29/03/2011 Folha da Região - A origem do mal

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A origem do mal
SIMONE R. MONT EIRO
Quinta-Feira - 06/11/2008 - 03h01

8 pessoas

As notícias nos jornais, nas revistas, na televisão, mostram, sempre mais, a expansão e a multiplicação da violência no nosso cotidiano, o mal que parece
se espalhar de maneira cada vez mais intensa em todos os lugares. Crianças atiradas de prédios, assassinatos, torturas... E a explicação para isso são
sempre motivos torpes e sem nenhuma fundamentação convincente, somente a maldade. Diante disso, indaga-se: De onde vem esse mal? Qual a
explicação da sua origem?

Esse questionamento não é fruto do momento em que vivemos, repleto de violência e inconformidade popular. Essa questão é estudada desde que a
maldade foi descoberta no homem. No ramo jurídico, foram desenvolvidas diversas teorias sobre a origem do crime, da violência e da formação do
delinqüente, estudadas pela chamada Criminologia.

A criminologia estuda o crime desde a formação de seu agente até as suas conseqüências na sociedade, a fim de encontrar uma forma de controle
social. No decorrer dos estudos criminológicos, as diversas teorias existentes são sustentadas pelos mais diferentes fundamentos, porém, até hoje
nenhuma delas é considerada infalível quanto a sua eficácia.

A primeira teoria criminológica ficou conhecida como a teoria do Delinqüente Nato, cuja fundamentação foi alicerçada por Cesare Lombroso, com a
publicação de sua obra "L'Uomo Delinquente", em que destacava a origem do delinqüente como um fator biológico, ou seja, o mal estaria presente na
carga genética de determinada pessoa desde seu nascimento. Assim, uma vez violento, o homem não perderia essa característica jamais. Por ter sido
considerada demasiadamente extrema, essa teoria não vingou, uma vez que, se persistisse, solução nenhuma restaria à sociedade no controle da
criminalidade, se não a eliminação do indivíduo contaminado com a maldade. Nesse diapasão, as medidas tomadas infringiriam os princípios morais e
éticos.

Então, em contrapartida, Rosseau, com seus pensamentos sociológicos, criou uma teoria na qual se entedia que o homem nasce bom e a sociedade é
que o corrompe, ou seja, nasce sem formas e a sociedade o molda de acordo com seus padrões.

Hoje, diante da modernidade e do progresso da ciência, essas teorias, e outras que também já surgiram, se mesclam para gerar um só entendimento
que, ainda não pacificado, diz que o mal existente na pessoa é conseqüência de influências de fatores psicológicos, sociais e biológicos de um indivíduo.
No entanto, não se sabe ao certo como combatê-lo, ou pelo menos amenizá-lo. Ao invés disso, evidencia-se que a maldade cresce mais a cada dia, os
crimes noticiados pela impressa estão cada vez mais brutais, e os motivos cada vez mais fúteis. Assim, podemos refletir, de acordo com o entendimento
criminológico atual acima citado, que deve estar havendo alguma dificuldade quanto às influências psicológicas, sociais e biológicas, que estão tornando
o homem cada vez mais violento.

O mundo que em vivemos e que transformamos, inevitavelmente influencia nossa vida, nossa mente e nosso organismo, mas infelizmente está mexendo
na nossa formação de maneira cada vez mais negativa, inserindo a maldade em nós e cultivando-a de forma a torná-la cada vez maior e mais freqüente.

As ciências biológicas, psicológicas e sociais se encarregam de estudar a origem do mal e o controle dele, no entanto, fica a pergunta: como se controla
algo que não se sabe ao certo de onde vem e como vem?

Quando dos primeiros casos de violência e de horror com os quais nos deparamos, é gerado em nós sentimentos que indicam a solidariedade e a
compaixão comum dos seres humanos, porém, isso vem se tornando tão freqüente, que, a cada notícia que vemos e ouvimos, nos tornamos imunes a
esses fatos, de modo a nos transformarmos em seres cada vez mais frios, a acreditar que a violência e a criminalidade são algo normal, integrante de
nosso cotidiano, passando a maldade a ser elemento comum e aceito em nossas vidas.

Talvez seja esse o ponto de partida da maldade, e através desse ingênuo comportamento inerte à violência cotidiana, nos tornamos cada vez mais
impiedosos e mais frios, ao ponto de, quem sabe, sermos nós os criminosos de amanhã.

Simone Ribeiro Monteiro, de Penápolis, é estudante.

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Daniela Yalmanian
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