As obrigações nascem para ser cumpridas. Porém, no momento em
que isto ocorre, extinguem-se. O adimplemento é o exato cumprimento da obrigação pelo devedor, pois se terceiro pagar, estaremos diante da satisfação do crédito, porque, embora o devedor obtenha o resultado querido ao receber o objeto devido, o terceiro não é devedor, nem está obrigado a pagar, portanto, não há adimplemento propriamente dito; é o adimplemento o modo natural de extinção de toda a relação obrigacional. A conseqüência da extinção da obrigação é a liberação do devedor.
Modos de cumprimento da obrigação: desaparece a obrigação
normalmente com a execução. Satisfeita a prestação o vínculo deixa de existir. O cumprimento, desta forma, chama-se de pagamento. Contudo, outros modos de extinção têm o efeito do pagamento, tais como a compensação, confusão, novação, remissão, a consignação, subrogação, a dação e a prescrição. Distingue-se do pagamento porque pedem alguns, como a novação e a dação autorização do credor e, outros, como a compensação e a confusão, impõem-se ao credor por motivos técnicos, operando de pleno direito. O adimplemento extingue de forma absoluta a obrigação, mas, se o interesse do credor for satisfeito por terceira pessoa, (pro soluto de terceiro), há extinção relativa, pois o devedor permanece obrigado, embora em relação àquele que satisfez o credor. O terceiro interessado que paga a dívida em seu próprio nome, sub- roga-se nos direitos do credor primitivo. Há créditos que só se satisfazem com o adimplemento stricto sensu, os que se originam de contratos intuitu personae e os que, mesmo não consistindo em obrigação personalíssima, o credor tem interesse seja cumprida a obrigação pelo devedor, pelo que pode recusar o cumprimento por terceiro.
Regras gerais: boa-fé objetiva e agir com diligência do bonus pater
familiae. Pressupostos do pagamento: a) Vínculo obrigacional; b) Satisfação exata da prestação.
O vínculo obrigacional, pouco importa a origem, desde que válido,
deve ser desatado pelo cumprimento da obrigação. Todo o pagamento supõe uma dívida. Ao poder do credor de exigi-la, corresponde à necessidade jurídica do devedor em satisfazê-la. A satisfação se sujeita a regras comuns ao cumprimento de todas as obrigações, quais sejam:
A) o devedor só se desobriga se satisfizer rigorosamente a prestação
(313 CC); A satisfação da prestação devida é indispensável ao cumprimento da obrigação. Se consistente em dar coisa certa, deve ser entregue precisamente aquela coisa e não outra; se de fazer, está adstrito a prestar o serviço ou realizar o ato a que estritamente se obrigou, e assim por diante. Na datium solutum o devedor pode, mediante acordo expresso entre as partes (art. 356CC), substituir a coisa, surtindo, desta feita, os mesmos efeitos do pagamento. B) o devedor não pode exigir do credor que receba por partes uma dívida que deve ser paga por inteiro (314CC);
Esta regra é excepcionada em duas hipóteses:
1 – em relação aos herdeiros que, quanto à dívida do de cujos só
respondem, cada qual, pelas forças da herança (em proporção á parte que lhes coube, 597 CPC); 2 – a decorrente da insuficiência dos bens do devedor executado judicialmente; se não bastantes, o credor recebe a parte cobrável, remanescendo o crédito na parte restante. C) a prestação deve ser satisfeita ao destinatário da obrigação pelo modo devido, pontualmente, no lugar determinado (308 c/c 394 CC).
Fonte de pesquisa: Gomes, Orlando, Obrigações, ed. Forense, 2008.