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ÌSÈSE ÀGBÁYÉ
– O Tradicional
Culto Indígena
Yorùbá.
CANDOMBLÉ
- A importante
herança religiosa
Africana.
UMBANDA PÈRÈGÚN
- Uma Religião - O rei que desperta as
tipicamente brasileira. divindades na Terra.
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EDITORIAL
Por Hérick Lechinski (Ejòtolà
T’Òsúmarè)
Aprendi e acredito que, o único bem que não nos pode ser tirado
(roubado) é o CONHECIMENTO, bem esse, tão precioso, mas que
infelizmente muitos não valorizam, poucos o estimam e apenas
alguns o possuem...
E é com o intuito de passar conhecimentos, cultura e aprendizado,
que nasce a Revista "Falando de Axé".
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ÍNDICE
Ìsèse Àgbáyé – O Tradicional Culto
Indígena Yorùbá Pág. 04
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Ìsèse Àgbáyé – O Tradicional Culto Indígena
Yorùbá
De todos os Cultos
Africanos, foi e é o mais
influente no Brasil, falando
religiosamente. A primeiro vez
que este veio ao nosso país, foi
em meados do século XVIII,
com a vinda de escravos
africanos de origem Nàgó
(yorùbá, ìjèsà, igbó, egbá, etc),
através do tráfico escravista.
Chegando aqui, pela diferença
cultural, o mesmo teve que ser
re-adaptado a nossas terras e a
cultura existente, nascendo ai o
Candomblé, CULTO AFRO-
BRASILEIRO, de MATRIZ
AFRICANA. Então, muito da
tradição deste culto perdeu-se
e muito de outras culturas foi
agregado a este, gerando
assim o Candomblé que
conhecemos hoje.
Ìsèse Àgbáyé ou Èsìn Yorùbá é como é chamado e
conhecido o tradicional culto indígena yorùbá. Uma Mas na década de 90, o
religião ancestral praticado dês dos primórdios da Terra, há Bàbálóòrìsà Síkírù Sàlámì
milênios... (King), o finado Bàbálóòrìsà
A tradicional religião nigeriana, também referida como religião Rivas, a Ìyálóòrìsà Sandra
indígena yorùbá, engloba manifestações e fundamentos Epega e mais alguns outros
culturais, sociais e religiosos de um país da África, chamado sacerdotes, começam o resgate
Nigéria. ao Culto Tradicional Indígena
Yorùbá em nossas terras,
O Èsìn yorùbá (culto yorùbá) possui ensinamentos, trazendo ao Brasil sacerdotes
práticas e rituais que organizam a estrutura das sociedades iorubás oriundo da Nigéria.
nativas nigerianas, permitindo também, concepções próprias
a respeito de Deus e do Universo em geral. Porém, mesmo
dentro de uma mesma comunidade, cidade ou estado,
podem existir pequenas divergências em relação as
concepções a respeito do sobrenatural. É uma tradição
religiosa que em quase nada foi influenciada pelas religiões
adotadas recentemente, como o cristianismo, islã, judaísmo,
entre outras. Pelo contrário, assim como no Brasil, muitos
cristãos e mulçumanos vão em busca de sacerdotes do Culto
Iorubá para se tratarem, principalmente os Bàbálawo
(adivinhos, detentores dos segredos). É um culto que além
de praticado na Nigéria, muito vem sendo praticado e
difundido em países da América, Ásia e Europa.
Hoje, além das Ilé Èsìn (casas de culto) da Ìyálóòrìsà Sandra Epega (em Diadema/SP) e
do Bàbálóòrìsà King (em Mongaguá/SP), podemos encontrar espalhadas pelo Brasil a fora,
diversas outras casas de culto que praticam o Èsìn Yorùbá (Ìsèse Àgbáyé), seguindo as mais
variadas tradições religiosas, Abéòkúta, Ìbàdàn, Òsogbo, Èkìtì, etc.
O Culto Iorubá, como já dito, foi o culto que deu origem a diversos outros cultos religiosos
no Novo Mundo, como a Santeria em Cuba e o Candomblé no Brasil.
A cidade de Ilê Ifé (Ilé Ifè) é considerada pelos iorubás o lugar de origem de suas
primeiras tribos, de seus ancestrais primordiais. lfé é o berço de toda religião tradicional
iorubá, é um lugar sagrado, onde as divindades (Orixás) chegaram, criaram, povoaram o mundo
e depois ensinaram aos mortais como as cultuarem...
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Sònpònná (Divindade da
terra, das doenças e epidemias) e
Nàná Bùkúù (Divindade antiga da
morte e mãe de Sònpònná).
Mais do que escravos, embarcaram nos calabouços dos navios negreiros, grandes
sacerdotes, que com eles trouxeram suas Divindades, que são as representações mais belas e
poderosas da natureza, como rios, lagos, oceanos, pântanos, pedras, florestas, etc. Para nós, os
Òrìsàs foram seres humanos que em função da sua sabedoria e poderes foram divinizados,
tornando-se grandes Ancestrais, conforme ilustra-nos o excerto de um Ìtàn de Ifá:
Assim surge o Candomblé, a Importante Herança Religiosa Africana, que a nós foi
delegada, por reis, príncipes e grandes sacerdotes africanos.
“Não acredito em um
Deus
que não dança...”
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Umbanda
– Uma Religião
tipicamente brasileira
Admite um deus criador, conhecido como Olórum ou Zambi, que é o criador de tudo e
todos. Seus adeptos (chamados também de "umbandistas" ou "filhos de fé") cultuam
divindades denominadas Orixás e reverenciam espíritos chamados Guias.
Sua orientação espiritual ou doutrinária é feita pelos Guias - espíritos que atuam na
Umbanda sob uma determinada linha de trabalho que, por sua vez, está ligada diretamente a
um determinado Orixá. Os guias têm sapiência e consciência da natureza humana e os
atributos para que essa humanidade possa evoluir e seguir por um caminho melhor.
Os arquétipos são roupagens utilizadas pelos guias para se apresentarem nos terreiros
e não espíritos que, necessariamente, tenham sido escravos, índios ou crianças, embora
existam aqueles que realmente o foram.
Em meio as festas nas senzalas os negros escravos comemoravam os Orixás por meio
dos Santos Católicos. Nessas festas eles incorporavam seus Orixás, mas também começaram
a incorporar os espíritos ditos ancestrais, como os Pretos-Velhos ou Pais Velhos (espíritos de
ancestrais, que não era de antigos Babalaôs, Babalorixás, pois esses eram cultuados no Culto
aos Eguguns em Itaparica, Bahia, e nem Iyalorixás, pois, essas eram cultuadas no Culto das
Iyás), eram antigos "Pais e Mães de Senzala": escravos mais velhos que sobreviveram à
senzala e que, em vida, eram conselheiros e sabiam as antigas artes da religião da distante
África), que iniciaram a ajuda espiritual e o alívio do sofrimento material daqueles que estavam
no cativeiro. Embora houvesse certa resistência por parte de alguns, pois, consideravam os
espíritos incorporados dos Pretos-velhos como Eguns (espírito de pessoas que já morreram e
não são cultuados no candomblé), também houve admiração e devoção. Com os escravos
foragidos, forros e libertados pelas leis do Ventre Livre, Sexagenário e posteriormente a Lei
Áurea, começou-se a montagem das tendas, posteriormente terreiros.
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Em alguns Candomblés também
começaram a incorporar Caboclos (índios das
terras brasileiras como Pajés e Caciques) que
foram elevados à categoria de ancestral e
passaram a serem louvados. O exemplo disso
são os ditos Candomblé de Caboclo. Muito
comuns no norte e nordeste do Brasil até
hoje.
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Olódùmarè - O Supremo que governa a Terra
em seu esplendor
“Bí Oba àiyé kò rí o, ti òkè nwò ó”.
(Se um rei terreno não vê você, Aquele que está em cima o vê).
Olódùmarè é representado pelo Odù Òfún méjì e além de ser saudado e louvado antes
de qualquer ato litúrgico, é louvado também a cada quinto dia da tradicional semana yorùbá, no
ojó awo (dia do segredo, dia do mistério) ou então, no ojó àìkú (domingo, dia da imortalidade),
dia de se louvar o mais importante de todos os imortais, o poderoso Olódùmarè e rogar ao
mesmo, vida longa (ire-àìkú).
Por acreditar-mos que à Olódùmarè não devem ser erguidos templos (igrejas, por
exemplo) e que o mesmo não possui sacerdotes, pois, a sua essência (èmí – hálito divino, força/
energia de Olódùmarè) habita dentro do maior templo construído, o corpo humano. Que muitos
acreditam que nosso DEUS não é cultuado, não é louvado e agradecido e que somos
cultuadores do Diabo, SER ESPIRITUAL que nem faz parte de nosso Culto...
Deus (Olódùmarè), por conhecer sua criatura, criou então as Divindades (Irúnmolè, Òrìsà, etc),
para que facilitassem nosso contato com ele e principalmente para nos ajudar em nossa
evolução rumo a ele...
Deus não é muitos, é UNO, apenas é conhecido através de nomes diferentes em Cultos e
Religiões diferentes.
O Culto a Òrìsà, seja ele Ìsèse Àgbàyé, seja Candomblé, seja Umbanda, não cultua
SATANÁS. Nosso Deus é Olódùmarè – O Supremo que habita o Òrún (Universo/mundo
espiritual) e ilumina o Àiyé (Terra/mundo material) com sua luz.
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Èsù – O Indulgente e Poderoso Filho do
Universo
“Aquele que o conhece, não o encontra. Aquele que o
encontra, não o reconhece.”
Erònímosàn (um dos nomes pelo
qual Èsù é conhecido na Egbé Ògbóní),
divindade primordial, antiga, porteiro da
casa de Olódùmarè (O Deus Regente da
Terra). Senhor do Àse (força realizadora,
força vital). Divindade responsável pela
manutenção das três forças primordiais
regentes da Terra (Ìwà/funfun, Àbá/dúdú,
Àse/pupa). Senhor de todos os caminhos,
líder dentre os Irúnmolè (Divindades) e
Ajògún (Divindades que lutam contra o
homem). Divindade da ordem e da
multiplicação.
Muitos são os títulos desta divindade, dentre eles, Àgbó Òdàrà, Èsù, Láàlú,
Elégbára, Olúlànà, Alàmùlamu Bàtá, Ajígídam Irin, Olóògùn Àjísà, Èrú, Látopa,
Láarúmò, Elégbàá Ògo, Ora, Obasin, Onílé Oríta, Láaróyè.
Èsù deve ser cultuado para que nossos caminhos não se fechem, para que
nossos pedidos cheguem ao consentimento de Olódùmarè e possam então ser
sancionados. Para que nada e ninguém nos façam mal. Para que tenhamos vida longa
e tudo de satisfatório sobre a Terra (Àiyé).
Seu dia de culto é o Ojó Awo (Dia do Segredo, da Sabedoria), primeiro dia da
Semana Religiosa Yorùbá de quatro dias. No Brasil, Èsù passou a ser cultuado as
segundas-feiras (Ojó Ajé/Dia da Riqueza), porém, é uma Divindade que pode ser
cultuado em todos os dias da semana. Seu principal lugar de culto é a oríta
(encruzilhada, cruzamento de caminhos) e principalmente a Oríta métà (encruzilhada
de três caminhos, três pontas). Èsù também é cultuado nos mercados (ojà). Na entrada
das cidades, templos e casas.
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Suas principais oferendas são Omi (água), Epo pupa (azeite de dendê), Èko
(bolinho de milho branco cozido), Èwà (feijão fradinho), Àkàrà (bolinho de feijão fradinho),
Iyán (inhame pilado), Okà àmàlà (molho de carnes com pirão de inhame), Elédè (porco),
Ajá (cachorro), Òrúko (cabrito), Àkùko (galo), Adìe (galinha), Eja (peixe) e Eku (rato do
mato).
No Brasil, Èsù foi erroneamente associado ao Diabo e vez de amado passou a ser
odiado e temido por muitas pessoas, que quando escutam a palavra Exú, associam a
tudo que seja de ruim e acabam por cometer um erro grande. E infelizmente por medo,
acabam por perder a oportunidade de conhecer esta maravilhosa Divindade, a primeira
estrela criada no Universo, o pródigo filho de Deus (Universo). E o principal, serem
benfazejos pelo poder de Èsù, aquele que transforma pedra em sal, aquele que matou
um pássaro ontem com uma pedra que somente hoje atirou, aquele que pisa na pedra e
ela sangra.
Outro grande erro cometido nos dias de hoje, é a associação ou até mesmo a
confusão, entre a Divindade Èsù e os Exús e Pombogiras, espíritos cultuados na
Umbanda. Essa grande confusão, dá margem para erros como a Iniciação (feitura) de
Exú Tranca-Ruas, Pombogira Maria Molambo e outros mais, na cabeça de pessoas sem
malícia e com desconhecimento da Divindade, acabam caindo na mão de sacerdotes
sem conhecimento do Culto.
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Mo júbà Èsù Kábiyèsí mi
Falando de Axé: Vi que o Sr. tem instalada no Àse uma Biblioteca. Ela é aberta à comunidade ou
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restrita apenas aos membros do Àse?
Bàbá José Carlos: Outra preocupação do Axé é ajudar as crianças com a leitura, e após a
abertura do Telecentro foi verificado que as crianças tinham muita dificuldade com leitura e diante
disso foi desenvolvido um projeto chamado “Ler Para Crescer” que foi desenvolvido pelo Vinicius,
Pai Ògán do Axé, e enviado para Telefônica, o qual foi aprovado permitindo a construção desta
biblioteca que recebeu o nome de meu pai carnal, “Biblioteca Comunitária Osvaldo Santana” com
um acervo de 5000 livros, e também foi criado uma sala onde é ministrado os cursos de
telemarketing, culinária, de doceria, confeitaria, de religiosidade africana o qual foi ministrado por
mim durante 6 meses; o Ilé faz parte do circuito urbano do SESC, sendo assim neste espaço que
está adequado com cadeiras, data show, também recebe pessoas que são enviadas pelo SESC,
para receberem informação sobre a religião, para conhecimento desta com o intuito de quebrar o
preconceito. Todos os projetos são abertos a comunidade.
Falando de Axé: Tive o prazer de acompanhar a distribuição de leite e gostaria de saber qual o
sentimento do Sr. em poder ajudar a comunidade?
Bàbá José Carlos: Sinto-me realizado, gosto muito do que faço e me sinto gratificado por poder
ajudar as pessoas necessitadas, toda a minha família presta serviço comunitário, meu irmão foi
vereador em minha cidade natal na Bahia e seu mandato foi dedicado a pessoas carentes. E aqui
na comunidade atendemos pessoas de diferentes credos, como católicos, evangélicos, espíritas
sem distinção.
Preconceito que existe com relação às religiões de matrizes africana.
Falando de Axé: Vejo que o Sr. tem uma grande preocupação com as crianças de sua Egbé
(comunidade).
Bàbá José Carlos: Nós nos preocupamos muito com as crianças dos filhos do Axé, eles não são
levados para serem batizados em outra religião, eles são batizados no próprio Ilé para que haja
uma aproximação destas crianças com a religião de seus pais, o que possibilita que essas crianças
cresçam vivenciando a religião de seus pais, para que no momento certo possam ser iniciadas
para darem continuidade ao que seus pais começaram, pois essas crianças serão o futuro da
religião, do Axé; elas recebem o conhecimento sobre os orixás, sobre os toques de atabaque,
sobre as folhas, e demais rituais do terrreiro.
Falando de Axé: O Sr. tem aqui uma grande diversidade de Arvores e folhas, algumas raridades
que só vemos em livros. Além do Àse, aqui funciona como área de preservação?
Bàbá José Carlos: O bairro hoje onde existe o Ilé era um setor apenas de chácaras, e a
preocupação com as aves, com as folhas, com as águas, foi o que fez com que eu comprasse
essa área e saísse do bairro Jabaquara, que fica próximo ao centro da cidade. Essa região é uma
área de manancial e área de proteção ambiental, qualquer árvore para ser cortada precisa da
autorização da APA Bororé Colônia que administra tudo e da qual eu faço parte como conselheiro
representante da sociedade civil. O Axé tem uma preocupação muito grande com o meio ambiente,
com o ecológico, que muitas ervas foram trazidas da Bahia, e essa preocupação se justifica pelo
patrono do Axé ser Ibùalámo, pois, não há como cultuá-lo sem a mata, sem a água. Ressalto que o
culto das folhas e ervas é de suma importância no Àse Ibùalámo, pois, "Kòsí Ewé, Kòsí Òrìsà - Se
não existir folha não tem Òrìsà”, lembro que não só os povos africanos, mas também todos os
povos antigos se preocupavam com as árvores.
Falando de Axé: Como o Sr. vê o Candomblé de São Paulo perante ao Candomblé na Bahia?
Bàbá José Carlos: Embora muitas pessoas critiquem o candomblé de São Paulo, acredito que
essas críticas são injustificadas e pura falta de conhecimento, pois o candomblé de São Paulo é o
que mais evolui, e existe um contato estreito com suas casas matrizes, para preservar as
tradições, existindo uma busca muito grande pelo aperfeiçoamento e uma grande busca pelo
conhecimento. Lembro que em uma das visitas de Pai Tarrafa ao Axé, em uma festa de Ibùalámo,
este disse que vê o candomblé de São Paulo como o candomblé do futuro, pois, ele via o interesse
da juventude no candomblé, que essa juventude busca o conhecimento. Realmente existem os
marmoteiros, mas também existe o Candomblé sério, que segue suas raízes e se preocupam em
preservar o culto aos ancestrais.
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FOLHA DO MÊS
Também é utilizado para
demarcar onde começa os patrimônios
campestres de cada membro de um
mesmo clã.
“Pèrègún ní í pe irúnmolè
l’át’òde òrun w’áyé.
É Pèrègún que chama as
divindades do céu para a terra.”
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Na África, os àmì (assentamentos) Òsun, são colocados muitas vezes sob a copa
desta árvore, no Brasil, isso acontece com os àmì Ògún (assentamentos de Ògún). O
Pèrègún é também utilizado como cerca viva em torno do assentamento de Ògún em
algumas casas de culto.
Uma folha de grande utilização nos àgbo (banhos) de sacramento dos objetos
litúrgicos de Ògún, Òsóòsì e Òsányìn.
PARCERIAS
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O Carnaval — Aqui e na África
Porem qual o papel desta festa aqui no Brasil para a cultura Afro-brasileira? A meu ver
nem uma, afinal o Òrìsà não é Cristão, muito menos, deveria depender do cristianismo e suas
datas para afinar os seus tambores, culturalmente não existe ligação alguma com a
religiosidade da Umbanda nem do Candomblé, esta confusão deveria ser elucidada na
sociedade contemporânea. Sem dúvida a família tradicional afro-brasileira, espera mais do que
um misero sincretismo para explicar a falta de consciência religiosa dos adeptos e religiosos.
Mas porque ligar a Umbanda e o Candomblé com a festa de Carnaval? Porque hoje,
quando eu vejo sacerdotes de Umbanda preparando rituais seguindo o calendário cristão eu
tento entender qual a real ligação deste sincretismo, por mais que eu tente entender, não
consigo de forma alguma achar alguma ligação que faça desta presa a outra, afinal a Umbanda
possui seus rituais e liturgia e não vemos as entidades saindo às ruas em procissão durante o
Carnaval, por muito menos chego a pensar que os sacerdotes da Umbanda, mais uma vez
dobram seus joelhos perante uma religião que considera superior, muitas vezes não
22 considerando a sua posição perante o culto e os rituais a que foi iniciado.
Um sacerdote tem a missão de formar o bom caráter dos seus seguidores, além de
prover a luz espiritual a qual eles irão comungar, da mesma forma que os adeptos da religião
confiam e seguem aqueles sacerdotes esperam que os mesmo estejam preparados para seus
rituais e liturgia, mesmo observando que muitos sacerdotes não estão devidamente
preparados, exemplos vemos pós-morte de um filho, onde o sacerdote muitas vezes apenas
despacha sem atribuir ritual algum para aquele ente que faleceu, fora que muitas
vezes vemos entidades ministrando casamentos, batizados e rituais, aos quais seriam
responsabilidade do médium e não da entidade, claro que nada impede que uma entidade
manifeste-se após o ritual, mas cabe ao sacerdote ministrar seus rituais. Pior, em alguns casos
o sacerdote chama um padre para encaminhas a alma daquele ente iniciado por ele...
Por estes equívocos que tenho plena certeza de que a Umbanda e o Candomblé
deveriam quebrar definitivamente os vínculos com o sincretismo, afinal ambas as culturas
possuem rituais, liturgia e tradição, sem que seja preciso criar vínculos com outras religiões,
desta forma que eu tentei encontrar algum ritual que explicasse algum vinculo com o Carnaval
e felizmente não encontrei nada além de equívocos e mais erros acometidos durante esta
data.
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LIVRO DO MÊS
Òrun Àiyé - O Encontro de
dois mundos
O sistema de relacionamento Nagô-Yorubá entre
o Céu e a Terra.
Livro do profº José Beniste.
Editora Bertrand Brasil.
CONTATOS
Jornal
E-mail: falandodeaxe@live.com
Orkut: Jornal — Falando de Axé
http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?
origin=is&uid=10758619178602102938
Blog: http://falandodeaxe.blogspot.com/