado pelo serviço de energia. Isto evoluiu em uma
linha de medidores de corrente contínua e corrente alternada pré-pagos oferecidos p
ela GE, Fort Wayne, Westinghouse e mais tarde pela Sangamo (Empresa criada em 18
99 com o intuito de produzir os medidores desenvolvidos por Ludwig Gutmann). Alg
uns modelos destes medidores podem ser vistos na Figura 7.
Figura 7 - Medidor de pré-pagamento oferecido pelas companhias GE, Fort Wayne, Wes
tinghouse e Sangamo na sequência. Fonte: Dahle, 2009.
Em 1903 a GE lançou o medidor tipo I (Figura 8), o primeiro medidor de watthora pa
ra corrente alternada produzido em massa, que foram usados até 1960 (Dahle, 2009).
Este modelo também foi considerado o primeiro medidor moderno, pois possui a maio
r quantidade de semelhanças com os medidores atuais. Por volta do ano de 1920, oco
rreram vários avanços no design dos medidores, tais como a introdução das caixas para pr
oteger as conexões dos medidores; os medidores polifásicos foram reprojetados mudand
o os terminais da lateral para o lado de baixo; etc. Além disso, todos os medidore
s foram reprojetados para adicionar dois tipos de compensação e melhorar o desempenh
o.
24
Figura 8 - Medidor tipo I produzido pela GE Fonte: Dahle, 2009.
A compensação de temperatura possibilitou os medidores a manter a precisão dentro de u
ma grande faixa de temperaturas. Antes desta compensação, os usuários podiam ver uma f
lutuação na precisão de acordo com o clima, exigindo ajustes no medidor. A compensação de
sobrecarga possibilitou o medidor a trabalhar em uma grande faixa de cargas, e p
roporcionou precisão de medida nesta faixa. Antes desta compensação, os medidores de c
apacidade baixa não conseguiam medir sobrecargas, enquanto que os medidores de cap
acidade alta eram insensíveis a cargas baixas. Em 1928, a Westinghouse Co. introdu
ziu o primeiro medidor tipo soquete, como mostra a Figura 9. Conhecido como “OB de
stacável”, este medidor constituíase de uma base fixa para a ligação dos fios, e de um cor
po que podia ser desencaixado desta base, permitindo uma troca rápida e fácil.
Figura 9 - Medidor tipo OB destacável da Westinghouse Fonte: Dahle, 2009.
25
Em 1931 o Código Nacional Elétrico foi revisado, permitindo que o medidor fosse cone
ctado ao circuito antes das chaves e fusíveis. Esta modificação possibilitou as conces
sionárias instalarem os medidores do lado de fora das casas dos clientes, dificult
ando os consumidores desonestos em ter contato com a parte da rede antes dos med
idores e possibilitando a leitura do mesmo sem a necessidade de entrar na casa d
o cliente. Na primeira metade da década de 30, os medidores estavam sendo produzid
os sem uma normalização adequada, um mesmo fabricante oferecia modelos de medidores
em diferentes padrões. Isto resultou em um problema para as concessionárias de eletr
icidade, pois a troca de um medidor sempre necessitava em uma mudança na fiação para e
ste medidor. Então em 1934, um comitê com representantes das fábricas de medidores e c
om representantes das
concessionárias de eletricidade, elaboraram dois novos designs padrões (tipo S ou so
quete, e tipo A - base, ou conexão por baixo) para a caixa dos medidores. Isto sim
plificou a troca dos medidores, que passou a ser feita apenas retirando-se o med
idor antigo para a colocação do novo. O final da década de 30 viu outra briga por melh
orias no design dos medidores. Os medidores polifásicos (que eram constituídos de do
is medidores monofásicos) foram reprojetados para incorporar um disco laminado, qu
e permitia a colocação dos estatores destes dois medidores monofásicos lado a lado no
medidor polifásico, sem a interação entre eles. Os medidores polifásicos feitos com base
neste novo design eram apenas um pouco maiores que os medidores monofásicos. Outr
a grande mudança foi em resposta ao problema que tornou óbvio em medidores instalado
s fora das residências nas áreas rurais. Depois das tempestades elétricas, alguns medi
dores começavam a rodar mais rápido devido aos ímãs de freio terem sido enfraquecidos pe
las induções durante a tempestade. Isto foi resolvido trocando os ímãs de aço cromo por ímã
eitos de Alnico, que seguravam melhor o magnetismo. Em 1948, a GE lançou o medidor
monofásico I-50, utilizando o princípio da suspensão magnética, ao invés dos antigos rola
mentos e mancais. O mesmo pode ser visto na Figura 10.
26
Figura 10 - Medidor modelo I-50 da GE Fonte: Dahle, 2009.
O final da década de 50 presenciou outra evolução no design dos medidores, que foi o a
bandono da base de metal usada em medidores tipo soquete, para uma base constituíd
a de vários materiais prensados, além disso, uma melhora nos ímãs de Alnico foi introduz
ida, permitindo que os ímãs de freio fossem incorporados na mesma janela, simplifica
ndo o projeto e melhorando a estabilidade de calibração. No final da década de 60, os
medidores de watt-hora monofásicos passaram por sua última grande mudança: eles foram
redimensionados para um baixo perfil, tornando-os menos evidentes e menos suscep
tível a quebra. Este
redimensionamento também trouxe outro benefício, os novos modelos ficaram no mínimo 1/
2 quilo mais leve que os outros modelos. Com o avanço da Eletrônica nos anos 70, os
fabricantes começaram a introduzir os registradores eletrônicos e os dispositivos au
tomáticos de leitura. Por volta do meio da década de 80, os fabricantes estavam ofer
ecendo medidores híbridos, com registradores eletrônicos montados em medidores indut
ivos. Por volta do começo da década de 90, os avanços na eletrônica permitiram aos fabri
cantes iniciarem a fabricação de medidores completamente eletrônicos, sem o uso de par
tes móveis (que permitiam o acesso dos infratores a várias funções nos medidores). Segui
ndo a grande aceitação dos novos medidores eletrônicos, os fabricantes começaram a dimin
uir a produção dos medidores polifásicos, e tão logo quanto os medidores monofásicos eletrô
icos se tornaram populares e viáveis, alguns fabricantes descontinuaram a produção dos
modelos eletromecânicos monofásicos.
27
2.3
Princípio
de
funcionamento
do
Medidor
de
Energia
Elétrica,
Eletromecânico, Residencial
Também conhecido como medidor tipo indução por apresentar um princípio de funcionamento
idêntico ao de um motor de indução, este tipo de medidor ainda é hoje o modelo mais util
izado para efetuar a medição de energia elétrica. Seu princípio de funcionamento baseia-
se nas correntes de Foucault induzidas no disco. A interação eletromagnética entre est
as correntes induzidas no disco e o fluxo magnético que atravessa o mesmo irá produz
ir uma força, e consequentemente um conjugado em relação ao eixo do disco, fazendo-o g
irar. O medidor tipo indução é constituído basicamente das partes mostradas na Figura 11
.
Figura 11 - Partes constituintes do medidor de energia elétrica. Fonte: Creder, 20
02
Base – Constituída de uma liga de ferro fundido. Tem a finalidade de servir de apoio
aos demais componentes e de protegê-los do ambiente externo.
28
Tampa – Constituída de vidro. Tem o objetivo de proteger o interior do medidor propo
rcionando uma visão dos seus componentes. Disco – Feito de alumínio lavrado (esculpido
) e com orifícios. É acoplado por um eixo ao registrador. Mostrador – Indica a leitura
do registrador, bem como sua escala de grandeza. Registrador – Registra o consumo
de energia elétrica e pode ser de ponteiros ou de cilindros graduados. Bobina de
potencial – Ligada em paralela a carga. É constituída de um grande número de espiras de
fio fino. Bobinas de corrente – Ligada em série com a carga. É constituída de algumas po
ucas espiras de fio grosso. Núcleo – Constituído de lâminas de material ferromagnético, j
stapostas e isoladas uma das outras, para diminuir as perdas por corrente de Fou
cault. Imã – Imã permanente responsável por produzir um conjugado de frenagem ou de amor
tecimento no disco. Compartimento dos bornes – Permite o acesso aos bornes onde são
ligados os cabos de entrada e saída de energia do medidor. Bornes – Permite a conexão
das bobinas de tensão e corrente aos cabos de alimentação e carga, de forma rápida e fácil
. Parafuso de Ajuste – Utilizado para regulagem do medidor.
As bobinas de corrente e potencial recebem este nome devido ao modo como são ligad
as no medidor, ou seja: A bobina de potencial é ligada em paralelo com a carga. De
ste modo, a bobina será alimentada com a mesma tensão (potencial) a qual a carga é ali
mentada. Sabendo que a impedância da bobina é constante, a corrente que irá circular p
ela mesma será proporcional à tensão que lhe é aplicada, ou seja, a tensão que é aplicada a
carga (Figura 12). A bobina de corrente é ligada em série com a carga. Deste modo, a
corrente que circula por esta bobina é a mesma que circula pela carga (Figura 12)
.
29
Figura 12 - Circuito magnético do medidor de energia elétrica.
De acordo com o princípio da interação eletromagnética:
Um condutor percorrido por uma corrente , na presença de um campo magnético , fica s
ubmetido a uma força , de sentido dado pela regra da mão direita e módulo dado pela eq
uação , onde é o comprimento do condutor sobre ação do campo magnético e é o ângulo entre o
r de campo Filho, 1983, pg. 169.) e o vetor de corrente no espaço. (Medeiros
Sendo assim, quando o fluxo magnético alternado proveniente da bobina de potencial
( ) atravessar o disco de alumínio, nele irá induzir correntes de Foucault
( ). A interação entre estas correntes de Foucault e o fluxo magnético alternado prove
niente das bobinas de corrente ( ), irá resultar em um par de forças ( ), e
consequentemente, um conjugado em relação ao eixo do disco, fazendo-o girar, como mo
stra a Figura 13.
30
Figura 13 - Forças resultantes da interação entre os fluxos
e a corrente
.
Do mesmo modo, o fluxo magnético alternado proveniente das bobinas de corrente ( )
irá gerar correntes de Foucault ( ) ao atravessar o disco, e a interação
entre estas correntes e o fluxo magnético alternado proveniente da bobina de tensão
( ), irá resultar em outro par de forças ( ), e consequentemente outro conjugado
motor em relação ao eixo do disco, fazendo-o girar, Conforme ilustra a Figura 14.
Figura 14 - Forças resultantes da interação entre o fluxo
e as correntes .
Podemos notar que as forças
e
atuam na mesma direção e a mesma
distância do centro do disco, resultando assim em um conjugado motor que pode ser
calculado conforme mostrado abaixo.
Onde:
é o conjugado motor. e . ao centro do disco.
é a soma das forças
é a distância do ponto onde atua a força
31
Calculando as forças potencial e da corrente
e
a partir da corrente
que circula pela bobina de
que circula pelas bobinas de corrente, consegue-se obter a
equação do conjugado motor a partir dos valores de tensão ( ) e corrente ( ) que a car
ga ligada ao medidor está consumindo.
Onde:
é uma constante do medidor.
é a tensão ao qual a carga está submetida. é a corrente que está circulando pela carga. é o
gulo de defasagem entre a corrente e a tensão.
Como o disco pode girar em torno de seu eixo, este conjugado irá fazer o disco gir
ar a uma velocidade proporcional a potência da carga. Ajustando-se o medidor, pode
-se obter uma velocidade na qual o número de rotações dentro de um intervalo de tempo
seja proporcional a energia consumida pela carga durante este mesmo intervalo de
tempo, ou seja, o disco dará um número constante de rotações por . Estando o disco liga
do ao registrador por um eixo e um sistema mecânico de engrenagens, o mostrador do
instrumento irá exibir a quantidade de energia elétrica absorvida pela carga em .
2.4 Contexto atual do mercado energético
Nos dias atuais, a maioria dos ramais de ligação das concessionárias distribuidoras de
energia elétrica, estão sendo alocados para atender aos consumidores residenciais,
e em grande parte, a leitura destes medidores é efetuada mensalmente e de modo não a
utomatizado, por leituristas treinados pelas próprias concessionárias. A necessidade
de leituras periódicas exige das concessionárias um grande número de funcionários, e o
fato das mesmas serem efetuadas de forma visual, torna este trabalho propício a er
ros e muitas vezes impossível de ser efetuado, como
32
nos casos onde estes medidores são instalados no alto de postes, ou no interior da
s residências. Na tentativa de eliminar estes inconvenientes, vários grupos de pesqu
isa estão estudando um sistema de leitura automatizada. Alguns grupos focam o dese
nvolvimento de um medidor totalmente eletrônico já com os circuitos de transmissão, en
quanto outros grupos focam o desenvolvimento de um circuito eletrônico acoplável ao
medidor e que seria responsável por enviar os dados da leitura para a central. Par
a esta transmissão, as tecnologias mais estudadas se baseiam na transmissão de dados
pela rede elétrica, pela rede de telefonia celular, via Bluetooth, via rede ZigBe
e, via Rádio (VHF, FSK, Microondas), via rede Wi-Fi, entre outras. O método de trans
missão de dados pela rede elétrica, denominado PLC (Power Line Communications), util
iza-se basicamente dos cabos de distribuição de energia elétrica como meio físico de tra
nsmissão de dados. Este método tem a principal vantagem de contar com uma rede já mont
ada, porém são muitas as dificuldades encontradas para a implantação deste método, como po
r exemplo: A grande atenuação do sinal, devido aos transformadores e acoplamentos de
rede. A grande taxa de ruído nesta rede, devido a motores, aparelhos domésticos, et
c. A falta de segurança da rede. A limitação de banda útil. O alto custo de desenvolv
nto. Porém, mesmo com todas estas desvantagens, este método já vem sendo empregado a m
ais de 30 anos, para a comunicação entre subestações, chaves seccionadoras, equipamentos
de teleproteção, etc. A transmissão de dados pela rede celular, embora não necessite da
elaboração de uma rede totalmente nova, exigiria das concessionárias um contrato com
uma operadora de telefonia celular. Deste modo, as concessionárias teriam que paga
r por uma largura de banda, que seria utilizada por poucos momentos em um mês. Sen
do assim, este método apresenta uma taxa de manutenção muito elevada, se comparado aos
outros métodos de transmissão de dados.
33
Outra tecnologia que está apresentando grande aceitação no mercado é a tecnologia Blueto
oth. Operando na faixa de Radiofrequência ISM (Industrial, Scientific, Medical), e
sta tecnologia está presente em quase todos os aparelhos eletrônicos desenvolvidos.
Embora este padrão apresente grande robustez em ambientes com alto nível de ruído, ele
apresenta uma distância de transmissão muito baixa (da ordem de algumas dezenas de
metros) e um custo de implantação relativamente elevado. A transmissão de dados via Rádi
o é a que apresenta uma maior distância de comunicação (do ponto de vista das transmissões
para automação). Entretanto, é a tecnologia que sofre a maior taxa de interferências, e
seu alto uso com outros serviços, deixa uma largura de banda no espectro de radio
frequência razoavelmente pequena para o uso com a automação. Este método de transmissão ta
mbém exige que os dispositivos tenham uma certificação específica junto a ANATEL para a
sua devida operação. O sistema de transmissão de dados Wi-Fi (Wireless Fidelity), é o si
stema que atualmente apresenta a maior demanda por novas tecnologias. Com uma al
ta taxa de transmissão de dados e presente na maioria dos notebooks, e em outros d
ispositivos como PDA’s (personal digital assistants – assistente pessoal digital), c
elulares e smartphones, o Wi-Fi tem seu uso direcionado principalmente para a in
ternet sendo considerado o sistema do futuro para a transmissão de dados. No entan
to, este sistema ainda não conta com uma rede fechada para a transmissão de dados, e
seus dispositivos apresentam um custo de aquisição ainda elevado. O padrão de comunic
ação ZigBee foi criado por um conjunto de empresas visando eliminar os inconveniente
s encontrados nas tecnologias acima descritas. Seguindo a norma IEEE 802.15.4 ho
mologada em maio de 2003, este padrão foi desenvolvido como uma alternativa as red
es de transmissão que necessitam de uma baixa taxa de dados e de uma alta robustez
. Baseado em um protocolo de pacote de dados com características específicas, e oper
ando com uma potência de transmissão razoavelmente baixa, este sistema se torna o ma
is indicado nos casos em que se procura uma redução de custos com a aquisição, instalação e
manutenção de equipamentos, e uma maior flexibilidade quanto aos tipos de dispositiv
os que podem ser controlados. Operando na faixa ISM, este padrão de comunicação não requ
er licença para seu funcionamento, e devido a seu baixo consumo, ele pode operar c
om
34
alimentação proveniente de baterias (podendo operar por até seis meses com pilhas comu
ns). Levando em consideração que o projeto proposto neste trabalho necessita de uma
baixa taxa de transmissão, porém com grande robustez e alto desempenho, foi escolhid
o a rede ZigBee como padrão de comunicação para o desenvolvimento dos circuitos aqui p
ropostos.
35
3 METODOLOGIA
O presente trabalho descreverá o estudo e o desenvolvimento de um sistema wireless
de aquisição e transmissão de dados, para ser aplicado à leitura automatizada de medido
res de energia elétrica residenciais, possibilitando efetuar a leitura de forma re
mota, reduzindo com isso os custos com a mão de obra necessária para este serviço. O t
rabalho se iniciará com um breve estudo efetuado nos medidores de energia elétrica r
esidenciais, visando-se estabelecer a forma menos invasiva que permita uma rápida
e fácil instalação dos sensores sem comprometer o correto funcionamento do equipamento
. Após definido o método de sensoriamento a ser utilizado, iniciar-se-á o desenvolvime
nto dos circuitos eletrônicos responsáveis pela aquisição dos dados provenientes destes
sensores e pela transmissão destes dados. Este circuito será constituído de uma interf
ace RS-232 para ser acoplada a um computador, uma interface para o módulo de trans
missão e recepção de dados e algumas entradas e saídas digitais para a interface com os
sensores e para posteriores funcionalidades que se queira agregar ao dispositivo
. Em seguida, será efetuada uma análise na pilha do protocolo ZigBee, disponibilizad
a pela Microchip, de forma a se definir quais serão as modificações necessárias para que
a mesma atenda as expectativas desejadas para o sistema desenvolvido. Finalizan
do o trabalho, serão efetuados os testes necessários para a validação do sistema desenvo
lvido, bem como a correção dos possíveis erros que possa aparecer.
36
4 DESENVOLVIMENTO
O processo de automação dos medidores de energia elétrica consiste em se desenvolver u
m sistema capaz de monitorar e controlar estes medidores. Têm-se então, na arquitetu
ra deste sistema, uma central de monitoramento e controle, medidores de energia
elétrica e um sistema de transmissão de dados. Nos dias atuais, a grande maioria dos
medidores ainda não dispõe de uma interface capaz de efetuar sua conexão com a centra
l de monitoramento e controle, e a substituição de todos estes medidores acarretaria
em um grande investimento por parte das concessionárias. Na tentativa de reduzir
este investimento, propõe-se o desenvolvimento de um dispositivo capaz de estabele
cer a comunicação entre estes medidores e o sistema de monitoramento e controle cent
ral. No caso dos medidores de energia elétrica eletromecânicos residenciais, a aquis
ição dos dados referente à leitura necessita de uma interligação entre os componentes mecân
cos oriundos dos medidores, e os componentes eletrônicos pertencentes ao dispositi
vo de transmissão. Esta interligação é feita através de sensores acoplados ao medidor. Nes
te capítulo serão abordadas as diretivas para o desenvolvimento deste dispositivo e
dos sensores acoplados ao medidor, e também serão abordadas algumas modificações necessári
as para a utilização do protocolo de transmissão wireless denominado ZigBee na transmi
ssão destes dados.
4.1 Desenvolvimento dos sensores a serem acoplados ao medidor
A transmissão dos dados referentes à leitura dos medidores não seria possível sem a digi
talização dos mesmos. Para esta digitalização, foram desenvolvidos sensores capazes de e
fetuar a conversão do consumo de energia elétrica, em sinais digitais pulsados compa
tíveis com a entrada digital de um microcontrolador. O presente projeto utilizou u
m medidor de energia elétrica, eletromecânico, residencial, monofásico, marca Nansen,
modelo M-1A, n° de série 4330870, corrente
37
máxima de 100A, tensão nominal de 120V, frequência nominal de 60Hz, constante do disco
(Kd) de 1,8 Wh/r (Watts Hora por revolução do disco), como mostra a Figura 15. Send
o assim, os sensores aqui descritos foram desenvolvidos para este medidor, poden
do haver incompatibilidade dos mesmos com outros modelos de medidores.
Figura 15 - Medidor de Energia Elétrica
Conforme visto anteriormente, o consumo de energia elétrica é registrado pelo número d
e rotações dadas pelo disco de alumínio. Deste modo, podemos adicionar os sensores par
a efetuar a contagem destas rotações. Porém, para que
38
este sensoriamento seja considerado eficiente, o mesmo não pode acarretar interferên
cias ao medidor e deve apresentar grande precisão quanto aos dados por ele coletad
os. A utilização de sensores ópticos é a que apresenta melhor desempenho para este tipo
de sensoriamento, pois os mesmos apresentam grande precisão, são de fácil montagem e não
causam interferência ao disco de alumínio. O inconveniente é que eles devem estar sem
pre bem alinhados para seu perfeito funcionamento. Os sensores ópticos são formados
por dois elementos, sendo um elemento o emissor óptico e o outro elemento o recept
or óptico. Seu funcionamento consiste em direcionar o feixe de luz proveniente do
emissor diretamente no receptor. A saída do receptor é atuada sempre que ele recebe
o feixe de luz do emissor. Analisando o medidor de energia elétrica, verifica-se q
ue o disco de alumínio possui dois furos distanciados igualmente do centro, desloc
ados de 180°. Desta forma, o emissor óptico foi acomodado de um lado do disco, e o r
eceptor óptico do outro lado do disco, ambos em alinhamento com os furos existente
s, sendo que a cada vez que um furo passe entre os componentes do sensor óptico, a
luz proveniente do emissor passe pelo furo atingindo o receptor e gerando um pu
lso em sua saída. Para os emissores ópticos, foram utilizados diodos emissores de lu
z infravermelha, que tem como característica principal emitir luz infravermelha qu
ando corretamente polarizados e alimentados por uma fonte de energia. Para os re
ceptores ópticos, foram utilizados fototransistores sensíveis à luz infravermelha, que
tem como característica principal mudar sua saída de um estado de não condução (quando não
há luz infravermelha incidindo em sua janela de fotodetecção) para um estado de condução (
quando há incidência de luz infravermelha em sua janela de fotodetecção). Os sensores in
fravermelhos são os mesmos utilizados em controle remoto de televisores e aparelho
s de som. Optou-se pela utilização destes tipos de sensores, mediante ao fato dos me
smos serem pouco sensíveis à variação da iluminação ambiente. De posse dos sensores escolhi
os, analisou-se novamente o medidor de forma a definir o local onde estes iriam
ser fixados. No lado esquerdo do medidor, tem-se um ressalto onde se aloca o imã d
e freio do disco e o parafuso de ajuste do medidor, como se pode ver na Figura 1
6.
39
Figura 16 - Local para instalação dos sensores.
Um suporte em formato de “C” foi confeccionado de forma a envolver este ressalto pos
sibilitando a colocação dos emissores e dos receptores neste mesmo suporte, garantin
do o perfeito alinhamento dos mesmos. Desta forma, a instalação destes sensores torn
a-se rápida e fácil, sem afetar o correto funcionamento do medidor. Para a confecção do
suporte foram efetuadas as devidas medições do ressalto do medidor onde o mesmo será f
ixado e elaborado um desenho prévio, como pode ser visto na Figura 17.
40
Figura 17 – Esquema do suporte dos sensores ópticos.
Os furos foram feitos com o mesmo diâmetro dos sensores que serão embutidos, garanti
ndo assim sua proteção contra possíveis interferências devido à iluminação externa. Observa
também que o suporte foi elaborado de modo a abrigar dois conjuntos de sensores,
ao qual o motivo será explicado mais a frente. O suporte foi confeccionado em uma
placa de nylon industrial com as seguintes medidas: 50 mm de comprimento, 50 mm
de largura e 20 mm de altura. Após sua confecção, o suporte passou por alguns ajustes
de modo a se encaixar perfeitamente no medidor, como por exemplo, um leve arredo
ndamento do canto inferior esquerdo para permitir o correto encaixe da tampa de
proteção do medidor. O resultado final obtido pode ser visto na Figura 18.
41
Figura 18 - Suporte dos sensores ópticos.
Nos sensores ópticos, quando ocorre a transição do estado de condução para o estado de não
ondução ou vice-versa, é comum o aparecimento de um efeito transiente conhecido por ef
eito bounce, que são oscilações de borda, muito comum em contatos mecânicos (Figura 19).
Sendo assim, este efeito pode gerar vários picos entre o estado de condução e o de não
condução para uma única mudança de estado, ou seja, na eminência do acionamento, são gerado
na saída do sensor, vários pulsos, que podem ser interpretados de forma errada pelo
s circuitos microprocessados.
Figura 19 – Efeito Bounce.
42
Na prática existem vários métodos de debounce, ou seja, métodos utilizados para eliminar
estas oscilações de borda, sendo o mais comum a marcação de um tempo entre uma mudança de
estado e outra, ou seja, ao ocorrer uma mudança de estado, o microprocessador agu
arda um determinado tempo ( nova mudança de estado (Figura 20). ) para aceitar uma
Figura 20 – Debounce através da espera de um determinado tempo ( )
No caso dos medidores de energia elétrica, o disco de alumínio gira com uma velocida
de variável, de acordo com a energia consumida. Sendo assim, esta marcação de tempo se
torna ineficiente, pois seriam necessários tempos diferentes para velocidades dif
erentes do disco. Isto ocorre devido ao fato de ao adotarmos um maior, o mesmo p
ode vir a causar a perda de uma transição caso o disco esteja rodando em uma velocid
ade alta, e caso adotemos um menor, o mesmo pode
não ser suficiente para eliminar o debounce quando o disco estiver rodando com vel
ocidade baixa (Figura 21).
Figura 21 – Erro de debounce devido a velocidade variável.
Neste caso, podemos eliminar o efeito bounce com a utilização de dois conjuntos de s
ensores atuando um flip-flop tipo D com preset e clear (74HC74). Desta forma, o
primeiro sensor é ligado no pino de preset, colocando a saída do flipflop em nível alt
o quando é atuado, e o segundo sensor é ligado no pino de clear, colocando a saída do
flip-flop em nível baixo quando é atuado.
43
Como os sensores serão atuados pelo mesmo furo, porém em posições diferentes, ao ocorrer
o primeiro pico na saída do sensor, este efetuará a mudança de estado da saída do flip-
flop, que apenas mudará de estado novamente ao receber o primeiro pico da saída do o
utro sensor, conforme ilustra a Figura 22.
Figura 22 – Debounce usando dois sensores para atuar um Flip-Flop tipo D.
Deste modo, pode-se elaborar o circuito responsável pelo sensoriamento dos medidor
es. Foi polarizado o fototransistor em sua configuração de coletor comum, ou seja, c
om o resistor colocado no terminal de coletor, para quando o mesmo for atuado e
entrar em modo de saturação, obter-se aproximadamente 0V em seu coletor (nível lógico “0”),
e quando ele estiver em modo de corte, ou seja, quando não estiver atuado, obter-s
e em seu coletor aproximadamente 5V (nível lógico “1”). O circuito pode ser visto na Fig
ura 23.
Figura 23 - Circuito do receptor.
44
Foi utilizada esta configuração para o circuito do fototransistor devido ao FlipFlop
possuir Preset e Clear acionados em nível lógico “0”. Utilizou-se resistores de 220 ohm
s para efetuar a polarização dos diodos emissores e dos fototransistores. De posse d
o circuito, pode-se montar a placa de circuito impresso (Figura 24), onde serão so
ldados os resistores e o Flip-Flop. Nesta placa também será adicionado um conector p
ara ligação com os circuitos referentes ao transmissor de dados. Neste conector tem-
se os pinos de alimentação do circuito (5 Vcc) e a saída do Flip-Flop, que será a saída pu
lsada referente ao consumo de energia elétrica do medidor.
Figura 24 - Placa de circuito impresso dos sensores.
Com os sensores elaborados, pode-se definir uma relação entre os pulsos de saída deste
circuito sensor e a quantidade de Watts/hora registrada pelo medidor. Sabe-se q
ue o número de rotações dadas pelo disco de alumínio possui uma relação linear com a quanti
ade de Watts/hora registrada pelo medidor (Kd). Considerando que o medidor possu
i dois furos em seu disco, tem-se então metade deste valor por pulso gerado pelos
sensores. No medidor utilizado para os testes, tem-se que esta relação é de 1,8 Watts
Hora por revolução. Deste modo, tem-se 0,9 Watts Hora por pulso gerado pelos sensore
s.
4.2 Protocolo ZigBee.
O protocolo ZigBee é um protocolo de rede wireless desenvolvido para sensores de b
aixa taxa de transferência de dados e redes de controle, podendo
45
beneficiar um grande número de aplicações, tais como: redes de automação industrial, siste
mas de segurança residencial, redes de controle predial, medição remota e periféricos de
computadores (Lattibeaudiere). Para seu estudo, vamos utilizar o Kit de desenvo
lvimento FBee (Figura 25), desenvolvido pela Fractum Indústria e Comércio de Equipam
entos Eletrônicos LTDA.
Figura 25 - Kit de desenvolvimento FBee. Fonte: ANFBee.
O kit é composto de duas placas de aplicação, cada uma contendo: Um microcont
IC18LF4620, com cristal de 4 MHz. Dois leds ativados pelos pinos RA0 e RA1 do mi
crocontrolador, respectivamente. Duas chaves push button conectadas ao microcont
rolador nos pinos RB4 e RB5, respectivamente. Uma chave de reset conectada ao pi
no MCLR do microcontrolador. Um conector de gravação ICSP (In-Circuit Serial Program
ming) padrão Microchip. Um conector DB-9 com interface RS-232. Um módulo transceiver
FBee.
46

Todos os pinos de entrada e saída do microcontrolador disponíveis ao usuário. Adaptado


r para bateria de 9Vdc, com a alimentação externa podendo variar de +5Vdc a +16Vdc.
O módulo transceiver FBee (Figura 26) é baseado no chipset MRF24J40 da Microchip, op
erando na frequência de 2,4 GHz, compatível com o padrão IEEE 802.15.4 e com os protoc
olos ZigBee e MiWi.
Figura 26 - Módulo tranceiver FBee. Fonte: ANFBee.
O Kit de desenvolvimento FBee foi desenvolvido baseado no kit de desenvolvimento
PICDEM Z Demonstration Board da Microchip. Por este motivo, pode-se utilizar a
pilha de protocolo ZigBee fornecida pela Microchip, sem a necessidade de se efet
uar qualquer modificação. A pilha do protocolo ZigBee, fornecida pela Microchip, é esc
rita em linguagem de programação C, seguindo as especificações do protocolo IEEE 802.15.
4-2003, com cada camada do protocolo escrita em seu próprio arquivo, sendo as funções
da pilha implementadas através de funções Primitives. Esta pilha é desenvolvida para fun
cionar nos microcontroladores PIC® da Microchip, podendo ser gravado na memória inte
rna do microcontrolador ou em uma memória não volátil. A Microchip disponibiliza também
uma pilha de demonstração deste protocolo, já com algumas funções implementadas para ser u
tilizada com os Kits de desenvolvimento PICDEM Z e Explorer 16 Platform, ambos u
tilizando o transceiver MRF24J40 e os microcontroladores PIC 18F4620 e PIC 24F,
todos da Microchip. O protocolo ZigBee utiliza a especificação IEEE 802.15.4-2003 em
sua camada de acesso ao meio (MAC) e camada física (PHY), onde são definidas três
47
bandas de frequência de operação e 26 canais, com a taxa de bits do protocolo variando
de acordo com a frequência de operação. 868 MHz – 1 canal (canal 0) – 20 KBps. 915 M
canais (canal 1 ao 10) – 40 Kbps. 2.4 GHz – 16 canais (canal 11 ao 26) – 250 KBps.
A especificação IEEE 802.15.4 define dois tipos de dispositivo: Dispositivo FFD (Ful
l Function Device – Dispositivo de Funções Completas) – o FFD é carregado com todas as funç
do protocolo e deve obrigatoriamente ficar ligado, para permitir o perfeito fun
cionamento da rede. Por este motivo, o dispositivo FFD deve ser alimentado por u
ma fonte. Dispositivo RFD (Reduced Function Device – Dispositivo de Funções Reduzidas)
- o RFD é carregado com o mínimo de funções necessárias para o seu funcionamento e pode p
ermanecer a maior parte do tempo desligado, ligando de tempos em tempos para tra
nsmitir e receber alguns dados, podendo ser alimentado por uma bateria.
Já o protocolo ZigBee define 3 tipos de dispositivos: Coordinator (Coordenador) – di
spositivo responsável por formar a rede, alocar os endereços da mesma e permitir a e
ntrada de outros dispositivos nesta rede. É permitida a presença de apenas um coordi
nator na rede, e este deve ser um dispositivo FFD. Router (Roteador) – é um disposit
ivo opcional a rede, utilizado para estender a rede por uma distância maior, e per
mitir a entrada de mais dispositivos a esta rede. Opcionalmente o router pode ex
ecutar funções de monitoramento e/ou controle. Não existe um número limite de dispositiv
os router que podem ser agregados a uma rede, e estes dispositivos devem exclusi
vamente ser dispositivos FFD. End Device (Dispositivo Final) – é um dispositivo capa
z de efetuar funções de monitoramento e controle, utilizado para monitorar e control
ar os aparelhos ao qual a rede está destinada. Não há um número limite de dispositivos E
nd
48
Devices que podem ser acrescidos à rede, e os mesmos podem ser tanto um dispositiv
o FFD, quanto um dispositivo RFD. O protocolo ZigBee pode assumir vários tipos de
topologia de rede, sendo que em todas elas devem haver no mínimo dois dispositivos
, um nó coordinator e um nó end device.
As 3 topologias de rede mais utilizadas são: Topologia Estrela (Star) - consiste d
e um nó coordinator e um ou mais nós end devices. Em uma rede estrela, todos os end
devices comunicam apenas com o coordinator, sendo que se um end device necessita
r comunicar com outro end device, o mesmo deve transferir os dados para o coordi
nator para que este repasse para o end device de destino. O diagrama da topologi
a estrela pode ser visto na Figura 27.
Figura 27 - Topologia estrela. Fonte: LATTIBEAUDIERE.

Topologia Árvore (Cluster Tree) - é um avanço da topologia estrela, onde são adicionados
dispositivos routers que se comunicam com o coordinator, permitindo aumentar o
número de nós que podem ser adicionados a rede. Desta forma, um nó pode se ligar a red
e através do router, porém um dispositivo ligado ao router não pode se comunicar diret
amente com o coordinator, mas apenas por intermédio do router ao qual está ligado. A
topologia árvore pode ser vista na Figura 28.
49
Figura 28 - Topologia árvore. Fonte: LATTIBEAUDIERE.

Topologia MESH - similar a topologia árvore, sendo que a única mudança é que na rede MES
H, os dispositivos FFD´s podem se comunicar uns com os outros, independentes de se
guir a estrutura da rede, mas os RFD´s devem obrigatoriamente se comunicar com os
Coordinator’s ou Router’s aos quais estão conectados. A vantagem desta topologia é que o
tempo de latência das mensagens pode ser reduzido, e os nós ficam menos propícios a f
alhas. A Figura 29 ilustra esta topologia.
Figura 29 - Topologia MESH. Fonte: LATTIBEAUDIERE.
A pilha de demonstração do protocolo ZigBee pode ser baixada diretamente do site da
Microchip (www.microchip.com), sem custos. A mesma é disponibilizada
50
em um arquivo executável, que instala os arquivos da pilha em um conjunto de pasta
s, como pode ser visto na Figura 30. Nesta figura temos também a organização da pilha
ZigBee na janela de projeto do software MPLAB IDE, utilizado para a compilação dos p
rogramas e gravação dos microcontroladores PIC.
Figura 30 - Pilha de demonstração do protocolo ZigBee.
51
Analisando estes arquivos, pode-se ver que a pilha de demonstração do protocolo ZigB
ee é composta de 24 arquivos (todos com os nome iniciado pela letra “z”, de forma a di
ferenciá-los dos demais arquivos de configuração do microcontrolador), sendo que estes
arquivos são comuns a todas as aplicações e que cada arquivo responde por uma camada
do protocolo, ou seja, o arquivo “zAPL.h” responde pela camada de aplicação, os arquivos
“zAPS.c” e “zAPS.h” respondem pela subcamada de suporte ás aplicações, os arquivos “zMAC.h
.h” respondem pelas camadas MAC e PHY respectivamente, etc. A arquitetura do proto
colo ZigBee com suas respectivas camadas pode ser visto na Figura 31.
Figura 31 - Camadas do protocolo ZigBee. Fonte: LATTIBEAUDIERE.
A pilha de demonstração do protocolo ZigBee possui seis projetos direcionados a duas
famílias de microcontroladores, os microcontroladores da família PIC18F e os microc
ontroladores da família PIC24F. Cada família de
52
microcontrolador possui 3 projetos, cada um direcionado a um tipo de dispositivo
: um dispositivo Coordinator, um dispositivo Router e um dispositivo RFD (end de
vice). Visto que neste projeto esta sendo utilizando o kit de demonstração FBee, que
possui um microcontrolador PIC18F4620, será descrito então os projetos direcionados
a família PIC18F, que são: DemoPIC18Coordinator – Projeto direcionado ao dispositivo
coordenador da rede. DemoPIC18Router – Projeto direcionado aos dispositivos rotead
ores da rede. DemoPIC18RFD – Projeto destinado aos dispositivos end devices da red
e.
Embora todos os arquivos sejam abertos a modificações, estas serão efetuadas apenas no
arquivo principal de cada projeto. Cada projeto possui um arquivo principal de
mesmo nome do projeto, como por exemplo, o projeto “DemoPIC18Coordinator” possui o a
rquivo principal “Coordinator.c”. Estes arquivos principais possuem a seguinte arqui
tetura de programação: Inicio do programa; Configuração do dispositivo; Declaração da
antes e variáveis utilizadas no programa; Início da aplicação; o Inicialização do Watchdo
o Inicialização dos dispositivos de hardware; o Inicialização da pilha ZigBee; o Process
amento do programa; Processamento da função Primitive corrente; Determinação da próxi
nção Primitive; Execução das funções não relacionas a pilha ZigBee;
o Fim do processamento do programa. Fim da aplicação; Funções Primitives; Funções não
;
O protocolo ZigBee é executado através de suas funções Primitives, que são utilizadas para
a formação da rede e/ou ingresso em uma rede já formada,
53
descoberta de rotas de acesso aos dispositivos, envio e recebimento de dados, et
c. Algumas das funções Primitives declaradas na pilha de demonstração do protocolo ZigBe
e, bem como as respostas destas funções, podem ser vistas na tabela apresentada na F
igura 32.
Figura 32 - Funções Primitives e suas respostas. Fonte: LATTIBEAUDIERE
Para o projeto, as únicas alterações necessárias são no envio e recebimento de dados. Para
isso, vamos utilizar a função Primitive “APSDE_DATA”, que é utilizada para efetuar o envi
o e o recebimento dos dados entre os dispositivos da rede.
54
O envio de dados é efetuado carregando o vetor de dados através da função: TxBuffer[TxDa
ta++] = “dado a ser transmitido”;
Após isto, configuram-se os dados referentes ao dispositivo de destino: params.APS
DE_DATA_request.DstAddress.ShortAddr.v[1] = GetMACByte(); params.APSDE_DATA_requ
est.DstAddress.ShortAddr.v[0] = GetMACByte(); params.APSDE_DATA_request.RadiusCo
unter = DEFAULT_RADIUS; params.APSDE_DATA_request.DiscoverRoute=ROUTE_DISCOVERY_
SUPPRESS; params.APSDE_DATA_request.TxOptions.bits.acknowledged = 1; params.APSD
E_DATA_request.SrcEndpoint = 1; params.APSDE_DATA_request.DstEndpoint = 240; par
ams.APSDE_DATA_request.ProfileId.Val = 0x7f01; params.APSDE_DATA_request.Cluster
Id.Val = “função implementada”; A função “params.APSDE_DATA_request.DstAddress” é utilizada
ndicar o endereço do dispositivo de destino, e a função “GetMACByte()” é utilizada para efe
uar a captura do endereço de destino a partir da porta serial do dispositivo. A fu
nção “params.APSDE_DATA_request.RadiusCounter” é utilizada para indicar o número máximo de
tos (retransmissões entre os dispositivos) que pode ocorrer até o dispositivo destin
o. A função “params.APSDE_DATA_request.DiscoverRoute” é utilizada para habilitar ou desabi
litar a descoberta de rotas entre os dispositivos que estão se comunicando. A função “pa
rams.APSDE_DATA_request.TxOptions.bits.acknowledged” é utilizada para requerer uma c
onfirmação de recebimento dos dados. As funções “params.APSDE_DATA_request.SrcEndpoint” são
ilizadas para indicar e os “params.APSDE_DATA_request.DstEndpoint”
endereços individuais referentes aos dispositivos que estão se comunicando. A função “para
ms.APSDE_DATA_request.ProfileId.Val” é utilizada para identificar o perfil de comuni
cação a ser utilizado. A função “params.APSDE_DATA_request.ClusterId.Val” é utilizada para
ntificar a função de grupo que está sendo utilizada.
55
Após carregado o vetor de dados e configurado o endereço de destino do dispositivo,
efetuamos a transmissão chamando a função Primitive através do comando: currentPrimitive
= APSDE_DATA_request;
O recebimento de dados é efetuado pela leitura da função Primitive “APSDE_DATA_indicatio
n:” que retorna o número “1” quando o dispositivo recebeu algum dado. Desta forma, podem
os montar uma lógica para efetuar uma tarefa quando houver o recebimento de dados,
como por exemplo: case APSDE_DATA_indication: { WORD_VAL clusterID=params.APSDE
_DATA_indication.ClusterId; switch( clusterID.Val ) { case “função implementada” { //efe
tua uma tarefa } } }
Esta lógica funciona do seguinte modo: quando há o recebimento de dados, o dispositi
vo verifica a função de grupo que a mensagem está requerendo e efetua a tarefa referen
te a esta função. Estas alterações deverão ser efetuadas nos programas dos dispositivos Co
ordinator e RFD, não sendo necessárias mudanças no dispositivo Router, visto que este
dispositivo tem por função apenas retransmitir os dados que recebeu. Sendo assim, se
rão feitas modificações no programa do dispositivo Coordinator de forma a possibilitá-lo
efetuar a requisição dos dados referentes à leitura do medidor e apresentar estes dad
os através da porta serial, bem como enviar um comando para ligar ou desligar a saíd
a do medidor. Começa-se por adicionar mais um item ao menu já existente na pilha de
demonstração do protocolo ZigBee.
56
/* Menu System */ ROM char * const menu = "\r\n "\r\n "\r\n "\r\n "\r\n "\r\n "\
r\n 1: Enable/Disable Joining by Other Devices" 2: Request Data From Another Dev
ice" 3: Request Data From a Group of Devices" 4: Send Data To Another Device" 5:
Send Data To a Group of Devices" 6: Add/Remove Device to/from a Group" 7: Dump
Neighborhood Information"
//*********************************************************** "\r\n 8: Funcoes d
e Leitura do Medidor"
//*********************************************************** ;
Após isto, programam-se as funções que serão executadas a partir deste novo item.
void ProcessMenu( void ) { BYTE c;
DISABLE_WDT(); /* Get the user s input from the keyboard. */ c = ConsoleGet(); C
onsolePut( c ); switch (c) { . . . //*******************************************
******************* /* Funções do Medidor*/ case 8 : printf("\r\n 1 - Efetuar a Lei
tura do Medidor");
57
printf("\r\n 2 - Ligar a Saida do Medidor"); printf("\r\n 3 - Desligar a Saida d
o Medidor"); while( !ConsoleIsGetReady()); c = ConsoleGet(); ConsolePut( c ); sw
itch (c) {
case 1 :
/* Efetuar a Leitura do Medidor */
TxBuffer[TxData++] = 0x00; ZigBeeBlockTx(); params.APSDE_DATA_request.DstAddrMod
e=APS_ADDRESS_16_BIT; printf("\r\nShort address of device: "); params.APSDE_DATA
_request.DstAddress.ShortAddr.v[1]=GetMACByte(); params.APSDE_DATA_request.DstAd
dress.ShortAddr.v[0]= GetMACByte(); params.APSDE_DATA_request.RadiusCounter=DEFA
ULT_RADIUS; params.APSDE_DATA_request.DiscoverRoute= ROUTE_DISCOVERY_SUPPRESS; #
ifdef I_SUPPORT_SECURITY params.APSDE_DATA_request.TxOptions.Val = 1; #else para
ms.APSDE_DATA_request.TxOptions.Val = 0; #endif params.APSDE_DATA_request.TxOpti
ons.bits.acknowledged = 1; params.APSDE_DATA_request.SrcEndpoint = 1; params.APS
DE_DATA_request.DstEndpoint = 240; params.APSDE_DATA_request.ProfileId.Val = 0x7
f01; params.APSDE_DATA_request.ClusterId.Val = 0X0099; currentPrimitive = APSDE_
DATA_request; break;
case 2 : /* Ligar a Saida do Medidor */ TxBuffer[TxData++] = 0x00; ZigBeeBlockT
x();
58
params.APSDE_DATA_request.DstAddrMode=APS_ADDRESS_16_BIT; printf("\r\nShort addr
ess of device: "); params.APSDE_DATA_request.DstAddress.ShortAddr.v[1]=GetMACByt
e(); params.APSDE_DATA_request.DstAddress.ShortAddr.v[0]= GetMACByte(); params.A
PSDE_DATA_request.RadiusCounter=DEFAULT_RADIUS; params.APSDE_DATA_request.Discov
erRoute= ROUTE_DISCOVERY_SUPPRESS; #ifdef I_SUPPORT_SECURITY params.APSDE_DATA_r
equest.TxOptions.Val = 1; #else params.APSDE_DATA_request.TxOptions.Val = 0; #en
dif params.APSDE_DATA_request.TxOptions.bits.acknowledged = 1; params.APSDE_DATA
_request.SrcEndpoint = 1; params.APSDE_DATA_request.DstEndpoint = 240; params.AP
SDE_DATA_request.ProfileId.Val = 0x7f01; params.APSDE_DATA_request.ClusterId.Val
= 0x0098; currentPrimitive = APSDE_DATA_request; break;
case 3 : /* Desligar a Saida do Medidor */ TxBuffer[TxData++] = 0x00; ZigBeeBlo
ckTx(); params.APSDE_DATA_request.DstAddrMode=APS_ADDRESS_16_BIT; printf("\r\nSh
ort address of device: "); params.APSDE_DATA_request.DstAddress.ShortAddr.v[1]=G
etMACByte(); params.APSDE_DATA_request.DstAddress.ShortAddr.v[0]= GetMACByte();
params.APSDE_DATA_request.RadiusCounter=DEFAULT_RADIUS; params.APSDE_DATA_reques
t.DiscoverRoute= ROUTE_DISCOVERY_SUPPRESS; #ifdef I_SUPPORT_SECURITY params.APSD
E_DATA_request.TxOptions.Val = 1; #else params.APSDE_DATA_request.TxOptions.Val
= 0;
59
#endif params.APSDE_DATA_request.TxOptions.bits.acknowledged = 1; params.APSDE_D
ATA_request.SrcEndpoint = 1; params.APSDE_DATA_request.DstEndpoint = 240; params
.APSDE_DATA_request.ProfileId.Val = 0x7f01; params.APSDE_DATA_request.ClusterId.
Val = 0x0097; currentPrimitive = APSDE_DATA_request; break; } break; break; //**
********************************************************************************
default: break; }
Podemos observar que as funções implementadas neste menu não estão enviando dados, mas a
penas requisitando ao dispositivo de destino que efetue uma função de grupo, de acor
do com o número que foi enviado através do comando “params.APSDE_DATA_request.ClusterI
d.Val”. As funções de grupo que estão sendo chamadas e os valores atribuídos às mesmas são:
r medidor: Ligar a saída do medidor: Desligar a saída do medidor: 0x0099; 0x0098; 0x
0097;
É muito importante guardar estes números, pois os mesmos deverão ser utilizados no pro
grama do dispositivo RFD. Também deve-se implementar uma função para receber os dados
referentes a leitura do medidor, tratá-los e apresentá-los pela saída serial.
case APSDE_DATA_indication: { .
60
. . default: //In this example every endpoint except Endpoint EP_ZDO is processe
d here { BYTE i; BYTE frameHeaderIndex = TxData; WORD_VAL clusterID = params.APS
DE_DATA_indication.ClusterId; frameHeader = 1; for(transaction=0; transaction<fr
ameHeader; transaction++) { BYTE PacketLen; BYTE transactionNumber; switch( clus
terID.Val ) { //****************************************************************
****************** case 0x0096: //Enviando Leitura { int LEITURA, Wh, AUX1, AUX2
, AUX3; LEITURA = APLGet(); LEITURA = APLGet(); printf("\r\nLeitura do Medidor "
); PrintChar(params.APSDE_DATA_indication.SrcAddress.ShortAddr.byte.MSB); PrintC
har(params.APSDE_DATA_indication.SrcAddress.ShortAddr.byte.LSB); printf(" = ");
Wh = ( LEITURA * 0.9 ); AUX1 = ( Wh / 10 ); AUX2 = ( AUX1 * 6 ); AUX3 = ( Wh + A
UX2 ); PrintChar ( AUX3 ); printf(" Wh \r\n"); } break; //**********************
************************************************************
61
Pode-se observar que os dados após serem recebidos passam por uma série de cálculos. E
stes cálculos têm por função converter o número de pulsos gerados pelos sensores na corres
pondente quantidade de Watts Hora consumida, e converter estes números do formato
hexadecimal utilizado na transmissão para o formato decimal utilizado na apresentação
dos dados pela saída serial. Efetuadas as modificações no programa do dispositivo Coor
dinator, deve-se efetuar as modificações no programa do dispositivo RFD de forma ao
mesmo reconhecer as funções que estão sendo evocadas pelo dispositivo Coordinator. Pri
meiramente deve-se tratar as 3 funções de grupo que foram
implementadas possibilitando ao dispositivo enviar a leitura e ligar ou desligar
a saída do medidor.
case APSDE_DATA_indication: { . . . default: { WORD_VAL clusterID = params.APSDE
_DATA_indication.ClusterId; frameHeader = 1; for(transaction=0; transaction<fram
eHeader; transaction++) { BYTE PacketLen; BYTE transactionNumber; switch( cluste
rID.Val ) { //******************************************************************
******** case 0x0098: //Ligar a Saida { LATAbits.LATA2 = 1; printf("\r\nSaida Li
gada\r\n"); } break;
62
case 0x0097: //Desligar a Saida { LATAbits.LATA2 = 0; printf("\r\nSaida Desligad
a\r\n"); } break;
case 0x0099: //Ler Medidor { printf("\r\n Enviando a Leitura!\r\n"); TxBuffer[Tx
Data++]= 0; TxBuffer[TxData++]= MEMORIA_MEDIDOR; /* don t bother sending data to
myself */ if(params.APSDE_DATA_indication.SrcAddress.ShortAddr.Val==(macP IB.ma
cShortAddress.Val)) { APSDiscardRx(); currentPrimitive = NO_PRIMITIVE; break; }
/* package and send response */ ZigBeeBlockTx(); params.APSDE_DATA_request.DstAd
drMode=params.APSDE_DATA_ indication.SrcAddrMode; params.APSDE_DATA_request.DstA
ddress.ShortAddr=params.APSD E_DATA_indication.SrcAddress.ShortAddr; params.APSD
E_DATA_request.RadiusCounter=DEFAULT_RADIUS; params.APSDE_DATA_request.DiscoverR
oute=ROUTE_DISCOVERY _SUPPRESS; #ifdef I_SUPPORT_SECURITY params.APSDE_DATA_requ
est.TxOptions.Val = 1; #else params.APSDE_DATA_request.TxOptions.Val = 0;
63
#endif i = params.APSDE_DATA_indication.SrcEndpoint; params.APSDE_DATA_request.S
rcEndpoint=params.APSDE_DATA_i ndication.DstEndpoint; params.APSDE_DATA_request.
DstEndpoint = i; params.APSDE_DATA_request.ClusterId.Val = 0x0096; currentPrimit
ive = APSDE_DATA_request; } //**************************************************
********************************
Observa-se que quando o dispositivo receber uma mensagem com uma das funções de grup
o implementadas no programa do dispositivo Coordinator, ele irá efetuar a tarefa c
orrespondente a este número. A primeira tarefa implementada (0x0098) é utilizada par
a ligar a saída do medidor. A segunda tarefa implementada (0x0097) é utilizada para
desligar a saída do medidor, e a terceira tarefa implementada (0x0099) é utilizada p
ara enviar os dados referentes à leitura do medidor. Na terceira tarefa estamos en
viando o conteúdo de uma variável denominada “MEMORIA_MEDIDOR”, que é a variável onde são s
dos os pulsos gerados pelos sensores. Esta variável deve ser declarada no começo do
programa, como uma variável global, possibilitando a sua utilização pelas diversas funções
do programa.
//******************************************************************************
int MEMORIA_MEDIDOR = 0;
//******************************************************************************
/* Menu System */ . . .
Finalmente, implementa-se a função responsável pela aquisição dos pulsos provenientes dos
sensores. Para esta função, utiliza-se um pino de entrada do microcontrolador, que p
ossui a característica denominada “interrupção externa”.
64
void UserInterruptHandler(void) { // *******************************************
****************************** // Place any application-specific interrupt proce
ssing here // ******************************************************************
******* if (INTCON3bits.INT1IF == 1) { MEMORIA_MEDIDOR++; printf("\r\nRecebido P
ulso do medidor\r\n"); INTCON3bits.INT1IF = 0; } //*****************************
***************************************************** Desta forma, sempre que ho
uver uma mudança do nível lógico “0” para o nível lógico “1” na entrada deste pino, o progr
regado no microcontrolador irá adicionar mais um pulso a variável “MEMORIA_MEDIDOR”. Est
as são as modificações necessárias para que os dispositivos possam efetuar as funções de le
tura e transmissão de dados.
4.3 Desenvolvimento do dispositivo de aquisição e transmissão de dados.
O dispositivo de aquisição e transmissão de dados tem por função atuar como uma interface
entre o medidor de energia elétrica e o sistema de monitoramento e controle centra
l. Este dispositivo é responsável por efetuar a leitura dos sensores instalados no m
edidor e transmitir estes dados através de uma rede de comunicação, bem como receber o
s dados provindos da rede de comunicação e executar alguma tarefa correlacionada a e
stes dados. Para proporcionar a utilização da pilha de demonstração do protocolo ZigBee
sem a necessidade de muitas alterações, o circuito eletrônico deste dispositivo de aqu
isição e transmissão de dados será baseado no circuito eletrônico do kit de desenvolviment
o PICDEM Z, com a adição de uma entrada digital para receber o
65
sinal proveniente dos sensores, e de uma saída digital para comandar um dispositiv
o externo. O circuito eletrônico do Kit de desenvolvimento PICDEM Z possui em sua
arquitetura várias funções que o habilitam ao desenvolvimento de sistemas para comunic
ação wireless. Este kit é baseado no microcontrolador PIC 18F4620 e no transceptor MRF
24J40, utilizado para comunicação wireless padrão IEEE 802.15.4. O circuito possui ta
mbém: Uma saída serial, com conector DB-9, utilizado para a comunicação serial entre o
icrocontrolador e o computador; Um conector de programação in-circuit, utilizado par
a carregar o programa do microcontrolador sem a necessidade de retirá-lo da placa
de desenvolvimento; Um push-button ligado ao pino de reset do microcontrolador,
possibilitando reiniciar o programa carregado neste microcontrolador. Dois LEDs
e dois push-buttons ligados aos pinos do microcontrolador, para serem usados no
desenvolvimento do programa de aplicação do Kit . Para a comunicação com os sensores ins
talados no medidor de energia elétrica, é adicionado a este circuito uma entrada dig
ital conectada a um pino do microcontrolador, que possui uma função denominada de in
terrupção externa. Esta função tem por característica permitir o reconhecimento de qualque
r alteração de nível lógico no pino ao qual está relacionada, garantindo assim que o micro
controlador irá efetuar a correta aquisição dos pulsos gerados pelos sensores. Para po
ssibilitar ao circuito comandar um dispositivo externo, também será acrescida ao mes
mo uma saída digital. Esta saída digital poderá ser utilizada para comandar um rele li
gado em série com o circuito elétrico do consumidor de energia elétrica, permitindo as
sim a execução do corte e religamento da energia elétrica deste consumidor de forma re
mota. O circuito eletrônico, com suas devidas modificações pode ser visto na Figura 33
.
66
Figura 33 - Circuito eletrônico do dispositivo de interface.
O circuito eletrônico é basicamente todo alimentado por uma tensão contínua de 3,2Vcc, c
om exceção do CI MAX232, que é alimentado por uma tensão contínua de 5Vcc. Para a execução
devidos testes, este circuito foi montado em um protoboard, como mostra a Figur
a 34.
Figura 34 - Circuito montado em protoboard.
67
4.4 Testes efetuados com os protótipos
Após o desenvolvimento dos sensores e do circuito de aquisição e transmissão de dados, o
s mesmos foram colocados em teste, efetuando-se assim uma avaliação de seus funciona
mentos. O primeiro teste efetuado foi para verificar o correto funcionamento dos
sensores desenvolvidos. Para isto, os mesmos foram ligados a uma fonte de tensão
de 3,2Vcc, com sua saída ligada a um Led. Com este teste, verificou-se que os sens
ores emitem um pulso limpo (sem o efeito Bounce) a cada passagem do furo contido
no disco de alumínio do medidor. Esta montagem pode ser vista na Figura 35.
Figura 35 - Teste dos sensores acoplados ao medidor.
68
O segundo teste efetuado, foi para verificar o correto funcionamento do protocol
o ZigBee no circuito de aquisição e transmissão de dados. Para isto, este circuito foi
programado de forma a operar em conjunto com as duas placas do Kit de desenvolv
imento FBee, utilizando os programas originais da pilha de demonstração do protocolo
ZigBee. Este teste foi executado da seguinte forma: Primeiramente, o circuito d
esenvolvido foi programado como um dispositivo RFD e as duas placas do Kit de de
senvolvimento FBee, foram programadas como dispositivos Coordinator e Router. Em
um segundo teste, o circuito desenvolvido foi programado como um dispositivo Co
ordinator, enquanto que as duas placas do Kit de desenvolvimento FBee foram prog
ramadas como dispositivos Router e RFD. Para completar este teste, o circuito de
senvolvido foi programado como dispositivo Router, enquanto que as placas do Kit
de desenvolvimento FBee foram programadas como dispositivos Coordinator e RFD.
Com estes testes, verificou-se o perfeito funcionamento da comunicação ZigBee entre
o circuito desenvolvido e as placas do Kit desenvolvimento FBee, como ilustra a
Figura 36.
Figura 36 – Teste do circuito de aquisição de dados
69
O teste final foi efetuado com os sensores acoplados ao circuito desenvolvido pa
ra a aquisição e transmissão de dados. Neste teste, o dispositivo de aquisição e transmissã
de dados foi programado como um dispositivo RFD, enquanto que uma das placas do
Kit de desenvolvimento FBee foi programada como dispositivo Coordinator. Neste
teste, foram utilizados os programas modificados para o envio e recebimento dos
dados referentes à leitura do medidor. Este teste apresentou um resultado muito sa
tisfatório, pois no mesmo foi observado que os circuitos desenvolvidos, juntamente
com as alterações efetuadas na pilha de demonstração do protocolo ZigBee, funcionam da
forma como se era esperado. A montagem deste teste pode ser observada na Figura
37.
Figura 37 – Teste final do protótipo desenvolvido
70
5 CONCLUSÃO
A automação de medidores tornou-se um tema de grande interesse para as concessionárias
de energia elétrica, pois as permite efetuar um melhor controle do fornecimento d
e energia a seus consumidores. Embora o foco principal desta automação esteja na lei
tura remota dos medidores, ela também proporciona diversas outras soluções, como por e
xemplo, o corte e religamento remoto, a tarifação sazonal e o controle de qualidade
da energia fornecida. O trabalho desenvolvido demonstra a possibilidade da utili
zação dos medidores de energia elétrica eletromecânicos nesta automação, representando assi
considerável redução nos custos da implantação deste sistema, visto que estes medidores já
se encontram em funcionamento, e sua troca acarretaria em um grande investimento
inicial. O trabalho demonstra também a possibilidade de uso do protocolo ZigBee n
a comunicação entre estes medidores, devido a sua facilidade de instalação e configuração,
ao seu baixo custo de implantação e manutenção. O reduzido consumo de energia que os tr
ansmissores apresentam e a possibilidade de serem alimentados por baterias, o to
rna propício a ser utilizado em ambientes de difícil conexão com a rede elétrica. Embora
o protocolo ZigBee tenha sido desenvolvido visando uma grande robustez contra i
nterferências eletromagnéticas, notou-se que a comunicação de aparelhos Bluetooth afeta
o desempenho da rede, indicando que ainda falta um estudo detalhado sobre as int
erferências de RF que o mesmo possa vir a sofrer ou provocar a outras tecnologias
de comunicação sem fio. Como todas as outras redes sem fio, a rede ZigBee também está su
jeita a ataques de pessoas mal intencionadas. Este inconveniente pode ser sanado
pela utilização de seu sistema de criptografia baseado no algoritmo AES de 128 bits
, porém, por se tratar de uma rede em desenvolvimento, ainda não se tem estudos dire
cionados a segurança que esta criptografia proporciona aos dados trafegados pela r
ede. Como propostas para trabalhos futuros, sugerimos a adição de algumas funcionali
dades ao circuito aqui desenvolvido, funcionalidades tais como a adição de
71
um relógio de tempo real para possibilitar aos medidores efetuar a leitura de form
a sazonal, a adição de um dispositivo capaz de medir a qualidade da energia que está c
hegando ao medidor e o desenvolvimento de uma fonte com bateria para permitir ao
s medidores transmitirem seus dados mesmo quando não houver energia elétrica na rede
de distribuição.
72
BIBLIOGRAFIA
ANFBee. Application Note FBee, Aplicação de redes Mesh, REV01_2009. 2009. Disponível e
m <www.fractum.com.br>. Acesso em 18 de Novembro de 2009.
ANEEL. Agencia Nacional de Energia Elétrica. 2009. Disponível em < http://www.aneel.
gov.br>. Acesso em: 20 de Novembro de 2009. CREDER, Hélio. Instalações Elétricas. 14. ed
. Editora LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. Rio de Janeiro, 2002.
DAHLE, David. A brief history of meter companies and meter evolution. Dave s old
Watthour Meter webpage. 2009. Disponível em < http://www.watthourmeters.com/> Ace
sso em: 29 de Novembro de 2009.
LATTIBEAUDIERE, Derrick P. AN1232. Microchip ZigBee-2006 Residential Stack Proto
col. 2009. Disponível em <www.microchip.com>. Acesso em 09 de Novembro de 2009.
MEDEIROS FILHO, Solon de. Medição de Energia Elétrica. 3. ed. Editora Guanabara Dois S
.A. Rio de Janeiro, 1983. MICROCHIP. PICDEM™ Z, Demonstration Kit User’s Guide. 2008
. Disponível em <www.microchip.com>. Acesso em 17 de Março de 2010.
73
ANEXO A – ARQUIVO PRINCIPAL DO PROJETO DO DISPOSITIVO COORDINATOR
99
ANEXO B – ARQUIVO PRINCIPAL DO PROJETO DO DISPOSITIVO RFD

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