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O processo de Jesus •
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Jesus de Nazaré •
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Tal como, a partir da fé, é preciso ler de modo totalmente novo a afir-
mação de Caifás acerca da necessidade da morte de Jesus, assim tam-
bém se deve fazer com a palavra de Mateus sobre o sangue: lida na
perspectiva da fé, ela significa que todos nós precisamos da força pu-
rificadora do amor, e tal força é o seu sangue. Não é maldição, mas
redenção, salvação. Só com base na teologia da Última Ceia e da Cruz,
presente na totalidade do Novo Testamento, é que a palavra de Mateus
sobre o sangue adquire o seu sentido correcto.
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Com esta fórmula, estamos perto daquilo que Jesus pretende di-
zer quando fala da verdade e de que veio ao mundo para dar teste-
munho dela. No mundo, verdade e opinião errada, verdade e mentira
estão continuamente misturadas e são quase indissociáveis. A Verdade,
em todas as suas grandeza e pureza, não aparece. O mundo é «verda-
deiro» na medida em que reflecte Deus, o sentido da criação, a Razão
eterna donde brotou. E torna-se tanto mais verdadeiro quanto mais se
aproximar de Deus. O homem torna-se verdadeiro, torna-se ele mes-
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lação era a punição que, no direito penal romano, era infligida como
castigo concomitante da condenação à morte (Hengel/Schwemer, p.
609). Em João, diversamente, a flagelação aparece como um acto co-
locado durante o interrogatório; uma disposição que o prefeito, em
virtude do seu poder, estava autorizado a respeitar. Era uma punição
extremamente bárbara; o condenado «era açoitado por vários algozes
até estes se cansarem e a carne do criminoso se despegar e pender em
pedaços ensanguentados» (Blinzler, p. 321). Rudolf Pesch comenta: «O
facto de Simão de Cirene ter de carregar, em vez de Jesus, a traves-
sa da cruz e de Jesus morrer tão depressa está provavelmente ligado
à tortura da flagelação, durante a qual outros criminosos já morriam»
(Markusevangelium, II, p. 467).
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Por fim, Pilatos senta-se na cadeira do juiz. Diz uma vez mais: «Aqui
está o vosso Rei!» (Jo 19, 14). Depois, pronuncia a sentença de morte.
Sem dúvida, a grande Verdade de que falara Jesus continuou a
ser-lhe inacessível; mas a verdade concreta daquele caso, Pilatos co-
nhecia-a bem. Sabia que aquele Jesus não era um criminoso político e
que a realeza por Ele reivindicada não constituía nenhum perigo po-
lítico. Sabia, pois, que devia libertá-l’O.
Como prefeito, representava o direito romano, no qual se basea
va a pax romana, a paz do império que abraçava o mundo. Por um
lado, esta paz era assegurada por meio da força militar de Roma; mas,
por outro, só com a força militar não se pode estabelecer nenhuma
paz. A paz funda-se na justiça. A força de Roma era o seu sistema ju-
rídico, a ordem jurídica com que os homens podiam contar: Pilatos –
repetimo-lo – conhecia a verdade de que se tratava neste caso e sabia,
portanto, que ela exigia dele a justiça.
Mas, no fim, venceu nele a interpretação pragmática do direito:
mais importante do que a verdade do caso era a força pacificadora do
direito; talvez tenha sido este o seu pensamento e assim se justificou a
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