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Acomodação de Cargas
Os aspectos relacionados com a acomodação adequada de cargas nos veículos de transporte rodoviário
envolvem diversos princípios e regras práticas, bem como procedimentos que devem seguir a
legislação pertinente.
A correta distribuição da carga no veículo é fundamental para uma operação segura e econômica.
Dentre os efeitos observados pela distribuição incorreta da carga no veículo, pode-se destacar:
• Má estabilidade;
• A falta de aderência;
• A iluminação deficiente;
• A sobrecarga nos eixos;
• O desgaste prematuro de diversos componentes, como os pneus, freios, eixos, molas,
amortecedores, sistemas de direção;
• A elevação do consumo de combustível.
a) no eixo dianteiro
Se a carga estiver com a maior parte do seu peso recaindo sobre o eixo dianteiro, pode sobrecarregá-lo,
tornando a direção pesada e, com isso, prejudicando a dirigibilidade do veículo.
b) No eixo traseiro
Se a carga estiver concentrada no balanço traseiro, pode provocar excesso de peso no eixo traseiro e
falta de peso no dianteiro, tornando a direção leve, com aderência insuficiente.
Em aclives ou depressões da via, pode-se, em casos extremos, perder o contato das rodas dianteiras
com o solo.
c) No caso de semi-reboques
Se a carga estiver incidindo acentuadamente sobre o eixo motriz do caminhão-trator, ocorrerá
sobrecarga e desgaste dos pneus, ocasionando má estabilidade do conjunto.
Se a carga estiver incidindo na parte traseira do semi-reboque, pode haver falta de aderência das rodas
propulsoras do veículo-trator e desgaste excessivo dos pneus do semi-reboque.
Influencia da distribuição de carga no facho luminoso dos faróis
O facho de luz dos faróis só proporcionará uma iluminação eficiente e segura se o veículo estiver com
a carga corretamente distribuída.
Havendo sobrecarga no eixo traseiro, o facho de luz ficará alto, comprometendo sua eficiência.
Se o eixo dianteiro estiver sobrecarregado, o facho de luz ficará baixo, reduzindo a área iluminada à
frente do veículo, comprometendo sua segurança.
O centro de gravidade da carga também deve estar posicionado adequadamente em relação à largura
da carroceria, ou seja, coincidindo com o centro de gravidade do conjunto.
Quando ele estiver deslocado para uma das laterais, haverá um esforço maior sobre a suspensão e os
pneus daquele lado, podendo ocasionar derrapagens em razão das condições desiguais de frenagem ou
até tombamentos devido a desníveis da pista.
a) Coleta e Entrega
No caso de veículos que executam serviços de coleta e entrega de mercadorias, tais como: cigarros,
jornais, revistas, produtos alimentícios, encomendas e correspondências, torna-se mais difícil efetuar
uma correta distribuição de peso por eixo, uma vez que os veículos são carregados ou descarregados
ao longo do trajeto.
Tomando-se como exemplo o caso da distribuição de mercadorias, considera-se que o veículo, ao
iniciar uma viagem, encontra-se totalmente carregado e com uma distribuição correta de peso sobre os
eixos.
Porém admitindo-se que a descarga seja feita pela porta traseira do veículo, pode ocorrer uma
concentração de carga no eixo dianteiro, à medida que as entregas forem sendo efetuadas.
O mesmo processo ocorre de maneira inversa nos serviços de coleta, quando o veículo vai sendo
carregado a partir de sua parte dianteira.
Uma solução para evitar os problemas de distribuição da carga no veículo é elaborar roteiros levando
em conta o volume de entregas ou coletas, procurando com isso utilizar o veículo o menor tempo
possível com um dos eixos sobrecarregado.
c) Cargas líquidas
Os líquidos têm a propriedade de ocuparem o volume que lhes é oferecido. O veículo, ao enfrentar
aclives e declives ou ao descrever curvas, poderá ter sobrecarga num dos eixos, devido à acomodação
instantânea dos líquidos. Para atenuar este problema, os tanques devem ser providos, internamente de
quebra-ondas.
d) Cereais e Granel
Este tipo de transporte tem um comportamento parecido com o dos líquidos, proporcionando uma
distribuição uniforme ao longo da plataforma de carga, apesar de ter maior resistência à auto-
acomodação.
Quando o trajeto tiver muitos aclives e declives, assim como muitas curvas horizontais, poderá ocorrer
sobrecarga nos eixos e nas laterais do veículo devido ao acúmulo dos grãos.
Este problema pode ser minimizado com a instalação de anteparos, com função semelhante à dos
quebras-ondas empregados nos tanques. É importante também cobrir a carroceria com lona ou
encerado, para evitar a perda de carga durante o trajeto.
g) Contêineres
Os veículos transportadores de contêineres devem ter dispositivos de apoio e fixação na carroçaria,
semi-reboque ou reboque.
Quando a carga for de baixa densidade, não há preocupação com o peso e sim com o máximo
aproveitamento volumétrico do contêiner.
Quando, porém, se têm cargas mais densas, deve-se verificar o limite de peso bruto estabelecido para o
contêiner. Este limite imposto pelas normas ISO, não é, porém, a única restrição. É preciso considerar
também a capacidade máxima de tração e os pesos máximos por eixo admitidos no transporte
rodoviário, o que depende do veículo a ser utilizado.
A carga colocada no contêiner deve ter seu peso aplicado sobra a maior área e extensão possíveis,
evitando-se concentrar forças em alguns pontos do piso, principalmente nas extremidades. O centro de
gravidade da carga deve estar o mais próximo possível do centro do piso do contêiner.
h) Cargas Longas
As cargas longas não devem ser transportadas em veículos cuja carroçaria não ofereça as condições
necessárias de acomodação e segurança.
Para o transporte de postes, tubos e vergalhões, por exemplo, as carroçarias devem dispor de malha
metálica para proteção da cabina e berços de apoio com sistema de amarração da carga.
Para transportar cargas longas e de peso elevado, como estruturas metálicas, toras, pré-moldados, etc.,
deve-se utilizar semi-reboques especialmente desenvolvidos para esta finalidade, inclusive com
comprimentos variáveis (extensíveis), que possibilitam a correta distribuição do peso sobre os diversos
eixos.
j) Vidros
Vidros planos devem ser transportados em pé, ligeiramente inclinados, na posição mais baixa possível,
para não comprometer a estabilidade do veículo e também para facilitar o seu carregamento e
descarregamento.
As carroçarias devem dispor de dispositivos de fixação e apoio adequados para que os vidros não
sejam danificados durante o transporte.
Conceito de Carga Unitizada
Carga unitizada constitui um conceito extremamente simples: diversos volumes de mercadorias são
acondicionados ou arrumados de modo a constituírem “unidades” maiores, de tipos e formatos
padronizados, para que possam ser mecanicamente movimentados ao longo da cadeia de transportes,
eliminando-se, assim, os múltiplos, dispendiosos e desnecessários manuseios da carga fracionada. Ou
seja, é uma carga constituída de materiais (embalados ou não) arranjados e acondicionados de modo a
possibilitar a movimentação e a estocagem por meios mecanizados como uma única unidade.
Embora os principais motivos para a unitização sejam reduzir os custos da movimentação de materiais
e aumentar a sua velocidade, o conteúdo de uma carga unitizada está, geralmente, sujeito a menos
movimentação severa, aumentando, portanto, a proteção aos materiais.
A carga unitizada é um conjunto ou grupo de objetos mantidos como uma unidade de carga em um
transporte entre uma origem e um destino.
É a consolidação de vários volumes pequenos em outros bem maiores e homogêneos, com a finalidade
de propiciar a automação dos transportes ou, o que é mais importante, a integração dos diversos
sistemas (ou “modais”) existentes – o aquaviário, o ferroviário, o rodoviário e o aeroviário – por
intermédio dessas “unidades de carga”, no que se denomina Transporte Intermodal.
Na atual competição comercial, os produtos precisam chegar aos mercados consumidores a preços
competitivos, que permitam lucros razoáveis, a fim de que o negócio seja atrativo e continue
progredindo. Muitas vezes, em virtude do excessivo custo do transporte, ou lucros deixam de ser
compensadores, ou passam a ser negativos, impossibilitando as transações comerciais.
A carga unitizada pode ser grande ou pequena: isto vai depender da situação, e não há nada mais
adequado do que a combinação de embalagens ou itens como uma unidade simples, a fim de facilitar a
estocagem e expedir a movimentação, quer por meio de rodas na base da carga, quer por equipamento
mecânico.
O planejamento da carga unitizada é complexo, embora possa parecer que colocar um grande número
de itens sobre ou dentro de algum suporte ou recipiente seja planejar uma carga unitizada.
A dimensão da carga unitizada deve ser aquela que se enquadre em todas as modalidades de
transporte, tais como: caminhões, vagões ferroviários e contêineres marítimos.
A dimensão da carga unitizada deve permitir suficiente espaço livre, de modo que o funcionário possa
carregar e descarregar rapidamente a unidade.
A aplicação do conceito de carga unitizada implica em considerar a maneira como a carga será
transportada, que pode ser descrito como a seguir.
2. Suspendendo a carga
A carga é suspensa com a ajuda de um gancho. O fato de a carga suspensa não ser movimentada
rigidamente e requerer um cuidado maior no carregamento é compensado pela maior liberdade de
movimentos, que pode ser uma vantagem na movimentação em recintos apertados. Existem também
outros dispositivos de elevação, como, por exemplo, imãs e ventosas.
Existem vários métodos de carga unitizada, cada qual correspondendo a um tipo específico de
unitizador.
Todos eles apresentam características típicas, não só quanto às vantagens e desvantagens, mas,
principalmente, quanto aos equipamentos de movimentação e às especificações de transporte.
Os principais são:
1. Carga auto-unitizada.
2. Carga paletizada.
3. Carga pré-lingada.
4. Carga contentorizada.
5. Carga conteneirizada.
Auto-unitização
1. Cintamento
É o sistema pelo qual vários volumes são presos uns aos outros por meio de cintas, arames ou fitas,
formando uma unidade de carga. O tipo de cinta mais usado é o de aço, mas, hoje, o emprego de fitas
sintéticas está ganhando adeptos.
2. Blocagem
Diversos produtos, como blocos de alvenaria ou embalagens resistentes, podem ser empilhados, de
forma que se tenha, na pilha, aberturas para a introdução de garfos de empilhadeira ou lingas de
içamento.
As caixas de papelão podem ser arrumadas para formar seu próprio unitizador, permitindo a
movimentação por empilhadeiras. Os métodos mais comuns empregam um reforço de cartão, papelão
corrugado ou fibra. Um deles consiste em deixar, de cada lado da fileira inferior, espaço
correspondente a meia caixa, para a introdução dos garfos da empilhadeira.
3. Enfardamento
Mercadorias de grande volume podem ser acondicionadas em forma de fardos.
Os fardos são constituídos de materiais que podem ser prensados, como algodão ou fibras de aniagem,
e contidos por fitas (cintas) de aço ou de materiais sintéticos. Em alguns casos, o material pode receber
um envoltório têxtil, para maior proteção sob o cintamento.
Polpa de celulose e sucata também são prensados e cintados com cintas de aço de alta resistência e
elasticidade. Este cintamento pode ser combinado com cintas de içamento.
Carga paletizada
A paletização – que recebeu um grande impulso durante a 2ª Guerra Mundial – é, e continuará sendo, o
principal fator para o estabelecimento do conceito de carga unitizada e, conseqüentemente, dos
benefícios advindos da mesma.
A diferença entre utilizar ou não a paletização pode afetar o ciclo de distribuição, desde o fornecedor
da matéria-prima até o cliente.
Os paletes são, usualmente, uma plataforma para apoio e acondicionamento de carga, com dimensões
padronizadas, possuindo dispositivos para apoio de garfo de empilhadeira ou outro equipamento.
madeira
metais: chapa de aço, alumínio.
papelão e fibra.
plástico.
borracha.
A área de aplicação dos paletes tem aumentado muito nos últimos anos. Inicialmente empregados na
movimentação interna em fábricas, armazéns e depósitos, hoje acompanham a carga por toda a cadeia
de distribuição.
No caso de uso de paletes retornáveis, há o “pool” de paletes. Neste esquema de trabalho, também
chamado de intercâmbio de paletes, os fornecedores e os usuários trocam entre si um número
equivalente de paletes durante as operações rotineiras de distribuição.
Também emprega-se o sistema de “compra direta do palete”. Neste caso ele é adquirido junto com os
materiais.
O emprego de paletes na indústria tem tido um grande desenvolvimento devido às suas vantagens sob
o ponto de vista do volume do armazém. O emprego dos paletes permite, de fato, aproveitar a altura
disponível.
Os paletes para fins especiais podem apresentar diversas configurações. Seu projeto e construção
dependem exclusivamente de sua aplicação específica e, assim, eles podem apresentar grandes
variações entre si.
A movimentação de materiais como rolos de papel, bobinas de arame, peças fundidas de porte, peças
de máquinas, etc., requerem a utilização de paletes reforçados de longa vida útil.
Tambores e barris de cerveja criam problemas de paletização que são solucionados por paletes
especialmente projetados para estas aplicações. Algumas cervejarias utilizam paletes de madeira
compensada e caibros com reentrâncias onde se encaixam as cintas metálicas dos barris. Estes ficam
na posição horizontal, permitindo o empilhamento de três fileiras de barris por palete, o que aumenta a
utilização do espaço de armazenagem e reduz os custos de movimentação.
No que se refere ao resultado das embalagens por paletização, há algumas recomendações importantes
com relação às caixas de papelão mais comumente utilizadas:
A unitização, principalmente de sacaria, é a amarração por cintas com alças ou olhais para o içamento
da carga.
A vantagem destas lingas em relação aos paletes é seu menor custo. Além disso, podem retornar sem
carga, ocupando muito pouco espaço, o que não ocorre com os paletes.
As lingas usadas podem ser descartáveis ou não, e as mais comuns são tiras de fibra sintéticas como
nylon e poliéster. Usa-se também cabo de aço ou fibra ou corrente.
As cargas transportadas em sacos e fardos são as que apresentam melhores condições para a unitização
com lingas. As caixas, em princípio, não devem ser utilizadas nesta forma, porque o encurvamento
observado nas mesmas, devido à ação das lingas, pode danifica-las.
Em relação à freqüência do uso, as lingas podem ser reutilizáveis ou descartáveis.
A movimentação da carga pré-lingada é feita apenas por içamento. Este pode ser feito por
empilhadeiras equipadas com acessórios especiais.
Cargas contenedorizadas
O contenedor é um acessório:
• Especialmente projetado para conter as peças em uma posição determinada. Pode ter rodas para
garantir mobilidade;
• Freqüentemente equipado com reentrâncias, hastes ou orifícios, para orientar as peças, ou com
divisores entre camada, para facilitar a movimentação, inspeção, etc.;
• Destinado a conter a carga com segurança, permitindo fácil carregamento e descarregamento;
• De caráter durável, suficientemente resistente para suportar uso repetitivo;
• Adequado à movimentação mecânica e ao transporte por diferentes equipamentos;
• Com capacidade de carga bruta superior a 500kg;
• Não constituindo embalagem de carga transportada.
Alguns modelos são especialmente fabricados para facilitar a estocagem de materiais de forma
circular, como pneus, aros de veículos, rolos de arame, cabos de aço, ou elétricos.