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Mulher & Trabalho

Estudos sobre o trabalho feminino têm chamado a atenção pela crescente incorporação das
mulheres ao mercado de trabalho e pelas características dessa inserção. Um olhar atento nas
estatísticas sobre o tema revela que, não obstante o aumento da taxa de desemprego feminino nos
últimos anos, as mulheres ampliaram sua participação entre os ocupados. Embora sua inserção ainda
se dê, predominantemente, nos segmentos menos valorizados do mercado – caso da importante
presença feminina no emprego doméstico e no setor informal – as mulheres também passaram a
ocupar postos em novos grupos ocupacionais.
Observa-se, por exemplo, maior participação feminina no grupo de gerentes financeiras,
comerciais e de publicidade, postos de trabalho historicamente destinados aos homens. Por outro
lado, a maior es-colaridade das mulheres – que já são maioria no ensino superior – não tem
repercutido em igualdade salarial com os homens, mesmo quando exercem a mesma função.
Em relação ao setor formal da economia – objeto desse boletim –, observa-se que, na década
de 90, aumentou a parcela de mulheres assalariadas, movimento associado à expansão dos empregos
no setor de serviços, em paralelo à retração do emprego masculino, em especial no setor industrial.
Estudo realizado pela Fundação Seade registrou, no Estado de São Paulo, entre 1989 e 2000,
um crescimento de 13,4% no emprego feminino. Tal movimento decorreu, em especial, da ampliação
de empregos nos grupos ocupacionais de trabalhadoras dos ser-viços de limpeza e outros, e dos
serviços administrativos, sendo que este passou a ser, em 2000, ocupado majoritariamente por
mulheres. Esses dois grandes grupos ocupacionais – que se caracterizam por reunir as ocupações
tradicionalmente desempenhadas por mulheres – respondiam por cerca da metade do contingente de
mulheres assalariadas. Não obstante o enxugamento das ocupações industriais ter ocorrido, em
termos absolutos, com maior intensidade para os homens, referido estudo também registrou a
diminuição de postos de tra-balho entre as mulheres desse setor, o que fez com que o grupo de
trabalhadoras na indústria paulista passasse da segunda posição na estrutura ocu-pa-cional, em 1989,
para a quarta, em 2000.
O presente trabalho abordará o movimento da mão-de-obra masculina e feminina no setor
formal da economia paulista no período mais recente (2000-02), detalhando o exame sob a ótica
regional e das condições, inclusive de salário, em que se deu o aumento desse emprego, contrapondo
as oportunidades de emprego das mulheres em relação a dos homens. Tal análise será desenvolvida a
partir dos dados da Relação Anual de Informações Sociais – Rais, base de registros administrativos do
Ministério do Trabalho e Emprego – MTE.
A Rais tem periodicidade anual e levanta informações relativas ao mercado de trabalho formal
brasileiro, obtidas por meio da declaração prestada por todos os estabelecimentos que tenham
mantido alguma relação de emprego durante o ano anterior ao da declaração. Representa a Rais,
assim, um tipo de censo anual, abrangendo um conjunto de informações que apresenta as
características do estabelecimento empregador (localização, atividade econômica, tamanho, etc.) e
dados sobre os vínculos empregatícios que o estabelecimento tenha mantido durante o ano-base
(sexo, idade, ocupação, remuneração, grau de instrução, etc.).
Embora refira-se apenas aos empregos do setor formal da economia, essa base de dados
permite grande desagregação das informações, possibilitando a análise detalhada do comportamento
desse segmento nas diferentes regiões do Estado. Sua utilização possibilita evidenciar a diversidade
nos padrões de inserção ocupacional, revelando as particularidades da dinâmica econômica regional. A
divisão regional do Estado de São Paulo, adotada nesse estudo, corresponde às suas regiões
administrativas . A base de dados da Rais, em dezembro de 2002, contabilizava um contingente de
cerca de 8,5 milhões de empregados com vínculo formal de trabalho, no Estado de São Paulo, dos
quais 5,2 milhões de homens e 3,3 milhões de mulheres, o que representa aproximadamente metade
da população ocupada no Estado.
É possível verificar que o movimento de inserção da mulher no mercado de trabalho mantém a
trajetória de crescimento do emprego formal, verificada nos anos 90, o que contribui para abrandar a
tendência, revelada em estudos anteriores, de entrada das mulheres em inserções mais vulneráveis,
desprotegidas e sem perspectiva de continuidade, que comprometem o futuro de suas carreiras e o
acesso à previdência social. Em termos regionais, a despeito do emprego feminino no Interior do
Estado ter se elevado de forma mais intensa, permanece a concentração acentuada de assalariadas
nas áreas de maior expressão populacional, como a Região Metropolitana de São Paulo – RMSP e a RA
de Campinas. Confirma-se também, o predomínio feminino nos empregos com maior nível de
escolaridade, bem como, a manutenção da desigualdade salarial. Em todas as regiões, verificou-se
que o nível de remuneração das mulheres é inferior ao dos homens. As proporções, porém, são bem
distintas e indicam que, quanto mais complexa a estrutura ocupacional, maior é a tendência de
diferenciação salarial em favor dos homens, como ilustra a registrada na RA de São José dos Campos.
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi o de apresentar um quadro geral da situação
regional do emprego feminino no Estado de São Paulo, que ao final, potencializou a necessidade de,
em trabalhos futuros, abordar mais profundamente alguns aspectos importantes nele suscitados para
a discussão sobre a desigualdade de gênero nesse mercado.

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