Sei sulla pagina 1di 9

PATRIMÔNIO: DE LÁ PRA CÁ

DANIELA ALMEIDA SILVA


MOISÉS DOS SANTOS QUEVEDO
JULIANA ABREU
FERNANDA MARTINS
MARCO ANTÔNIO BORGES

RESUMO:

Diante da necessidade de se obter um sentido de preservação dos bens


municipais, faz-se necessário a capacitação e disseminação de atores sociais da
comunidade, através da construção de um processo educativo que propicie o
conhecimento sobre o Patrimônio Histórico-Natural Cultural (material e imaterial).
Nesse sentido, cabem aos multiplicadores de opinião, nossos educadores e agentes
envolvidos no processo sócio-educacional propor a conscientização e divulgação da
importância do patrimônio material e imaterial diante da globalização e da velocidade
dos acontecimentos, pois há uma tendência de mercado em se desfazer do “velho” e
renovar o aspecto da cidade. Com todos os instrumentos legais de proteção
existentes hoje, ainda necessitamos de ações práticas para a validação de tais
instrumentos.
Constata-se que é preciso preservar áreas naturais e culturais sem separá-
las da vivência diária. Não podemos nos ater a práticas conservacionistas, pois a
função social deve ser uma ação presente e com a mobilização da população
podemos unir as forças no sentido de proteger o nosso bem maior: a memória.

PALAVRAS-CHAVE:

Patrimônio, memória, herança


ABSTRACT:

Due to the need to obtain a sense of preservation of Cruz Discharge's


municipal goods, it is done necessary the training and to disseminate of the
community's social actors, through the construction of an educational process that
propitiates the knowledge on the Cultural Historical-natural Patrimony (material and
immaterial). In that sense, it falls to the opinion multipliers, our educators and agents
involved in the partner-educational process to propose the understanding and
popularization of the importance of the material and immaterial patrimony before the
globalization and of the speed of the events, because there is a market trend in to
come undone of the " old " and to renew the aspect of the city. With all the legal
instruments of protection existent today, we still needed practical actions for the
validation of such instruments.
It is verified that is necessary to preserve natural and cultural areas without
separating them of the daily existence. We cannot address ourselves to conservative
practices, because the social function should be a present action and with the
mobilization of the population we can unite the forces in the sense of protecting ours
very larger: the memory.

KEYWORDS:

Patrimony, memory, inheritance

O conceito de patrimônio evoluiu muito nos últimos anos. Deixou de ser algo
concreto, grandioso e interligado à nação para englobar a cultura à memória e a
identidade dos povos.
Há menos de um século, o patrimônio histórico compreendia os monumentos
nacionais, concepção herdada do Estado francês durante o século XVII, objetivando
instaurar um sentimento de nacionalismo e patriotismo entre os brasileiros. Nesse
sentido SALVADORI (2008) escreveu:

O patrimônio serviria assim como uma “pedagogia” pública, capaz de


mostrar ao brasileiro suas origens e, deste modo, igualmente instituí-lo. Tal
como identidade de nação, os bens entendidos como patrimônio deveriam
ser objetos de culto, pois remetiam à origem e a ancestralidade.

Esse conceito evoluiu, PRATS (1997) conceitua que o patrimônio histórico


seria uma construção social, ou se quiser cultural, porque é uma idealização
construída. Aquilo que é ou não é patrimônio depende do que para um determinado
coletivo humano e num determinado lapso de tempo, se considera socialmente
digno de ser legado às futuras gerações. Nesse sentido, toda a construção
patrimonial é uma representação simbólica de uma dada versão da identidade de
grupo e o que diferencia dos demais.
Igualmente, quando referimo-nos a memória, cultura e identidade de um povo,
pretende-se evidenciar também a evolução desses conceitos, mudanças e
alterações sofridas que darão sentido real ao conceito de patrimônio histórico hoje.
A identidade, segundo RICOEUR (1991, 1997), não é uma definição e sim
processo que vai sendo construído em sua própria temporalidade pelo entendimento
daquilo que foi transformado e que de alguma forma pode ser narrado, colocando a
identidade como uma construção social.
O conceito de cultura perpassa de algo que se possa adquirir ou comprar,
relacionado principalmente com os moldes europeus e vai, segundo SALVADORI
(2008) “abranger todas as experiências humanas, ligada ao terreno das
representações e é feita de significados historicamente compartilhados cuja
inteligibilidade é possível para aqueles que possuem uma vivência comum”, ou seja,
um coletivo em um determinado espaço, caracterizados por algo que os diferencia
dos outros.
E quanto à memória, essa não apenas é importante para legitimar e perpetuar
a história de um coletivo, mas também para revelar aquilo que não foi mencionado
seus reversos, dos esquecimentos, dos silêncios, dos não ditos e ainda de uma
forma intermediária que é a permanência de memórias subterrâneas entre o
esquecimento e a memória social. E no campo da memória dos excluídos, daqueles
que a fronteira do poder lançou a marginalidade da história, a um outro tipo de
esquecimento ao retirar-lhes o espaço oficial ou regular da manifestação do direito
da fala e ao reconhecimento da presença social. FELIX (2004) diz que:
Esse pensamento revela àqueles que sempre estiveram lá, mas por
não terem influência política, social e econômica, nem serem como
os grandes heróis de época, simplesmente foram excluídos dessa
ultrapassada história tradicional, sempre visando os grandes nomes,
acontecimentos e suas datas.

Acompanhando esse pensamento, percebe-se que o conceito de patrimônio


histórico passa a valorizar aquilo que realmente identifica um povo, sua cultura,
nesse processo de construção social, evidenciando aquilo que realmente interessa
preservar e ser transmitido às futuras gerações, o que permite ser considerado
patrimônio não apenas os bens materiais, mas também os imateriais
O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) vem
concentrando seus esforços na proteção dos bens patrimoniais do País, redigindo
uma legislação específica, preparando técnicos e realizando tombamentos e
restaurações que asseguraram a permanência da maior parte do acervo
arquitetônico e urbanístico brasileiro, bem como do acervo documental, etnográfico,
das obras de arte integradas e dos bens móveis. Em sua luta pela proteção do
patrimônio cultural, estendeu sua ação à proteção dos acidentes geográficos
notáveis e das paisagens agenciadas pelo homem (IPHAN, 1999).
Este órgão vem promovendo ações educativas e de exercício da cidadania efetivas,
por meio de divulgação da importância do Patrimônio Histórico-Cultural para todos
os indivíduos. Por isto, este órgão vem propondo a implantação de um Programa de
Educação Patrimonial.
Para tanto elaborou um Guia Básico de Educação Patrimonial, contendo conceitos,
critérios, objetivos, metodologias, sugestões de atividades e bibliografia que deverão
orientar a elaboração e desenvolvimento de ações que auxiliem e contribuam para a
“Educação” das pessoas no referente às questões do Patrimônio Cultural,
colaborando para sua preservação.
O processo educativo, conforme HORTA (2004), em qualquer área de
ensino/aprendizagem, tem como objetivo levar os alunos a utilizarem suas
capacidades intelectuais para a aquisição e o uso de conceitos e habilidades, na
prática, em sua vida diária e no próprio processo educacional. O uso leva à
aquisição de novas habilidades e conceitos.
Nessa perspectiva, a educação patrimonial consiste em provocar situações de
aprendizado sobre o processo cultural e, a partir de suas manifestações, despertar
no aluno o interesse em resolver questões significativas para sua própria vida
pessoal e coletiva. O patrimônio histórico e o meio ambiente em que está inserido
oferecem oportunidades de provocar nos alunos sentimentos de surpresa e
curiosidade, levando-os a querer conhecer mais sobre eles. Nesse sentido podemos
falar na “necessidade do passado”, para compreendermos melhor o “presente” e
projetarmos o “futuro”. Os estudos remanescentes do passado nos motiva a
compreender e avaliar o modo de vida e os problemas enfrentados pelos que nos
antecederam, as soluções que encontraram para enfrentar esses problemas e
desafios, e a compará-las com as soluções que encontramos para os mesmos
problemas (moradia, saneamento, abastecimento de água, etc). Podemos facilmente
comparar essas soluções, discutir as causas e origens dos problemas identificados e
projetar as soluções ideais para o futuro, um exercício de consciência crítica e de
cidadania.
As escolas podem e devem participar deste processo de apropriação, através
de visitas a museus, arquivos e bibliotecas públicas. No caso específico do
município de Cruz Alta, estas práticas podem se tornar difíceis, apesar desta cidade
possuir importância histórica, pela existência de um rico acervo (uma das maiores
coleções de edifícios ecléticos da região), conta com um precário estado de
conservação. Conforme ORIÁ (2005):

A educação patrimonial nada mais é do que uma proposta interdisciplinar de


ensino voltada para questões atinentes ao patrimônio cultural. Compreende
desde a inclusão, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, de
temáticas ou de conteúdos programáticos que versem sobre o
conhecimento e a conservação do patrimônio histórico, até a realização de
cursos de aperfeiçoamento e extensão para os educadores e a comunidade
em geral, a fim de lhes propiciar informações acerca do acervo cultural, de
forma a habilitá-los a despertar, nos educandos e na sociedade, o senso de
preservação da memória histórica e o conseqüente interesse pelo tema.

Entretanto, o trabalho com o Patrimônio Cultural e Histórico é mais facilmente


compreendido no âmbito das áreas/disciplinas que mais comumente abordam o
tema, como a História ou os Estudos Sociais. Para HORTA (2005), trabalhar o
Patrimônio, por meio de outras áreas/disciplinas, nem sempre é percebido, pelos
professores das demais disciplinas do currículo escolar.
Outra dificuldade encontrada freqüentemente pelos professores é a de pensar
interdisciplinarmente, porque toda a sua aprendizagem realizou-se dentro de um
currículo compartimentado. O que OLIVEIRA (2003) conclui que eles não se sentem
aptos a desenvolver projetos temáticos, que pressupõem intenso trabalho coletivo e
podem implicar a perda da predominância de tarefas e avaliações individualizadas.
Além disso, os currículos escolares são comumente sobrecarregados, com
disciplinas que competem entre si por limitação do tempo em sala de aula e pelas
normas oficiais estabelecidas. Os objetos patrimoniais, os monumentos, sítios e
centros históricos, ou o Patrimônio imaterial e natural, são um recurso educacional
importante, pois permitem a ultrapassagem dos limites de cada área/disciplina, e o
aprendizado de habilidades e temas que serão importantes para a vida dos alunos.
O conhecimento crítico e a apropriação consciente por parte das
comunidades e indivíduos do seu “patrimônio” são fatores indispensáveis no
processo de preservação sustentável desses bens, assim como no fortalecimento
dos sentimentos de identidade e cidadania. O patrimônio, como o nome diz, é algo
herdado de nossos pais e antepassados. Essa herança só passa a ser nossa, para
ser usufruída, se nos apropriarmos dela, se a conhecermos e reconhecermos como
algo que nos foi legado, e que deveremos deixar como herança para nossos filhos,
para as gerações que nos sucederão no tempo e na história.
Uma herança que constitui a nossa riqueza cultural, individual e coletiva, a
nossa memória, o nosso sentido de identidade, aquilo que nos distingue de outros
povos e culturas, que é a nossa “marca” inconfundível, de pertencermos a uma
cultura própria, e que nos aproxima de nossos irmãos e irmãs, herdeiros dessa
múltipla e rica cultura brasileira.
O conhecimento dos elementos que compõem essa riqueza e diversidade,
originários de diferentes grupos étnicos e culturais que formaram a cultura nacional,
contribui igualmente para o respeito à diversidade, à multiplicidade de expressões e
formas com que a cultura se manifesta, nas diferentes regiões, a começar pela
linguagem, hábitos e costumes.
A percepção dessa diversidade contribui para o desenvolvimento do espírito
de tolerância, de valorização e de respeito das diferenças, e da noção de que não
existem povos “sem cultura”, ou culturas melhores do que outras. O diálogo
permanente que está implícito neste processo educacional estimula e facilita a
comunicação e a interação entre as comunidades e os agentes responsáveis pela
preservação e o estudo dos bens culturais, possibilitando a troca de conhecimentos
e a formação de parcerias para a proteção e valorização desses bens.
A educação patrimonial proporciona informações que permitam aos alunos
perceberem a importância do passado na formação de sua identidade individual e
coletiva e na construção da realidade em que estão inseridos. Da educação
patrimonial deve nascer também uma postura de defesa efetiva da preservação de
diferentes suportes da memória, o reconhecimento e sua multiculturalidade e a
preocupação com a universalização do usufruto dos bens.
Nos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), está prevista a temática da
educação patrimonial para o ensino fundamental. porém, atualmente ocorrem
dificuldades do professor em trabalhar este tema, pois o tema patrimônio cultural
não está presente nas análises e reflexões do cotidiano escolar.
Baseando-se também na LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei
9394/96), verificamos que a metodologia a educação patrimonial no ensino de
história pode aproximar os indivíduos dos seus objetos de pesquisa, contribuindo
para que o aprendizado seja prazeroso e estimulante, pois com a globalização, um
dos desafios do século XXI é estabelecer relações entre as disciplinas do currículo
escolar.
Na atual pós-modernidade ocidental, o ser humano é tratado como objeto, os
idosos são isolados da convivência em sociedade, com exceção das comunidades
indígenas cujo indivíduo mais velho é uma pessoa que exala experiência. Nesse
sentido, as escolas sofrem grande carência de material didático para que os
professores possam trabalhar as questões referentes ao patrimônio cultural,
histórico e arqueológico em sala de aula.
Através desta percepção, faz-se necessária a integração entre escola e
comunidade (sociedade), pois nada será válido, nem viável se o conhecimento
construído ficar esquecido.
Nisto, a metodologia específica da educação patrimonial pode ser aplicada a
qualquer evidência material ou manifestação da cultura, seja um objeto ou conjunto
de bens, um monumento ou um sítio histórico ou arqueológico, uma paisagem
natural, um parque ou uma área de proteção ambiental, um centro histórico urbano
ou uma comunidade da área rural, uma manifestação popular de caráter folclórico ou
ritual, um processo de produção industrial ou artesanal, tecnologias e saberes
populares, e qualquer outra expressão resultante da relação entre os indivíduos e
seu meio ambiente, num caráter interdisciplinar, podendo ser aplicado como método
em todas as disciplinas.
A educação patrimonial é, portanto, uma proposta inovadora e necessária,
pois trata-se de um repensar do passado social, de releitura daquilo que
permaneceu e de compreensão dos processos que levam a esta seleção. Uma
produção de novas memórias que posam se contrapor ao rolo compressor com a
qual a memória oficial passa sobre nós travessia da história.
Enfim, necessitamos de uma mudança de mentalidade, e para isso
justificamos a importância do trabalho da educação patrimonial no processo
educacional, pois este tem a possibilidade de tornar os indivíduos ativos e
conscientes das suas ações no planeta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FÉLIX, Loiva Otero. História e Memória: a problemática da pesquisa. Passo


fundo: UPF. 2ª ed., 2004.

HORTA, Maria de Lourdes Parreira. et alli. Guia Básico de Educação Patrimonial.


Brasília: IPHAN/ Museu Imperial, 1999.

ORIÁ, Ricardo. EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: CONHECER PARA PRESERVAR.


Disponível em www. minc.gov.br. Acesso em 2006.

PRATS, L.; ANTROPOLOGIA E PATRIMÔNIO, Barcelona, ed. Ariel S.A., p. 19


1997.

RICOEUR, Paul. O si mesmo como um outro. Campinas: Papyrus, 1991. IN:


SALVADORI, Maria Angela Borges. HISTÓRIA, ENSINO E PATRIMÔNIO. São
Paulo: Junqueira&Marin editores, 2008.

SALVADORI, Maria Angela Borges. HISTÓRIA, ENSINO E PATRIMÔNIO. São


Paulo: Junqueira&Marin editores, 2008.

Potrebbero piacerti anche