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CAPÍTULO 03
INTRODUÇÃO À TEORIA ATÔMICA. AS FÓRMULAS, AS EQUAÇÕES
E O CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO
1. INTRODUÇÃO
No capítulo 2 vimos as propriedades macroscópicas da matéria. Estas são, obviamente,
de fundamental importância, pois esta é a parte tangível, digamos assim, da química. As
que podemos perceber com os nossos sentidos.
De acordo com a teoria atômica, toda matéria é feita de átomos e agregados dos
mesmos, tais como moléculas e cristais. Os átomos são extremamente pequenos, leves
e invisíveis.
Entretanto, os átomos não são todos iguais. Se fossem, toda matéria seria igual, ou no
mínimo pouco variada. Conhecemos hoje 112 tipos de átomos diferentes, que diferem
em massa e tamanho e em sua composição subatômica. Os diferentes tipos de átomos
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
Entretanto, átomos não são esferas rígidas como pensava Dalton. São constituídos de
partículas subatômicas, ainda menores que os próprios átomos.
Em termos atômicos podemos agora redefinir o que vem a ser um elemento. No capítulo
2, que trata das propriedades macroscópicas da matéria, definimos elemento como sendo
uma substância que não pode ser decomposto em uma substância mais simples que ela.
Em termos atômicos a definição de elemento é:
O número de prótons nos átomos de cada elemento é sempre o mesmo (pois é exatamente
este número que caracteriza cada elemento). O número de nêutrons dentro de um átomo,
entretanto, pode variar, mesmo para átomos de um mesmo elemento. A soma dos nêutrons
com os prótons de um átomo chama-se NÚMERO DE MASSA – A. Os elétrons não entram
nesta soma, pois suas massas são desprezíveis em relação às partículas nucleares prótons
e nêutrons, e assim contribuem praticamente nada para a massa dos átomos.
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CAPÍTULO 3
Um átomo do elemento cloro possui em seu núcleo, 17 prótons. Seu número atômico é,
portanto, 17. Nos átomos do elemento cloro são quase que igualmente comuns núcleos
com 18 e com 19 nêutrons. Neste caso teremos para os átomos de cloro números de
massa iguais a 35 e 36, respectivamente.
O átomo mais simples de todos é o átomo do elemento hidrogênio. Seu número atômico
é 1. Ou seja, os núcleos de seus átomos possuem apenas um próton. Na maioria dos
átomos de hidrogênio, não existem nêutrons. Assim, quase sempre o número de massa
dos átomos de hidrogênio é igual ao seu número atômico, ou seja 1. Existem, entretanto
átomos de hidrogênio com um nêutron. Tem o nome especial de deutério, e seu número
de massa é 2. Tem também átomos de hidrogênio com 2 nêutrons em seus núcleos. Tem
o nome especial de trítio, e seu número de massa é 3.
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
Já vimos que átomos do elemento cloro, por exemplo, podem ter núcleos com 18 e 19
nêutrons. Vimos que este fenômeno se denomina isotopia, que significa no mesmo lugar.
No mesmo lugar aonde? No mesmo lugar na tabela periódica! Ou seja, todos os átomos
do elemento cloro, independentemente do número de nêutrons em seus núcleos, estão
representados no mesmo quadrinho na tabela periódica. As coordenadas, por assim dizer,
do elemento cloro, é período número 3, grupo número 17.
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CAPÍTULO 3
substâncias grafite e diamante são ambas substâncias simples formados pelo mesmo
elemento carbono, ou seja, pelo mesmo tipo de átomos. A diferença está na organização
dos átomos na substância. O fenômeno pelo qual um só tipo de átomo, um só elemento,
pode formar mais de uma substância simples é denominado alotropia, que vem do grego
alo = diferente e tropia = forma. Um outro exemplo é o caso das duas substâncias simples
constituídas de átomos do elemento oxigênio: O gás oxigênio e o gás ozônio (que
forma a importantíssima camada de ozônio na parte superior da atmosfera terrestre), de
propriedades bastante distintas.
Os ametais formam substâncias simples, ou elementares, que podem ser sólidas, líquidas
ou gases, à temperatura ambiente. Possuem, de modo geral, então, baixos pontos de fusão
e ebulição. São de modo geral, maus condutores de calor e eletricidade. Uma exceção
importante é o carbono, em sua forma alotrópica grafite, que é excelente condutor de
eletricidade. Os átomos destes elementos têm propriedades muito importantes a serem
discutidas mais adiante, principalmente nos capítulos 7 e 8.
Dos pouco mais de 100 elementos identificados até hoje, apenas algo como 30 são
comuns, abundantes e importantes para a química do dia-a-dia. Dos restantes, muitos
são muito raros e muitos são muito instáveis (radioativos) e alguns são artificiais. Isto é,
produzidos em laboratório.
Os elementos são representados por símbolos, como se pode ver pela figura 3.2. Estes
símbolos são derivados dos nomes gregos ou latinos destes elementos para evitar que cada
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
língua tivesse símbolos diferentes, o que tornaria difícil a comunicação entre os químicos do
mundo. Elementos identificados mais recentemente podem ainda ter seus nomes derivados
de lugares onde foram descobertos ou identificados, ou homenageando lugares e químicos.
De modo geral usa-se a primeira letra do nome ou a primeira letra maiúscula seguida de
outra minúscula, no caso de elementos cujos nomes começam com a mesma letra. A tabela
a seguir mostra os nomes, símbolos e origem dos nomes, dos elementos mais importantes
e de uso constante no estudo da química.
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CAPÍTULO 3
Estas poderiam representar moléculas de gás oxigênio. Molécula é uma entidade que
agrega um número determinado de átomos por unidade molecular. Dois átomos por
molécula no caso do gás oxigênio. Por isto representamos esta substância pela fórmula
O 2.
Mencionamos que alguns elementos podem formar mais de uma substância simples, ou
elementar. No caso do elemento oxigênio, além dos átomos deste elemento formarem
moléculas diatômicas da substância oxigênio, podem formar moléculas triatômicas da
substância ozônio, que podem ser assim representadas:
Moléculas de gás hidrogênio, por sua vez, são bem menores (e bem mais leves) e
poderiam ser representados por:
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
Por isto representamos esta substância simples, ou elementar, gás hidrogênio, pela fórmula
H2 .
A substância simples enxofre, pode existir em várias formas alotrópicas, mas a mais estável
é a constituída por moléculas com oito átomos de enxofre, interligados em forma de um
anel. Podemos imaginar uma molécula de enxofre conforme representado a seguir. A
fórmula da substância simples enxofre é S8.
Como um cristal metálico, ao contrário de uma molécula, não tem atomicidade (número
de átomos) definida, a fórmula da substância simples ferro e o símbolo de elemento ferro
são idênticos. Assim representamos a substância simples ferro pela fórmula/símbolo Fe.
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CAPÍTULO 3
Cada molécula de água, uma entidade distinta e definida, tem dois átomos do elemento
hidrogênio fortemente ligados a um de oxigênio. Por isto a fórmula da água é H2O.
A substância água é líquida em condições ambientais pois existem forças de atração
relativamente fortes entre as moléculas da água, por razões que serão explicadas
detalhadamente nos capítulos 9,10 e 11, que tratam de ligação química.
Por isto, a fórmula do gás carbônico é CO2. Esta substância, como sugere o próprio nome,
é um gás em condições ambientes, porque as forças de atrações entre as moléculas de
gás carbônico são muito fracas.
A figura a seguir representa uma molécula bem maior e mais complexa. A da vitamina C.
Embora a maioria das substâncias compostas forma moléculas, existe uma classe de
compostos que formam outro tipo muito importante de agregados. Os cristais iônicos. É
o caso do cloreto de sódio, sal comum, que é formado de íons de sódio (ou seja átomos
de sódio que perderam um de seus elétrons) e íons de cloro (ou seja átomos de cloro que
ganharam um elétron a mais).
Neste cristal de íons positivos de sódio (os menores) e íons negativos de cloro (os maiores),
estes íons estão empacotados de forma regular de modo a sempre ter um íon de sódio
para um de cloro. Por isto a fórmula do cloreto de sódio, ou sal comum, é NaCl.
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
O cloreto de sódio é um sólido, com ponto de fusão de 801°C, pois as forças de atração
entre os íons positivos de sódio e negativos de cloro são muito fortes.
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CAPÍTULO 3
Entretanto, embora não fosse possível (na época) determinar as massas absolutas (reais)
de átomos, era possível estabelecer as massas relativas dos átomos dos diferentes
elementos, escolhendo os átomos de um elemento como padrão de comparação, a
partir da proporção com que um elemento se combina com outro para constituírem
uma substância composta.
Como praticamente nada se sabia a respeito de ligação química naquela época também
pouco se podia saber a respeito das fórmulas das substâncias compostas. Dalton
construiu uma escala de massas relativas – que chamamos de massas atômicas –
partindo do pressuposto de que quando átomos de diferentes elementos se combinam
para formar compostos com dois elementos diferentes, o fazem na proporção de um
átomo de um elemento com um átomo de outro elemento. Esta pressuposição simplista
levou a muitos bons resultados, pois em muitos casos esta pressuposição estava correta,
mas também a muitos erros, pois em muitíssimos casos os átomos não se combinam
entre si nesta proporção tão simples.
O padrão escolhido por Dalton como base de comparação foi o átomo de hidrogênio,
que ele acertadamente considerou o de menor massa. Atribuía a este átomo massa de
comparação (relativa) igual a 1 ou massa atômica 1.
Na verdade não foi uma boa escolha, porque para determinar a massa relativa dos átomos
de um elemento em relação a outro é necessário combiná-los para formar compostos, e
o hidrogênio se combina facilmente com relativamente poucos elementos.
A partir de 1850 os químicos passaram a usar o oxigênio como padrão para massas
atômicas, atribuindo-lhe o valor de 16 para não alterar o do hidrogênio que continuava
com o valor de 1. A troca se deve ao fato de que o oxigênio se combina facilmente com
quase todos os outros elementos. O padrão baseado no oxigênio, no entanto, só foi
oficializado em 1899.
Embora hoje seja possível saber as massas reais (absolutas) de átomos, o sistema
introduzido por Dalton, e aperfeiçoado por Berzelius e outros, é muito mais prático do que
o uso de massas reais, e hoje constitui baluarte fundamental dos cálculos realizados em
química. Por esta razão é necessário compreender perfeitamente o significado de massas
atômicas, que na tabela periódica (figura 3.2) são mostradas abaixo dos símbolos.
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
A massa atômica do oxigênio (O) é 16. A do hidrogênio (H) é 1 e a do enxofre (S) é 32. O
que significa isto?
Vejamos uma outra maneira de analisarmos o conceito de massas atômicas. Hoje em dia
se perguntarmos mesmo a um leigo qual é a fórmula da água, ele, ou ela, responderia:
H 2O
A pessoa pode até não saber o que isto realmente quer dizer. Mas sabe a fórmula.
Se realizarmos uma análise química da água, podemos verificar, com grande precisão,
que a composição centesimal em massa da água é 11,11 % de hidrogênio e 88,89 % de
oxigênio.
Se, apesar de a molécula de água ter dois átomos de hidrogênio e apenas 1 de oxigênio,
fica muito claro que os átomos de oxigênio possuem massas bem maiores.
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CAPÍTULO 3
Antes de avançarmos, agora é importante ficar claro que massa atômica e número de
massa não são a mesma coisa. Não são sinônimos. O número de massa é a soma do
número de prótons com o número de nêutrons existentes nos núcleos dos átomos dos
diferentes elementos.
Por exemplo, o elemento cloro (Cl), cujo número atômico é 17 (17 prótons em sues
núcleos) é constituído por um número praticamente igual do isótopo de número de
massa 35 (17 nêutrons em seus núcleos) e do isótopo 36 (18 nêutrons em seus núcleos).
Por esta razão a massa atômica do elemento cloro (que engloba todos os seus isótopos)
vale a média entre 35 e 36, ou seja 35,5. Observe que números de massas são sempre
números inteiros, enquanto que as massas atômicas são frequentemente fracionários.
Durante algum tempo houve um certo desencontro entre físicos e químicos no que
diz respeito à massas atômicas. Isto porque o padrão dos químicos era baseado no
elemento oxigênio, englobando todos os seus isótopos, e lhe era atribuído o valor exato
de 16,000.
Isto acarretou apenas pequenos ajustes nas massas atômicas de todos os elementos.
Originalmente as massas atômicas não tinham unidades, uma vez que apenas
comparavam as massas dos átomos dos diferentes elementos a um padrão de
comparação. Embora a idéia de comparação continue a mesma, hoje atribuímos uma
unidade às massas atômicas – a unidade de massa atômica, ou u.
De acordo com o padrão C-12 definiu-se uma unidade de massa atômica (u) como
sendo 1/12 avos da massa de um átomo do isótopo 12 (6 prótons e 6 nêutrons em seus
núcleos) do elemento carbono. Assim a massa atômica do hidrogênio vale 1 u. (ou para
sermos mais exatos, com os ajustes mencionados acima, 1,008 u). A do oxigênio 16 u. (ou,
novamente para sermos mais exatos, 15,999. u.
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
Solução:
Logo x= % C = 40,0%
Logo y =% H= 6,67 %
Logo z =% O= 53,3 %.
Exercício 3.2. Calcule a composição centesimal da vitamina C, sabendo que a sua
fórmula é C6H8O6. (Resposta ao final do capítulo).
Este tipo de análise pode ser feito numa aparelhagem ilustrada pela figura a seguir:
A amostra de fórmula desconhecida é aquecida por um bico de Bunsen (ou num forno)
com fluxo constante de gás oxigênio. O hidrogênio contido na substância desconhecida
será transformado em água que será retida numa “armadilha” contendo uma substância
que absorve água (que pode ser CaCl2, por exemplo). O carbono contido na amostra
será convertido em gás carbônico – CO2 – que será retido numa armadilha contendo
uma substância que absorve gás carbônico (que pode ser KOH, por exemplo, usado
atualmente para purificar o ar respirado por astronautas em naves espaciais).
Em 44 g de CO2 existem 12 g de C
O valor de x será 2,640 x 12/44 = 0,720 g de Carbono que é então a massa de carbono
existente nos 1,800 g de amostra desconhecida. Podemos então calcular a percentagem
de carbono existente em nosso composto desconhecido:
1,800 g 100%
0,720 g x%
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
1,800g 100%
0,120 g x%
A soma destas percentagens obviamente não é 100%. Logo falta algum elemento. O
método pode ser ampliado na procura de enxofre, nitrogênio, cloro, fósforo etc. Não sendo
detectados supõe-se que o elemento que falta é o oxigênio. Se isto for uma suposição
correta a percentagem deste elemento no composto desconhecido será o que falta para
100 %, ou seja 53,3 % .
C=40,0%
H=6,67 %
O=53,3 %
Para sabermos a fórmula a palavra centesimal é a chave. Em 100 unidades de massa atômica
tem-se então 40 unidades de massa atômica de carbono (C). Como a massa atômica do
Carbono é 12, isto corresponde a 40/12 = 3,33 átomos de carbono em cada 100 unidades
de massa atômica.
Do mesmo modo em 100 unidades de massa atômica tem-se 6,67 unidades de massa
atômica de hidrogênio (H). Como a massa atômica do hidrogênio é 1, isto corresponde
então a 6,67 átomos de hidrogênio em cada 100 unidades de massa atômica. Igualmente
nestas mesmas 100 unidades de massa atômica, tem-se 53,3 unidades de massa atômica
de oxigênio (O). Como a massa atômica do Oxigênio é 16, isto corresponde a 53,3/16 =
3,33 átomos de oxigênio em cada 100 unidades de massa atômica.
C3,33H6,67 O3,33
Matematicamente isto está correto, mas este tipo de fórmula não agrada aos químicos,
que não admitem pedaços de átomos em moléculas.
Assim é necessário transformar estes números fracionários em números inteiros, sem ferir,
naturalmente, a matemática. O modo mais simples de fazer isto é dividir cada um destes
índices fracionários pelo menor deles, e torcer para que isto resulte em números inteiros.
Caso contrário deve-se apelar para outros recursos, tais como multiplicar os novos índices
por um número que transforma todos os números, inteiros e fracionários, em números
inteiros, os menores possíveis.
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CAPÍTULO 3
CH2O
Entretanto, não podemos garantir que está é de fato a fórmula da substância, pois
um composto com fórmula C2H4O2 (um múltiplo inteiro) teria a mesma composição
centesimal, assim como um composto de fórmula C3H6O3 e assim por diante. Por isto
as fórmulas determinadas pelo método descrito são incompletas e são denominadas
fórmulas mínimas (menor proporção de átomos de cada elemento numa molécula)
ou empíricas (determinadas experimentalmente no laboratório). Para se determinar a
fórmula real ou fórmula molecular é necessário saber a massa molecular da substância.
Para esta finalidade existem vários métodos, e discutiremos alguns deles mais adiante, em
outros capítulos. É importante compreender, por ora, que a fórmula real ou molecular será
sempre um múltiplo inteiro da fórmula mínima. Por isto representamos preliminarmente
a fórmula molecular como um múltiplo inteiro da fórmula mínima. No caso analisado,
por (CH2O)n.
Este tipo de análise elementar, mesmo com o grande avanço da química, é ainda realizado
rotineiramente, pois novas substâncias são descobertas (na natureza) ou sintetizadas
(feitas no laboratório) todos os dias. Entretanto, hoje existem aparelhos muito mais
sofisticados do que a aparelhagem ilustrada na figura 3.14, onde este tipo de análise é
totalmente automatizado, conforme ilustrado pela figura a seguir.
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
serão tratados mais adiante. Por ora suponhamos que se tenha determinado que a massa
molecular da substância desconhecida usada em nosso exemplo seja 180 u.
C6H12O6
E que substância será esta? Bem, poderá ser a glicose. Poderá também ser a frutose. O
fenômeno de mais de uma substância terem a mesma fórmula molecular é denominado
ISOMERIA, um assunto de grande importância em química. Estas duas substâncias
possuem propriedades físicas e químicas distintas. Para mostrar a diferença entre estes
duas moléculas necessitamos de outro tipo de fórmula. São as fórmulas estruturais, que
mostram não apenas o número de átomos dos elementos presentes mas também como
estão ligados uns aos outros. As fórmulas estruturais destes dois isômeros são mostradas
abaixo. A fórmula estrutural da esquerda é da glicose e a da direita é da frutose.
Exercício 3.3.: Uma análise química por combustão revelou que uma amostra de uma
substância desconhecida é constituída de 40,91 % de carbono (C) 4,54 % de hidrogênio
(H) e 54,55 % de oxigênio (O). Foi também determinado que a massa molecular desta
substância desconhecida é igual a 176 u.
Determine (a) A fórmula mínima desta substância e (b) A fórmula molecular desta
substância e (c) Faça uma pesquisa e tente descobrir que substância poderia ser.
(Respostas ao final do capítulo).
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CAPÍTULO 3
Seja um exemplo muito simples. A reação entre o gás hidrogênio, cuja fórmula é H2 e o
gás oxigênio, cuja formula é O2.
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
Ou seja, gás hidrogênio (H2) reage com gás oxigênio (O2) para formar água (H2O) sempre
na proporção de duas moléculas de gás hidrogênio para cada molécula de gás oxigênio.
Com uma equação balanceada podemos agora efetuar cálculos envolvendo esta reação
química. Isto se chama cálculo estequiométrico (que deriva do grego e significa medida
dos elementos).
A massa molecular do gás hidrogênio (H2) vale 2 u. A massa molecular do gás oxigênio (O2)
vale 32 u. A massa molecular da água vale 18 u. Assim o gás hidrogênio reage com o gás
oxigênio sempre na proporção mostrada abaixo:
2. H2 + O2 → 2. H2O
2x2 1x 32 2 x 18
Observe como a soma do lado esquerdo (dos reagentes) é igual a do lado direito. Isto é
a lei da conservação da matéria, anunciada por Lavoisier antes mesmo de existir a teoria
atômica.
Isto significa que gás hidrogênio sempre reage com gás oxigênio na proporção de 4 partes
em massa de gás hidrogênio para 32 partes em massa de gás oxigênio para produzir 36
partes de água.
Esta é simplesmente a proporção ponderal (de massas). Estas partes podem ser de
qualquer coisa.
Massas tão pequenas são imensuráveis, mas não importa, o que interessa á a proporção de
massas. Por exemplo, esta proporção significa que 4,00 kg de gás hidrogênio reagirão com
32,0 kg de gás oxigênio, produzindo nesta reação 36,0 kg de água.
Ou 4,00 g de gás hidrogênio reagirão com 32,0 g de gás oxigênio para produzir 36,0 g de
água.
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CAPÍTULO 3
Ou, ainda, 2,00 g de gás hidrogênio reagirão com 16,0 g de gás oxigênio para produzir
18,0 g de água.
Seja a reação entre o ácido fosfórico (H3PO4) e o hidróxido de sódio (NaOH) para formar o
sal fosfato de sódio ( Na3PO4) e água (H2O), representado inicialmente pela equação não
balanceada:
Começando pelo metal sódio (Na), vemos que no lado dos reagentes tem 1 e no lado
dos produtos tem três. Coloquemos, então, na frente da fórmula do NaOH no lado dos
reagentes, o coeficiente 3 (que é um multiplicador) e termos preliminarmente:
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
Podemos facilmente verificar que o nosso problema ainda não está resolvido. Vamos
tentar concertar o número de hidrogênios colocando o coeficiente 3 na frente da fórmula
da água, no lado dos produtos. Vejamos:
Exercício 3.5: Um método muito utilizado para se produzir gás oxigênio em laboratório,
consiste na decomposição térmica do sal clorato de potássio (KClO3), coletando-se o gás
obtido sobre água (o gás oxigênio é muito pouco solúvel em água), conforme ilustrado
pela figura abaixo:
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CAPÍTULO 3
Entretanto a unidade de massa mais usada pelos químicos é o grama. Para facilitar o
raciocínio químico e os cálculos envolvidos, foi criada pelos químicos uma unidade de
quantidade de matéria. Esta unidade é o mol, de enorme importância em química, e que
hoje faz parte do sistema internacional de medidas.
Por exemplo, em um único grama de gás oxigênio tem nada menos que
18.821.875.000.000.000.000.000 moléculas de gás oxigênio.
Em relação ao atual padrão de massa atômica, o carbono 12, cuja massa atômica é
12,0000 u., define-se como um mol a quantidade de átomos que existem em exatamente
0,012 Kg (exatamente 12 g) deste isótopo. Quantos átomos são estes? São 6,023 x 1023.
O mol é a quantidade de matéria que contém este número de átomos, íons, moléculas,
estrelas, grãos de areia, etc.
Ou seja, em um mol de qualquer coisa tem sempre o mesmo número desta “qualquer
coisa”. Este conceito é de uma utilidade enorme, uma vez que se acostuma com ele,
conforme veremos daqui para frente neste capítulo.
O MOL é um conceito fundamental para quem trabalha com química. A definição exata do
MOL recomendada pela IUPAC (International Union for Pure and Applied Chemistry) é :
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
180 g
18 g
Agora, muito importante. Observe que a massa molecular da glicose é 10 vezes maior do
que a da água. Isto significa que uma só molécula de glicose tem massa 10 vezes superior
a uma só molécula de água.
Daí só há uma conclusão possível. Em 180 g de glicose tem o mesmo número de moléculas
que em 18 g de água, 6,023 x 1023 moléculas. Ou seja, um mol de moléculas.
A figura a seguir mostra um mol de várias substâncias. Repare que as massas (e os volumes)
são bastante diferentes de uma substância para outra. Repare também que os béqueres
da figura superior são bem menores (50 mL) do que os béqueres da figura inferior (250
mL). Isto é porque as massas molares das substâncias da figura inferior são bem maiores
do que a das substâncias da figura superior.
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CAPÍTULO 3
Para efeitos práticos, lembre-se que a massa molar é simplesmente a massa atômica, a
massa formal ou a massa molecular expressa em gramas. Ou seja, simplesmente passamos
de u, que se refere a uma única partícula, para 6,023 x 1023 partículas, sejam estas átomos,
íons, unidades fórmulas, moléculas, ou qualquer outra coisa que se queira imaginar.
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
Exercício 3.6.
(a) Quantos mols de átomos de carbono existem em um mol de moléculas de glicose?
(b) Quantos átomos de carbono existem neste quantidade de matéria, em mols?
(c) Quantos mols de átomos de hidrogênio existem em um mol de moléculas de glicose?
(d) Quantos átomos de hidrogênio existem nesta quantidade de matéria?
(Respostas ao final do capítulo).
Exercício 3.7. Agora que sabemos o que representa um mol de glicose, qual seria a
massa de uma única molécula de glicose? (Resposta ao final do capítulo).
A equação nos informa que: 2 mols de C4H10 reagirão com 13 mols de O2 produzindo 10
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CAPÍTULO 3
mols de H2O e e 8 mols de CO2, (ou qualquer quantidade de matéria, em mols, proporcional
a estes).
Ou seja, 2 x 58g = 116 g de C4H10 reagirão com 13 x 32g =416 g de gás oxigênio, produzindo
10 x 18g = 180 g de vapor d’água e 8 x 44 g =352 g de gás carbônico. Ou quaisquer
massas proporcionais a estas. Repare que a soma das massas de reagentes é igual a soma
das massas de produtos.
Com 5,00 g de gás butano, em presença de excesso de gás oxigênio (ou seja, tem mais
que suficiente deste gás para a queima completa do butano), quantos gramas de gás
carbônico serão liberados para o meio ambiente?
Primeiro vamos calcular quantos mols (n) de C4H10 há em 5,00 g desta substância.
Neste caso podemos verificar que a quantidade de matéria, em mols, de C4H10 disponíveis
para a reação é:
A equação nos informa que 2 mols de C4H10 produzirão 8 mols de CO2. Então a quantidade
de matéria, em mols, de CO2 que serão produzidos são:
nCO2 = 0,0862x8/2=0,345
E, finalmente,
1mol de CO2 = 44 g
No Brasil temos o hábito de resolvermos este tipo de problema por sucessivas regras de
três. Nos Estados Unidos, por exemplo, as estudantes aprendem a resolver este tipo de
problema por intermédio de análise dimensional. Vejamos como se procede, usando o
mesmo exemplo.
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
Observe que o primeiro passo transforma g de C4H10 em mol de C4H10. O segundo passo
transforma mols de C4H10 que reagirão em mols de CO2 que se formarão, obedecendo-se
os coeficientes da equação. O terceiro passo transforma mol de CO2 formado para gramas
de CO2 formado, que era o objetivo do exercício.
Na atmosfera o gás SO2 lançado no ar por automóveis e indústrias reage com o gás oxigênio
do ar para formar SO3 (a transformação de SO2 em SO3 não acontece muito facilmente, mas
na atmosfera existem condições que favorecem esta reação).
O SO3 por sua vez reage com a umidade (água) também existente no ar, transformando-se
em ácido sulfúrico, causando a tal chuva ácida.
A primeira das reações mencionados pode ser descrita pela equação balanceada abaixo:
Solução:
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CAPÍTULO 3
Pela equação (1) vemos que a quantidade de matéria, em mols, de SO3 que serão
formados é o mesmo. Ou seja, serão formados 1,56 mols de SO3
1 mol de SO3 = 80 g . Logo 1,56 mols de SO3 = 80g/mol x 1,56 mol = 125 g.
Segundo problema:
A partir destas 125 g de SO3 que massa de ácido sulfúrico será obtida?
Solução:
1 mol de SO3 é igual a 80 g. Logo em 125 g de SO3 teremos 1,56 mols de SO3 (será
coincidência?).
Pela equação (2) vemos que 1 mol de SO3 formará 1 mol de H2SO4. Logo a quantidade de
matéria, em mols, de H2SO4 será também 1,56.
O Brasil é um país muito rico num minério de ferro denominado hematita. Este minério é
uma mistura, cujo principal componente é o óxido férrico, cuja fórmula é Fe2O3. Quando o
minério é processado nos alto fornos das siderúrgicas este óxido reage como monóxido
de carbono (obtido normalmente a partir do carvão vegetal) de acordo com a equação
já balanceada:
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FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
2 Fe2O3 + 3 CO → 3 CO2 + 4 Fe
Suponha que se faça esta reação num mini alto forno, a partir de 500 g de minério hematita,
e que este minério seja 90% em termos de Fe2O3 . Que massa de ferro será obtida?
Neste caso não estamos reagindo 500 g de Fe2O3 mas sim apenas 90% de 500 g, ou seja
500g x 0,9 = 450 g. Agora podemos fazer o cálculo normalmente.
Mas, vamos supor agora que alem do problema da impureza, o rendimento da reação não
é 100%. Suponhamos que seja apenas de 80 %. Neste caso para obter a resposta correta
basta multiplicar o último resultado (315) por 0,8 e teremos como nova resposta 252 g.
De modo geral podemos resolver todos os problemas como se os reagentes fossem sempre
100% puros e o rendimento sempre de 100% e depois corrigindo a resposta obtida pela
pureza e pelo rendimento.
Agora pegamos este valor e multiplicamos pela pureza (90%, multiplicar por 0,9) e pelo
rendimento (80%, multiplicar por 0,8).
350x0,9x0,8= 252 g
92
CAPÍTULO 3
7. Reagente Limitante
Substâncias reagem umas com as outras de acordo com a relação de mols indicada pela
equação química, devidamente balanceada. Seja, por exemplo, a reação entre os gases
hidrogênio e oxigênio, de acordo com a equação balanceada.
2 H 2 + 1 O 2 → 2 H 2O
Ou seja, para cada dois mols de gás hidrogênio serão necessários apenas um mol de gás
oxigênio. Se esta relação não for obedecida, sobrará (ou faltará), no caso, um dos reagentes.
Assim se for feita uma mistura de certas massas destes dois gases, é necessário verificar
se estas massas estão de acordo com a relação correta de mols e, se não estiver, descobrir
o reagente em sobra e então o reagente limitante (o outro) que é o que determinará a
quantidade de matéria, em mols, e a massa do produto da reação.
Seja por exemplo a questão: Quantos gramas de água poderão ser obtidos se misturarmos
4,0 g de gás oxigênio com 2,0 g de gás hidrogênio, e detonar esta mistura explosiva ?
Pela equação a proporção entre os mols de hidrogênio e oxigênio tinha que ser de 2
para 1.
Ou seja o gás hidrogênio está em grande excesso e assim o reagente limitante é o gás
oxigênio, e desta forma o gás hidrogênio nem sequer entra em nossos cálculos.
Pela equação vemos que 1 mol de O2 produzirá 2 mols de água. Assim a quantidade de
matéria, em mols, de água que serão obtidos na reação será 0,125 x 2 = 0,25 mols.
1 mol de água - 18 g
Exercício 3.9: Que massa de gás hidrogênio sobrará depois da reação? (Resposta ao
final do capítulo).
93
FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
Exercício 3.10: Um bom método de se obter gás cloro em laboratório é reagir dióxido
de manganês com ácido clorídrico. A equação desta reação, já balanceada, é:
Por exemplo: Que massa de óxido de magnésio será obtida na queima de 5,9 g de
magnésio em presença de excesso de gás oxigênio? A equação da reação é dada pela
equação balanceada:
2 Mg + O2 → 2 MgO
Neste caso já fica implícito que o reagente limitante é o magnésio, pois o enunciado já
informa que o gás oxigênio está em excesso.
Problema 01.
Um método clássico para se obter gás acetileno - C2H2 - usado em soldas, é reagir carbureto
de cálcio - CaC2 - com água, de acordo com a equação não balanceada:
Soluções.
94
CAPÍTULO 3
1. Inspecionado a equação não balanceada podemos verificar que no lado dos reagentes
temos 2 H e 1 O. No lado dos produtos temos 4 H (dois do Ca(OH)2 e dois do C2H2 ) e 2 O
(do Ca(OH)2 ). Assim para balancear a equação basta colocarmos o coeficiente 2 na frente
da fórmula da água, e teremos:
2. A massa molar do CaC2 é 40,1 + 12,0 + 12,0 = 64,1 g/mol. Assim em 50,0 g o número de
mols de CaC2 será 50,0 g: 64,1 g/mol = 0,780 mol de CaC2 .
Pela equação podemos verificar que o número de mols de gás acetileno - C2H2 que serão
produzidos será igual ao número de mols de CaC2 . Ou seja:
nC2H2 = 0,780.
1molCaC2 1molC2 H 2 26 , 0 gC 2 H 2
50,0 gCaC2 x 64 ,1 gCaC2 x 1molCaC2 x 1molC2 H 2 = 20,3 gC2 H 2
3. Pela equação podemos verificar que o número de mols de água que será consumida
será o dobro do número de mols de CaC2. Ou seja:
A massa molar da água é 1,01 + 1,01 + 16,0 = 18,0 g/mol Logo a massa de água que será
consumida será:
95
FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
Problema 02.
A partir do gás carbônico e amônia é possível sintetizar uréia, produto muito usado como
fertilizante, por ser importante fonte de nitrogênio. A equação balanceada desta reação
química é:
Determine:
3. Que massa do reagente em excesso foi de fato consumida e de quanto foi o exceso
neste caso?
Soluções:
1. Inspecionando a equação podemos ver que são necessários 2 mols de NH3 para cada
1 mol de CO2 . Ou seja uma porpoção estequiométrica de:
Podemos ver que a proporção de NH3 : CO2 é menor que 2. Ou seja, não tem NH3 sufi-
ciente para reagir com os 100,4 mols de CO2 . Podemos concluir então que o CO2
está em excesso e o reagente limitante, por conseguinte, é o NH3 e será este re-
agente então que temos que usar para calcular a massa de uréia que será produzida.
2. Pela equação vemos que o número de mols de uréia obtida será a metade do número
de mols de NH3 reagidos. Ou seja:
Como a massa molar da uréia é 60,05 g/mol, a massa de uréia a ser produzida será:
96
CAPÍTULO 3
3. Pela equação podemos ver que o número de mols de CO2 que de fato irão reagir com
os 170,3 mols de NH3 será 170,3/2 = 85,15 mols que equivale a 85.5 mol x 44,01 g/mol =
3747 g (3,747 kg) O excesso será 100,4 - 85,15 = 15,25 mols, que equivale a 15,25 mol x
44,01 g/mol = 671,1 g (0,6711 kg).
Problemas que envolvem reagentes limitantes causam muita dor de cabeça a estudantes
de química, pois nem sempre é fácil identificar corretamente qual é o reagente limitante.
Uma maneira prática de tirar a dúvida é fazer o problema com os dados dos dois reagentes.
O que fornecer o menor resultado é sempre o reagente limitante. Por exemplo, vamos
admitir a título de ilustração, que o CO2 é o reagente limitante. Pela equação podemos
ver que o número de mols do produto uréia é igual ao número de mols de CO2 . Assim se
todo o CO2 fosse consumido obteríamos 100,4 mols de Uréia que equivale a 100,4 mol
x 60,05 g/mol = 6.029 g (6,029 kg), que é um resultado bem maior que o resultado que
obtivemos considerando (corretamente) como reagente limitante o NH3 . Confirmamos
desta maneira que o CO2 está em excesso e que o NH3 é o reagente limitante.
9. Considerações Finais
Para terminar este capítulo, vamos reforçar mais uma vez a importância do conceito de
MOL. Químicos raciocinam em termos de mol, e por isso este conceito permeia todo o
resto deste livro.
Para o estudante que quer e precisa dominar a disciplina química, damos o seguinte
conselho:
PENSE MOL
Para ilustrar mais uma vez como funciona pensar mol, considere a reação completa entre
o importantíssimo combustível etanol com gás oxigênio produzindo gás carbônico e
água. A equação balanceada desta reação é:
97
FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
Assim: 1 mol de etanol (46 g) reage com 3 mols de gás oxigênio (3 x 32 g = 96 g) e produz
2 mols de gás carbônico (2 x 44 g = 88 g) e 3 mols de água (3 x 18g = 54 g).
98
CAPÍTULO 3
O termo molar (do latim moles, que significa “uma grande massa”) foi
pela primeira vez introduzido na química pelo químico alemão August
Wilhelm Hofmann (1818-1892), por volta de 1865. Teve inicialmente
o propósito de indicar qualquer grande massa macroscópica, para
contrastar com a massa microscópica ou massa “molecular” (também do
latim moles acrescido do sufixo latino cula, que significa pequeno ou
minúsculo). Em outras palavras, ao invés de falar de macroscópico versus
microscópico, fala-se de molar versus molecular. Este uso em particular
do termo molar também ganhou uso comum na literatura de física, onde
era comumente usado até pelo menos o final da década de 40.
O uso mais restrito do termo molar, para significar não apenas qualquer
massa macroscópica de uma amostra mas, ao invés disto, uma massa em
gramas a qual reflete diretamente a massa das moléculas constituintes,
bem como o uso do substantivo mol, é normalmente atribuído ao físico-
químico alemão Wilhelm Ostwald (1853-1932), e apareceu em vários de
seus livros de textos, escritos por volta da virada do século (19 para 20).
99
FUNDAMENTOS DE QUÍMICA GERAL
3.1. 176 u
3.5. (a) 2 KClO3 → 2 KCl + 3 O2 ; (b) KClO3 = 122,5 u ; KCl = 74,5 u ; O2 = 32 u ; (c) 5,88 g
3.6. (a) 6 mols de átomos de carbono, (b) 6 x 6,023 x 1023 átomos de carbono,
3.9. Serão gastos apenas 0,25 mol de H2. Ou seja, apenas 0,50 g. Sobrará, portanto, 1,5 g de
gás hidrogênio.
3.11. 9,78 g
3.12. Pela equação balançada verifica-se que 1 mol de CH3CH2OH reagirão com 3 mols de
gás oxigênio e produzirão 2 mols de CO2 e 3 mols de H2O. Em 100 g de etanol existem: 100
g/46 g/mol = 2,17 mols. Logo teremos que as quantidades de matéria, em mols, de gás
oxigênio consumido e de gás carbônico e de água produzidos, e as respectivas massas
serão:
100
CAPÍTULO 3
a) Quantos g de gás oxigênio serão consumidos para transformar este mol de glicose
completamente em gás carbônico e água?
b) O CO2 produzido será eliminado do corpo pelos pulmões. Que massa de gás
carbônico será lançada para o ambiente na combustão deste 1 mol de glicose?
d) Quantos mols e quantos átomos de Carbono (C) existem em um mol de ácido lático?
3. A figura abaixo representa uma molécula de sacarina (um dos mais antigos adoçantes
artificiais). Cada molécula é constituída de 7 átomos de carbono (C), 1 átomo de enxofre
(S), 1 átomo de Nitrogênio (N), 3 átomos de oxigênio (O) e 5 átomos de hidrogênio (H).
4. O gás liquefeito de petróleo (GLP) tem como principal componente o gás butano –
C4H10 – cuja molécula é representada ao lado do botijão na figura ao lado.
O butano queima no fogão da cozinha de acordo com a equação não balanceada (não
esqueça de balancear):
5. O sódio (Na) reage violentamente com a água de acordo com a equação não
balanceada.
Na + H2O → H2 + NaOH
Um químico colocou para reagir 2,0 g de sódio em 1 litro (1 kg, ou 1000 g) de água.
6. O gás carbônico (CO2) reage com hidróxido de potássio (KOH) formando carbonato de
potássio (K2CO3) e água (H2O), de acordo com a equação não balanceada (não esqueça de
balancear).
102
CAPÍTULO 3
a) Que massa de carbonato de potássio será obtida se o KOH for 100% puro e o
rendimento for de 100% ?
b) Que massa de carbonato de potássio será obtida se o KOH tiver uma pureza de
95,0 % e o rendimento for de 100% ?
c) Que massa de carbonato de potássio será obtida se o KOH for 100% puro, mas se o
rendimento for de apenas 80% ?
d) Que massa de carbonato de potássio será obtida se o KOH tiver uma pureza de
95%, mas se o rendimento for de apenas 80% ?
7. Responda os itens (a), (b), (c) e (d) do problema 6, mas dando a resposta em mols.
103