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  O patolÓGICO

O PATOLÓGICO
Centro Acadêmico Adolfo Lutz - Medicina Unicamp - ano mmx - setembro

PATOCULTURAL Extensão
O filme A Onda por Sílvia Veríssimo (XL- Uma tentativa de formação em educação
VIII). e extensão popular por Daniel (Fanta XL-
p. 8 VII).
p.7
2  O patolÓGICO setembro de 2010   O patolÓGICO setembro de 2010 3

SAIU NA MÍDIA
Unicamp formali- Segundo Joaquim José Soares Neto,
presidente do Instituto Nacional de Es-
como a facilidade de recredenciamen-
to. Quanto aos alunos, a maioria é fa-

za adesão ao Sinaes e tudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o


exame envolve entre 800 mil e 1 milhão
vorável, apesar de resistências isola-
das que acreditamos vencer através
de estudantes, o que exige grande in- de um trabalho de esclarecimento”.
alunos da área de saú- vestimento metodológico, tecnológico Como funciona
e em segurança. “A entrada da Unicamp, A nota final do Sinaes é composta
de vão ao Enade por sua dimensão em termos científicos
e culturais, representa um enorme re-
por uma série de instrumentos, como
autoavaliação, avaliação externa, Ena-
[15/7/2010] (do site da UNICAMP)
A participação da Unicamp ao Sina- forço ao nosso sistema, pois podemos de, avaliação dos cursos de graduação
es/Enade foi formalizada no final da tar- levar sua experiência para outras regi- e instrumentos de informação (censo
de desta quinta-feira (15), em cerimônia ões. É um dia histórico para a educação e cadastro). O Conceito Preliminar dos
com representantes da Universidade e superior de um país que dá fortes pas- Cursos de Graduação (CPC) – criado em
do Ministério da Educação (MEC). Antes, sos para se tornar mais presente num 2007 para agregar critérios objetivos de
secretários e coordenadores dos cursos mundo globalizado, sendo que a estru- qualidade e excelência ao processo de
de graduação da área da saúde (medi- turação da inteligência é fundamental avaliação – vai de 1 a 5 e é um indicador
cina, enfermagem, fonoaudiologia, far- neste processo”. prévio da situação dos cursos, valor de-
mácia, nutrição e educação física), de- Nadja Maria Valverde Viana, que pre- pois consolidado com uma visita in loco
finida para o Enade deste ano, tiveram side a Comissão Nacional de Avaliação à instituição.
um dia intenso de trabalho. Eles ouvi- da Educação Superior (Conaes), assegu- O Enade (Exame Nacional de Desem-
ram dos enviados do MEC explicações ra que a avaliação do ensino superior penho de Estudades) tem peso de 40%
detalhadas sobre organização, estrutu- hoje é uma política de Estado (e não de no CPC e afere o rendimento dos alunos
ra e procedimentos relativos ao Sistema governos) e lembra que a Unicamp se- em relação a conteúdos programáticos
Nacional de Avaliação da Educação Su- diou o primeiro seminário para avaliar previstos nas diretrizes curriculares, ha-
perior. a pesquisa de pós-graduação no Brasil, bilidades e competências para sua atu-
O Sinaes se propõe a avaliar a atua- em 1976. “Esta casa, idealizada pelo ge- alização permanente, além de conhe-
ção da instituição de ensino superior nial Zeferino Vaz, representa a qualida- cimentos sobre a realidade brasileira e
(IES) em relação a ensino, pesquisa, ex- de da educação superior no país. Sua mundial. A prova traz 10 questões de

sudoku
tensão, responsabilidade social, desem- participação é um marco na implemen- conhecimentos gerais e 30 questões es-
penho dos alunos, gestão da institui- tação e consolidação do Sinaes”. pecíficas da área de conhecimento do
ção, corpo docente e instalações, entre Claudia Maffini Griboski, da Diretoria aluno, entre discursivas e de múltipla
outros aspectos. A adesão ao sistema de Avaliação e Acesso ao Ensino Supe- escolha.
foi aprovada na reunião da Comissão de rior, atenta que inúmeros docentes da Com peso de 30% no CPC, o Indica-
Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Unicamp já atuam no Sinaes, dentro do dor de Diferença do Desempenho (IDD)
Unicamp de 1º de junho, com base nos banco de avaliadores e das comissões pretende demonstrar quanto o curso
subsídios apresentados por um grupo assessoras de áreas que definem as di- contribuiu para o desenvolvimento das
de trabalho composto por dez docentes retrizes do Enade. “Com certeza, muitos habilidades acadêmicas, das competên-
e que promoveu reuniões por quase um deles estarão pensando as questões do cias profissionais e do conhecimento
ano para debater a questão. próximo exame, que passa a ser elabo- específico do aluno. O IDD é a diferença
Marcelo Knobel, pró-reitor de Gra- rado no próprio Inep e não mais por entre o desempenho médio do aluno e
duação, sustenta que a Unicamp deve empresa contratada. A entrada da Uni- o desempenho médio esperado em seu
participar ativa e construtivamente do versidade permite uma comparabilida- curso. O indicador, portanto, deve re-
sistema, visando ao aprimoramento de com outras instituições de porte e a presentar quanto cada curso se destaca
contínuo do ensino superior no Brasil. possibilidade de elevar os resultados no da média.
“A Universidade vem promovendo a Enade”. Instalações e equipamentos para au-
avaliação em todas as instâncias, bus- Mauricio Etchebehere, coordenador las práticas, recursos didático-pedagó-
cando sempre a excelência. Nada mais do Internato Médico da Faculdade de gicos e a qualidade do corpo docente,
importante do que verificar como vão Ciências Médicas (FCM), afirma que a segundo a percepção do aluno, fazem
nossos cursos para poder aprimorá-los nova direção da unidade, assim como parte dos insumos, que possuem peso
continuamente. Uma condição funda- a anterior, é totalmente favorável à de 30% no CPC. Os dados objetivos in-
mental, prontamente aceita pelo MEC, participação no Sinaes/Enade. “Acha- seridos neste conceito são os percentu-
foi de participarmos de todo o sistema, mos importante porque a avaliação é ais de professores com titulação maior
atuando nas comissões e câmaras. Não reconhecida pelo Conselho Estadual ou igual ao doutorado e daqueles que
se trata simplesmente de submeter nos- de Educação, o que traz consequên- cumprem regime de dedicação integral
sos alunos ao Enade”. cias práticas para o curso de medicina, ou parcial.
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Por que ser contra o ENADE?

7 razões para ser contra:


1. Avaliação RANQUEADORA, que transforma o ensino em mero produto de mercado;
2. Avaliação PUNITIVA, que promove retaliações nas instituições com nota baixa;
3. Avaliação OBRIGATÓRIA;
4. Avaliação RESTRITA ao estudante, desconsiderando outros fatores necessários a serem avaliados;
5. Avaliação IMPOSTA, pois não houve construção pelos diversos segmentos da sociedade;
O governo federal sempre tem in- cesso de avaliação do ensino superior sa análise global e contextualizada, que 6. Avaliação que desrespeita as diversidades regionais;
vestido em tentativas de se avaliar o no Brasil foi traçado para que possa- nossas críticas ao ENADE não são de
desenvolvimento do ensino superior mos entender que independente da le- forma pontual, mas que essa avaliação 7. Avaliação que permite a desresponsabilização do Estado perante a melhoria da educação.
no Brasil. A primeira forma de avalia- genda do partido que está à frente no faz parte de um sistema muito maior de
ção das universidades brasileiras foi o governo, toda avaliação tem uma con- desmonte da Educação Superior e que Dessa maneira, o ENADE promove propôs à mesma. Para se ter idéia do que somos sim!
PAIUB (Programa de Avaliação Institu- cepção de educação superior e de Uni- precisamos travar uma luta tanto contra o ranqueamento das universidades do absurdo que aconteceu, dentre esses Entendemos que a avaliação faz par-
cional das Universidades Brasileiras) versidade defendidas por quem está no o ENADE quanto contra esse desmonte Brasil (o qual somos estritamente con- requisitos, ficava à cargo da UFBA re- te do processo de formação; ela deve se
instituído durante o governo Itamar poder; e se formos comparar esses 16 do sistema público em nosso país. trários), feito a partir dos resultados formular todo o sistema de atenção pri- pautar no projeto político pedagógico
Franco e construído com outras entida- anos (no mínimo) de propostas de ava- Mas como funciona o ENADE? das provas, que servem apenas como mária em saúde de Salvador sem ajuda do curso, por condições estruturais de
des ligadas à comunidade acadêmica, liação, elas não diferem muito entre si. O ENADE é uma prova de fase única, propaganda para o mercado (principal- financeira governamental, para que ensino, pesquisa e extensão (laborató-
tendo como premissa a avaliação inter- Todas fizeram a opção de um modelo nacional, que busca avaliar a formação mente de instituições privadas) e não seus estudantes pudessem ter campo
na e externa; era de adesão voluntária neoliberal de educação superior. Mas o geral, competências profissionais e ha- rios, campos de estágio, preceptoria,
refletem as condições reais pelas quais de estágio nos mesmos; tal aquisição
das universidades. que é isso? Quais as repercussões disso bilidades acadêmicas dos estudantes. salas de aula, equipamentos necessá-
as instituições passam, demonstrando é dever estritamente do Estado, não da
Com a posse do governo Fernando para o nosso ensino? A prova é composta por 10 questões (8 rios para a realização das atividades),
apenas um caráter produtivista do en- universidade. Após intensas manifesta-
Henrique, surge o ENC (Exame Nacio- Há uma intensa desresponsabili- múltipla escolha e 2 discursivas) de for- pelos docente, desenvolvimento de
sino. ções estudantis (entre elas, o BOICOTE)
nal de Cursos), mais conhecido como zação do Estado/governo em manter mação geral e 30 (27 múltipla escolha e atividades, e por avaliar se os estudan-
Além disso, as universidades que es- e da comunidade acadêmica, o gover-
Provão; essa prova era para egressos do uma universidade pública e de quali- 3 discursivas) específicas do curso ava- tes têm a possibilidade de construir um
curso, que eram avaliados de A a E, sen- dade, sendo que o mesmo tem tomado liada, no nosso caso, medicina! Após o tão mais bem colocadas no ranking do no retrocedeu.
ENADE, recebem incentivos financeiros O constante medo de se ter uma nota projeto de sociedade diferente do que
do que os mal avaliados recebiam reta- posições de caráter privatista, tornan- processamento de dados e resultados
do governo federal, enquanto aquelas baixa nessa avaliação faz com que as temos atualmente.
liações e a prova era responsável pelo do o público uma moeda de troca com da prova, é atribuído um conceito para
ranqueamento das universidades; os o privado (mercantilização) e sempre a universidade, que varia de 1 a 5; sen- que tiram uma nota ruim, não recebem universidades e faculdades se prestem Entendemos que o SINAES / ENADE
movimentos sociais (incluindo o movi- buscando as parcerias com as empre- do que as universidades que variam apoio nenhum, apenas retaliações; isso a papéis extremamente autoritários, não é essa avaliação e nossa proposta é
mento estudantil) se juntaram para de- sas privadas, que privam aquilo que é entre 1 e 2 no conceito, são submetidas é uma contradição tremenda, afinal, ameaçando alunos, fazendo reuniões que haja o BOICOTE ao ENADE.
nunciar o caráter punitivo e a estrutura- garantido na constituição, mas que não à readequamento de seus cursos, caso pela lógica da avaliação que seria mini- a portas fechadas para convencê-los e A partir do boicote, poderemos mos-
ção desse exame, que avaliava apenas vemos acontecer de verdade: o acesso não queira ter seu vestibular suspenso. mamente coerente, aquela instituição obrigá-los a fazer a prova, prometendo trar nosso grito de indignação perante
o produto da formação acadêmica, não de toda a população aos direitos bási- Para entender nossas críticas a essa que vai mal é quem deveria receber recompensas, dando presentes, crian- esse tipo de avaliação ineficaz para a
se importando com o processo pela cos, entre eles, a educação. avaliação, devemos entender como já apoio do governo para que possa me- do cursinhos preparatórios, etc; o que sociedade e, como já aconteceu ante-
qual essa formação acontecia. Foi or- Na área da saúde, essa desrespon- explicitamos acima, que nenhuma ava- lhorar seu ensino; é como se um médi- demonstra que essa avaliação, na ver-
ganizado Boicote ao Provão nacional- sabilização se contextualiza na priva- liação é neutra; ou seja, toda forma de riormente com o Provão, deslegitimar
co receitasse o medicamento apenas dade, não avalia nada!
mente, que teve bastante adesão pela tização dos leitos públicos, abrindo a avaliação reproduz aquilo que quem a essa política de privatização e precari-
para as pessoas saudáveis, deixando as Há, também, uma desconsideração
incoerência da proposta de prova. dupla-porta nos hospitais, favorecendo propôs defende. Assim, entendemos zação do ensino superior.
doentes à própria sorte... entre as particularidades regionais so-
A chegada do governo Lula ao poder o atendimento de convênios nos mes- que o ENADE (e o SINAES) funciona BOICOTE!
Exemplos disso podem ser vistos ciais, políticas, econômicas e culturais
cria o SINAES (Sistema Nacional de Ava- mos, criando fundações privadas para como o “Inmetro” da Educação Supe- Pois, ao contrário do que dizem por
liação da Educação Superior), e junta- gerenciar aquilo que é público, ven- rior, ou seja, avalia se a universidade em casos como aquele que ocorreu na entre as diversas regiões brasileiras, já
UFBA (Universidade Federal da Bahia), que a prova é única e nacional, descon- aí, UM BOICOTE INCOMODA MUITO
mente com este projeto vem o ENADE dendo estágios no hospital para estu- está adequada a reproduzir aquilo que
uma instituição extremamente respei- siderando a pluralidade e a diversida- MAIS!
(Exame Nacional de Avaliação de De- dantes de universidades pagas; exem- o sistema precisa, tornando o estudan-
sempenho de Estudantes, avaliação a plos que vêm ocorrendo no Brasil todo te como um consumidor do produto, tada no meio acadêmico, que obteve de do ensino nas diferentes regiões do Marcelo Gustavo Lopes- XLVI
qual os estudantes da UNICAMP serão e que já começaram a acontecer aqui que se orientaria a partir da relação uma nota baixa nessa prova e correu país. Coordenador Regional Sul-2(SP e
submetidos a partir deste ano. na UNICAMP também custo/beneficio do que a universidade o risco de fechar as portas, caso não Para aqueles que dizem que não so- PR) da Direção Executiva Nacional
Esse pequeno histórico sobre o pro- É importante entender, a partir des- oferece. cumprisse os requisitos que o governo mos propositivos, viemos para mostrar dos Estudantes de Medicina
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Exame do cremesp formação: eXTENSÃO popular e educação popular


dois anos para começarmos a sentir as. Ao visitar a Vila Parque Anhumas, e
A avaliação da qualidade do ensino médico ensino e muito menos de propor correções a estas condições de trabalho e não sua formação. O Manter ou mudar? na prática o que teoricamente sempre ouvir relatos de pessoas que se sentem
nas faculdades de medicina do Brasil é de Outra questão importante a ser abordada que queremos dizer com isso é que o estudante discutimos. Como uma população tão favelados mesmo depois de abandonar
extrema importância para a busca da melhoria sobre esse assunto é: o que o estudante egresso de medicina pode aprender a importância de um Eu vi a sigla FCM no cartaz, mas es-
próxima a todo o desenvolvimento téc- os barracos, nos sentimos impelidos a
desse ensino e da possibilidade de formação de que não passar no Exame de Ordem poderá fazer? exame físico completo, uma anamnese detalhada, perava um ou outro aluno de medici-
profissionais capazes de se apropriar de todo o A resposta para essa pergunta é simples! Tornar- a importância dos novos métodos diagnósticos nico-científico pode permanecer tão levar uma reflexão e discussão que faça
na nesse evento. Não imaginava que
conhecimento produzido na área. Buscam-se, se-á um bacharel em medicina! Então, surge e das mais modernas e efetivas formas de marginalizada? Como pode o desen- a diferença. Para eles, e para nós tam-
tantos de vocês estariam interessados
dessa maneira, maneiras de se avaliar essas escolas outra questão: o que o bacharel em medicina tratamento, porém o que vai determinar a volvimento econômico de nossa nação bém.
e os estudantes, objetivando a descoberta de faz? Resposta: Nada! Ou melhor, não poderá utilização desse conhecimento são suas condições nesse tipo de coisa”. Esse foi o comen-
não incluí-los, quando pelas nossas leis, Animadoras também são as partici-
falhas durante o curso e possível correção destas. exercer sua profissão. Esse fato se torna bastante de trabalho: a pressão para o cumprimento de tário de um estudante de outro curso
metas ou um pagamento por produtividade deveriam os mais necessitados rece- pações de pessoas de diferentes cursos
A entidade pioneira na realização e na defesa complicado se analisarmos a questão de que de nossa universidade, no primeiro dia
da instituição de um Exame de Ordem para a existe a possibilidade daqueles que não passarem (como é o dos planos de saúde) irá diminuir o ber prioridade? Como podemos mudar em nossa formação, como relações in-
de formação em educação e extensão
Medicina é o CREMESP (Conselho Regional de no exame, entrar no mercado ilegalmente, criando tempo da consulta, o financiamento da saúde por isso? Pensamos que não seremos nós ternacionais, pedagogia, arquitetura,
parte do Estado vai determinar se o paciente terá popular organizado pelos participantes
Medicina do Estado de São Paulo). Desde o ano uma subcategoria de trabalho e intensificando as os agentes diretos das transformações letras, economia, linguística, ciências
de 2005, essa entidade vem realizando exames relações de exploração e precarização do trabalho acesso aos aparelhos diagnósticos mais modernos do projeto Egbé (quilombolas) e Anhu-
que almejamos, mas sim a própria po- sociais, história e fonoaudiologia. Mui-
terminais não obrigatórios para os estudantes médico. e eficientes e às drogas mais efetivas. mas. Nos últimos anos um grupo de
pulação, que tomando consciência da tas pessoas que em diferentes contex-
de medicina do estado de São Paulo que estão A reserva de mercado é caracterizada como a Concluímos, a partir dessas análises, que a estudantes de nossa faculdade vem se
no último ano do curso. A justificativa daqueles regulação de vagas para a entrada no mercado de questão da proteção da população e da garantia opressão, e aprendendo os meios de tos vêm se incomodando e procurando
preocupando em fazer mais pela socie-
que defendem esse modelo de avaliação e que trabalho de profissionais, visando à manutenção de uma assistência de saúde de qualidade a luta – e é aqui que nós entramos – po- formas de trabalhar por uma sociedade
se propõe a organizá-lo é de que é necessário mesma, perpassa por muito mais problemas e dade do que apenas atendê-la clinica-
salarial daqueles que já estão trabalhando e dem se unir para deixar para trás o lu- mais justa. Juntos, não iremos somen-
proteger a população brasileira dos erros médicos a estabilidade dos mesmos. É uma medida questões sociais do que a capacidade de um mente, sem reflexão e criticidade.
gar de exclusão que nunca deveriam te reproduzir as contradições sociais
e de que é necessário colocar um entrave para a totalmente corporativista (já que os defensores egresso passar em uma prova ou reprovar na Discussões como as dessa formação
abertura indiscriminada de novas escolas médicas mesma. Precisamos nos atentar para esse debate ter ocupado. que nos circundam. Iremos procurar
dessa avaliação são médicos já inseridos no servem para entendermos as contradi-
de baixa qualidade. Ambas as justificativas são mercado de trabalho) que pretendem regular a sobre a organização da assistência em saúde no Felizmente, o projeto Egbé deu fruto entendê-las e propor mudanças, levan-
ções do sistema vigente, percebermos
bastante discutíveis. entrada daqueles que podem e que não podem Brasil ao invés de nos preocuparmos apenas em a muitas novas ideias, inclusive um novo do esse debate à população mais inte-
regular o mercado de trabalho. Questionamo-nos como somos incluídos nelas, e que a
É inegável que o número de erros médicos exercer sua profissão. Além de ser uma medida projeto que já vem se estruturando ressada, que são os próprios oprimidos.
tenha aumentado nos últimos. Devemos, absurdamente corporativa, demonstra um sobre o porquê de os grandes idealizadores dessa mantemos, mesmo quando achamos
desde maio. Trata-se do projeto Anhu- Sejamos formados para isso. Não atra-
entretanto, questionar-nos se esse aumento de verdadeiro descaso com a sociedade, já que a proposta de exame de ordem não se preocuparem que estamos sendo imparciais. Mas va-
erros médicos é causado apenas pelos médicos reserva de mercado visa somente atender aos com o fato de o sistema de saúde do nosso país mas, com os moradores da rua Mos- vés de uma educação hegemônica que
mos além. Temos propostas de fortale-
recém-formados. E aqueles que se formaram há interesses do médico já empregado e não ao estar aos frangalhos e se utilizarem de uma falsa cou. Diferentemente dos quilombolas, mantém a ordem, mas através do am-
cimento de uma educação transforma-
alguns/muitos anos? Como avaliaremos a conduta déficit de profissionais de saúde da população. proteção à sociedade para justificar a existência eles estão a apenas quinze minutos da plo diálogo de todas as esferas interes-
desses profissionais mais velhos? Será que eles não de uma avaliação como a proposta. dora. Uma educação que não vem para
Questionamos a intencionalidade daqueles Unicamp. Esperamos que a facilidade sadas. Estamos interessados
cometem erros no exercício de sua profissão? A que se propõem a organizar essa avaliação, como Agora todos devem estar se perguntando: manter, mas para mudar. Uma educação
de acesso nos ajude a criar um vínculo
culpa das condições de saúde em que se encontra o CREMESP, sobre o que será feito com os dados “Mas e aí, já sabemos que o exame é ruim, mas o interessada na emancipação dos opri- Daniel (Fanta) Montanini XLVII
a sociedade seria decorrente apenas dos médicos estatísticos obtidos a partir da realização da que podemos e devemos fazer?” bem forte, além de ações mais contínu-
midos. Uma educação popular. Acredi-
recém-formados? prova pelos egressos. A experiência nos mostra Bom, para todos aqueles que acham que o
tamos ser a universida-
É inegável, também, que houve um aumento que esses dados são utilizados apenas para se movimento estudantil não tem proposta, é só reler
substancial do número de escolas médicas no fazer um rankeamento das escolas médicas, o texto até aqui e perceber que nossas críticas já de um meio pelo qual
Brasil. Mas afirmar que o exame de ordem seria propagandeando aquelas aos quais os estudantes estão todas embasadas de propostas que temos podemos construir e
um entrave para a abertura indiscriminada de vão bem, e ridicularizando aquelas aos quais a fazer! difundir essa educa-
novas escolas é negar a história, já que há provas os estudantes não passam. A instituição de um Entendemos que o problema da educação ção. Aí entra a exten-
de que isso é amplamente discutível. Estudos Exame de Ordem apenas agravaria o que já vem médica no Brasil é grave e não será resolvido com
mostram que após a implantação do exame da acontecendo com os resultados desse exame
são popular. A partir
uma solução simples e pontual como o Exame de
OAB, o número de escolas de direito quintuplicou proposto pelo CREMESP e ainda tornaria o Ordem. Nós queremos ser avaliados; mas queremos do diálogo, e não da
no Brasil em um período de menos de dez anos. quadro muito mais obscuro, já que ocorreria uma uma avaliação que contribua para a melhoria coerção, pretendemos
O Exame de Ordem é um modelo de avaliação proliferação dos cursinhos preparatórios para o da Escola Médica, que possibilite a avaliação da a produção de algo
limitado, constituindo-se por um prova terminal exame de ordem (algo que já ocorre com relação infra-estrutura, do corpo docente. Uma avaliação novo. Algo que quebra
(no final do curso), aplicado em apenas um às provas de residência). Essa proliferação de que avalie o estudante ao longo da formação e,
momento da formação. Apenas por isso, já fica cursinhos faria com que o estudante focasse sua queremos que essa avaliação não seja meramente
a nossa ingenuidade
claro que essa prova não permite o diagnóstico graduação no aprendizado da prova, deixando rankeadora e punitiva, queremos que ela seja e indiferença frente às
das falhas durante o ensino (que são seis anos de lado a imprescindível formação teórica e um instrumento de diagnostico de deficiências desigualdades sociais,
de curso) e, muito menos, permite a correção prática para uma adequada prática clínica, o que a serem reparadas, permitindo ao estudante e à e nos leva de Barão
dessas falhas. É uma avaliação que não avalia a é um agravante para a piora do estado em que se escola, através de reforço nos investimentos em
encontra o ensino médico no Brasil.
Geraldo a uma favela,
progressão do estudante ao longo do curso, não educação, reparar as deficiências no ensino.
avalia suas habilidades e, por fim, não permite um Surpreende-nos a abordagem feita sobre a simplesmente porque
Exigimos melhores condições de trabalho,
diagnóstico das deficiências ao longo do currículo necessidade de se implantar um Exame de Ordem cargos e salários dos profissionais médicos. precisamos fazer algo,
médico. urgentemente para a proteção da população, Lutamos por uma saúde 100% pública, estatal, e porque temos um
Essa avaliação terminal acaba por provocar que estaria sujeita a riscos de maior adoecimento gratuita e de qualidade para toda a população. plano.
uma desresponsabilização da Escola Médica na devido a erros médicos. Mas, se estão tão Exigimos a abertura de novas escolas e a
preocupados com a proteção da sociedade,
Nossos projetos são
formação do médico, culpabilizando apenas democratização do acesso à universidade, porém
o estudante pelo seu desempenho final na porque não lutam pela melhoria da organização achamos imprescindível que essa expansão seja
instrumentos de tra-
prova, já que não possibilita a avaliação de itens do sistema de saúde? Pela transformação social? feita mantendo (ou ampliando) a qualidade balho para o que acre-
imprescindíveis para uma adequada avaliação Questões como essas vêm a nossa cabeça no do ensino. Por isso, nesse ano, junte-se a nós ditamos. Há um ano, o
de como anda o curso: a infra-estrutura do curso momento em que se utiliza de argumentação à campanha “Não ao Exame de Ordem para projeto Egbé (quilom-
(rede de laboratórios, salas de aula, equipamentos tão falsa como essa. Precisam entender que há Medicina”. Vamos mostrar nossa voz e sermos
diversos problemas no nosso sistema de saúde
bolas) está em ativida-
adequados, etc), os campos de prática (hospitais, ouvidos contra a realização do Exame do CREMESP.
ambulatórios, enfermarias, unidades básicas de que impedem o acesso da população ao mesmo, BOICOTE!!!“Se você não apóia, não faça a prova!” de no Vale do Ribeira. E
saúde), o corpo docente, o currículo médico. A sendo este fato verdadeiramente preocupante. Adaptado da Cartilha sobre Exame do Cremesp como os participantes
responsabilidade de se passar na prova, dessa Outro ponto a ser analisado é que se formos disponível em http://www.denem.org.br/textos/124 cresceram desde en-
maneira, fica por conta apenas do estudante, não mais a fundo veremos que o fator determinante tão. Foram necessários
sendo uma maneira de se diagnosticar falhas no sobre a atuação profissional do médico são suas
8  O patolÓGICO setembro de 2010

Patocultural
“Y vamos por todos”
O provérbio “a união faz a força” é exem- ção globalizada. Dessa maneira, os alunos tratégia: um bom time de rugby. O recém-
plificado rotineiramente em nossas vidas. concordam em vestir um uniforme e criar -eleito presidente da África do Sul preocu-
Entretanto, filmes como “A onda”, de Den- um símbolo para a turma. Entretanto, al- pa-se em aliar o time à população, o que
nis Gansel, e “Invictus”, de Clint Eastwood, guns extrapolam os limites da sala de aula, resultou no fortalecimento de ambos.
enfatizam esse lema de maneiras distintas levando as regras de conduta ali estabele- Nesse sentido, os dois filmes represen-
e surpreendentes. cidas para suas vidas, excluindo os que não tam o poder que um grupo unido pode
O primeiro, baseado em uma história se subordinaram à massa e aterrorizando ter. Entretanto, o primeiro utiliza essa força
real ocorrida na Califórnia em 1967, trata a cidade. Quando o professor Wegner per- de maneira autoritária e egoísta; enquanto
de um jogo sobre autocracia levado tão cebe a gravidade da situação criada, mui- o segundo canaliza essa energia para bons
a sério que passa a confundir-se com a re- tos alunos já não conseguem viver sem o propósitos, gerando conseqüências posi-
alidade. O contexto de competitividade grupo e encontram-se desequilibrados e tivas para toda a nação. Indubitavelmente,
entre os professores de uma escola de en- suscetíveis a cometerem tragédias caso o a música “Waka waka” representou o hino
sino médio incentiva Rainer Wegner a criar movimento “A onda” desaparecesse. de união de torcedores por suas pátrias
uma aula que estimule os alunos a enten- De modo antagônico, “Invictus” conta nesse ano de Copa do Mundo, evocando
der como uma ditadura semelhante à de a trajetória de Nelson Mandela em unir a um sentimento de patriotismo.
Hitler poderia ser abraçada pela popula- população após o fim do apartheid. A es-
Sílvia Veríssimo (XLVIII)

E a convivência com o desgosto não nos deixa amolecer.


Pois digo que a vida não está mole pra quem está duro.
E que a covardia do cotidiano que nos tornar duros.

Quero ser deficiente da aceitação da realidade.


Dizem-me que a vida é dura pra quem é mole
SPASMO!

Se a ereção do dia a dia não me atinge mais

E que não me faça escrever tanta bobagem


Quero uma vida que não precisa de ilusão
Devo buscar a ereção do mau caráter?
Explicassem anatomia uns aos outros.

Mais um que não suportou o sistema.


Talvez eu suma e esconda meu corpo

Quero ser bulinado pelas boas idéias.

Clamando por um pouco de razão.


A quem gosta tanto de ciência
Muito menos para o inferno

E tão pouco de coerência.

Malformado em covardia.
E com meu gélido corpo
Se me matasse agora

Talvez me examinassem

Será mais um frustrado


Mas não será marcante

Henrique Sater (XLV)


Por isso não me mato
Se me matasse agora

Iria para o necrotério

Não daria este gosto


Não iria para o céu

Mais um oprimido

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