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O ABUSO SEXUAL E A DIFICULDADE DE UM ENFRENTAMENTO

DA SOCIEDADE.

INTRODUÇÃO

O abuso sexual, uma das formas mais danosas a criança e ao futuro adulto têm
sido descritos desde a Antiguidade: O imperador romano Tibério, segundo obra de
Suetônio sobre a vida dos Césares, tinha inclinações sexuais que incluíam
crianças como objeto de prazer. Há relatos de que ele se retirou para a ilha de
Capri com várias delas, e que as obrigava a satisfazer sua libido através da prática
de diversas formas de atos sexuais. Porém, pouco se avançou no sentido de
prevenir e amenizar suas conseqüências. Diferenças culturais, legais e de
procedimentos dos profissionais envolvidos talvez expliquem a dificuldade em se
estabelecer políticas públicas de prevenção e enfrentamento do problema no
mundo inteiro.
Em todo o mundo, muito se tem escrito e estudado sobre o tema nos últimos
quarenta anos, porém, pouco se avançou na prática. Talvez a magnitude do
assunto ou a dificuldade que as pessoas têm em controlar o sofrimento frente a
casos de maus-tratos explique o fenômeno, uma vez que ocorrem fora da
realidade conhecida e vivida por grande parte da sociedade, sendo encarados
como "problema dos outros" (Krugman e Leventhal, 2005).

REVISÃO DE LITERATURA

Em 1860 a primeira monografia descrevendo a síndrome da criança espancada,


Étude médico-légale sur les sevices et mauvais traitements exercés sur des
enfants, foi escrita por Ambroise Tardieu, médico-legista francês. O mesmo autor,
já em 1857, em Étude médico-légale sur les attentats aux moeurs, analisou 632
casos de abuso sexual de mulheres, em sua maior parte meninas, e 302 contra

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meninos e jovens do sexo masculino, descrevendo os sinais físicos conforme a
gravidade do caso. No Dictionnaire dhygiène et de salubrité, de 1862, Tardieu
descreveu quase todas as formas de maus-tratos conforme são conhecidos hoje.
O que ele infelizmente não conseguiu foi convencer seus pares de que o abuso e
os maus-tratos contra crianças e adolescentes aconteciam não só no ambiente de
fábricas, minas e estabelecimentos escolares, mas também no seio das famílias
(Labbé, 2005).
Influenciado pelo trabalho de Tardieu, Freud publicou um texto em 1896 no qual
afirmava que a etiologia da histeria estava nos abusos sexuais da infância:
Na histeria encontramos um evento sexual precoce ocorrendo antes da
puberdade, cuja lembrança torna-se ativa durante ou depois desse período.
(Primeiras publicações Psicanalíticas (1893 - 1899)
O trabalho foi mal recebido nos meios acadêmicos. No ano seguinte, 1897, Freud
abandonou essa teoria, explicando as memórias de abuso sexual como fantasias,
conforme sua teoria do complexo de Édipo e em outras casos de fantasias de
espancamento que estaria relacionado e origem das perversão sexuais como
sadismo e masoquismo (Freud uma neurose infantil e outros trabalhos (1917 -
1918).
Foram precisos mais cem anos de sofrimento para que o trabalho do médico
francês fosse confirmado por um grupo de radiologistas americanos, os doutores
Kempe, Silverman, Steele, Droegemueller e Silver, que, em 1962, publicaram o
artigo The Battered-Child Syndrome (Krugman e Leventhal, 2005; Leventhal,
2003), determinando nos Estados Unidos e em outros países do mesmo
hemisfério a alteração de leis e a criação de políticas públicas visando o
atendimento, à proteção e à prevenção do abuso e de maus-tratos contra
menores.
Algumas mulheres já haviam trazido a tona o abuso sexual infantil com os
movimentos feministas ocorridos nos anos 60.
Segundo Ariès (1981), as crianças somente passaram a ter um papel social de
relevância a partir do final do século XVII. Suas alusões ao abuso sexual

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freqüentemente eram consideradas "fantasiosas" ou mesmo mentirosas pelas
cortes judiciais, pressupondo o desejo de prejudicar os acusados a fim de
conseguir alguma vantagem.
As leis que defendem os direitos da crianças já passaram por várias evoluções:
Allyrio Cavallieri a identifica na lei antiga em que a criança que era vista como
objeto de direito que "autorizava o poder familiar a dispor da vida e da morte do
próprio filho, o que justificaria o gesto de Abraão, ao sacrificar o filho Isaac. Seus
reflexos estão no Código de Napoleão, naturalmente filtrados pelo cristianismo e
em todas as legislações ocidentais que o imitaram, como o Brasil, mas, ainda
assim, propugnador de um pátrio poder quase absoluto" (p. 219). Citando o
advento do Código Civil francês como o marco em que a criança era considerada
sujeito e não objeto de direito, lembra Cavallieri que, naquele Código, a
relativização do pátrio poder operou-se através da permissão conferida ao juiz de
menores "para afastar o pátrio poder, toda vez que estivessem em perigo a saúde,
a segurança, a moralidade e a educação de uma criança, mesmo inserida numa
família" Cf. Allyrio Cavallieri, O Direito do Menor, in Ministério da Justiça, arquivos,
35: 146, Jun/1978, citado em BRASIL. Senado Federal. Código de Menores, Lei
n.º 6.697/79: comparações, anotações, histórico. Brasília, 1982, p. 80.

Apesar da evolução das leis abusos contra crianças e adolescentes


somente passaram a ser assunto de estudo e pesquisa há cerca de 45
anos, apesar de serem perpetrados desde a Antiguidade.

As questões que contribuíram para a resistência da sociedade em aceitar o abuso


sexual infantil como um fato, foram conceitos interiorizados da antiguidade que
permeiam em nossa sociedade até hoje. Alguns deles trazidos com o Cristianismo
Segundo Focault, desde a sociedade Romana pré-cristã já havia iniciado uma
moral sexual monogâmica, com desqualificação do prazer e função unicamente
reprodutiva. Futuramente a era Cristã trouxe novas técnicas de repressão e
controle dessa moral sexual. Portanto reconhecer que haviam praticas sexuais
envolvendo crianças para pura satisfação de adultos em um contexto incestuoso
seria inaceitavel.

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Juntamente com essa moral sexual surge o conceito de familia como algo sagrado
e a criança como pura, provida de total inocencia, lembrando as figuras angelicais
da época.
Para esta sociedade o abuso sexual infantil seria algo inimaginável, ainda mais
dentro do seio familiar, pois seria a desconstrução da idéia de família sagrada; e
aceitar que uma criança teve conhecimento de praticas sexuais seria o mesmo
que tê-la sem sua essência pois o fato dela obter este conhecimento seria a perda
da inocência, como se essa criança perdesse um "pedaço" e passaria ser uma
criança faltante.
Apesar dos avanços em sentido de proteção a criança estas visão e conceitos
dentre outros equívocos permanecem até hoje em grande parte de nossa
sociedade.
Diante do horror social a abuso sexual infantil o que é extremante comum e
compreensível na sociedade, existe uma negação em aceitar que esta violência
contra a criança, existe de fato e ocorre em grande parte dentro das famílias e é
muitas vezes praticado por pessoas próximas da criança como: pais, padrastos,
tios, amigos da família, etc.
A tendência a negar sensações dolorosas é tão antiga quanto o próprio
sentimento de dor. Nas crianças pequenas, é muito comum a negação de
realidades desagradáveis, negação que realiza desejos e que simplesmente
exprime a efetividade do princípio do prazer.
A capacidade de negar pares desagradáveis da realidade é a contrapartida da
“realização alucinatória dos desejos”. Anna Freud chamou este tipo de recusa do
reconhecimento do desprazer em geral “pré-estádios da defesa”.
E uma das formas dessa negação é o descrédito dado ao relato da criança que
sofre esse tipo de violência, que muitas vezes é tomado com fantasias ou
simplesmente mentira.
Outra forma de defesa é de nos distaciar deste fato, como: "isso só ocorre com os
outros" mais especificamente em familias desestruturados e probres.
Os dados disponíveis sobre o abuso sexual no País não enfocam o testemunho ou

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a convivência com as vítimas. São fundamentados quase exclusivamente em
relatos de entidades governamentais que não alcançam a real dimensão do
problema. Gomes (1998) destacou a dificuldade encontrada para acompanhar
casos selecionados a partir de um recorte nos dados gerais de pesquisa realizada
pelo Centro Latino-Americano de Estudos sobre Violência e Saúde da Fundação
Oswaldo Cruz, de 1994, em visitas às delegacias policiais, a fim de verificar, após
cinco anos, o encaminhamento dado aos registros das denúncias. Entre os
problemas relatados, destacaram-se o arquivamento das fichas em local de difícil
acesso e o fato de algumas delegacias não facilitarem a tarefa. Somente 106
casos de violência doméstica na faixa de zero a 5 anos foram localizados: 80% de
casos relacionados à morbidade e 20% de casos fatais. Desse total, apenas 24
foram transformados em inquérito; desses, somente 1, por se tratar de homicídio,
tornou-se processo, sendo o pretenso agressor absolvido. Um total de 31%
dessas vítimas foi encaminhado a exame pericial para fundamentação das
denúncias. O autor do estudo frisou o sentido de maus-tratos e negligência
contidos nas agressões físicas.
Além do baixo número de notificações – estima-se que somente 10% dos casos
sejam notificados (Barros, 2004; Santos, 1998) – o que preocupa é o altíssimo
número de casos de maus-tratos que são diagnosticados e/ou qualificados como
outro tipo de crime. O depoimento de um atendente de uma Delegacia
Especializada de Atendimento à Mulher, no estado do Rio de Janeiro, ilustra a
dificuldade para conhecer a realidade dos maus-tratos em geral: o funcionário
acha que o exame de corpo de delito, no caso, para comprovação de violência
sexual, "não vai conseguir provar nada que auxilie no andamento das
investigações", e ainda acrescentou: "É bobeira mandar a vítima pro [sic] IML à
toa, é melhor registrar o crime como tentativa ou ameaça" (Paiva, 2000). O que
nos traz uma reflexão sobre o fato desta tentativa de se distanciar e negar a
existência dessa violência sofrida por grande parte das crianças em nosso país e
no mundo todo está presente nos profissionais que trazem consigo e reflexo a
dificuldade de enfretamento desse problema trazido pela sociedade.
Outra questão na dificuldade de registros específicos sobre o caso, são falhas que

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podem ser atribuídas também a fatores médicos: desconhecimento do
profissional, associado ou não a razões culturais: o médico rechaçaria a
possibilidade de o dano ter sido produzido por pessoas próximas e/ou
responsáveis pela criança. Outros motivos que levariam o médico a não se
pronunciar: "razões éticas; contato estreito com a comunidade; medo de
revanchismo contra bens, família ou contra si; medo de aparecer na imprensa;
temor de transtornos legais e acusação de falsa denúncia; temor de
comparecimento ao tribunal com perda de tempo profissional" (Santos, 1998).
Comportamento que pode ser visto como tentativa de distanciamento de algo que
o mobiliza, ou puramente descaso, o que também infelizmente é fator que ocorre
em nossa sociedade e que contribui para que esse tipo de violencia permanesça.
Fatores que dificultam a comprovação dos abusos são os desencontros entre os
diagnósticos feitos por pediatras e peritos-legistas talvez possam ser explicados
pelo resultado de um levantamento sobre a produção científica na área de
pediatria nos anos 1990, realizado em 2002, que encontrou apenas 14 artigos
sobre maus-tratos contra crianças em três das principais revistas de pediatria do
País. Os autores concluíram pela necessidade de mais dados ligados à realidade
brasileira, uma vez que os indicadores utilizados nas discussões sobre o assunto
são construídos em ambientes socioculturais diversos do nosso. Outra conclusão
foi a constatação de que o tema foi pouco abordado pela especialidade,
demonstrando que a produção não acompanhou a demanda na área de promoção
de saúde infantil, que é compreender a violência cometida contra a criança, para
que possam ser sugeridas políticas de atenção e enfrentamento do problema.
Questão que nos remete novamente a uma reflexão sobre o motivo de não haver
um enfrentamento diante de um indíce tão alto de abusos ocorridos contra a
criança.

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JUSTIFICATIVA
Uma reflexão sobre o que nos impediu e ainda impede de enfrentar e buscar um
entendimento aprofundado sobre a prática do abuso sexual ocorrido contra grande
parte das crianças do Brasil e do mundo, seria o inicio de uma contribuição da
sociedade para uma atitude de prevenção contra esta violencia que deixa danos
muitas vezes irreparáveis na criança que leva para a vida adulta.

CONCLUSÃO

Só o fato de uma criança ser violentada sexualmente por alguém da família na


qual ela confia e espera carinho e proteção nos mobiliza de tal forma que nos faz
pensar que com isso não conseguimos agir e o buscamos negar da varias formas
e nos distanciar desta questão.
Podemos relacionar o fato desta violência ocorrer a tanto tempo e ter registros
mesmo que poucos que comprovem isso á uma negação.

REFERÊNCIAS

OLIVEIRA,A.B.,BUENO.A.R,SAFFIOTI.H.,
JUNQUEIRA.L.,AZEVEDO.M.A, JR. M.S, VITIELLO. N., GUERRA,
V.N.A. crianças vítimizadas, a síndrome do pequeno poder.
FREUD, Sigmund (1910) Cinco Lições de Psicanálise, Leonardo da
Vinci e outros trabalhos.
FREUD, Sigmund (1917-1918) Uma neurose infantil e outros
trabalhos.
Freud, Sigmund (1893-1899) Primeiras publicações psicanalíticas.
G:/ Winnicott e o cristianismo V – o arrependimento e a capacidade de
se preocupar.
G:/Educar sem violência. A criança como objeto de indiferença ou de
caridade.mht

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