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TEXTO BASE
PAULO VANNUCHI
Secretário Especial dos Direitos Humanos
PERLY CIPRIANO
Subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos
COMISSÃO ORGANIZADORA
Representantes do Governo e das Organizações Não Governamentais do CNDI:
Albamaria Abigalil-SEDH
Jussara Rauth-SBGG
Izabel Lima Pessoa-MEC
Paula Regina Ribeiro-ANADEP
Ana Amélia Camarano-IPEA
ASSESSORIA TÉCNICA
Jurilza Mendonça - Secretaria Executiva do CNDI
Lívia Reis de Souza-SEDH
Telmara Galvão-SEDH
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................03
EIXOS TEMÁTICOS.......................................................................................................................07
REGIMENTO DA CONFERÊNCIA................................................................................................45
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................................58
AVALIAÇÃO DA REDE NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA DA PESSOA IDOSA:
AVANÇOS E DESAFIOS
TEXTO BASE
EIXOS TEMÁTICOS
1.2 - A Rede de Proteção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa – RENADI: uma ambiciosa proposta
De acordo com Mendes e Fernandez (2008), não existem receitas para que a prática
intersetorial se efetive. A ação intersetorial se dá por tentativas e aproximações, ora exitosas ora
deficitárias. Para a consolidação da rede, três requisitos são fundamentais:
- o constante aprendizado, por meio de capacitações e educação permanente;
- a capacidade de negociação e flexibilidade para a realização das parcerias, em especial, no
que se refere à correlação de forças entre o aparato formal e informal. Quanto mais nos aproximamos
do objetivo comum que originou uma rede, mais essa correlação de forças tende a equilibrar-se, o que
viabiliza ações mais efetivas, que fluem de modo harmônico; e
- a realização das tarefas petertinentes a cada instância.
Podemos ressaltar que a cada integrante dessa rede cabe responsabilidades e atribuições, a
exemplo: cabe ao poder central propiciar as condições para a realização da agenda pactuada,
trabalhando intersetorialmente; aos gestores cabe lutar pela Coordenação e estrutura adequada de
trabalho na area do Envelhecimento no ambito de todas as politicas setoriais; ao gestor local cobrar do
poder central a alocação de recursos e tambem co-financiar os serviços, programas e projetos que
intergram o sistema de rede para a implementação das ações previstas pela RENADI; ao idoso e
representantes da sociedade civil organizada, participar, exigir, cumprir e fiscalizar as ações
propostas, bem como , exigir os seus direitos; aos conselhos de defesa de direitos cabe normatizar e
garantir a efetivação desta politicas;estruturar os Conselhos, trabalharem com estrutura adequada,
defender e elaborar instrumentos gerenciais, tais como:planode ação dos conselhos, plano das
comissões, resolução publicada no diário oficial e planos de monitoramento das politicas e do
financiamento.
Nese processo cabe aos membros das entidades científicas, colaborar com o arcabouço
acadêmico, atuando na produção do conhecimento-ação; e as famílias desempenham um papel de
suma importãncia à medida que esses atores – pela proximidade com o idoso – devem construir
condições efetivas para atenção e cuidados a todas as idades, exigindo seus direitos. Por serem atores
preponderantes nesse processo as pessoas idosas devem configurar-se como efetivos protagonistas
em seu processo de envelhecimento, por meio da participação cidadã.
1.5 - RENADI: avanços e desafios
Após os dois anos de realização da I Conferência Nacional podemos citar alguns avanços da
RENADI, tais como:
• A conscientização do Governo e daSociedade sobre as questões relativas ao envelhecimento;
• A realização Conferência de Brasília, que avaliou o Plano Internacional sobre o
Envelhecimento (Madri + 5), dando visibilidade a legislação relativa aos direitos das pessoas
idosas;
• A mobilização dos idosos, por meio de seus Fóruns de discussão e decisão, da Sociedade
Cívil, de entidades da área da Geriatria e Gerontologia;
• Os avanços na prestação de serviços, ações e políticas de caráter intersetorial, potencializando
serviços e ações para a pessoa Idosa, previstas no Estatuto do Idoso;
• Realização de pesquisas para subsidiar o planejamento, a alocação de adequação de recursos
para a atenção ao idoso;
• O fortalecimento dos Fóruns de defesa da pessoa idosa;
• A realização de atividades de capacitação para profissionais, disseminando os conteúdos de
Gerontologia;
• O estabelecimento do Plano Nacional de Implementação das Deliberações da Conferência.
Os desafios que se impõem a RENADI são também frutos dos seus avanços.
Podemos citar como algumas metas a serem perseguidas:
• A implementação das ações previstas para a pessoa idosa, no âmbito do Sistema Ùnico da
Assisitência Social e de Saúde;
• Trabalhar na perspectiva do curso de vida, prevendo recursos e Políticas Públicas para todas as
idades, com vistas ao envelhecimento, combatendo os mitos e esteriótipos da velhice;
• Capacitar e empoderar o cidadão idoso, trabalhando a sua representação e seu protaginismo
social;
• Capacitar a cumunidade, a família e a rede de suporte social, para que forneçam, em parceria
com os serviços públicos, a atenção ao idoso, em especial o idoso frágil e, portanto mais
dependente desses recursos para sua manutenção; e
• Investir na educação permanente de profissionais das Instituições de Longa Permanência e de
cuidadores de idoso.
A participação dos idosos, o exercicio de seus direitos são resultantes do conhecimento das
disposições legais sobre os temas pertinentes ao envelhecimento. Tendo como como eixo norteador a
ação inter-profissional, a adoção de estratégias para o engajamento e efetiva participação da
população idosa na discussão e defesa de seus direitos, apresenta-se como o desafio prioritário, capaz
de possibilitar avanços significativos que se somem às conquistas já alcançadas.
A criação e a potencialização da RENADI vai ao encontro da abordagem em rede, pois
estabelece metas que contam com a sinergia de todos os atores responsáveis por esse processo. No
processo de fortalecimento e implementação da RENADI cabe a cada ator assumir sua função e a
todos nós a concretização da efetivação do sistema de garantia de direitos das pessoas idosas.
EIXO 2 - RENADI: AVANÇOS E DESAFIOS
Não é mais novidade para ninguém o fato de a população brasileira vir passando por um
acelerado processo de envelhecimento. O surpreendente, entretanto, é que diante desse fato que salta
aos olhos (são quase vinte milhões com idade igual ou superior a sessenta anos), a maioria das
autoridades, nas três esferas governamentais, não se preocupe com as causas e com as conseqüências
do envelhecimento populacional para o presente e o futuro da sociedade brasileira. É como se o
envelhecimento populacional não existisse e não fosse importante, afinal porque se preocupar com os
velhos, eles estão próximo do fim inexorável e, ademais, o seu contingente é formado, em sua
maioria, por pessoas acomodadas, as quais se satisfazem com muito pouco do que é oferecido pelo
Poder Público, isto quando é oferecido.
Para não dizerem que estou sendo muito rigoroso e até mesmo cético, dêem uma mirada no
seu entorno e verifiquem se no seu município e no seu estado há políticas sólidas e continuadas para
assegurar os direitos fundamentais das pessoas velhas e daquelas que envelhecem, tais quais
preconizadas não somente na Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de
1988, como também na Política Nacional do Idoso (Lei 8.842, 04 de janeiro de 1994), Decreto 1.948,
03 de julho de 1996, o qual regulamentou a Política Nacional do Idoso, Estatuto do Idoso (Lei 10.741,
de 01 de outubro de 2003). Encontraram alguma coisa mais consistente? Não, é claro que não. As
ações desenvolvidas são pontuais e falhas.
De acordo com todos os instrumentos legais aos quais fiz referência anteriormente, inclusive o
mais importante deles - a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – a família, a
sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade, defendendo a sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhe direito à vida.
As informações as quais temos acesso e as constatações que fazemos diariamente dão conta de
que as famílias não estão tratando com responsabilidade e respeito os seus idosos, ora porque não
dispõem de recursos materiais para assegurar a sua subsistência, ora porque a sua dinâmica de vida
não permite dedicar atenção a essas pessoas as quais as condições de autonomia não mais existem em
razão do agravamento de doenças degenerativas, tornando significativamente complexas as relações
com esses indivíduos. A sociedade, esse ente difuso, o qual possui tantos interesses e prioridades,
interfere em favor das pessoas idosas somente em algumas situações isoladas, muito mais dentro de
uma perspectiva assistencialista e recreativa. O Estado, este ente concretizado nas gestões municipais,
estaduais e federal, não implementa a rede de proteção e defesa dos direitos da pessoa idosa, cuja
matriz está prevista de forma transparente no inciso III do art. 8º da Lei 8.842/94 (Política Nacional
do Idoso), a qual estabelece, inclusive, um órgão coordenador responsável pelas articulações
intraministeriais e interministeriais necessárias a garantia de ações e recursos para assegurar os
direitos fundamentais das pessoas idosas.
Alguma coisa está errada. Por que o sistema previsto na legislação não funciona? Ou funciona
e estou sendo injusto com a família, a sociedade e Estado brasileiro?
Realmente as coisas não funcionam. E não funcionam porque não há comprometimento, não
há responsabilidade e não há conhecimento, antes de tudo.
Impossível assegurar direitos mínimos a população pobre envelhecida no Brasil com serviços
públicos tão mal estruturados. Além disso, com gestores isolados uns dos outros. Muito embora
vários tenham responsabilidades em relação ao contingente envelhecido da população, não dialogam
entre si, impossibilitando o desenvolvimento articulado e concomitante de ações, o que atenderia com
racionalidade e economia de recursos humanos e materiais as principais demandas do contingente
envelhecido da população.
Só para situá-los concretamente sobre o que estou falando, vou questionar se o programa de
saúde da família, os postos de saúde, os centros de referência especializados de assistência social e as
escolas de cada distrito, região ou outra denominação que se queira dar a área coberta onde esses
serviços se desenvolvem estão trabalhando de forma articulada. Eles estão trabalhando de forma
articulada na sua comunidade? Em não estando, o que é preciso fazer para que trabalhem de forma
articulada?
Foi justamente nesse ponto que repousou a preocupação central da I Conferência Nacional dos
Direitos da Pessoa Idosa, qual seja, a necessidade de construção de uma rede nacional de defesa dos
direitos fundamentais das pessoas idosas. Uma rede nacional nasce, antes de tudo, da oferta de
serviços articulados em pequenas unidades do território. Na medida em que esses serviços são
oferecidos nas várias comunidades devem desenvolver elos de comunicação entre si, de forma a dar
vazão a rede que seria nacional. É claro que a rede não se resume aos serviços anteriormente
mencionados, devendo agregar todas as modalidades de atendimento previstas no art. 4º do decreto nº
1.948/96. Por outro lado, importante ressaltar, que mais importante que a oferta de todos esses
serviços é a construção de uma nova sistemática de prestação de serviços aos idosos, a qual repousa
no comprometimento de todos os atores governamentais, os quais possuem obrigações legais claras e
são remunerados para desenvolver as suas atividades com competência e responsabilidade, as quais
serão melhor desempenhadas se vazadas dentro da metodologia sistêmica, ou seja, de rede.
A compreensão de rede de proteção e defesa dos direitos das pessoas idosas neste momento
revela-se essencial. Entendo essa modalidade de rede como sistemas organizacionais capazes de
reunir pessoas e instituições, orientadas por um espírito democrático, com a finalidade de construir
objetivos comuns.
Devo ressaltar que essa modalidade de rede só funciona se houver um pacto de
responsabilidade, tendo como base valores compartilhados, os quais serão otimizados por meio da
participação e colaboração, decorrentes da consciência de que sem o comprometimento de todos
através do dinamismo de cada um os valores não serão materializados, acarretando com isso grave
comprometimento da dignidade da pessoa humana.
Essa atitude pressupõe a queda de preconceitos e de ações isoladas, daí a necessidade do
compartilhamento constante de informações, consolidando com isso um novo ambiente político, em
que o que importa não é a ação da secretaria ou do ministério tal, mas o serviço de qualidade que será
oferecido pelo poder público ao homem e a mulher envelhecida.
Percebam que não estou inventando a roda. Quem impõe esse tipo de conduta, a qual estou
chamando de rede de proteção e defesa dos direitos da pessoa idosa, é a própria legislação. Leiam
com atenção o que determina a Política Nacional do Idoso, e observem que essa legislação prevê
mecanismos racionais para a o desenvolvimento de ações e previsão orçamentária para atender as
necessidades dos idosos, criando uma forma de gestão integrada, cuja informação compartilhada e o
conhecimento da temática do envelhecimento, já que este diz respeito à sociedade em geral, devendo
ser objeto de conhecimento e informação para todos.
A legislação criou uma rede de promoção e proteção dos direitos das pessoas idosas, contudo
parece que as autoridades não entenderam ou não quiseram entender esse comando.
O Ministério responsável atualmente pela coordenação nacional da política do idoso fez algo
concreto desde 1994 para implementar esse comando legal? Creio que não. Tanto não fez que a
coordenação passará para a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, de quem se espera mais
agilidade, compromisso e responsabilidade no sentido de encaminhar esse processo. Da mesma forma
torna-se imprescindível que os estados e municípios pensem e ajam ante o que manda a lei.
Apesar dessas colocações críticas, mas necessárias, posso afirmar que construir uma rede de
promoção e defesa dos direitos dos idosos não é uma coisa difícil. É uma tarefa relativamente fácil e
não custa muito. É preciso apenas vontade política, coordenação, obviamente amparada em
conhecimento.
As autoridades responsáveis pela condução do processo devem saber de onde partir e ter em
vista o que querem alcançar. Podem começar com a mudança de mentalidade dos gestores, com a sua
sensibilização para a temática do envelhecimento. Posteriormente para um diálogo sobre o que podem
fazer para assegurar os direitos dos idosos com os recursos de suas respectivas pastas. Conversar com
os outros gestores para verificar se não há sobreposição de ações e, enfim, agir de forma articulada e
concomitante, de modo a produzir impactos duradouros na vida das pessoas de muita idade e que
necessitam de muitos serviços essenciais.
É preciso deixar de lado a prática de muita conversa, muita reunião, muito seminário e colocar
em prática ações com prazo determinado de execução, afinal o que deve ser feito já está previsto em
lei, restando apenas cumpri-la.
Já deveria ter falado em avanços, mas deixei por último, afinal são muito tímidos ainda.
Em muitas capitais há serviços especializados de atenção ao idoso nos Ministérios Públicos,
Defensorias e Delegacias. Tudo isso é importante, mas não suficiente. Há também serviços
denominados de disque-idoso, os quais falecem de um grande problema. Apenas recebem as
denúncias e encaminham para os órgãos competentes. Não tenho conhecimento de que haja um
acompanhamento da resolutividade dos problemas. Não posso deixar de destacar que esses serviços
em regra são prestados nos grandes centros, mas há idosos vivendo também fora dos grandes centros
onde esses serviços não são oferecidos.
No que diz respeito às instituições de longa permanência, nova denominação para os ainda
chamados asilos para velhos, há um esforço da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República no sentido de catalogá-las todas, de modo a que se conheça a efetiva
realidade de suas estruturas material e humana, bem como das pessoas nelas abrigadas. A idéia é
coletar informações consistentes para a sua humanização, notadamente sobre eventual oferecimento
de serviços, tais como terapias ocupacionais, atividades esportivas e de lazer, para que ultrapassem a
condição indigna de simples depósitos de velhos.
Mesmo reconhecendo como imprescindível a pesquisa que está sendo desenvolvida, políticas
mais efetivas já deveriam ter sido desenvolvidas, de modo a possibilitar condições adequadas de vida
as pessoas idosas nelas abrigadas.
Ainda dentro do item daquilo que eventualmente poder-se-ia considerar avanços, destaco a
existência de 25 conselhos estaduais e 01 Distrital de defesa dos direitos do idoso, mais de 300
conselhos municipais de defesa dos direitos do idoso, do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, o
qual vem funcionando regularmente desde 2002 e realização de vários cursos de capacitação. Devo,
contudo, relativizar esses avanços ante as grandes dificuldades de funcionamentos de todos os
conselhos pela inexistência ou insuficiência de recursos humanos e materiais.
Como desafios, tenho como essencial a necessidade de construir-se na sociedade brasileira um
ambiente favorável ao efetivo respeito da Constituição e das leis infraconstitucionais com ela
compatíveis, elemento essencial, inclusive, para que os conselhos desempenhem o seu papel de órgão
deliberativo. Ademais, a aprovação de uma Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa Idosa e
designação de um relator especial do Conselho de Direitos Humanos para o envelhecimento seriam
conquistas importantes para a consolidação da idéia da velhice como direito humano fundamental, a
qual venho defendendo faz alguns anos.
Por fim, diante da imposição legal de que o idoso deve ser o principal agente e destinatário
das transformações a serem efetuadas a partir da Política Nacional do Idoso, as pessoas idosas devem
ser preparadas e estimuladas a atuarem como atores principais do processo de reconhecimento e
afirmação dos seus próprios direitos, de modo a não servirem apenas como seres pacíficos e
acomodados que preenchem auditórios para aplaudir seminários ou iniciativas que aparentemente lhes
dizem respeito, mas que no fundo lhes desrespeitam porque se perdem na retórica porquanto criam
expectativas que não serão concretizadas, principalmente por não terem como retaguarda um
segmento esclarecido e preparado para a cidadania, a qual repousa no simples exercício dos direitos
civis, políticos, sociais, econômicos e culturais, reconhecidos como essenciais por meio da
informação.
Por que é preciso falar claramente sobre a violência quando estamos pensando na
institucionalização do Estatuto da Pessoa Idosa? A resposta se deve ao fato de que, o respeito aos
direitos do idoso, o reconhecimento de sua contribuição e a aceitação do seu protagonismo não é algo
natural, a não ser em casos excepcionais de pessoas famosas, ricas e poderosas. Os “comuns dos
mortais”, ao contrário, na maioria das sociedades, tendem a ser tratados como descartáveis e como
peso social e para a família. Portanto, o reconhecimento público da contribuição dos idosos precisa
ser vista como uma tarefa da sociedade, do avanço de sua consciência e de uma mudança de
mentalidade. Este texto pretende contribuir para esse debate cidadão.
O que é e como se apresenta a violência contra a pessoa idosa?
Chamamos violência contra a pessoa idosa “a um ato (único ou repetido) ou a qualquer
omissão que lhe cause dano ou aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista expectativa
de confiança”. Na área da saúde acrescentamos ao conceito de violência o de acidentes o que é muito
importante no caso dos idosos. Acidente consiste num ato violento cometido sem intenção de ferir ou
maltratar alguém. Por exemplo, chamamos acidente de trânsito a um atropelamento. No entanto,
sabemos que, no caso da vitimização dos idosos é muito difícil separar o que é violência e o que é
acidente, pois tomando o exemplo de um atropelamento, ele pode ser causado por falta de cuidado do
motorista, por excesso de velocidade ou porque ele dirigia embriagado. Assim, embora não tivesse
intenção de matar ou causar dano, dificilmente podemos dizer que o atropelador de um idoso não
tenha tido responsabilidade nesse ato.
A partir da literatura internacional e nacional sabemos que a violência contra a população
idosa é problema universal. Estudos de diferentes culturas vistas de forma comparativa têm
demonstrado que pessoas de todos os status sócio-econômicos, etnias e religiões são vulneráveis aos
maus tratos na velhice, e que os mais comuns são os de natureza física, sexual, emocional, financeira
ou fruto de negligências. Também encontramos muitos suicídios e tentativas de suicídio no grupo
etário das pessoas idosas, ao que denominamos violência auto-infligida. Quase no mundo inteiro os
suicídios e as tentativas de suicídio ocorrem com maior freqüência na população idosa em relação à
população em geral. E as causas que sempre são muito complexas, se associam a outros tipos de
violência: perda do sentido da vida, abandono pela família, ocorrência de doenças crônico-
degenerativas dolorosas e pouca expectativa, por parte da pessoa idosa, de receber cuidados dos
familiares ou dos serviços públicos. Freqüentemente, uma pessoa de idade sofre, ao mesmo tempo,
vários tipos de maus tratos, Todas as análises de arquivos de Emergências Hospitalares e de Institutos
Médico-Legais na maioria das sociedades comprovam, com base em evidências de lesões e traumas
físicos, mentais e emocionais, a existência de ações violentas contra idosos. E diversos estudos
nacionais e internacionais mostram que a elevada relação entre mortes e lesões costuma ser uma
expressão de vários tipos concomitantes de maus tratos por parte dos familiares ou dos cuidadores,
dentro dos lares ou nas instituições de abrigo.
Destacamos algumas definições que são usadas no Brasil e no mundo para categorizar a
natureza da violência contra a pessoa idosa:
• Abuso físico, maus tratos físicos ou violência física são expressões que se referem ao uso da
força física para compelir os idosos a fazerem o que não desejam, para feri-los, provocar-lhes
dor, incapacidade ou morte;
• Abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos correspondem a
agressões verbais ou gestuais com o objetivo de aterrorizar os idosos, humilhá-los, restringir
sua liberdade ou isolá-los do convívio social;
• Abuso sexual, violência sexual são termos que se referem ao ato ou ao jogo sexual de caráter
homo ou hetero-relacional, utilizando pessoas idosas. Esses abusos visam a obter excitação,
relação sexual ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência física ou ameaças;
• Abandono é uma forma de violência que se manifesta pela ausência ou deserção dos
responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro a uma pessoa
idosa que necessite de proteção;
• Negligência refere-se à recusa ou à omissão de cuidados devidos e necessários aos idosos, por
parte dos responsáveis familiares ou institucionais. A negligência é uma das formas de
violência contra os idosos mais presente no país. Ela se manifesta, freqüentemente, associada
a outros abusos que geram lesões e traumas físicos, emocionais e sociais, em particular, para
as que se encontram em situação de múltipla dependência ou incapacidade;
• Abuso financeiro e econômico consiste na exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou ao
uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais. Esse tipo de violência
ocorre, sobretudo, no âmbito familiar;
• Auto-negligência diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou
segurança, pela recusa de prover cuidados necessários a si mesma.
Alguns dados sobre violência contra a pessoa idosa no Brasil.
Segundo dados do SUS há duas causas principais de morte violenta de idosos: os acidentes de
trânsito com um peso de cerca de 30%; as quedas que recobrem cerca de 23%. A seguir vêm os
homicídios com 10% das mortes violentas e os suicídios com 7,5%. Para todas as causas, sobretudo
as que são conhecidas como acidentais, os riscos aumentam com o passar da idade, merecendo
atenção especial das famílias, cuidadores e autoridades.
No trânsito, os idosos no Brasil passam por uma combinação de desvantagens: dificuldades de
movimentos próprias da idade se somam a muita falta de respeito e mesmo a violências impingidas
por motoristas e a negligências do poder público. Uma das grandes queixas dos idosos se refere às
longas esperas nos pontos de ônibus e aos arranques desferidos por motoristas que não os esperam se
acomodar em assentos.
As quedas podem ser atribuídas a vários fatores: fragilidade física, uso de medicamentos que
costumam provocar algum tipo de alteração no equilíbrio, na visão, ou estão associadas à presença de
enfermidades como osteoporose. E tanto elas como os acidentes de trânsito são fruto de omissão e de
negligências dos familiares, das comunidades e das instituições que deveriam acomodar as habitações
e lugares onde eles transitam a suas necessidades específicas.
No Brasil, as informações sobre doenças, lesões e traumas provocadas por causas violentas em
idosos ainda são pouco consistentes o que também é observado na literatura internacional. No
entanto, alguns dados nos mostram a grandeza dos problemas de violência que não chegam a matar os
idosos, mas exigem internações. O Sistema de Informações Hospitalares do SUS mostra que em
média, são realizadas 110.000 internações por violências e acidentes por ano, sendo que 56% se
devem a quedas; 10% a acidentes de trânsito, sobretudo a atropelamentos; 3%, a agressões e 1% a
tentativas de suicídio. Estudos internacionais mostram que em todo o mundo as quedas constituem a
principal causa de internação entre os eventos violentos.
As mulheres idosas (58.416) utilizam mais os serviços de saúde por lesões e traumas
provocados por violências e acidentes, do que os homens (49.753). Nas internações femininas o que
mais pesa são as quedas. O custo médio pago pelo SUS pelas internações hospitalares de idosos por
causas relacionadas a acidentes e violências é em média C$ 1.069,80 por pessoa (hum mil sessenta e
nove reais e oitenta centavos). E o tempo médio de internação é de seis a sete dias. As cifras e a
média de dias de hospitalização estão muito acima do que o SUS gasta com os tratamentos de
seqüelas de acidentes e violências da população em geral: C$ 714,71 (setecentos e quatorze reais e
setenta e um centavos) e 5 dias de internação. A mortalidade dos velhos que se internam em
conseqüência de acidentes e violências também é muito mais elevada (5,42/100.000) do que na
população em geral, (2,69/100.000).
As lesões e os traumas provocados por quedas em pessoas idosas, frequentemente ocorrem em
casa, entre o quarto e o banheiro; ou nas vias públicas, nas travessias das ruas, ao subir nos ônibus ou
ao se locomoverem dentro deles. Associam-se, na maioria das vezes, a enfermidades como à
osteoporose, à instabilidade visual e postural típicas da idade e às negligências de que são vítimas.
Internacionalmente se estima que haja uma relação 03 (três) quedas não fatais para cada queda fatal.
Os estudiosos estimam que um terço de idosos acima de 60 anos que vive em casa e a metade dos que
vivem em instituições sofrem pelo menos uma queda anual. A fratura de colo de fêmur é a principal
causa de hospitalização e metade dos idosos que sofrem esse tipo de lesão, falece dentro de um ano.
Grande parte dos que sobrevivem fica totalmente dependente dos cuidados de outras pessoas.
Freqüentemente, a violência estrutural (marcada pela desigualdade, pobreza e miséria), a
violência institucional e a violência familiar ocorrem simultaneamente. Dentre os problemas mais
freqüentes ressaltamos os abusos financeiros que constituem a maior queixa às delegacias, às
defensorias, ao ministério público e ao disque-idoso; maus tratos e negligências provocados pelos
serviços públicos de saúde, de assistência social e de segurança; maus tratos e negligências em
clínicas e instituições de longa permanência e nos ambientes familiares.
É importante ressaltar a violência familiar porque cerca de 98% da população idosa ou vive
sozinha ou com suas famílias. Pesquisas feitas em várias partes do mundo revelam que cerca de 2/3
dos agressores dos mais velhos são filhos e cônjuges. São particularmente relevantes os abusos e
negligências que se perpetuam por choque de gerações, por problemas de espaço físico e por
dificuldades financeiras que costumam se somar a um imaginário social que considera a velhice como
‘decadência’ e os idosos como “descartáveis”.
Algumas conclusões
O Estatuto do Idoso é um excelente dispositivo legal, por meio do qual, a sociedade brasileira
deu um passo decisivo no reconhecimento da cidadania desse grupo social, do seu protagonismo e de
sua contribuição passada e atual. Ao aprovar o Estatuto do Idoso, os brasileiros redefiniram o lugar
das pessoas acima de 60 anos no ciclo da vida comunitária, chamando-as a se integrarem na esfera
política, no mundo do trabalho, na produção da cultura e da vida social. Está dito que o
envelhecimento é um direito personalíssimo e aos idosos estão assegurados respeito, liberdade e
dignidade.
O primeiro e o segundo “Plano de Ação de Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa”
aprofundaram e vêm focalizando as diretrizes para atuação do poder público nos casos de abusos,
maus-tratos e negligências, responsáveis por provocar-lhes mortes, lesões, traumas e muito
sofrimento físico e emocional. Nesses documentos está previsto que os vários setores públicos
liderados pela Secretaria Especial de Direitos Humanos e com a colaboração de instituições não-
governamentais e privadas devem investir em ações concretas para que o Estatuto seja respeitado, a
violência prevenida e para que ações concretas transformem para melhor, o ambiente social de vida
dos idosos. Nesses últimos cinco anos, muito já foi feito para que o Brasil tenha uma população idosa
saudável: criação de Conselhos de Direitos, de Núcleos de Prevenção da Violência, avaliação de
serviços e investimento no aumento e ampliação da consciência social. Chamamos atenção para
alguns pontos importantes que merecem ainda um investimento maior:
• Contar com o protagonismo do idoso e de suas organizações em todas as iniciativas que lhes
dizem respeito;
• Investir no avanço da consciência social sobre o conhecimento do Estatuto da Pessoa Idosa, e
sobre a importância desse grupo social para o desenvolvimento do país;
• Investir em mecanismos de denúncia contra a violência e de encaminhamento e de solução
dos problemas relacionados a esse problema;
• Investir na formação de cuidadores formais e informais;
• Apoiar as famílias que possuem pessoas idosas e apresentem vulnerabilidades como é o caso
daquelas em que idosos cuidam de outros idosos dependentes e onde há falta de condições
materiais ou mentais para o devido cuidado, dentre outras;
• Investir na acreditação e na fiscalização das instituições de longa permanência;
• Por serem os acidentes de trânsito a primeira causa de morte violenta dos idosos: investir na
prevenção, melhorando calçadas, travessias, sinais e dispositivos urbanos destinados a
promover e controlar a mobilidade das pessoas; promover campanhas educativas, cursos e
treinamentos para motoristas e trocadores; dentre outros;
• Por serem as quedas a primeira causa violenta para internação de idosos e elas sendo
associadas a vários fatores, dentre eles fragilidades e enfermidades físicas, negligências e
abusos: dar prioridade a esse assunto nas propostas de prevenção e promoção da saúde que
facilitem a mobilidade segura nas ruas e nas casas;
• Criar no setor saúde a consciência da urgência que um idoso requer na prestação de serviços.
Seja na atenção primária seja nas emergências, nas áreas de tratamento e de reabilitação;
• É preciso que o setor saúde e de assistência social vão além da queixa do idoso sobre lesões e
traumas. Muitos sinais podem indicar maus tratos como a aparência do idoso; a procura
seguida por cuidados médicos; as repetidas ausências às consultas agendadas; e as explicações
improváveis sua ou de familiares para determinadas lesões e traumas.
Hoje, a causa dos direitos da Pessoa Idosa faz parte da democratização do país que passa
também pelo respeito às diferentes idades, etnias, opções sexuais e aos portadores de algum tipo de
deficiência.
Paulo Paim
Senador da República
Presidente da Comissão de Direitos Humanos e
Legislação Participativa- Senado Federal
É fato que a população mundial envelhece a cada dia. Dados da PNAD de 2006 mostram que
no Brasil o número de pessoas com mais de 60 anos é de 19,1 milhões, 11,1% do total de brasileiros.
As previsões são de que em 2025 esse percentual passe para 24,5%. Com isso, seremos o sexto país
com a maior população idosa. Por isso devemos nos perguntar qual será o futuro desses milhões de
pessoas.
Infelizmente o panorama atual não é dos melhores. As conferências, as assembléias, os Planos
nacionais e internacionais sobre o envelhecimento, a Carta de Brasília, as Metas do Milênio e tantos
outros, enfatizam a preocupação com o envelhecimento populacional em âmbito mundial. Apesar de
o Brasil ser signatário de todos eles, o que vemos é o empobrecimento gradativo de nossos idosos.
A Carta de Brasília, por exemplo, coloca os sistemas de Seguridade Social e de pensões como
pontos a serem observados pelos países. Não é à toa que muitos governos debatem há anos reformas
da Previdência. Por aqui não é diferente.
É preciso sempre lembrar que os aposentados de hoje já foram trabalhadores que contribuíram
por anos e anos e querem receber o que a Lei lhes garante. Hoje vemos que enquanto os planos de
saúde, os medicamentos, o custo de vida, os gastos com alimentação e outros itens essenciais têm
seus custos aumentados, os vencimentos dos aposentados e pensionistas brasileiros diminuem.
Sempre defendemos a previdência pública, a gestão quadripartite (aposentados, empregados,
empregadores e governo) com poder deliberativo e a não existência do déficit. Nossa Previdência, ao
contrário do que dizem alguns, não está falida. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já afirmou que
a Previdência não é deficitária. Concordamos com o que ele disse: "Os políticos brasileiros devem
desafiar os economistas e os especialistas em Previdência para a gente poder discutir claramente
como resolver a política social no país sem jogar nas costas dos pobres a perda dos seus direitos".
Porém, existem os que apregoam o suposto déficit. É preciso fazer a distinção entre os
benefícios de caráter previdenciário, assistencial e daquele contingente de pessoas que recebem a
aposentadoria especial (trabalhadores rurais que foram incorporados pela Constituição ao sistema
previdenciário, mesmo sem terem recolhido suas contribuições ao INSS).Esses são benefícios justos
do ponto de vista social. Entretanto, o Tesouro Nacional precisa recolher a sua contrapartida das
contribuições desses beneficiários. Aposentadoria de um salário mínimo mensal é o mínimo que o
Estado pode fazer para amparar essas pessoas.
Pela Constituição, a Previdência integra a Seguridade Social a qual é composta também por
saúde e assistência social. Diversas são as fontes de recursos da Seguridade. De forma direta ou
indireta ela recebe recursos provenientes dos orçamentos da União, dos estados, do Distrito Federal,
dos municípios e de diversas contribuições sociais.
Um levantamento feito pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do
Brasil (ANFIP) mostra que o saldo da Seguridade Social em 2007, foi de R$ 60.642,2 bilhões. Outro
estudo da instituição demonstra que em apenas dez anos mais de R$100 bilhões da Seguridade foram
destinados para outras áreas. Por isso, defendemos a aprovação da PEC 24/07, de nossa autoria, que
proíbe destinar para outros fins os recursos da Seguridade.
Também é urgente acabarmos com o Fator Previdenciário. Criado pela Lei 9.876/99, ele é um
redutor no valor inicial da aposentadoria. A fórmula de cálculo leva em consideração a alíquota de
contribuição, idade e tempo de contribuição do trabalhador no momento da aposentadoria e
expectativa de sobrevida (calculada conforme tabela do IBGE). Quanto maior a expectativa de vida
no momento da aposentadoria, menor será o valor do benefício a ser recebido.
A incidência do fator nas aposentadorias as reduz em até 40% para as mulheres e em até 35%
para os homens. Por não concordarmos com o fator, apresentamos o PLS 296/03 que o revoga.
Encaminhamos à Câmara dos Deputados, enquanto relator da Comissão Mista do Salário Mínimo, o
PL 100/07 que também prevê o fim do fator.
A Comissão também encaminhou ao plenário da Câmara o PL 101/07 que dispõe sobre regra
permanente para o reajuste anual do salário mínimo. Os reajustes seriam automáticos com reposição
da inflação mais o dobro do PIB, acrescidos de ganhos reais, com percentuais estendidos aos
vencimentos dos aposentados e pensionistas que recebem acima do mínimo.
Atualmente a Previdência tem 25.184.196 beneficiários, o que gera uma despesa mensal
equivalente a R$ 14.707.024.285,00 (dados de janeiro de 2008). Desses, pouco mais 16,5 milhões de
segurados recebem benefício igual a um salário mínimo. Assim, a extensão do percentual de aumento
do salário mínimo a todos os segurados do RGPS terá um impacto mensal de R$ 349.389.067.
Considerando os doze meses do ano mais a gratificação natalina, o impacto anual é estimado em R$
4.542.057.875.
É importante também ressaltarmos que os aposentados brasileiros que recebem mais que o
mínimo, nos últimos dez anos, tiveram reajustes inferiores à metade dos concedidos a quem ganha um
salário mínimo. O resultado disso é o achatamento das aposentadorias e pensões. São inúmeros os
casos de pessoas que recebiam, por exemplo, o equivalente a oito salários mínimos e hoje recebem
quatro. Muitas pessoas contribuíram sobre 20 salários, por exemplo. Posteriormente houve a redução
do teto para dez mínimos e hoje está limitado a 3.038,99 (aproximadamente 7,3 salários mínimos).
Analisando o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), calculado pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV), veremos que o custo de vida das famílias com idosos é superior ao
das famílias sem idosos. Entre 1994 e 2004, a inflação medida pelo IPC-3i ficou em 224,30%,
enquanto o índice da população em geral foi de 175,96%. Ou seja, uma diferença de 48,34%.
Dados da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap) mostram que cerca
de 60% dos aposentados e pensionistas atualmente sustentam filhos desempregados e suas famílias.
Essa realidade não é apenas brasileira, tanto que o Plano de Ação Internacional sobre o
Envelhecimento e a Carta de Brasília, por exemplo, chamam a atenção das Nações para a posição
social dos idosos. Diante desses fatos fica o questionamento: como dar um aumento para o salário
mínimo e não conceder o mesmo reajuste para as aposentadorias e pensões? Isso justamente no
momento em que essas pessoas mais precisam e mais têm gastos.
Também somos favoráveis a recuperação do valor das aposentadorias. Nosso PLS 58/03 prevê
a instituição do índice de correção previdenciária que tem como objetivo restabelecer o valor da
aposentadoria em termos do número de salários mínimos correspondentes ao benefício no momento
da aposentadoria. A aplicação do índice garantirá que no decorrer de cinco anos (período de
transição) o valor dos benefícios seja gradativamente majorado até recuperar seu valor original em
salários mínimos. Após o período de transição, o projeto assegura que os benefícios preservem seus
valores em salários mínimos.
Temos de ficar atentos ao fato de que se persistirem os ganhos reais para o mínimo sem que
sejam repassados aos benefícios previdenciários acima desse valor, no curto prazo, milhões de
benefícios estarão no piso, ou seja, serão equivalentes a um salário mínimo.
No que diz respeito a idade mínima para a concessão de aposentadoria voluntária, defendemos
igualar o RGPS à situação existente no regime próprio de previdência dos servidores públicos (PEC
10/08). Mecanismo esse que existe em praticamente todos os regimes de previdência do mundo.
Como contrapartida, teríamos a extinção do "fator previdenciário". Nesse contexto, algumas
mudanças são necessárias.
É importante esclarecer que a implantação dessa regra não seria imediata. A idéia é seguir
uma série de normas de transição (também inclusas no projeto) a fim de evitar injustiças e de
assegurar os direitos daqueles que já estão no sistema, especialmente dos que estão próximos à
aposentadoria.
A primeira regra de transição refere-se à implantação do limite de idade. Nesse ponto, a
intenção é fixar, inicialmente, os limites de 51 anos de idade para os homens e de 46 para as mulheres
- as quais correspondem à soma da idade de 16 anos, definida constitucionalmente como o mínimo
para a entrada no mercado de trabalho, com o tempo mínimo de contribuição para cada sexo-, e
prever que esse limite será elevado em um ano a cada três. A idade de 55 anos e 60 seria para aqueles
que entrassem no sistema depois da aprovação da PEC 10/08.
Com isso, vamos garantir uma implantação suave do novo limite de idade, diluindo os seus
efeitos no tempo.
Outra proposta visa beneficiar aqueles que já tenham se inscrito no RGPS na data da
publicação da Emenda Constitucional que se originar da PEC e que tenham começado a trabalhar
mais cedo. Ela foi inspirada no que foi aplicado aos servidores públicos pelas Emendas
Constitucionais 41/03 e 47/05.
De acordo com a regra, para essas pessoas a idade mínima prevista a cada ano, será reduzida
de um ano de idade para cada ano de contribuição que exceder 35 anos para os homens e 30 para as
mulheres. Por exemplo:
1. Um homem que tenha completado 30 anos de idade e 14 anos de contribuição no início de
2008, poderá se aposentar aos 55 anos de idade e com 39 anos de contribuição.
2. Um homem que tenha completado 40 anos de idade e 24 anos de contribuição no início de
2008, poderá se aposentar aos 53 anos de idade e aos 37 anos de contribuição.
Tais medidas buscam fazer justiça àqueles que já estão no sistema, próximos a se aposentarem
e que começaram a trabalhar cedo.
Como forma de tentar compensar a situação daqueles que já se aposentaram com aplicação do
"fator previdenciário" sobre os seus benefícios é assegurado que: na data da publicação da Emenda
proposta os que estiverem em gozo de aposentadoria no RGPS e também estiverem em atividade
sujeita a esse regime ou a ele retornarem em qualquer tempo, acréscimo no valor de seu benefício
equivalente a um trinta e cinco avos, se homem; e um trinta avos, se mulher, por ano de contribuição
adicional.
Defendemos que os valores das aposentadorias por invalidez, idade, tempo de contribuição e
especiais dos segurados que necessitarem da assistência permanente de outra pessoa, por razões
decorrentes de doença ou deficiência física sejam acrescidos de 25% (PLS 270/04).
Também prevemos, por meio do PLS 169/05, que os benefícios de aposentadoria, pensão ou
assistencial já concedidos a qualquer membro da família, de valor igual a um salário-mínimo não
serão computados para fins de cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Lei Orgânica da
Assistência Social.
É preciso dar um basta nos desvios, na inadimplência e colocar na cadeia os sonegadores. É
imprescindível também estimular os trabalhadores informais a se filiarem ao RGPS. A situação é
preocupante porque os trabalhadores que se encontram na informalidade e, portanto, não são filiados
ao sistema, estão expostos aos riscos sociais do trabalho e não poderão enfrentar, no futuro, o declínio
de sua capacidade laboral. E, assim, o que dizer sobre o envelhecimento?
Mais ainda, por não serem filiados à Previdência acarretarão altos custos sociais no futuro, já
que ficarão à mercê dos programas assistenciais do Estado ou da ajuda dos familiares, os quais terão
suas rendas diminuídas. Conseqüentemente, haverá queda na qualidade de vida. Por outro lado,
constata-se que o grande crescimento da informalidade do mercado de trabalho advém, em grande
parte, dos altos custos dos encargos sociais.
Por isso, a Comissão Mista do Salário Mínimo, apresentou também o PLS 24/07 que prevê a
alteração da Legislação Tributária Federal para reduzir a contribuição social incidente sobre a folha
de salários e aumentar a incidente sobre a receita bruta. Assim, empresas que tenham faturamento
maior contribuiriam mais e aquelas que mais empregam e que, portanto, cumprem uma função social
importante, seriam desoneradas. A proposta prevê uma redução de 20% para 15% em relação aos
encargos trabalhistas incidentes sobre a folha de salários. Em um primeiro momento, as empresas
mais intensivas em capital passarão a participar mais fortemente do financiamento do sistema
previdenciário.
Apresentamos também o PLS 253/05 que dispõe sobre a contribuição social das empresas e
sobre o sistema especial de inclusão previdenciária dos trabalhadores de baixa renda e daqueles que,
sem renda própria, se dedicam exclusivamente ao trabalho doméstico. A expansão da cobertura
representa o principal desafio a curto prazo, tanto para o desenvolvimento do sistema previdenciário
brasileiro, quanto para a continuidade da política de sustentação de renda dos idosos.
Apenas assim poderemos atingir o que almejamos: o estabelecimento de uma sociedade em
que todos, de todas as idades, possam desfrutar de igual forma os direitos e serviços. Somente com
isso poderemos diminuir a pobreza, investir no futuro de nosso povo, possibilitar acesso ao serviço de
saúde, enfim, construir uma sociedade de fato justa e igualitária.
Diante disso, temos alguns desafios a solucionar para que o futuro de aposentados e
pensionistas fique assegurado. É preciso olhar com mais atenção para a informalidade, combater a
sonegação e garantir a aprovação da PEC 24/07 que determina que os benefícios da Seguridade não
sejam destinados para outros fins e da PEC 13/06 que garante que o poder de compra de benefícios de
aposentados e pensionistas não seja reduzido em razão do valor do salário mínimo.
É também fundamental termos clara a importância da Previdência pública. Discordamos
totalmente da posição dos que propagam que ela está falida. Se continuarmos com essa política e essa
falsa verdade, em breve a Previdência pública será transformada em um seguro social de um salário
mínimo, independente das pessoas terem contribuído sobre o teto. Isso nós não queremos, nós não
aceitamos em hipótese alguma.
É necessário e urgente que cada trabalhador tome conhecimento de que existe quem queira
desacreditar o sistema público de Previdência. Há os que buscam caracterizá-lo como um sistema
deficitário, corrupto e ineficiente. As pessoas precisam enxergar além e perceber que isso esconde
interesses de determinados grupos, os quais querem assumir o total controle sobre a Previdência no
país. A previdência pública é um dos maiores patrimônios do Brasil, por isso tem de ser preservada.
Ao lado do salário mínimo é um dos melhores distribuidores de renda do presente e também do
futuro. Isso se soubermos defendê-la, não permitindo que os recursos destinados a ela sejam
investidos em outras áreas.
Temos de estar sempre mobilizados para defender a previdência pública e os aposentados e
pensionistas.
A assistência social é política de seguridade social não contributiva, que visa assegurar o
atendimento às necessidades básicas. Realiza-se de forma integrada às demais políticas setoriais,
visando o enfrentamento da pobreza, a garantia dos mínimos sociais, o provimento de condições para
atender às contingências sociais e à universalização dos direitos sociais.
Tem por objetivos a proteção à família, a maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, a
garantia de um (1) salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso
que não possuam meios de prover a própria manutenção ou tê-la provida por sua família.
As ações da política de assistência social são organizadas por meio do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS), responsável pela regulação e organização das ações sócio-assistenciais em
todo o território nacional. Os serviços, programas, projetos e benefícios têm como foco prioritário a
atenção à família, seus membros e indivíduos.
O SUAS pressupõe, ainda, um sistema de gestão compartilhada, co-financiamento da política
nas três esferas de governo e definição clara das competências técnico-políticas da União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, com a participação e mobilização da sociedade civil, a qual possui um
papel efetivo no processo de sua implantação e implementação.
A proteção social de assistência social está organizada em proteções social básica e especial. A
proteção social básica tem por objetivo prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de
potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. A proteção
social especial se materializa por meio da rede de serviços de albergues, abrigos, moradias provisórias
para adultos e idosos; serviços especiais de referência para pessoas vítimas de negligência, abusos,
abandono e outros.
Por meio da Proteção Social Básica, faz-se necessário que sejam desenvolvidas e/ou
incrementadas ações, como o atendimento domiciliar e apoio psicossocial à família, ao cuidador e ao
próprio idoso, garantindo dessa forma, o suporte fundamental para uma atenção mais adequada. As
ações desenvolvidas no âmbito da proteção social especial visam prover a atenção sócio-assistencial
às famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, em decorrência de
abandono, maus tratos físicos e/ou psíquicos, situação de rua, entre outras.
É imprescindível, que a prestação dos serviços que compõem a rede sócio-assistencial possa
refletir as características e necessidades dos idosos em determinado território e que as ações de caráter
intersetorial, sejam asseguradas de forma a atender as especificidades e complexidades presentes no
processo de envelhecimento da população brasileira.
O financiamento das ações ocorre mediante a transferência dos recursos federais aos
executores – fundo a fundo - são adotados os pisos de proteção social do SUAS. Para que ocorram a
transferência dos recursos fundo-a-fundo é necessário que os Estados e Municípios cumpram as
condicionalidades propostas pelo SUAS. A transferência de recursos ocorre tendo em vista os níveis
de gestão de cada ente.
A Norma Operacional Básica (NOB) de 2005 estabeleceu os pisos para a proteção social
básica (básico fixo, básico de transição e básico variável) e pisos para a proteção social especial
(transição de média complexidade, fixo da média complexidade e de proteção social especial de alta
complexidade).
Nos serviços de atenção à pessoa idosa os pisos básicos consistem em valores básicos de co-
financiamento federal, em complemento aos financiamentos estaduais, municipais e do Distrito
Federal, destinados ao custeio dos serviços e das ações sócio-assistenciais continuadas de proteção
básica do SUAS. Já os pisos de proteção social especial consistem no valor destinado exclusivamente
ao custeio de serviços de média e alta complexidade e compreendem as modalidades de serviços, tais
como:
- atendimento integral institucional;
- casa lar;
- centro-dia;
- atendimento domiciliar às pessoas idosas e portadoras de deficiência;
- albergue;
- abrigo; e
- moradias provisórias, inclusive aqueles voltados para atendimento a situações de violência
e/ou que apresentem grau de dependência.
Se tomarmos como base as metas nacionais do Plano Decenal de Assistência Social 2006
-2015 veremos que foram previstas um número pequeno de ações voltadas para a atenção à pessoa
idosa. As ações sócio-assistenciais voltadas para esse segmento populacional estão presentes na
sistemática de avaliação de resultado do Benefício de Prestação Continuada, na potencialização da
rede de serviços de proteção social básica e especial; no aumento da cobertura do acesso ao BPC; na
ampliação da cobertura dos serviços de alta complexidade, mediante o co-financiamento, que
obedeçam a um padrão de qualidade de atendimento compatível com o estabelecido pelo Estatuto do
Idoso e normas relacionadas; na implantação dos serviços de cuidado no domicílio para famílias de
idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade em todos os municípios habilitados
na gestão básica ou plena do SUAS acima de 100 mil habitantes; e na ampliação e regulação da rede
sócio-assistencial de atendimento a pessoa idosa, priorizando serviços de fortalecimento da
convivência familiar e comunitária.
As deliberações da I Conferência Nacional para a área da Assistência Social, incorporadas ao
Plano Nacional de Implementação das Deliberações, situam, dentre outros pontos, que as ações
relativas a política de assistência social devem ampliar o acesso ao BPC de acordo com os critérios
vigentes; e implantar um Programa de Apoio e Estímulo à Convivência Familiar e Comunitária.
A partir de sua elaboração, o Plano Nacional Integrado de Ações de Proteção à Pessoa Idosa
SUAS-SUS, deverá definir as competências das Políticas de Saúde e Assistência Social, face às
atribuições e ao co-financiamento em cada modalidade de serviço, que compõe a Rede Sócio-
Assistencial, considerando a Política Nacional do Idoso - Lei 8842/94, o Estatuto do Idoso e a
demanda da população ainda está em fase de elaboração .
Considera-se fundamental que os órgãos gestores da Política de Saúde e da Assistência Social
definam suas competências, atribuições e mecanismos para o co-financiamento, que visem a
integração e a complementaridade das ações e serviços nas três esferas de governo, a definição das
novas modalidades de serviços, considerando a completude destas políticas na construção da Rede de
Serviços Sócio-Assistencial .Entende-se como prioridade no processo de fortalecimento e
implementação dos serviços da rede sócio-assistencial e de saúde voltadas para a atenção a pessoa
idosa, a ampliação da atenção básica , o fortalecimento da estratégia saúde da família e a
transformação na concepção de atenção dos Centros de Convivência, voltando-a para ótica da
Cidadania, bem como, implantar a assistência domiciliar, o centro dia , casas lares e o atendimento
integral institucional - com ênfase na capacitação de recursos humanos.
Em 2007, de 14 a 17 de dezembro, realizou-se a VI Conferência Nacional de Assistência
Social, a qual propôs a realização de Oficinas, dentre as quais a do “Processo de Envelhecimento da
População Brasileira e os Serviços Sócio-Assistenciais”. Na ocasião foi discutida a fragilidade da rede
de atendimento sócio-assistencial ao idoso, seja pela insuficiência dos serviços ou pela incompletude
da prestação de serviços face às necessidades de atenção dos idosos.
Também fora identificada a falta de informação relativa à significação do envelhecimento da
população brasileira e as condições deste envelhecer, por parte dos profissionais da Assistência
Social, dos gestores e dos dirigentes de instituições, quando analisamos, por exemplo, o seguinte
dado: o segmento etário que mais cresce dentre os idosos, é o de 75 anos e mais e segundo as
projeções, é o mais suscetível às doenças crônico-degenerativas, como as demências. Então, se
considerarmos que cerca de 60% da população idosa do país possui renda de até dois (2) salários
mínimos, que muitos desses idosos estão sendo a única fonte de renda de suas famílias, filhos e netos
e, que na sua maioria os serviços ofertados são grupos de convivência, centros de convivência e
abrigos ou lares para internamento dos abandonados ou sem família, resta o questionamento - que
serviços estão sendo implantados e/ou ofertados nos municípios para garantir dignidade e qualidade
de vida aos idosos, em especial os fragilizados e suporte e apoio às suas famílias?
Fica também evidenciada a necessidade de se intensificar e efetivar a articulação, interface e
intersetorialidade entre as políticas, especialmente as de efetivação de Direitos do Idoso, da Mulher,
dos Povos Indígenas, no que concerne a especificidades de cada segmento, para que a política de
assistência social possa responder adequadamente às suas demandas, uma vez que inegavelmente as
políticas que atuam na execução das ações voltadas para o envelhecimento recai sobre as políticas de
Assistência Social, de Saúde e de Previdência Social.
O grande desafio que se apresenta para a rede de serviços é o de definir com clareza os
serviços que devem compor a rede de atenção ao idoso na Assistência Social, sua conceituação,
dinâmica de funcionamento, recursos humanos, programa de atividades e, principalmente, os recursos
financeiros necessários ao seu financiamento. Há que se definir uma metodologia para que se possa
avaliar os custos reais dos serviços sócio-assistenciais, considerando a heterogeneidade da população
idosa e das regiões brasileiras, bem como os diferenciais dos serviços e a participação de políticas
como a da Saúde e a efetivação do co-financiamento pelas três esferas federal, estadual e municipal.
Faz-se necessário a priorização de ações que promovam o cumprimento dos dispositivos legais
que asseguram direitos sociais, e o estabelecimento de estratégias conjuntas entre as Política de
Assistência Social e as demais políticas de atenção ao Idoso, para que possamos garantir a revisão
sistemática do Plano Decenal, em decorrência das Conferências, visando a incorporação e priorização
dos indicativos postos pelas deliberações.
Entendemos que os avanços são visíveis:
Na implantação do BPC e na adoção das reformulações propostas pelo Estatuto do Idoso, tais
como a idade de 65 anos e a possibilidade de mais de um benefício na mesma família;
• Aumento da cobertura do acesso ao BPC;
• Adoção de metodologias de avaliação dos resultados do BPC para os beneficiários; e
• Implantação do Programa Gestão Social com Qualidade, composto de dois projetos, sendo um
deles o de Capacitação Descentralizada para Gerentes Sociais, que está habilitando
profissionais para gestão de políticas e programas de desenvolvimento social.
Os desafios que estão postos relacionam-se diretamente com as prioridades e definições do
Plano de Implementação das Deliberações da I Conferência Nacional do Idoso e se constituem:
• Na potencialização das ações e serviços da Proteção Social Básica e Especial;
• Na implantação do Atendimento Domiciliar para famílias com idosos;
• Na regulação da Rede Sócio-assistencial, definindo inclusive co-responsabilidades e
financiamento entre a Assistência Social e a Saúde;
• Na implantação das modalidades de Serviços que devem compor a Rede Sócio-Assisntencial;
• Na implantação do Programa de Apoio e Estímulo à Convivência Familiar;
• Em tomar providências no sentido de efetivar a transferência da coordenação da Política
Nacional do Idoso do MDS para a SEDH;
• Na definição de metodologias para avaliar os custos reais dos serviços sócio-assistenciais, a
fim de estabelecer coerência e especificidade no co-financiamento; e
• Em tornar efetiva a articulação entre as Políticas de Assistência Social e a do Idoso.
Sávio Mendonça
Diz-se que no passado os idosos viviam mais. Por outro lado, os relatórios de saúde
comprovam que a população idosa esta aumentando porque melhorou a qualidade de vida e em
conseqüência a longevidade. Quem esta de fato com a razão?
A rigor, os dois estão com a razão, pois, no passado havia menos estresse, mais ar puro, a
alimentação não tinha agrotóxicos. Mas por outro lado, não havia preocupação com a qualidade do
alimento rico em gorduras saturadas, digamos, colesterol e triglicerídio. Alem disso, a medicina
evoluiu muito nos aspectos de diagnósticos precoces e terapias para os males que afetam o ser
humano. Na verdade, quem traz uma base genética resistente e carregada de longevidade, tendera a
viver muito, vida esta, que poderá ser mais extensa ou menor, conforme os hábitos de vida que a
pessoa adotar. Ao mesmo tempo, quem traz genomas atrelados a resistência orgânica e fortaleza
fisiológica com historias genéticas que propiciem uma longevidade frágil, poderá viver menos.
Entretanto poderá ate retardar seu processo de envelhecimento celular, caso adote um sistema de vida
de qualidade.
Soma-se aos aspectos orgânicos do ser humano, os de ordem psicológica, mental-emocional, e
ate espiritual, que agregados entre si criam uma melhor ou pior qualidade de vida que propiciarão
longevidade com qualidade ou não. Isto quer dizer, em muitos casos, que não adianta se ter
longevidade com baixa qualidade de vida.
Essas questões todas envolvem fatores intrínsecos a cada ser humano, com seus fatores
genéticos, hábitos e sistemas de vida individual, familiar e no ambiente de trabalho. Mas trazem,
também, condicionantes sócio-ambientais, as quais estão intimamente concatenadas a aspectos
decorrentes do meio social e de condicionantes de responsabilidade do Estado, este ultimo enquanto
ente que traz como papel primaz, a garantia do respeito ao meio ambiente e as garantias sociais, no
caso brasileiro, previstos na Constituição Federal.
Ora, quando a Constituição cita quanto a responsabilidade do Estado e de cada cidadão ao
ambiente equilibrado, quando aborda quanto aos direitos a moradia, alimentação e saúde e ainda,
quando o Estatuto do Idoso traz um conjunto de regras voltadas para o respeito e a proteção do idoso,
somados, tais preceitos legais formatam um arcabouço que deve ser fiscalizado pelos governos
municipais, estaduais e federal e, a Justiça e os sistemas de segurança publica, apoiando a ordem e a
justiça sócio-ambiental, deve responsabilizar e punir culpados por danos a esse meio ambiente e
social, incluindo nesse meio, a pessoa idosa.
O idoso já trouxe um conjunto de contribuições á sociedade através de seu trabalho, e mesmo
os que tiveram dificuldades de acesso ao emprego e a remuneração dignas, de certo modo, foram
frutos do meio sócio-ambiental em que estiveram inseridos ao longo de suas vidas e portanto, o
Estado tem forte responsabilidade pela vida digna e com qualidade da pessoa na terceira idade.
Se por um lado o avanço tecnológico trouxe conforto e um conjunto de recursos que facilitam
e melhoram a qualidade de vida, ao mesmo tempo trouxe a poluição e degradação do meio. Por isso
existem as leis e normas ambientais, como forma de conter a degradação e promover crescente
educação ambiental e práticas ecologicamente responsáveis, incluindo o desenvolvimento de
ecotecnologias, de maneira que o progresso humano traga não apenas crescimento econômico
qualitativo, mas uma sociedade justa e um ambiente saudável.
Apesar dos esforços do Governo, há muito o que se fazer para se ter um meio ambiente
equilibrado, com mais qualidade de vida para a sociedade, e o papel das instituições publicas e
privadas e de cada cidadão são essenciais para que os sistemas de produção, os serviços, as atitudes
domesticas e individuais estejam sintonizadas com um mundo cada vez mais sustentável econômica,
social e ambientalmente.
Nesse contexto, não se pode esquecer do papel importante dos idosos e da necessidade de
maior respeito a eles, com efetiva aplicação do seu estatuto. Como dito anteriormente, o idoso ao
chegar nessa idade, já cumpriu com suas responsabilidades de cidadão, já produziu em idade tenra, já
contribui com o sistema previdenciário, já procriou seres humanos, gerações e/ou resultados a partir
de seu trabalho. Cabe ao Estado, desta forma, ser o guardião do cumprimento dos preceitos legais que
garantam mais respeito e qualidade de vida ao idoso, e além disso, promover políticas que viabilizem
crescente qualidade de vida a ele. E ainda, torna-se oportuno o cidadão da terceira idade ser agente
transformador rumo a sustentabilidade, face suas experiências, seus conhecimentos e a necessidade de
tornar cidadão incluído e não excluído, agente de transformação social e ambiental e não mero
expectador de um futuro que ele pode ajudar a construir desde já.
Quando abordamos a questão ambiental nessa discussão, certamente não podemos esquecer
que se por um lado os idosos de hoje foram os jovens do passado que ajudaram a construir a presente
sociedade com grandes transformações econômicas e tecnológicas, foram os mesmos que, também,
contribuíram para a degradação ambiental presente, são, portanto, co-responsaveis e podem e devem
ser co-agentes de reeducação social e reconstrução de uma nova sociedade, agora sustentável do
ponto de vista ambiental, social, cultural e econômico.
A titulo de ilustração, citamos os principais aspectos sócio-ambientais da atualidade:
a) Destruição da camada de ozônio, causada pela emissão de clorofluorcarboneto,
existente nos aparelhos de ar condicionados e geladeiras menos recentes, ou na
emissão de gases dos aviões. O ozônio protege a atmosfera da forte incidência dos
raios ultra-violeta do sol. Paises do hemisfério sul, como o Brasil, sofrem mais com
esses efeitos que são, principalmente, os cânceres de pele, face á maior incidência
de raios solares, afetando não só quem pega sol direto, como aqueles que estão na
sombra e acabam recebendo seus efeitos, também, ainda que em menor quantidade.
Os idosos são os que mais sofrem com esse efeito devido sua pele mais sensível.
b) Efeito estufa causado pela emissão de gás carbônico (CO2) dos automóveis e
fabricas, que vem causando aquecimento da atmosfera e em conseqüência elevação
das temperaturas médias em todas as regiões do planeta, com maior freqüência de
inversões térmicas, isto e, muitos dias com calor mais intenso que o normal, e dias
mais frios que o normal, propiciando o aparecimento de ciclones, tufões, furacoes,
tempestades e outros fenômenos naturais, especialmente em regiões subtropicais e
temperadas. No caso das regiões tropicais e subtropicais, o aumento das
temperaturas médias e a ma distribuição das chuvas tem afetado grandemente a
agricultura e esta situação deverá piorar, segundo previsão de cientistas integrantes
do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, ligado a Organização das
Nações Unidas para o Meio Ambiente. Agregado a emissão de gases de efeito
estufa, o mal estar das pessoas, especialmente das mais sensíveis, como crianças e
idosos, face a inalação de fuligens de automóveis e fabricas, aumentando
certamente doenças respiratórias e alérgicas. Quando esse quadro se soma aos
efeitos globais de aumento da temperatura-média, a situação para a saúde piora,
pois, mais calor, alem do incomodo, levando em muitos casos ao uso de ar
condicionado (favorecendo o surgimento de doenças respiratórias e alérgicas,
podendo baixar o sistema imunológico), favorece ao aparecimento de mais fungos e
bactérias (quando em regiões mais úmidas) e mais vírus (quando em regiões mais
secas). A saúde dos idosos acabam se abalando mais que em pessoas de qualquer
outra idade.
c) As queimadas, a emissão de gases de esterco animal ou de lixões a céu aberto,
tipicamente o monóxido de carbono (CO), ainda que com menor impacto que o
CO2, também tem sérios reflexos as mudanças climáticas, especialmente pela
grande quantidade dessa emissão, típica de paises subdesenvolvidos, face ao uso de
lenha e de queimadas nas florestas, mas também muito incidente em paises
desenvolvidos que criam muitos gados. Esses gases se somam ao CO2 e contribuem
para o aumento da temperatura.
d) A emissão de enxofre, normalmente ocorrente em regiões que se utilizam de carvão
mineral para geração de energia termoelétrica, ou mesmo na emissão de fuligens de
fabricas que se utilizam de compostos químicos com esse elemento, provocam
chuvas acidas, que, diferentemente dos gases de efeito estufa, em que seus efeitos
se estendem pelo planeta, estes se restringem as regiões onde são emitidos, ou
adjacências. Mas seus efeitos a saúde humana são muito danosos, especialmente no
trato respiratório e pulmonar.
e) A eliminação das florestas e coberturas vegetais, deixando solos descobertos afetam
negativamente a vida e a qualidade química e física desses solos. São muito
negativos para uma boa agricultura e a erosão, muito danosa, também, para a
segurança e vida das populações próximas, gera impactos ruins para o sistema de
recarga de lençóis subterrâneos de água. Os efeitos ao microclima são visíveis
quando se extrai a cobertura vegetal, reduzindo-se chuvas, secando áreas úmidas e
prejudicando os ciclos biológicos da micro, meso e macro fauna, da biologia
vegetal e gerando conseqüências negativas a uma produção sustentável.
f) A agricultura monocultural, convencional que elimina a biodiversidade de forma
indiscriminada, quebra as cadeias alimentares, propicia o aparecimento de pragas e
doenças, forçando ao uso de agrotóxicos que envenenam os solos, os recursos
hídricos e os alimentos. Certamente muitas das doenças como cânceres, são
causados pelo acumula de metais pesados e outras substanciais químicas que se
acumulam no organismo por décadas e décadas. Agricultores e consumidores são os
que mais sofrem com esses danos. Os idosos mais ainda, não apenas pela
sensibilidade natural da idade, mas pelos anos de consumo de produtos com
agrotóxicos que acabam estourando sistemas fisiológicos humanos, mais cedo ou
mais tarde, dependendo do grau de acumulo tóxico, dos hábitos de vida e da
genética individual e familiar. Há que se repensar o sistema de produção, com base
em modelos orgânicos, agroecologicos, onde se usam adubos naturais, se
favorecem o equilíbrio da vida dos solos e da biota, alternativas que adotam o uso
de controle biológicos e naturais de pragas e doenças, tendo como resultante,
alimentos saudáveis, com maior equilíbrio nutricional. Indubitavelmente esses
alimentos orgânicos poderão trazer mais qualidade de vida alimentar aos
consumidores, e portanto, aos idosos. Se estes consumiram muitos alimentos com
agrotóxicos em suas vidas, poderão tentar reverter o quadro da saúde pessoal,
consumindo alimentos mais saudáveis. E neste escopo se enquadram alimentos com
menos gordura animal. Há que se ressaltar nesse contexto, o retorno as origens dos
nossos avos, hoje idosos ou falecidos, que é o costume de se usar ervas medicinais
caseiras, passiveis de serem reintegrados nos sistemas de saúde publica e apoiados
por produções agroecologicas, com geração de renda local.
g) Saneamento – este é um tema vital no processo de construção de um ambiente
saudável aliado a saúde humana equilibrada. Sabe-se que a maioria das cidades
brasileiras (mais de 70%) não tem sistemas de coleta e tratamento de esgoto. Em
torno de 60% até fazem coleta, mas não tratam. Jogam o esgoto humano nos rios e
córregos, transformando esses corpos de água que geram vida e de onde coletam
água para consumo, numa verdadeiro deposito de fezes, constituindo-se num ato de
verdadeira selvageria e atitude anti-etica para a natureza e para com a saúde. Há que
se investir pesadamente nesses segmentos, que são primeiramente responsabilidade
dos municípios, mas que o Governo Federal, através da Funasa; Ministério da
Saúde e do Ministério das Cidades vem envidando esforços para apoiar a instalação
de infra-estrutura, não só na coleta e tratamento de esgoto, mas na captação,
tratamento e distribuição de água. Soma-se a isso, os sistemas de gestão de
resíduos. O Brasil está cheio de lixões, e, igualmente, os municípios e estados tem
falhado em muitos casos até na coleta, mas principalmente na destinação final do
lixo. Os malefícios decorrentes da ausência de aterros sanitários são muitos. O
chorume contamina os recursos hídricos, atrai urubus, ratos, insetos e outros vetores
de doenças. Há dados que mostram que o investimento em saneamento evita o gasto
4 vezes mais em saúde terapêutica e hospitalar. Água de qualidade, lixo coleta e
manejado adequadamente e água potável são três fatores indissociáveis para uma
boa qualidade de vida. Muitos remédios e mortes poderiam ser evitados com
investimento nesse segmento que e ambiental, mas também de saúde preventiva. A
população em geral, mas principalmente os mais frágeis, como os idosos e as
crianças certamente sentirão na saúde, no bolso e no bem estar quando os
municípios puderem implantar e gerenciar sistemas eficientes e eficazes de
saneamento, com iniciativas apoiadas pelos governos estaduais e federal.
h) Não podemos esquecer que as favelas e os problemas decorrentes de carências de
planejamento urbano e inclusão social são também problemas ambientais, pois não
só agridem a vista, mas os corações das pessoas, geram violência e marginalidade
social. Não é justo ver pessoas sem moradias, passando fome, sem educação e sem
saúde. Todos estes direitos são garantidos pela Constituição Federal Brasileira, mas
estão longe de serem atendidos.
Todas estas questões sociais e ambientais são na verdade oportunidades para serem
enfrentadas e solucionadas e, nesse contexto o papel da pessoa idosa é primordial, não apenas porque
uma sociedade se constrói com seres humanos ao longo da historia, e nessa linha de raciocínio, quem
é idoso hoje foi jovem ontem, e quem é jovem hoje será o idoso de amanhã. Portanto a
responsabilidade intergeracional é condição essencial de compreensão e busca de soluções conjuntas,
num mutuo processo de inclusão no bojo das atividades de planejamento, diagnósticos, estratégias,
projetos e ações sociais e ambientais, não só como iniciativas de governos, mas empresariais e da
sociedade civil organizada, para se construir uma sociedade mais justa, equilibrada economicamente e
ecologicamente saudável. O idoso pode e deve ser incluído e deve se incluir, buscar seu espaço, nesse
esforço de construção de uma nova sociedade capaz de viver com qualidade de vida.
O Brasil e o mundo experimentam uma de suas grandes conquistas sociais que é o aumento da
expectativa de vida, ou o prolongamento da velhice.
Mas, este acontecimento, muito embora, comemorado como conquista social está ameaçado
pelas iniqüidades das desigualdades socioeconômicas e de todas as formas de discriminação presentes
no cotidiano hodierno, especialmente aquelas relacionadas com idade.
Neste contexto, o grande desafio que emerge do irreversível fenômeno do envelhecimento das
populações, é garantir qualidade de vida, dignidade e cidadania às pessoas idosas. A educação, a
cultura, o esporte e o lazer, têm, certamente, um papel fundamental na superação deste desafio. Para
tanto, é necessário que se tenha políticas públicas comprometidas com os fundamentos destas
disciplinas, os quais se baseiam na criação de uma sociedade mais justa sob o ponto de vista social e
econômico, no respeito às diferenças, na solidariedade e dignidade da pessoa.
Educação e Cultura
O Esporte e o Lazer
A partir dos anos 90, a sociedade começou a ter um olhar diferenciado para as questões
relacionadas à saúde, qualidade de vida e envelhecimento.
Existem algumas teorias que tentam explicar este fenômeno, entre elas destaca-se a teoria da
atividade que tem grande influência entre os grupos sociais de idosos e orienta projetos na área de
lazer e educação não formal.
Segundo Salgado (1999), sob a influência desta teoria, muitos projetos têm como
pressuposto “que a atividade social é em si e por si benéfica e produz uma maior satisfação com
a vida”, ou seja, que a atividade física e mental é o meio pelo qual os idosos atingirão uma
melhor qualidade de vida.
Este tipo de pensamento reporta a idéia que é defendida em muitas áreas do conhecimento que
estudam a questão do envelhecimento bem sucedido.
Porém, é preciso que se deixe claro que o envelhecimento, é uma construção anterior ao
próprio envelhecer. É uma construção diária, que deve ser realizada ao longo da vida.
Cada indivíduo terá um envelhecimento diferenciado, que vai depender das condições
biológicas, econômicas, culturais, sociais, etc.
Alguns estudos, por exemplo, mostraram que a melhoria do bem-estar, relativo a um maior
envolvimento social, só ocorre em grupos de baixa renda (STUART-HAMILTON, 2002).
Assim, a teoria da atividade parece induzir as pessoas a se tornarem ativas, e responsáveis pela
condução de seu envelhecimento.
O lazer direcionado às pessoas idosas emerge como aquilo que Debert (1999), chama de
“Reprivatização do envelhecimento”, em que os indivíduos são convencidos a assumir a
responsabilidade pelo seu envelhecimento e, conseqüentemente, pela sua saúde, aparência e pelo seu
isolamento:
se alguém não é ativo, não está envolvido em programas de
rejuvenescimento, se vive a velhice no isolamento e na doença é porque não
teve o comportamento adequado ao longo da vida, recusou a adoção de
formas de consumo e estilos de vida adequados e, portanto, não merece
nenhum tipo de solidariedade. (DEBERT, 1999a: 35)
Coloca-se também a mudança de hábitos de vida, como fator importante para se ter sucesso no
envelhecer. Atividade física regular, alimentação equilibrada, e engajamento em atividades sociais
seria uma boa fórmula para um envelhecimento saudável ou bem sucedido.
Porém, é preciso um olhar para outras realidades, relacionadas ao envelhecimento não
saudável, onde existe a presença de doenças de toda ordem, sejam elas físicas, mentais ou sociais.
No campo da Educação Física, área diretamente envolvida com propostas de melhoria da
qualidade de vida através da prática da atividade física, na década de 30 até 1969, persistia o
entendimento que a educação física deveria voltar-se prioritariamente para crianças e jovens. Sendo
as atividades físicas para adultos e idosos menos importantes.
A partir de 1970 até 1994, surgiram os primeiros trabalhos teóricos sobre atividades físicas e
envelhecimento. Livros e periódicos ganharam espaço na produção nacional, influenciados por
publicações internacionais sobre o tema envelhecimento.
Da mesma forma, programas de atividade física para idosos, proliferaram por todo o país,
geralmente ministrados por voluntários, leigos sem qualquer tipo de qualificação para o exercício
profissional.
Com a Política Nacional do Idoso, publicada em 1994 (BRASIL. Lei nº 8.842/94) iniciou-se o
período de maior comprometimento técnico científico na área, pois essa política determinava entre
outras coisas o “apoio a estudos e pesquisas sobre as questões relativas ao envelhecimento e
incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem a melhoria da
qualidade de vida do idoso e estimulem sua participação na comunidade”.
Ainda temos um longo caminho pela frente, no sentido de cumprir com a legislação existente,
pois ainda há muitas demandas a serem atendidas, e uma delas é a de se implementar propostas que
visem a inclusão do maior número de pessoas idosas em atividades de livre escolha, no sentido de
contemplar as necessidades de cada indivíduo.
Portanto, considerando que esta segunda Conferência é um momento de avaliação e,
principalmente de reflexão para os atores do Estado e da sociedade quer atuam na área do
envelhecimento e dos direitos humanos, é pertinente lembrar o que a legislação (Lei 8.842 de
10/01/1994, Decreto 1948 de 03/07/1996 e Lei 10.741 de 01/10/2003) sobre os direitos das pessoas
idosas estabelece para as áreas da educação, cultura, esporte e lazer: a) educação – adequar
currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais destinados ao idoso; inserir
nos currículos mínimos, nos diversos níveis de ensino formal, conteúdos voltados para o processo de
envelhecimento, de forma a eliminar preconceitos e a produzir conhecimento sobre o assunto, incluir
a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas curriculares nos cursos superiores; desenvolver
programas adequados, especialmente nos meios de comunicação, a fim de informar a população sobre
o processo de envelhecimento; desenvolver programas que adotem modalidades de ensino à distância,
adequados às condições do idoso; apoiar a criação de universidades abertas para a terceira idade,
como meio de universalizar o acesso às diferentes formas do saber; estimular e apoiar a admissão do
idoso na universidade, propiciando a integração intergeracional; b) cultura – garantir ao idoso a
participação no processo de produção, reelaboração e fruição dos bens culturais; propiciar ao idoso o
acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços reduzidos, em âmbito nacional; incentivar os
movimentos dos idosos a desenvolver atividades culturais; valorizar o registro da memória e a
transmissão de informações e habilidades do idoso aos mais jovens, como meio de garantir a
continuidade e a identidade cultural; c) esporte e lazer – incentivar e criar programas de lazer, esporte
e atividades físicas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida do idoso e estimulem sua
participação na comunidade.
Segundo a CEPAL (2007)2, a promulgação de leis para proteger os direitos das pessoas idosas
é uma resposta importante à realidade do envelhecimento. No contexto da América Latina, o Brasil
figura entre os países com a legislação mais avançada em termos de proteção dos direitos da pessoa
idosa. Leis avançadas são de extrema importância para garantir direitos, porém precisam vigorar com
efetividade.
Observando-se a realidade da população brasileira, nota-se haver muito que fazer para tornar
efetiva as determinações legais na área da educação, cultura, esporte e lazer. Para ilustrar o teor desta
assertiva, observe-se que na área da educação, por exemplo, em 2006, no Brasil, dos 14,4 milhões de
pessoas analfabetas, 29,3% eram de pessoas de 60 anos acima. Mesmo com este quadro não se
conhece programas ostensivos de alfabetização de idosos; assim como também não se identifica, até o
momento, programas, estudos e propostas sistematizadas pelas diversas instâncias governamentais
para atender todo ou parte do que dispõe o artigo 10, item III da Política Nacional do Idoso.
Em síntese, neste momento de reflexão, espera-se que esta Conferência não só avalie, como
aponte rumos para a efetividade das políticas relativas à educação, cultura, esporte e lazer, bem como
às demais áreas, considerando as diversidades e demandas reais da população de idosos. Para
finalizar, como contribuição para a reflexão dos rumos a serem seguidos, recupera-se, a seguir, uma
passagem da carta do Encontro Nacional de Idosos do SESC Pompéia, realizado em 2005, afirmando
a importância da mobilização dos movimentos sociais e da sociedade em geral em prol de uma
sociedade realisticamente preparada para o envelhecimento:
fundamental a mobilização dos idosos e suas organizações, de todas as forças
vivas da sociedade brasileira, empenhadas na criação e efetivação de uma
política de envelhecimento, para que o Brasil possa se preparar para o
fenômeno do envelhecimento populacional das próximas décadas. (...) é
[também] fundamental que o governo e toda a sociedade brasileira
reconheçam que os cidadãos da Terceira Idade constituem o mais valioso
patrimônio de qualquer país que aspire ser uma nação verdadeiramente
desenvolvida – não somente do ponto de vista econômico, mas ainda do
social, do político e do cultural. Nós, os idosos, somos os depositários da
memória cultural de nosso povo – a memória das lutas em prol da
democracia, em seu sentido mais radical, de liberdade igualdade e justiça.
(Encontro Nacional de idosos, SESC: 2005)3.
2
CEPAL. Envelhecimento e desenvolvimento em sociedade para todas as idades. Santiago de Chile: Nações Unidas,
2007.
3
SESC. Avaliação e perspectiva da implementação do Estatuto do Idoso: carta aberta à nação. São Paulo: SESC
Pompéia, 04 a 07/10/2005. Disponível em: http://www.rcisystem.com/carta.htm. Acesso em: 24/05/2008.
SUBTEMA 2.8 – CIDADES E TRANSPORTES
Está inserido na própria Constituição o tratamento igualitário que deve ser dispensado a todos
- o qual só assume relevo enquanto princípio de igualdade de oportunidades - e o livre direito de ir e
vir dos cidadãos em tempo de paz. Elege a Carta Magna Brasileira, como fundamentos da República,
a cidadania e a dignidade da pessoa humana (artigo 1º, incisos I e III, respectivamente), sendo um dos
seus objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem preconceito de origem de raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (Art. 3º, inciso IV).
A Constituição Federal de 1988, no artigo 182, estabelece, ainda, a Política de
Desenvolvimento Urbano, com o objetivo de ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e da propriedade.
Em 2001, foi aprovado o Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257, que regulamenta os artigos 182 e
183 da Constituição Federal/88 e estabelece diretrizes gerais da política urbana, determinando, entre
outras exigências, o estabelecimento, em cada Município, da função social da cidade e da propriedade
urbana, respeitando sua individualidade, vocação, defendendo os elementos necessários para o
equilíbrio entre os interesses públicos e privados de seu território.
Posteriormente, o Estatuto do Idoso - Lei nº 10.741/03 trouxe como obrigação do Estado e da
Sociedade assegurar ao idoso a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de
direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis (artigo 10, caput),
compreendendo o direito à liberdade, entre outros aspectos, a faculdade de ir, vir e estar nos
logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas apenas as restrições legais (artigo 10, §1º,
inciso I). Estatuiu, ainda, o citado diploma legal, a eliminação de barreiras arquitetônicas e
urbanísticas nos programas habitacionais públicos ou subsidiados com recursos públicos, para
garantia da acessibilidade ao idoso (artigo 38, inciso III), entre outras determinações.
Dentro dessa função social da propriedade aparece a obrigatoriedade do ambiente acessível,
deixando de ser uma exigência apenas para as edificações e espaços públicos, mas também para
aqueles privados de uso coletivo, além daquelas de uso multi-familiares, como bem exposto na Lei
10.098/00, no Decreto 5.296/04 e na NBR 9050:2004.
A Lei nº 10.098/00 define acessibilidade como a “possibilidade e condição de alcance para
utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das
edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação por pessoa com deficiência ou
com mobilidade reduzida” (artigo 2º, inciso I), sendo nesse mesmo sentido a disposição contida na
NBR 9050:2004. Vale ressaltar que a questão da acessibilidade não se restringe, portanto, à área de
interesse das pessoas com deficiência, mas, sim, de toda e qualquer pessoa que apresente alguma
restrição de mobilidade, sendo o seu conceito ampliado para qualificar, além das edificações, espaços
ou ambientes físicos, também os meios de comunicações e o sistema de transportes.
Para que uma edificação ou espaço seja considerado acessível é necessário que ele tenha sido
projetado e executado em conformidade com as exigências legais e de acordo com o estabelecido nas
Normas Brasileiras (NBRs) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Não podem ser
tidos como acessíveis, portanto, locais em que as exigências legais referentes à acessibilidade foram
observadas de modo parcial, pois um espaço é, ou não, acessível.
Além das Leis nºs 10.048/00; 10.098/00; 10.257/01 (Estatuto da Cidade), entre outras de
âmbito federal, o artigo 14 do Decreto nº 5.296/04 estabelece que, na promoção da acessibilidade,
deverão ser observadas as regras gerais nele previstas, as normas técnicas de acessibilidade da ABNT
e as disposições contidas nas legislações dos Estados, Municípios e do Distrito Federal. No que tange
à legislação municipal, pode-se destacar o Plano Diretor Municipal, o Plano Diretor de Transporte ou
de Mobilidade, o Código de Obras, o Código de Postura e a Lei das Calçadas, entre outros ditames
legais existentes.
Assim, verifica-se o poder constitucional conferido aos Municípios de legislar sobre assuntos
de interesse local (artigo 30, inciso I, da Constituição Federal de 1988) e de suplementar a legislação
federal e a estadual, no que couber (artigo 30, inciso II), além de promover, dentro de suas
atribuições, o adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo urbano (artigo 30, inciso VIII).
O Ministério das Cidades conceitua a Mobilidade Urbana como um dos atributos da urbe,
essencial para o seu crescimento ordenado, e se refere à facilidade de deslocamento das pessoas e
bens no espaço urbano, podendo-se acrescentar que deve se dar de modo autônomo e seguro.
Fator fundamental para a mobilidade de uma cidade é o oferecimento de um Sistema de
Transporte Coletivo acessível, pois não adianta se garantir edificações acessíveis se as pessoas com
mobilidade reduzida não conseguem chegar até elas.
No campo do transporte coletivo, a Constituição de 1988, no artigo 244, estabelece que a lei
disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso público e dos veículos de transporte
coletivo atualmente existentes, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de
deficiência, conforme o disposto no artigo 227, § 2º.
A nível infraconstitucional, a Lei nº 7.853/89 dispõe sobre a adoção e a efetiva execução de
normas que garantam a funcionalidade das edificações e vias públicas, que evitem ou removam os
óbices às pessoas portadoras de deficiência, permitam o acesso destas a edifícios, a logradouros e a
meios de transporte, pelos órgãos da Administração direta e indireta (artigo 2º, Parágrafo Único,
inciso V, alínea “a”), tendo, entretanto, caráter meramente de norma pragmática.
Em 2000, a Lei nº 10.048 veio estabelecer, de forma clara, que “os veículos de transporte
coletivo a serem produzidos após doze meses da publicação desta Lei serão planejados de forma a
facilitar o acesso a seu interior das pessoas portadoras de deficiência” (artigo 5º, caput) e que os
proprietários de referidos veículos em utilização terão o prazo de cento e oitenta dias, a contar da sua
regulamentação, para procederem às adaptações necessárias ao acesso facilitado daquelas pessoas
(artigo 5º, § 2º.). Prevê, ainda, multa para o caso de infração do estabelecido pelas empresas
concessionárias de serviço público por veículo que se apresente em desconformidade com a lei.
Estabelece, também, a obrigação do Poder Executivo regulamentá-la.
A Lei nº 10.098/00, por sua vez, estabeleceu normas gerais e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade não só para as pessoas com deficiência, mas, também, para aquelas com
mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e obstáculos nas vias e espaços públicos, no
mobiliário urbano, na construção e reforma de edifício e nos meios de transporte e de comunicação,
ditando, ainda, no artigo 16, que os veículos de transporte coletivo deverão cumprir os requisitos de
acessibilidade estabelecidos nas normas técnicas.
Entretanto, somente em 2004, as Leis nºs 10.048/00 e 10.098/00 foram regulamentadas pelo
Decreto nº 5.296/04, sendo reservado um capítulo para a acessibilidade aos serviços de transporte
coletivo (terrestre, aquaviário e aéreo), considerando-se como integrante desses serviços os veículos,
terminais, estações, pontos de paradas, vias principais, acessos e operação.
Porém, em muitos Municípios, ainda não é colocado à disposição do idoso e demais pessoas
veículos acessíveis, fazendo com que o acesso delas seja realizado de forma indigna. Vale registrar a
existência de contadores de fluxo (catracas) fixados na entrada dos veículos que compõem o Sistema
de Transporte Coletivo da cidade, constituindo-se mais um obstáculo intransponível para muitas
pessoas (não só para o usuário de cadeira de rodas, mas para o idoso, a gestante, o obeso, pessoas com
sacolas ou pacotes etc.), devido ao seu design totalmente em desacordo com os princípios do desenho
universal.
No que diz respeito à gratuidade da pessoa idosa com idade igual ou superior a 65 (sessenta e
cinco anos) ao Sistema de Transporte Coletivo Urbano, cumpre ressaltar que o Estatuto do Idoso (Lei
10.741/03), disciplinando a garantia constitucional do artigo 230, §2º, da nossa Carta Magna,
condicionou o acesso ao direito apenas à apresentação de qualquer documento que faça prova de sua
idade, INDEPENDENTE de cadastro prévio, exigência esta que foge totalmente ao espírito da lei,
que é a garantia do referido direito ao idoso de forma fácil. Portanto, necessário se faz que o Poder
Público, gestor do Sistema, e a população em geral fiquem atentos para o problema, tendo-se,
inclusive, em mente que pode configurar crime discriminar pessoa idosa impedindo ou dificultando
seu acesso aos meios de transporte, nos termos do artigo 96, caput, da citada lei.
Mister destacar que, para determinadas pessoas, entre elas muitos idosos, o direito ao
transporte coletivo acessível e gratuito configura-se com um direito fundamental para o alcance de
outros como a saúde, a educação, o lazer, a convivência familiar etc..
A Gestão Democrática da Cidade consiste no controle e na participação da sociedade,
diretamente ou representada, no planejamento e no governo das cidades, sendo os Conselhos de
Direitos uma importante ferramenta no controle democrático e até mesmo na formulação das políticas
públicas, diante do seu caráter deliberativo e da paridade de sua composição, onde entidades
governamentais e não governamentais constroem, fiscalizam e avaliam o que foi planejado em sua
área de atribuição.
E a acessibilidade é uma matéria transversal às questões relativas à construção de propostas
para a implantação de políticas públicas voltadas para as pessoas com mobilidade reduzida nas áreas
de saúde, educação, reabilitação, trabalho, esporte, lazer, transporte, habitação. Assim, é necessário
que o Poder Público estabeleça um plano de ação para adaptar as edificações e espaços públicos já
construídos, passando a obedecer ao que está disposto na legislação e nas normas técnicas em vigor,
inclusive no que diz respeito à cobrança de igual atitude em relação às edificações de uso coletivo ou
até mesmo as privadas (estas últimas no que tange às calçadas), atuando, portanto, de forma
repressiva, tudo com o respectivo reflexo no planejamento orçamentário.
Como está previsto no próprio Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/01), o Poder Público
também deve atuar de forma preventiva, revendo os projetos das edificações públicas ainda não
construídas para se verificar a obediência aos ditames legais, fiscalizando o material a ser empregado
nas obras públicas para verificar se obedecem às especificações técnicas, mantendo um rigoroso
acompanhamento na execução das obras, promovendo a capacitação do seu corpo técnico e, ainda,
em relação às demais edificações, garantindo a expedição de alvará de construção ou reforma, de
funcionamento e a concessão do “habite-se” apenas para obras acessíveis, entre várias outras
maneiras de atuação.
É indubitável, portanto, a intenção do legislador em contemplar aspectos relacionados à
mobilidade e à acessibilidade como um instrumento que permita o acesso do indivíduo a diversos dos
seus direitos, fazendo com que possa usufruir a sua vida de maneira independente, com as mesmas
oportunidades conferidas às demais pessoas. E para que se tenha uma cidade para todos, é
imprescindível que o seu espaço urbano e seu Sistema de Transporte sejam acessíveis.
Os dados estatísticos apontam para um número aproximado de 123 milhões de brasileiros que
têm alguma relação direta ou indireta com pessoas com mobilidade reduzida. Assim, não há como
aceitar-se que, no mundo de hoje, de forma até mesmo diária, ainda apareçam obstáculos
arquitetônicos nos projetos de urbanização das cidades, que sejam projetados e executados edifícios
públicos ou de uso coletivo apenas para alguns.
Vê-se, portanto, que, nos dias atuais, a acessibilidade não é um direito apenas das pessoas com
deficiência, mas, também, das pessoas com mobilidade reduzida, entre as quais, muitos idosos. Não
se trata mais de uma questão de remoção de obstáculos arquitetônicos existentes nos equipamentos
urbanos, nos transportes ou nas edificações públicas ou de uso coletivo, mas se constitui em uma
questão de mobilidade urbana, promotora da inclusão social e garantidora, muitas vezes da cidadania
daqueles que fazem parte da sociedade, fazendo valer os princípios de igualdade e de dignidade
garantidos constitucionalmente.
Entretanto, para que se tenha o cumprimento da lei, necessário se faz que os próprios
destinatários dos direitos saibam exigi-los, participando de forma direita ou por intermédio dos
respectivos Conselhos de Direitos da construção e do destino da sua cidade e dos serviços que ela
oferece.
São muitos os avanços já obtidos no que diz respeito ao oferecimento de uma cidade e de um
transporte coletivo para todos, principalmente no que se refere à legislação pátria que disciplina o
crescimento e o desenvolvimento daqueles, isso no campo da acessibilidade, do meio ambiente
sustentável, entre outros aspectos. O maior desafio a ser alcançado é o da consciência social da
obrigatoriedade das leis e do respeito ao ser humano e, principalmente, de que a sociedade é
composta por indivíduos com diversas características e necessidades próprias, o que não pode ser
motivo de exclusão, mas, pelo contrário, deve ser objeto de ações específicas de modo a oferecer
àqueles as mesmas oportunidades que aos demais na busca de uma vida digna, saudável e sem
discriminações.
Potyara A. P. Pereira
Pós-doutorada em Política Social na Universidade de Mancheste /Grã Bretanha,
Professora titular da Universidade de Brasília (UnB)
Pesquisadora do CNPq e
Coordenadora do NEPPOS/CEAM/UnB
O presente artigo foi elaborado como subsídio para compor o Texto Base da II Conferência
Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, o qual servirá de material instrucional para as comissões
estaduais e municipais de organização das respectivas conferências.
Seu objetivo é tentar demonstrar, em breves palavras, o processo de obtenção de créditos
específicos nas leis orçamentárias federal, estadual e municipal que garantam recursos para atender a
execução mínima dos direitos fundamentais das pessoas idosas, direitos estes não só garantidos na
Constituição Federal/1988, como também na Lei nº 8.842/1994, que instituiu a Política Nacional do
Idoso, o Decreto nº 1.948/1996, que regulamentou a citada Política e a Lei nº 10.741/2003 que institui
o Estatuto do Idoso.
Ressalta-se que o presente artigo irá abordar a obtenção desses créditos sob a ótica do governo
federal, podendo, por analogia, ser aplicado tanto nos estados quanto nos municípios.
A execução da Política Nacional do Idoso está ramificada em diversos órgãos, com destaque
para os Ministérios da Saúde, da Previdência Social, do Trabalho e Emprego, da Educação, do
Turismo e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Considerando essa diversidade, o inciso III do
artigo 8º da Lei 8.842/1994, previu a criação de um órgão coordenador responsável pelas articulações
intraministeriais e interministeriais necessárias a garantia de ações e recursos para assegurar a
execução dos ditames legais citados acima.
O processo orçamentário compreende as fases de elaboração e execução das leis
orçamentárias – PPA, LDO e LOA. Cada uma dessas leis tem ritos próprios de elaboração, aprovação
e implementação pelos Poderes Legislativo e Executivo. Entender esses ritos é o primeiro passo para
a participação da sociedade no processo decisório, fortalecendo, assim, o exercício do controle social
na aplicação dos recursos públicos.
Para que se tenha a garantia da obtenção desses recursos é importante que desde a etapa de
planejamento ( materializada no governo federal pela lei do Plano Plurianual-PPA ) até a etapa de
elaboração da lei orçamentária anual haja uma ação firme por parte dos membros do Conselho
Nacional dos Direitos do Idoso juntos aos diversos órgãos executores das ações propostas.
Dentre vários conceitos atribuídos pelos doutrinadores ao orçamento, podemos destacar o que
estabelece que “orçamento é o mecanismo de controle que permite à sociedade definir suas
prioridades quanto à origem e destino dos recursos fiscais”. Ora, se o orçamento deve conter as
prioridades definidas pela sociedade, então nada mais justo que se exerça uma pressão sobre nossos
governantes e parlamentares para que a lei orçamentária anual contenha os recursos necessários para
a viabilização da execução a contento e com um mínimo de dignidade das ações de valorização do
idoso. A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, em
seu art. 165, dispõe sobre os instrumentos de planejamento-orçamento, a saber:
O Plano Plurianual
A Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO tem por principal função o estabelecimento dos
parâmetros necessários à alocação dos recursos no orçamento anual, de forma a garantir, dentro do
possível, a realização das metas e objetivos contemplados no Plano Plurianual.
É papel da LDO ajustar as ações de governo, previstas no PPA, às reais possibilidades de
caixa do Tesouro.
Esse instrumento funciona como elo entre o Plano Plurianual e os Orçamentos Anuais,
compatibilizando as diretrizes do plano à estimativa das disponibilidades financeiras para
determinado exercício.
A LDO é, na realidade, a cartilha de balizamento que direciona e orienta o preparo do
Orçamento da União, o qual deve estar, para sua aprovação, em plena consonância com as
disposições do Plano Plurianual.
Ainda em relação a esse dispositivo constitucional, vale destacar que cabe a LDO estabelecer
as regras gerais substantivas, traçar as metas anuais e indicar os rumos a serem seguidos e priorizados
no decorrer do exercício financeiro a que se refere, não se detendo em situações específicas ou
individuais, próprias do orçamento.
Conforme dispõe o parágrafo segundo, do artigo 35, dos Atos das Disposições Constitucionais
Transitórias, a LDO tem como prazo de encaminhamento pelo Poder Executivo ao Congresso
Nacional o dia 15 de abril de cada exercício, devendo o Congresso aprová-lo até o término do
primeiro período da sessão legislativa daquele ano(30 de junho).
Portanto, a LDO que servirá de base para a elaboração da lei orçamentária para o exercício de
2009 já se encontra em tramitação no Congresso Nacional, devendo, neste caso, os membros do
Conselho Nacional do Idoso, fazer gestões junto aos parlamentares para a inclusão de parâmetros
necessários à garantia da alocação dos recursos no orçamento ora em fase de elaboração no âmbito
dos ministérios.
CAPÍTULO I
DOS OBJETIVOS
Art. 1º – A II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, de caráter deliberativo, tem
por objetivos:
Geral:
Específicos:
CAPÍTULO II
DA REALIZAÇÃO
Art. 2º – A II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa será realizada em Brasília
(em local a ser definido), sob os auspícios da Subsecretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República, no período de 28 a 30 de outubro de 2008.
Art. 3º – Para a organização e desenvolvimento de suas atividades, a II Conferência Nacional
dos Direitos da Pessoa Idosa contará com uma Comissão Organizadora Nacional e uma Secretaria
Executiva sob a coordenação do CNDI.
Art. 4º – A II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa ocorrerá em três etapas, em
âmbito municipal ou regional, estadual e no Distrito Federal e a nacional, nas quais serão discutidos
os objetivos do Artigo 1º.
Parágrafo único – A etapa nacional da II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa
considerará as consolidações das etapas anteriores.
Art. 5º – A II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, assim como suas análises,
formulações, proposições, deliberações e moções terão abrangência nacional.
Art. 6º – As etapas municipais/regionais e estaduais da II Conferência Nacional dos Direitos
da Pessoa Idosa serão realizadas até 30 de Maio e 30 de junho, respectivamente.
§ 1º – O não cumprimento do prazo para a realização da etapa estadual em todos os Estados da
Federação não constituirá impedimento à realização da II Conferência Nacional dos Direitos da
Pessoa Idosa no período previsto neste Regimento.
§ 2º – Os relatórios das Conferências estaduais de Direitos da Pessoa Idosa deverão ser
encaminhados à Comissão Organizadora Nacional da II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa
Idosa até 30 de julho 2008, conforme os instrumentais anexos ao Manual de Orientação.
§ 3º – As Conferências Estaduais poderão contar com a presença de um membro do CNDI ou
da SEDH.
Art. 7º – Em ambas as etapas municipais/regionais e estaduais deverá ser assegurado no
mínimo sessenta por cento de vagas para as pessoas idosas, garantindo a ampla e representativa
participação das pessoas idosas, dos segmentos sociais, entidades, interessados e comprometidos com
a causa dos direitos da pessoa idosa, bem como das autoridades e instituições governamentais ligadas
ao tema.
Art. 8º – A realização da Conferência Estadual é condição indispensável para escolha dos
delegados da II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa.
Parágrafo único – A relação de Delegados(as) eleitos(as) para a II Conferência Nacional dos
Direitos da Pessoa Idosa deverá ser remetida à Comissão Organizadora Nacional, em até 30 (trinta)
dias após a realização da mesma.
Art. 9º – Os Conselhos Estaduais do Idoso e/ou os Gestores Estaduais da Política Nacional do
Idoso têm a prerrogativa de convocar a Conferência Estadual e constituir o Grupo de Trabalho e a
Secretaria Executiva que formarão a Comissão Organizadora.
§ 1º – As Conferências estaduais e distrital deverão elaborar o seu próprio regimento em
conformidade com este;
§ 2º – Os Estados e o DF deverão seguir as orientações e diretrizes expressas no Oficio
Circular nº 1 de 24 de janeiro de 2008 do CNDI, da SEDH e do Manual de Orientações da II
Conferencia Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa;
§ 3º - Os Estados e o DF deverão constituir um Grupo de Trabalho para organização das
Conferências Estaduais e Distrital que integrem representantes dos diferentes segmentos que atuam
junto à pessoa idosa.
Art. 10 – As comissões organizadoras das Conferências estaduais e distrital deverão enviar
cópia dos seus Regimentos e programação a ser executada, à Comissão Organizadora Nacional, até
30 dias antes da data da realização das respectivas Conferências.
CAPÍTULO III
DO TEMÁRIO E DA METODOLOGIA DA II CONFERÊNCIA NACIONAL DOS DIREITOS DA
PESSOA IDOSA
SEÇÃO I – DO TEMÁRIO
Art. 11 – Nos termos deste regimento, a II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa
terá como tema “Avaliação da Rede Nacional de Defesa e Proteção da Pessoa Idosa: Avanços e
Desafios”, que deverá ser discutido com base no Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento
proposto pela Organização das Nações Unidas, na Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842/94 e Dec.
nº 1.948/96), no Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), nas deliberações da I CNDPI e da X
Conferência Nacional de Direitos Humanos, da Declaração de Brasília e do Fórum das ONG´s de
dezembro de 2007, e outros instrumentos legais referentes à implementação da Política Nacional do
Idoso a partir dos seguintes eixos temáticos:
4- Tema : Financiamento
SEÇÃO II
DA METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DOS RELATÓRIOS
CAPÍTULO IV
DA ORGANIZAÇÃO
SEÇÃO I
PRESIDÊNCIA DA CONFERÊNCIA
Art. 18 – A II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa será presidida pelo
Secretário Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República ou, na sua ausência ou
impedimento eventual, pelo Presidente do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso.
Art. 19 – Os grupos e a plenária final serão coordenados por pessoas indicadas pela Comissão
Organizadora Nacional.
SEÇÃO II
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO ORGANIZADORA NACIONAL E DA
SECRETARIA EXECUTIVA
SEÇÃO III
ATRIBUIÇÕES DA COMISSÃO ORGANIZADORA NACIONAL E DA SECRETARIA
EXECUTIVA
CAPÍTULO V
DOS PARTICIPANTES
Parágrafo único – Dos(as) Delegados(as) eleitos(as) no mínimo 40% (quarenta por cento)
deverão ter idade superior a 60 (sessenta) anos.
Art. 27 – Os representantes do setor público de âmbito federal, em número de 20 (vinte) serão
indicados pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, assim
distribuídos: 10 (dez) do Poder Executivo, 04 (quatro) do Poder Legislativo (Senado Federal e
Câmara dos Deputados), 02 (dois) do Supremo Tribunal Federal, 02 (dois) do Ministério Público da
União e 02 (dois) da Defensoria Pública da União Geral da República.
Art. 28 – A II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa terá uma composição total
de 508 (quinhentos e oito) delegados, aí incluídos os 28 (vinte e oito) Conselheiros Titulares do
CNDI.
Art. 29 – Poderão ser convidados para a II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa
personalidades, representantes de órgãos, entidades, instituições estaduais, nacionais e internacionais,
com atuação de relevância para a promoção e proteção dos direitos da pessoa idosa.
Art. 30 – As inscrições dos(as) Delegados(as) à II Conferência Nacional dos Direitos da
Pessoa Idosa deverão ser encaminhadas à Secretaria Executiva, até o dia 25 de agosto de
2008,conforme os critérios estabelecidos no Manual de Orientações da II Conferência Nacional –e
serem encaminhados mediante preenchimento do Anexo IV, constante do referido manual.
Parágrafo único – No caso de vagas remanescentes, a indicação para preenchimento dessas
vagas deverá ser encaminhada via ofício à Secretaria Executiva da II Conferência Nacional da Pessoa
Idosa, e a Comissão Organizadora Nacional deverá deliberar sobre as mesmas.
Art. 31 – O credenciamento de Delegados(as) à II Conferência Nacional dos Direitos da
Pessoa Idosa deverá ser feito junto à Secretaria Executiva no período de 27 de outubro (a partir das
15h) até 28 de outubro (10h) de 2008 no local da II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa
Idosa.
CAPÍTULO V
DO FUNCIONAMENTO DOS GRUPOS E DA PLENÁRIA
Art. 32 – A II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa será composta de grupos
temáticos e plenárias, observando o disposto no artigo 11.
Art. 33 – Os grupos reunir-se-ão no dia 29 de outubro, no local da II Conferência Nacional
dos Direitos da Pessoa Idosa, conforme salas e programação, e se dividirão de acordo com os eixos
temáticos, para apreciação da sistematização dos relatórios estaduais consolidados por eixo temático
e definirem as prioridades para apresentação.
§ 1° – Os grupos temáticos contarão com um (a) expositor (a) para introduzir o Tema relativo
ao Eixo Temático, um(a) coordenador (a) e um(a) relator(a), indicados(as) pela Comissão
Organizadora Nacional, além de uma pessoa escolhida no grupo que auxiliará os trabalhos do grupo.
§ 2º – Nos trabalhos dos grupos serão tratados, prioritariamente, os temas e sub-temas
correspondentes aos eixos temáticos.
§ 3º – Os(as) Delegados(as) terão prioridade nas inscrições para uso da palavra durante os
trabalhos e deliberações dos grupos. Tanto nas plenárias como nos grupos deve ser obedecida a
ordem de inscrição, não sendo permitido a mesma pessoa falar duas vezes em caso de haver outros
inscritos.
§ 4º – Os trabalhos dos grupos obedecerão à metodologia própria, que será apresentada no
início dessas atividades.
§ 5º – Os relatórios dos grupos, a síntese das propostas consensuadas e as moções serão
distribuídas aos Delegados(as) e convidados(as), antes da plenária final.
§ 6º – Serão votadas, preliminarmente, todas as propostas dos grupos na plenária e,
posteriormente, as moções.
§ 7º – As intervenções orais poderão durar no máximo dois minutos.
§ 8º – Compete ao relator e equipe de cada tema produzir o relatório final.
Art. 34 – Os(as) coordenadores(as) da mesa da plenária final procederão à leitura das
propostas aprovadas nos grupos de trabalho. Haverá apenas um encaminhamento contra e a favor
quando necessário.
§ 1º – Os destaques serão debatidos e votados após a leitura de cada conjunto de propostas
por eixo.
§ 2º – Para cada destaque, dever-se-ão abrir inscrições para uma manifestação contra e uma a
favor, pelo tempo máximo de três minutos cada uma, quando o destaque será colocado em votação.
§ 3º – Iniciado o regime de votação, não será permitida proposição de questões de ordem.
Art. 35 – Após a leitura, debate e aprovação das propostas de todos os grupos, será aberto
espaço para aprovação de moções apresentadas e aprovadas nos Grupos de Trabalho, seguindo os
critérios estabelecidos neste regimento.
Art. 36 – As votações serão feitas através do uso do crachá fornecido aos delegados pela
Comissão Organizadora Nacional da II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa.
Parágrafo único – As votações serão feitas por contraste dos crachás e, em caso de dúvida, por
contagem dos votos.
CAPÍTULO VI
DAS MOÇÕES
Art. 37 – Os grupos de trabalho poderão propor monções as quais devem ser elaboradas em
formulário próprio, fornecido pela Secretaria Executiva, acompanhado de assinatura de, no mínimo,
20% dos delegados integrantes do grupo.
§1º - Também poderão ser apresentadas monções que contenham assinatura de, no mínimo,
20% dos delegados presentes na II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, respeitada a
representação de, no mínimo, 5% de delegados de todas as regiões.
§ 2º - As monções previstas no §1º deverão ser entregues na Secretaria Executiva
impreterivelmente até às 12h00 do dia 30 de outubro de 2008, em formulário próprio acompanhado
das assinaturas no percentual previsto por regiões.
CAPÍTULO VII
DOS RECURSOS FINANCEIROS
CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
PRESIDENCIA DA REPUBLICA
SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS HUMANO
Esplanada dos Ministérios - Bloco “T” – Anexo II – Sala 209
(61) 3429-3014/3598
70.064-900 – Brasília-DF
E-mail: direitoshumanos@sedh.gov.br
O presente Pacto entra em vigor na data de sua assinatura e terá validade pelo período de 02
(dois) anos, podendo ser prorrogado, alterado, reformulado e/ou ampliado mediante termo aditivo,
por expressa manifestação dos partícipes, com antecedência mínima de 30 dias do término da
vigência deste instrumento, desde que não implique modificação de seu objeto.
Brasília - 2008
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
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da Pessoa Idosa. Brasília: Presidência da República. Secretaria Especial dos Direitos Humanos,
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do Idoso – CNDI, 2007
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BRASIL. Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa: construindo a rede nacional de
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EBRAHIM, S; KALACHE, A. Epidemiology in old age. Inglaterra: Latimer Trend & Company
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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
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