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Públicos e uma Teoria dos Grupos Sociais, tradução de Fabio Fernandez, São
Paulo, Edusp, 1999, 201 páginas; publicada em Jornal de Resenhas (Folha de
S. Paulo) em 13/11/99, p. 4, sob o título “A Energética do Interesse Comum”
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e espontaneamente, a agir para a realização dos seus interesses comuns ou
compartilhados, suposto este que se percebia como derivando de outro, o de
que os indivíduos que integram os grupos são racionais e movidos por
considerações de interesse próprio. Olson sustenta, em contraposição, que, em
vez de o primeiro desses supostos derivar do segundo, os dois são na verdade
incompatíveis: se aderimos à premissa do comportamento racional e
egoisticamente motivado pelo interesse próprio, somos logicamente levados
antes à consequência de que os grupos não agirão para a promoção dos
interesses comuns.
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“bem coletivo”, e os dilemas daí resultantes constituíram o foco, bem antes do
trabalho de Olson, de extensos debates entre os intérpretes de Hobbes sobre a
consistência da transição por ele visualizada entre o estado de natureza e a
sociedade civil. Mas a questão da constituição das classes sociais como grupos
efetivos e da eventual ação revolucionária de classe é exemplo de outro campo
importante onde se apresentam dilemas análogos: se, à maneira de Marx,
partindo da crítica a um socialismo utópico, concebemos a revolução como o
resultado da ação de proletários que se tornam conscientes dos seus interesses
e agem racionalmente para promovê-los, como nos situaremos diante da
constatação de que a própria revolução aparece como bem público e de que,
portanto, o racional para cada proletário consistiria em abster-se dos riscos e
inconvenientes da ação revolucionária e tomar carona na luta dos demais? Isso
seria, por certo, pouco solidário; mas que restará da posição reclamada por
Marx se a revolução passar a ser vista como exigindo a edificante exortação à
solidariedade?