Sei sulla pagina 1di 6

Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Daniella Berton
Othelo Sabbag Lopes
Valéria Scervenski

O QUE É CAPITAL
Direito / N
Turma A

Curitiba
2011
1

1. INTRODUÇÃO

Enfrentando a complexidade de se definir um conceito ideal para capital, Ladislau


Dowbor concebe a obra “O que é capital” explicitando alguns conceitos econômicos e recheando
suas reflexões com exemplos para que o entendimento das relações capitalistas que tomam parte
em todo o mundo e ignoram fronteiras locais e culturais se faça simples. Leitura obrigatória para
orientar mercadologicamente a visão de todo estudante recém ingressado na vida acadêmica, a obra
supera os limites que o tempo coloca no mundo globalizado e se mantém satisfatoriamente atual
mesmo mais de vinte anos após sua publicação.
2
2

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Formação do capital

O conceito mais próximo de capital é o de riqueza, entretanto, esses não são sinônimos,
pois a riqueza individual não é riqueza para o estado. Por exemplo, você pode vender uma casa pelo
dobro do preço que comprou e enriquecer, mas isso não traz riqueza alguma para a sociedade – nem
ônus, nem bônus. Perante o estado e a sociedade, riqueza é a capacidade de produzir bens e serviços, e
isso só é possível através do processo de produção (PP), formado por três elementos básicos: mão de
obra, matéria prima e equipamentos.
O processo de produção é representado da seguinte maneira pelo autor:

D M P M’ D’

Cc
C
Cf

O dinheiro inicial (D) permite ao indivíduo comprar capital produtivo (M) e tornar-se
capitalista. Para começar o PP, compra-se maquinário (Cf) e matéria prima (Cc, que inclui os gastos
constantes, como energia) e contrata-se mão de obra (T). Feito isso se inicia a produção (P) que
transforma a matéria prima em mercadorias finais (M’), que ao serem vendidas produzem uma quantia “x”
de dinheiro (D’). Partindo desse esquema, temos três possibilidades:

• D’ = D → PP estagnado: permite apenas a subsistência, não produzindo lucro, tampouco perdas;


• D’ < D → PP falido: não permite a compra de Cc e manutenção de Cf para PP posterior;
• D’ > D → PP lucrativo: capitalista obterá lucro (denominado aqui de excedente), podendo expandir
a produção e ter riquezas (bens e serviços).

2.2 Acumulação do capital

Quando há excedente pode-se obter riquezas e ter a reprodução ampliada do capital.


Para o trabalhador aumentar o seu excedente ele trabalha mais horas e recebe o chamado
excedente absoluto. Ou ele se qualifica e trabalha melhor, otimiza sua jornada de trabalho, recebendo o
excedente relativo, a melhor opção também para as empresas.
Os investimentos fundamentais para aumentar o PP são os investimentos nos equipamentos, na
organização e gestão de empresas e principalmente na formação e qualificação de mão de obra. Mas esses últimos
são escassos, pois custam muito caro, e a população na maioria dos casos não poupa, prescínde da acumulação
do excedente e posterior investimento em formação para gastar em bens e serviços de maneira imediatista.
Da mesma forma, é mais rentável e seguro para as empresas investir em infraestrutura do que nos seus
empregados, pelo menos numa primeira abordagem. Assim, mesmo embora sofisticação tecnológica exija operadores
melhores preparados, as corporações, deixando de lado a melhor capacitação de profissionais que poderiam no futuro
frutificar produções mais qualificadas, preferem se apartar da responsabilidade da formação para se expandirem
3

patrimonialmente, e levam essa diretriz às últimas consequências – daí os recentes “surtos” de tecnificação fomentados
pelas grandes empresas, que sentiram a ineficiência logística das máquinas ultrapassando a compreensão dos
funcionários, e resolveram investir em intercâmbios, cursos, seminários e contratação massiva de treinees.
A tarefa da preparação profissional, então, sobra para o governo que, com outras prioridades e
dívidas em mãos, resolve postergar os investimentos e acaba muitas vezes por não fazê-los.

2.3 Quem cria o excedente?

O excedente é a diferença entre o que a sociedade produz e o que ela consome, e é


produzido pelo empregado/trabalhador e apropriado pelo seu empregador/dono do capital. Basicamente a
ideia é a seguinte: o excedente fica com quem não o produz. No esquema de PP, o valor pago ao
trabalhador é menor que o valor da mercadoria final que ele produziu.
De forma sutil, percebe-se uma crítica do autor ao sistema no qual o capitalista justifica sua
apoderação do capital final pela sua coragem em investir no processo produtivo e correr o risco
de não lucrar, quando na verdade sua contribuição única é a de monopolizador do meio.

2.4 A apropriação do excedente

Para haver acúmulo de capital não basta que haja excedente, precisa haver uma poupança para
investimento produtivo. Ilustrando: para que um agricultor possa se dedicar à construção de uma estrada em sua
fazenda, ele precisa ter armazenado alimento para subsistir no período em que estiver longe da plantação.
A complicação é a inconvergência entre as ações individuais e políticas. Palavras do autor:
“como se pode chegar a uma igualdade de investimento e poupança, se as decisões de poupar [...] são
independentes das decisões de investir, tomadas por empresários e pelo governo?”
Daí a apropriação do excedente perpetrada nos movimentos do governo que acabam por
desvalorizar o papel moeda. Subsidiando grandes corporações e colocando mais moeda em circulação
(valor abstrato), o governo concede à sociedade maior poder de consumo quando há no mercado a
mesma quantidade de produtos. Depois disso ou o comércio aumenta seus preços aproveitando da maior
procura – o dinheiro se desvaloriza nas mãos do consumidor e se consuma a inflação –, ou se escasseam
os produtos e o consumidor é obrigado a poupar sua moeda estéril devido à falta de estoque. Assim o
governo realiza sua poupança posterior, ex-post, através das mãos e dinheiro da sociedade. Entre outros meios
de apropriação do excedente também estão o intermédio comercial, com os atravessadores que lucram sobre os
produtores, e o monopólio de ramos produtivos, dificultador da poupança devido a falta de concorrência.

2.5 Concentração e globalização do capital

A produção moderna tendencialmente prefere realizar investimento no capital fixo (maquinário) a


investir em mão de obra (capital circulante). Empresas do mundo todo objetivam o aumento de suas
tecnologias, e as máquinas cada vez mais produzem outras máquinas, sacrificando a sociedade que
progressivamente é somente espectadora do processo. Desse modo a concorrência se restringe, e as
gigantes, capazes de investimentos absurdos, engolem as empresas adjascentes. E quanto mais um país
necessita de investimentos em tecnologia, menos poder econômico ele tem. Assim se explica a polarização
econômica que incide no mundo sem fronteiras da globalização: é o imperialismo dos donos do capital
assombrando os subdesenvolvidos, imersos num círculo vicioso de pobreza.
4

2.6 Globalização e desequilíbrio dinâmico do capital

Para Christian Palloix existem três tipos de internacionalização do capital. A primeira é a


internacionalização do capital-mercadoria (M’), até o século XIX; a segunda, ao fim do século XIX, o predomínio
do capital financeiro (D); e a terceira o capital produtivo, que se inicia juntamente com a II Guerra Mundial.
A fase do capital que vivemos atualmente possibilita que transnacionais americanas e européias se
instalem em países subdesenvolvidos – o que permite que hoje se fale em acumulação mundial do capital.
Acabada a Segunda Guerra, um grupo intitulado Norte, integrado por países industrializados do
ocidente, começou a aumentar os salários dos operários conforme a elevação da produtividade no trabalho,
atitude de dinamização do capital: o operário também consome o que produz, e quanto mais ganha, mais gasta.
Antes de mais nada o capitalista é motivado pela demanda do mercado consumidor. Se o
consumidor for esporádico, não souber nem o que compra, nem o valor de seu dinheiro, o comércio se retrai para
se preservar, seguram-se os investimentos por desconfiança na perspectiva de comercialização e
consequentemente não se fazem encomendas para a indústria. Na sequência os salários diminuem e o consumo
cai em definitivo. Por isso a especulação tem tamanha capacidade de bagunçar a cadeia capitalista e se faz tão
necessária uma capacidade de financiamento que proveja segurança à economia.
O capital se acumula pelos países ricos desde o início do comércio. Japão, Europa Ocidental e
Estados Unidos sempre viveram relações privilegiadas e gozam hoje de uma acumulação primitiva do capital.
Acontece que atualmente as populações dos países desenvolvidos estabilizam seu crescimento
vegetativo, e alteram suas necessidades de consumo. O mundo que passa por uma nova modernização caminha
por outras trilhas produtivas ao passo que os subdesenvolvidos rumam ao abismo da desigualdade social.

2.7 O capital global: novas tendências

O capitalismo evolui rapidamente. Formaram-se então três pólos: o NAFTA, com Estados Unidos,
Canadá e México; a União Européia que unificou a moeda e políticas de imigração e expandiu seus comércios
com países do antigo Leste Europeu; e o Japão, que pretende formar a chamada “zona de prosperidade” com
países vizinhos. Já no resto da Ásia, África e América Latina, impera a miséria da fome e do analfabetismo.
Os países do leste tem se esforçado para aplacar a desigualdade social. Já no Brasil, onde 1% da
população gasta mais do que 85 milhões de pessoas das classes C e D, a desigualdade se reafirma cada vez mais.
É necessidade de todos os países um planejamento central, definidor de estratégias e vocações
econômicas da nação, e um planejamento empresarial que aborde relações intra e interempresariais, o que permite
melhora na organização do sistema de interdependência entre várias empresas – o chamado mercado administrativo.
O mercado funciona em muitas áreas da economia, e entendê-lo está além de apenas ser a favor
ou contra ele. É o mercado que permite às pequenas empresas a competição párea com as grandes
monopolizadoras. Assim sendo, a economia se desloca em blocos.
As políticas salarial, de preços, fiscal, de crédito, de previdências e cambial, com intervenção estatal,
tem o propósito de regular gastos e remuneração dos setores. Estes instrumentos tem o poder de modificar o
mundo de uma forma geral, e este seria um dos motivos pelos quais os países pobres continuam pobres: a
economia mundial se internacionalizou, mas os meios de abordagem da política econômica continuam sendo
nacionalmente restritos. É preciso que os governantes dominem a situação econômica a nível mundial para que
se controle e combata o caos social regional. Mas com o poder dividido na mão de centenas de empresas
transnacionais profissionalmente administradas e aspirantes unicamente ao lucro, o planejamento estatal deve
ser absolutamente eficiente, e a administração democrática deve conciliar consensos políticos e econômicos.
5

3. CONCLUSÃO

A teoria da mais-valia, elaborada por Karl Marx e citada no texto, que consiste na base
do lucro para os capitalistas, marca a origem da desigualdade social ao pagar cada vez menos aos
trabalhadores e incorporar cada vez os excedentes aos cofres capitalistas.
Isto nos faz pensar sobre o problema do abismo social que se desenvolve e se
apresenta cada dia mais irreversível. Enquanto os donos das empresas se enriquecem cada vez
mais, os trabalhadores, subordinados, mal custem o consumo dos produtos que eles mesmos
produzem. O surgimento de novas tecnologias e tendências de consumo, como o autor explora, só
impõe mais distância entre o país rico e o subdesenvolvido na escala social.
A falta de consciência social consente que sociedades mais enriquecidas, afogadas na
ambição de se comprar e lucrar, não se abalem ou comovam com o fato de nações inteiras e
milhões de pessoas por todo o mundo estarem envolvidas pela pobreza. Essa reflexão verte num
sentimento de revolta e mal estar ao conduzir-nos à uma clara impressão de que a racionalidade
humana é encurtada pelo seu potencial de corrupção de ideais e pela sua essência individualista.
As empresas precisam conciliar sua atividade lucrativista com seu potencial e vocação
humanísticos, revertendo renda para atividades do terceiro setor e deixando o bem estar social à
frente da conta bancária na hora de pensar as prioridades.
Na mesma parcela, os governos devem aprimorar seus mecanismos orgânicos para
otimizar a regulação da atividade privada e distribuir da melhor maneira os recursos nos problemas
pacientes, e as sociedades devem atentar para o fato de a miséria não ser unicamente consequência
do sistema econômico, mas também do sistema político, e é aí que devem insurgir os movimentos
de derrubada de ditadura e instauração do poder democrático.
A leitura da obra acende mais uma vez aquele alerta, clichê da discussão econômica, de
que o mundo precisa abrir os olhos para os problemas de hoje e resolvê-los antes que sejam
infindáveis. Como na questão ambiental, o receio que persevera é o de que não despertemos desse
equívoco a tempo de corrigi-lo.

4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

• DOWBOR, Ladislau. “O que é capital”. 9ª edição.


São Paulo: Brasiliense, 1991. ISBN: 85-110-1064-5.

Potrebbero piacerti anche