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Autor:

Professor Doutor João Forjaz de Lacerda


Especialista em Hematologia Clínica
Assistente Graduado de Hematologia Clínica, Hospital de Santa Maria, Lisboa
Professor Associado, Director da Clínica Universitária de Hematologia
Coordenador do Núcleo de Cooperação Internacional Faculdade de Medicina da
Universidade de Lisboa

O que é
Radiação é uma forma de energia que pode surgir com a aparência de luz ou
de partículas demasiado pequenas para serem visíveis.

A parte visível da luz solar e os sinais transmitidos pela TV e rádio são exemplos
de formas de radiação a que estamos expostos diariamente. Este tipo de
radiação não é ionizante, o que quer dizer que não tem energia suficiente para
induzir a libertação de electrões dos átomos da matéria com que interage.

Em contraste, a radiação nuclear e aquela transmitida pelos raios X são


exemplos de radiação ionizante que, em quantidades elevadas, são prejudiciais
para os seres vivos. Dos vários tipos de partículas emitidos pela radiação
ionizante, os raios gama e os raios X são aqueles que têm maior nível de
energia e capacidade de penetração, necessitando de protecções de chumbo
para um bloqueio eficaz. Já os raios alfa e beta podem ser travados por folhas
finas de papel e de alumínio, respectivamente.

Exposição a Radiação Ionizante


A maior parte dos seres vivos está exposto a uma quantidade de radiação
apreciável ao longo da vida, originária de fontes naturais (crosta terrestre,
radiação cósmica, ...). A radiação basal a que estamos expostos corresponde a
uma dose anual entre 1 e 10 mSv. Excepcionalmente, algumas populações têm
exposições anuais maiores do que as referidas. Os fumadores também têm uma
exposição significativamente maior do que os não fumadores. O limite de
radiação permitido para os empregados da indústria nuclear é de cerca de 20
mSv por ano. Pensa-se que o aumento da incidência de doenças oncológicas
começa a partir de exposições superiores a 100 mSv por ano.

Radiação Ionizante em Acidentes Nucleares


Após um acidente nuclear, os trabalhadores e as populações limítrofes podem
ser expostas a doses de radiação ionizante apreciáveis. A dose momentânea
permitida aos trabalhadores na Central de Fukushima no Japão em 2011 é de
250 mSv. O nível de radiação mais elevado captado próximo do reactor 2 de
Fukushima foi de 1000 mSv por hora (BBC). Após o acidente nuclear de
Chernobyl, em 1986, o critério para recolocação da população previa uma
exposição maior do que 350 mSv.

Efeitos para a Saúde da Exposição a Radiação Ionizante


Sabe-se que uma única dose de 1000 mSv (=1Sv=1Gy) causa náuseas e
diminuição do número de glóbulos brancos no sangue e que doses únicas de
5000 mSv (=5Gy) são fatais para 50% dos expostos em cerca de 1 mês
(dados da World Nuclear Association).

A monitorização das populações expostas após o lançamento das bombas


atómicas e o acidente de Chernobyl permitiu documentar os efeitos a curto e
longo prazo da exposição a radiação ionizante. As principais complicações
imediatas são ao nível da pele, da orofaringe (inflamação da mucosa), do
aparelho gastro-intestinal (diarreia grave e hemorragia) e da medula óssea.

A lesão da pele pode ser significativa após exposição a doses elevadas de


radiação, originando um quadro clínico sobreponível a um doente com
queimaduras extensas com úlceras cutâneas. Após a exposição, a perda de
cabelo (alopécia) e a inflamação das conjuntivas (conjuntivite) também é
frequente.

A inflamação das mucosas da orofaringe e do aparelho gastro-intestinal


(mucosite), em conjunto com o compromisso da imunidade, predispõe os
doentes para infecções bacterianas, fúngicas e virais graves.
A radiação ionizante tem um nível de toxicidade elevado para as células da
medula óssea, que são as responsáveis pela produção das células do sangue:
os glóbulos vermelhos (que transportam o oxigénio para os tecidos), os
glóbulos brancos (que protegem das infecções) e as plaquetas (que são
importantes na coagulação). Se a dose de radiação for muito elevada, a
depressão da medula óssea é permanente. Em Chernobyl, 13 trabalhadores
expostos a doses de radiação que variaram entre 5.6 e 13 Gy receberam de
imediato um transplante de medula óssea.
A médio e longo prazo, os sobreviventes da exposição tiveram um aumento de
cataratas, úlceras e fibrose (cicatrizes) cutâneas.

A recuperação das defesas imunológicas nos doentes que não necessitaram de


transplante de medula foi variável mas, em regra, era completa ao fim de 1
ano. Verificou-se ainda um aumento da incidência de doenças oncológicas, em
particular da tiróide. Ao invés do documentado noutras populações expostas a
radiação ionizante, não se documentou ainda após o acidente de Chernobyl
aumento da incidência de leucemias ou de outros tumores sólidos (com
excepção da tiróide). No entanto, esse risco acrescido é bem conhecido após a
exposição a radiação nuclear; serão necessárias décadas para avaliar estes
riscos adequadamente.

Do mesmo modo, é bem conhecido o efeito da radiação ionizante na alteração


da fertilidade e no aumento de malformações congénitas e complicações da
gravidez. No entanto, com o distanciamento actual, tal ainda não é evidente
após o desastre de Chernobyl.

Finalmente, sabe-se que este tipo de acidentes têm um impacto substancial na


saúde mental das populações. De facto, o impacto emocional, económico, de
realojamento, entre outros, contribuem de forma importante para o
aparecimento de distúrbios mentais. Esta é, na realidade, uma das
consequências mais nefastas que perduram na história dos acidentes nucleares.

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