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  O patolÓGICO

O PATOLÓGICO
Centro Acadêmico Adolfo Lutz - Medicina Unicamp - ano mmix - MARÇO

A CALOURADA 2009 Ética das relações


entre alunos:
p. 3 a 6 a recepção aos
calouroS e o trote
PROF. ROBERTO TEIXEIRA
p. 4

EXTENSÃO NA
UNICAMP
Conheça alguns projetos de Exten-
são Universitária que acontecem
dentro da nossa Universidade.
» leia mais, p. 8

SAIU NA MÍDIA SPASMO!

PATOCULTURAL
Veja o texto de Mário Pincelli
a respeito do novo álbum do
grupo do U2, “No Line on the
Horizon”
» leia mais, p. 8

INTEGRASAÚDE
3 calouros relatam suas experi-
ências durante o IntegraSaúde,
atividade da semana de calou-
rada 2009.
» leia mais, p. 7 » leia mais, p. 7 » leia mais, p. 6
2  O patolÓGICO MArÇO de 2009

O Balancete da calourada Balancete


FEVEREIRO
Entrada R$ 29.925,00 Saída R$ 23.323,44 Dia Descrição
Débito Crédito
Saldo

Patrocínio R$ 17.282,50 Chopada R$ 7.207,40 Saldo Mês Anterior R$ 35.002,61


02/02/2009 Salário Funcionários R$ 1.585,42 R$ 33.417,19
Kit do Calouro R$ 7.140,00 Churrasco R$ 9.727,40 03/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 90,00 R$ 33.507,19
03/02/2009 Pagamento Contador R$ 1.510,00 R$ 31.997,19
Choppada R$ 810,00 Happy Hour R$ 875,00 04/02/2009 Repasse Reitoria R$ 6.152,61 R$ 38.149,80
Churrasco R$ 4.692,50 Camisetas R$ 3.386,60 06/02/2009 Pagamento de telefone R$ 322,49 R$ 37.827,31
06/02/2009 Agasalho CAAL R$ 23,25 R$ 37.850,56
Outros Gastos R$ 4.003,44 06/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 1.400,00 R$ 39.250,56
06/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 90,00 R$ 39.340,56
06/02/2009 Pagamento Caneca Calourada R$ 160,00 R$ 39.180,56

SALDO TOTAL: R$ 4725,16 06/02/2009 Pagamento Adesivos Calourada R$ 65,00 R$ 39.115,56


06/02/2009 Pagamento Patológico R$ 448,36 R$ 38.667,20
09/02/2009 Pagamento Faixas Calourada R$ 195,00 R$ 38.472,20
10/02/2009 Pagamento Provedor internet R$ 9,90 R$ 38.462,30

AJUSTANDO O FOCO
11/02/2009 Pagamento Xerox R$ 50,85 R$ 38.411,45
especial para todos que se esforçaram tanto para 11/02/2009 Compra tacos de sinuca R$ 60,00 R$ 38.351,45
entrar na melhor Faculdade de Medicina do Brasil, 11/02/2009 Aluguel Randall R$ 400,00 R$ 38.751,45
certo? Certo! Calouros em todos os anos reclamam 11/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 175,00 R$ 38.926,45
de como sofreram agressões morais e físicas nestas
Foca (43 - OMBUDSMAN festas e como ficaram marcados negativamente por
11/02/2009 Gastos Tenda do CAAL R$ 156,20 R$ 38.770,25
12/02/2009 Assinatura Correio Popular R$ 44,90 R$ 38.725,35
elas, certo? Claro! Portanto, os calouros odeiam essas 12/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 1.300,00 R$ 40.025,35
Este texto, assim como os outros desta edição, festas, certo? ERRADO!!! Por favor, peço ao leitor que 12/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 266,67 R$ 40.292,02
mostra a visão de seu autor que, à partir de sua vire rapidamente no final da página 5, na qual estão 12/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 30,00 R$ 40.322,02
experiência dentro desta Faculdade, tenta explicar as os gráficos de avaliação dos calouros da 47 em relação 13/02/2009 Venda de agasalho R$ 90,00 R$ 40.412,02
relações humanas entre os alunos da MED UNICAMP. aos eventos da calourada deste ano. Olhando de 13/02/2009 Pagamento Camisetas Calourada R$ 603,00 R$ 39.809,02
Não que a minha versão seja verdadeira, mas deixo relance, notem como tanto a Choppada quanto o 16/02/2009 Tarifa Conta Corrente R$ 35,00 R$ 39.774,02
claro que ninguém sabe ao certo qual a posição correta, Churrasco são mal avaliados, no entanto, não vejo 16/02/2009 Reembolso Reitoria R$ 1.907,46 R$ 41.681,48
e nem se existe uma. E, como ocorre habitualmente como encontrar outra explicação, mas é absurda 17/02/2009 Aluguel Pena Branca - Calourada R$ 400,00 R$ 41.281,48
nesta coluna, posiciono-me contrariamente à opinião a manipulação das escalas gráficas. Choppada e 17/02/2009 Pagamento Faixas Calourada R$ 78,00 R$ 41.203,48
única da edição d’O Patológico. Não tentarei levantar Churrasco recebem, respectivamente, “baixíssimas” 18/02/2009 Pagamento Camisetas Calourada R$ 987,90 R$ 40.215,58
a questão sobre o que é trote ou em que ponto ele notas 8,9 e 9,1 dos próprios calouros, enquanto
19/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 300,00 R$ 40.515,58

se torna violento, até porque seria a milionésima vez que eventos tão elogiados nesta edição como o
20/02/2009 Pagamento Telefone R$ 44,64 R$ 40.470,94
20/02/2009 Compras Tenda R$ 350,00 R$ 40.120,94
neste periódico. Minha proposta é rebater a maneira IntegraSaúde e a Vivência do CAAL receberam 8,0 e 20/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 2.170,00 R$ 42.290,94
como o trote e a semana da calourada estão sendo 8,3 cada! E é só olhar os jornais de outros anos para ver 20/02/2009 Transferência para a Poupança R$ 300,00 R$ 41.990,94
tratados recentemente. que o padrão se repete, ou seja, essas 2 festas mais a 20/02/2009 Transferência para a Poupança R$ 40,00 R$ 41.950,94
Para início de discussão, quero retomar um extinta Feira de Saúde (ainda não me convenci de sua 20/02/2009 Transferência para a Poupança R$ 40,00 R$ 41.910,94
pensamento já feito em outras edições, sobre o inferioridade sobre o atual evento que a sucedeu...) 25/02/2009 Taxa Extrato Inteligente R$ 3,90 R$ 41.907,04
distanciamento entre Faculdade (entenda-se: alunos) são os eventos melhor avaliados pelos calouros. Ah!, 25/02/2009 Reembolso COBREM R$ 285,00 R$ 41.622,04
e o Centro Acadêmico. Não quero discutir causas nem deixe-se registrado que a avaliação foi feita por 50 25/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 1.500,00 R$ 43.122,04
apontar culpados para este fato, mas parece-me que calouros de maneira ANÔNIMA, ou seja, representa 26/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 155,00 R$ 43.277,04
o CAAL tornou-se uma instituição estranha perante os sua real opinião, sem veteranos ameaçando-os física 26/02/2009 Entrada Kit do Calouro R$ 900,00 R$ 44.177,04

próprios indivíduos por ela representados. Mudanças ou moralmente. Talvez isso seja uma amostra maior 26/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 75,00 R$ 44.252,04
R$ 500,00
são necessárias e, na maioria das vezes, bem-vindas, já do que a “minoria pusilânime (entenda-se: covarde), 26/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 44.752,04
26/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 90,00 R$ 44.842,04
que renovam o modo de pensar ou, se não acontecem rude e desagradável” da 42ª turma que era contra a 26/02/2009 Patrocínio Calourada R$ 100,00 R$ 44.942,04
de fato, pelo menos abrem um novo campo de instauração de 1 festa única durante a semana da 26/02/2009 Gastos Almoço Calourada R$ 250,00 R$ 44.692,04
discussões sobre a situação atualmente vivida. calourada. 26/02/2009 Gastos Almoço Calourada R$ 112,50 R$ 44.579,54
Entretanto, vejo que está havendo um atropelamento Agora, pergunto se são covardes os que se mostram 27/02/2009 Gastos Happy Hour do CAAL R$ 525,00 R$ 44.054,54
entre discussão e mudanças, de modo que as frente a frente para o CAAL, que dão sua opinião sobre 27/02/2009 Repasse Lojinhaal - Agasalhos 45 anos R$ 315,00 R$ 43.739,54
mudanças propostas não são devidamente discutidas um evento que já haviam participado por 5 vezes e 28/02/2009 Gastos Extras R$ 80,00 R$ 43.659,54
nem as discussões estão levando a mudanças efetivas que estão dispostos a discutir sobre o que deveria e o 19/12/2008 Saldo Final do Mês R$ 43.659,54
e benéficas para a boa relação entre os alunos da que não deveria ser feito na semana de calourada na
Medicina. qual eles são 6º ano??? Muito me desagrada dizer isso, Poupança do CAAL R$ 16.799,95

Neste sentido, sendo mais objetivo, entendo que o mas poltrão (sinônimo de pusilânime) é a instituição
Saldo Total do CAAL R$ 60.459,49
CAAL queira discutir novas formas para a calourada, e da qual tive orgulho de participar por 2 anos e hoje,
pressione (talvez de maneira reflexa...) o restante dos infelizmente, denigre publicamente a imagem de uma
alunos a acatar mudanças que não sejam do agrado turma que prestará prova de residência no final deste
de, contrariamente ao que muitos pensam, uma ano, cuja gestão neste mesmo Centro Acadêmico foi

Nota de falecimento
grande parte, senão a maioria. E, assim, é de se esperar tão elogiada em 2006.
que ocorram situações como a fatídica “Carta aberta Talvez seja hora de se fazer uma reflexão diferente,
sobre a calourada 2009”, enviada no dia 2 de março não baseada em como se coibir o trote, mas das causas
à toda Faculdade. Nela, há a clara postura do CAAL a que realmente levaram a essa discussão. Nunca tinha
favor de uma festa única na calourada, como um ponto ouvido falar em trote nas Universidades antes daquele É com pesar que notificamos o falecimento de Diego Eduardo
importante na desvinculação do “trote” com o CAAL calouro da USP ter morrido na piscina. Será que esse é Dainese Martins, estudante de medicina da Unicamp da turma
e, se possível, eliminar o trote violento das melhores o início da preocupação toda? Não querer que isso se XLIII (quinto ano), no dia 27 de fevereiro de 2009.
festas da melhor semana da vida dos recém-chegados repita aqui? Como o Prof. Teixeira disse, o trote não era Enviamos nossos sentimentos à família e aos amigos deste co-
calouros. Alguns pontos do porquê achei esta carta violento há alguns anos, posição reafirmada por vários lega.
precipitada e (porque não?) infeliz: 1) esta festa teria médicos mais velhos formados nesta instituição da

Código de Ética
mais atrações... para quem? Acho sinceramente mais qual faço parte e com os quais tive oportunidade de
atrativa uma festa com cerveja até o final da noite conversar. Foi depois do calouro da 45? Essa discussão
(não até 00:30 hs!) do que com espumas e DJs de funk começou para revermos nossa postura ou para não
carioca; 2) em que momento o órgão representativo deixar que o nome Medicina UNICAMP fosse citado
consultou a opinião da Faculdade sobre a mudança? em reportagens sobre trote?
Ou porque estavam “todos” em férias não seria Tenho em minha percepção que o diferencial Pessoal, a Assembléia Geral para Legitimação do Código de Ética
possível fazer uma Assembléia. Sim, porque substituir realmente importante durante a semana da calourada Único ocorrerá no dia 01 de abril de 2009, quarta feira, no Anfiteatro
2 eventos tão tradicionais quanto a Choppada e o está se perdendo. Não porque não existe mais trote, 1 da Legolândia (FCM) às 18h e 30 min.
Churrasco de calouro NÃO PODE ser por decisão de ou porque existe uma “comissão mala que não deixa
um grupo de pessoas, como também dito em uma Para os calouros da 47, vocês também serão muito bem-vindos
os veteranos brincar com os calouros”. Mas acho que e podem ficar por dentro do assunto e colaborar com o Código da
“reunião informal”; 3) se querem desvincular as festas pela razão de que o foco de tudo, antes nos calouros,
do CAAL, da onde viria o dinheiro para realizá-las? virou-se para outro lado qualquer, que não eles, a Faculdade de vocês através do site: www.caalunicamp.com.br.
A COXOXU seria organizada por 4º, 5º e 6º anistas única razão para a existência de todo esse trabalho Nos Patológicos de dezembro de 2008 e de janeiro de 2009,
em busca de patrocínio durante suas “longas férias e discussão. Neste sentido, cabe uma autocrítica disponíveis no CAAL e no site acima, tem a explicação sobre como
de fim de ano???”; 4) na tentativa de coibir o trote, também a nós, veteranos: em que parte deixamos
como os seguranças saberiam qual prática deveria surgiu e o que é esse Código de Ética elaborado pelos próprios alu-
escapar aqueles 1,1 e 0,9 das notas que receberam nos, além da exposição do próprio Código que ainda não está legiti-
ser considerada violenta e qual seria apenas uma Choppada e Churrasco? Até que ponto estamos
brincadeira integrativa? Ou será que eles teriam listas sendo relapsos e esquecendo alguns calouros e até mado. Por isso, não deixem de ir ate o site e ficar por dentro do que
com vários itens contendo as coisas que poderiam onde divertimo-nos com ou excessivamente através rola em sua faculdade e colaborar com o Código através de criticas e
ou não deixar acontecer nas festas: “– Deixa eu ver: de outros? sugestões pelo email também publicado no site.
cerveja na cabeça pode, mas fazer o calouro beber (à
força?!?!) já é demais!!!”. Não sei a resposta, só sei que continuarei sendo Aguardamos a presença de todos na Assembléia.
sádico e masoquista, um apaixonado pelas tradições Grupo de Estudo de Ética do CAAL.
Bom, mas as festas acabaram ocorrendo. E aí, desta Faculdade e que continuará freqüentando os
como foram? Como nos outros anos, houve trote e eventos mais bem avaliados pelos calouros desta e
inclusive violento, segundo alguns. Estes são, então, de todas as turmas anteriores durante a semana da
eventos repudiados por calouros, já que não fazem calourada. Será que serei o único?
parte “oficialmente” de uma semana integrativa e
  O patolÓGICO MARÇO de 2009 3

A VIVÊNCIA DO CAAL NA SEMANA DE CALOURADa


“Saber ver é sentir o que se olha” tamento, uma legítima agente da mudança. Mais ram diferentes para cada subgrupo. Aproveitamos
- Montaigne uma vez, nos surpreendemos ao ver a garra daque- para falar do contato com as pessoas do assenta-
Durante a formação da Chapa Roda Viva, ao ana- las pessoas, e o quanto a organização e a vontade mento, sobre o que elas nos ensinaram e desperta-
lisar o papel do CAAL como regulador e avaliador de lutar é capaz de fazer. ram em nós.
do nosso curso, destacamos que a extensão univer- Depois de tanto trabalho duro era hora de recar- Enquanto isso, nossa gestão preparava uma mís-
sitária e o contato com outras realidades não são regar as energias. Nada melhor do que um almoço tica. Novamente, para quem ainda não sabe, mís-
plenamente contemplados pelo nosso currículo. de fazenda, daqueles com jeitinho de comida de tica é uma atividade lúdica que tem a intenção de
Mesmo com uma boa inserção na atenção básica avó! Mais uma oportunidade para conversar, discu- sensibilizar as pessoas, passando-lhes uma mensa-
em saúde, não temos oportunidades profícuas de tir um pouco do que vimos durante a manhã, ouvir gem qualquer. Sem dúvidas, foi um dos momentos
conhecer as pessoas e trocar experiências, mais especiais do dia, pudemos despertar
desprovidos do jaleco e do rótulo de estudan- os calouros e fazê-los ver e agir, para se
te de medicina. libertar dos correntes que os prendiam.
Esse contato é tão fundamental para a for- Foi uma experiência emocionante para
mação do médico e do cidadão, que a exten- os que vivenciaram e para aqueles que
são universitária faz parte do famoso pilar uni- organizaram esse momento.
versitário “Ensino, pesquisa e extensão”, e é por A mística possibilitou uma boa con-
acreditar nisso que o nosso centro acadêmico versa sobre sentimentos e simbolismos.
decidiu tomar como prioridade a discussão e Conseguimos criar um ambiente propí-
ação sobre esse tema durante 2009. cio para finalmente discutir o objetivo
A começar pela semana de calourada! A daquilo tudo: o despertar da responsa-
partir das experiências de outros centros aca- bilidade social e a extensão universitária
dêmicos e com a ajuda da CExU (Coordenação como ferramenta de ação.
de Extensão Universitária da DENEM) criamos Cinco temas nortearam nossas ofici-
uma vivência para os calouros. Para quem não nas de discussão: vivência em comunida-
está familiarizado com o termo, vivência em de, educação popular, extensão univer-
comunidade é a experimentação do que uma sitária, movimentos sociais e o papel do
comunidade específica faz em sua rotina, para médico para com a sociedade. Para criar
que a troca de experiências crie no estudan- esse espaço de aprofundamento, con-
te uma identificação e um aprendizado, para tamos com a ajuda de Emille, estudan-
posteriormente utilizar o que sabe para cons- te da UFC e coordenadora de extensão
truir algo com essa comunidade, na forma de universitária da DENEM, e do Dr. Felipe,
extensão universitária ou não. mais conhecido como Bélem, ex-aluno
Fomos a um assentamento em Sumaré e ex-residente de Medicina de Família e
criado em 1985 e que hoje contém mais de Comunidade da UNICAMP.
50 famílias. Contamos com a presença de 67 O dia acabou rápido e deixou uma sen-
calouros, além de membros do CAAL. De iní- sação boa em todos. Posso afirmar que a
cio, todos se apresentaram e falaram um pou- vivência não foi uma aprendizagem ape-
quinho de si, afinal antes de conhecer “o ou- nas para os calouros, mas também para
tro lado”, eles deviam conhecer aqueles com nós da gestão. Em mim, ficou o gosto da
quem passarão boa parte de suas vidas. terra, da luta, da união, da solidariedade,
Depois foram divididos em grupos para da cidadania, e principalmente a sensa-
acompanhar alguma atividade no campo. ção de dever cumprido, porque sei que,
Alguns cavaram covas para plantio, outros por um dia, eu e os demais membros do
colheram quiabo, goiaba, milho... Tudo super- CAAL, plantamos uma semente. Cumpri-
visionado por membros da própria comunida- mos nosso dever. Confirmamos uma vo-
de, para que houvesse a troca de experiências cação. Confirmamos uma vocação.
entre eles e os novos estudantes de medicina.
É doloroso imaginar que aquelas pessoas fa-
zem por horas e horas o trabalho que quase Sarah Barbosa Segalla
nos derrubou de tanto cansaço, calor e dor em me- Gestão Roda Viva
nos de uma hora. Percebemos desde aí que o con- música e, é claro, degustar.
tato era revelador. Com as baterias devidamente carregadas, nos Confira fotos e vídeos da vivência no site do CAAL
Na volta, pudemos ouvir os relatos de Dona Te- dividimos em grupos para falar um pouco do que (caalunicamp.com.br/portal/galeria-de-fotos/156-
resa, uma moradora que ajudou a construir o assen- se passou durante a manhã, já que as atividades fo- vivencia-do-caal-calourada-2009.html)!

Visão de uma das população como daria um avanço qualitati-


vo muito importante na nossa formação pro-
fissional pelo seguinte fato: quando esco-
é muito mais eficiente que os remédios. Por
exemplo, é mais fácil ensinar a população
a lavar as mãos do que tratá-la diversas ve-

protagonistas
lhemos ser médicos, escolhemos cuidar do zes com vermífugo e não curá-la devido à
próximo independentemente de sua classe nova contaminação. A rejeição do paciente
social ou cor, entretanto, fazemos parte de que se traduz em desrespeito, demonstrada
uma minoria, uma elite que desconhece o quando médicos permanecem na sua sala e
Na semana da calourada, fomos convi- modo de vida precário da maioria da po- deixam pacientes esperando horas por uma
dados a passar o dia num assentamento pulação brasileira. Se, durante a faculdade, consulta.
de sem-terras. Nós, calouros, participamos permanecermos isolados dos problemas A UNICAMP é uma universidade pública,
das atividades cotidianas daquelas pessoas: dos mais pobres, aqueles que mais neces- são os impostos pagos pela população bra-
ajudamos no plantio e na colheita, ouvimos sitam de orientação em saúde e de cuida- sileira que permitem a formação médica. É
a história daqueles que iniciaram o proces- dos médicos, por estarem mais expostos à justo e necessário que os alunos se agrupem
so de invasão e que hoje sobrevivem graças doença, quando formos “doutores”, estare- para fazer visitas, identifiquem problemas e
ao que aquela terra lhes oferece. Eles nos mos, muito provavelmente, despreparados. encontrem soluções de acordo com o que
receberam muito bem, comemos a comida Essa realidade pode ser constatada no mau é aprendido na faculdade, numa formação
que prepararam e depois discutimos o que atendimento no SUS destacando-se a rela- mais dinâmica, mais avançada do aluno de
vivenciamos naquele dia. ção médico paciente. Há um impacto cultu- medicina através da extensão comunitária.
Foi um dia muito produtivo ao perceber ral muito forte com a pobreza do paciente, O aluno aprende e aplica o conhecimento.
que aquela população possuia deficiências o médico prescreve medicamentos a que o Alguém precisa iniciar esse trabalho, que
na área da saúde que poderiam ser sanadas paciente, muitas vezes, não possui acesso sejamos nós.
com um pequeno esforço do trabalho em e há uma certa rejeição pelo doente. Isso é
grupo dos estudantes universitários. Essa resultado de um despreparo, porque mui-
extensão comunitária favoreceria tanto à tas vezes uma intervenção na comunidade Priscila de Carvalho - XLVII
4  O patolÓGICO MArÇO de 2009

Ética das relações entre alunos: a recepção aos calouros e o trote


O objetivo deste texto é levantar questões e apresentar dam expectativas de comportamento elevado por parte de real não é a pensada e declarada pelo stabilishment, assim
linhas de reflexão sobre o padrão de convivência entre alu- seus professores, muitas vezes frustradas, em grande parte, como não é a reivindicada pelos alunos, mas a dinâmica re-
nos da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e pelo distanciamento destes, que não identificam individua- lação entre todas as visões e vivências, incluindo os funcio-
possíveis relações deste com a recepção e o trote. Especifica- lidades e particularidades que deveriam ser valorizadas (al- nários, os pacientes etc.), ela já desqualifica a priori o diálogo
mente, visa levantar a cortina do senso comum que impera gumas elogiadas, outras criticadas). Também percebem difi- entre os componentes da comunidade. Os mecanismos de
na abordagem desse tema, base da inércia que se estabele- culdades dos docentes e da própria administração em tomar inclusão dos calouros, que têm início com o trote, desdobra-
ce no “que pensar” e no “que fazer” com relação à presença atitudes coerentes e às vezes drásticas em situações críticas. se tanto em inclusão real e positiva como em constrangi-
da violência, simbólica em geral, mas às vezes física, no coti- Em contrapartida, quantos alunos e residentes já não vi- mentos que se perpetuam, eventualmente, e podem ser
diano da vida dos alunos. ram professores e profissionais de nossos serviços tratarem- considerados casos típicos de assédio moral. Neste sentido,
O que teria o trote a ver com o cotidiano dos alunos? se de maneira violenta? Discussão na frente do paciente o trote pode ser considerado um ritual de passagem, mas
Entendo que as relações humanas são construídas por atos (anestesiado ou não), crítica ao colega ausente, mudança de não para o comportamento e as responsabilidades da socie-
e vivências que compõem um mosaico complexo, no qual conduta desqualificando o colega, bate-boca. Ocorre, tam- dade adulta (que é o que ocorre nas sociedades tradicionais),
as pessoas estão, necessariamente, imersas, sentindo, expe- bém, de alunos se sentirem discriminados por professores mas de inclusão em esquemas paralelos onde o exercício do
rimentando, refletindo, aceitando, recusando, submetendo- e profissionais, sem saberem a quem recorrer ou como lidar poder não é regulado por mecanismos democráticos, pelos
se, enfim, influenciando com seu modo de ser o padrão de com a situação. É notada, também, uma certa tolerância com ideais humanistas ou pela tradição acadêmica.
convivência dos ambientes sociais dos quais participa. Isso relação a profissionais extremamente competentes em sua Se atentarmos para os acontecimentos cada vez mais fre-
se aplica à família, à escola primária, aos grupos de amigos área de atuação técnico-científica que destratam colegas qüentes de violência nas Intermeds e eventos semelhantes,
da adolescência e da adultícia, aos ambientes de trabalho, às ou agem de maneira desrespeitosa com pacientes, como veremos mais um sintoma dessa conexão entre poderes pa-
associações, às igrejas, aos partidos e à vida pública. Portan- se uma coisa (competência) compensasse ou substituísse a ralelos, agora interfaculdades, violência que atinge a todos
to, os padrões de relação social não têm existência natural, outra (ética). Há, inclusive, várias séries famosas de TV cujos mas que tem sempre as mesmas figuras na condução, sub-
autônoma, anterior e independente das pessoas. heróis têm exatamente esse perfil valorizado. jugando pela força da unidade do grupo (gang?) o conjunto
Ao contrário, são padrões cultivados por conjuntos de Com o tempo, essas situações desencantam os alunos de alunos do conjunto das faculdades que, com certeza, não
pessoas e instituições, nos quais prevalece uma determi- e os coloca à mercê de valores que contradizem a “cultura compactuam a princípio com ela. Podemos dizer com am-
nada moral, em geral explícita (institucional, valorizada na- oficial”, pelo menos declarada, de coerência com princípios pla margem de acerto que as faculdades mais violentas nas
quele ambiente), que convive com tensões decorrentes do éticos. Pior, pois de permeio ao padrão moral hegemônico, competições entre alunos são aquelas em que esses esque-
questionamento do status quo e com críticas mais ou me- ampliam-se os espaços de atuação discriminatórios e iní- mas paralelos de poder são mais praticados e tolerados.
nos fundamentadas e legítimas, que buscam influenciar o quos, cultivados por aqueles (alunos, mas também professo- Do que foi dito até aqui, aponto para a necessidade do
padrão de sociabilidade “oficial”, hegemônico. A evolução res e profissionais) que acabam por se sentir à vontade para diálogo franco na comunidade e da crítica aberta aos modos
da humanidade decorre em grande parte dessa dinâmica, de ser no âmbito da FCM. Não há nenhum problema com o
o que a priori lhe confere um sentido histórico legítimo e trote promovido pelos alunos, no sentido de criação de vín-
necessário. É neste sentido que se nega uma base natural “O enfrentamento do culos de amizade e de cultivo de suas tradições. Excessos e
a qualquer padrão de relacionamento humano, embora
(óbvio) haja uma base genética das potencialidades e limi-
constrangimento e da violência exageros podem ocorrer em qualquer evento semelhante,
festas, baladas etc., sem conseqüências posteriores, em cir-
tações do ser humano. nas relações pessoais no âmbito cunstâncias que podem perfeitamente ser resolvidas pelos
Costuma-se considerar o trote uma tradição, querendo- da FCM só será efetivo a partir próprios alunos. O que não se pode aceitar é o trote servindo
se com isso apontar uma natureza social estável em sua for-
ma, conteúdo e objetivos. Aqui já cabe uma discussão, pois de uma vivência ética cotidiana para o estabelecimento de sistemas hierárquicos fundado
em valores antidemocráticos e antiacadêmicos, a partir dos
o trote na FCM até 10 ou 12 anos atrás não tinha as caracte- de cada um e de todos.” quais alguns acabam por controlar um poder ilegítimo au-
rísticas de agressividade e constrangimento que aparecem ferindo ganhos pessoais, esvaziando também poderes con-
desde então. Seria possível aventar muitas hipóteses sobre quistados legitimamente e com árduas lutas pelo conjunto
esse fenômeno, mas não é este o momento de fazê-lo, por capitalizar esse campo de poder paralelo. Desse modo, e se- dos alunos.
questão de espaço. Neste sentido, está sendo claramente guindo as particularidades do modo de ser adolescente em Pensemos em toda a gama de situações que tem que
tentada a consolidação de atitudes antes não toleradas nem transição para a adultícia, convivendo com um ambiente de- ser resolvidas coletivamente pelos alunos: divisão de grupos
desejadas pelo conjunto dos alunos, muito menos pelos do- safiador como o do curso superior de uma faculdade exigen- de rodízio, férias, escalas de plantão, participação nas ligas,
centes. te, visando também a uma colocação no agressivo mercado representação de turma, nas comissões, congregação; a
Costuma-se atribuir ao trote características dos rituais de trabalho das profissões de saúde, o aluno entende que própria estrutura curricular, a avaliação dos cursos e dos do-
de passagem, sempre presentes na história da humanidade. “essa é a realidade”, e “só me basta adaptar-me a ela”, o que centes, a escolha da residência/especialidade, tudo pode ser
Considerando-se esse ponto de vista como relevante para significa abrir mão de princípios longamente cultivados em influenciado a partir de posturas constrangedoras e agressi-
uma abordagem crítica, seria o caso de se perguntar: prol de uma suposta segurança baseada no spirit de corps. vas que vazam para os espaços democráticos ou que atuam
Ritual de passagem do que, para o quê? Onde há ritu- Significa, também, muitas vezes “filiar-se” a um grupo sobre indivíduos que não são do “grupo”.
al de passagem culturalmente estabelecido, quem preside que ele entende que possa trazer-lhe benefícios. Há, desse Em contrapartida, o esvaziamento e a desqualificação do
o ritual e quais seus objetivos? Por que esse ritual deve, na modo, uma especificação dessa cultura discricionária para a papel político dos Centros Acadêmicos e das representações
sociedade contemporânea, em uma Universidade e em uma realidade da vida do aluno da FCM. legítimas dos alunos são, em parte, subproduto de uma via
FCM de tradição solidária, conter constrangimentos e amea- Neste sentido, é interessante conhecer trabalhos recen- não explícita e não-formal de acúmulo e exercício do poder.
ças, se não agressões explícitas? tes que abordam esses temas, como o de Zuin e o editorial Para finalizar, não se coloca a necessidade de se “tomar
Aceitando a premissa de que as relações sociais são da revista da reproduzido nesta edição do Boletim.1 É ne- uma atitude” a partir destas proposições, todas amplamente
construídas, reforçadas ou relegadas pelo conjunto das pes- cessário ter em conta que nossos alunos já conviveram com questionáveis já que refletem apenas minhas idéias e muito
soas que participam da vida social, qual seria a força viva a situações cada vez mais freqüentes no cotidiano dos jovens resumidas sobre a questão posta no início. A única atitude
motivar a ocorrência do trote e sua permanência? Haveria contemporâneos, como a prática do bullying nas escolas, possível neste momento é exatamente discutir o assunto,
outros sentidos no trote praticado atualmente, além das a emergência das gangs e das galeras, entre outros. Esse é, divergir ou concordar com meus pontos de vista, cotejá-los
simples boas-vindas aos calouros, constituída de festas e certamente, um fenômeno que há muito migrou da periferia com outros, ampliar o debate de modo a de fato despirmo-
eventos que favoreçam sua inclusão ao grupo dos veteranos e das classes populares para o centro, tanto com seus com- nos de nossa inércia e eventuais preconceitos na busca de
e os leve ao encontro de novas amizades? Creio que sim. ponentes agressivos e repudiáveis, assim como com seus um espaço mais arejado de convivência.
Com a complexidade das sociedades modernas e de componentes de resistência à violência local e da sociedade Ao se discutir o trote, não se pode olhar aquele instante
suas instituições tradicionais (a Universidade é uma delas), em geral, representada esta pelo movimento hip hop (rou- como evento estanque e desvinculado da vida real e cotidia-
e com a democratização progressiva dos processos sociais, pas, música, dança, grafite), também cultivado por nossos na dos calouros e veteranos, nem da cultura estudantil vi-
aí incluídos o reconhecimento à individualidade e à auto- alunos e nossos filhos. gente no âmbito da FCM. Não se trata de propor seu contro-
nomia, é possível a construção de espaços de relação rela- le ou sua proibição. Trata-se de compreendê-lo como evento
tivamente autônomos aos padrões hegemônicos, inclusive A FCM e o trote sentinela de um padrão de sociabilidade em muitos aspec-
dentro de uma faculdade de ciências médicas. Surgem, as- A Universidade e a FCM não são uma ilha e nossos alunos tos inadequado à convivência acadêmica, especialmente
sim, grupos de interesse e formas de atuação legítimos e co- não estiveram numa redoma até seu ingresso aqui. Os arran- em cursos da área de saúde. A relação com “o outro”, colega,
erentes com os objetivos e fundamentos da faculdade, que jos sociais “de fora” encontram aqui um modo próprio de se professor, profissionais dos serviços, funcionários, pacientes,
eventualmente adquirem algum grau de formalidade, como manifestar, expressando-se em formas e conteúdos pouco a população em geral, é o aprendizado mais fundamental
os Centros Acadêmicos, Atléticas, Ligas etc. Entretanto, sur- evidentes. As vivências trazidas pelos alunos, por exemplo, das profissões de saúde. A existência de um currículo para-
gem também grupos de interesses e formas de atuação que em relação à participação em gangs e na prática do bullying, lelo que contradiz a ideologia humanista tradicional dessas
confrontam ideais e princípios e que, portanto, não seriam podem ter sido de distanciamento, como podem eles ter so- profissões é que não deve ser tolerada.
tolerados ou aceitos caso explicitassem esses interesses e frido constrangimento, mas também alguns podem ter sido Como fazemos questão de enfatizar no Módulo de Éti-
formas de atuação. ativos e beneficiários desses esquemas de poder. ca, o viver ético não é se comportar conforme normas co-
O que se pode constatar é que há (simplificando) dois Voltemos, então, ao trote e à recepção dos alunos. Hoje, nhecidas, por receio das conseqüências de sua transgressão
grandes campos ético-morais em permanente conflito nas claramente, a recepção promovida pela Comissão de Gra- (o contrário também é verdadeiro: não ser ético já que não
sociedades contemporâneas. Um campo filiado à corrente duação (e oficial da FCM) é tratada pelo conjunto dos vete- acontece nada...), comportamento conceituado como hete-
humanista, que milita em prol da dignidade humana, da in- ranos como a recepção “deles” (nossa, oficial, dos docentes, rônomo, motivado de fora para dentro. O viver ético é agir
tegridade, do bem-estar, do convívio, da solidariedade, da “chapa branca”, careta). Entretanto, esse seria o início do de acordo com as próprias convicções, como resultado das
liberdade, da criatividade, da espontaneidade, da preserva- ritual de passagem da adolescência para a adultícia, efeti- próprias reflexões, no exercício do livre-arbítrio, consideran-
ção da vida e outro campo que, sem explicitá-lo, atua por vado durante a permanência do aluno nesta escola. Isso é do a moral vigente, elaborando sua crítica, mas sempre ten-
meio da violência (muitas vezes simbólica), do constrangi- o que a sociedade que nos sustenta espera do curso e de do em conta “o outro” como pessoa inteira e cidadã, ao que
mento, da promoção ou ameaça ao isolamento, do interdito nós. O ritual de passagem é o curso de medicina inteiro, e se conceitua como autonomia.
à comunicação e ao diálogo, da discriminação das diferen- não sua cerimônia inicial. A recepção já apresenta valores e O enfrentamento do constrangimento e da violência nas
ças e das minorias (as frágeis, claro). princípios que deverão ser cultivados e defendidos durante relações pessoais no âmbito da FCM só será efetivo a partir
a graduação, na postura oficial da instituição, mas somente de uma vivência ética cotidiana de cada um e de todos.
Heróis de seriado de TV aponta para o que virá. Prof. Dr. Roberto Teixeira Mendes
Especificamente, no âmbito de uma faculdade, existe E o trote, o que seria? Seria a introdução dos calouros no Coordenador da Comissão de Extensão e Assuntos Comuni-
uma clássica relação de poder, representada pela relação esquema de vivências, valores e princípios próprios dos alu- tários da FCM e membro do Grupo Gestor da Disciplina de Bioé-
professor-aluno. Essa relação é, tradicionalmente, pouco re- nos e a seu modo. Na situação atual, tende-se a apresentar tica e Ética Médica - FCM, Unicamp
fletida e tematizada, o que acaba por recalcar sentimentos essa vivência aos calouros como a escola “real”, não aquela Referência:
e gerar incompreensões/frustrações nos alunos e também idealizada pelos professores e burocratas da escola. Mesmo 1. Marisa P, Sérgio R. Bullying, mais uma epidemia invisível? 2006, Rev.
nos professores. Os alunos, em especial os calouros, guar- que essa concepção tenha uma base de verdade, (a escola Bras. Educ. Med;30(1).
  O patolÓGICO MARÇO de 2009 5

Alutacontraotroteviolento: festas. Senti-me um imbecil por tentar defender estas festas


em detrimento de colegas que estavam traumatizados devido
ao que sofreram, então concluí que se tratava realmente de
meros atrativos distraindo todas as pessoas, essa festa por si
só já ajudaria a evitar o trote e incentivaria a integração com
os alunos da faculdade e da universidade e caso ele ocorresse,

vitórias e derrotas
um absurdo. Apesar de não ter me abalado como eles, decidi seria impedido pelos seguranças, uma vez que os últimos dois
que teria de lutar contra isso e proteger os novos calouros que anos comprovam que tentar coibir o trote violento com nos-
entrariam no ano seguinte. sas próprias mãos é tão eficaz quanto tentar argumentar com
Entrei para a comissão de calourada e para o CAAL, con- essas pessoas que, em nossa faculdade, há trote violento.
Este texto tentará mostrar como vem sendo a briga contra victo da missão de lutar contra o trote violento e resolvi junto Esta idéia foi aprovada pelo CA e pela comissão de calou-
o trote violento dentro da MED UNICAMP e tem por intenção, a outros colegas que faríamos isso por dentro das instituições. rada, porém sumariamente descartada por alguns poucos
além de informar, angariar mais colegas na luta contra uma Assumimos, assim, vários cargos e responsabilidades e tenta- alunos, mas que segundo a tradição da hierarquia e violên-
mentalidade que é dita hegemônica em nossa faculdade, mas mos combater o trote com todas nossas armas. cia impuseram suas vontades obrigando que tudo voltasse a
que tenho certeza que já constrangeu e incitou revolta na Tínhamos propostas e ideais convictos e novos, querí- ser como antes. Falhamos, em não tentar defender essa idéia
mente da maioria de nossa faculdade. amos ser a referência anti-trote para a faculdade toda (prin- com maior energia e tentar levar essa discussão para toda a
Entrei em 2007 na Medicina e na condição de calouro quis cipalmente para os calouros), pois não compreendia o triste faculdade, talvez até com uma consulta em assembléia, mas o
participar de todos os momentos da maneira mais intensa pos- fato da Atlética e Centro Acadêmico, em 2007, terem omitido fato é que durante as férias, a gestão andou ausente em certos
sível. Fui à chopada e ao churrasco, organizados pela comissão suas identificações (as camisetas de suas instituições) nas fes- momentos e não foi capaz de resistir à pressão desse reduzi-
de calourada da 44ª turma e inicialmente gostei bastante. tas, por receio de ter seus próprios membros sendo vistos pe- do grupo que a partir de então comandou praticamente tudo
A princípio, imaginei que todos os trotes que ocorriam eram los calouros e pelo resto da faculdade dando trote . Em 2008 que ia e que não ia acontecer nas festas.
apenas uma maneira de conhecer e interagir com a faculdade mudamos radicalmente a postura, sendo que os integrantes Vale ressaltar a imensa luta travada por alguns integrantes
como escutamos insistentemente por aí. Mas, sejamos claros: do CA e da Comissão de Calourada usaram a famigerada bata da comissão de calourada que tentaram e conseguiram em al-
durante as duas festas fui agredido fisicamente (tapas e chu- azul que os identificava como organizadores do evento e guns momentos algumas evoluções na calourada 2009 mes-
tes) e psicologicamente (humilhação, coerção, assédio moral). mo na ausência do CAAL. Foi um erro estratégico acreditar
No entanto, crendo no discurso de alguns veteranos, imaginei que alunos do segundo ano conseguiriam resistir por muito
que se trataria apenas de uma semana atípica e que depois
disso seria encarado como um aluno da MED UNICAMP igual “Entrei para a comissão de tempo à pressão de anos posteriores e implantar um revolu-
cionário esquema de festa como se desenhava.
a qualquer outro, tendo conhecido várias pessoas nos trotes e calourada e para o CAAL, Voltamos, então, à estaca zero, teríamos que organizar as
que estaria cheio de novos colegas.
Infelizmente, estava errado e fui percebendo que apenas convicto da missão de lutar duas festas problemáticas de sempre, e a gestão se negou em
assumir a organização de tais eventos. Foi criado um docu-
uma minoria absoluta lembrava ao menos meu nome e que na contra o trote violento” mento que elencaria uma equipe de organizadores para estes
verdade o trote não passou de um momento de violência pura eventos retirando qualquer responsabilidade do CA, nova-
e simples para a maioria das pessoas. Em momentos posterio- mente fomos arrebatados por criticas ferozes de uma peque-
res, ao cumprimentar alguns dos veteranos, que praticaram os como referência para calouros, coibindo o trote. Contratamos na quantidade de alunos e devido ao caráter democrático do
mais pesados trotes, percebi que eles simplesmente faziam de ônibus que levaram e buscaram os novatos das festas(em di- CAAL voltamos atrás novamente (votação com diferença de
conta que não me conheciam, me ignoravam. Obviamente, há ferentes horários), diferentemente do que ocorria (o ônibus só 1 voto dentro da gestão) e assinamos como um dos organi-
exceções: pessoas que praticam o trote e acabam virando seu levava as pessoas para as festas, inclusive sem passar pela FCM zadores do evento juntamente com estudantes de cada ano
colega mesmo. o que obrigava muitos calouros a irem para as festas mesmo que compõe a comissão anti trote da faculdade. Porém, acre-
Durante os treinos e nas atividades do Centro Acadêmico, contra a vontade). ditamos que para o ano que vem o CAAL não deve formar e nem
nunca presenciei a violência que havia nas festas e nesses fiz Lutamos, retiramos a mesa de frutas que além do des- apoiar a COXOXU(Comissão Chopada e Churrasco), mantendo
vários colegas. Mas comecei a perceber que talvez não tivesse perdício era usada como arma sendo arremessada contra os uma semana de calourada apenas com eventos dignos, tanto
valido a pena ter participado tão ativamente das festas da ca- calouros, fiscalizamos durante toda festa, arrumamos muita para a reputação de nosso Centro Acadêmico como consideran-
lourada, e tive essa certeza quando surgiu o fato de um aluno confusão impedindo alguns trotes, mas não conseguimos do a dignidade humana. Foi também divulgada uma carta para
da minha turma, 45ª, ter abandonado o curso devido ao trau- evitar todos eles e infelizmente tivemos calouros chorando e toda a faculdade explicando a postura do CAAL como exigido por
ma causado nos trotes. Fiquei revoltado: como pode alguém traumatizados novamente. Tivemos muitas batas azuis rasga- alguns, poucos, alunos do sexto ano. Esta carta foi muito elogia-
desistir de um sonho tão arduamente perseguido, devido à das e queimadas durante a festa, o que ajudou a desviar o foco da por muitas pessoas da faculdade, bem como pela direção da
atitude de futuros médicos que não tem a mínima sensibili- dos trotes e concentrar a violência de algumas pessoas contra FCM. E, só para esclarecer, as críticas ao 6° ano contidas na carta
dade e bom senso. o CAAL. Conseguimos assim abrandar muito o trote violento, servem a uma minoria pusilânime que estraga o nome da turma
Para aumentar minha revolta, houve uma conversa entre mas evitá-lo foi impossível. e da MED UNICAMP se dizendo representantes de tal.
minha turma e a direção da faculdade sobre o trote. Todos Avaliamos que houve uma evolução, mas que ainda tínha- Apesar do grande esforço da comissão de calourada, que
sabíamos o que iria acontecer e os veteranos também. Não mos muito a fazer e o fizemos. Para 2009, pensamos em novas manteve a postura do ano anterior em relação às festas, os trotes
consigo expressar o tamanho do meu arrependimento: fui posturas para a calourada, uma delas a vivência do CAAL para ocorreram novamente e, em alguns casos, de maneira até mais
aconselhado (pressionado) por veteranos a esconder tudo os calouros que foi imensamente proveitosa e uma única festa violenta que ano passado.
que aconteceu nas festas, era para dizer que gostamos e que maior e mais bem organizada. Este modelo foi tomado como Não acho que devamos impedir o acontecimento destes
foi tranqüilo; que o caso do ex-companheiro de turma foi um última tentativa do CA continuar organizando essa (s) festa (s), eventos, mas temos obrigação de esclarecer para todos os alunos
caso isolado, pois as festas foram uma maravilha. Ensaiamos ele teria o caráter de uma festa grande, tendo como respon- o que ocorre nele, abrindo, assim, a possibilidade de quem real-
discursos e na hora da reunião, estava tudo dentro dos con- sável pelo evento uma empresa especializada em festas uni- mente quiser, sadicamente ou masoquistamente, se submeter
formes, achava até que a diretoria da faculdade estava sendo versitárias que traria sua equipe de segurança própria e tam- ou aplicar estes trotes vá para estes eventos, ciente do que ocorre
convencida. bém especializada em eventos universitários. Teríamos muitos neles.
Porém num surto de consciência ou desespero, uma das atrativos que divertiriam muito os presentes e deixaria o trote Portanto convido desde já pessoas que queiram ajudar nesta
nossas colegas desabou a chorar e contou tudo o que ocorreu em segundo plano: Tobogã com espuma, trio elétrico, Mc de luta a mandarem idéias, críticas e sugestões para quem sabe um
com ela durante as festas. A partir daí, foi uma comoção geral, Funk carioca com dançarinas,... Teríamos várias possibilidades dia consigamos acabar com esta triste realidade.
ouvi várias pessoas com voz embargada, inclusive a própria e tudo se pautava em: como seria uma festa “normal”, fora dos Gines Villarinho, estudante do 3º ano
direção da faculdade, abrindo o jogo de tudo que ocorre nas moldes anteriores, teríamos seguranças “normais” e teria inú- da Medicina Unicamp

os grÁFICOS DA SEMANA DE CALOURADA


AVALIAÇÃO DAS FESTAS , SEGUNDO OS CALOUROS* AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES , SEGUNDO OS CALOUROS*

dados obtidos em avaliação anônima feita por 50 integrantes da turma 47


o integra saÚDE 2009
6  O patolÓGICO MArÇO de 2009

Nesta edição d’O Patológico, trazemos alguns textos elaborados por calouros da 47 que avaliam o Integra Saúde, evento
realizado no dia 27 de fevereiro durante a programação da semana de recepção dos calouros.
Impress ões de um ca- Este calouro que vos fala tem a perfeita noção de que são
procedimentos assaz simples e que ainda quase nada pu-
dermos fazer com os dados obtidos, fossem eles bons ou
errado...
Satisfeitos com o dia e achando que iríamos embo-
ra, os cinco integrantes da XLVII fomos convidados a

louro: Integra Saúde


ruins. O fato é que tais atividades nos motivaram e permi- participar de um grupo de apoio existente no CS para
tiram que meros calouros exercessem um pouquinho do tabagistas que seria realizado em instantes. Mesmo ine-
médico que há dentro de nós, nem tanto pela parte téc- xistindo qualquer fumante entre nós, fomos conferir. Re-
nica executada, mas pelo contato com os pacientes que conhecendo e sendo reconhecido por algumas pessoas
se entregavam da mesma forma como se estivessem na do grupo que foram por nós atendidas ao longo do dia
Como mais novo membro da família MED UNICAMP presença de ilustres doutores. Seja explicando para uma (ótima sensação!), tivemos contato com as dificuldades
fui incumbido de registrar para O Patológico as ativida- senhora de 60 anos a importância do uso do preservativo com que aquelas pessoas se deparam ao tentar abando-
des realizadas e as impressões obtidas do nosso 1º even- com o marido, seja deixando-se beliscar por uma garota nar o vício, com algumas estratégias da equipe médica
to fora dos muros da Unicamp: o Integra Saúde 2009. obesa de 11 anos para que em troca ela fizesse o exa- para motivar os tabagistas a mudarem de atitude e a im-
O grupo do qual fiz parte se dirigiu para o Centro de me de glicemia, foi uma experiência muito válida. Entre pagável gratidão dos (ex)fumantes para com o médico
Saúde (CS) na Nova América, no distrito sul de Campinas. filmagens e entrevistas para televisões locais (sim!ainda que criou e permanece fiel ao grupo.
Nossa equipe composta por 5 calouros de medicina e 6 ficamos famosos) ouvi relatos de veteranos sobre a Feira Mas como nem tudo são flores, senti falta da integra-
veteranos de cursos diversos iniciou o dia junto à popu- da Saúde em anos anteriores e pude constatar um up- ção com calouros de outras áreas da saúde, já que no CS
lação local participando de uma série de exercícios pro- grade significativo: diferentemente dos outros eventos, visitado havia 1º anistas somente da medicina. Sei que
postos por uma prática corporal chinesa não tão conhe- em que se limitava a realizar exames de triagem de uma não é culpa de ninguém o número pequeno de calou-
cida, o Lian Gong. A princípio achei a ginástica matinal população aleatória e não dar continuidade ao trabalho, ros representantes de outros cursos, mas pensando no
meio devagar quase parando, mas depois de conversar neste ano as fichas elaboradas com as informações dos objetivo proposto de integrar os profissionais da área da
com algumas senhoras de seus 50, 60 anos (público ma- pacientes serão utilizadas posteriormente. Isto porque a saúde e descobrir a função e importância de cada um,
joritário do evento) e escutar como suas dores diminu- população atendida é a mesma que já freqüenta o CS vi- penso que nesse sentido não houve progresso. Espero
íram ou como o desempenho sexual melhorara desde sitado e, sendo conhecida, ela realmente terá um acom- que outros grupos em outros CS tenham obtido êxito
que aderiram à atividade, mudei de idéia. panhamento pós Integra Saúde. nesse quesito.
Tratando-se de um CS pequeno, a solução para aten- Quando findo o movimento nas barracas, acom- Por fim gostaria de agradecer em nome de todos os
der a população foi montar barracas na calçada. Dadas as panhamos o trabalho de agentes contra a dengue em calouros à comissão organizadora que perdeu sua últi-
devidas explicações, nós calouros fizemos um rodízio em visitas às casas no bairro em busca de focos do bendi- ma sexta-feira de férias (e também muitos outros dias na
cada barraca, sempre supervisionados por veteranos ou to aedes aegipty. Nos surpreendemos ao notar que a organização) por essa atividade que proporcionou uma
membros da equipe do CS de modo que todos tivemos maioria dos visitados sabia de cabo a rabo o que fazer e agradabilíssima experiência para mim e acredito que
contato com os temas abordados e procedimentos re- o que não fazer acerca do mosquitinho, mas infelizmen- para muitos outros leõezinhos da XLVII (até agora não
alizados. Entre outras coisas, a equipe forneceu orienta- te a distância entre teoria é prática é maior do que eu encontrei ninguém que não tivesse elogiado o evento).
ções sobre nutrição, métodos contraceptivos, cuidados imaginava. Resultado: encontramos alguns verdadeiros
odontológicos bem como realizamos algumas medidas
antropométricas, de índice glicêmico e pressão arterial.
criadouros de larvas e constatamos a paciência de Jó dos Rafael Mobral XLVII
agentes em explicar pela milésima vez que aquilo estava

Integra Saúde: o des- Não resta dúvida de que a vida universitária será mais
enriquecida, a universidade mais dinâmica e os alunos
mais pró-ativos e, se estes eventos tiverem ainda como
vida, partilhar valores familiares e sociais, trocar idéias
sobre a profissão escolhida bem como sobre a realidade
vivida naquele momento.

pertar da consciência
foco o atendimento das necessidades da comunidade, Tudo foi muito interessante, pois apesar de sermos to-
os benefícios da integração extrapolarão os muros da dos universitários de uma universidade pública, portanto
universidade e se espalharão pela sociedade. Assim, os um pequeno grupo no mundo universitário, as diferen-
alunos que estão cursando uma universidade pública ças não se restringiam somente aos cursos escolhidos,
podem de certa forma retribuir este beneficio. às diferenças entre calouros e veteranos, mas aos valo-
Um dos muitos motivos pelos quais a UNICAMP sem- Na ultima sexta-feira (27 de fevereiro) pude ter a res individuais, a educação formal, a origem geográfica,
pre esteve no topo de minhas preferências, reside no oportunidade de participar de uma destas experiências enfim formávamos um conjunto de pessoas com idéias,
fato de não apenas ser umas das melhores universidades integrativas. Durante o “INTEGRA SAÚDE”, evento que ideais e pensamentos distintos o que propiciou-me uma
do Brasil, mas também pelas possibilidades de instigar reuniu alunos da medicina, fonoaudiologia, farmácia, experiência enriquecedora e despertou-me a necessida-
os alunos a ter um contato maior com a realidade e de enfermagem e educação física, tive a chance de ter um de de participar de outros eventos integrativos.
propiciar um intercambio maior entre as diversas áreas primeiro contato com alunos desses cursos, calouros e E, como acredito que é a partir do choque das di-
de ensino, principalmente aquelas que são mais afins. veteranos. Neste evento participamos de atividades de ferenças que nasce a compreensão mútua; e que pela
O campus de Campinas conta com a vantagem de saúde em um Posto de Atendimento do SUS, Orozimbo união é que se conseguem as realizações e que estas
concentrar a maioria dos cursos ofertados pela univer- Maia. Experiência com resultados extremamente positi- trazem benefícios tanto para a vida universitária como
sidade fazendo com que a chance de uma maior inte- vos, não só para um calouro como eu, mas também para para a comunidade, essa oportunidade oferecida pela
gração entre os universitários seja uma enriquecedora, os pacientes que foram atendidos. O contato com parte realização conjunta entre os Centros Acadêmicos foi gra-
instigante e desafiadora experiência. da realidade foi também muito importante uma vez que tificante, enriquecedora e proveitosa.
No entanto, este potencial somente pode ser reali- desperta em nós um espírito de solidariedade para com Agradeço pela oportunidade e espero que esse ex-
zado em sua plenitude se, de um lado houver estímulos a população carente. celente começo seja apenas reflexo do que será os meus
por parte da Universidade, das representações dos alu- Do ponto de vista da integração com os demais par- próximos 6 anos na UNICAMP.
nos e por outro, se os universitários se dispuseram a ter ticipantes, apesar de termos vivido esta experiência por
uma efetiva participação nos eventos que contem com
esta proposta integrativa.
apenas um dia, houve tempo suficiente para que pudés- Luis Mingué XLVII
semos nos conhecer, dividir algumas experiências de

Integra Saúde 2009 Em seguida, praticamos uma série de exercícios


de alongamento, ensinados por um de nossos futuros
Professores de Educação Física; algo que teve a partici-
pação de muitos profissionais do Centro.
amenizar “danos”- Traduzindo... tratam-se de peque-
nos estojos, contendo seringas descartáveis, camisi-
nhas, copo-medida para diluição de substâncias. Pelo
que ouvimos ainda, esses kits são muito criticados
Enfim mais uma batalha vencida! A primeira de Mas enfim, a melhor parte começou então! Iniciou- por serem considerados incentivadores do consumo
muitas, é claro! E assim se inicia o primeiro ano da tur- se o rodízio de calouros entre a Enfermaria, entre os de drogas - algo que, nitidamente, não é o propósito
ma XLVII da MED UNICAMP!Neste início de vida uni- consultórios de Pediatria, Clínica, Ginecologia e Odon- do centro, já que este visa diminuir transmissões de
versitária, nós, calouros, nos deparamos com diversas tologia. doenças, possíveis de ocorrer durante uso de drogas
atividades e programações que nos fizeram deparar Pudemos assistir a consultas, participar do conta- injetáveis.
com realidades que sempre se mostraram tão distan- to médico-paciente, algo que despertou ainda mais É, realmente foi uma experiência incrível! Tivemos
tes de nossas vidas. Dentre essas diversas programa- vocações, sonhos, a certeza da escolha mais que certa o primeiro contato com o SUS, com a Medicina Sanita-
ções, na sexta feira, dia 27, participamos do evento (sentimentos esses que posso dizer por mim apenas, rista que me mostrou a importância da integração das
Integra Saúde. mas que com certeza devem ser de grande parte dos Universidades com a Saúde Pública, com a prestação
Com intuito de integrar calouros dos cursos da calouros). Presenciamos ainda doenças, dores, proble- de serviços ao público brasileiro (integração essa, que
área da saúde, Medicina, Enfermagem, Farmácia, Fo- mas, carências e principalmente, a simplicidade dessa pelas informações nos dadas no Centro, deixa bem a
noaudiologia e Educação Física, fomos divididos em população. desejar). Não posso esquecer ainda, que certamente
grupos destinados a diferentes Centros de Saúde de Além disso,algo que deve ser registrado é a forte esta experiência nos contradisse muitas imagens que
Campinas. Meu grupo, especificamente, passou o dia dedicação deste Centro à Medicina Preventiva. Por ser tínhamos sobre o SUS. Pela infra-estrutura do centro,
no Centro de Saúde de Itatinga, bairro conhecido por um bairro de forte prostituição, um bairro que também pelos profissionais que nele participam, pela assistên-
ser grande centro de prostituição da região. mostra a presença de dependentes químicos, a instru- cia dada à população pudemos notar que não se trata
No início da manhã, fomos convidados a participar ção acerca de métodos preventivos contra DSTs, Aids, de um sistema precário, ineficiente, mas um sistema
de uma atividade corporal que consistia na prática de etc, mostra-se bastante presente. Vale lembrar, que carente de verbas, de investimentos, que vem tentan-
Lian Gong, uma novidade nesses Centros de Saúde. logo na entrada do centro há uma barraquinha com do, como no Centro de Itatinga, realizar uma medicina
Como pudemos notar, e analisar as informações que vários panfletos, cartazes, informações sobre as DSTs, preventiva mais eficiente, tirando o foco da Medicina
nos foram dadas pelos profissionais do Centro, esta métodos de prevenção, etc - informações essas, que Brasileira de patologias e doenças; sendo muito mais
prática chinesa, envolvendo ao mesmo tempo a filo- são transmitidas à população por profissionais já inte- uma medicina que trata da saúde como um todo,da
sofia oriental e o exercício corpóreo vem conseguin- grados no bairro, próximos aos moradores do mesmo prevenção, do bem estar, da vida saudável de sua po-
do grandes progressos na saúde da população local (o que facilita a integração entre a população local e o pulação.
- principalmente entre os idosos praticantes a melhora Centro de Saúde). Há ainda, certos “kits” que procuram Ana Beatriz Barbosa Torino XLVII
foi significativa!
  O patolÓGICO MARÇO de 2009 7

Saiu na mÍDIA
DITABRANDA?! tos outros muitos desmandos e violações do Estado de Direito.
Li no editorial da Folha de hoje que isso consta entre “as chama-
das ditabrandas – caso do Brasil entre 1964 e 1985” (sic). Termo
instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou
níveis baixos de violência política e institucional.

D
este que jamais havia visto ser usado. A partir de que ponto uma “Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos ter-
o EDITORIAL DA FOLHA DE S.PAULO de “ditabranda”, um neologismo detestável e inverídico, vira o que ríveis da repressão de “ditabranda’? Quando se trata de violação
17.02.2009: “Outra diferença em relação ao refe- de fato é? Quantos mortos, quantos desaparecidos e quantos de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um
rendo de 2007 é que Chávez, agora vitorioso, não expatriados são necessários para uma “ditabranda” ser chamada e de todos, sem comparar “importâncias” e estatísticas. Pelo mes-
está disposto a reapresentar a consulta popular. de ditadura? O que acontece com este jornal? É a “novilíngua”? mo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escra-
Agiria desse modo apenas em caso de nova derrota. Tamanha vidão no Brasil foi “doce” se comparada com a de outros países,
margem de arbítrio para manipular as regras do jogo é típica porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a sen-
de regimes autoritários compelidos a satisfazer o público do- zala – que horror!” MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES,
méstico, e o externo, com certo nível de competição eleitoral. professora da Faculdade de Educação da USP (São Paulo, SP)
Mas, se as chamadas “ditabrandas” – caso do Brasil
entre 1964 e 1985 – partiam de uma ruptura institucional “O leitor Sérgio Pinheiro Lopes tem carradas de razão. O autor
e depois preservavam ou instituíam formas controladas do vergonhoso editorial de 17 de fevereiro, bem como o diretor
de disputa política e acesso à Justiça –, o novo autorita- que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de joelhos em
rismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade
Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo,
e os controles democráticos por dentro, paulatinamente. menos com o respeito devido à pessoa humana.” FÁBIO KONDER
COMPARATO, professor universitário aposentado e advogado
CARTAS DE PROTESTO E RESPOSTAS DA REDAÇÃO EM 19 e (São Paulo, SP)
20.02.2009 :
“Golpe de Estado dado por militares derrubando um gover- Nota da Redação da Folha - A Folha respeita a opinião de leito-
no eleito democraticamente, cassação de representantes eleitos Lamentável, mas profundamente lamentável mesmo, especial- res que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime
pelo povo, fechamento do Congresso, cancelamento de eleições, mente para quem viveu e enterrou seus mortos naqueles anos militar brasileiro e publica algumas dessas manifestações acima.
cassação e exílio de professores universitários, suspensão do ins- de chumbo. É um tapa na cara da história da nação e uma vergo- Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas
tituto do habeas corpus, tortura e morte de dezenas, quiçá de nha para este diário.” SERGIO PINHEIRO LOPES (São Paulo, SP) que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda,
centenas, de opositores que não se opunham ao regime pelas como aquela ainda vigente em Cuba, sua “indignação” é obviamen-
armas (Vladimir Herzog, Manuel Fiel Filho, por exemplo) e tan- Nota da Redação da Folha- Na comparação com outros regimes te cínica e mentirosa.

Ditadura ou ditamole?!
N
o meu primeiro ano como estudante de Medicina aluno do DCE, que era veterano do IFCH e que costumava professores, mas foi expulso do Departamento de Medici-
na Unicamp, tudo era MARAVILHOSO, mas tive- tomar aquele ônibus conosco, mas que naquele dia não es- na Preventiva e Social e precisou atuar dentro da Pneumo.
mos sobressaltos e sustos, que agora parecem fa- tava presente. Está aposentado. Isto dentro da universidade cujo reitor na
zer parte de lendas. Na época tiraram nosso sono Esta foi a pequena experiência que tive da ditadura, época era Zeferino Vaz, de quem se diz que nunca permitiu
e matariam nossos pais de preocupação, se eles soubessem além de apanhar da polícia no governo Maluf durante uma que a polícia invadisse o campus, o que parece que é ver-
(eles não sabem até hoje). greve, nos primeiros anos depois da abertura. dade se for levado ao pé da letra, ou seja, presença física
No final do primeiro semestre, num fim de tarde chu- O relato é pequeno, mas ficamos apavorados, porque da polícia da ditadura dentro do campus parece que não
voso e frio, o ônibus da “Ensatur” que deveria nos levar de sabíamos que era perfeitamente possível que um, dois ou houve mesmo. Mas houve intervenções.
volta à cidade foi parado assim que saiu da universidade Foram escritos vários livros sobre o assunto, alguns co-
e desviado pela polícia para a delegacia, ali na Andrade
“ Muitos morreram sem saber a moventes, outros assustadores, nenhum mentiroso (leiam
Neves. Era o ano de 1977, a ditadura estava começando a razão. Muitos foram heróis“ por exemplo Batismo de Sangue). Houve muita tortura e
“amolecer”, mas ainda era dura. mais de morte, aplicada a pessoas que atuaram na resistência. Ou
Chegamos assustados, muitas meninas chorando (na- nós “desaparecesse” sem deixar vestígios, com um destino que não atuaram na resistência, mas eram homônimas ou
quela época, não havia celular, não tínhamos para quem muitas vezes pior que a morte, porque envolvia tortura físi- vizinhas das pessoas procuradas, ou estavam no lugar er-
ligar). Todos fomos “fichados” e colocados numa sala sem ca e psicológica e, caso o sujeito sobrevivesse, estaria com rado na hora errada. Muitos morreram sem saber a razão.
bancos e sem banheiro, com um vento gelado entrando a vida destruída para sempre, como aconteceu com tantos Muitos foram heróis. Muitos carregam até hoje a tristeza da
pela janela alta. Foi ficando cada vez mais frio. Pala madru- conhecidos e amigos nossos e de nossos pais. delação sob tortura. Ditadura ou Ditamole?
gada, 2 ou 3 horas da manhã, fomos dispensados. Ninguém Dentro da FCM houve intervenções. Leiam o histórico VERA LÚCIA SALERNO, residência em Med. Prev
nos explicou o que fomos fazer na delegacia, porque fica- do Departamento de Medicina Preventiva e Social. Acho e Social unicamp, mestrado em Saúde Ambiental - USP, fun-
mos sem comer, sem poder ir ao banheiro, sem agasalhos, que posso afirmar que o professor Tobar guarda mágoa
cionária técnica do Departamento de Medicina Preventiva,
numa sala fria. Achamos que a polícia procurava por um até hoje do que aconteceu. Ele foi um dos nossos grandes
área de saúde comunitária.

SPASMO!
Trocando as mãos pelos pés não podem chegar até aonde sonhamos, os sa- Mas não é que até a crise mundial assolou o
patos o podem. A montanha foi a Maomé, e os mundo dos calçados? Não inventaram ainda os
das palavras sertanejas a fonte de suas exclama-
ções sobre o mundo, de poéticas a políticas, de
sapatos chegaram a alguns centímetros de Bush calçados blindados! Esse calo, os podólogos não senis a infantis. Admira-me muito um profundo
“You cannot find peace avoiding life” Jr. Imperceptíveis são as asas das vestes dos pés! podem resolver. E os apelos de Lula em sua “Ode conhecedor da arte calçadística não ter patente-
Virginia Woolf Mas mira afiada, isso só é adquirido com o tem- ao Consumo”? Talvez algumas cócegas nos pés ado a idéia estreada no alvo mais desejado do
Findam-se as férias. Novos e velhos aconteci- po, anos de experiência! O tiro no alvo? O acer- mais “saidinhos” às compras. Acho que a “jogada mundo. Sr. Alves tem um “pensamento arbóreo”,
mentos se entrelaçam. Reencontros e encontros to? São exigências em demasia, oriundas de um de marketing” ideológica mundial, perpetrada a sombra de um pé de castanhola, plantada por
primogênitos. Coisas passadas e pensamentos mundo em que até a indignação é medida em por um jornalista, dê novos horizontes a um que si, faz pequenos consertos e grandes reflexões
futuros se misturam nas estórias que contamos tabelas de eficiência e “repercutibilidade”. na atualidade se demonstra tenebroso. Aos meus sobre a vida. Tentarei fazer o mesmo, não ignorar
e nos contamos. E o presente? Onde posso en- Altas novidades amigos de a vida. O título que minha grande amiga Thais
contrá-lo senão nos rodapés da TV, a uma velo- sobre o mundo cal- Franca, de- usou em seu texto, no Pato de fevereiro, deu-me
cidade superior a da luz, da luz de meu entendi- çadístico. Parece que “ a cabeça pensa onde os pés pisam, sejo dias a idéia de se criar uma pergunta: a cabeça pensa
mento! É de uma das notícias destas férias, que cientistas alemães, e age onde os sapatos alcançam ?“ m e l h o r e s onde os pés pisam, e age onde os sapatos alcan-
teço o corpo deste texto. Mais do que de um fato, pesquisadores ergo- e sorte no çam? Talvez em um mundo em que as palavras
o texto possui consonância com uma promessa nométricos, haviam basquete! sejam subnotadas, talvez eu e Sr. Alves percamos
feita a mim mesmo, a de me tornar uma pessoa criado um calçado que é perfeitamente acopla- Outra questão que me inquieta é a seguin- a chance de sermos ouvidos e a segunda parte
mais, digamos “em dia” com os dias que se pas- do ao formato dos pés do dono, e acreditem, te: tudo bem, as pessoas descem dos tamancos, da pergunta se torne um axioma.
sam, e se possível, procurar recantos, “descansos pode até respeitar uma exigência fisiológica dos observam o espaço, fixam o foco de revolta, diri- Finalizo com um “causo de família”: um dia,
na loucura”, para refletir sobre os transcorridos. pés, sobretudo dos pés infantis, a do crescimen- gem o calçado para sua nova localização estraté- meu tio, nascido em berço destoante ao do tipo
Essa coluna de reflexão, a prometida, versará so- to. Um calçado que além de confortável, cres- gica, uma das mãos, preparam, apontam e adeus narrado no Hino Nacional, disse-me que ganhou
bre a mais nova e versátil função atribuída a um ce junto com os pés! Ouço aplausos? Observo alpercatas? Eu acho que sou mais tradicionalista. seu primeiro calçado aos 18 anos. Uma botina ao
velho conhecido dos pés: os calçados. num canto da sala, um grupo entre cochichos: Faria como o Sr. Alves. Não conhecem o dito- trabalho e aos passeios destinada. Fiquei pen-
Nem os candidatos do American Inventors afirmam o potencial repressivo desta invenção. cujo? Pessoalmente eu também não, mas queria sando: a maturidade, que a poucos ainda resta,
pensariam em alguma coisa tão genial e tão sin- Como repressivo, se pés e calçados crescem “a muito ter visitado-o quando estive em Fortaleza, anda ultimamente nas páginas dos jornais, vo-
gela. Quem diria, um sapato ser a mais nova ban- par e passo”? Uai, se o diálogo entre pés e sapatos na ocasião de um congresso da DENEM nestas ando pelos ares. Entre palavras e calçados, esco-
deira de contestação e repúdio ao conformismo for tão eficiente assim, quem os tirará dos pés? E férias, se tivesse passado pela Av. Engenheiro lho as primeiras, precisam ser polidas, mas não
generalizado. A ação de jogar sapatos, um insul- o sapato como arma de protesto? Uma idéia de Santana Jr., próximo ao viaduto que atravessa a engraxadas.
to gravíssimo no Oriente Médio, disse mais do sucesso já nasceria caduca. Ciências Naturais e Av. Santos Dumont, no bairro de Papicu. Sr. Alves
que muitas manifestações juntas. Se nossos pés Sociais urgem um diálogo, de pés juntos. é um sapateiro-artista e faz dos muros vazios e Fabrício Costa (Bambu) XLV
8  O patolÓGICO MArÇO de 2009

PROGRAMAS DE EXTENSÃO NA UNICAMP


V
junto a movimentos sociais suprapartidários na mobiliza- cesso de incubação envolvendo 11 grupos para a forma-
ocê sabia que existem muitos projetos de Exten- ção das pessoas ao conhecimento do que ocorre com a ção de cooperativas populares, num prazo de 24 meses
são Universitária dentro de nossa Universidade? molecada. (2003 a 2004).
Nessa edição, damos informações a respeito de Nenhum integrante do Mano a Mano entra sabendo Hoje tem como objetivo: Fomentar o movimento de
alguns deles: o que fazer. Todos que entram fazem um caminhar pro- economia solidária. Para isso é necessário desenvolver a
gressivo para entender os princípios e procedimentos, só nossa noção de economia solidária: autogestão, autono-
Programa Comunidades Quilombolas depois realizando as atividades de rua. Realizamos um tra- mia de organização dos trabalhadores e trabalhadoras,
balho horizontal de equipe, respeitando as diferenças de cultura do associativismo.
É um programa de extensão universitária gerido por cada um (ou melhor, se valendo das diferenças de cada A ITCP é um projeto de extensão que objetiva articu-
estudantes, professores e funcionários de forma horizon- um!). Por fim, fica o convite para vocês participarem do lar o conhecimento acadêmico e o conhecimento popular
tal e realizamos projetos em conjunto e com ativa partici- nosso trabalho, como voluntário/militante ou bolsista- produzido fora dos muros da Universidade, na busca por
pação de comunidades quilombolas do Vale do rio Ribeira trabalho. Venham conversar com a gente! um saber válido e a serviço da transformação social.
de Iguape, SP. São articuladas equipes multidisciplinares Contato: manoamanomam@yahoo.com.br Para entrar em contato temos o site http://www.itcp.
para realizarem projetos nas seguintes grandes áreas: cul- unicamp.br/, ou pode-se pessoalmente conhecer a sede
tura, inclusão digital, sistemas de fabricação e comerciali- Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares do coletivo numa sala no prédio da Pró Reitoria de Exten-
zação, educação e turismo. Estamos abertos para todos, são e assuntos Comunitários (PREAC) onde durante todo
de ingressantes a formados, funcionários e professores, horário comercial há pessoas trabalhando e prontas para
que tenham interesse em construir um espaço na UNI- conversar sobre o projeto.
CAMP de extensão com estas comunidades e com o Vale
do Ribeira. VENHA NOS CONHECER, apresentação do PCQ:
11 de março, às 17h (local a confirmar) Rua 06 de Agosto, Educação e Autonomia – Processos Educati-
151 (próx. à Reitoria) Tel: 3521 2149 / quilombolas@reito- vos no Acampamento Elizabeth Teixeira
ria.unicamp.br / www.preac.unicamp.br/quilombolas
O projeto ‘’Educação e Autonomia – Processos Educa-
MANO a MANO tivos no Acampamento Elizabeth Teixeira’’ foi aceito pela
PREAC em setembro de 2008. Surgiu a partir do trabalho
É um grupo interdisciplinar de arte-educadores, majo- realizado por um grupo de estudantes e ex-estudantes da
ritariamente formado por universitários da Unicamp, que Unicamp que atuava junto ao setor de educação do acam-
trabalha na realização de atividades com meninos e meni- pamento Elizabeth Teixeira do MST, localizado em Limeira.
nas de rua na cidade de Campinas. Atua ininterruptamen- No final de 2007 o acampamento fora alvo de uma deso-
te há mais de 11 anos, tendo amadurecido e complexifi- cupação violenta. A reocupação, organizada poucos dias
cado seu trabalho, que consiste, basicamente, na criação depois pelo próprio MST e forças apoiadoras possibilitou
de uma convivência lúdico-pedagógica entre arte-educa- A Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares o primeiro contato desses estudantes com os acampados.
dores e meninos e meninas de rua no espaço onde eles (ITCP) da Unicamp é um Programa de Extensão Universitá- O projeto surge a partir da demanda por alfabetização
circulam, no centro da cidade, com o intuito de confrontar ria - criada pela resolução do Gabinete do Reitor (GR) 086 de adultos e crianças e se utiliza do método de educação
estigmas e delimitações sociais e políticas que isolam tais em 28 de agosto de 2001 - e está vinculada à Pró-Reitoria popular inspirado na obra de Paulo Freire. Tem por obje-
indivíduos da possibilidade de se verem como protago- de Extensão e Assuntos Comunitários (PREAC).Desde sua tivo fortalecer o debate e a reflexão sobre a realidade do
nistas legítimos de suas vidas. Violência policial, estigmas fundação faz parte da Rede Universitária de Incubadoras trabalhador rural, propiciando maior autonomia dos edu-
de ladrão e viciado, falta de oportunidades de emprego de Cooperativas Populares e tem como objetivo contribuir candos através da formação de monitores/ educadores do
e de sociabilidade e outros tantos elementos corroboram para o desenvolvimento da Economia Solidária, a partir da próprio acampamento para, posteriormente, realizarem
para a cristalização de uma auto-imagem que os impele formação de grupos autogestionário e/ou cooperativas práticas educativas de ensino e aprendizagem com crian-
para um “ver-se à parte” da sociedade difícil de romper. populares.A ITCP Unicamp foi formada a partir da necessi- ças jovens e adultos da localidade.
Para romper tal cristalização, o Mano a Mano tem por dade de acompanhamento técnico e educacional de gru- O projeto se baseia em seis frentes de atuação: 1) Al-
imperativo o contato direto com tais meninos (as), crian- pos de trabalhadores que fariam parte de um Programa fabetização cm 20 jovens e adultos; 2) EJA – Educação de
do os vínculos que fazem a todos nós, manos e manos, de Geração de Trabalho e Renda da Prefeitura Municipal Jovens e Adultos de 1a a 4a série; 3) Apoio escolar de con-
revisarmos nossas visões de mundo e amadurecermos de Campinas, somada a iniciativa de um grupo de alunos teúdo do ensino fundamental; 4) Apoio escolar de conte-
quanto ao que é estar dentro ou fora da sociedade, o que e professores que tinham como objetivo fortalecer o elo údo do ensino médio; 5) Práticas sócio-educativas com
é estereótipo social que interfere na auto-imagem e no entre pesquisa e ensino por meio de um projeto de exten- aproximadamente 60 crianças; 6) Formação de monitores
poder decisório dos meninos etc. Como o Mano a Mano são. Assim, em janeiro de 2002, foi firmada uma parceria do acampamento para atuarem em práticas educativas.
não quer a via unilateral da extensão universitária, traba- com a Prefeitura Municipal de Campinas, cujo objetivo era Para além do projeto de educação também é importante a
lha em vista de uma diversificada rede de atendimento, in- oferecer cursos de capacitação a 8 grupos, visando criar participação de estudantes de outras áreas, princialmente
tervindo de modo prático junto às políticas públicas que cooperativas. Esses cursos tiveram duração de 6 meses e, da área da saúde, parta contribuir para a necessidade do
interferem diretamente na vida da meninada, por meio da ao final de 2002, foi assinado um convênio com a Prefeitu- acampamento.

Patocultural
participação de reuniões e fóruns, assim como trabalha ra Municipal de Campinas que desencadeou em um pro-

U2 – No Line on the Horizon mesmo tempo, gostoso de se ouvir. Toda-


via, escutando atenciosamente cada uma
inigualáveis de The Edge (notável em Mag-
nificent), com o discreto, mas cativante bai-
o álbum, em minha opinião, as que mais
recomendo serem escutadas são Magni-
das músicas, é notável que em mais de 30 xo de Adam Clayton, com as batidas fortes ficent, que além do belo trabalho de The
Formado em 1976 por 4 alunos de uma anos de carreira o U2 ainda consiga, da e marcantes de Larry Mullen Jr, e com a voz Edge com a guitarra, nos leva aos tempos
escola em Dublin, na Irlanda, o U2 comple- mesma forma, criar maneiras de cativar, já reconhecida de longe do Bono, que jun- do álbum “Boy”; Unknown Caller, minha
ta seu 33º ano de existência com o lança- preferida, se utilizam da técnica de cantar
mento de seu 12º álbum: “No Line on the em coro, não utilizada há alguns anos, com
Horizon”(NLOTH). Para a crítica nacional, um mistura de sons a lá “Achtung Baby”
realizadora de críticas apressadas e com e que nenhuma outra banda consegue
prazos de entrega extremamente curtos, realizar atualmente; I’ll go crazy if I don’t
ou o álbum deixou a desejar, ou o mesmo go crazy tonight, a mais parecida com
é a maior inovação da banda desde o lan- os últimos dois álbuns do U2, e que tem
çamento do “Achtung Baby” em 1991. Para grande chance de fazer muito sucesso.
um fã, e isso eu falo por mim apenas, uma As demais faixas, No Line on the Horizon,
vez que cada um possui sua opinião e gos- Moment of Surrender, Get on your Boots,
to, o U2 não simplesmente inovou nesse White as Snow, Stand up Comedy, Brea-
álbum, mas sim renovou. the, FEZ-Being Born, e Cedars of Lebanon
Cada música de NLOTH parece se en- compõem, cada uma, um ritmo diferente,
caixar perfeitamente em algum dos álbuns que varia do rock, ao punk, passando por
antigos da banda. Brian Eno e Danny Lanois um “rock country” antigo e chegando até
voltaram a produzir as músicas em conjun- mesmo em um hino político mais recitado
to com Bono, Edge, Adam e Larry, levando do que cantado.
qualquer fã a relembrar de épocas como Dessa forma, o U2 após 5 anos de espe-
as escutadas nos álbuns “Boy” (1979), “The ra, deixou de lado parte de suas melodias
Joshua Tree” (1987), “Achtung baby” (1991), doces e voltou as suas raízes, criando hits
dentre outros mais recentes. alegrar e ao mesmo tempo fazer cada um tos, mais uma vez, fizeram de NLOTH uma marcantes e inesquecíveis, que transpor-
A primeira impressão, ouvindo “Get on refletir um pouco (como em Cedars of Le- obra para não ser esquecida tão cedo en- tam qualquer um para locais nunca vistos
your Boots”, seria de que o U2 teria inovado banon, em que o caráter político da banda tre os fãs e admiradores do estilo musical antes, para locais onde não se vê nenhuma
em demasia, criando ritmos sobrepostos, é resumido em um hino sobre inimigos). E único do U2. linha no horizonte.
de mudança repentina, anárquica, mas ao tudo isso com a mistura de rifs de guitarra Dentre as 11 músicas que compõem Mário Pincelli - XLV

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