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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ENGENHARIA FLORESTAL


CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

SILVICULTURA TROPICAL
NOTAS DE AULAS

PROF. CARLOS ALBERTO MORAES PASSOS

CUIABA
MATO GROSSO BRASIL
2006
1

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

"Silvicultura é a ordenação ou o manejo científico das florestas para a produção contínua de


bens e serviços" (DANIEL et al., 1982).

Regulação florestal
É o controle da estrutura da floresta
mediante a proporção entre árvores
caducas, maduras, jovens e mudas,
arbustos e herbáceas.
Ecossistema florestal
(agroecossistema)

Estrutura
Composição
Relações
animal planta
planta planta
meio físico meio biótico
Processos
Sucessão
Regeneração

Controle da estrutura

Tratamentos silviculturais
(refinamento, poda, desbaste, colheita...)

Adaptado de DANIEL et al, 1982.

Região Tropical:
entre os paralelos 23º 27' latitude norte (Trópico de Câncer) e sul (Trópico de
Capricórnio);
Clima:
Temperatura média anual: 20ºC - lat. 30o N a 26o S - 47% da superfície terrestre;
Segundo Köppen: temperatura do mês mais frio superior a 18ºC - 30% da
superfície terrestre;
Oscilações térmicas diárias maiores que as anuais;
Pequena variação na luminosidade ao longo do ano; e
Umidade sem configuração típica.
Superfície emergida da terra com cobertura florestal: 3.442 milhões de ha (FAO,
1995); (cobertura florestal - sistemas ecológicos com mínimo de 10% de cobertura
arbórea)

Passos, CAM Silvicultura Tropical - notas de aula.


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Florestas Tropicais
52% da superfície florestal do mundo (florestas temperadas 48%);

Tabela 1 - Área de florestas e volume total de madeira segundo as regiões do mundo

Região Florestas e Total de florestas Vol. total madeira Volume


terras por ha
arborizadas.
106 ha 106 ha (%) (%) 106 m3 (%) (m3/ha)
Mundo 5.121 3.442 27 100,0 383.727 100,0 111,4
África 1.137 352 2,8 10,2 54.938 14,3 156,1
Am. Norte e Central 916 528 4,1 15,3 57.564 15,0 109,0
Am. Do Sul 1.093 893 7,0 25,9 124.969 32,6 139,9
Ásia 658 490 3,8 14,2 52.062 13,6 106,3
Europa 174 132 1,0 3,8 18.541 4,8 140,5
Oceania 201 88 0,7 2,6 10.056 2,6 114,3
URSS 942 755 5,9 21,9 84.234 22,0 111,6
Países desenvolvidos
2.064 1.433 11,2 41,6 163.451 42,6 114,1
Países em
desenvolvimento 3.067 2.010 15,8 58,4 220.276 57,4 109,6
Fonte: FAO (1995)

Tabela 2 - Países com as maiores áreas de florestas no mundo e respectiva porcentagem


de superfície com floresta e área de floresta por habitante

País Superfície florestal % da superfície Área de floresta por


terrestre de terra habitante
106 ha (%) (ha)
ex-URSS 748 22 35 2,6
Brasil 544 16 66 3,7
Canadá 238 7 27 9,3
EUA 204 6 23 0,8
Outros 1.666 49
Total 3.400 100 27
Fonte: FAO (1994)

Tabela 3 - Superfícies das formações florestais tropicais

Região Superfície Florestas Flor. Flor. Zona Zona Zona


florestal Ombrófilas Semideciduais Deciduais Montanhosa Árida Desértica
total
109 ha
África 527,6 86,6 251,1 92,5 35,3 58,7 3,4
Ásia 310,6 177,3 41,8 41,1 47,2 0,0 3,1
Am.
Latina e 918,1 454,3 294,3 44,9 121,9 1,1 1,6
Caribe
Total 1.7556,3 718,2 587,3 178,6 204,3 59,7 8,1
(%) 52,0 21,0 17,0 5,0 6,0 1,8 0,2
Fonte: FAO (1994)

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Principais regiões de FTU no mundo:


Bacia do Amazonas e Orenoco - a maior massa contínua de floresta;
Bacia do Congo, Niger e Zambeze e no Madagascar - África;
Índia, Malásia, Bornéo e Nova Guiné;
FT possui alta biodiversidade:
Canadá e norte dos EUA: 700 espécies de árvores;
Malásia em 50 ha: 835 espécies de árvores;
Número médio de espécies de árvores por ha de FTU: 250;
Amazônia: cerca de 400 espécies de madeiras comerciáveis;
FTU: 50 % da diversidade biológica do planeta;
No mundo: 5 a 30 milhões de espécies - somente 1 milhão descritas;
Taxa de desmatamento na Amazônia brasileira: 2,0 milhões de ha ao ano;
Em 1988: 4,8 milhões de ha queimados na Amazônia brasileira;
Causas do desmatamento:
agricultura e pecuária;
colonização;
especulação imobiliária;
exploração madeireira;
mineração;
urbanização; e
infra-estrutura.
Uso e função das florestas pelo homem variam com as condições:
ecológicas;
sociais;
econômicas; e
culturais.
"Preconceitos" históricos - florestas eram consideradas:
foco de doenças;
impedimento ao desenvolvimento;
abrigo de animais perigosos;
áreas potenciais para serem substituídas pela agricultura e pecuária; e
áreas para serem exploradas as madeiras valiosas.
Exploração florestal predatória:
crença do recurso florestal inesgotável alta relação oferta/demanda;
lucro fácil e rápido;
desconhecimento da importância e dinâmica das florestas;
carência de profissionais habilitados;
especificidade do manejo florestal; e
fins agropecuários.

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Alternativas para a produção florestal:
manejo de florestas naturais; e
plantio de florestas:16 milhões de ha no mundo; 4,6 milhões de ha no Brasil, ~ 50.000
ha no MT.
Manejo de florestas naturais:
praticado há muito tempo nas regiões temperadas;
recente nas regiões tropicais: a partir da Segunda Guerra Mundial;
Situação atual do manejo de florestas naturais no Brasil:
obrigatoriedade legal do plano de manejo;
planos de manejo sem execução;
exploração seletiva - erosão genética (poucas espécies e os melhores indivíduos);
Na Amazônia: 400 espécies de madeiras comerciais, menos de 100 usadas no
mercado local e menos de 40 no mercado nacional;
Exportação de 30 a 35 espécies amazônicas: 75% das exportações são das
espécies: mogno, virola, sucupira, cedro e ipê;
exploração feita sem critérios técnicos e econômicos;
desenvolvimento incipiente de sistemas silviculturais para as florestas nacionais;
Sistema Silvicultural SEL - Seleção de Espécies Listadas (INPA);
Sistema Bracatinga;
Sistema Silvicultural Aplicado ao Manejo Empresarial - CPATU
Pontos negativos do manejo de florestas naturais:
falta de conhecimento a respeito das espécies e das comunidades florestais;
baixo IMA (< 2 m3/ha/ano): requer grandes áreas;
ciclo de corte desconhecido ( 30 anos); e
danos na colheita ao solo e à vegetação remanescente.
Pontos positivos do manejo de florestas naturais:
maior diversidade biológica;
impacto ambiental relativamente baixo;
produção de espécies de madeiras duras espécies clímax.
Plantio de florestas no Brasil
início na cidade do Rio de Janeiro;
incentivos fiscais: plantios industriais;
fomento florestal: plantios em pequenas e médias propriedades rurais;
espécies predominantes: Eucalyptus spp., Pinus spp., Acacia sp., Araucaria
angustifolia, Gmelina arborea, Tectona grandis;
Plantios florestais no MT
Início na década de 70;
Aumento da área na segunda metade dos anos 90;
Principais espécies: Eucalyptus spp., Hevea brasiliensis, Schizolobium amazonicum e
Tectona grandis
Situação precária dos plantios da maioria das espécies - poucos estudos científicos
Pontos negativos dos plantios florestais:
impacto ambiental relativamente maior que o manejo das florestas naturais,
principalmente na fase de implantação;
redução acentuada da biodiversidade;

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necessidade de elevado capital; e
longo tempo de retorno do capital.
Pontos positivos dos plantios florestais:
maior IMA: requer menores áreas;
menor ciclo de corte;
padronização do produto; e
produção regulada.

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CAPÍTULO II: FITOGEOGRAFIA BRASILEIRA

Adaptado de Veloso et al (1991)

1. INTRODUÇÃO

Fitogeografia: distribuição geográfica dos tipos de vegetação;


Necessidade de classificar os tipos de vegetação para o planejamento e a pesquisa.
Mapeamento da vegetação é feito há muito tempo;
Alexandre F. Von Humboldt (1806): descreveu a paisagem natural dos agrupamentos
terrestres.
Grisebach (1872): agrupou as plantas por caráter fisionômico definido como florestas,
campos, etc., denominando-os de formações.
Engler e Prantl (1887): iniciaram a moderna classificação sistemática das plantas.
Drude (1889): dividiu a Terra em zonas, regiões, domínios e setores, de acordo
com endemismo apresentado pelas plantas.
Classificação
deve ser universal (Botânica, Zoologia, Geologia, etc.); e
variável com a escala de trabalho;

2. SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO

Definição da escala de trabalho

Quadro 1 - Escala cartográfica de acordo com o nível de detalhamento

Nível de detalhamento Escala cartográfica


Regional 1:2.500.000 - 1:10.000.000
Exploratório 1: 250.000 - 1: 1.000.000
Semi-detalhe 1: 25.000 - 1: 100.000
Detalhe 1: 1 - 1: 25.000

A classificação da vegetação poderá atingir 3 metas:


1ª. Classificação florística;
2ª. Classificação fisionômico-ecológica;
3ª. Classificação fitossociológico-biológica;

2.1. Sistema de classificação florística

DRUDE (1889): dividiu o império florístico (flora mundial) em: zona, região, domínio e
setor

Quadro 2 - Império florístico de acordo com a escala de trabalho e endemismo

Escala de trabalho Império florístico Endemismo


Regional à exploratória Zona Família
Região Gênero
Semidetalhe a detalhe Domínio Espécie
Setor Raça (variedade)

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zona: área caracterizada por famílias endêmicas;
zona Neotropical: do México até a Argentina;
zona Paleotropical: África e Ásia;
zona Holoártica: norte da África, Ásia e Europa;
zona Australiana: Austrália e Oceania.

Flora brasileira pertence à zona Neotropical com as seguintes famílias endêmicas:


Bixaceae, Cactaceae, Cannaceae, Caryocaraceae, Cyclathaceae, Cyrillaceae,
Lacistemaceae, Marograviaceae, Quiinaceae, Sarraceniaceae etc.
região: área caracterizada por gêneros endêmicos;
Regiões Florísticas Brasileiras
MARTIUS (1858): 5 regiões florísticas com nomes de divindades gregas;
Nayades - Flora Amazônica
Hamadryades - Flora Nordestina
Oreades - Flora do Centro-Oeste
Dryades - Flora da Costa Atlântica
Napeias - Flora Subtropical
Divisão ainda permanece, pois apresenta ligações filogenéticas com base em
coletas e identificações botânicas confiáveis. É sugerido o acréscimo das regiões:
Chaco Boreal - Flora Sul-mato-grossense; e
Campinarana - Flora dos Podzóis Hidromórficos dos Pântanos Amazônicos.
SAMPAIO (1940): dividiu a vegetação o brasileira em:
Flora Amazônica ou Hyleae Brasileira
íntima correlação o com a Flora Africana;
ligação também com a Flora da América do Norte, através dos Andes;
Flora Extra-Amazônica - apresenta ligações afro-americanas e australásicas;
origem na Amazônia, Andes e Argentina;

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RADAMBRASIL (1982): dividiu a vegetação o em quatro regiões florísticas:

Quadro 3 - Principais gêneros de acordo com as regiões florísticas brasileiras

Região florística Gêneros


Amazônica Bertholletia, Erisma, Vochysia, Qualea, Swietenia;
Brasil Central Vochysia, Qualea, Calisthene, Curatella, Parkia, Dimorphandra;
Nordestina Enterolobium, Hymeneae, Zizyphus, Cereus, Amburana, Prosopis;
Sudeste Araucaria, Podocarpus, Drymis, Ocotea, Cabralea, Lithraea;

domínio: área caracterizada por espécies endêmicas;


setor: área caracterizada por variedades (raças) endêmicas;

2.2. Sistema de classificação fisionômico-ecológica (ELLEMBERG e MUELLER-


DOMBOIS, 1965-66)

1o PASSO: Delimitação da região ecológica, correspondente a um tipo de vegetação. São


espaços definidos por florística de gêneros típicos e formas biológicas características que se
repetem dentro de um mesmo clima, podendo ocorrer em terrenos de litologia variada, mas
com relevo bem marcado. No Brasil identificam-se:
Região da Savana (Cerrado), vegetação que ocorre predominantemente no Centro-
Oeste. Suas disjunções aparecem também na Amazônia, no Nordeste, Sudeste e Sul do
País. Devido à intensa ação antrópica a que foi submetida, grande parte de sua
vegetação nativa foi substituída por agricultura, pastagens e reflorestamento.
Caracteriza-se por apresentar uma estrutura composta por árvores baixas e tortuosas,
isoladas ou agrupadas sobre um contínuo tapete graminoso.
Região da Savana Estépica, tipo de vegetação neotropical, em geral de cobertura
arbórea composta de elementos fanerofíticos, camefíticos espinhosos e várias
cactáceas, cobrindo um estrato graminoso hemicriptofítico, entremeado por algumas
terófitas, representado no Brasil em quatro áreas geograficamente distintas - na
Caatinga do sertão árido nordestino, no Pantanal Mato-Grossense, nos Campos de
Roraima e na Campanha Gaúcha.
Região da Estepe abrange a Campanha Gaúcha, com disjunções em Uruguaiana e no
Brasil meridional (Campos Gerais). Caracteriza-se por uma vegetação essencialmente
campestre. Dominam as gramíneas cespitosas e rizomatosas, são raras gramíneas
anuais e oxalidáceas bem como leguminosas e compostas. As fanerófitas são
representadas por espécies espinhosas e deciduais.
Região da Campinarana, tipo de vegetação restrito às áreas do alto rio Negro e
adjacências dos seus afluentes, penetrando na Colômbia e na Venezuela, onde ocorre
em áreas semelhantes. Reveste as áreas deprimidas, quase sempre encharcadas,
sendo caracterizada por agrupamentos de uma vegetação arbórea fina e alta, que é
resultante da pobreza de nutrientes minerais do solo.
Região da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial), ocupa parte do espaço
amazônico e estende-se pela costa atlântica, desde o Rio Grande do Norte, até o
Espírito Santo, em "bolsões" contidos entre o litoral e as serras pré-cambrianas
marginais ao oceano, ampliando a sua área de ocorrência sobre as encostas das
mesmas até o Rio Grande do Sul. É constituída por grandes árvores nos terraços
aluviais e nos tabuleiros terciários e árvores de porte médio nas encostas marítimas.
Região da Floresta Ombrófila Aberta (Faciações da Floresta Ombrófila Densa), tipo de
vegetação, situado entre a Amazônia e o espaço extra-amazônico. A fisionomia florestal
é composta de árvores mais espaçadas, com estrato arbustivo pouco denso.

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Região da Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária), característico do Planalto
Meridional Brasileiro, apresentando, contudo áreas isoladas nas partes elevadas das
Serras do Mar e da Mantiqueira.
Região da Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Tropical Subcaducifólia), onde a
percentagem das árvores caducifólias, no conjunto florestal situa-se entre 20% e 50% na
época desfavorável, e
Região da Floresta Estacional Decidual (Floresta Tropical Caducifólia), que apresenta
o estrato arbóreo predominantemente caducifólio, com mais de 50% dos indivíduos
desprovidos de folhagem na época desfavorável. Ocorre no território brasileiro de modo
disperso e descontínuo.

2o PASSO: Separação em classes de formação (fase fisionômica), caracterizada pelas


formas de vidas das espécies vegetais dominantes.
Formas de vida: formas de crescimento das plantas (RAUNKIAER, 1934);
diferenciação através da proteção e dos órgãos de crescimento (gemas e brotos) em
relação aos períodos climáticos;
fanerófitos: plantas lenhosas com gemas e brotos protegidos, situados acima de
0,25 cm do solo;
macrofanerófitos: 30 - 50 m
mesofanerófitos: 20 - 30 m
microfanerófitos: 5 - 20 m
nanofanerófitos: 0,25 - 5 m
caméfitos: plantas sublenhosas e, ou, ervas com gemas e brotos situados acima do
solo; atingem até 1 m de altura; ocorrem em áreas campestres e pantanosas.
hemicriptófitos: plantas herbáceas com gemas e brotos protegidos ao nível do solo;
ocorrem em áreas campestres;
geófitos: plantas herbáceas com gemas e brotos (gema, rizoma e bulbo) situados
no subsolo; ocorrem em áreas campestres;
terófitos: plantas anuais, cujo ciclo vital é completados por sementes; ocorrem em
áreas campestres;
lianas: plantas lenhosas e, ou, herbáceas reptantes (cipós) com gemas e brotos
situados acima do nível do solo; ocorrem em áreas florestais;
epífitos: plantas que têm como suporte outra planta;
xeromórfitos: plantas lenhosas e, ou, herbáceas que apresentam duplo modo de
sobrevivência ao período desfavorável: um subterrâneo, pelos xilopódios, e outro
aéreo, com gemas e brotos protegidos; possuem altura de 0,25 a 15 m; ocorrem em
áreas de savanas;

Chave de classificação das formas de vida de Raunkiaer, adaptada ao Brasil (Veloso et al,
1991):

1. Plantas autotróficas com um só tipo de proteção dos órgãos de


crescimento.............................................................................................................................2

Plantas autotróficas com dois tipos de proteção dos órgãos de crescimento.........................7

2. Plantas perenes...................................................................................................................3

Plantas anuais, reproduzidas através de sementes....................................................Terófitos

3. Plantas lenhosas com órgãos de crescimento protegidos por catáfilos...............................4

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Plantas sublenhosas e/ou herbáceas com gemas periódicas protegidas por catáfilos e
situadas até 1 m do solo.............................................................................................Caméfitos

Plantas herbáceas com outros tipos de proteção dos órgãos de


crescimento..............................................................................................................................5

4. Plantas lenhosas eretas.......................................................................................................6

Plantas lenhosas e/ou herbáceas reptantes (cipós)........................................................Lianas

5. Plantas com gemas situadas ao nível do solo, protegidas pela folhagem morta durante o
período desfavorável.........................................................................................Hemicriptófitos

Plantas com órgãos de crescimento localizados no subsolo........................................Geófitos

6. Plantas com altura entre 30 e 50 m.............................................................Macrofanerófitos

Plantas com altura entre 20 e 30 m..................................................................Mesofanerófitos

Plantas com altura entre 5 e 20 m....................................................................Microfanerófitos

Plantas com altura entre 0,25 e 5 m.................................................................Nanofanerófitos

7. Plantas lenhosas e/ou herbáceas com gemas protegidas por catafilos na parte aérea e
com órgãos regenerativos subterrâneos...............................................................Xeromórfitos

Quadro 4 - Tipo de vegetação de acordo com as formas de vida

Tipo de vegetação
Classe de Formas de vida
Formação Fanerófito Camé- Hemi- Teró- Geó- Liana Epí-
fito criptó- fito fito fito
Macro Meso Micro Nano fito
Floresta x x x X
Savana x x x x x X x X
Savana x x x x x X x X
Estépica
Estepe x x x x X x X
Campinarana x x x x X

3º PASSO: Separação em subclasse de formação (fase climática) caracterizada por dois


parâmetros de clima, ambos diferenciados pelas correlações das médias mensais de
temperatura e precipitação, checada pela adaptação dos órgãos de crescimento das
plantas.
Ombrófilo: até 4 meses secos;
Estacional: 4 a 6 meses secos ou 3 meses com temperaturas < 15oC;

Quadro 5 - Tipo de vegetação de acordo com as subclasses de formação

Tipo de vegetação
Classe de Subclasse de Clima
formação formação
Floresta Ombrófila 0 a 4 meses secos
Estacional 4 a 6 meses secos

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Campinarana Ombrófila 0 a 2 meses secos
Savana Estacional 0 a 6 meses secos
Savana Estépica Estacional + 6 meses secos ou 3 meses com temp <
15oC
Estepe Estacional 3 meses T<15oC ou 1 mês seco;

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4º PASSO: Separação em grupo de formação, caracterizado pelo tipo de transpiração
estomática foliar e pela fertilidade do solo.

Fisiologia (transpiração):
Higrófitas: plantas adaptadas às condições de alta umidade;
Xerófitas: plantas adaptadas às condições de déficit hídrico;
Mesófitas: plantas adaptadas às condições intermediárias de umidade;

Solo:
Eutrófico: alta fertilidade;
Distrófico: baixa fertilidade;
Álico: alto teor de alumínio trocável;

Quadro 6 - Tipo de vegetação de acordo com a subclasse de formação e grupo de formação

Tipo de vegetação
Classe de Formação Subclasse de Formação Grupo de Formação
Fisiologia Solo
Floresta Ombrófila Higrófita Distrófico
Eutrófico
Estacional Higrófita Álico
Xerófita Distrófico
Eutrófico
Campinarana Ombrófila Higrófita Álico
Distrófico
Savana Estacional Higrófita Álico
Xerófita Distrófico
Savana Estépica Estacional Xerófita Eutrófico
Estepe Estacional Higrófita Eutrófico
Xerófita

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5º PASSO: Separação em sub-grupo de formação que indica o comportamento das
plantas segundo seus hábitos. Ë a fisionomia estrutural da formação.

Quadro 7 - Tipo de vegetação de acordo com a subclasse de formação, grupo de formação


e sub-grupo de formação

Tipo de vegetação
Classe Subclasse Grupo Sub-Grupo
Fisiologia Solo
Floresta Ombrófila Higrófita Distrófico Densa
Eutrófico Aberta
Mista
Estacional Higrófita Álico e Semidecidual
Xerófita Distrófico
Eutrófico Decidual
Campinarana Ombrófila Higrófita Álico e Florestada
Distrófico Arborizada
Gramíneo-lenhosa
Savana Estacional Higrófita Álico e Florestada
Xerófita Distrófico Arborizada
Parque
Gramíneo-lenhosa
Savana Estacional Xerófita Eutrófico Florestada
Estépica Higrófita Arborizada
Parque
Gramíneo-lenhosa
Estepe Estacional Higrófita Eutrófico Arborizada
Xerófita Parque
Gramíneo-lenhosa

6º PASSO: Separação em formação (propriamente dita) que indica a fase ambiental da


formação, onde são observados o ambiente e o relevo.

Quadro 8 - Classificação das formações (propriamente ditas) de acordo com a latitude e a


altitude

Latitude Altitude (m)


Terras Baixas Sub-Montana Montana Altomontana
4º N 16º S 5 - 100 100 - 600 600 - 2.000 > 2.000
16º S 24º S 5 - 50 50 - 500 500 - 1.500 > 1.500
24º S - 32º S 5 - 30 30 - 400 400 - 1.000 > 1.000

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Quadro 9 - Classificação ao nível de formações (propriamente ditas) das principais


formações brasileiras

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7º PASSO: Separação em sub-formação propriamente dita que faz parte da formação
mas diferencia-se por apresentar fácies específicas que alteram a fisionomia da formação.

Quadro 10 - Principais sub-formações da vegetação brasileira

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2.3. Sistemas edáficos de primeira ocupação - formações pioneiras

Vegetação em constante sucessão de terófitos, criptófitos, hemicriptófitos, caméfitos e


nanofanerófitos, presente em terrenos instáveis (dunas, restingas e mangues) e ao redor
de depressões aluviais (pântanos e lagoas);
Vegetação que nem sempre indica estar no caminho da sucessão para o clímax
circundante;
Vegetação de influência marinha - restingas: Ramirea e Saliocornia;
Vegetação de influência fluviomarinha - manguezal e campos salinos: Rhizophora e
Avicenia;
Vegetação de influência fluvial - planícies aluviais e áreas alagáveis (várzea): Euterpe,
Mauritia, Typha, Cuperus, Juncus, Panicum, Paspalum.

2.4. Sistema de transição - tensão ecológica

Comunidades indiferenciadas existentes entre duas regiões ecológicas ou tipos de


vegetação, onde as floras se interpenetram, constituindo as transições florísticas
(ecótonos) ou contatos edáficos (mosaico de áreas edáficas ou encraves);
Ecótonos (mistura florística entre tipos de vegetação) podem ser imperceptíveis em
fotointerpretação, como nos contatos entre Floresta Ombrófila/Floresta Estacional ou
perceptível em fotointerpretação, como nos contatos entre Floresta Ombrófila /Savana;

Ecótono
FOD x FESd

Floresta Ombrófila Densa Floresta Estacional Semidecidual

Encraves (áreas disjuntas que se contatam) mosaicos de áreas edáficas são facilmente
delimitados cartograficamente mesmo quando o contato se dá entre dois tipos de vegetação
com estruturas fisionômicas semelhantes.

Encraves da S
em FOD

Savana Floresta Ombrófila Densa

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2.5. Sistema dos refúgios vegetacionais - relíquias

Vegetações que diferem florística e fisionômico e ecológicamente da região ecológica ou


tipo de vegetação no qual se insere como nos cumes litólicos das serras e nas áreas
tufosas;

2.6. Sistema da vegetação disjunta

Disjunções são repetições, em menor escala, de um tipo de vegetação próximo, que se


insere no contexto da região ecológica dominante, tal como os encraves edáficos;

Savana Floresta Ombrófila Densa

2.7. Sistema da vegetação secundária (Tratos antrópicos)

Áreas em que houve intervenção humana;


Vegetação secundária reflete os parâmetros ecológicos do ambiente;
Sucessão natural

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CAPÍTULO III: ANÁLISE ESTRUTURAL DE FLORESTAS

1. INTRODUÇÃO

Vegetação é um recurso natural amplamente utilizado pelo Homem da qual se obtém


madeira, fibras, óleos, resinas, gomas, substâncias químicas medicinais, sementes,
frutos, flores, néctar, etc.;
A vegetação é o resultado da interação dos fatores ambientais dos meios físico (clima,
solo, geologia, etc.), biótico (flora e fauna) e antrópico (intervenções - alterações
ambientais positivas e negativas);
Manejo de florestas tropicais naturais é um grande desafio:
alta biodiversidade; e
relações ecológicas pouco conhecidas;
Necessidade de conhecer as características das vegetações para manejá-las
adequadamente;
fisionomia: formas de vida predominantes;
composição florística;
estruturas horizontal e vertical;
estrutura interna.

Floresta Regulação Classificação


Eqüiânea Idade de corte Idade e tamanho
Ineqüiânea Ciclo de corte Volume, estrutura e
composição florística

Os estudos da vegetação visam (MATTEUCCI e COLMA, 1982):


determinar os padrões espaciais, horizontais ou verticais, dos indivíduos ou das
espécies;
estudar os processos populacionais que influenciam nos padrões espaciais ou
temporais;
determinar as tendências ou classes de variação das relações de similaridade das
comunidades ou de grupos de espécies;
estabelecer correlações ou de associações entre os padrões espaciais das
comunidades ou de grupos de espécies e padrões de mais variáveis ambientais, e
formular hipóteses acerca das relações causais entre os fatores ambientais e as
respostas da vegetação;
avaliar o potencial econômico da vegetação.

2. MÉTODOS DE ANÁLISE DE VEGETAÇÃO

Aspectos a serem considerados na escolha do método de análise de vegetação:


natureza da vegetação (floresta, savana, estepe, vegetação aquática etc).;
objetivo do estudo (preservação, produção madeireira, uso múltiplo, etc.);
informações (botânica, geologia, solos, clima, mapas, acesso, etc.) e recursos pré-
existentes (recursos materiais, humanos e financeiros);
padrão espacial de populações específicas; e

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19
homogeneidade.
Método deve fornecer informações qualitativas e, ou, quantitativas da estrutura da
floresta;
Características quantitativas:
densidade
dominância
freqüência
Características qualitativas:
uniformidade
estratificação
vitalidade
periodicidade
forma
Etapas do estudo da vegetação:
definição do objetivo;
definição dos conceitos, categorias de análise, métodos e técnicas;
amostragem e obtenção dos dados;
descrição das unidades de vegetação;
análise e discussão;
Etapas do levantamento da vegetação:
Reconhecimento: exame preliminar da área, obtendo-se dados de solo, topografia,
mapas, condições de trabalho, etc.
Levantamento primário: reconhecimento e descrição das principais espécies e
associações de plantas, indicando sua distribuição;
Levantamento intensivo: pode ser conduzido em toda a comunidade ou tratar de
uma comunidade particular. Em geral, são áreas menores que as usadas no
levantamento primário, que são estudadas detalhadamente;

2.1. Tipos de amostragem

A seleção da amostra passa pelos seguintes passos:


seleção da área de estudo;
determinação do método para situar as unidades de amostra;
seleção do tamanho da amostra, ou seja, do número de unidades amostrais; e
determinação do tamanho e forma da unidade de amostra.
Seleção e delimitação da área de estudo depende do objetivo do estudo;
Método para localizar a amostra e a unidade de amostra (MATTEUCCI E COLMA,
1982):
depende do padrão de distribuição das populações;
as amostras podem ter os seguintes padrões espaciais:
aleatório: a amostra ou unidade de amostra é lançada ao acaso. Cada unidade da
população tem igual probabilidade de fazer parte da amostra. Não é indicado para
detectar variações na área de estudo. É indicado para áreas pequenas e
homogêneas;
sistemático: a amostra ou unidade de amostra é lançada em um padrão regular
em toda a área de estudo. Indicada para captar variações espaciais da
comunidade;

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20
aleatório restringido: reúne algum dos benefícios dos padrões aleatório e
sistemático. Consiste em dividir a área de estudo em blocos de igual tamanho e de
forma igual ou distinta e lançar, em cada bloco, um número igual de unidade de
amostra ao acaso.
estratificação: consiste na subdivisão da área de estudo em unidades, estratos ou
compartimentos homogêneos, de acordo com algum critério da vegetação
(espécies dominantes, fisionomia, estrato vertical, etc.), geográfico, topográfico, etc.
As amostras são lançadas segundo qualquer um dos padrões acima mencionados.
Esta técnica reduz a variabilidade (erro padrão) dos dados em áreas de alta
heterogeneidade.
Tamanho da amostra:
quanto maior o número de unidade de amostra:
mais precisão na estimativa da variável considerada;
maior o custo da estimativa;
critérios para se determinar o tamanho da amostra:
porcentagem da área total de estudo;
ajuste da série de Poison;
grau de flutuação da média de subconjuntos de unidades de amostra. Calcula-se a
média para subconjuntos de números crescentes de unidades amostrais,
acumulando para cada subconjunto, os dados dos subconjuntos prévios. É
colocada num gráfico a média da variável considerada dos subconjuntos em função
do número de unidades amostrais de cada um.
fatores que afetam o tamanho da amostra:
forma de vida;
padrão espacial da população;
Tamanho da unidade de amostra
o tamanho da unidade de amostra deve satisfazer a três requisitos:
deve se facilmente demarcada;
deve ter regras claras sobre inclusão e exclusão do material vegetal a ser medido;
uniformidade da forma e tamanho da unidade de amostra;
fatores que afetam o tamanho e a forma das unidades de amostras:
padrão espacial dos indivíduos, quando aleatório, usa-se qualquer tamanho de
unidade de amostra;
tamanho dos indivíduos amostrados: quando pequenos usa-se unidades amostrais
pequenas e quando grandes ou espaçados, unidades de amostras grandes;
homogeneidade da comunidade;
Cálculo da área da mínima da comunidade: método da curva espécie x área;
toma-se uma parcela de área pequena, p. ex. 0,25 m2 e conta-se o número de
espécies que ocorre nesta área; dobra-se a área e repete-se a contagem; repete-se
o procedimento até que o número total de espécies se estabilize; colocam-se estes
dados num gráfico área da unidade de amostra x # de espécies; trace uma reta
unindo a origem ao ponto com maior área e # de espécie; trace uma tangente à
curva obtida, paralela à reta origem-ponto máximo; projete o ponto da tangente
sobre o eixo X para conhecer a área mínima da comunidade.
quanto mais homogênea a comunidade menor o tamanho da área mínima;

Quadro 2 - Área de amostra por estrato e tipo de vegetação

Tipo de formação Área de amostra (m²)


Estrato amostrado
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21
DAP > 10 cm 5 > DAP > 10 cm DAP < 5 cm
Floresta 500 a 10.000 100 a 500 1 a 25
Savana 200 a 5.000 50 a 200 1 a 25

Condições Unidade de amostra # Parcelas Amostragem


Homogêneas < < Aleatória
Heterogêneas > > Estratificada
Sistemática
Aleatória restringida

Em Florestas Tropicais Ombrófilas a área mínima recomendada é de 1 ha;


Forma da parcela
Retângulo
Quadrado
Círculo
Linha (Transecto)
Ponto
Indivíduo mais próximo;
Vizinho mais próximo;
Método do Quadrante;
Método de Bitterlick;
Exemplo:
Inventário florestal do Estado do Mato Grosso:
objeto de amostragem:
Florestas: árvores com DAP > 25 cm;
Savana: árvores com DAP > 5 cm;
Amostragem em conglomerados (em forma de cruz);
parcelas de 1 ha, constituídas por e subparcelas de 2.500 m² (10 x 250 m), cada qual
orientada numa das direções N, S, L e O;
Dados coletados:
DAP, altura total, altura comercial, qualidade do fuste, condição sanitária da árvore;

3. ESTRUTURA HORIZONTAL

Fornece informações a respeito da dinâmica espacial das populações da comunidade;

3.1. Densidade ou Abundância

Mede a participação das espécies na associação vegetal;


É a relação entre o número de indivíduos de dada população e a área da comunidade;
Densidade Absoluta (Dai):

Dai = ni / S

Densidade Total (Dt):

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Dt = N / S

Densidade Relativa (Dri):

Dri = (Dai / Dai) x 100

Dri = ni / N x 100

ou

Dri = (Dai / Dt) x 100

Onde:
ni = # de árvores da espécie "i";
N = # total de espécies;
S = área (ha);

3.2. Dominância

Dá a influência de cada população na associação;


Dominância Absoluta (DOai):

DOai = gi = ASi / S

Dominância Relativa (DOri):

DOri = ( gi / G ) x 100

Onde:

ASi = área seccional da espécie i ;


gi = área basal da espécie "i";
G= gi = área basal total;

3.3. Freqüência

Padrão espacial da população na comunidade;


Freqüência Absoluta (Fai):

Fai = ( pi / P ) x 100

Freqüência Relativa (Fri):

Fri = ( Fai / Fai ) x 100

Onde:

pi = # de parcelas em que a espécie "i" ocorreu;


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23
P = # total de parcelas;

3.4. Índice de Valor de Importância (IVI)

Estima a importância ecológica de uma dada espécie na comunidade vegetal;


Integra os parâmetros Dri , DOri e Fri;

IVIi = Dri + DOri + Fri

IVIi (%) = (Dri + DOri + Fri ) / 3

3.5. Índice do Valor de Cobertura (IVCi)

Fornece um valor que congrega os parâmetros (Dri e DOri) que determinam a ocupação
de uma espécie numa associação;

IVCi = Dri + DOri

IVCi % = (Dri + DOri) / 2

4. ESTRUTURA VERTICAL

Parâmetros da estrutura horizontal são insuficientes para caracterizar a importância


ecológica das espécies;
Estrutura vertical expressa a dinâmica temporal da comunidade;
Estrutura vertical pode ser representada por:
perfis: "stand" natural ou padronizados; e
parâmetros numéricos
distribuição da área basal nos estratos da comunidade;
Parâmetros da estrutura vertical consistem:
posição sociológica, que fornece a composição florística dos diferentes estratos
verticais do povoamento;
regeneração natural relativa, estimada pela freqüência, densidade, classe de tamanho
relativa da regeneração natural;

4.1. Posição sociológica

Fornece a composição florística dos diferentes estratos verticais do povoamento;


A posição sociológica é determinada pelos seguintes passos:
estratificação vertical do povoamento;
determinação do valor fitossociológico de cada estrato; e
estimativa dos valores absoluto e relativo da posição sociológica da espécie i na
comunidade.

a. Estratificação vertical do povoamento

estratificação varia com as características:


da comunidade (homogeneidade de espécies e idade); e
do ambiente (rigor climático acentua a estratificação).

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24
varia com os critérios adotados:
LAMPRECHT (1964): 4 estratos - superior, médio, inferior e sub-bosque;
LONGHI (1980): 3 estratos - superior, médio e inferior;
freqüência relativa das alturas encontradas tendo cada estrato, 33% das árvores;

b. Determinação do valor fitossociológico

Valor fitossociológico das espécies em cada estrato é a percentagem do total de


plantas da espécie no referido estrato, em relação ao total geral;

VFij = nij / N x 100

VFj = nj / N x 100

onde:

VFij = valor fitossociológico da espécie i;


VFj = valor fitossociológico do estrato j;
nij = número de indivíduos da espécie i no estrato j;
nj = número de indivíduos no estrato j; e
N = número total de indivíduos de todas as espécies em todos os estratos.

c. Estimativa da posição sociológica

Posição sociológica absoluta (PSAi) da espécie i é obtida pelo somatório dos produtos
do valor fitossociológico de cada estrato (VFj) pelo número de plantas da espécie i no
referido estrato j (nij);

PSAi = VFj x nij = VF1 x ni1 + VF2 x ni2 + VF3 x ni3

Ou

PSAi = VFij

Onde:

j = 1 (estrato inferior);
j = 2 (estrato médio); e
j = 3 (estrato superior).
Posição sociológica relativa (PSRi) é a razão entre a posição sociológica absoluta da
espécie i (PSAi) e o somatório da posição sociológica de todas as demais espécies;

PSRi = PSAi / PSAi x 100

4.2. Estrutura da regeneração natural

A regeneração natural (RN) representa os descendentes das árvores de uma floresta;


A RN proporciona a substituição natural dos indivíduos;
A RN das espécies varia em função do estágio de sucessão da floresta:
floresta clímax: < proporção de espécies pioneiras;

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25
início de sucessão: > proporção de espécies pioneiras;
clareiras: > proporção de espécies oportunistas;
Em florestas naturais, a RN agrega o maior número de indivíduos da comunidade
(função "j" invertido);
A regeneração natural relativa é dada pelas estimativas de densidade relativa,
freqüência relativa, classes de tamanho relativo;

a. Freqüência

Freqüência absoluta da regeneração natural da espécie i (FARNi) é a razão entre o


número de parcelas de regeneração em que ocorre a espécie i (ui) e o número total de
parcelas destinadas à regeneração natural (ut);

FARNi = ui / ut x 100

Freqüência relativa da regeneração natural da espécie i é a percentagem da


freqüência absoluta da espécie i em relação à freqüência absoluta total da comunidade;

FRRNi = FARNi / FARNi X 100

b. Densidade

Densidade absoluta da regeneração natural da espécie i (DARNi) é a razão entre o


número de indivíduos de cada espécie em regeneração natural e a área da amostra (S);

DARNi = ni / S

Densidade relativa da regeneração natural da espécie i (DRRNi) é a percentagem da


densidade absoluta da espécie i em relação à densidade absoluta total da amostragem;

DRRNi = DARNi / DARNi x 100

c. Classes de tamanho

É a participação de cada espécie nas classes de tamanho da regeneração natural;


As classes de tamanho da regeneração natural são estabelecidas de acordo com as
características da vegetação:
FINOL (1971): 3 classes de tamanho (CTij) de regeneração natural:

Classe de tamanho Altura total (m) DAP (cm)


CTi1 0,10 - 1,00 -
CTi2 1,00 - 3,00 -
CTi3 > 3,00 < 9,90

FAO (1971): classes de tamanho para florestas tropicais naturais:

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26
Classe de tamanho Altura total (m) DAP (cm)
R < 0,30 -
U1 0,30 - 1,50 -
U2 1,50 - 3,00 -
E > 3,00 < 5,00
1.A - 5,00 - 10,00
1.B - 10,00 - 15,00
2 - 15,00 - 20,00
3 - 20,00 - 25,00
... ... ...

O peso de cada classe de tamanho (kj) é a razão entre o número de indivíduos de


cada classe (Nj) e o número total de indivíduos da RN (N);

kj = Nj / N

A classe absoluta de tamanho da espécie i (CATRNi) é o total do produto do número


de indivíduos da espécie i nas diferentes classes de tamanho da RN (njj) pelo peso da
respectiva classe (kj);

CATRNi = nij x kj

A classe relativa de tamanho da espécie i (CRTRNi) é a percentagem da classe


absoluta de tamanho da espécie i em relação ao total de classe de tamanho da
comunidade;

CRTRNi = CATRNi / CATRNi x 100

d. Regeneração natural relativa

A regeneração natural relativa da espécie i (RNRi) é a média aritmética dos


parâmetros FRRNi, DRRNi e CRTRNi;

RNRi = ( FRRNi + DRRNi + CRTRNi ) / 3

4.3. Índice de valor importância ampliado (IVIAi)

O IVIA da espécie i integra os parâmetros da estrutura horizontal e da estrutura vertical;

IVIAi = IVIi + PSRi + RNRi

5. ESTRUTURA INTERNA

A estrutura interna é dada por características qualitativas das árvores, como a qualidade
de fuste, mas que podem ser convertidas em parâmetros quantitativos;

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27
5.1. Qualidade de fuste

reflete as características econômicas da floresta;


a classificação do fuste é com base na sua forma e na sua sanidade, mediante avaliação
visual;

Classe de fuste Forma Sanidade Aproveitamento


CQ1 boa sadia + 2 toras de 4,0 m
CQ2 aceitável sadia + 1 tora de 4,0 m
CQ3 irregular (ou) não sadia sem uso madeireiro
Fonte: HIGUCHI et al. (1985)

Classe de fuste Aproveitamento Diâmetro do topo (cm)


CQ1 comercial toras > 4,0 m > 30,0
CQ2 comercial toras < 4,0 m > 30,0
CQ3 comercial no futuro toras > 4,0 m < 30,0
CQ4 comercial no futuro toras < 4,0 m < 30,0
CQ5 não comercial sem uso madeireiro -
Fonte: FLORES (1993)

A qualidade de fuste absoluta da espécie i (QAFi) é a razão entre o total do produto


do número de indivíduos da espécie i na classe de fuste j (nij) e o número total de
indivíduos nas respectivas classes de fuste (Nj), pelo número total de indivíduos da
amostragem (N);

QAFi = (nij x Nj) / N

A qualidade de fuste relativa da espécie i (QRFi) é a percentagem do total da


qualidade absoluta de fuste;

QRFi = QAFi / QAFi x 100

5.2. Índice de valor de importância economicamente ampliado (IVIAi)

Qualifica comercialmente o IVIAi pela adição da qualidade de fuste;

IVIAi = IVIAi + QRFi

6. COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA

Florestas tropicais naturais possuem alta diversidade florística - florestas Ineqüiânea;


Condução do manejo pela adoção de tratamentos silviculturais:
promover e estimular a regeneração natural;
estimular o crescimento; e
incrementar e melhorar a qualidade e o valor do grupo de espécies de árvores
desejáveis.

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28
Cuidados para não alterar demasiadamente a composição florística original e não
depauperar o potencial produtivo da floresta;
Análise florística:
listagem das espécies existentes na comunidade;
variabilidade de espécies (homogeneidade ou heterogeneidade); e
padrão de distribuição espacial e associação de espécies.

6.1. Variabilidade de espécies

a. Coeficiente de Mistura de Jentsch (QM)

Informa sobre a composição florística da floresta;


Indica o número médio de árvores de cada espécie encontrado no povoamento;
Relaciona o número de espécies e o número total de plantas da comunidade;

QM = # spp / # total de indivíduos da comunidade

b. Índice de Diversidade de Shannon & Weaver (Hi)

Relaciona o número de indivíduos de cada espécie com o número total de indivíduos da


comunidade;
É influenciado pela amostragem, mas fornece indicação confiável da diversidade de
espécies;
Pode ser utilizado para comparar tipos de formações e estágios de desenvolvimento;
n
Hi = pi.(ln pi)
i=1
Onde:

p i = ni / N
ni = # de indivíduos amostrados da espécie "i";
N = # total de indivíduos amostrados;

A diversidade de espécies cresce com o valor de "H";

c. Grau de Homogeneidade (H)

Expressa a homogeneidade de uma associação florestal através da freqüência;

H=( x- y) . n / N

Onde:
x = # de espécies com freqüência absoluta entre 80 e 100 %;
y = # de espécies com freqüência absoluta entre 0 e 20 %;
N = # total de espécies;
n = # de classe de freqüência;

Classe freqüência (%)


1 0 - 19,9
2 20 - 39,9
3 40 - 59,9
4 60 - 79,9
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5 80 - 100,0

Quando H tende a 1, a vegetação tende a homogeneidade.

6.2. Agregação de espécies

Indica o padrão de distribuição espacial dos indivíduos das espécies;


Uma espécie pode apresentar agregação quando apresenta:
baixa eficiência na disseminação de sementes ou propagação vegetativa;
alta regeneração em clareiras;

a. Índice de McGuines (IGA)

IGAi = Di / di
Onde:
Di = # densidade absoluta da espécie "i"
di = - ln ( 1 - FrAi / 100 )

IGA Padrão de Dispersão da Espécie


<1 Uniforme
=1 Aleatória
1 < IGA < 2 Tendência ao Agrupamento
>2 Agrupada

b. Índice de Sociabilidade (IS)

ISi = ( DensAi / Fai ) x 100

Onde:

DensAi = Densidade média da espécie "i";

c. Índice de Morisita (I)

n
Ii = [ nij . (nij - 1 )] . P / ni . (ni - 1 )
i=1

Onde:

ni = # total de indivíduos da espécie;


nij = # de indivíduos da espécie i na parcela j ;
P = # total de parcelas;

d. Índice de Dispersão (ID)

Expressa a dispersão de uma dada espécie;

IDi = ( Fri ) Ari


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30

e. Índice de McIntosh (Mc)

Expressa a distribuição do número de indivíduos entre as espécies;

Mc = (N - ni²) / (N - ni)

Onde:

N = # total de indivíduos;
ni = # de indivíduos da espécie "i";

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31

CAPÍTULO IV: SUCESSÃO

1. INTRODUÇÃO

Sucessão é o conjunto de mudanças que ocorrem na composição e estrutura de uma


comunidade vegetal de certa área, e no seu ambiente, com o tempo;
As mudanças num ecossistema são relativamente lentas, exceto quando ocorre um
distúrbio causado por agentes que aceleram ou retardam os processos, tais como:
biológicos (herbívoros ou patógenos);
físico-químicos (seca, enchente, fogo, vento, vulcão, terremoto, O3, chuva ácida,
etc.);
antrópico (desmatamento, plantio, tratos silviculturais, etc.)
Tipos de sucessão:
primária: tem início em área estéril, sob condições desfavoráveis;
ex: dunas, depósitos aluviais, derrame de lavas, etc.
secundária: tem início em áreas previamente ocupadas por outras comunidades já
estabelecidas, sob condições relativamente favoráveis;
ex: terras de culturas abandonadas, florestas derrubadas, etc.
A velocidade de mudança difere com:
tipo de sucessão:
sucessão primária - lenta; e
sucessão secundária - rápida;
características ambientais:
qualidade do sítio ou capacidade suporte
estoque de propágulos;
distúrbios (naturais ou antrópicos);

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32

2. ESTÁGIOS DE SUCESSÃO

Estágios de sucessão são denominados estágios serais


Envolvem mudanças na composição e estrutura da comunidade biótica, nas condições
ambientais (luminosidade, umidade, solo etc.) e nas relações entre os componentes do
ecossistema;
Sucessão Vegetal:
1a, 2a e 3a Fases da Sucessão Vegetal (Capoeirinha ou Fase Inicial da Sucessão
Vegetal)
4a Fase da Sucessão Vegetal (Capoeira ou Fase Intermediária da Sucessão Vegetal)
5a Fase da Sucessão Vegetal (Capoeirão ou Fase Avançada da Sucessão Vegetal)

2.1. Mudanças na composição e na estrutura

Ecossistema florestal composto por diferentes tipos de organismos: animais, vegetais e


microorganismos;
Sucessão em regiões tropicais:
rápida cobertura do solo por uma mistura de plantas herbáceas e trepadeiras;
colonização com espécies de alta capacidade de dispersão;
árvores pioneiras formam dossel fechado com poucas espécies;
surgimento das espécies tolerantes
aumento da biodiversidade.
aumento no número de estratos verticais e redução da sua diferenciação;
o padrão de distribuição das espécies passa a ser mais influenciado pela abundância
de sementes, pela interação com animais e por micro-sítios;

2.3. Interação entre componentes ambientais

Influenciam no estabelecimento e no crescimento das espécies;


São modificados com os diferentes estágios de sucessão;
Ambiente físico
temperatura (ar e solo);
umidade
circulação de ar
luminosidade
solo
Ambiente biótico
Relação planta-planta
Composição
Estrutura
Competição
Alelopatia
Relação planta-animal
Herbívoros/frutívoros
polinizadores/dispersores
vetores
cicladores de nutrientes
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33
Relação planta-microrganismo
micorriza
patógenos
decompositores

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34

Vegetação original

Distúrbio

Chegada de novas
espécies
Potencial florístico

Regeneração sem Fatores gatilho


influência dos (temperatura, comp. químicos, luz,
fatores gatilho fogo, umidade)

Germinação de algumas
espécies
Predadores

Competição entre
plântulas

Seleção de conjunto de
microevolução
espécies

Mudança gradual no Chegada contínua


ambiente de espécies

Disseminação e estabelecimento de
outras espécies

Novas mudanças Formação de


ambientais clareiras

Desenvolvimento Novo início de


da comunidade sucessão
Vegetação
primária estável

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35
2.4. Estabilidade
É a capacidade de o ecossistema resistir ou se recuperar de distúrbios;
Resistência: capacidade do ecossistema se manter frente a um distúrbio;
Elasticidade: capacidade do ecossistema se recuperar de um distúrbio;

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36

Tabela 1 - Características dos componentes arbóreos dos estágios seriais numa floresta
tropical úmida na América Latina

Cecropia, Cecropia, Ochroma,


Ochroma, Trema Trema, Heliocarpus

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37

CAPÍTULO V: REGENERAÇÃO FLORESTAL

1. INTRODUÇÃO

Regeneração florestal é a reposição total ou parcial de uma floresta por meio de


sementes (reprodução sexuada) ou por estruturas vegetativas (reprodução assexuada
ou propagação vegetativa);
É constituída pelo conjunto de descendentes das árvores de uma floresta que se
encontram até a fase juvenil;
Permite a perpetuação das espécies e da floresta;

Senescência
Planta
adulta

Planta jovem Floração

Plântulas Frutificação

Sementes

Figura 1 - Ciclo de vida das árvores

O estabelecimento ou a renovação de uma floresta pode ser por diferentes métodos de


regeneração;
Avaliada na estrutura vertical da floresta;

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38
2. MÉTODOS DE REGENERAÇÃO
Conjunto de tratamentos silviculturais adotado para criar ou manter as condições
favoráveis para iniciar e estabelecer a regeneração florestal;
Os métodos de regeneração são influenciados pelo tipo de intervenção humana, pelas
características ambientais (temperatura, água, luz e solo) e pela auto-ecologia das
espécies (competição e exigências ecofisiológicas, dormência, predação, periodicidade
na produção de sementes, etc.);
Os métodos de regeneração podem ser classificados quanto à:
Intervenção humana:
Regeneração natural
Regeneração artificial
Regeneração mista
Forma de propagação das árvores:
Alto fuste - por sementes (reprodução)
Talhadia - por meio de brotação de estruturas vegetativas
Tipo de corte da floresta:
Corte raso
Corte progressivo regular
Corte progressivo irregular
Tipo de cobertura da floresta
Céu aberto (à pleno sol)
Sob cobertura

2.1. Regeneração natural

É a forma de estabelecimento ou substituição de árvores por meio de semeadura e, ou,


propagação vegetativa, no qual a natureza é que estabelece o equilíbrio dinâmico;
A regeneração natural é um processo que envolve:
produção de sementes e, ou, o desenvolvimento de estruturas vegetativas;
disseminação de propágulos;
germinação de sementes ou brotação de estruturas vegetativas;
desenvolvimento de plântulas;
estabelecimento das mudas;
Fatores que afetam a regeneração natural:
Ambientais
Temperatura
Luz
Água
Solo
Processos
Competição
Germinação

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39

Água Germinação Luz

Regeneração

Temperatura Competição Solo

Figura 2 Interação dos fatores do meio que influenciam a regeneração natural

2.1.1. Tratamentos silviculturais de regeneração natural

São operações silviculturais que favorecem o estabelecimento da regeneração natural;


São realizadas de acordo com:
método silvicultural;
composição e estrutura da floresta;
características ambientais
Auto-ecologia da espécie
Reprodução: Hermafrodita/monóica/dióica
Floração: Sazonalidade: anual/plurianual
Grupo ecológico: Pioneiras/secundárias/clímax
Polinização e dispersão de frutos e sementes: Anemocórica/hidrocórica/zôocórica;
Toda intervenção na floresta eleva custo de implantação e de manutenção do
povoamento florestal, além de causar impactos na floresta, devendo os tratamentos
silviculturais ser aplicados somente quando necessários;

a. Derrubada de semeadura (derrubada de melhoramento da regeneração)

Aberturas no dossel da floresta virgem ou explorada, em intervalos sucessivos, e


posteriores cortes no sub-bosque;
Objetivo: livrar as árvores produtoras de sementes para aumentar a produção de
sementes e facilitar a disseminação e germinação de sementes e favorecer
endurecimento de mudas;
fatores que afetam:
a produção de sementes das espécies de interesse;
distribuição espacial das árvores matrizes;
característica da semente (peso e forma);

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40
b. Abertura de copagem

Consiste no corte de plantas herbáceas, trepadeiras e arvoretas sem valor comercial, no


final da estação chuvosa, e de árvores de valor e no anelamento e/ou envenenamento
de árvores sem valor comercial nos diferentes estratos; no início da estação seca;
Objetivo: tirar as mudas que crescem sob dossel fechado do estado de supressão, pela
abertura na copagem da floresta, buscando-se uma distribuição homogênea da
luminosidade por toda a área;
fatores que afetam:
exigências ecológicas das espécies de interesse;
Efetuado nos sistemas silviculturais de alto fuste e corte progressivo;
Anelamento
Incisão na casca em torno do fuste feita com facão, machadinha ou machado, que
atinge interrompe o fluxo do floema;

30
30

entalhe anelamento

Figura 3 - Tipos de incisões

Ponto positivos:
baixo custo;
não contamina o ambiente;
Pontos negativos:
favorece a queda de galhos;
muitas espécies resistentes ao anelamento - rebrota;
Envenenamento
É a injeção ou aplicação de arboricidas em incisões, folha, casca e raízes de árvores
resistentes ao anelamento, aplicados com injetor, pulverizador ou pincel;
Arboricidas são produtos químicos usados para eliminar árvores sem maiores danos à
vegetação remanescente;
A eficiência dos arboricidas depende:
da espécie florestal - madeira, casca, seiva, forma e tamanho;
forma de aplicação - pincelamento da casca, anelamento e pincelamento e injeção
no sistema vascular da planta;
Aspecto positivo:
reduzem a queda de galhos;
Aspectos negativos:
tóxico e perigoso ao homem;
não atinge todas as espécies;
contaminação do ecossistema;
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41
requer cuidado na armazenagem, no manuseio e na sua aplicação:
armazenamento em local arejado e em armário trancado, uso de equipamentos de
segurança pessoal e cuidados ambientais na lavagem de equipamentos de
aplicação e no descarte de embalagens;
Classificação:
quanto à composição:
base de arsênico
base butilésteres
quanto à seletividade:
não seletivo - amate, arsenito de sódio;
seletivo - ação hormonal: 2,4 - D, 2,4,5 - T e óleos derivados;

c. Tratamento de solo

Consiste na conservação ou melhoria das condições do solo por processos físicos


(gradagem, aração, escarificação etc.), por processos químicos (correção do pH e
fertilização), físico-químicos (fogo) ou por processos biológicos (cobertura vegetal,
simbiontes - Rhizobium e micorrizas, minhocas, organismos de compositores, etc);
Objetivo: melhorar as condições do solo para o estabelecimento da regeneração;

Quadro 2 - Principais arboricidas e seus princípios ativos e nomes comerciais

d. Refinamento

É a remoção das impurezas formadas por misturas de parasitas, herbáceas, trepadeiras,


arbustos e árvores sem valor comercial e aquelas comerciais defeituosas ou caducas,
que estejam ou não interferindo negativamente nas espécies desejáveis;
O refinamento pode ser feito pelas práticas de limpeza, remoção da concorrência e
queimada;
Limpeza
Corte de trepadeiras e plantas herbáceas competidoras, com auxílio de facão, foice,
machado, etc.
Trepadeiras e lianas podem provocar:
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42
redução do ICA;
defeitos na forma pelo estrangulamento do fuste;
redução na sobrevivência e na produtividade de madeira;
danos à copa pela quebra de galhos e de parte do fuste;
As árvores podem ser classificadas quanto à infestação com trepadeiras em:
árvores livres de trepadeiras:
árvores com fuste com trepadeiras e copa livre;
copas com trepadeiras com brotos terminais intactos;
copas totalmente recurvadas pelo domínio de cipós e com brotos terminais totalmente
perdidos;
Controle feito por roçada e herbicida;
Época de controle: + 3 anos antes da colheita florestal e + 2 anos após este tratamento e
sempre quando necessário;
Recomendações:
controlar somente o necessário;
controlar todas as trepadeiras com diâmetro maior que 2,5 cm;
aplicar herbicidas em trepadeiras lenhosas;
cortar trepadeiras com dois cortes: um rente ao solo e o outro o mais alto possível do
solo;
certificar se a planta é trepadeira ou regeneração natural;
Remoção da concorrência
Redução da população de espécies sem interesse econômico atual e de algumas de
interesse as que estejam atrapalhando o crescimento de árvores de interesse com
características mais desejáveis;
Objetivo: formar desde cedo uma copagem que forneça maior incremento e suprima a
concorrência e dominância de espécies sem uso atual;
Época de aplicação da prática: quando a avaliação do povoamento acusar que pelo
menos 40% das amostras estão estocadas com espécies desejáveis;
Cuidados: controlar a intensidade de remoção da concorrência pois quando em
determinadas circunstâncias, pode ter efeitos negativos sobre a conservação do solo,
favorecer a regeneração de herbáceas e trepadeiras e comprometer a regeneração de
espécies desejáveis tolerantes;
Queimada
Prática usada eventualmente para rebaixamento da camada de matéria orgânica sobre o
solo ("litter", serapilheira), combater pragas, doenças ou incêndio, reduzir o material
combustível, limpeza do sub-bosque após o refinamento e colheita e para estimular a
regeneração natural de algumas espécies;
Cuidados:
empilhar o material a ser queimado;
queimar pela manhã ou à noite;
não queimar quando estiver ventando;
tomar medidas para evitar a propagação do fogo;
tomar medidas de segurança legais e de rotina.

e. Derrubada de melhoramento

Corte feitos no povoamento com objetivo de agregar o crescimento num menor número
de indivíduos com características superiores, pela retirada de indivíduos de espécies
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43
sem interesse econômico atual e aqueles indesejáveis quanto à forma, sanidade ou
crescimento;
Operação pode causar danos à regeneração natural e é de custo elevado, portanto,
deve ser feita somente para elevar o incremento pela redução da competição e quando
existe a possibilidade da utilização do material a ser retirado
Pode ser feita pela derrubada propriamente dita das árvores ou pelo anelamento e, ou,
envenenamento das árvores inferiores;

f. Derrubada comercial

Derrubada de árvores de valor para atender às necessidades do mercado e do


empreendimento, assim como à dinâmica do ecossistema;
O planejamento da derrubada comercial deve estar condicionado ao:
Método silvicultural
Volume a ser retirado
Qualidade do fuste
É precedida de inventário, marcação e mapeamento das árvores, anelamento e, ou,
abate;
Alguns sistemas silviculturais estabelecem o anelamento dos indivíduos a ser abatidos
com antecedência de 18 a 24 meses do abate. Esta prática visa reduzir os danos à
vegetação remanescente;
A derrubada envolve a desgalha e a toragem das árvores abatidas de acordo com o
objetivo do uso da madeira;
A derrubada é um dos tratamentos silviculturais que mais causa impactos na floresta,
portanto, requer cuidado especial;
Os danos estão relacionados à direção de queda das árvores, à intensidade de colheita
e à densidade do povoamento;
Cuidados:
direcionamento da queda das árvores de modo a reduzir danos às árvores já
estabelecidas e à regeneração natural;
época de derrubada: época chuvosa causa menores danos à regeneração mas causa
grande impacto ao solo; época seca pode aumentar os riscos de incêndio pela grande
quantidade de biomassa residual;

Quadro 3 - Tipos de danos às árvores numa floresta tropical úmida de Sabah

Fonte: Nicholson, 1958.

g. Extração

Tratamento que consiste nas operações de classificação e arraste das árvores do


povoamento florestal;

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44
O seu planejamento está condicionado ao método silvicultural adotado e as
características do produto a ser extraído, da vegetação, do clima, da topografia, do solo
e dos recursos disponíveis;
Derrubada e a extração causam grandes danos à floresta: destrói 40% dos indivíduos
remanescentes e 50% da regeneração, reduzem o estoque de nutrientes do solo;
O planejamento adequado pode reduzir os danos;

2.2. Regeneração artificial

É o estabelecimento de povoamentos florestais por meio do plantio direto de sementes,


de estruturas vegetativas ou por meio de mudas, pelo homem;
Semeadura direta ou plantio direto de estruturas vegetativas:
reduz custos de regeneração florestal por não exigir a produção de mudas;
requer plantio mais adensado para posterior raleio das plantas;
requer abundância de sementes ou de material de propagação vegetativa;
indicado para espécies com facilidade de germinação da semente ou enraizamento
de estacas, ou que apresentam problemas no estabelecimento do sistema radicular
quando provenientes de mudas;
pode ser feita em linha, covas, faixas ou a lanço;
Plantio de mudas:
quando existe carência de sementes ou material vegetativo, ou quando estas
possuem alto custo;
dificuldade de germinação ou de enraizamento de estacas;
A regeneração artificial é indicada para:
espécies com produção de sementes irregular;
espécies com produção de sementes regular, mas a regeneração natural tem
dificuldade de adaptação e estabelecimento;
espécies com sementes que perdem a vitalidade em curto tempo;
espécies com dificuldade de estabelecimento da regeneração natural devido à
ocorrência de pragas ou doenças;
substituir povoamentos com baixo valor econômico devido à ausência de
regeneração natural de espécies de interesse;
estabelecer espécies exóticas ou enriquecer ou adensar um povoamento florestal;
estabelecer povoamentos com densidade e arranjo espacial das árvores
predefinidos;
Pontos positivos da regeneração artificial:
flexibilidade na escolha do local, da composição, da densidade, do arranjo espacial e
do arranjo temporal;
maior controle local;
usar mecanização;
planejar a execução dos tratamentos silviculturais;
reduzir o tempo de estabelecimento florestal, principalmente de reflorestamentos;
estabelecer espécies de outras regiões;
Limitações da regeneração artificial:
custo elevado;
possibilidade de introdução de espécies inadaptadas ou de difícil controle;

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45
possibilidade de introduzir doenças ou pragas na área de plantio, provenientes de
sementes ou mudas;

2.2.1. Operações de regeneração artificial

Colheita ou aquisição de sementes ou estacas;


Produção de mudas em viveiros;
Implantação florestal (sementes, estacas ou mudas);
preparo do solo
plantio
Tratamentos silviculturais
limpeza
desrama
desbaste
colheita e extração

2.3. Regeneração mista

É a reposição total ou parcial de uma floresta por meio de sementes ou por estruturas
vegetativas, na qual além da regeneração natural é feita a regeneração artificial;
É indicada para povoamentos com distribuição espacial agrupada dos indivíduos, com
necessidade de adensamento e, ou, enriquecimento;
Podem ser empregados os tratamentos silviculturais para a regeneração natural quanto
os para a regeneração artificial;

2.4. Regeneração por auto fuste

O povoamento florestal é originado por sementes disseminadas diretamente na área


(regeneração natural) ou com auxílio do homem (regeneração artificial);
A colheita florestal pode ser total ou parcial;
Vantagem: proporciona uma maior diversidade genética ao povoamento, o que reduz os
riscos de perdas totais devido a pragas ou doenças;
Desvantagem: não garante que todos os indivíduos sejam geneticamente superiores;

2.5. Regeneração por talhadia

O povoamento florestal é originado por meio de estruturas vegetativas tais como: raiz,
ramo, folha, etc.
Indicado:
para espécies de difícil germinação de sementes;
para homogeneizar geneticamente o povoamento;
propagar híbridos superiores;
Limitações:
reduz variabilidade genética aumentando os riscos de ataques maciços de pragas ou
doenças;
Vantagens:
possibilidade de propagar material genético superior;
homogeneidade de produção e das características das árvores;
Cuidados:
plantar grande número de clones em pequenos talhões;
Passos, CAM Silvicultura Tropical - notas de aula.
46
trabalhar com clones resistentes a pragas e doenças;

2.6. Corte raso

É o método de regeneração em que todas as árvores são cortadas simultaneamente;


Dá origem a povoamentos eqüiâneos e, por vezes, homogêneos;
Os resíduos do corte podem ser enleirados e, ou, queimados;
Método indicado para regeneração de espécies intolerantes (pioneiras ou secundárias) e
para povoamentos cuja composição é indesejável;
Pode ser aplicado tanto associado à regeneração natural por alto fuste ou talhadia
(bracatinga, paricá, aroeira, eucalipto, teca) ou à regeneração artificial (reflorestamento);
Vantagens:
método de aplicação simples e de baixo custo; facilita o corte e a extração da
madeira;
Desvantagem:
expõe o solo;
Cuidados:
deve ter um estoque adequado de sementes no solo ou na vegetação vizinha para
assegurar a regeneração da espécie desejada;
evitar a adoção do método em áreas declivosas;
fazer cortes em faixas para aumentar a eficiência da regeneração natural e da
proteção ao solo;

2.7. Corte progressivo regular

Povoamento florestal é cortado parceladamente por sucessivas derrubadas, ou por


eliminação de árvores agrupadas ou espaçadas, sem que haja exposição do solo;
Árvores formam camadas (planos ou estratos) regulares que protegem a regeneração e
o solo contra os rigores climáticos;
Dá origem a povoamentos florestais eqüianeos;
Indicado para espécie tolerante, na fase juvenil, e intolerante, na fase adulta;

2.8. Corte progressivo irregular

Povoamento florestal é cortado parceladamente, a medida em que as árvores vão


atingindo o diâmetro de corte desejado;
Mantém a estrutura da floresta (distribuição diamétrica segue o da floresta natural, ou
seja, um "j" invertido);
Dá origem a povoamentos ineqüiâneos.
Indicado para espécies tolerantes na fase juvenil e clímax;

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47

CAPÍTULO VI. SISTEMAS SILVICULTURAIS

1. INTRODUÇÃO

Domesticação: primeiro passo para o manejo de florestas até então não manejadas. É o
conjunto de medidas voltadas para a elevação da produtividade econômica dos
povoamentos até que seja atingido o manejo sustentado (LAMPRECHT, 1990).
A domesticação envolve transformações nos povoamentos que poderão ser profundas,
chegando até a sua substituição completa.
As medidas de domesticação têm como objetivo a instalação de povoamentos iniciais
aptos para a aplicação dos princípios de um manejo sustentado e ordenado
(LAMPRECHT, 1990).
Os fatores que influenciam na domesticação são:
condições e qualidade do sítio;
composição da vegetação;
legislação e política florestal;
custos de manutenção e aspectos administrativos da empresa;
acesso;
disponibilidade de mão-de-obra e de outros recursos;
mercado de produtos florestais.

Floresta não domesticada Floresta domesticada

Sistemas silviculturais são os processos pelos quais uma floresta é tratada, removida ou
substituída por outra, produzindo madeira. Envolve os métodos de regeneração,
distribuição, melhoria, utilização e formas de produção da floresta (TROUP, 1928);
Objetivo: atingir sucesso na regeneração de espécies desejadas, pelo uso de
tratamentos adequados que criam condições propícias para a regeneração;
O desenvolvimento de sistemas silviculturais requer conhecimento dos princípios
silviculturais, que se relacionam com o controle do estabelecimento, do crescimento, da
composição e da qualidade da vegetação florestal;
As práticas silviculturais variam com:
o objetivo da floresta;
características ambientais:
meio biótico: flora (composição e estrutura) e fauna (composição e estrutura);
meio físico: clima, solo, relevo, água, geologia;
meio antrópico: aspectos sociais, econômicos e culturais;
A extração de matéria-prima florestal deve ser feita segundo métodos silviculturais;
Os métodos silviculturais estão direcionados aos objetivos de (FLOR, 1985):
Estímulo, mediante cortes de aproveitamento e tratamentos silviculturais, das
espécies econômicas nas florestas naturais mistas;
Passos, CAM Silvicultura Tropical - notas de aula.
48
Enriquecimento das florestas naturais, com plantio em talhões, grupos, linhas ou
outro qualquer;
Substituição de florestas originais, improdutivas ou já exploradas, por outra com
regeneração artificial;

Avaliação do povoamento atual

Estímulo Transformação Substituição

Seleção Melhoramento Reflorestamento


Enriquecimento Florestamento
Agrossilvicultura
Adaptado de LAMPRECHT (1990)

2. CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS SILVICULTURAIS

Quanto à origem da floresta:


alto fuste - reprodução sexuada;
talhadia - reprodução assexuada ou propagação vegetativa;
Quanto à regeneração:
regeneração natural
regeneração artificial
regeneração mista
Quanto ao tipo de corte:
corte raso
corte progressivo regular
corte progressivo irregular
Quanto à estrutura e composição da futura floresta:
transformação
melhoramento
enriquecimento
substituição - florestamento ou reflorestamento
produção sustentada

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49
3. SISTEMAS SILVICULTURAIS DE FLORESTAS DE ALTO FUSTE

Florestas são originadas por reprodução sexuada;


Vantagem: maior diversidade genética
Desvantagem: menor homogeneidade da floresta

3.1. Corte raso

floresta originada por sementes, a qual é removida totalmente de uma só vez;

3.1.1. Regeneração natural

floresta originada por sementes presentes no solo ou em áreas vizinhas, disseminadas


naturalmente pelo vento, água ou animais, sendo removida totalmente de uma só vez;
Vantagens:
método simples
as espécies são adequadas ao sítio
baixo custo
rápido recobrimento do solo
mudas não sofrem estresse com plantio
Desvantagens:
não se tem controle do microclima
indicado somente para espécies lucíferas
pode expor solos à erosão
pode facilitar a invasão de plantas indesejáveis
danos à regeneração
distribuição irregular das espécies
acúmulo de material orgânico
Condições de adoção:
espécies desejáveis lucíferas, com germinação rápida e homogênea;
condições favoráveis de clima e solo;
existência de estoque de sementes no solo ou em áreas adjacentes;
regeneração natural existente e suficiente;
baixo risco de incêndio;
Espécies potenciais:
Araucaria angustifolia (pinheiro-brasileiro), Mimosa scabrella (bracatinga),
Schizolobium spp. (paricá, guapuruvu), Astronium fraxinifolium (aroeira), Sclerollobium
panuculatum (tachi-branco), Qualea homossepala (mandioqueira-áspera), Qualea
acuminata (mandioqueira-escamosa), Qualea albiflora (mandioqueira-lisa), Vochysia
maxima (quaruba);
Tectona grandis (teca), Shorea robusta (sal), Eperua falcata (mangue), Pinus spp.

3.1.2. Regeneração artificial

Florestas formadas a partir de sementes plantadas diretamente no campo ou por mudas,


após o corte simultâneo de toda a vegetação;
Gêneros mais plantados no mundo: Araucaria, Acacia, Agathis, Albizia, Casuarina,
Cedrela, Dipterocarpus, Eucalyptus, Khaya, Pinus, Shorea, Swietenia, Tectona e
Terminalia.

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50
Gêneros mais plantados no Brasil: Araucaria, Pinus, Acacia, Eucalyptus, Gmelina e
Tectona.
Florestamento - plantio de florestas em área que não possui cobertura florestal há mais
de 20 anos;
Reflorestamento - é a regeneração imediata da floresta a qual foi parcialmente ou
completamente removida. Em geral ocorre a substituição de uma floresta mista
multivariada por outra pura e eqüiânea;
Vantagens:
facilidade de planejamento e controle da floresta;
estrutura simples da floresta;
permite o uso de espécies melhoradas;
Desvantagens:
possibilidade de formação de grandes maciços florestais monoespecíficos; . maior
possibilidade de perdas de nutrientes pela erosão, pela lixiviação e pela colheita;
alteração da ciclagem de nutrientes;
aumento dos riscos de doenças e pragas;
distúrbios no ciclo hidrológico local;
Medidas mitigadoras:
reflorestamentos em pequenas áreas;
plantios mistos;
sistemas agroflorestais;

a. Plantação em grupos espaçados - Método Anderson

É o reflorestamento em grupamentos densos e distanciados entre si;


Originário da Escócia em 1928;
Princípios do método:
a unidade de plantio (up) é um agrupamento de árvores;
as up s devem ser espaçadas para facilitar os tratamentos silviculturais;
Pontos a observar:
número de árvores por up;
em geral varia de 3 a 25 árvores por grupo;
composição da up e entre up - pura e mista;
espaçamento entre indivíduos na up e entre up;
o número de árvores não deve exceder a densidade usada em plantios
convencionais;

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51

1 1 1 1 1 1 1 1
1 2 1 2 3 1 3 1 2 1 4 1 2 1
1 1 1 1 1 1 1 1
4 2 1 2 1 3 1 2 1 4 1
1 1 1 1 1 1 1

1 - pioneira; 2 - secundária inicial; 3 - secundária tardia; 4 - clímax;

Vantagens:
a estrutura do povoamento facilita o monitoramento e os tratamentos silviculturais;
permite a extração de material proveniente de desbastes sem danos às árvores
remanescentes;
favorece a estabilidade do povoamento às intempéries;

b. Plantios consorciados

Sistemas agroflorestais: método taungya;

3.2. Corte progressivo regular

As árvores são cortadas parceladamente por meio de sucessivas derrubadas, ou por


eliminação de árvores agrupadas ou espaçadas, formando tetos regulares protetores,
que protegem o solo e a regeneração;
Objetivo: permitir mudanças microclimáticas controladas de modo a satisfazer as
necessidades ecofisiológicas das espécies em regeneração;
Vantagens:
maior proteção ao solo;
maior proteção à regeneração contra intempéries;
modificação microclimática gradual e controlada;
reduz a ocorrência de plantas invasoras dos estágios iniciais da sucessão
melhora a qualidade do fuste;
Desvantagens:
alto custo;
não é indicado para espécies lucíferas;
Tipos de cortes efetuados:
corte preparatório:
feito para permitir a entrada de luz até o solo da floresta;
permite a germinação de sementes e o estabelecimento inicial de mudas;
corte de regeneração:
feitos alguns anos após o corte inicial;
favorece o desenvolvimento da regeneração;
corte de renovação:
é a retirada dos últimos indivíduos da antiga floresta
possibilita o estabelecimento total da nova regeneração;

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52
3.2.1. Regeneração natural

Vantagens:
menor estresse das mudas devido ao plantio;
reduz o custo;
uso de espécies já adaptadas;
Desvantagens:
requer estoque de sementes no solo, na própria área ou em áreas vizinhas;
requer a manutenção de árvores matriz;
Classificação:
Método uniforme
Método de floresta de cobertura
Método de melhoramento

a. Método Uniforme

regeneração das espécies de maior interesse predomina, formando um estrato


compacto que interrompe totalmente a passagem da luz;
condições de adoção:
regeneração natural rica e abundante;
espécies tolerantes à sombra na fase juvenil e que respondem à abertura do dossel;
Resumo e seqüência das operações na exploração pelo método uniforme (WALTON et
al., 1958):

n - ano do início da exploração comercial.

Método Malaio Uniforme ("Malayan Regeneration System")


desenvolvido nas florestas ombrófilas de Dipterocarpaceae (Shorea) de baixas altitudes
da Malásia;
Prevê a exploração das espécies desejáveis e eliminação (envenenamento e, ou
anelamento) das indesejáveis;
Após as operações de regeneração não se aplicam tratamentos até o final da rotação;
Condições de adoção:
Estoque mínimo de mudas das espécies desejáveis antes de qualquer derrubada: 10
a 25 mil mudas/ha;
Não se aplicam tratamentos até a regeneração suplantar a competição com cipós;
Aplicam-se desbastes para aumentar a quantidade de produtos com melhor qualidade;
É composto das seguintes operações:

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Método Uniforme da Índia


Espécie: Shorea robusta
Método Uniforme da África
Espécies: Teca (Tectona grandis), sal (Shorea robusta), limba (Terminalia superba),
Triplochyton scleroxylon, Chlorophora excelsa, Khaya grandiflora;

b. Corte de Floresta de Cobertura

Origem: Europa;
Desenvolvido para Quercus sp. e Fagus sp.;
Favorece a germinação de sementes que estão sobre o solo;
Efetuam-se aberturas de copas pela eliminação de arbustos e trepadeiras;
Remove-se a cobertura pela derrubada e baldeio de árvores maduras que já produziram
e dispersaram suas sementes, e por árvores caducas de valor comercial;
São deixadas árvores matrizes estrategicamente distribuídas para garantir uma
produção e distribuição de uniforme de sementes pela floresta;
Eliminação de espécies indesejáveis por anelamento e, ou, envenenamento - evita-se a
regeneração de espécies indesejáveis;
Vantagens:
Opção na determinação da época de remoção da cobertura, de acordo com a
regeneração natural;
Exposição lenta e gradativa à medida que as espécies vão adquirindo resistência;
Controle de plantas invasoras;
Oferece maior proteção ao solo e à regeneração;
Oferecer condições de aumento de umidade do solo aumentando a resistência da
vegetação ao fogo;
Fatores a considerar:
Aproveitamento do rendimento das fontes de sementes;
Quantidade e qualidade do estoque de sementes;
Condição sucessional do povoamento;
Intensidade de abertura do povoamento;
Método adotado em:
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Ilhas Andamans (Ásia)
Congo, Costa do Marfim e Nigéria (África)
Trinidad e Tobago e Guiana Inglesa (América Latina)
Diferenças entre os métodos de cobertura e o uniforme:
Método de cobertura:
mantém tetos superiores compostos por árvores matrizes, formando uma
cobertura alta na floresta;
mantém na floresta todas as árvores imaturas de bom fuste;
primeira derrubada é de semeadura - eliminação de grandes árvores não
comerciais e defeituosas de qualquer espécie, evitando a propagação de fenótipos
mal constituídos;
próximos cortes são: derrubadas de melhoramento;
realiza-se derrubadas sucessivas até a remoção e substituição da antiga
cobertura;
Método uniforme:
mantém tetos superiores compostos por árvores para proteger a regeneração já
existente das espécies de interesse;
a primeira derrubada é comercial, sendo aneladas e, ou, envenenadas árvores
sem interesse comercial;
são efetuadas aberturas gradativas no dossel, por meio de anelamento e, ou, de
envenenamento, até a remoção total e substituição da antiga cobertura;

Método de cobertura de Andamans

origem: Ilhas Andamans (Ásia);


abrigo temporário formado de 2 a 5 anos antes da exploração comercial;
método desenvolvido para espécies do gênero Dipterocarpus;
favorecimento das espécies de interesse pela remoção gradual das árvores do dossel
superior e limpeza do sub-bosque;
abertura gradativa dos tetos dominantes por anelamento e, ou, envenenamento, para
evitar danos à regeneração;
privilegia a ascensão gradual dos níveis dos estratos intermediários constituídos por
indivíduos jovens;
quando o dossel superior apresenta-se ralo, com excessiva penetração de radiação
solar, mantém-se a vara e árvore jovem do sub-bosque para atenuar a luz, sendo
retiradas após cumprirem esta função;

Resumo das operações do método de corte progressivo de Andamans:

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Método de cobertura por uniformização da altura


Aplicado em florestas com considerável número de árvores nas classes intermediárias, o
que possibilita prolongada exploração seguida pela regeneração natural com cortes
sucessivos.
Método desenvolvido na África Ocidental Congo Belga e Costa do Marfim.
Baseia no melhoramento da floresta irregular convertendo em florestas regulares:
Estrato dominante e co-dominante com espécies comerciais;
Estrato intermediário com árvores jovens para a 3a geração.
Difere dos métodos, Uniforme e de Seleção, por possuir maior número de estratos do
que o primeiro e menor que o segundo.
Operações concentram-se na remoção contínua de árvores menos desejáveis dos
estratos dominantes e co-dominantes, seguido dos estratos intermediários e inferior;
Visam erguer o estrato principal e reduzir a idade das classes na floresta;
Podem ser repetidas sempre que necessárias;
Seqüência de operações:

Operações podem ser alteradas de acordo com o ambiente, devendo-se observar:


Remover as copas de copas das árvores que formam o teto dominante, criando
aberturas antes da RN surgir e, em seguida, tratar os estratos inferiores;
Após a derrubada comercial, reter o teto de proteção sobre a regeneração existente;
Retirar do teto superior somente as árvores que competem diretamente com as
desejáveis ou ultrapassem o DAP máximo.

c. Método de Melhoramento

Tratamentos silviculturais com objetivo de melhor as árvores da floresta primária, sem


fazer derrubada comercial;
São cortadas árvores de pequeno porte ou jovens, de espécies de interesse ou não,
arbustos e outras vegetações inferiores e anelamento ou envenenamento de grandes
árvores;
Os critérios usados na escolha dos indivíduos a serem eliminados são: sanidade e
genética (fenótipo);
Realiza-se um "melhoramento" por meio de seleção natural:
Observações:
método caro, pelo fato de se fazer intervenções na floresta e não se efetuar a colheita
comercial nos primeiros anos do estabelecimento dos sistemas;
não prioriza a condução da regeneração natural, que pode causar modificações
indesejáveis na composição da futura floresta;
Método de Melhoramento Malaio
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56
3.2.2. Regeneração artificial

Método em que, após a derrubada comercial e extração do material de interesse,


realiza-se a regeneração artificial e se aplicam tratamentos silviculturais com objetivo de
favorecer essa regeneração, sob abrigos temporários;
Os abrigos temporários têm o objetivo de proteger a regeneração e o solo das
intempéries e são retirados gradativamente até a sua retirada total;
As árvores podem ser plantadas por sementes, diretamente no campo, ou por mudas,
em linhas ou em grupos;
Requer a limpeza do sub-bosque sempre quando os indivíduos plantados entrem em
competição com a vegetação do sub-bosque;
Operações básicas do sistema de autofuste, corte progressivo regular e regeneração
artificial:

Métodos:
Martineau
Plantio sob abrigo temporário em Trinidad e Tobago
Recrus
Limba
Okumé
Método Martineau
Costa do Marfim
Plantio de espécies florestais tolerantes sob coberturas primárias, secundárias ou
formadas com auxílio de bananeiras, mandioca ou mamona;
Objetivo: regenerar espécies exóticas ou nativas tolerantes, em povoamentos puros ou
mistos;

Plantio sob abrigo temporário em Trinidad e Tobago


Rotação de 60 anos
Método Recrus
Gabão, 1958;
Costa do Marfim, 1961;
Objetivo: converter progressivamente florestas naturais em uniformes, por meio de
plantios de enriquecimento;

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57

Seqüência de operações básicas:


derrubada comercial;
Eliminação das espécies sem interesse com altura até 0,90 me, as com diâmetro
entre 15 e 20 cm;
Anelamento e, ou, envenenamento de todas as árvores de grande diâmetro;
Plantio de enriquecimento;
Plantio de árvores em densidade equivalente de 25 a 50% da densidade de árvores
na rotação florestal (4 m x 4 m; 6 m x 6 m);
Método Limba
Congo e África Ocidental
Terminalia superba Eng. E Diels.
Intermediário entre céu aberto e sob cobertura
Linhas de plantio na direção leste-oeste;
Espaçamentos: 6 m x 6 m, 7 m x 7 m, 12 m x 12 m, 14 m x 14 m.
Limpezas nas linhas de plantio, mantendo-se algum estoque da regeneração natural;

3.3. Método de regeneração de corte progressivo irregular

Origem na Europa;
Distribuição das árvores em diferentes idades e tamanhos;
Plenterwald padrão de distribuição diamétrica das árvores da floresta em j invertido;
y = k.e-ax
Florestas tropicais úmidas:
Possuem comportamento Plenterwald
Passos, CAM Silvicultura Tropical - notas de aula.
58
Possuem > amplitude de classes diamétricas por área;
Corte progressivo irregular em FTU forma o método de seleção em diversos países
tropicais.

3.3.1. Regeneração natural

a. Método de Seleção

Árvores espalhadas por toda a área


Derrubada policíclica - retirada periódica do estoque excedente de volume;
Regeneração de exploração
Manutenção da distribuição balanceada
Cortes de colheita e de regeneração feitos na mesma época
Retirada de árvores isoladas ou em pequenos grupos
Método aumenta a proporção de espécies de valor;
Método aplicado nas Filipinas, Birmânia, Malásia, Porto Rico e Austrália
Método de Seleção das Filipinas
Dipterocarpaceaes Shorea sp.
Objetivo: deixar população residual com 60% de árvores comerciais;
Árvores distribuídas entre classes de 20 70 cm;
Método de Seleção de Teca
Florestas naturais de teca na Birmânia
Determinação da faixa de segurança: acima, excesso e corte; abaixo, esperar.
Marcação das árvores para corte
Permanência de árvores-matrizes bem distribuídas (até 15)%;
Após a derrubada, limpeza do sub-bosque e envenenamento das indesejáveis;
Aspectos negativos:
Exploração é dispendiosa e danosa à regeneração;
Espécie é exigente em luz e o método fornece baixa luminosidade reduz
incremento.
Método de Seleção de Espécies Listadas - SEL
Brasil EMBRAPA
Seleção de espécies listadas comerciais
b. Método do Limite da Circunferência
Preserva as espécies de interesse econômico

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59
Estabelece intervalo máximo e mínimo de circunferência para derrubada;
Requer legislação e fiscalização
Prática sem base científica circunferência de indivíduos maduros varia entre espécies

3.3.3. Regeneração Mista

Auxílio à regeneração natural


Falhas na RN
Recomendado para florestas que sofreram ventos, queimadas, etc.
Enriquecimento: em linhas, faixas, grupos
Distância entre linhas: 4 a 20 m

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60

CAPÍTULO VII: SISTEMAS AGROFLORESTAIS

1. INTRODUÇÃO

1.1. OBJETIVO

Ensinar noções gerais sobre sistemas agroflorestais (SAF): conceitos, classificação,


planejamento, manejo e avaliação.

1.2. CONCEITOS

Sistemas Agroflorestais SAF: São formas de uso e manejo dos recursos naturais, nos
quais espécies lenhosas (árvores, arbustos e palmeiras) são utilizadas em associações
deliberadas com cultivos agrícolas e/ou animais, na mesma área, de maneira simultânea
ou seqüencial (OTS/CATIE, 1986), visando tirar benefícios das interações ecológicas e
econômicas resultantes (LUDGREN & RAINTREE, 1982; NAIR, 1983).
Prática Agroflorestal: Operação específica de manejo da terra de natureza
agroflorestal, em uma propriedade rural ou outra unidade de manejo e, geralmente,
consiste nos arranjos espacial e temporal dos componentes. Diversas práticas
constituem um SAF (NAIR, 1990).
Características dos SAF: Plantio deliberado de árvores, ou outras plantas lenhosas
perenes, com culturas agrícolas e/ou animais, na mesma unidade de terra ou em alguma
outra forma de arranjo espacial ou temporal, e pelas interações (ecológicas e/ou
econômicas) significativas (positivas ou negativas) entre os componentes arbóreos e os
não arbóreos do sistema (NAIR, 1990).
A presença de árvores nos sistemas de produção agrícola

Quadro 1 - Características dos SAF

Característica Sistema Agroflorestal


Componente
Limite
Entrada
Saída
Interação
Hierarquia
Dinâmica

SAF baseiam-se nas interações entre as árvores e os demais componentes do sistema.

Funções das Árvores nos SAF

Funções Ecológicas
Funções Sócio-Econômicas
Funções Ecológicas
Aumento da diversidade biológica
uso diferencial dos recursos naturais no espaço e no tempo (energia solar, água e
nutrientes);
amplia a base alimentar e o habitat para a fauna;
aumenta o número de componentes interagindo.
Controle das condições microclimáticas nos ambientes copa-solo e no solo
Passos, CAM Silvicultura Tropical - notas de aula.
61
radiação (intensidade e qualidade);
temperatura (amplitude e variação);
umidade (amplitude e variação);
vento (amplitude e variação).
Conservação ou melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo
redução do impacto direto da chuva sobre o solo;
redução da erosão hídrica e eólica;
restabelecimento da ciclagem de nutrientes;
enriquecimento das camadas superficiais do solo com matéria orgânica (raízes,
troncos, ramos, folhas, flores, frutos e sementes);
redução das variações microclimáticas do solo;
interações biológicas (mutualismo).
Funções Sócio-Econômicas
Resultam das interações ecológicas estabelecidas entre as árvores e os demais
componentes que fornecem produtos e serviços.
produtos das árvores: madeira para diversos fins, lenha, folhas, néctar, frutos,
sementes, forragem, substâncias químicas e/ou medicinais, óleos, resinas, gomas e
fibras.
Serviços
sombreamento de cultivos e pastagens;
redução da velocidade de ventos;
conservação do solo e da água;
melhoria da qualidade do solo.
Econômicos
rentabilidade líquida da propriedade (possibilidade de elevar a produtividade agrícola
e/ou florestal e reduzir os custos de manutenção e de capital);
redução de riscos de perdas da produção e de comercialização.
Sociais
efeitos na qualidade de vida do produtor rural:
condição de trabalho (sombreamento);
diversificação da alimentação;
diversificação de materiais para uso na propriedade
diversificação no conhecimento.

2. Classificação dos saf

Critérios mais frequentementes usados:


Estrutural
natureza dos componentes (arbóreo, agrícola e animal);
dinâmica (arranjo espacial e temporal dos componentes),
Funcional
saídas (produção ou serviço);
Sócio-Econômico
entradas (nível tecnológico e de insumos);

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62
hierarquia (escala da produção)
Ecológica
ambiente do sistema (agro-ambiental).
A árvore é o referencial para a classificação dos SAF

2.1. Classificação em Base Estrutural

Natureza dos Componentes (Adaptado de NAIR, 1990)

Sistema Componentes
Silviagrícola ou Agrissilvicultural Culturas agrícolas e árvores
Silvipastoril Pastagem e/ou animal e árvores
Agrissilvipastoril Culturas agrícolas e/ou animal e árvores

Arranjo dos Componentes


Arranjo Espacial
Stand - Denso ou Aberto
Padrão de Distribuição - Azonal (Misturado) ou em Zonas (Microzonal ou
Macrozonal)
Arranjo Temporal
OTS/CATIE (1986) - Simultâneo ou Seqüencial
NAIR (1990) - Coincidente, Concomitante, Sobreposto, Separado ou
Interpolado
Base Funcional
produção de bens (madeira, fruto, semente, forragem, lenha)
serviços (quebra-ventos, cercas-vivas, conservação do solo)
Base Ecológica
condições agro-ecológicas (Zonas de Vida)
Base Sócio-Econômica
escala de produção: comercial, intermediário e de subsistência
nível tecnológico e de manejo alto, médio e baixo

Passos, CAM Silvicultura Tropical - notas de aula.


63

F A A A A A A A A A F F A F A F A F A F A F
A A A A F A A A F A A F A F A F A F A F A F
A F A F A A F A A A A F A F A F A F A F A F
A A A A A A A A A F A F A F A F A F A F A F
A F A A A F A A F A A F A F A F A F A F A F

Arranjo Misturado Arranjo Microzonal em Fileiras

F F F F F F F F F F F F F F A A A A A F F F
F A A A A A A A A A F F F F A A A A A F F F
F A A A A A A A A A F F F F A A A A A F F F
F A A A A A A A A A F F F F A A A A A F F F
F F F F F F F F F F F F F F A A A A A F F F
Arranjo Macrozonal em Bordas Arranjo Macrozonal em Faixas

F - Cultura Florestal A - Cultura Agrícola

Figura - Arranjos Espaciais das Culturas nos SAF (Adaptado de VERGARA, 1981)

FFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF FFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAAAAAAAAA

Arranjo temporal coincidente Arranjo temporal concomitante

FFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF FFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF
AAA AAA AAAAAAAAAAA

Arranjo temporal intermitente Arranjo temporal sobreposto

FFFFFFFFFFFFFF AAAAAAA FFFFFFFFFFFFFFFFFFFFF


AAAAA AAA
Arranjo Temporal Separado AAAAA

Arranjo Temporal Interpolado


F Cultura Florestal
A Cultura Agrícola ou
Animal

Figura - Arranjo Temporal dos Componentes dos SAF (Adaptado de NAIR, 1986)

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64

Principais Sistemas e Práticas Agroflorestais

Quadro - Sistemas e Práticas Agroflorestais mais Utilizados (Adaptado de NAIR, 1986)

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65
Quadro - (continuação)

Sistemas/ Descrição Componente Dinâmica Função Adaptabilidade


Práticas da Árvore Sócio- Agro-Ecológica
Econômica
Sistema Silvipastoril
Árvores em
pastagens
naturais ou
plantadas

Pastejo em
área de
floresta ou de
cultivos
arbóreos

Banco de
proteína

Sistemas Agrissilvipastoris
Jardins
domésticos
com animais

Sistemas
Agrissilvi-
pastoris em
áreas de
florestas ou
de cultivos
arbóreos
Sistemas
Agrissilvi-
pastoris em
áreas
agrícolas

Ar- espécie arbórea; Ag- espécie agrícola; An- espécie animal; E- arranjo espacial; D-
densidade;
T- arranjo temporal; Ee- escala econômica; Nt- nível tecnológico.

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66

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