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Ano 1, nº 6, 1 de janeiro de 2011

Este é nosso último informativo de 2010 e, ao mesmo tempo, o ao chegar em casa, com dores abdominais forte,
primeiro de 2011, sintetiza a transição de implantação para a gestante abortou um feto completo.
ampliação e consolidação. Esta passagem de cenário, nos deu
coragem para publicar algumas das mais dolorosas experiências que
vivenciamos, com um só objetivo: nunca esquecermos. Estamos
AÇAILÂNDIA III. Aurineide Silva, 23 anos, com
ainda mais convencidos de que é preciso dizer “não”! uma gestação de 40 semanas, realizou pré-natal
Só a fala não tem rascunho, é preciso a escrita: “...escrever é satisfatório, com nove consultas e registro de
traduzir, uma sombra ao menos, do que no fundo sabemos ser
intraduzível, este instante fugaz, anterior à palavra, que fica na
exames na carteira, inclusive o fato de ser positiva
memória como rastro de um sonho” (Saramago, 2009). para Hepatite. Em determinado dia, a gestante
Embora a vida seja breve, cabe nela muito mais do que somos
sentiu fortes dores, e foi até o Hospital Municipal
capazes de viver.
E no sentido coletivo, todos somos responsáveis por todos os outros. de Açailândia, acompanhada por familiares, sendo
Temos um 2011 a frente, onde a dor não vivida em vão nos ajudará a retornada pelo médico plantonista, que alegou
ampliar o olhar, a solidariedade e a generosidade, e a ver e a agir
diferente, e a seguir cumprindo nossos tantos deveres humanos.
“não estar na hora”. Dias mais tarde, Aurineide
Cristina Loyola. retornou ao Hospital com fortes contrações, onde
recebeu injeções de ocitocina e aguardou a
AÇAILÂNDIA I. Andréia Nunes, uma jovem de 17 evolução do trabalho de parto. Vale ressaltar que,
anos, com 10 dias de puerpério, foi encontrada em durante todo o tempo de admissão e assistência
estado gravíssimo de saúde e reinternada no que foi prestada à gestante, nenhum profissional
Hospital Municipal de Açailândia. Havia realizado observou sua carteira ou perguntou se ela tinha
apenas 4 consultas de pré-natal, exames alguma condição que precisasse de maior
laboratoriais e ultrassom. A enfermeira que atenção. Já na sala de parto, a dilatação da
acompanhou o pré-natal relatou que a paciente se gestante não evoluiu, recebendo então mais
queixava de dor e desconforto no baixo ventre, aplicações de ocitocina, e onde o médico e uma
bem como dificuldades para caminhar. Quatro dias técnica de enfermagem colocaram o joelho sobre
após o parto, procurou a Unidade Básica de Saúde o abdômen da gestante, como uma maneira de
para a primeira consulta de puerpério. Durante o induzir o parto normal, manobra essa considerada
exame físico, a enfermeira encontrou uma “necessária”. O bebê nasceu com bossa acentuada,
compressa tipo “tampão”, no canal vaginal, com cianótico (pele azulada) e flácido, sendo
odor fétido e muita secreção. A paciente foi encaminhado para o Hospital Municipal de
orientada quanto ao asseio e medicada. Andréia Imperatriz, onde permaneceu internado por 15
apresentou ainda 4 crises convulsivas em seu dias na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. A
domicílio, dizendo ter ficado “cega”, “com a vista acompanhante da gestante perguntou ao médico
escura”. Foi conduzida ao Hospital sendo se haviam aplicado no recém nascido a vacina
diagnosticado “eclampsia pós parto” (SIC). Visitada contra hepatite, isso depois do bebê já haver
pelos supervisores do Projeto, constatou-se que ela recebido a imunoglobulina. Só nesse momento a
estava bem, mas o bebe estava em casa. Procurada equipe médica ficou ciente da contaminação e
a enfermeira de plantão, os familiares foram condição da gestante. Após alta do recém nascido,
autorizados a levar o recém nascido para mamar e a Anjo da Guarda Keury, observou, durante visita
ficar com a mãe. Hoje Andréia e o bebe passam domiciliar, que a bossa ainda estava presente no
bem. bebê, e que a puérpera tinha hematomas pelo
abdômen e placas hemorrágicas na conjuntiva.
AÇAILÂNDIA II. Uma gestante de quatro meses
procurou o Hospital Municipal de Açailandia com SANTA LUZIA. Antonia, gestante do 12º filho,
sangramento vaginal e foi diagnosticado “feto acompanhada pela Estratégia Saúde da Família,
morto” através da “realização de curetagem com pré-natal completo e 41 semanas de
uterina”, ainda no hospital. Após alta hospitalar, gestação, sentindo-se mal, procura o Hospital
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Municipal Pedro dos Reis Fernandes Neto, para pela enfermeira e orientada a procurar o hospital
fazer uma ultrassonografia, constatando feto em caso as dores aumentassem ou perdesse liquido
posição transversa, e a gestante foi orientada a ir novamente. Édila ficou seis dias com dores, e
para casa. No final da mesma semana, ocorrendo então quando se tornou insuportável voltou ao
perda de líquido amniótico, a gestante volta ao Hospital. Recebeu a notícia do médico “que já
hospital e o médico avalia e orienta voltar para tinha passado o dia de ter o bebê, e que ele não
casa. Após 3 dias retornou ao hospital, e desta vez iria fazer nenhum parto naquela noite”. Édila,
o médico lhe orientou a “fazer força para ter voltou para casa e, no dia seguinte, com a
parto normal”, o que não foi possível. Sua outra intervenção da enfermeira do PSF, internou no
filha, portadora de transtorno mental, consegue Hospital. Hoje mãe e bebê estão em casa com
ajuda para encaminhá-la ao Hospital Marly Sarney saúde.
em São Luis, onde se constata “sofrimento fetal
com presença de mecônio” e a cesariana constata PRESIDENTE DUTRA. Kelma, gestante e Agente
feto morto. Antônia permaneceu alguns dias Comunitária de Saúde, com pré-natal completo,
internada e retornou a Santa Luzia com grande começou a perder líquido, sinalizando o início do
sofrimento psíquico e com sintomas de depressão. trabalho de parto. Chegando ao Hospital Biné
Soares, com o toque vaginal realizado pelo médico
BALSAS I. Osmarina da Silva, 37 anos, procurou o plantonista e com dilatação constatada, foi
Hospital São José, com 38 semanas de gestação orientada a aguardar, pois seu parto seria normal.
com “fortes dores pélvicas” (SIC Osmarina). A A gestante observou várias parturientes eram
gestante foi avaliada por 3 médicos em situações deslocadas na maca para cesarianas já agendadas e
anteriores durante a gestação,havendo indicação então, pela extrema dor de contrações e
médica consensual de cesariana pelo tamanho do rompimento da bolsa, solicitou uma intervenção
bebe. A médica plantonista fez uma cirúrgica. Foi informada pelo médico de que “seu
ultrassonografia e afirmou que o bebê pesava por caso não era para cesariana, mas que até poderia
volta de 3.000g e que havia condições de parto ser realizada esta cirurgia, se fosse particular”. A
normal, orientando a gestante a ir para casa. Na gestante liga para o marido e paga o valor
madrugada, Osmarina pariu com extensa solicitado. A partir daí os familiares não puderam
episiotomia um recém nascido com 5.450g, que mais acompanhar a gestante. Kelma relata que
teve a clavícula fraturada no parto, bronco chegou a “perder os sentidos” (SIC) pelas muitas
aspirou fazendo com lesão cerebral. O bebê foi contrações. Do lado de fora do hospital, o marido
encaminhado à UTI neonatal de Imperatriz no dia se descontrola , e a direção do hospital chama a
seguinte ao nascimento. polícia. Foi constatado que a criança “passou da
época de nascer”, porque a enfermeira do pré-
BALSAS II. Édila Pereira, com 42 semanas de natal marcou uma data no cartão da gestante, e o
gestação, com perda de líquido e muita dor, foi ao médico apagou, dizendo que estava errado, e
Hospital São José e, após exame foi avaliada como registrando outra data para o parto com uma
não estando em trabalho de parto e orientada a diferença de mais 23 dias entre as datas. Após a
voltar para casa. Consultou o médico do Programa cesariana, foi comunicado aos familiares que o
Saúde da Família (PSF), que a encaminhou recém nascido seria encaminhado para hospital de
novamente para o Hospital, o que ela recusou, referência em Caxias, por uma ambulância que já
relatando “ter sido mal tratada pelo médico do estava sendo providenciada, o que não era
hospital”. O médico do PSF encaminhou Édila ao ocorreu. O bebê ainda permaneceu 4 horas vivo.
Programa da Mulher, onde foi examinada e No dia seguinte, o médico informou que “sem a
solicitada a aguardar em casa. Foi visitada em casa
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cesariana Kelma teria morrido, pois não teria médico no HTB na hora do parto. Também não
condições de ter um parto normal”. Kelma relata houve registro de contra transferência no
que se tivesse sido avisada corretamente, seus prontuário médico.
familiares teriam providenciado transporte para a
urgência. Dez – SANTA LUZIA. A Casa do Meio
do Caminho, inaugurada no município de
BURITI. A filha de um dos Cuidadores Solidários
Santa Luzia, marca a implementação de um
iniciou o trabalho de parto durante a noite,
procurou o Hospital do Trabalhador Buritiense - diferente jeito de pensar e agir para reduzir
HTB, e na manhã seguinte não havia parido. A após a mortalidade infantil e, também, aumentar
aplicação de ocitocina endovenosa, para a vitalidade infantil. Não é mais uma
aumentar a força das contrações uterinas, a Maneira Diferente e Inovadora apenas, é
parturiente parou de sentir as contrações. O um a Tecnologia Social criada neste
Cuidador Solidário quis acompanhar o pré-parto,
programa, que agora está sendo testada em
mas foi negada sua presença junto à parturiente
um segundo município. Avançamos na
pelo HTB. Após mais de 24h de trabalho de parto, a
criança nasceu com “sofrimento fetal” (SIC), sendo consolidação de nosso trabalho. É um espaço
que todo o trabalho de parto foi acompanhado de acolhimento criativo, que conta com
somente por duas técnicas de enfermagem, que uma enorme mangueira abrigando a “Praça
aplicaram muita força sobre o abdômen da do Meio do Caminho”. Invencionices de
parturiente, supostamente para auxiliar o parto.
Santa Luzia que recebem o apoio total do
Com 3h de nascido e com dificuldade respiratória,
prefeito Márcio Leandro Antezana
o recém nascido não estava em uso de nenhuma
medicação e foi transferido pelo médico agora Rodrigues. Parabéns Nilma, Maria Rita, Tó
presente no HTB para o Hospital de Coelho Neto. e Márcio Rodrigues!
Questionado sobre a necessidade de medicação
para melhora do desconforto respiratório do bebê
durante o transporte, o médico se negou a
prescrever, justificando que RN “já estava dentro
da ambulância” (tratava-se de uma das
camionetes do Projeto Cuidando do Futuro).
Acompanhado por uma das supervisoras do
Projeto Cuidando do Futuro até Coelho Neto, o RN
foi medicado e imediatamente transferido para a
UTI de Caxias. Este recém nascido pesava 3.100g,
era oriundo de uma gestação de 35 semanas e 4
dias, pré-natal satisfatório, mas veio a óbito.
Visitada no Hospital, a puérpera relatou ainda
Viva o Cuidando do Futuro que, ainda que
muita dor no abdome, porém encontrava-se em
tendo duramente aprendido com perdas de
bom estado geral. No prontuário da paciente não
havia nenhum registro clínico ou sobre as muita dor, se ocupa do presente salvando
ocorrências de transferência para Coelho vidas mudando destinos !
Neto/Caxias, ou óbito do bebê, nem feito pelas
técnicas de enfermagem, visto que não havia
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Este informativo contou com a contribuição de Cristina Loyola,


Fernanda Carneiro, Nestor Fonseca, Sônia Paiva e Luana Campos.

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