A Família é a base da sociedade e isso verificamos desde os
nossos antepassados quando nas sociedades pré-industriais, a família aparecia como definição do estatuto social das pessoas, procriação legitimada e possuía uma estrutura social rica em solidariedade. O seu papel era preservar e receber todos os membros que enfrentassem situações difíceis. Essa solidariedade fazia face às múltiplas circunstâncias da vida, atendendo às suas necessidades. Aqui prevalecia de facto um modelo de família patriacal ou família extensa alargada, onde os usos e costumes da origem da família estavam normalmente dependentes dos pais. As relações eram de uma componente estrutural bastante rígida, comportando uma divisão de papéis e deveres bastante inflexível. Acontece o contrário nas sociedades industrializadas e modernas, onde o domínio da autoridade é enfraquecido e as famílias se desintegram em consequência das grandes transformações sociais. Reflictamos; As consequências sociais advêm da sociedade, a sociedade somos nós, então somos nós que criamos os problemas que existem hoje.
Hoje ouvimos muitas expressões como “a sociedade não presta”,
“esta sociedade vai de mal a pior”, “é quase impossível viver numa sociedade assim” quando estamos a dar um tiro no nosso próprio pé pois somos nós que fazemos a sociedade, a sociedade somos nós e somos responsáveis pelo seu estado, esta é fruto das nossas atitudes.
Tudo começa com o facto de as pessoas serem mais egoístas, mais
individualistas, mais para elas próprias, já não existe solidariedade. Isto deve-se à escassez de oportunidades que faz com que haja maior competitividade que leva a injustiças, crueldade, pessimismo. É o “salve-se quem puder”. Para alcançar uma sociedade coerente mudar os itens anteriores já seria um bom começo para sabermos viver em sociedade, porque esta é o somatório do que são e fazem seus elementos. Cada um tem que cumprir seu papel, é necessário uma educação de qualidade desde a raiz para se promover o bem-estar de cada elemento e de todos os outros. A sociedade deve ser “um por todos e todos por um” e não cada um por si.
A educação da raiz vem da família, mas hoje a relação familiar vê-se
perdida diante de inúmeras inovações que a torna mais frágil e superficial e denotamos isso quando presenciamos transferência de responsabilidades. Os pais colocam a responsabilidade dos seus filhos em escolas, creches, professores, bábás, acabando por apenas dividir um espaço físico com estes, deixando de existir uma ligação entre eles. Os pais ficam sem conhecer seus filhos e vice-versa, a comunicação, a transmissão de sentimentos é quase inexistente. Esta relação de incertezas e inseguranças acarreta problemas à criança quanto à sua adaptação ao meio social (inclusive a escola). Ao deixarem a criança a outros cuidadores acabam por se sentirem culpadas e apresentam dificuldades em estabelecer limites e acham que por não reprimi-los e dar-lhes tudo o que querem estão fazendo o melhor para elas. O que é que acabamos por ver? Vemos um excesso de permissividade em certas atitudes apresentadas pelos pais aos filhos; fazer as refeições, estudar, dormir em frente da televisão (quando estão sozinhos). A televisão fica também com um papel de “cuidador” de crianças. Muitas crianças ficam diariamente expostas à televisão e a qualquer tipo de informação que nela passe sem um controlo de alguém mais velho que possa filtrar, o que é ou não, danoso no seu desenvolvimento e acabam por seguir exemplos menos correctos que observam na tv. Um exemplo é a série “Morangos com açúcar” que todos os jovens vêm e seguem porque acham giro e engraçado o que os jovens da série fazem, como; responder aos pais, falar mal com os professores, namorar em todas as partes da escola, fumar, embebedar-se, etc.
Esta problemática surge pelo trabalho e pelas outras actividades que
os pais têm que consomem todo o seu tempo e vêem-se incapazes de educar seus filhos, atribuindo então, desacertadamente, este papel exclusivamente à escola. É desacertado porque a escola é passageira para a criança, é apenas um local e um período por onde esta passa com a finalidade de enriquecimento intelectual, social e outros. A família, seus costumes e hábitos perduram por toda a vida do mesmo, pois é ou deve ser, no meio familiar que o indivíduo tem os seus primeiros contactos com o mundo externo, com a linguagem, com a aprendizagem e aprende os primeiros valores e hábitos. Esta convivência é essencial para que a criança se insira no meio escolar sem problemas de relacionamento disciplinar. A escola e os pais devem trabalhar em parceria na educação da criança e não como amparo em caso de falência de uma das partes.
A sociedade urge por uma parceria de sucesso entre famílias e
escolas, pois acredito que só assim poderemos fazer uma educação de qualidade e que se possa promover o bem estar de todos, só assim alcançamos uma sociedade coerente em que seus elementos conhecem e cumprem seus papeis em todos os processos, é no inicio do processo educacional que está o sucesso da futura sociedade. Os pais têm que ser modernos e adaptar-se às novas mentalidades mas sempre com responsabilidade, amor, atenção para dar e fundamentalmente com autoridade sobre seus filhos, pois estes têm que perceber que não podem ter tudo o que querem e que para tudo existe regras.
Eu desde miúda fui educada sob autoridade e sob mentalidade
retrógrada dos meus pais. Meus pais desde pequena que incutiram- me que para se ter o que se quer, temos que trabalhar para merece- la. Em pequena para merecer bombons tinha que passar o dia bem comportada e lembro-me o caso que mais me marcou, foi aos 14 anos, todos os meus colegas tinham computador com acesso á internet em casa e pedi aos meus pais um, com a justificação de que os professores só queriam trabalhos elaborados no computador e que para faze-los tinha que ficar horas e horas na escola. A resposta foi “se me trouxeres no final deste período notas superiores ou iguais a 4, nós compramos-te”. Estava no 2º período, ter 4 em todas as disciplinas para mim nunca tinha sido meu objectivo, mas dado que já conhecia os meus pais suficientemente bem para saber que sem boas notas não haveria computador, dediquei-me a 100% em todas as disciplinas e lá consegui. Ofereceram-me o computador mas faltou a internet e perguntei por ela a resposta foi “a internet fica para manteres as boas notas no terceiro período”, que remédio tive eu se não manter os 4. Este e outros episódios fizeram-me crescer e dar valor a tudo o que tinha e é essa a educação (com alguns ajustes) que tenciono passar aos meus filhos. Uma das mudanças que tenciono fazer é na mentalidade, pois existe muita exclusão social nas escolas entre alunos derivada às educações que os pais fornecem aos filhos. Um exemplo é o racismo, se os pais são racista a criança por sua vez pratica inocentemente, ou não, atitudes racistas com os seus colegas diferentes. É pelos nossos pais e pelos mais velhos que a nossa sociedade não consegue viver com a diferença, é por eles que muitas crianças que se encontram órfãs não têm um lar onde possam receber toda a atenção e a amor que anseiam, porque existe muitos “pais” homo sexuais com vontade de oferecer essa prenda a essas crianças. Isso não acontece por existir demasiadas pessoas com preconceitos. Acho que as pessoas em vez de se preocuparem com o modo como estas pessoas têm relações, deviam sim pensar em como é que estas pessoas podem dar amor e educação a uma criança. Eu acredito que este tipo de pais até daria uma educação e uma família que muitos heterossexuais não dão. Acho que devíamos todos começar a mudar, às vezes podemos pensar que só nós a tentar mudar nada resultará mas “todos devemos ser a mudança que desejamos ver no mundo” -Mahatma Gandhi.