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48 Introdução
Embora as gramíneas forrageiras tropicais possuam elevado
potencial de produção de forragem, no Brasil Central cerca de 80% dessa
produção ocorre no período das águas e apenas 20%, na seca.
Dessa forma, dentre as características desejáveis na escolha da
espécie forrageira tropical, a boa distribuição de produção ao longo do
ano foi sempre procurada por pesquisadores e por produtores, uma vez
que a reduzida produção de forragem no período da seca é uma das
principais causas da baixa produtividade da pecuária brasileira. No
entanto, a busca por espécies forrageiras com esse objetivo não tem
apresentado resultados satisfatórios, pois a estacionalidade da produção
de forragem é em grande parte devida a fatores climáticos, tais como
temperatura, luminosidade e disponibilidade hídrica. De acordo com
São Carlos, SP
Dezembro de 2006 Maldonado (1997), a estacionalidade de produção é também causada
pela exaustão energética das plantas após o estádio reprodutivo. Essa
mudança para a fase reprodutiva pode ser observada no início da seca,
Autores
principalmente em cultivares de Panicum maximum, como o capim-
Luciano de Almeida Corrêa
Eng. Agr., Dr., Pesquisador da tanzânia e o capim-mombaça, cujo florescimento se concentra em abril e
Embrapa Pecuária Sudeste, Rod.
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Luciano de Almeida Corrêa
Algumas técnicas têm sido utilizadas De acordo com Corsi (1976), a baixa
para a redução do problema da estacionalidade, temperatura noturna nas regiões dos trópicos
com variações na intensidade da aplicação, de e dos subtrópicos é o principal fator causador
acordo com a região e o sistema de produção da estacionalidade de produção das plantas
animal. Dentre as tecnologias disponíveis, forrageiras. Rolim (1980), em revisão de
estão o pastejo diferido, que pode estar experimentos de cultivo de gramíneas
associado ou não à adubação nitrogenada no forrageiras tropicais sob condições
final do período das águas; o uso de controladas, constatou que, embora a
capineiras; o uso de forragem conservada, na duração do fotoperíodo tenha influenciado
forma de silagem ou de feno; o cultivo de positivamente a produtividade, o efeito da
cana-de-açúcar; e a irrigação de pastagens. temperatura foi mais acentuado (Figura 1).
Observa-se na Figura 1, no comprimento
Produção de forragem em pastagens irrigadas de dia de 11 horas, queda mais acentuada de
Em razão da escassez de chuva durante o crescimento relativo de todas as gramíneas
inverno do Brasil Central, pensou-se que o quando houve redução da temperatura
fator limitante ao crescimento das plantas diurna e da temperatura noturna de 26ºC e
forrageiras tropicais fosse a deficiência hídrica. de 15ºC para 20ºC e para 6ºC,
Todavia, trabalhos de pesquisa pioneiros de respectivamente, do que quando houve
irrigação de pastagens associada à adubação redução do comprimento do dia de 14 para
mostraram que, mesmo na ausência de déficit 11 horas na temperatura diurna e noturna de
hídrico, a estacionalidade de produção era 26ºC e de 15ºC.
bastante acentuada (Ghelfi Filho, 1972), em As gramíneas forrageiras tropicais do
conseqüência do menor fotoperíodo e da tipo C4 apresentam taxa fotossintética
temperatura mais baixa no inverno. máxima entre 30 e 35ºC e a temperatura-
De modo geral, nas regiões tropicais e base inferior (temperatura abaixo da qual
nas regiões subtropicais, o fator temperatura não há crescimento) varia entre 12 e 17ºC
parece ser o mais importante, embora a (Tabela 1).
separação dos efeitos dos dois fatores, Já existem modelos matemáticos para
temperatura e fotoperíodo, seja dificultada estimar a produção de forragem em função
pela interdependência deles. A radiação solar da quantidade de unidades fototérmicas do
também é importante, pois constitui a fonte período (Villa Nova et al., 1999). A unidade
de energia a ser convertida em biomassa. Essa fototérmica é a variável que associa
radiação é o fator desencadeador da fotoperíodo e temperatura. De modo geral,
fotossíntese, mas os passos bioquímicos em regiões de menor latitude (mais próximas
dependem também da temperatura, que do Equador), com deficiência hídrica, o efeito
influencia, por exemplo, a atividade das da irrigação na redução da estacionalidade de
enzimas e o transporte de compostos produção de forragem será mais acentuado.
fotoassimilados.
Irrigação de pastagens formadas por gramíneas forrageiras tropicais 3
Figura 2. Taxa de acúmulo de capim-tanzânia com ( ) e sem ( ) irrigação em São Carlos, SP.
Fonte: Silva (2005).
Irrigação de pastagens formadas por gramíneas forrageiras tropicais 5
Tabela 2. Médias mensais de taxa de acúmulo de matéria seca (kg/ha por dia) de capim-mombaça
obtidas em dois tratamentos: com e sem irrigação, em São Carlos, SP, de janeiro a
novembro de 2005.
MALDONADO, H.; DAHER, F. R.; PEREIRA, A. VILLA NOVA, N. A.; BARIONI, L. G.;
V. Efeito da irrigação na produção de matéria PEDREIRA, C. G. S.; PEREIRA, A. R. Modelo
seca do capim elefante (Pennisetum para previsão da produtividade do capim
purpureum Schum.) em Campos dos elefante em função de temperatura do ar,
Goytacazes, RJ. In: REUNIÃO DA SOCIEDADE fotoperíodo e freqüência de desfolha. Revista
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34., Juiz de Brasileira de Agrometeorologia, v. 7, n. 1, p.
Fora, 1997. Anais... Juiz de Fora: SBZ, 1997. 75-79, 1999.
p. 216-217.
VILLA NOVA, N. A.; TONATO, F.; PEDREIRA,
MORENO, L. S. B. Produção de forragem de G. S.; PEDREIRA, B. C. Método alternativo
capins do gênero Panicum e modelagem de para a determinação da temperatura-base de
respostas produtivas e morfofisiológicas em espécies forrageiras. In: GRASSLAND
função de variáveis climáticas. 2004. 86 p. ECOPHYSIOLOGY AND GRAZING ECOLOGY
Dissertação (Mestrado) − Escola Superior de INTERNATIONAL SYMPOSIUM, 2., Curitiba,
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de 2004. Anais... Curitiba: UFPR, 2004. 1 CD-
São Paulo, Piracicaba, SP, 2004. ROM.
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