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Sistemas de Transportes

1.1. Conceituação Sistêmica

Transporte é o deslocamento de uma massa, constituída por pessoa(s) e/ou bens, de um


lugar a outro do espaço, ao longo de um percurso, durante um certo período de tempo, por
ação de uma força, que lhes é exterior.

1.1.1. Condicionantes

As grandezas MASSA, PERCURSO, TEMPO e FORÇA constituem as chamadas Condicionantes


Endógenas do Transporte, porque são inerentes a toda e qualquer circunstância do
fenômeno.

Existem ademais Condicionantes Exógenas, que não pertencem essencialmente ao


Transporte, mas que influenciam sua realização, como sejam:

3 atritos internos aos mecanismos de transporte, por fricção ou rolamento;

3 resistências externas ao sistema, como a do ar e a gravidade;

3 restrições por razões de segurança, quer pessoal, quer patrimonial;

3 restrições decorrentes do meio ambiente e de sua preservação;

3 restrições derivadas de interferências com outros sistemas externos, etc.

Há uma estreita iteração entre as alternativas para as condicionantes endógenas e as


condições sócio-econômicas prevalecentes na região do transporte, onde a escassez de
recursos, no sentido da Teoria Econômica, rege o chamado aspecto sócio-econômico do
Transporte, como se exemplifica a seguir:

3 a massa a transportar deve ser mantida intacta, o que na grande maioria dos casos obriga
ao uso de veículos específicos, ou pelo menos ao emprego de embalagem. Por sua vez,
para reduzir ao mínimo o gasto de força motriz, veículo e/ou embalagem devem ter o peso
próprio mais leve possível (tara no caso dos veículos) e serem baratos;

3 a força motriz otimizante seria aquela que fosse simultaneamente universal (existente em
qualquer lugar da Terra), controlável (regulando quantidade, direção e sentido) e gratuita
(sem custo por seu uso). Deve-se buscar em cada caso as que mais se aproximem deste
ideal. Sua aplicação pode ser diretamente à massa (dutos), ou à via (correias
transportadoras), ou mais normalmente ao veículo que conduz a massa, como nos trens e
automóveis;

3 o percurso otimizante deveria, por razões físico-econômicas, ser reto, plano e isento de

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atritos. Maximizantes seriam os mais curtos, menos acidentados em traçado e de melhor
rolamento possível. Seu intento deve ser reduzir as impedâncias ao movimento, formando
uma via quando materializado no espaço (rodovias, ferrovias, correias, teleféricos, dutos),
ou uma rota quando obtido pelo cálculo numérico ou por sinais eletrônicos (rotas
marítimas, aéreas, espaciais).;

3 o tempo de deslocamento deveria ser nulo como otimizante, já que aumento de tempo em
qualquer transporte implica em incremento de seu custo, pelo valor econômico de tempo,
influindo nos custos de capital e no custo de imobilização de bens ou pessoas. Este fator é
ainda mais sério em uma economia altamente inflacionária. O sentido de tempo é diferente
segundo seja do ponto de vista do transportista ou do usuário. Para o transportista é
apenas o tempo gasto pela massa entre o início e o fim do trecho da via ou da rota
utilizado; já o usuário considera o tempo desde a saída da origem até a chegada ao destino
final (transit time).

Cumpre notar que as otimizações destas 4 condicionantes tendem a ser conflitivas entre si:
aumentar a velocidade de deslocamento, por exemplo, para diminuir o tempo de transporte,
implica em aumento do consumo de energia. Cabe à Economia de Transporte analisar este
conjunto de condicionantes e seus custos associados, de forma a se ter um custo mínimo.

1.1.2. Transportes e a Sociedade

A importância do estudo do Transporte deriva da constatação de que os recursos materiais e


humanos não se distribuem uniformemente pelo Mundo, obrigando que se os desloquem de
um local para outro, conforme as necessidades da demanda, e, portanto sem transportes não
haveria condições para a vida humana, mesmo nos mais primitivos graus de civilização.

O Transporte, do ponto de vista da Economia, é um setor de serviço ou uma demanda


intermediária, que, em si, não cria riqueza, mas sem o qual as potencialidades pré-
existentes não podem ser utilizadas e se desenvolver.

Além do Transporte, apenas Energia tem esta inerência a todas as atividades humanas, sendo
denominados de insumos difusos, ou seja, que compõem todas as ações do Mundo.

Disto resulta a importância de um bom planejamento de sua implantação e operação, pela


influência que exercem sobre a formação de todos os custos. Neste País, por exemplo,
constitui uma das parcelas significativas do chamado “Custo Brasil”, que nos retira
competitividade em muitas áreas do Comércio Exterior.

Do anterior se conclui que os transportes interfaceiam com todos os setores da Sociedade, e


dada a incapacidade da mente humana de abarcar simultaneamente todos estes aspectos,

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ainda que reconhecendo a unicidade do fenômeno Transporte, faz-se imprescindível dividí-lo
em segmentos disciplinares para análise de suas vertentes técnica, econômica, social, política,
jurídica, militar, ambiental, etc.

Nestas análises, contudo, convém ter em mente 4 características essenciais do Transporte


frente à Sociedade como um todo:

3 indispensabilidade, crescente com o nível de desenvolvimento e o conseqüente aumento de


especialização das atividades produtivas, fruto da divisão do trabalho e do uso das
chamadas “vocações naturais”. Wilfred Owen, estudando o tema, divide as nações em
“móveis” e “imóveis”. Comprovou que quanto mais desenvolvidos os países mais
mobilidade apresentavam suas economias, em termos de unidades produzidas de
transporte per capita (toneladas-quilômetro e passageiro-quilômetro por habitante);

3 perecibilidade, ou seja que os modos de transporte devem estar disponíveis para uso no
local e no momento da demanda. Observe-se, por exemplo, nos picos diários de tráfego, a
carência de mais transporte, com perda de seu uso e conseqüentemente grandes danos à
Sociedade, ou no caso das grandes colheitas, em que parcelas significativas se estragam
nas áreas produtoras por não poderem ser escoadas;

3 complexidade do fenômeno por seus múltiplos aspectos inter-relacionados, que faz da


visão sistêmica uma obrigatoriedade no trato destes problemas;

3 magnitude dos investimentos para implantação e expansão dos atuais modais de


transporte, pois são técnicas de capital intensivo, com emprego cada vez maior de
tecnologias de ponta e freqüentemente com períodos de maturação expressivos.

Para exercer suas funções como serviço da Economia, os modos de transporte devem ser
escolhidos pela análise de 4 atributos, de vez que normalmente modais diferentes coexistem
competindo na mesma região.

Abstração feita das distorções introduzidas no sistema de transporte por injunções políticas,
mau planejamento ou dificuldades econômicas, a seleção do melhor modal para cada caso
deveria se processar sem concorrência ruinosa, de vez que os atributos competitivos
intermodais tornam um deles o mais apto a conduzir ao custo total mínimo para o usuário
naquele transporte específico. São os seguintes:

3 disponibilidade, isto é seu potencial de utilização no caso em estudo, por estar


operacionalmente presente. É acaciano que só possamos usar modais já existentes no local
desejado, ou de implantação tempestivamente viável. Preferencialmente que formem uma
rede modal e que se integrem com outros modais em um sistema. Infelizmente não são
raros os casos em que se cria arbitrariamente uma demanda, como forma de pressionar a
implantação de determinado modal;

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3 acessibilidade, ou seja que além de estar disponível, pessoas e/ou bens possam ingressar
no modal e dele se utilizar para se deslocar. Por razões técnicas, econômicas ou legais nem
sempre um modal pode ser acessado no local ou no momento em que se dá a demanda;

3 economicidade, isto é oferecer um custo compatível com o valor de seu serviço, fator
subjetivo, que o usuário dá ao transporte (valor > tarifa > custo de transporte). Em uma
economia de livre mercado, e, portanto competitiva, onde houver opções modais diversas,
o usuário escolherá sempre a que lhe acarretar um custo total mínimo, como adiante se
definirá;

3 qualidade de serviço, dado que em igualdade dos demais atributos, entra em jogo este
fator, em parte subjetivo, decorrente do desempenho operacional global ou mesmo da
“imagem” criada pelo transportador de ser confiável, eficiente e atencioso.

Designando cada uma destas características modais por sua inicial e no eixo horizontal os
respectivos modais, formar-se-ia um quadro com a avaliação correspondente para cada uma
delas. (Tabela 1.1)

Tabela 1.1 – Características Modais

Ferrovia Rodovia Hidrovia Aerovia Dutovia


Disponibilidade linear linear superficial superficial linear
Acessibilidade pontual linear pontual pontual linear
Economicidade boa regular ótima baixa boa
Qualidade regular boa baixa ótima ótima

Nota: expressam condições médias gerais e não específicas para dado caso real

1.1.3. Considerações Comparativas

Para melhor entendimento é bom exemplificar os conceitos de disponibilidade e acessibilidade


nas 5 grandes classes de modais: ferroviário, rodoviário, hidroviário, aeroviário e dutoviário.

Estas noções dão uma primeira orientação sobre a faixa ótima de utilização de cada um, de
vez que os modais não são estritamente concorrentes, mas complementares, cada um com
seu campo de ação mais eficiente. Assim:

3 a ferrovia possui disponibilidade linear, ao longo de seus eixos viários, formando linhas-
tronco, ligações e ramais, que por razões técnico-operacionais e econômicas são de
acessibilidade pontual em terminais, estações, pátios e desvios particulares;

3 a rodovia tem também disponibilidade linear, com restrições de acesso em geral reduzidas,
ditadas geralmente por fatores de segurança operacional ou de topografia, podendo ser
considerada de acessibilidade linear;

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3 as hidrovias apresentam disponibilidade superficial, por sobre os corpos de água de
oceanos, mares, lagos, rios e canais, porém como o acesso só se pode dar, por problemas
técnicos ou impedimentos geográficos, em certos pontos (portos e embarcadouros), são
consideradas de acessibilidade pontual;

3 o transporte aeroviário teoricamente tem disponibilidade superficial, mas por razões


técnicas, topográficas e ambientais tem acessibilidade pontual nos aeroportos. Os
helicópteros e aparelhos de tecnologia VTOL (vertical take-off and landing) teriam
praticamente uma acessibilidade também superficial;

3 o transporte dutoviário tem disponibilidade linear em seu eixo geométrico. Como oferece
poucas restrições de acesso, pode-se dizer que tem disponibilidade linear.

Em termos conceituais, as modalidades de transporte formam um sistema, cujos subsistemas


operacionais se constituem de todos ou alguns dos subsistemas a seguir:

VIA VEÍCULO TERMINAIS CONTROLES

Como todos interagem fortemente, as análises dos problemas de transporte exigem a ante
mencionada visão sistêmica, ou seja buscar a otimização do sistema pela ação integrada do
conjunto de subsistemas. É conveniente lembrar que o ótimo do sistema nem sempre é obtido
pela soma dos ótimos de seus subsistemas.

Observe-se que nem todos os modais têm estes subsistemas de forma estritamente
comparável.

Assim que a via pode ser uma instalação materializada bem determinada e de passagem
obrigatória, como nas ferrovias, rodovias e dutos, ou se constituir apenas por uma trajetória
virtual indicativa, para servir de base para a real, caso em que toma o nome de rota, como nos
transportes hidroviários e aéreos. Em certos casos, mesmo estes dois têm trechos balizados no
acesso a terminais ou situações potencialmente conflitantes.

No transporte dutoviário, inexiste o veículo no sentido comum do termo, com a própria massa
transportada agindo como se seu veículo fosse.

A questão dos controles se vincula visceralmente à liberdade espacial do movimento de


deslocamento dentro do sistema.

As ferrovias e os dutos, por exemplo, possuem apenas um grau de liberdade, derivado da


rigidez de orientação de suas vias, que são impositivamente lineares. Este fato facilita sua
automação operacional.

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As rodovias e as hidrovias têm dois graus de liberdade, pois o movimento se processa em uma
superfície, obrigando a fixação de regras para os veículos se moverem, a fim de reduzir ao
máximo as interferências conflitantes entre os mesmos ou com o entorno das vias,
provenientes da liberdade relativa de percurso.

O transporte aeroviário é o único que tem três graus de liberdade, ou seja, seus veículos têm
liberdade espacial segundo três eixos, exigindo regras muito rígidas e universais e um
treinamento intenso dos responsáveis pelos veículos, obrigando um controle espacial.

1.1.4. Capacidade de Transporte – Conceitos Básicos

Capacidade de um modo de transporte, é a expressão de sua potencialidade de atender uma


determinada demanda em trecho específico do sistema, dentro de níveis de serviço fixados.

Em termos práticos, normalmente é expressa por unidades de transporte na unidade de


tempo, como por exemplo “n” trens/dia nos dois sentidos, ou “x” veículos/hora por faixa da
rodovia. É de suma importância nas análises porque materializa a interface entre demanda e
oferta, constituindo meta do planejador e elemento decisório do usuário consciente.

3 Capacidade Teórica é a que seria obtida pela otimização do conjunto de fatores


condicionantes da capacidade. Seria o valor máximo possível de ser atingido nas condições
existentes. Na prática, é normalmente impossível de ser obtido nas circunstâncias normais
da operação e pelos períodos usuais de funcionamento, embora possa ocorrer em
momentos pontuais.

3 Capacidade Prática é a obtida considerando-se as condições-padrão da operação real e


para o nível de serviço especificado para o caso em análise. É o patamar superior de uma
operação bem gerenciada.

3 Capacidade Efetiva é a que vem sendo obtida nas circunstâncias existente no caso em
análise, sem que se tenha efetivado qualquer intervenção saneadora na operação que vem
sendo executada. É inferior à capacidade prática, que seria a meta a ser obtida por uma
melhoria operacional.

3 Capacidade Econômica é a que se obtém quando se reduz o custo operacional de


transporte a um mínimo, sem perda do nível de serviço fixado. É normalmente
intermediária entre a prática e a efetiva em sistemas existentes. Em termos empresariais
das transportadoras deve ser a meta.

Em todas as modalidades, a capacidade prática é uma variável aleatória, com dada


probabilidade de ocorrência, devido principalmente às chamadas variáveis exógenas, que
normalmente estão fora do controle do sistema de transporte, ainda que também as variáveis
endógenas possuam certo grau de variabilidade, como todas as atividades humanas.

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Em decorrência destas circunstâncias, em um projeto de transporte a capacidade teórica
poderá ser sempre definida deterministicamente por fórmulas diversas, em função dos
parâmetros técnicos do projeto. Por exemplo, em uma ferrovia, em função das características
geométricas do plano de via, das especificações do material rodante de tração e rebocado, e
dos sistemas de controle operacional.

Já a estimativa da capacidade prática deriva de analogias com trechos em operação de


gerenciamento no mesmo nível que o previsto para o projeto, dando origem a três caminhos
para a obtenção da expectância da capacidade:

3 aplicar à capacidade teórica um coeficiente redutor, derivado por similitude com casos reais
semelhantes, como na fórmula de Colson para trechos ferroviários

3 empregar um modelo matemático probabilístico, obtido empiricamente a partir de


hipóteses operacionais, fundamentadas em situações reais similares, como as aplicações de
teoria das filas em um porto;

3 armar um modelo de simulação probabilística pela aplicação do Método de Monte Carlo,


com parâmetros médios e variabilidade derivados da prática.

Estas definições são válidas para todas as modalidades de transporte, bem como os
procedimentos de projeto e planejamento, variando os parâmetros técnicos e os componentes
da operação para cada modalidade.

1.1.5. Classificação universal das cargas

Na identificação das características da carga devemos observar aspectos como: perecibilidade,


fragilidade, periculosidade, dimensões e pesos considerados especiais. A carga pode ser
classificada basicamente em:

3 carga geral: conhecida também por carga seca, embarcados separadamente em


embrulhos, fardos, pacotes, sacas, caixas, tambores etc. Este tipo de carga gera pouca
economia de escala para o veículo transportador, pois há significativa perda de tempo na
manipulação, carregamento e descarregamento provocado pela grande quantidade de
volumes. É formados, de modo geral pelas mercadorias embaladas, como sacaria,
engradados, caixotes e caixas, fardos, tambores e amarrados;

3 granéis: mercadorias transportadas sem embalagem individual, constituindo o veículo o


elemento de contenção, embarcada e transportada sem acondicionamento, sem marca de
identificação e sem contagem de unidades (petróleo, minérios, trigo, farelos e grãos, etc.).
Podem ser granéis sólidos, minerais ou agrícolas, como grãos e minérios, granéis líquidos,
minerais ou vegetais, como derivados claros e escuros de petróleo e óleos vegetais, e
granéis gasosos, de alta ou baixa pressão, como o GLP e o cloro;

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3 cargas unitizadas: que por meio de equipamentos contentores, diferentes das embalagens,
as mantém como uma unidade para manuseio de transferência. Os mais comuns são:
contêineres, padrões ou específicos, estrados ou “pallets”, pré-lingadas e sistemas
especiais em que o veículo sem tração constitui o elemento unificador, como piggyback,
TOFC( trailer on flat car),LASH( lighter aboard ship), etc;

3 cargas frigoríficas, embora pudessem ser classificadas em uma das categorias acima,
formam uma classe a parte pelo manejo diferenciado que exigem, com manutenção
permanente de temperaturas baixas e controladas para conservar as qualidades essenciais
do produto durante o transporte (frutas frescas, pescados, carnes, etc.);

3 "break bulk", termo que vem se tornando usual em transporte marítimo para designar
produtos que são transportados a granel, mas cujos elementos apresentam
individualmente volume expressivo, como bobinas de papel e de aço, produtos siderúrgicos
em barras longas, tubos metálicos, toras de madeira, etc;

3 Carga Perigosa, aquela que, por causa de sua natureza, pode provocar acidentes, danificar
outras cargas ou os meios de transporte ou, ainda, gerar riscos para as pessoas. É dividida
pelo IMCO (Organização Marítima Consultiva Internacional) segundo as seguintes classes: I
– Explosivos, II – gases, III - líquidos inflamáveis, IV – sólidos inflamáveis, V – substâncias
oxidantes, VI – substâncias infecciosas, VII – substâncias radioativas, VIII – corrosivos, e
IX – variedades de substâncias perigosas;

1.2. Transporte segundo aspectos econômicos

O Transporte é um setor de serviços da Economia, constituindo uma demanda intermediária, e


como tal seu planejamento estratégico não pode ser independente dos demais setores
econômicos, aos quais serve como insumo difuso, juntamente com a energia, partes
constitutivas e inamovíveis de toda atividade econômica, formando ademais componente
essencial do capital social básico, permitindo o desenvolvimento de potencialidades de
produção e consumo, embora não as gere de per si.

Depende, pois, intrinsecamente dos crescimentos demográfico e da renda como


impulsionadores do hábito de viajar e do consumo, e de todo a gama dos setores produtivos,
tanto como consumidores de matérias primas, bens intermediários e de serviços, como
também produtores de bens finais

Estes fatos fazem com que exista uma estreita correlação entre grau de desenvolvimento de
países e regiões e a disponibilidade de redes de transporte eficientes, a ponto de Wilfred Owen
classificar as nações como “móveis ou imóveis”, conforme o quociente das unidades de
transporte produzidas pela população.

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Não se pode abstrair, contudo, que o Transporte depende também indiretamente de três
outros contextos:

I. contexto político, através de uma de suas facetas, seja como operador, concedente,
fiscalizador, ou pelos representantes da Sociedade, no Legislativo ou no Ministério
Público;

II. contexto sócio-econômico, pelo contato direto e impactante com todas as camadas
sociais e dos setores econômicos;

III. contexto tecnológico, pelas mudanças de tecnologia que alteram variáveis básicas das
características de um modal, como foi, por exemplo, a introdução dos jatos na aviação
civil, ou por efeito demonstração, em um Mundo em que a comunicação a nível social é
instantânea, fazendo com que novidades implantadas em outros países com bom êxito
sejam reivindicadas de imediato em outras regiões, como foi o caso de catalisadores
supressores de emissões poluentes nos automóveis

1.2.1. Aspectos Macro-Econômicos

Nesta parte de conceitos básicos, não se pode deixar de chamar a atenção para a extrema
importância da coordenação técnica e econômica dos modais, de forma que a Sociedade como
um todo desfrute da forma mais eficiente e econômica possível destes serviços essenciais, e
que decorre do chamado marco institucional, conjunto de instrumentos legais e organismos
que regulamentam o Transporte, marco que embora tecnicamente não faça parte dos
conceitos básicos, é condição “sine qua non” de sua otimização.

O Transporte moderno é uma tecnologia de ponta, exigindo como tal um parque industrial e
construtivo adequado e mão-de-obra qualificada. A suscetibilidade dos distintos modos à total
automação é muito função do grau de liberdade do movimento permitido pela via ou pela rota,
menos complexa onde existem vias rígidas (ferrovias e dutos) e mais dificultosa nas de dois
graus de liberdade (rodovias e hidrovias) ou três (aerovias).

É também importante recordar que os investimentos em Transporte são elevados,


especialmente nos países de menor grau de desenvolvimento, pela maior carência de capital
social básico, onde se inclui a infra-estrutura de transporte. Nestas circunstâncias, o transporte
pode consumir até 25% do investimento bruto.

Por outro lado, os investimentos de Transporte costumam ser de longa maturação, o que faz
com que soluções inadequadas ou até mesmo não-otimizadas se traduzam em custos sociais
elevados.

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Como parte do Setor de Serviços da Economia, o Transporte se destaca não somente por seu
investimento massivo, como ainda por ser um forte gerador de empregos diretos e indiretos.

Possui ademais poderosa força estruturante do espaço geográfico, tanto de forma positiva,
liberando as potencialidades econômicas da área de influência, como em áreas vizinhas pode
ser de forma negativa, criando regiões estagnadas, como a Via Dutra produziu na área da
antiga Rio – S. Paulo, hoje conhecida como Fundo do Vale. É um ponto mais na complexidade
de seu planejamento.

Buscando sintetizar esta influência macro-econômica do Transporte se poderia elencar alguns


postulados a respeito:

3 O transporte é condição necessária mas não suficiente de desenvolvimento sócio-


econômico, uma vez que é um serviço, não se enquadrando nem como produção, nem
como consumo, exceto em contados casos. É, portanto, uma falácia pensar que a mera
implantação de um sistema de transporte em dada região desencadeie “ipso facto” seu
desenvolvimento. É imprescindível que coexistam potencialidades produtivas e/ou
consumidoras para que o processo de aceleração da economia da região se concretize. A
Transamazônica é um exemplo relevante e caro desta falácia. Se fosse condição necessária
e suficiente, seria o transporte uma solução imediata do desenvolvimento dos desertos.

3 O desempenho ótimo de um sistema de transporte de qualquer nível de extensão e


localização depende essencialmente do planejamento racional do uso do solo. Em
conseqüência, planos de transporte não são para serem desenvolvidos de forma autônoma
e independente dos relativos ao desenvolvimento econômico da área a que pretendem
servir;

3 Novas estruturas viárias mais eficientes que as existentes tem efeitos perversos sobre
partes da estrutura sócio-econômica da área de influência direta da via pré-existente.
Esses resultados devem ser previstos, mensurados e na medida do possível remediados.
Em sistemas com demandas fortemente reprimidas, melhorias de capacidade geram novos
ciclos de degradação dos níveis de serviço, exigindo constante monitoração dos mesmos e
intervenções eficazes para restabelecer os níveis de projeto;

3 Transporte e armazenagem de carga constituem um binômio biunívoco, pois se o primeiro


é a movimentação da carga no espaço, a segunda produz a movimentação da mesma no
tempo. Sua utilização evita a geração de picos de demanda desmensurados no transporte,
com a conseqüente formação de gargalos por congestionamento ou de sobreinvestimentos
em capacidade, aumentando os custos operacionais, sem esquecer a função reguladora dos
preços nas safras agrícolas;

3 O desenvolvimento econômico de uma região pode com certa freqüência, em dado estágio
de industrialização, diminuir a demanda global em tonelagem, devido a troca do envio de

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produtos primários por derivados mais elaborados, demandados pelo maior nível de renda;
a distâncias médias de transporte, no entanto, tenderão a aumentar;

3 Nem sempre o modo que pareceria, à primeira vista, o modo mais adequado a certo tipo
de demanda, se revela em um estudo mais aprofundado o melhor, dada a complexidade de
fatores a serem ponderados. Em conseqüência, em nível de viabilidade o leque de opções a
ser examinado deve ser o mais abrangente possível e revisto em detalhe;

A aplicação destes postulados, em conexão com as características básicas de cada modo,


evidenciará que o cone de indefinição de utilização entre modalidades, em dada situação real,
é muito menor que o resultante do caos existente.

No caso de uma indústria de transformação, por exemplo, se poderia esquematizar o eixo


mestre deste conjunto, dentro do que se chama de visão sócio-econômica do transporte, com
o seguinte aspecto (Figura 1.1):

Matérias
Primas
C
O
N
Produção Mercado S
U
Mão de M
TRANSPORTE
Obra PRINCIPAL O
Transporte Transporte
interno interno

Transporte Transporte
coletor distribuidor

Figura 1.1 – Visão sócio-econômica do Transporte - Indústria de transformação

O Sistema de Transporte, nacional ou regional, se compõe de diferentes modais, que, por suas
características de disponibilidade, acessibilidade, economicidade e qualidade de serviço, não
são estritamente competitivos, mas sim complementares, cada um possuindo seu campo
preferencial de atuação, que pode variar de uma situação para outra, em conseqüência da
demanda qualitativa, quantitativa e espacial, da estrutura geográfica da área servida e dos
custos dos insumos operacionais.

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1.2.2. Estrutura Modal de Custos

A estrutura modal de custos resulta sempre da soma de duas parcelas, cuja importância
relativa varia extremamente entre os distintos modais:

custo total modal = custo de capital + custo de operação

que para adequada comparação devem ser escoimadas de incentivos diretos e indiretos,
subsídios aparentes ou ocultos, para que parcelas da Sociedade não paguem por serviços que
não utilizam ou aos quais não tem acesso, como é o caso dos subsídios dados aos transportes
urbanos das grandes cidades e que saem de contribuições tributárias impositivas sobre toda a
população, usuária ou não.

Por custo total de transporte entenda-se o somatório dos seguintes itens:

3 frete principal, preço cobrado pelo transportador ao usuário pelo deslocamento principal
efetuado em sua via ou rota segundo uma tabela de valores unitários chamada tarifa;

3 frete dos transportes complementares (coletor e distribuidor), da origem inicial ao terminal


inicial do transporte principal, e do terminal final do transporte principal ao destino último;

3 custos de terminais, compreendendo o pagamento das operações de carga, descarga,


transferências, armazenagem e conservação realizadas nos terminais de transporte;

3 seguros, impostos e taxas incidentes sobre quaisquer das operações acima;

3 custo de embalagens de proteção no transporte e manuseio, ou extra-comerciais;

3 custos de imobilização de capital, relativos ao tempo total de transporte porta-a-porta,


como por exemplo entre a saída do estoque de produção e a entrada no estoque de
comercialização em outra localidade.

Como, com a forte estatização que vigia no Sistema Brasileiro de Transporte, o custo de
capital era do Governo, sua opção de implantação era normalmente pelo modal de menor
investimento inicial, ou seja, o rodoviário, enquanto a Sociedade pagava o ônus do pesado
custo operacional desta modalidade através do frete, agregado pelos usuários ao preço dos
produtos, e da rápida deterioração das vias por força do excessivo peso por eixo dos veículos
de carga, cujas taxas não cobriam uma mínima parte deste item. Some-se a isso, as pressões
externas exercidas por dois dos mais poderosos setores do capitalismo mundial: a indústria do
petróleo e a indústria automobilística.

Este fato criou um dos mais significativos componentes do chamado “custo Brasil”, tornando-
se o único país de dimensões continentais e economia diversificada em que o transporte
rodoviário, neste século, tornou-se amplamente dominante.

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Na atual conjuntura do País, o Setor de Transporte passa por mudanças estruturais profundas,
com especial impacto da privatização de suas atividades, desregulamentação de sua operação
e novas tendências geradas pela dita globalização e pelo modelo neo-liberal adotado na
Economia como um todo, com todas evidências de que não deva haver reversão destas
expectativas no curto e médio prazo.

Estas tendências fazem com que a simples extrapolação do passado tenha atualmente menos
representatividade sobre modelo de desenvolvimento futuro do Setor, circunstância que torna
o Planejamento Estratégico muito mais necessário, mas também de maior dificuldade de
elaboração.

1.2.3. Cláusulas comerciais e INCOTERMS.

A comercialização doméstica ou internacional de mercadorias envolve a utilização de certos


termos, que em realidade representam cláusulas comerciais, ou seja, entre comprador e
vendedor do produto em causa, padronizadas para definição uniforme em todo o Mundo, e
deste modo facilitam o entendimento e a resolução de conflitos, independente do idioma que
falem os contratantes, e que devem ser conhecidos dos técnicos que planejam, constroem,
operam ou usam terminais, pelo estreito vínculo que guardam com as políticas mercadológicas
dos mesmos e a responsabilidade pelos gastos derivados da utilização das "facilidades" de
transporte.

Estes termos, hoje em número de 14, surgiram em 1936 e são denominados INCOTERMS,
acrônimo em inglês de INternational COmmerce TERMS.

Os 13 usuais, fruto da edição de 2000 da Câmara Internacional de Comércio, ICC em inglês,


são:

3 EXW EX WORKS............................................ (... local citado)


3 FCA FREE CARRIER ...................................... (... local citado)
3 FAZ FREE ALONGSIDE SHIP........................... (... porto de embarque citado)
3 FOB FREE ON BOARD.................................... (...porto de embarque citado)
3 CFR COST AND FREIGHT ............................... (... porto de destino citado)
3 CIF COST, INSURANCE AND FREIGHT ............ (...porto de destino citado)
3 CPT CARRIAGE PAID TO................................ (...local de destino citado)
3 CIP CARRIAGE AND INSURANCE PAID TO ....... (...local de destino citado)
3 DAF DELIVERED AT FRONTIER ....................... (... local citado)
3 DES DELIVERED EX SHIP............................... (...porto de destino citado)
3 DEQ DELIVERED EX QUAY.............................. (...porto de destino citado)
3 DDU DELIVERED DUTY UNPAID....................... (...local de destino citado)
3 DDP DELIVERED DUTY PAID........................... (...local de destino citado)

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Em realidade, como visto anteriormente, estas cláusulas regulam pagamentos entre
comprador e vendedor; ao transportador e ao gerente de terminal só interessam para saber
quem é o responsável pela despesa incorrida no transporte, carga/descarga, manuseio,
armazenagem, e obrigações fiscais, de forma a poder assegurar seus direitos de receber
corretamente pelos serviços prestados.

3.3.2 - Terminologia de cargas internacionais

É regida pela Nomenclatura Aduaneira de Bruxelas - NAB, de aceitação universal, que se


difundiu com adaptações regionais, como a NABALADI, ex-NABALALC, entre os países-
membros latino=americanos da ALADI, e mesmo nacionais, como a Nomenclatura Brasileira de
Mercadorias - NBM, ou a NADE do Uruguai, todas porém mantendo a estrutura dos 4 primeiros
dos oito dígitos dos códigos de identificação da NAB e adaptando os 4 restantes a suas
necessidades próprias.

Portos e Aeroportos – Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia – UFMG 17

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