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Resumo
Segundo teóricos da Economia Étnica, estratégias de auto-ajuda e defesa de
imigrantes podem não só contornar desvantagens culturais, sociais e econômicas, como
atuar, em casos de sucesso, de forma efetiva na preservação de aspectos culturais no
contexto minoritário. Através do estudo comparativo entre dois grupos de imigrantes
muçulmanos no estado de São Paulo, um profundamente marcado pela economia étnica e
outro com seus membros atuando de forma relativamente independente na esfera
econômica, tento analisar até que ponto a atividade econômica comum “solda” um grupo
imigrante e o torna mais resistente às pressões do abrasileiramento. Por fim, procuro
analisar como o perfil ocupacional de cada grupo imigrante influencia a interpretação da
própria ética econômica religiosa.
Palavras-chave: Islã, economia étnica, assimilação
Abstract
According to theorists of the Ethnic Economy area, strategies of self-help and
defence of immigrants can get around cultural, social and economic disadvantages, besides
helping to preserve cultural aspects in a minority context. Through a comparative study on
two groups of Muslim immigrants in the state of São Paulo, one deeply marked by the
ethnic economy and another one with members working independently in the economic
sphere, it is analysed to what point a common economic activity “solders” an immigrant
group and makes it more resistant to assimilation pressures in Brazil. Finally, it is studied
how the occupational profile of each group influences the interpretation of the own
religious economic ethic.
Key-words: Islam, Ethnic Economy, assimilation
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Introdução
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Os muçulmanos costumam ser vistos como um bloco monolítico e homogêneo tanto
por outsiders quanto por insiders. Diferentes interesses permeiam estas visões defensoras
da homogeneidade. Por um lado, todo um modelo de pensamento desenvolvido desde o
século XIX e denominado por Said (1978) “Orientalismo”. Um projeto acadêmico-político
cujo intuito seria a construção de identidades homogêneas onde elas não existem,
identidades homogêneas e inferiores que justificariam a dominação cultural, política e
econômica dos povos e países muçulmanos pelo Ocidente; França e Inglaterra, a princípio,
e, pós-Segunda Guerra, EUA.
Há ainda uma noção nativa para designar o conjunto de muçulmanos pelo mundo, a
Ummah. Esta se apóia no ideal islâmico de sobrepor a identidade religiosa a critérios
étnicos, nacionais, territoriais ou de classe... O único tipo aceitável de diferenciação entre
os homens seria baseado na fé e devoção a Deus. Este tipo de argumento tem facilitado a
expansão da religião pelo mundo. Como afirma Becker, porém, “os valores de qualquer
grupo social são um ideal do qual o comportamento real pode às vezes se aproximar, mas
raramente incorpora integralmente”. (1994, p. 79) Desta maneira, os ideais da Ummah não
impedem o surgimento de escalas valorativas dentro do grupo religioso, baseados em
critérios não necessariamente atrelados à fé.
Além da identidade religiosa definida a partir de múltiplas possibilidades
encontradas dentro da tradição islâmica (sunismo, xiismo e suas subvertentes e escolas), um
muçulmano ainda ostenta muitas outras identidades como a de gênero, classe, etnia, nação,
faixa etária, ocupação... Neste artigo, especificamente, volto-me para o estudo da possível
influência do exercício de uma atividade econômica comum sobre o discurso (inclusive
aquele relacionado à própria ética econômica da religião) e religiosidade de dois grupos
imigrantes muçulmanos em São Paulo. Diferencio-me das abordagens orientalistas ao
refutar a idéia de uma “identidade islâmica homogênea”, explicitando a diversidade
encontrada entres os muçulmanos imigrantes residentes em São Paulo. Além disso, como
convém a um cientista social, não julgo, nem tampouco inferiorizo seus comportamentos e
idéias.
Concluindo, ao enfatizar os muçulmanos como agentes capazes de re-criar e re-
interpretar suas tradições religiosas, em função dos seus diversos perfis e interesses, fujo da
concepção orientalista de homogeneidade ao mesmo tempo em que mantenho a
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possibilidade de lidar com a variável religiosa, uma vez que ambos os grupos pesquisados,
independente de suas diferenças étnicas, dedicam-se à re-interpretação da ética econômica
da religião, em um processo bastante condizente com o perfil ocupacional de cada um.
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Tal comentário indica uma preocupação em mostrar independência do “mundo muçulmano”.
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principal fonte, onde os fiéis doavam quanto podiam, “havia quem doasse 100 e quem
doasse 100 mil...”, segundo o professor.
De qualquer forma, Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos cooperaram
com a construção desta e de outras mesquitas no Brasil. Segundo Chedid, seriam, ao lado
do Egito, os principais colaboradores internacionais do processo de institucionalização do
Islã no Brasil. Além da ajuda financeira para a construção de mesquitas, financiam sheikhs
para dar aula de árabe e religião no Brasil e fornecem educação religiosa para líderes
muçulmanos locais naqueles países.
Cerca de 200 famílias muçulmanas residem no bairro, a maioria da cidade libanesa
de Trípoli. O comércio de jeans tornou-se o principal ramo de atuação desta comunidade,
assim como o comércio de móveis concentrou boa parte dos muçulmanos de São Bernardo
do Campo. É interessante chamar a atenção para o fato de que a cidade e/ou região de
origem constituiu um fator importante para o estabelecimento dos imigrantes libaneses de
origem muçulmana em áreas específicas, assim como ocorreu com os cristãos libaneses.
A socialização oferecida aos recém-chegados fez ainda com que se direcionassem a
um determinado ramo de atuação, como mostra este trecho da entrevista de Chedid:
“Vamos falar assim, eles se juntaram, se uniram pela mesma causa, então vamos ver, as
pessoas que vieram do Líbano de uma certa cidade e viveram em São Bernardo, por
exemplo, mexem com móveis, as pessoas todas que vieram para o Brás, mexem com jeans.
Então, quem quer vir para o Brás, sem querer acaba entrando neste ramo, por que?
Porque acaba aprendendo, conhecendo este ramo, se envolvendo nele...”
“Quando o muçulmano vem para cá para o Brasil e vem recém-chegado, ele não conhece
a língua, não conhece as pessoas... Quem vai dar emprego para ele, quem vai ajudá-lo,
quem vai dar oportunidade? Tem que ser os muçulmanos que estão bem sucedidos porque
eles devem abrir esta oportunidade para ele, não quer dizer que vão dar para ele dinheiro,
ou vão dar para ele uma loja, mas de uma certa maneira, acabam empregando ele,
ajudando a aprender a língua, o ramo. Depois disso, acabam fazendo o papel de fiador
quando for montar a própria loja, alugar uma casa...”
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encaminhando dos imigrantes a esta ou aquela cidade ou bairro e a religião islâmica
completa o elo de ligação estimulando a solidariedade e a cooperação mútua. É preciso
lembrar, no entanto, que apesar disso, é possível encontrar pessoas sem qualquer ligação
étnica ou nacional com aquele grupo que são abarcadas por sua rede de solidariedade, pelo
simples fato de professar a mesma fé. Presenciei um número considerável de casos de
convertidas, migrantes do nordeste brasileiro, que foram absorvidas pela rede de
solidariedade dos imigrantes, ao sofrerem desvantagens no mercado de trabalho,
decorrentes da ausência de capital social no contexto paulistano (fora aquele do próprio
grupo religioso) e discriminação religiosa (pelo fato de usarem o véu na esfera pública).
Nos estudos da área de Sociologia da Religião não é novidade encontrar uma grande
quantidade de migrantes, como as nordestinas do Brás, em comunidades religiosas. Estas
últimas oferecem não só conforto espiritual para a nova vida, mas a possibilidade de rápida
formação de um novo capital social que, em não raros casos, se converte em emprego.
Voltando aos imigrantes, convém salientar que após os libaneses, os maiores grupos
são formados por sírios e palestinos. Há também imigrantes de origem africana, conversos
e uma população flutuante formada por visitantes de diversos países em passagem pelo
Brasil: libaneses, sul-africanos, paquistaneses, etc. Segundo Chedid, os conversos
constituem cerca de 100 pessoas, que costumam freqüentar a mesquita com mais
assiduidade aos sábados, uma vez que o trabalho dificultaria em certa medida sua presença
nas sextas-feiras. Afirmou não ter dados a respeito da quantidade exata de fiéis por gênero,
mas acredita que apresentam-se em números equivalentes.
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de cursos de pós-graduação ou para exercer uma função docente, também naquela
instituição de ensino. Outros grupos, como os sul-africanos de origem indiana gujarati
compõem a comunidade. Estes deixaram seu país fugindo do apartheid e aqui se
estabeleceram trabalhando como empresários, fundamentalmente no setor de ensino do
idioma inglês. Moçambicanos de origem indiana gujarati já chegaram a constituir maioria
naquela comunidade, porém, decepcionados com as crises econômicas brasileiras
desistiram do sonho de “fazer a América” aqui e deixaram, em sua quase totalidade o país
na época do governo Sarney. Talvez isto possa ser explicado pela ausência de uma
economia étnica que os acolhesse. Não possuíam um capital cultural tão alto quanto os
indivíduos vinculados à Unicamp, o que poderia lhes dar alguma chance de lá serem
absorvidos como docentes ou discentes da pós-graduação… Também não possuíam o
capital cultural advindo da língua inglesa, como os indianos gujaratis da África do Sul, o
que explica o porquê de não terem seguido os passos daqueles. O contexto de recessão
marcado pelo governo Sarney também não favorecia o desenvolvimento de uma economia
étnica por eles próprios naquele momento. Por fim, resta citar que em número muito
pequeno ainda encontram-se, dentre aquele grupo, pessoas provenientes da Malásia e das
Guianas.
Vejo a baixa mobilização do capital social interno para o desenvolvimento de uma
economia étnica naquele grupo como decorrente não da heterogeneidade étnica, como
alguns poderiam supor, mas sim do tipo de capital cultural de seus membros. Em
Campinas, ainda mais do que em outros centros islâmicos do país, a identidade religiosa
comum é vista como suficiente para justificar o casamento entre imigrantes de perfis
étnicos distintos. E se a identidade religiosa é suficiente para promover este tipo de ligação,
não há porque imaginar que também não poderia articular aqueles indivíduos em torno de
uma mesma atividade econômica. Acredito que a principal razão para a baixa importância
do uso do capital social interno para fins econômicos naquele grupo seja o capital cultural
diferenciado que seus membros ostentam, o que lhes possibilitou ingressar no corpo
docente ou discente da pós-graduação, na Unicamp, e no ramo de ensino do idioma inglês.
A heterogeneidade étnica presente em Campinas coloca o ideal da Ummah em
destaque, uma vez que torna-se fator quase que exclusivo de formação de uma identidade
coletiva para os membros daquele grupo.
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O impacto da atividade econômica sobre a religiosidade dos grupos
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“Umas das provas mais implícitas da tolerância no Islam e da garantia à liberdade de
crença, bem como da inexistência de imposição religiosa, é a permissão do casamento de
seu adepto com a mulher não muçulmana.”
...
“Analisando o parentesco resultante do casamento do muçulmano com uma judia ou uma
cristã, percebemos que pela natureza humana isto gera o apoio e a cooperação entre os
dois lados. Maravilhoso é o sentimento que nasce entre os filhos e seus tios paternos e
maternos. Isto é a tolerância, o pré-requisito da paz”.
“Há um trecho do Alcorão onde é dito que um muçulmano não dorme bem se tiver um
vizinho com problemas, e este vizinho não necessariamente é muçulmano, isto não é
especificado no texto. Ou seja, o muçulmano deve olhar pelo bem estar de seu vizinho,
muçulmano ou não, deve zelar pelo bem da humanidade, sem distinção de religião”,
lembrando ao fim que “rezamos todos para o mesmo Deus”.
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O Islã é apresentado como a última e definitiva revelação da palavra de Deus, iniciada por Abrão. O
Cristianismo e o Judaísmo seriam religiões portadoras das primeiras revelações da palavra divina.
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A tolerância religiosa também faz parte do discurso oficial encontrado na Liga da
Juventude Islâmica, no Brás, porém lá o Cristianismo assume um papel muito maior de
fornecedor de características diacríticas da sociedade local para a comunidade imigrante no
processo de construção de identidade deste grupo. A idéia de que é dever do muçulmano
crer nas religiões reveladas previamente (Cristianismo e Judaísmo) e em seus profetas, faz
parte do discurso oficial da Liga da Juventude Islâmica do Brás, presente nos sermões de
sexta-feira, nas aulas de religião ministradas aos sábados e no website da Liga:
O respeito não apenas ao “profeta Jesus” como à virgem Maria (mulher mais citada
no Alcorão, segundo o Sheikh) é bastante salientado. Porém, aqui, ao contrário de
Campinas, as diferenças entre as religiões são muito mais demarcadas. A começar pela
“confiabilidade” dos livros sagrados de ambas as religiões. A idéia de que a Bíblia teria
sido escrita 300 anos após a morte de Cristo, ao contrário do Alcorão que teria sido escrito
enquanto o profeta Muhammad e seus amigos ainda estavam vivos foi encontrada por mim
no website da instituição, em sermões de Sexta-feira, nas conversas das convertidas…. Tal
argumento é utilizado para justificar a presença de erros na doutrina cristã. A veracidade da
mensagem do Cristo não é negada, nem tampouco, a origem divina dos seus ensinamentos,
mas põe-se em questão o registro de sua mensagem, o qual teria sido responsável por
diversos equívocos na transmissão da doutrina de Jesus. “O Islamismo não veio para anular
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Aula ministrada em maio de 2006.
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in http://www.ligaislamica.org.br/jesus_no_islam.htm
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as outras religiões, veio para corrigí-las,” disse o professor de religião da turma iniciante da
Liga.
O sucesso econômico dos imigrantes muçulmanos da Liga, atrelado ao dinamismo
de suas jovens lideranças, faz com que estes se vejam como responsáveis pela educação e
informação religiosa dos brasileiros mais pobres e menos estudados ao seu redor. O
discurso do Sheikh daquela mesquita, citado a seguir, sobre os primeiros árabes no Brasil,
esclarece o auto-atribuído papel destes jovens imigrantes junto à sociedade hospedeira:
“os árabes conseguiram fazer com que em cada bar, em cada esquina, fossem vendidas
esfihas, mas e a palavra de Deus? Não passou nem da primeira esquina. Falhamos nisso e
esta deve ser a nossa contribuição aos brasileiros, levar a palavra de Deus até eles”
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convertidas, porém percebiam o que estava em jogo naquelas aulas e viam com maus olhos
a presença destas pessoas. Quando comentei com uma delas a grande presença de
“evangélicos” interessados nas aulas de sábado, ela logo respondeu em tom de reprovação:
“Mas não estão aqui interessados em aprender a religião, não, não é para isso que vêm...”
Certos evangélicos podem estar freqüentando as aulas não por interesse em converterem-se,
mas, ao contrário, por visar impedir novas conversões ao Islã, ou quem sabe, aproveitar
aquela oportunidade como um treinamento para missões evangelizadoras no exterior, em
países muçulmanos. Os árabes parecem não perceber segundas intenções por parte destas
pessoas, mas convertidas como a citada anteriormente percebem algo de errado, talvez até
por estarem mais acostumadas com estratégias de evangelização, inclusive por experiências
prévias com religiões pentecostais. Em Campinas, não foi constatado qualquer sinal de
combate pentecostal, provavelmente devido à baixa visibilidade daquela comunidade,
número irrisório de mulheres usando o véu na esfera pública, baixíssimo índice de
conversões e ausência de atividades proselitistas.
Voltando ao caso da Liga, apenas uma vez pude presenciar uma menção direta das
lideranças árabes aos evangélicos e foi referente ao caso do “chute na santa” efetuado pelo
Bispo Von Helder da Igreja Universal, na década de 1990. Na aula inaugural de religião
para iniciantes, realizada na Liga, no dia 11 de fevereiro de 2006, o presidente da União
Islâmica do Brasil e membro fundador da Liga da Juventude Islâmica citou o caso:
“Pegar o Profeta de mais de um bilhão de pessoas e fazer charges não é errado? Isso é
liberdade de expressão? O padre que chutou a santa fugiu do Brasil porque a polícia não
podia protegê-lo. Eu não rezo para imagem, mas considero no mínimo uma baixaria o que
fizeram com a santa. Pisar na bandeira do Brasil é ofender a todos os brasileiros, não é
liberdade de expressão”.
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“Quando o Islã reinou no mundo, não roubou de ninguém. Inglaterra e França roubaram a
África e o Oriente Médio. Não porque os árabes são nobres, mas porque o Islã proíbe que
se faça isso. O Brasil é um país católico graças à tolerância do Islã porque quando (os
árabes) dominaram Portugal, deram liberdade de crença aos cristãos”.
“Islã e EUA não se dão porque não combinam em matéria de pensamento. EUA vivem de
juros. Islã é contra a cobrança de juros, viver de juros é pecado. O Islã é um regime
econômico, político, é uma verdadeira constituição, mexe com toda a vida. Como é
proibido viver de juros, aplica-se o dinheiro para abrir uma lavanderia, uma padaria...
Emprega-se pessoas e resolve-se o problema do desemprego. A América detesta o Islã
porque a ideologia do Islã é contra...”
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Em Campinas, também há uma preocupação em esclarecer a importância do ganho
honesto do dinheiro e a condenação da usura. Mas suas críticas focam de forma bem mais
incisiva o materialismo e o consumismo disseminado pelos “países centrais” e o
conseqüente afastamento de Deus, que justificaria, inclusive, o atraso em que se encontram
os países muçulmanos nos dias de hoje:
“Os países centrais têm o total domínio sobre a economia mundial e sobre os países
periféricos; têm o poder econômico e militar; e ainda, criaram seguidores e representantes
em todos os países muçulmanos, tentando substituir a cultura islâmica pela imoralidade e
pela corrupção, tornando-se comunidades materialistas e espiritualmente fracas,
aproximando-se dos interesses mundanos e afastando-se da religião e do Criador; então,
Ele os abandonou”.O Islã seria “o veículo mais seguro para nos levar, de um lado a uma
espiritualidade completa, e de outro lado, a uma sociedade correta”; o modo de vida que
“nos leva à moderação e ao equilíbrio entre o material e o espiritual; isto é, entre a
satisfação mundana e a felicidade celestial”.
Conclusão
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educacional superior e no ramo de ensino do idioma inglês, diminuindo a necessidade de
mobilização do capital social religioso para a criação de uma economia étnica. Trabalhando
de forma basicamente independente e habitando diferentes regiões da cidade, os
muçulmanos campineiros apresentam um discurso religioso muito mais comedido e
modesto, muito mais preocupado com a aceitação do que com uma possível expansão, e
uma prática da religião quase invisível na esfera pública.
Por fim, é interessante ressaltar que a forma como cada um dos grupos se apropria
da ética econômica islâmica também mostra-se compatível com o tipo de ocupação
predominante em cada uma delas. Como uma defesa do empreendedorismo no Brás e uma
crítica ao consumismo em Campinas.
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