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História da Brasil I – Prof. Dr. Jaime Rodrigues

2º Avaliação de História do Brasil I/2.010 - Respostas

Discente: Diogenes Belotti Dias

I) Leia o trecho a seguir:

“Ao se deslocarem da África para a América, os africanos escravizados


trouxeram consigo seu modo de vida, sua cultura e suas tradições. Assim,
apesar das condições desfavoráveis, influenciaram culturalmente a
sociedade colonial: vários vocábulos foram acrescentados à língua
portuguesa, como também os costumes coloniais brasileiros foram
profundamente marcados por sua culinária, religião e música. Em relação
às práticas religiosas, para fugir à repressão dos senhores, os negros
misturavam a elas elementos católicos. Daí surgiu o sincretismo
1
religioso,hoje presente na umbanda e no candomblé”.

Questões e Respostas

a) A influência africana limitou-se à sociedade colonial? Disserte sobre o


tema.

1
Extraído de BARBEIRO, Heródoto; CANTELE, Bruna Renata e SCHNEEBERGER, Carlos
Alberto. História: de olho no mundo do trabalho. São Paulo: Scipione, 2004, pp. 212-213.
[Ensino médio].

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História é construção cultural e é constituída de uma natureza dinâmica e em


constante movimento. Conceber a História de forma isolada e estática atribuindo-lhe
uma dimensão de verdade absoluta é negá-la como ciência emancipadora do Homem,
no sentido de a concebermos como um valioso instrumento de transformação.

É lembrar do que disse certa vez o celebre Prof. Milton Santos “de tentar ver
no presente o que se projeta no futuro”, mas esta visão do presente somente pode se
abrolhar através da compreensão dos diversos fenômenos que implicam na
construção deste presente em constante movimento.

Assim, a História mostra sua face emancipadora na tentativa de compreender


as estruturas “do passado” que são resultantes no presente a partir da compreensão
também dinâmica no tempo-espaço.

No caso em tela, podemos afirmar categoricamente que a influência africana


não ficou restrita à sociedade colonial, afinal, a influência negra foi um dos pilares 2 na
constituição da identidade brasileira, esta ainda em permanente construção.

A influência da cultura africana oriunda dos povos escravizados trazidos do


continente africano ao longo período em que perdurou o tráfico negreiro acabou por

2
Na formação cultural do que viria a constituir-se no Brasil contemporâneo, podemos apontar
pilares fundamentais em sua constituição: o nativo indígena, a colonizadora européia, em
especial os portugueses, os negros escravizados e os fluxos de imigrantes para o Brasil no se.
XIX. Em suma, a junção destes elementos ao longo do processo histórico de formação do
Brasil atual acabou por vocacioná-lo a uma posição de vanguarda na construção de uma nova
estrutura social, econômica e política no mundo, pois, as antigas estruturas caminham para a
ruína a cada dia que se esvai.

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influenciar a sociedade colonial tanto naquele periodo escravagista, bem como durante
todo periodo que segeui até o Braisl contemporaneo.

Não há que se falar na influência dos negro africanos sem mencionar as


diversas etnias, idiomas e culturas dos povos que foram escravizados, assim, nao
podemos falar do negro africano como um bloco cultural uno, mas sim sem apontar
seu carater plural nas diversas multiplicidades culturais que a constituaiam.

Dentro da nossa de nossa concepcao de Historia nao linear e em constante


movimento o produto de todas estas influencias africanas nao se restringiu apenas na
culinária, no idioma, na musica, na dança e na religiao, mas alcancou e alanca
atualmente sua dimensao social, economica e politica na medida em que passamos a
comprrender seu papel na Historia do Brasil.

Os negros nao permaneciam escravos passivamente, de sorte que prova disto


foram suas formas de resistência, por vezes violenta, mas por muitas de forma
dissimulada. As fugas, o “corpo-mole” no trabalho, os boicotes acabaram que por
delinear um modo bastante peculiar de relacão entre o senhor e o escravo: a politica
dos incentivos e das metas.

Dentro de uma perspectiva mais abrangente, estas relacoes que se moldaram


no periodo colonial guardam muita semelhanca com as relacões dos trabalahadores
assalariados modernos com seus patroes, resguardadas as devidas proporcoes.

Destarte, Stuart Schwartz nos conduz a uma interpretacao bastante versossími


acerca da proximidade, semelhancas e reflexos das das antigas relacões entre
escravos e senhores de engenho e entre empregados e patroes. Notadamente no
tocante as mesmas politicas de metas e e incentivos com vistas ao estimulo da
produtividadeda mao-de-obra e a maximizacao dos lucros do patrao e em outra época
do senhor de engenho, conforme se depreende em sua licao:

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“No complexo relacionamento inerente à producao dos engenhos, tanto


proprietario quanto trabalhadores procuravam realizar seus innteresses
como melhor puderam, dentro das limitacoes das realidades cultural,
economica e politica.(...) A adaptabilidade do escravismo conferiu
longevidade ao sistema, mas tambem deu aos escravos alguma
3
esperanca.”

Esta adaptabilidade era necessaria, pois, como aponta ainda Stuart Schwartz a
“incompatibilidade da tecnologias ou da industrialização com os escravismo”4

Em derradeiro, temos que diversidade cultural da África refletiu-se na


diversidade dos escravos, pertencentes a diversos grupos etnicos, que se
coomunicavam atraves de inúmeros idiomas e trouxeram suas tradições que viriam a
se refletir na culinária, no idioma, na música, na dança e na religião.

Iriam, pois, se traduzir e convergir em muitos de nossos pratos típicos,


sobretudo os regionais5, no vocábulos de nossa língua6, no ritmo e na riqueza da
musica7 e dança e no hibridismo religioso8.

3
SCHWARTZ, Stuart B. “Trabalhadores no canavial, trabalhadores no engenho”. Segredos
internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia. das Letras, 1988, p. 142

4
SCHWARTZ, Stuart B. “Trabalhadores no canavial, trabalhadores no engenho”. Segredos
internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia. das Letras, 1988, p. 139

5
Pratos típicos como o vatapá, acarajé, sem falar no uso do azeite de dendê e na tão
apreciada feijoada

6
São de origem africana as palavras: angu, batuque, berimbau, cachimbo, engambelar,
marimbondo, moleque, quitanda, quitute, samba, senzala, vatapá e etc.

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Assim, verifica-se que a influência africana não se limitou à sociedade colonial,


mas que é intrínseca e está presente cotidianamente na cultura brasileira, não se
restringindo somente aos aspectos culturais, mas alcançando também seu viés
político, social e econômico na formação do Brasil contemporâneo.

__________________

b) Para além dos vocábulos, da culinária, da religião e da música, é possível


apontar outras influências africanas em diferentes tempos históricos? Em
caso afirmativo, quais?

Ao enfrentarmos a questão acerca da possibilidade de se apontar eventuais outras


influências africanas em diferentes tempos históricos, damos uma continuidade do que
tratamos anteriormente ou seja, o que foi tratado na questão anterior é acrescentado
nessa nossa abordagem.

Podemos tratar a questão sob duas perspectivas convergentes em relação aos


grupos produtores de influência africana. Em um primeiro momento, temos africanos
genuínos que com sua cultura irão influenciar e serão influenciados dentro daquela a
sociedade colonial. E um segundo momento teremos um afastamento gradativo

7
Os ritmos africanos acabaram por serem embriões de uma vasta riqueza musical brasileira
que posteriormente deram origem ao samba, maxixe a até a bossa - nova. Não podendo deixar
de mencionar os instrumentos musicais como o berimbau e o agogô e a ginga rítmica da dança
e/ou arte marcial que é a capoeira.

8
no Brasil colonial os negros criaram o candomblé, religião afro-brasileira baseada no culto aos orixás e
sendo atualmente praticada no pais. Vale destacar também a umbanda, uma religião híbrida de
elementos africanos, catolicos e espiritas. Sem se olvidar da associação de santos católicos com os
orixás.

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daquele elemento genuinamente africanos e uma convergência ao que viria a ser a


formação de uma outra cultura, qual seja, a brasileira.

A influencia africana em movimento nao se encerrava na musica, na culinaria ou


na religiao, pois o sujeito historico é a forca motriz na construcao da sociedade e o
negro era elemento desta construcao que culminou no Brasil contemporaneo.

As relações de produção escravagista no engenho de açúcar iam se moldando na


medida em que o chicote do feitor se tornou menos eficiente que a política de metas e
incentivos, nesse contexto a resistência negra acaba que por influenciar de forma
inequívoca as estruturas sociais, política e econômicas que irá culminar na abolição da
escravatura e em um Brasil pré-industrial.

Apos esse período escravagista, temos a continuação de um Brasil multicultural e


se a abolição da escravatura era um fato também os graves problemas sociais da
população era a realidade.

Destacamos que Luis Nicolau Parés com precisao nos conduz a compreensao da
importancia da pratica de curandeirismo entre os africanos, ou seja, eram constantes
os choques entre as culturas que estavam em movimentos de convergencia, vejamos:

“Não foi por acaso que as práticas de “curandeirismo” e os rituais


funerários foram alguns dos aspectos religiosos africanos que com
9
mais persistência se reproduziram nas Américas.”

9
PARÉS, Luiz Nicolau. “Entre duas costas: nações, étnicas, portos e tráfico de escravos”;
“Formação de uma identidade étnica jeje na Bahia dos séculos XVIII e XIX” e “Do calundu a
candomblé: o processo formativo da religião afro-brasileira”. A formação do candomblé: história
e ritual da nação jeje na Bahia. Campinas: Ed. da Unicamp, 2006, p. 110

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Nesse contexto, a Revolta da Vacina e a Revolta da Chibata, ambas em 1.904


tiveram relevante participação dos descendentes daqueles africanos que outrora foram
escravizados, assim, estamos a tratar de uma influencia africana derivada, pois são
oriundas não de africanos genuínos, mas da população que se formou em território
brasileiro.

Se na conjuntura Revolta da Vacina10 os elementos religiosos11 africanos tinham


papel relevante que viriam a ir de encontro a política de vacinação, ao passo que na
Revolta da Chibata, tivemos a insurreição de um grupo de marinheiros negros
brasileiros contra os injustos castigos físicos a que eram submetidos na Marinha.

O historiador Luiz Antonio Simas considera que a vacinação obrigatória foi apenas
um pretexto para um movimento que revelou o caráter tremendamente excludente e
elitista da República dos cafeicultores e que governo preferiu divulgar a versão de que
a rebelião se limitava a contestar a campanha sanitária, para apagar as tensões
sociais que evidentemente estavam explodindo naquele início de século, a vacina era
o que menos importou naqueles dias.

Simas ainda acrescenta acerca da Revolta da vacina que:

“Moradores negros da zona portuária, que cultuavam os orixás africanos,


evocaram a proteção de Omolu, o poderoso deus da peste e da saúde, e
rufaram os atabaques durante a pancadaria. (...) que o projeto de

10
A Revolta da Vacina ocorreu no Rio de Janeiro e não se explica somente pelo temor que a
população sentia da vacinação obrigatória contra a varíola, proposta pelo sanitarista Oswaldo
Cruz, mas, sobretudo de gravíssimos problemas sociais.

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Os negros com as péssimas condições sociais a que estavam submetidos e uma forte
tradição religiosa enraizada acabaram que se opondo com brutalidade à vacinação.

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higienização dos primeiros senhores da República incluía, sobretudo, limpar


as zonas nobres da cidade maravilhosa (a expressão surgiu por essa
época) dos pobres e das referências culturais de base africana. Eles,
pobres e negros com seus batuques, eram , e continuam sendo pra muita
12
gente, a verdadeira epidemia.”

Se ampliarmos a concepção de “influências africanas em diferentes tempos


históricos” também para as populações dos descendentes destes negros, como o
fizemos citando a Revolta da Chibata, poderemos apontar a questão das comunidades
quilombolas comunidades quilombolas espalhadas pelo território do pais mantêm-se
vivas e atuantes, lutando pelo direito de propriedade de suas terras.

Ademais, além das comunidades quilombolas, também podemos apontar


dentro de uma conjuntura politico-social as acoes afirmativas como medida
governamental que cria uma reserva de vagas em instituições públicas ou privadas
para determinados segmentos sociais, com escopo à diminuição das desigualdades
entre os cidadãos e grupos sociais. Alguns argumentam que o problema é de base e
que atacar as conseqüências não resolve o problema, apenas cria outro, enfim, náo
adentraremos no mérito desta questao tao controversa.

__________________

c) Comente e problematize a noção de sincretismo religioso contida no texto.

Certo é que muitas vezes temos impressão de unidade em objetos em


constante transformação. Assim, não podemos conceber os povos africanos

12
http://hisbrasil.blogspot.com/2008/04/revolta-da-vacina-foi-contra-vacina.html - acesso em
04/07/2010

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escravizados como um bloco único e estático, tampouco fazer com que a História se
porte como tal.

Historia é movimento constante e conceber um suposto sincretismo religioso


presente na umbanda e no candomblé oriundos as da dissimulação à repressão dos
senhores onde para tal intento se misturavam elementos católicos, parece-nos um
duplo equivoco.

Primeiro por que falamos em uma diversidade cultural da África que se refletiu
na diversidade dos escravos, pertencentes a diversos grupos etnicos, que se
coomunicavam atraves de inúmeros idiomas e trouxeram suas tradições, assim, náo
podemos falar em uma unicidade de tradicoes religiosas africanas.

Segundo porque a Historia náo é estática e esta em constante movimento e


transformacoes. O que queremos dizer com isso que náo é possivel se estabelecer
uam verdade absoluta da Historia. Dado seu carater dinamico, náo há elementos que
possam ser acrescentados de forma isolada, ou seja, inexiste esta mistura isolada que
aparentemente o texto quer induzir a interpretar.

Este suposto sincretismo nos conduz a uma interpretacao equivocada de que


elementos em trasformacao esta prontos e se misturam como que em um bolo de
aniversario. Ora, tanto o catolicismo no Brasil, quanto as tradicoes africanas estavam
em um fervoroso processo de formacao dentro do territoro brasileiro.

Luiz Nicolau Parés aponta a multiplicidade de culturas que culminara em uma


fusão cultural/religioso, ilustra que quando da mescla das religiões surge, pois, não um
sincretismo , mas um verdadeiro hibridismo:

"No caso da diáspora forçada da população africana no Brasil temos uma


situação singular na qual diversos grupos humanos foram deslocados de

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suas sociedades e instituições religiosas e que, no entanto, transladaram


13
para o novo espaço social um pluralidade de culturas."

Nos momentos de crise parece que nossos olhos voltam-se para o passado em
busca de algo, talvez para tentar encontrar dentro de nos mesmo as respostas para as
aflições e nossas angustias, assim, a religião torna-se um alento não somente para as
dores da alma para a nossa compreensão de nos mesmos.

A religião torna-se uma mais que uma alívio, torna-se pois uma necessidade da
alma e, da fusão daqueles elementos de tradição em constante transformação com
também um catolicismo incipiente no Novo Mundo, acabariam que por surgir não uma
religião sincrética, mas sim uma nova religião distinta.

Assim, as culturas e a religiões vão se fundindo na construção de outras,


implicando em novas formações em movimento. Não se trada de uma construção
somente consuetudinária ou sincrética, mas da efetiva criação de outra religião
genuinamente hibrida.
__________________

d) Considerando o público alvo da obra em questão (jovens de 15 a 18 anos),


reescreva o trecho aqui reproduzido à luz das discussões e leituras do curso
de História do Brasil I.

13
PARÉS, Luiz Nicolau. “Entre duas costas: nações, étnicas, portos e tráfico de escravos”;
“Formação de uma identidade étnica jeje na Bahia dos séculos XVIII e XIX” e “Do calundu
a candomblé: o processo formativo da religião afro-brasileira”. A formação do candomblé:
história e ritual da nação jeje na Bahia. Campinas: Ed. da Unicamp, 2006, p. 109

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Dentro dos imundos navios negreiros muitos povos africanos eram trazido
acorrentados para servirem de mão-de-obra escrava nos engenhos de açúcar
portugueses. Era um grande negócio para Portugal que lucrava inclusive com o tráfico
de escravos. Podiam ferir e fazer sofrer aqueles escravos desventurados, mas para a
América estes trariam algo que o português não podia lhes roubar: as lembranças,
tradições culturais, a esperança e os sonhos. Com efeito, apesar do infortúnio destes
povos, acabariam sendo um dos elementos constituintes de uma nação vocacionada
para a paz. Sua musica, suas danças, sua culinária e ate mesmo a religião iriam se
convergir para a formação de um pais de vanguarda na construção de uma valiosa
cultura e na crença de um mundo possível da dignidade da pessoa humana, este
mundo ainda esta por vir é deve ser o objetivo todos nós.

II) Observe a imagem a seguir:

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Entrada para as Minas, 1920. Óleo sobre tela de Oscar Pereira da Silva (1867-1939), Museu
Paulista da USP.

Questões e Respostas.

a) Qual é o conteúdo da imagem?

De fato, no inicio da colonização os engenhos de açúcar da Capitania


de São Vicente prosperavam, contudo não tardou a este empreendimento ruir ante ao
pólo açucareiro nordestino, voltando a capitania para uma economia de subsistência e
isolamento que só foi rompido após uma forte desenvolvimento de uma agricultura
com grandes plantações de trigo e outros gêneros alimentícios.

Com a invasão holandesa no Nordeste a tomada de entrepostos


africanos houve uma queda significativa na entrada de negros escravos, de modo que
“o objetivo dos traficantes de acirrar as disputas entre os africanos para conseguir
escravos“14, com a perda dos entrepostos restou prejudicada, assim, esta situação

14
RODRIGUES, Jaime . O tráfico de escravos para o Brasil. São Paulo: Ática, 1997.

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incentivou o apresamento de nativos por parte dos bandeirantes. Diante da carência


de braços negros os paulistas lançaram-se em empreitadas conhecidas como
bandeirismo com escopo a capturar nativos para servirem de mão-de-obra escrava o
que acabou por gerar graves conflitos com os jesuítas.

Na segunda metade do século XVII Portugal encontrava-se em uma


crise profunda. As rendas do governo caíram acentuadamente, sobretudo pela perda
de espaço do açúcar brasileiro no comercio internacional, pois o estava sendo
ultrapassado por produtores mais capacitados.

A pobreza dos paulistas os forçava a percorrer o sertão em busca de


riquezas, assim, no fim do século XVII estava extinto o bandeirismo de aprisionamento
e intensificaram-se as bandeiras em busca de metais e pedras preciosas.

Não tardou para que os paulistas encontrassem ouro provocando um


deslocamento no eixo econômico, político o e administrativo do nordeste para o
sudeste.

O quadro de Oscar Pereira da Silva retrata imagem dos bandeirantes


por busca de terras economicamente viáveis que acabam por descobrir as minas de
ouro.

Esta é a interpretação que nos conduz Adriana Romeiro da


Universidade Federal de Minas Gerais:

(...) com a Domingos Jorge Velho para a migração de seus patrícios “porque
em São Paulo já não há aonde lavrem e plantem” (...) no final dos
Seiscentos existia uma flagrante falta de terras em São Paulo!
Evidentemente não se pensa aqui no limite físico das terras. As a verdade é
que havia sim, àquela época, um sério problema de acesso a terras
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economicamente viáveis.(...) Nesta perspectiva, a dificuldade de acesso à


terra explica assim a insistência que os paulistas se bateram pela
concessão de sesmarias.(...) Não é outro o motivo da expansão paulista em
15
direção ao médio São Francisco no ultimo quartel do século XVII.

Estas bandeiras de que trata o quadro acabaram dando inicio a


mineração aurífera e uma peculiar relação entre os bandeirantes e a Coroa
portuguesa diante da legenda negra que se formou em torno dos bandeirantes.

Uma mistura de medo e oportunismo no sentido de a Coroa se


aproveitar do conhecimento, a vontade/necessidade e a coragem dos vicentinos em se
embrenhar no sertão em busca de ouro e conseqüentemente expandindo as fronteiras
da Coroa. A legenda negra dos bandeirantes foi usada por ambas as partes nestas
peculiares relações.

Fato que a Coroa não cumpria co os acordos, exceto pequenas


concessões quando conveniente. Isto ser deu em Palmares, Açu e nas Minas, fato que
os paulistas nessas peculiares relações sempre suportavam estes engodos.

Com base no direito de conquista queriam os bandeirantes um


tratamento diferenciado. A Coroa temia os paulistas e sua insubordinação, ma também
é fato que estes paulistas optaram em permanecer junto a Coroa, contudo sempre
representaram um perigo na visão desta, pois eram vistos como maus vassalos.

15
ROMEIRO, Adriana. “O negócio das minas”; “Idéias e práticas políticas” e “Conclusão”. In:
Paulistas e emboabas no coração das Minas: idéias, práticas e imaginário político no século
XVIII. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2008, pp. 252/253

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Com o deslocamento migratório para as regiões auríferas houve a


eclosão de conflitos que acabaram culminando na Guerra dos Emboabas (1708/09),
entre os que haviam descoberto o ouro, os paulistas contra os forasteiros portugueses
e de outras capitanias, estes denominados emboabas pelos paulistas.

Apesar do ouro, instalou-se uma crise alimentícia de abastecimento. As


poucas rotas eram dominadas por portugueses que lucraram muitos.

Laura de Mello Sousa assinala este a idéia equivocada que se tinha e


uma produção aurífera da Minas constituindo uma riqueza total a todos:

(...) a constituição democrática da sociedade mineira poderia se reduzir


16
numa expressão: um maior numero de pessoas dividiam a pobreza.

Com os paulistas em menor numero acabaram que por perder a guerra.


As implicações deste conflito podem ser resumidas na constituição de uma tradição de
contestação na região. Em um primeiro momento a submissão incondicional dos
emboabas ao rei para restabelecer as Minas dos paulistas – e s livrares destes. Em
um segundo momento, cm s paulistas fora do cenário político, restabeleceras Minas
da própria Coroa, através da Inconfidência Mineira.

Com a derrota paulista para os emboabas a Coroa oportunamente agiu


para evitar novos conflitos e regulamentou um controle mais efetivo dos tributos

16
SOUZA, Laura de Mello e. “Os protagonistas da miséria”. Desclassificados do ouro: a
pobreza mineira no século 18. 4ª ed., Rio de Janeiro: Graal, 2004, p.51

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advindos da mineração, por sua vez os paulistas continuaram a s bandeiras de forma


destemida por Goiás e Mato Grosso do Sul.

b) Relacione o período em que a obra foi produzida ao conteúdo da mesma e


comente como ela se insere no processo de criação de uma imagem positiva
dos bandeirantes.

Se podemos revelar a impossibilidade de estabelecermos verdades absolutas


da Historia, de igual sorte também destacamos que o oficio do hstoriador nunca estará
dissociado de seus viés axiológico, ou seja, nao há uma construcão histórica imparcial.

No oficio do historiador sempre haverá um engajamento positivo, negativo ou


ate involuntario. Por vezes buscando uma postura emancipadora da dignidade da
pessoa humana, por outras servindo como instrumentos nefastos para justificacao de
uma realidade que beneficia de forma hedionda uns poucos em detrimento de muitos.

Com efeito, bem observa Ciro Falmarion Cardoso quando fala que “o
historiador brasileiro tem um compromisso inelutavel com a sociedade na qual vive a
age” 17

Assim, Para muitos historiadores, essa exaltação dos sertanistas paulistas teria
se iniciado no século XIX, época em que São Paulo começava a se destacar no
cenário nacional e sua elite desejava difundir o mito de uma pretensa superioridade
naquele contexto nacionalista de comemoração do IV centenário da fundação da
cidade e do centenário da independência do Brasil.

17
CARDOSO, Ciro Flamarion S.. “Uma Introdução à História. 4ª ed., São Paulo:
Brasiliense , 1984, p.109

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Era a busca de um passado glorioso paulista a ser buscado pelos historiadores


para justificar esta preeminência paulista, nessa conjuntura, com a construção do mito
da sociedade bandeirante procurou-se transformar pessoas simples e rudes, mestiços
que andavam descalços pelos sertões procurando índios e riquezas, em personagens
heróicos, brancos, bem vestidos e dotados de uma força e de um heroísmo quase
sobre-humanos.

Jaime Cotesão in Raposo Tavares e a Formação Territorial do Brasil, MEC, Rio


de janeiro, 1958, da deixa de forma clara esta visão do um herói bandeirante:

Entretanto éramos encarregados de organizar a Exposição Histórica de São


Paulo no quadro da História do Brasil, comemorativa do IV Centenário da
fundação da cidade, tarefa que absorveu todos os nossos esforços e
cuidados. (...) Veremos, pois, como se formou em São Paulo e floresceu de
raiz luso-tupi um gênero de vida novo, o bandeirismo; como Raposo
Tavares, mercê de condições próprias e de formação social, quer na
metrópole, quer na colônia, se tornou o seu maior intérprete; como a
revolução restauradora da independência portuguesa começou, em
verdade, no Brasil, sob o impulso de causas econômicas locais, das
imperiosas necessidades da formação geográfica do Estado e dum
ambiente de maior liberdade que em Portugal — tudo intimamente ligado
com o movimento das bandeiras; e como, por todos estes motivos, o
choque de interesses nacionais opostos se iniciou aqui entre bandeirantes e
18
jesuítas espanhóis.

Prossegue o referido autor dizendo que “Os historiadores das bandeiras


paulistas, e os mais eminentes, estão de acordo em considerar Antônio Raposo

18
http://www.bandeirantes-sp.com.br/tclresgatandoamemoria.html - acesso em 04/07/2010

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Tavares como o maior de todos os bandeirantes, e até como uma das maiores figuras
da exploração geográfica, em todos os tempos.”19

Na concepção histórica deve ser afastada a figura do vilão ou do herói,


entretanto devemos concebê-la de uma forma emancipadora na construção de uma
sociedade assentada na dignidade da pessoa humana.

Os bandeirantes não foram nem bandidos e nem vilões, tiveram seu papel
histórico e cabe a nós como historiadores compreendermos estes processos históricos
e seus mecanismos para vislumbrarmos um futuro melhor.

Foi objetivo destacar alguns pontos de reflexão para compreendermos com


alguma intensidade o nosso pensamento atual, aliás, hodiernamente fala-se muito em
direitos humanos, observamos que há mais de cinco séculos este também foi um tema
também essencial, contudo, a proclamação de direitos humanos parece residir muito
mais em uma aparente e hipócrita retórica a estar efetivamente presente na vida das
pessoas continuamente massacradas pelas modernas estruturas de opressão.

__________________

c) Entrada para as Minas é uma obra usada freqüentemente como


iconografia de capítulos de livros didáticos sobre o tema do bandeirismo. Crie
uma legenda-texto para a obra e proponha uma atividade com essa imagem.
Considere que a tanto a legenda como a atividade devem ser voltadas a alunos
do Ensino Fundamental II (5º ao 9º ano).

19
http://www.bandeirantes-sp.com.br/index.html - acesso em 04/07/2010

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Legenda-Texto: Com a descoberta de muito ouro nas Minas pelos bandeirantes


houve uma intensa migração de pessoas para aquela região. A região da mineração
não possuía seus meios de subsistência que resultaria em uma situação onde muitos
morriam de fome apesar de possuírem ouro. Aquele sonho de se conseguir ouro e
riquezas que brilhavam acabou por nada valerem diante da necessidade de algo
essencial ao homem: alimentar-se.

Atividade: Usando a imaginação, responda as seguintes questões: se você fosse um


bandeirante e tivesse encontrado muito ouro após muito sofrer nas viagens e não
tivesse o que comer nas Minas mesmo com um saco cheio de ouro, haveria alguma
mudança no seu modo de ver o mundo? Quais devem ser as prioridades na vida de
uma pessoa? Devemos buscar as coisas realmente valiosas para nós ou as que são
valiosas para os outros? O Que é valioso pra você? Qual seu papel na construção da
sociedade?

Após responder as questões acima, disserte sobre o tema fazendo um paralelo entre a
época das Minas e a vida moderna das pessoas:

Ouro é pão nas Minas? Dinheiro é felicidade no mundo moderno?

19

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