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QUARTA-FEIRA, 26 DE JANEIRO DE 2011 O ESTADO DE S. PAULO

PLANETA
CAPA

Pé na estrada,
mas com
rastro verde
lometragem do jipe que usam na
De carro, moto ou bike, viagem entre São Paulo e Patagô- FAÇA AS CONTAS
é possível compensar nia, na Argentina, passando por
outrasregiõesdaAméricadoSul.
as emissões da sua “Anotamos o consumo diário
viagem de aventura
pelo mundo
de energia elétrica e de água,
além da produção e descarte de
1.000 km
percorridos em um carro de
resíduos,efazemoscoletaseleti- motor 2.0 e porte médio movido
Gustavo Bonfiglioli va”, conta Cassiano. O projeto a gasolina emitem em média:
ESPECIAL PARA O ESTADO recebeu R$ 26 mil de empresas
parceiras e vai plantar de 100 a
Botar o pé na estrada e sair por aí
é um fetiche do viajante ociden-
200 árvores na Mata Atlântica.
No Brasil ainda é raro que pes-
249 kg
de gás carbônico na atmosfera.
tal moderno desde a metade do soas físicas comprem créditos Essa quantidade por mês
século passado. Muitos jovens de carbono para compensar via- resulta em:
quiseramimitar osdois protago- gens. Nos EUA, apesar de o mer-
nistasde On the Road, do escritor cadotambémnãoserregulamen-
americano Jack Kerouac. Espé-
ciede bíbliadoturistaaventurei-
tado, muitas ONGs vendem pa-
ra pequenos compradores.
2,9 t
por ano, que podem ser
ro, o livro conta a história de “Há métodos distintos de cal- compensadas por meio
uma dupla pelas estradas norte- cular quanto vale o gás carbôni- do plantio de cerca de:
americanas, em uma expedição co emitido. Pode-se pedir o cál-
de costa a costa. culo da quilometragem de uma
Se o imaginário desse tipo de
viagem surgiu a partir de uma ín-
viagem ou do uso diário do carro
na cidade e pagar o valor corres-
8 árvores
nativas em florestas, com a
timarelaçãoentreaventura ena- pondente,quedeveserusadopa- orientação de uma ONG
tureza, as mudanças climáticas ra sequestrar da atmosfera uma
mudaramessa percepção.Sefos- quantidade equivalente de gás
se feita hoje em um carro de por-
te médio, apenas uma das via-
carbônico. É muito importante
ser criterioso na escolha da enti-
US$ 29
É o preço que a tonelada de
gens realizadas por Kerouac que dade”, afirma Patrick Huber, carbono pode chegar nos EUA.
inspiraram o livro – ida e volta Ph.D.em Geografiae Análises de A variação, porém, Nos Andes. Plantio de 200
entre Nova York e Los Angeles, TerrenodaUniversidadedaCali- é grande – depende do cálculo árvores vai compensar a viagem
em aproximadamente 10,6 mil fórnia, nos EUA. utilizado pela ONG dos amigos André e Cassiano
quilômetros – emitiria cerca de O cientista compra créditos FONTE: Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza (IBDN)
2,65 toneladas de gás carbônico, de carbono sempre que viaja de
apontado como o principal vilão carro com a família. O preço da veira, não pensa assim. “Se atrás
do aquecimento global.
A preocupação com o impacto
do carro no percurso inovou as
tonelada nos EUA varia de US$
2,75 a US$ 29, a depender do cál-
culo da instituição. Na Europa, a
da tomada do carro elétrico tiver
uma usina de carvão, ele está po-
luindo muito. E no Brasil ainda
● Consumo
Compensar as
emissões do
DESÃO PAULO
maneiras de botar o pé na estra-
da e de compensar pela emissão.
Plantar árvores, comprar crédi-
tos de carbono, apostar no carro
tonelada sai em média por €13
(US$ 17,70).

Road trip elétrica. No fim do


não temos pontos de carga. Vai
viajar com carro elétrico e carre-
gar onde?”, pergunta.
Schey confessa que, de fato, o
deslocamento
não é
suficiente se,
na viagem, o
ÀPATAGÔNIA
elétrico e até se aventurar em ano passado, um grupo de alu- grupo teve de fazer recargas su- turista
longas expedições de bicicleta nos e recém-formados da Impe- jas,emtermoelétricas,porexem- compra sem O profissional de TI André del portagem do Estado, a dupla es-
sãoalgumassoluções dosviajan- rial College, em Londres, ficou plo, onde há queima de carvão. critérios o que Gaudio, de 25 anos, planejava fa- tava em Puerto Cisnes, já no sul
tes ecofriendly. famoso por viajar de Fairbanks, vê pela frente. zer uma viagem de jipe com seu doChile.“Já rodamosaproxima-
Muitos procuram o amparo no Alasca, nos EUA, a Ushuaia, De bike. A ideia de não poluir Para fazer amigo Cassiano Freitas, 28, que damente 6.500km, e ainda tem
de ONGs e universidades, onde na Patagônia argentina, pilotan- durante o trajeto também agra- uma viagem trabalha com comércio exterior. muito chão pra chegar a
conseguem patrocínio. “Esta- do um SZero – carro elétrico de- dou André Pasqualini, de 36 sustentável de Pormeio da empresaem que tra- Ushuaia.” Além da compensa-
mos falando de uma tendência senvolvido na instituição. A via- anos. Ele vai percorrer ao todo 7 verdade, é balha, André conheceu o presi- ção de emissões, os viajantes e a
recente.Seoviajantequiserplan- gem durou 70 dias e eles anda- mil km. Pareceria pouco, se fos- preciso dente do Instituto Brasileiro de ONG,em parceria como Institu-
tar árvores na Mata Atlântica pa- ram 26 mil km, maior distância se de carro, mas ele está sobre preservar DefesadaNatureza(IBDM),etu- to Estadual de Florestas (IEF)
ra compensar emissões, deve já percorrida por um carro movi- duas rodas e sem motor. hábitos como do mudou. deMinasGeraiseumaminerado-
procurarumaONGcomexperti- do a bateria. “Produzo pouco lixo e acam- o baixo “De um dia para o outro, ele ra mineira, vão realizar um plan-
seque faça o cálculo e saiba plan- Comopatrocíniode35empre- po ou procuro me hospedar em consumo e me ligou dizendo que nossa via- tiosimbólicode100árvoresnati-
tar as espécies certas para cada sas, o projeto custou em torno casas de nativos”, diz o ciclista. a coleta gem de carro seria uma expedi- vas em uma reserva florestal em
região”, diz o educador ambien- de US$ 750 mil. O engenheiro Para Nicole Oliveira, do seletiva do ção 100% sustentável até a Pata- Arcos, no interior de Minas.
tal Lemuel Santos Rex, da SOS mecânico Alexander Schey, um Greenpeace, a atitude é louvá- lixo produzido gônia, que iríamos plantar árvo- Os mochileiros se hospedam
Mata Atlântica. dosviajantes,acreditaqueoscar- vel. “É o melhor meio porque no percurso res para compensar nossos im- em casas de famílias nativas ou
A ONG faz o plantio de árvo- ros elétricos híbridos (HEVs), não vai poluir nada.” pactos e que teríamos que criar acampam.Emmenosdedoisme-
res por encomenda para tentar que funcionam com combustí- Já para Marco Antônio Fujiha- um projeto para buscar patrocí- ses de viagem, já acumulam his-
neutralizar a pegada de carbono veloubateria,jásejammaisaces- ra, da empresa de crédito de car- nio.Nahora,nãoentendi absolu- tórias e apuros notáveis. “A nos-
de atividades urbanas e viagens. síveis em dez anos. bono WayCarbon, viagens do ti- tamente nada”, brinca Cassiano. sa câmera fotográfica parece ter
“Apesardenão compensarintei- “Quando o preço e a perfor- po não resolvem o problema das No dia 11 de dezembro, depois cinco anos de uso, mas são só
ramente as emissões, é uma ini- mance das baterias melhorarem emissõesesãopura“autopromo- deconseguiroapoiode17empre- três semanas. Já descemos o vul-
ciativa interessante.” e os países tiverem infraestrutu- ção”. “Isso é uma gota no ocea- sas, que resultou em R$ 26 mil cão Villarrica, em Pucón (Chile),
Um projeto que vai converter rapararecarga,oscarrosexclusi- no.” Apesar disso, ele concorda em patrocínio, os dois jovens nos Andes, escorregando no ge-
o gás carbônico em árvores é o vamente elétricos vão dominar que o viajante em busca de com- partiram em direção a Ushuaia, loporumahoraininterrupta.En-
SoudaEstrada,deCassianoFrei- o mercado”, diz Schey. pensar suas emissões deve pro- na Argentina, passando também tramos em uma balsa sem saber
tas, de 28 anos, e André del Gau- O carro elétrico parece uma curar orientação especializada, pelo Uruguai e pelo Chile. O aonde ia, quase capotamos o jipe
dio,de25.EmparceriacomoIns- boa solução para cruzar estradas em instituições sérias. “Ele deve IBDM estima que a viagem vá em uma estrada de cascalho, na
titutoBrasileirodeDefesadaNa- sem aumentar as emissões, mas estudar o trajeto e planejar essa render de100 a 200 árvores nati- ilha de Chiloé. Só não aconteceu
tureza(IBDN),osmochileiroses- a coordenadora da campanha de viagem junto com uma ONG.” vas para a Mata Atlântica. nada porque andam dois anjos
tãocalculandodiariamenteaqui- climadoGreenpeace,NicoleOli- /COLABOROU ANA BIZZOTTO Quando conversou com a re- nos bancos de trás.” / G.B.

e, nessa troca, é que surge o no- destinos”, salienta Beraldo. do ou jogado em aterro.”
vo. Os anfitriões chilenos po- Lemuel Rex, da SOS Mata Beraldo sustenta que o viajan-

Viajante ecofriendly demnãoter entendido todaaba-


gagem técnica que significa a re-
ciclagem, mas com certeza o en-
contro com pessoas diferentes
Atlântica, concorda. “É preciso
incluir todos os aspectos socio-
culturais e ambientais ao plane-
jar a viagem. Não basta selecio-
te deve ter cuidado ao lidar com
as diferenças culturais que en-
contra. “O turismo sustentável
trazemsiaideiadoconhecimen-

não deve impor hábitos deixou alguma impressão ne-


les”,diz ThiagoBeraldo, analista
ambientalespecializadoem eco-
turismodoInstitutoChico Men-
nar roteiros, hotéis e destinos se
eles não estão alinhados com o
objetivo da expedição.”
O viajante André Pasqualini,
to do novo. Não precisamos
abandonar nossas crenças, mas
também não podemos intervir e
condenar toda ação que não seja
des de Conservação da Biodiver- por exemplo, não contava com condizente com elas.”
Os viajantes Cassiano Freitas e pantou. “Ela nos olhou como se sidade (ICMBio). alguns desses aspectos. Ele vai Às vezes, nossos maus hábitos
Pelo caminho, turista André del Gaudio, que rodam a fôssemos de outro planeta. Aqui Sendo ou não amistoso o en- rodar por biomas brasileiros até acabam influenciando outras
deve estar preparado América Latina de carro, passa- vocêfalaemcoletaseletiva enin- contro do viajante e do nativo, ofim defevereiro enão encontra culturas.Emsuaexpediçãodebi-
ram este mês por Puerto Cisne, guém sabe o que significa”, con- osespecialistasparecemconcor- local adequado para jogar o lixo ke, Pasqualini observou alguns
para esbarrar em outras cidade de 5 mil habitantes no sul ta Cassiano. dar que essa percepção da dife- estocado em sua bicicleta. “Pro- reflexos que a cultura ocidental
culturas com menos do Chile, onde ficaram na casa Como qualquer viagem, a rençadeve ser incluída no plane- duzo pouco lixo, mas recolho tu- de consumo exerceu em popula-
consciência ambiental de uma família simples. Ao ouvir roadtrip sustentáveltambémes- jamento da viagem. “Para fazer do que vejo pelo caminho. A bike ções indígenas, como a queima
os relatos de que o automóvel da barra em obstáculos culturais. umaviagemverdeetransfrontei- vai ficando pesada e tenho de jo- de lixo. “Eles estão consumindo
dupla estava lotado de lixo por- “A viagem é transformadora da riça é preciso que se realize uma gar no lixo comum porque as ci- muitos produtos industrializa-
que não havia, na região, coleta- sociedade pois promove o en- boa pesquisa da cultura, do mo- dades por onde passei não têm dos e virou coisa natural para
va seletiva, a dona da casa se es- contro de realidades diferentes do de vida e até da legislação dos coleta seletiva; o lixo é queima- elesjogar lixono chão.” /G.B. e A.B.

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