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O Governo Matricial em Sergipe: Gestão por Resultado para o 

Desenvolvimento Humano 
 
Resumo de texto escrito por  
Gilmar Mendes & Paulo Emílio Carreiro  
 
 
1. Introdução 
 
A  introdução  de  novas  premissas  na  administração  moderna,  sob  a  ótica  de  novos  paradigmas, 
revela  a  falência  da  gestão  tradicional  com  características  mecanicistas  e  refratárias  às  mudanças, 
demonstrando  com  que  força  esses  novos  cenários  estão  causando  impactos  na  maneira  como  as 
empresas  se  organizam  para  o  trabalho  e  para  a  produção.  O  resultado  é  o  surgimento  das 
estruturas  horizontais  e  multifuncionais,  que,  voltadas  para  processos,  com  ênfase  nos  trabalhos 
desenvolvidos  em  grupos  relacionais  e  integrados  pela  tecnologia  da  informação,  estabelecem  a 
nova referência à jornada das empresas para as transformações ensejadas, à busca permanente da 
combinação vital de competitividade, qualidade e produtividade. 
 
No âmbito da administração pública, a crise dos anos 70, que provocou iniciativas de reestruturação 
econômica  e  a  reconfiguração  das  estratégias  empresariais,  introduziu  no  debate  sobre  o  Estado 
contemporâneo,  já  no  início  dos  anos  80,  questões  relativas  às  necessidades  de  incorporação  de 
novos papéis, de abandono de outros e, sobretudo, a exigência de uma nova governança ‐ tanto no 
nível  central  como  nos  níveis  sub‐nacionais  ‐  para  enfrentar  a  crise  e  adequar‐se  aos  novos 
requerimentos.  
Esta crise, em que pese a preponderância da dimensão fiscal (necessidade de realizar o saneamento 
das  finanças  públicas),  coloca  também  em  questionamento  o  modo  tradicional  de  organização  e 
gestão  governamental,  a  partir  do  esgotamento  do  modelo  burocrático  de  administração  pública 
vigente.  Em  particular,  o  desafio  de  promover  o  desenvolvimento  econômico  e  social  sustentável 
impõe  às  administrações  estaduais  a  necessidade  de  repensar  a  questão  da  governança  e  dos 
modelos de gestão, ao mesmo tempo em que vai exigir mecanismos inovadores de relacionamento 
com a sociedade. 
Neste  sentido,  esse  trabalho  se  propõe  a  descrever  o  projeto  de  reforma  administrativa  e 
capacitação  institucional  para  o  Poder  Executivo  do  Estado  de  Sergipe,  que  teve  como  objetivo 
principal o aperfeiçoamento da arquitetura organizacional atual, visando à implantação da estratégia 
governamental recentemente definida.  
Não obstante, o plano estratégico do Governo de Sergipe, em sua formulação, seguiu orientado pelo 
modelo  de  desenvolvimento  sustentável,  que  fundamentou  o  plano  de  governo  e  estabeleceu  as 
diretrizes  que  articula  seus  três  elementos  essenciais  compostos  pelo  desenvolvimento  econômico, 
desenvolvimento social e gestão pública eficaz. 
Essas  novas  premissas  influenciam  na  maneira  como  as  estruturas  governamentais  se  organizam 
para  o  trabalho  e  para  a  produção.  Como  resultado,  surgem  as  estruturas  horizontais  e 
multifuncionais,  voltadas  para  processos,  com  ênfase  nos  trabalhos  desenvolvidos  em  grupos 
relacionais  e  integrados  pela  tecnologia  de  informação.  Estabelece‐se,  desta  forma,  a  nova 
referência  à  jornada  das  organizações  governamentais  para  as  transformações  ensejadas,  à  busca 
permanente da combinação vital do desenvolvimento econômico e social. 
  
Em todos os segmentos do governo, as mudanças de cenário provocam as mesmas perplexidades e 
colocam em pauta a discussão do modelo adequado para gerir e ainda prover os diversos setores de 
investimentos necessários para atendimentos das demandas econômicas e sociais.  
 
Um dos temas mais relevantes na incorporação dessas novas premissas na gestão pública atual está 
relacionado  com  elaboração  e  implementação  de  estratégias  que  possibilitem  os  governos  criarem 
valor continuamente na implementação dos seus planos estratégicos. Trata‐se de delinear o melhor 
caminho  que  o  governo  deve  percorrer  desde  a  elaboração  de  sua  estratégia  até  a  efetiva  e  final 
apropriação dos resultados esperados pela sociedade.  
Dessa  maneira,  o  que  se  objetiva  é  descrever  como  o  estado  pode  ser  estruturado  a  partir  do  seu 
plano  de  governo  que  orienta  e  se  integra  à  formulação  do  planejamento  estratégico  que,  por  sua 
vez,  estabelece  o  elo  do  governo  com  as  demandas  de  desenvolvimento  econômico  e  social.  Assim 
são estabelecidas as bases para implantação do Governo Matricial, que se utiliza estruturas em rede 
como  instrumento  de  implementação  da  estratégia  governamental.  De  forma  mais  ampla  pode‐se 
fazer  referencia  a  uma  arquitetura  organizacional  que  dispõe  de  um  tripé  de  sustentação  da 
organização formado pela estrutura organizacional, pelo sistema de mensuração de resultado e pelo 
sistema  de  remuneração  e  recompensa.  De  forma  semelhante,  a  descentralização  do  sistema  de 
decisões  torna‐se  possível  e  a  gestão  por  resultados  passa  a  ser  o  modelo  de  gestão  adotado  para 
implementar as mudanças. 
 
2. O Modelo de Desenvolvimento do Estado: desenvolvimento com justiça social 
 
O desenvolvimento sustentável de um Estado depende de amplo processo de mudanças, que envolve 
o  cidadão,  o  Estado  e  o  setor  produtivo.  Pressupõe  a  integração  das  soluções  nos  campos  social, 
econômico, político e ambiental. A inclusão social, o crescimento e aumento de competitividade da 
economia, a melhor distribuição dos frutos desse crescimento econômico, a melhoria das condições 
de vida da população são pilares para a construção de um novo padrão de desenvolvimento.  
 
A  construção  de  um  novo  modelo  de  desenvolvimento  voltou‐se  para  desconcentrar  o 
desenvolvimento. Reduzir, de forma progressiva, as desigualdades sociais e as disparidades regionais. 
Abrir  para  todos  os  sergipanos,  de  todas  as  regiões,  novas  oportunidades  para  construção  de  uma 
vida melhor. 
 
Dessa  maneira,  o  desafio  do  Estado  reside  na  sua  capacidade  de  visualizar  o  desenvolvimento 
econômico  e  o  desenvolvimento  social  como  um  conjunto  de  elementos  essenciais,  cuja  sinergia 
conduz ao desenvolvimento sustentável. 
 
Se,  por  um  lado,  a  ação  planejada  e  integrada  do  Estado  permitirá  a  formação  de  uma  economia 
competitiva  que  gere  oportunidades  de  investimentos  e  de  trabalho  e  renda,  por  outro,  será  sua 
obrigação  capacitar  seus  cidadãos  para  operar  em  consonância  com  o  novo  paradigma  técnico 
gerencial da economia moderna, que exige educação geral de bom nível para assegurar racionalidade 
instrumental e capacidade de inovação.  
 
Não  obstante,  o  Estado  deve  voltar  sua  atenção,  simultaneamente,  para  a  parcela  da  população 
excluída e carente de amparo social, o que obriga a adoção de políticas sociais compensatórias.  
 
A  concepção  do  plano  de  governo  parte  desses  pressupostos  para  delinear  o  desenvolvimento 
sustentável como a melhor forma recorrente para o Estado organizar suas ações em busca da eficácia 
e da racionalidade na aplicação dos recursos públicos.  
 
Por  sua  vez,  o  desenvolvimento  social  requer  a  integração  entre  os  setores  do  Estado  que  se 
relacionam  com  o  atendimento  ao  conjunto  de  necessidades  do  indivíduo.  Assim,  as  políticas  que 
nortearão  a  geração  de  trabalho  e  renda,  as  políticas  que  orientarão  a  promoção  dos  direitos 
humanos, da cidadania e do desenvolvimento comunitário e aquelas relacionadas aos segmentos de 
segurança, saúde, educação, saneamento básico e habitação, formarão o conjunto de políticas sociais 
integradas. De modo semelhante, as políticas agrícola, industrial e de educação serão agrupadas para 
formar as políticas integradas de desenvolvimento econômico. 
 
No âmbito do desenvolvimento econômico, a sustentabilidade pressupõe a redução das disparidades 
de  renda  e  dos  desequilíbrios  regionais.  Assim  como  os  novos  mercados  estabelecem  a 
competitividade que seleciona empresas líderes, o Estado deverá tirar proveito da integração de suas 
regiões para sair na frente na competição nacional. Dessa maneira, a concepção dos eixos regionais 
de desenvolvimento, ao levar em consideração demandas e vocações, assim como a observação das 
cadeias produtivas, confere ao Estado os fundamentos para suas ações. 
 
Isso  posto,  estão  reveladas  as  bases  que  suportaram  a  formulação  do  plano  de  governo,  ou  seja,  a 
concepção  do  Estado  uno,  integrado  e  empreendedor,  que  incorpora  os  anseios  da  sociedade  na 
construção do desenvolvimento com justiça social. 
 
3. A Estratégia Governamental. 
O Plano estratégico do Governo de Sergipe, orientado pelo modelo de desenvolvimento sustentável, 
procurou  analisar  os  ambientes  externos  e  internos  afins  ao  Estado,  culminando  na  elaboração  do 
documento intitulado “Gestão Pública Empreendedora Focalizada em Resultados”. 

Esse  plano  teve  como  base  conceitual  o  eixo  central  de  “Desenvolvimento  com  Justiça  Social”, 
ancorado  em  três  pilares  básicos  de  desenvolvimento  sustentável:  desenvolvimento  econômico, 
desenvolvimento social e gestão pública. 

A  partir  dessa  base,  construiu‐se  a  visão  de  futuro  tendo  “Sergipe  como  opção  de  vida” 
(estabelecendo o IDH como principal indicador), ancorada em três opções estratégicas: 
 
• Trabalho e Renda 
• Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável 
• Gestão Pública Empreendedora (Reforma Administrativa do Estado) 
 
A etapa seguinte consistiu na elaboração dos objetivos estratégicos de governo, que por sua vez se 
desdobraram em 34 projetos estruturantes, que representam a carteira de projetos para alcance dos 
indicadores  de  desempenho,  com  vistas  ao  processo  de  mensuração  de  resultados  através  dos 
contratos de gestão. 
 
A  seguir  está  apresentados  o  resumo  do  plano  estratégico  do  estado  com  seus  componentes 
essenciais dispostos em ordem de elaboração que serve, também, ao propósito de compreensão dos 
insumos para a elaboração dos contratos de gestão como ferramenta fundamental de implementação 
da estratégia governamental.  
 
PROJETO ESTRATÉGICO RESUMIDO 
 
VISÃO DE FUTURO 
Sergipe como opção de vida (IDH como meta mobilizadora) 
OPÇÕES ESTRATÉGICAS 
Trabalho e renda  Desenvolvimento sustentável  Gestão empreendedora 
OBJETIVOS ESTRATÉGICOS 
• Cidadãos capacitados para o Trabalho, de forma integrada com o Projeto de Desenvolvimento 
do Estado. 
• Redes de Empreendedores estabelecidas por todo o Estado (empresariamento), integradas 
com as vocações das regiões e as cadeias produtivas. 
• Iniciativa privada integrada com o processo de desenvolvimento, gerando as oportunidades 
para o aproveitamento das capacitações e produtos (bens e serviços) dos empreendedores. 
• Inclusão social sustentada por uma Rede de Amparo Social e Políticas Compensatórias 
Transitórias 
• Atendimento das necessidades básicas do Cidadão de forma integrada e sustentada por uma 
Rede de Infra‐estrutura Social Básica 
• Desconcentração do desenvolvimento do Estado, através dos eixos de desenvolvimento 
regionais, orientados pelas cadeias produtivas e vocações. 
• Melhoria e ampliação da infra‐estrutura econômica do Estado, visando suportar o Programa de 
Desenvolvimento. 
• Sergipe como uma referência em gestão pública, pela prática do empreendedorismo 
focalizado em resultados sustentáveis. 
• Sustentabilidade econômico‐financeira do Programa de Desenvolvimento do Estado, com base 
em soluções inovadoras.Reconhecimento e sustentação do Programa de Governo pela 
Sociedade 
CARTEIRA DE PROGRAMAS ESTRUTURADORES 
Empreendedorismo  Saneamento  Semi‐árido  PRODETUR 
Segurança Alimentar  Saúde Pública  SERGIPETEC  Rodovias 
Desfavelamento  Educação Pública  Aquanegócio  Energia 
Habitação  Segurança Pública  Fruticultura  Gestão Pública 
 
4. A Implementação da Estratégia 
No âmbito da operacionalização do planejamento estratégico reside um dos maiores desafios para a 
gestão pública atual: integrar as diversas partes do governo, de forma a proporcionar as condições 
para desenvolvimento dos objetivos e metas estratégicas estabelecidas no planejamento.  Para tanto 
foi desenvolvido um modelo de gestão governamental denominado Governo Matricial, que se baseia 
em  estruturas  em  rede  para  implantação  de  programas  voltados  para  o  desenvolvimento.  Dessa 
forma, a denominação matricial, segundo Marini & Martins (2004), foi proposta em sentido estrito, 
uma  vez  que  os  elementos  deste  modelo  (metas  de  desenvolvimento,  programas,  organizações  e 
recursos alocados) constituem uma dimensão que se relacionam em diversos pontos, conformando 
uma matriz multidimensional. Ainda, segundo os autores, não se trata de prescrever a implantação 
de  estruturas  organizacionais  matriciais  convencionais.  Trata‐se  de  substituir  a  estrutura 
governamental  predominantemente  mecanicista  por  estruturas  em  rede  com  feições  orgânicas 
voltadas para resultado. 
 
Não há duvidas de que o êxito de qualquer gestão em busca de resultados capazes de gerar valor 
para  a  sociedade  pressupõe  a  utilização  de  uma  estratégia  eficaz,  identificada  e  posta  em  prática 
pela gestão estratégica. Nos governos, a alta administração pode desenvolver suas estratégias por 
meio  de  análises  formais,  de  tentativas  e  erros,  intuição  ou  até  mera  sorte.  Mesmo  quando  os 
gestores admitem que chegaram a estratégias bem‐sucedidas guiados unicamente pela intuição, se 
fizermos  uma  análise  retrospectiva,  encontraremos  uma  lógica  subjacente,  um  conjunto  de 
princípios.  De  qualquer  maneira,  independentemente  da  forma  como  tenha  surgido,  a  estratégia 
deve sustentar o sucesso do governo. 
 
Assim,  o  ponto  de  partida  para  esse  modelo  de  Governo  Matricial  proposto  é  a  formação  de  uma 
estratégia  capaz  de  captar,  tanto  quanto  possível,  as  profundas  transformações  no  entorno  do 
governo  e  que,  sobretudo,  produza  um  planejamento  estratégico  consistente  e  factível.  O  passo 
seguinte será o desenho da organização nas suas arquiteturas organizacional e financeira de forma a 
possibilitar  a  implementação  da  estratégia  desenvolvida  através  de  seus  diversos  projetos 
contemplados.  
 
Operacionalizar a estratégia pressupõe dois movimentos simultâneos: um, em direção ao desenho da 
arquitetura  organizacional  dotada  de  instrumentos  suficientes  para  realizar  os  objetivos  e  metas 
estratégicas  propostas;  o  outro  contempla  uma  arquitetura  financeira  que  provenha  suporte 
econômico‐financeiro a todo o processo de administração estratégica.  O equilíbrio entre esses dois 
movimentos é a chave para o êxito na implementação da estratégia governamental. Esses mesmos 
movimentos  devem,  também,  estar  inseridos  nos  detalhamento  dos  projetos  que  viabilizam  a 
estratégia a ser seguida. 
 
 
4.1 A Concepção das Arquiteturas Organizacional e Financeira 
 
Assim, as mudanças propostas pelo modelo de gestão apresentado foram estruturadas de forma a 
desenvolver  o  estado  a  partir  do  planejamento  estratégico  e  estruturar  as  Arquiteturas 
Organizacional e Financeira.  
 
No âmbito da Arquitetura Organizacional, parte‐se dos objetivos e metas estratégicas para proceder 
com  os  ajustes  dos  processos  formadores  da  cadeia  de  valor  da  organização.  Uma  vez  realizado  o 
ajuste,  ajustados  processos  /  estratégia,  o  desenho  da  estrutura  organizacional  procurou  agrupar 
esses processos de forma a garantir sua melhor interdependência funcional, ao tempo de possibilitar 
a concepção de um sistema de tomada de decisões ágil e eficaz. 
 De forma complementar, a automação e Integração desses processos ‐ utilizando‐se a tecnologia de 
informações ‐ permitiram a utilização ou desenvolvimento de Sistemas de Gestão e sua disposição 
como instrumento imprescindível para a perfeita gestão pública. 
 
Na  seqüência  da  configuração  da  arquitetura  organizacional  está  a  concepção  e  implantação  de 
sistema  de  mensuração  de  resultados  baseado  em  indicadores  originados  dos  objetivos  e  metas 
estratégicas.  Por  fim,  na  formação  última  dos  elementos  essências  ao  desempenho  satisfatório  da 
organização  está  o  desenho  de  uma  política  de  gestão  de  pessoas  sustentada  em  um  sistema  de 
remuneração  e  recompensas  devidamente  atrelado  à  estratégia  governamental  através  dos 
indicadores de desempenho.   
 
Por outro lado, a estruturação da Arquitetura Financeira, consiste em partir dos objetivos e metas 
estratégicas  para  formar:  o  orçamento  do  estadual,  a  estrutura  de  capital  necessária  à 
implementação  dos  projetos  estruturantes,  a  contabilidade  pública,  a  contabilidade  gerencial  e  o 
sistema  de  custos,  além  de  estruturar  os  sistemas  de  administração  financeira  de  curto  e  longo 
prazo. 
 
4.1.1 A arquitetura Organizacional ‐ O Desenho da Estrutura Organizacional do Governo 
 
No âmbito da reestruturação da estrutura organizacional do governo de Sergipe foram estabelecidos 
estudos comparativos dos modelos de organização administrativa dos diversos estados da Federação, 
apresentados  alternativas  de  modelos  organizacionais,  em  versão  preliminar,  para  análise  e 
aprovação.  E  por  fim,  elaborado  o  detalhamento  da  alternativa  escolhida  (modelo  conceitual)  que 
serviu de referência para a elaboração do Projeto de Lei de reforma administrativa a ser encaminhado 
para aprovação da Assembléia Legislativa. 

Processo de Elaboração das Propostas de Reestruturação 
O  processo  de  elaboração  das  alternativas  de  modelos  de  arquitetura  foi  organizado  a  partir  das 
seguintes etapas: 
ƒ Realização  de  entrevistas  com  a  alta  liderança  do  estado  (secretários  e  dirigentes  de 
entidades  vinculadas)  visando  identificar  as  potencialidades  e  limitações  do  modelo 
vigente. 
ƒ Realização  de  entrevistas  com  alguns  dirigentes  de  DAF  visando  identificar  as 
potencialidade e limitações do modelo atual de prestação de serviços administrativos. 
ƒ Identificação do modelo de estrutura atual. 
ƒ Visita a Agencia Goiana de Administração e Negócios Públicos. 
ƒ Elaboração das alternativas. 
ƒ Realização  de  reuniões  com  o  Governador  e  Secretários  para  a  apresentação  das 
alternativas. 
ƒ Decisão do Governador. 
ƒ Apresentação  de  Relatório  Final  (Modelo  Conceitual)  contendo  subsídios  para 
elaboração dos instrumentos legais por parte do governo. 
Adicionalmente  foi  proposta  a  criação  de  uma  Secretaria  Executiva  para  o  Conselho  de 
Desenvolvimento Econômico e Social. 
 
4.1.2  A  arquitetura  financeira  –  Desenho  da  estrutura  ligando  programas  e  organizações  a 
orçamento, finanças e controle. 
 
Essa  parte  do  trabalho  tem  o  objetivo  de  dispor  os  instrumentos  utilizados  para  consecução  de 
planejamento  estratégico,  através  da  estruturação  da  arquitetura  financeira  como  mecanismo 
integrado para impulsionar a criação de valor dentro das organizações estatais e do próprio Estado. 
Os caminhos propostos fazem referência ao fluxo produzido pela dinâmica casual na correlação entre 
a  estratégia  estabelecida  e  a  nova  forma  de  estruturação  organizacional  proposta  pelo  modelo  do 
Governo Matricial. 
 
Ao  desenhar  estrutura  organizacional  do  Estado  em  dois  níveis,  o  primeiro  com  uma  característica 
funcional e o segundo com características transversais e voltado para programas estruturantes ‐ vitais 
para  a  consecução  do  plano  de  governo  ‐  é  gerada  mais  um  desafio  para  operacionalizar  o  plano 
estratégico:  a  alocação  de  recursos  orçamentários  e,  por  conseqüência,  financeiros  aos  grupos 
intersecretariais, que carregam a responsabilidade de gestão dos programas estruturantes.  
 
A solução desse problema não se apresenta fácil, pois não se trata, apenas, do estabelecimento de 
dotações  orçamentárias  e  financeiras,  mas,  sobretudo  implementar  uma  estrutura  orçamentária 
voltada para resultados e considerar o nó aglutinador de atribuições das duas estruturas (funcional e 
transversal)  como  uma  unidade  orçamentária  e  de  gestão  matricial  de  despesas,  ou  seja,  a  ênfase 
centra‐se na estrita observância dos nós estruturais, formadores dos grupos gestores estratégicos e 
operacionais ‐ passam a ser um elemento fundamental na gestão do processo econômico‐financeiro 
de um estado voltado para resultados. 
 
Para tanto, faz‐se necessário introduzir uma distribuição de responsabilidade e poder que permita a 
realização de uma nova concepção na dimensão contratual do orçamento, vale dizer, estabelecer os 
gerentes  de  programas  como  ordenadores  de  despesas  e  contratantes  de  nós  horizontais  da 
estrutura proposta.  
 
A estruturação da Arquitetura Financeira consiste em partir dos objetivos e metas estratégicas para 
formar:  o  orçamento  estadual,  a  estrutura  de  capital  necessária  e  suficiente  para  implantação  dos 
projetos estruturantes, a contabilidade pública, a contabilidade gerencial e o sistema de custos, além 
de estruturar os sistemas de administração financeira de curto e longo prazo. 
 
Os pressupostos para a concepção da Arquitetura Financeira do governo Matricial estão assentados 
na  gestão  estratégica  das  atividades  do  Estado  e  estruturada  através  de  estudos  e  análises  que 
fundamentam  a  elaboração  do  Plano  Plurianual  –  PPA  estabelecido  como  orientação  legal  para  o 
desenvolvimento estadual. 
 
A  Lei  de  Diretrizes  Orçamentárias  (LDO)  e  o  próprio  Orçamento  Anual  são  delineados  e  aprovados 
para vincular e adaptar as linhas mestras estratégicas do PPA para a gestão operacional do ano a que 
se refere o orçamento em foco.  È nessa orientação para gestão operacional, que se encontra o cerne 
da discussão da melhor forma de desenvolver a estruturação do orçamento para conferir eficácia ao 
plano estratégico.  Por sua vez, o processo de formulação do plano estratégico obedece a uma lógica 
que contempla uma rigorosa análise do ambiente externo ao Estado. 
 
O  ambiente  externo  ao  Estado  precisa  ser  devidamente  avaliado  para  que  sejam  percebidas  e 
estimadas  as  forças  e  as  variáveis  macroeconômicas  e  microeconômicas  que  atuam  e  atuarão  na 
região,  de  modo  que  se  possam  prever  as  faixas  de  variação  possíveis  para  o  comportamento  das 
receitas e, conseqüentemente, das despesas. Assim, o desenvolvimento econômico do país influencia 
as  projeções  de  receitas  do  FPE  que  caberão  ao  Estado;  o  desenvolvimento  econômico  estadual 
oferece  as  bases  projetivas  do  ICMS  a  ser  arrecadado.  O  ambiente  externo  também  estabelece  o 
conhecimento das necessidades da infra‐estrutura local e dos projetos sociais urgentes, que têm de 
ser enfrentadas nas áreas de educação, na saúde e na segurança, especialmente. 
 
 
5. Considerações Finais 
 
Este  trabalho  é  produto  dos  fundamentos,  conceitos,  idéias  e  observações  cotidianas  de  vários 
segmentos do Governo do Estado de Sergipe na difícil, porém gratificante, tarefa de transformar as 
estruturas de governos e voltá‐las ao atendimento das estratégias propostas de forma compartilhada 
e  participativa.  E,  sobretudo,  criar um  modelo que,  em  virtude  de  seus  valores,  práticas, e  sucesso, 
tenha um impacto significativo sobre a forma de como governos se desenvolvem e são administrados 
visando atendes aos anseios da sociedade. 
 
A opção de adoção do Governo Matricial provém da conscientização da alta administração do estado 
pela  qual  as  mudanças  não  seriam  possíveis  sem  uma  nova  abordagem  conceitual  que  fugisse  dos 
modelos  já  postos  em  prática,  desgastados  pela  parcialidade  e  temporalidade  dos  resultados 
apresentados, além de um forte componente mecanicista. Para uma transformação desta natureza, o 
entendimento  das  dimensões  das  mudanças  internas  nos  diversos  níveis  do  governo  e  a  visão 
integrada  dos  programas  e  projetos  propostos  em  dois  níveis,  funcional  e  transversal,  consiste  na 
ponte vital entre o governo, os indivíduos e as necessidades da sociedade.  
 
Vale  destacar  que  os  resultados  alcançados  não  serão  perenes  se  não  forem  sustentados  em 
conceitos  sólidos  de  comportamento,  responsabilidade  e  funcionalidade.  Este  é  o  nosso  desafio: 
transpor as barreiras entre o possível e o desejável.  

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