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A Importância da Família na Educação da Criança
c ½or keite costa
c ½ublicado 8/02/2010
c Educação
c Avaliação:
A Importância da Família na Educação da Criança

O presente artigo discute a importância da participação da família no processo educacional


da criança e foi elaborado a partir da minha experiência escolar em uma das escolas da
rede pública de ensino durante o período de dois anos. Nesse período, foi possível
constatar vários problemas familiares relacionados ao aproveitamento escolar dos alunos,
pois alunos que possuíam um ambiente familiar sem estrutura afetiva e com ausência dos
pais e parentes no acompanhamento escolar, não obtinham o aproveitamento satisfatório
em relação aos alunos cujas famílias não apresentavam esse quadro. Portanto, o artigo
desenvolvido tem como objetivo discutir a importância da família na educação da criança,
tanto no ambiente social da escola como no ambiente familiar, focalizando assim, o papel
da família nesse processo. Para a construção desse trabalho, fizemos um relato de minha
experiência como educadora, focalizando a participação da família na aprendizagem do
aluno, embasado por autores como BANOMI, MANTOVANI, PARO, SZYMANSKI.
Observamos, portanto, que a participação da família é fundamental no processo
educacional dos filhos, uma vez que a educação, para ser integral, precisa ser conduzida
por essas duas instituições sociais essenciais ao desenvolvimento da criança ± família e
escola.

INTRODUÇÃO

Historicamente, a família constitui uma instituição de extrema importância na formação e


na educação das crianças, juntamente com a escola, onde é desenvolvida a educação e
formação sistematizada das mesmas. Porém, é no ambiente familiar que a criança tem
seu primeiro contato com a sociedade.
Daí a importância da união dessas duas instituições sociais na formação educacional das
crianças, embora a maioria dos sistemas educacionais defendam a posição de que a
educação inicial é de responsabilidade da família, pelo fato de considerar esse ambiente
familiar como ideal para o desenvolvimento e educação das crianças.
Essa linha de pensamento defendida por grande parte dos sistemas educacionais não leva
em consideração o fato de haver problemas estruturais nas famílias e que crianças que
convivem nesse tipo de ambiente, geralmente não têm o devido acompanhamento no
desenvolvimento educacional, tanto no ambiente escolar, no qual na maioria dos casos os
pais não se fazem presentes no monitoramento dos filhos, quanto no ambiente familiar, no
qual não há um controle da disciplina transmitida para a criança, e, ainda, nem sempre a
educação familiar é realizada pelos seus próprios pais. Sendo assim,
os pais precisam conhecer e discutir os objetivos da proposta pedagógica e os meios
organizados para atingi-los, além de trocar opiniões sobre como o cotidiano escolar se liga
a esse plano. Posteriormente, a prática de reunir os pais periodicamente, para informá-los
e discutir algumas mudanças a serem feitas no cotidiano das crianças, pode garantir que
suas famílias apóiem os filhos de forma tranqüila (OLIVEIRA, 2002, p. 181).

Dependendo da disponibilidade dos pais, o acompanhamento da educação da criança é


efetuado por pessoas que na maioria das vezes sequer são parentes das mesmas,
proporcionando dessa forma uma provável deficiência na qualidade da educação.
Sendo assim, Paro (2000, p.16) apud Caetano ressalta que o distanciamento entre escola
e família não deveria ser tão grande, pois para ele, a escola ³não assimilou quase nada de
todo o progresso da psicologia da educação e da didática, utilizando métodos de ensino
muito próximos e idênticos aos do senso comum predominantes nas relações familiares´.
Para Caetano, aquele autor se remete ao fato de que a atual escola dos filhos, é bastante
parecida com a escola que os pais freqüentaram, e por isso, estes últimos não deveriam
sentir-se tão distanciados do sistema educacional, e também o professor, embora admita a
necessidade da participação dos pais na escola, não sabe bem como encaminhá-la.
Assim, de acordo com Paro (2000, p. 68) apud Caetano ³parece haver, por um lado, uma
incapacidade de compreensão por parte dos pais, daquilo que é transmitido na escola; por
outro lado, uma falta de habilidade dos professores para promoverem essa comunicação´.
A relação envolvendo a escola e a família precisa estar em perfeita harmonia para que
ocorra um processo de educação eficiente, uma vez que a escola é uma instituição que
possui o objetivo de complementar o ambiente familiar. Sendo assim, a escola não deve
funcionar sem a família e vice-versa, pois uma depende diretamente da outra visando ao
desenvolvimento social e educacional das crianças.
Segundo Paro (2000, p.15) apud Caetano, além de problemas como professores mal
formados e outros, a escola tem falhado também e principalmente ³porque que não tem
dado a devida importância ao que acontece fora e antes dela, com seus educandos´.
Partindo dessas discussões, o presente artigo tem como objetivo discutir a importância da
participação da família no processo educacional da criança.
Para a produção do referido artigo, utilizamos como referenciais teóricos autores como
Heloisa Szymanski, Zilma Ramos Oliveira, Susanna Mantovani, entre outros, além de
artigos relacionados ao tema. Além disso, procuramos articular as discussões propostas
pelos autores citados com a minha experiência profissional desenvolvida em escola
pública estadual no ano de 2007 e 2008.
A escolha desse tema para a produção desse artigo se deu a partir da percepção de
problemas causados pela ausência de familiares no acompanhamento escolar de algumas
crianças comprometendo, assim, o desenvolvimento satisfatório das mesmas.

1 ± A FAMÍLIA E O ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO EDUCACIONAL DOS


FILHOS: O PRIMEIRO ANO DE EXPERIÊNCIA

A minha experiência profissional em sala de aula ocorreu no ano de 2007 e 2008 na


Escola Estadual Irmã Scheilla, situada no bairro de Bom Pastor ± Natal/RN, que oferece
educação infantil e fundamental, com turmas nos turnos matutino e vespertino. Nessa
escola, desempenhei o papel de professora titular de uma turma do primeiro ano do ensino
fundamental, cuja faixa etária era compreendida entre seis e sete anos.
Inicialmente, encontrei dificuldades na implantação e execução de tarefas em sala de aula,
assim como na relação professor-aluno, pois não tinha experiência suficiente em sala de
aula e, principalmente, não tinha experiência com crianças em nível de alfabetização.
Antes de iniciar as aulas, houve duas semanas de planejamento pedagógico, nas quais a
coordenadora teve o papel de transmitir as devidas orientações necessárias, para juntas
elaborarmos uma rotina a ser estabelecida em todas as salas de aula, com relação à
higiene e ao comportamento, assim como o respeito entre si.
A maioria das famílias dos alunos que compunham a turma com a qual trabalhava,
enfrentava o problema do analfabetismo, além de problemas relacionados com a
convivência familiar, ocasionando deste modo, uma acentuada dificuldade por parte da
escola em garantir um aprendizado de qualidade.
Dentre os principais problemas diagnosticados na aprendizagem dos alunos, citamos a
falta de interesse no ato de aprender, aliado a falta de acompanhamento escolar por parte
dos pais, que muitas vezes não fazem parte do dia-a-dia das crianças.
Esse tipo de relacionamento negligente dos pais acarreta nas crianças um certo ³bloqueio´
e uma acentuada dificuldade na aprendizagem individual, prejudicando o desenvolvimento
coletivo da turma, uma vez que as atividades não são executadas de maneira homogênea
pelos alunos.
A negligência dos pais no acompanhamento dos seus filhos faz com que os mesmos cada
vez mais se tornem desmotivados ao longo do período letivo, pois não havendo pessoas
para realizar o compartilhamento das atividades, o aprendizado se torna sem motivação.
Os alunos que possuem este perfil familiar apresentam em sua maioria dificuldades para
aprender, assim como dificuldades para entender o que é transmitido em sala de aula.
Como afirma Heloisa Szymanski:

As crianças que não dispõem desse atendimento em casa ficam, porém, prejudicadas.
Isso significa que elas chegam em casa sem o processo de aprendizagem completo mas,
nem a escola nem a família, assumem isso e, na avaliação final, é julgada por
incompetência, primeiramente, a criança e, depois, a família ± que, no caso, assume a
culpa, já que tem responsabilidade pela criança (SZYMANSKI, 2001, p. 83 ± 84).

Diante dessas características com relação à ausência dos pais na educação direta da
criança, quanto ao seu acompanhamento e desempenho escolar insatisfatórios, algumas
crianças se tornam exceções a essa regra, pois possuiam pais e familiares, ambos
ausentes na formação das mesmas, e mesmo diante dessa situação, mantinham-se entre
os melhores alunos no que diz respeito ao desenvolvimento escolar e disciplinar.
Os pais são os responsáveis diretos na formação social dos seus filhos, de modo que
atitudes sem ética são absorvidas com naturalidade por parte das crianças, e
conseqüentemente estes atos são levados ao âmbito escolar e compartilhados pelos
demais alunos da escola.
O fato é que a família é o primeiro grupo de pessoas com quem a criança, ao nascer, tem
contato. Portanto, é de suma importância que a educação seja transmitida com o mais alto
grau de qualidade e eficiência para que a criança no seu desenvolvimento social possa
estar embasada no que se diz respeito à prática da cidadania, ou seja, neste círculo de
pessoas que a rodeiam, a fonte original da identidade da criança é a família.
Silva (2008) destaca que a família funciona como um suporte que toda criança precisa e,
infelizmente, nem todas têm. É o sustentáculo que vai ajudar a criança a desenvolver o
conhecimento ajustado de si mesma e o sentimento de confiança em suas capacidades
afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para
agir com perseverança na busca de conhecimento.
Portanto, segundo aquela autora, não só a relação família e escola são fundamentais para
a formação da criança no ambiente da sociedade, mas também existe outro fator de
elevada importância para atingir tal objetivo: a presença atuante do professor em sala de
aula, que por sua vez, é o complemento dessa relação de educação.
Bonomi (apud Silva, 2008) destaca que o bom relacionamento existente entre esses três
personagens, (dois dos quais são protagonistas na escola ± educadores e crianças) é de
extrema importância durante o processo de inserção da criança na vida escolar, além de
significar a ação conjunta em direção à consolidação de uma pedagogia voltada para a
infância.
A ausência dos pais e familiares na formação escolar da criança proporciona uma série
problemas no aprendizado e no desenvolvimento escolar da mesma. Por outro lado, as
crianças que possuem pais participativos e que acompanham seus filhos em tudo que diz
respeito à aprendizagem dos mesmos, demonstram afeto ao próximo, carinho com os
educadores e demonstram educação para com os outros, os cadernos são limpos e
organizados, a escrita é realizada de forma organizada e as tarefas de casa são
executadas corretamente.
No momento em que fui conhecer um pouco dessas famílias que costumavam
acompanhar seus filhos, pude perceber que os pais eram alfabetizados e mesmo os que
não possuíam alfabetização, investiam com aulas de reforço para seu filho, ou então
algum parente o ensinava e em seu lar familiar não havia nenhum tipo de violência
doméstica e nem uma separação conjugal. Todos viviam em harmonia e dedicação na
aprendizagem de seus filhos e os mesmos mostravam ser bastante felizes e carinhosos
tanto com os pais, quanto com toda a equipe pedagógica.
Os pais que eram dedicados ao acompanhamento dos seus filhos, participavam de todas
as reuniões de pais e mestres, e ficavam sempre atentos quando alguma coisa acontecia
com seus filhos. E por esse motivo as crianças eram bastante educadas e organizadas
tanto nas atividades de sala de aula como nas atividades enviadas para serem realizadas
em casa. A escola possuía um caderno que continha um pequeno relato das famílias de
cada aluno, de todas as série oferecidas pela escola e nesse caderno relatava-se um
pouco a vida de cada família.
Daí ser oportuno fazer referência a Carraro (apud Silva, 2008) ao destacar que a qualidade
da Educação Infantil depende, cada vez mais diretamente da parceria existente entre a
escola e a família. Pois ao abrir esses canais de comunicação, respeitar e acolher os
saberes dos pais ajudam-se mutuamente. Eis algumas ações em que as únicas
beneficiadas são as nossas crianças pequenas.
O lar representa para a criança o primeiro contato com a vida social e por isso a
participação dos pais deve ser de maneira constante e permanente para assim poder
construir o caráter dos filhos e por mais que o lar passe por transformações, ele ainda
continuará sendo para a criança a principal fonte de influência no comportamento, nas
emoções e na ética da mesma.
A parceria família e escola precisa ser cada vez maior, pois quanto maior for a parceria,
mais positivos serão os resultados na formação do sujeito. Porém essa realidade não
acontecia de fato com relação à turma na qual trabalhei durante o período de experiência.
Uma das maneiras de aproximar o professor e o aluno era justamente com práticas
interativas como a utilização do ³Jornal do fim de semana´, no qual era relatado pelo aluno
o que se passou com o mesmo de uma forma dissertativa e independente, auxiliando o
professor a conhecer mais sobre a vida pessoal de cada um dos seus alunos e
conseqüentemente identificar as principais dificuldades e anseios dos mesmos.
O ³Jornal do fim de semana´ inicialmente era composto apenas de desenhos e ilustrações
dos próprios alunos, uma vez que nem todos dominavam a escrita, pois se encontravam
na fase inicial do processo de alfabetização.
No início da implantação desse método, as atividades e a confecção do ³Jornal do fim de
semana´ eram realizadas no próprio caderno dos alunos e o acompanhamento acontecia
de maneira individual, porém esse método se tornou ineficiente pelo fato de haver um
número considerável de alunos, proporcionando dessa forma um acompanhamento menos
detalhado do desenvolvimento dos mesmos e, assim, na maioria das vezes, alguns alunos
ficavam sem a verificação da atividade desenvolvida.
O ³Jornal do fim de semana´ continuou a ser realizado de maneira individual, porém a
mudança necessária ocorreu com o fato do mesmo não ser mais executado no caderno
dos alunos, passando então a ser feito em folhas individuais, que por sua vez eram
distribuídas entre os mesmos e no término; da confecção do Jornal, eram entregues,
proporcionando uma análise mais eficiente.
A sensibilidade se torna item indispensável para possibilitar a identificação e compreensão
do significado de cada desenho expressado naturalmente pelos alunos nesses relatos da
situação familiar vivenciada pelos alunos.
Um dos exemplos de relatos expressados foi a ilustração de duas viaturas de polícia
juntamente com um personagem entre as mesmas, feita por um dos alunos. Ao perguntar
o que significava aquele desenho, o mesmo com um tom de naturalidade respondeu que a
figura expressava a captura do seu próprio pai, pois o mesmo usava constantemente
drogas ilícitas, inclusive na presença dos seus filhos.
Isso explica talvez o fato desse mesmo aluno apresentar vários problemas relacionados
com a sua capacidade e interesse de aprendizagem, assim como atitudes não éticas
praticadas constantemente pelo mesmo, como brincadeiras não sociáveis e ações
inadequadas como o ato de fingir estar fumando, seguindo o exemplo do seu próprio pai,
além de preferir na maioria das vezes brincar de ³Polícia e ladrão´, brincadeira essa que
representa a violência urbana, assim como a prática e incentivo de armas de fogo.
Mesmo com todos esses transtornos ocorridos com o pai desse aluno, tive a oportunidade
de conversar em particular com o mesmo na presença da diretora. Porém, o
aproveitamento não foi satisfatório, pois a reação dele não estava de acordo com a
realidade dos fatos, uma vez que o mesmo apresentava um semblante de indiferença
durante a conversa e no dia seguinte o aluno continuou com os mesmos atos
indisciplinares de antes.
Esses problemas foram transmitidos a Coordenação da Escola, que por sua vez, ao tomar
o devido conhecimento dos fatos, ordenou que fosse realizada uma reunião individual com
o objetivo de ajudar a melhor orientar a educação do seu filho, porém á reunião não
aconteceu pelo fato do mesmo estar impossibilitado de comparecer a reunião, pois o
mesmo havia sido vítima de uma tentativa de assassinato com golpes de faca em seu
rosto. Isso afetou diretamente o aspecto psicológico do filho, que por sua vez se tornava
um aluno cada vez mais agressivo e violento no convívio social da escola e na relação
com seus amigos.
As reuniões pedagógicas aconteciam periodicamente a cada mês com o objetivo
justamente de identificar e solucionar tais problemas, além de organizar e desenvolver
temas a serem trabalhados em sala de aula. As professoras relatavam os problemas
enfrentados pelas mesmas em sala de aula e pude perceber que o problema não era
apenas na minha sala, ou seja, fazia parte de toda a escola.
O comprometimento profissional do corpo docente limitava-se apenas ao ato de ensinar e
educar, pois assuntos relacionados com o lado social e pessoal dos alunos eram de
responsabilidade da Coordenação da escola, o que dificultava e centralizava o poder das
decisões, facilitando desse modo o atraso na resolução dos problemas sociais vivenciados
pelos alunos.
A minha atitude inovadora de procurar conhecer mais profundamente os alunos com
relação aos aspectos sociais dos mesmos não era seguida pelas demais professoras do
quadro docente da escola, onde as críticas eram constantes contra o meu comportamento
profissional por parte das professoras que insistiam com o seu método de trabalho,
separando aspectos profissionais com a preocupação da questão social e familiar dos
alunos, o que não influenciava no meu modo de agir, pois contava com o apoio da
coordenação.

2- A FAMÍLIA E O ACOMPANHAMENTO DO PROCESSO EDUCACIONAL DOS FILHOS:


SEGUNDO ANO DE EXPERIÊNCIA

Após o primeiro ano letivo de experiência profissional continuei desempenhando o papel


de educadora, com os mesmos alunos, porém na série subseqüente, ou seja, 2º ano do
ensino fundamental.
Alguns alunos ficaram ausentes nesse processo, por vários motivos como mudança de
endereço domiciliar, tornando inviável o deslocamento dos alunos nestas condições até a
escola e outros foram transferidos pela família para outras instituições de ensino, além do
ingresso de novos alunos na turma.
O nível escolar dos alunos era satisfatório na sua maioria, pois muitos deles já dominavam
a escrita e a leitura de maneira eficiente. Porém, as dificuldades maiores foram
identificadas nos alunos que ingressaram na turma, pois não tinham o mesmo nível
educacional alcançado pelos alunos que já faziam parte da instituição sob a minha
orientação.
A partir daí, foi preciso iniciar um processo de nivelamento educacional da turma, para que
dessa forma se tornasse possível alcançar os objetivos educacionais de uma maneira
geral.
Inicialmente, as atividades em sala de aula eram realizadas, na maioria das vezes, em
grupo, objetivando uma melhoria na qualidade de ensino, pois os alunos que dominavam
com mais facilidade a escrita e a leitura, incentivavam os demais a realizarem as
atividades propostas dentro de seus próprios grupos de trabalho. Com esse tipo de
conduta, a sala de aula se tornou mais nivelada quanto aos aspectos educacionais, além
do desenvolvimento social e interação em grupo.
Com o ingresso desses novos alunos, pude perceber mais um problema no
acompanhamento educacional das crianças por parte dos pais, pois constatei que os
mesmos não eram alfabetizados e, portanto, não era possível acompanhar e se fazerem
presentes no acompanhamento escolar dos próprios filhos, porém, eram bastante
participativos com relação a reuniões escolares periódicas.
O grande desafio encontrado nesse segundo ano de experiência era descobrir a melhor
forma de integrar os pais que não eram alfabetizados para que se tornasse possível uma
melhor interação no acompanhamento e no desenvolvimento dos filhos.
Após o início desse ano letivo, com o ingresso de novos alunos na turma, outros
problemas foram detectados, diferentemente dos exemplos de alunos que possuíam
problemas estruturais familiares, assim como conduta indisciplinar no ambiente escolar, e
pude perceber que tais problemas persistiam no dia-a-dia de alguns alunos, causando nos
mesmos uma certa dificuldade de acompanhamento escolar em relação aos outros alunos
da turma.
O número de casos de alunos que possuíam esse perfil problemático com relação à
qualidade da educação dos pais e seu devido acompanhamento escolar já se fazia
presente no primeiro ano experiência.
A diferença principal entre o primeiro ano de experiência e o segundo foi a constatação da
presença de alunos que possuíam pais presentes e participativos na educação dos seus
filhos, porém não eram alfabetizados, tornando o acompanhamento sem o aproveitamento
satisfatório.
Dessa forma, constatamos que para que haja uma aprendizagem satisfatória, integral da
criança, é necessário que a parceria entre a família e a escola seja uma realidade no
contexto educacional. Para que isso ocorra de fato, é preciso que ambas as instituições
tenham o mesmo objetivo: o desenvolvimento da aprendizagem do educando, isso porque

o que ambas as instituições têm em comum é o fato de prepararem os membros jovens


para sua inserção futura na sociedade e para o desempenho de funções que possibilitem a
continuidade da vida social. Ambas desempenham um papel importante na formação do
indivíduo e do futuro cidadão (SZYMANSKI, 2009, p. 98).

No ambiente escolar no qual atuei como educadora, de maneira geral, essa parceira ainda
não se constituía de forma efetiva, fato que prejudicava o processo de aprendizagem de
alguns educandos, que refletiam na escola as conseqüências dos problemas enfrentados
no ambiente familiar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos principais fatores responsáveis pela deficiência e insatisfação no desenvolvimento


escolar e social das crianças é a desestrutura no ambiente familiar, pois se o mesmo não
possuir estrutura favorável para proporcionar uma educação eficiente, provavelmente, as
crianças desenvolverão dificuldades no aprendizado.
Ainda que alguns alunos tenham a capacidade de contornar tais problemas e
desempenharem uma vida escolar e social exemplar, esses alunos fazem parte de uma
pequena parcela em relação à quantidade total de alunos.
Na família, há o reconhecimento do papel dos pais, irmãos e outras pessoas que convivem
com a criança ou adolescente e sua contribuição para o seu desenvolvimento. Na escola,
destacam-se os professores, uma vez que estes se envolvem cotidianamente em
atividades programadas e realizam intervenções importantes que afetam o processo de
ensino e aprendizagem.
Dessa forma, a participação da família é fundamental no processo educacional dos filhos,
uma vez que a educação, para ser integral precisa ser conduzida por essas duas
instituições sociais essenciais ao desenvolvimento da criança ± família e escola.

REFERÊNCIAS

BONOMI, Adriano. O relacionamento entre educadores e pais. In: BONDIOLI, Anna;


MANTOVANI, Susanna. Manual da educação infantil de 0 a 3 anos. POA: Artmed, 1998.
CAETANO, Luciana Maria. Relação escola e família: uma proposta de parceria. Disponível
em: www.seufuturonapratica.com.br/intellectus/_.../Jul.../Luciana.pdf. Acesso em 25

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/32304/1/A-Importancia-da-Familia-na-Educacao-da-
Crianca/pagina1.html#ixzz1GzZezRKf

A importância da parceria entre família e escola


no desenvolvimento educacional

ANA PAULA DE SOUSA


MÁRIO JOSÉ FILHO
Universidade Estadual Paulista, Brasil

1. O processo de sociabilidade e aprendizagem infantil


Durante o processo de desenvolvimento social da criança são formadas ações motoras
e mentais que proporcionam progressivamente o domínio do uso de objetos e a aprendizagem
de comportamentos em situações complexas, diante da identificação dos significados destes
objetos e situações.

Deste modo, no decorrer do desenvolvimento, o indivíduo estabelece sua capacidade


de agir, questionar e fazer descobertas sobre o mundo vivencial, de pensar criticamente sobre
os objetivos e as situações que o rodeia e de construir inclusive seus próprios valores morais
através de relações interpessoais, estabelecidas com o ambiente físico e social.

Mesmo sofrendo todas as influências do meio físico e social, a criança não é passiva,
mas sim um agente interpretativo, pois ela constrói significados para suas experiências e ações
vividas ao longo desse processo. Sendo assim, o impacto específico de qualquer interação
particular dá-se sempre em função do que a criança se tornou e das expectativas e relações
que já formou.

No momento em que a criança aprende a gerar normas de ação, a discriminar as


regras que se aplicam a determinadas situações e a agir de acordo com a regra selecionada -
proporcionada devido às atividades práticas realizadas no convivo social - é que a consciência
e o comportamento moral maduro são alcançados.

Pressupõe-se então, que a consciência madura é atingida quando já existe certo grau
de aprendizagem. E esse processo de aprendizagem, em geral, se dá ao longo do processo de
integração e de adaptação do ser humano ao seu ambiente.

Para Piaget (1987) esta adaptação é feita por assimilação de esquemas e por
acomodação desses esquemas em novas estruturas mentais. E é a partir dessas estruturas
mentais que se faz o processo da aprendizagem, quer dizer, qualquer coisa ³nova´ que se
aprenda só poderá ser assimilada se existir uma base de conhecimentos suficientes para isto.

 evista Iberoamericana de Educación ISSN: 1681-5653 n.º 44/7 ± 10 de enero de 2008 EDITA : Organización de
Estados Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI) Ana Paula de Sousa, Mário José Filho
Desta forma, para que a capacidade de aprender exista, será necessário que a criança
forme ações mentais adequadas ± capazes de identificar características, propriedades e
finalidades ± que inicialmente existem sob a forma de eventos externos e dos quais o indivíduo
se apropria, sendo gradativamente interiorizados.

Isto é, as conexões sociais progressivamente são incorporadas pela criança e o seu


comporta-mento passa ser orientado por uma fala interna ± fundida com o pensamento
integrado às operações intelectuais ± que planeja sua ação. Com isso, podemos dizer que a
aprendizagem nada mais é que um conteúdo da experiência humana e das ações
compartilhadas das quais a criança se apropria ao manter contato com seu grupo.

Enfim, a criança nasce dentro de uma sociedade com seus valores e padrões
apropriados e através da interação com outros seres humanos, especialmente os mais
experientes, ela apreende elementos do mundo social ± a fim de funcionar dentro dele ±, que
auxiliam numa definição desse mundo e servem de modelo para as suas atitudes e
comportamento, podendo ser de maior ou menor importância, mas que ajudam a criança a
determinar sua própria personalidade.

2. A família: um importante agente socializador


A partir do nascimento, a criança é inserida num contexto familiar que torna-se
responsável pelos cuidados físicos, pelo desenvolvimento psicológico, emocional, moral e
cultural desta criança na sociedade. Com isso, através do contato humano a criança supre
suas necessidades e inicia a construção dos seus esquemas perceptuais, motores, cognitivos,
lingüísticos e afetivos.

Também é a partir da família que a criança estabelece ligações emocionais próximas,


intensas e duradouras sendo cruciais para o estabelecimento de protótipos de liames
subseqüentes para uma socialização adequada.

O ambiente familiar é o ponto primário da relação direta com seus membros, onde a
criança cresce, atua, desenvolve e expõe seus sentimentos, experimenta as primeiras
recompensas e punições, a primeira imagem de si mesma e seus primeiros modelos de
comportamentos ± que vão se inscrevendo no interior dela e configurando seu mundo interior.
Isto contribui para a formação de uma ³base de personalidade´, além de funcionar como fator
determinante no desenvolvimento da consciência, sujeita a influências subseqüentes.

[...] Todo o seu progresso psicológico foi realizado, até então, através das relações com outrem,
principalmente os pais. De começo, a criança fundiu-se com as pessoas que a rodeiam,
identificou-se com elas, foi invadida pela sua presença [...]. (Médici, 1961, p. 40).

A família também desenvolve um papel importante nas formas de representação do


mundo exterior, pois é através dela que se dá a inserção do sujeito neste mundo e onde
começa a apreensão do conjunto de determinações ± processo este que lhe possibilita viver o
universal de forma particular e, neste movimento, construir-se.

Revista Iberoamericana de Educación (ISSN: 1681-5653) ‡ 2 ‡A importância da parceria entre família e escola no
desenvolvimento educacional
O fato de pertencer a um determinado núcleo familiar já propicia à criança noções de
poder, autoridade, hierarquia, além de lhe permitir aprender habilidades diversas, tais como:
falar, organizar seus pensamentos, distinguir o que pode e o que não pode fazer, seguindo as
normas da sua família, adaptar-se às diferentes circunstâncias, flexibilizar, negociar.

Um bom exemplo é o relacionamento com adultos próximos, principalmente pais e


irmãos, onde a criança aprende como negociar, cooperar e competir, a fazer amigos e aliados,
a ter prestígios e fracassos, a ter oportunidade de experimentar relações com iguais e aprender
umas com as outras.

As experiências e sentimentos brotados no decorrer do relacionamento cotidiano


familiar são de grande influência no comportamento da criança, podendo orientá-la quando se
tornar aluno e assim funcionar como base futura para a interação com companheiros
escolares.

Nesta lógica, é imprescindível que no relacionamento entre pais e filhos os sentimentos


de carinho e segurança possam ser transmitidos de modo que, conseqüentemente, levem a
criança a explorar mais o ambiente, acarretando num maior aprendizado.

Muitos especialistas no assunto acreditam que o afeto encontrado no seio familiar pode
ser entendido como a energia necessária para que a estrutura cognitiva passe a operar,
influenciando a velocidade com que se constrói o conhecimento, ou seja, quando a criança se
sente mais segura, aprende com mais facilidade.

Podemos observar, o quanto às ligações emocionais são necessárias para o


desenvolvimento da natureza humana, já que uma criança tem que experimentar relações
primárias a fim de empatizar com outras pessoas e desenvolver uma segurança psicológica
básica.

Os apegos emocionais também estão na base da motivação da aprendizagem. Pelo


fato de a criança procurar a aprovação e o amor dos outros ± para ela, significativos ± ela é
motivada a pensar e a comportar-se como eles desejam, além de basear seu comportamento
no deles.

A família funciona como o primeiro e mais importante agente socializador, sendo assim,
é o primeiro contexto no qual se desenvolvem padrões de socialização em que a criança
constrói o seu modelo de aprendiz e se relaciona com todo o conhecimento adquirido durante
sua experiência de vida primária e que vai se refletir na sua vida escolar.

Independentemente de como a família é constituída, esta é uma instituição fundamental da


sociedade, pois é nela que se espera que ocorra o processo de socialização primária, onde
ocorrerá a formação de valores. Este sistema de valores só será confrontado no processo de
socialização secundário, isto é, através da escolarização e profissionalização, principalmente na
adolescência. (Valadão; Santos, 1997, p. 22).

Passamos a trabalhar com a possibilidade de que o modelo de aprendizagem não se


caracterize como algo de cunho somente individual, mas também como modelo desenvolvido
em uma rede de vínculos. Assim, a família se revela não somente como fator indispensável na
estabilidade emocional da criança como também na sua educação, com isso, o sucesso da
tarefa da escola depende da colaboração familiar ativa.
Revista Iberoamericana de Educación (ISSN: 1681-5653) ‡ 3 ‡Ana Paula de Sousa, Mário José Filho
3. O papel da escola na formação do ser social
A instituição escolar é um fenômeno relativamente recente na história da humanidade,
somente surgiu como prática corrente, por causa das exigências crescentes de um mundo
cada vez mais industrializado.

A produtividade demandava trabalhadores melhores preparados para operar máquinas,


consertar engrenagens e entender de processos produtivos, enfim, precisava-se de pessoas
que dominassem minimamente os conhecimentos necessários nas fábricas. Neste contexto, a
escola seria responsável pelo ajustamento do educando a um mundo mecânico e social.

A educação, portanto, não têm uma história isolada, mas constitui parte integrante do
todo social, subsistema relacionado aos fatores mais amplos da sociedade (econômicos,
sociais). (Giaqueto; Pinto, 1989, p. 18)

No século XX, o acesso à escola tomou proporções nunca antes imaginadas; a


dedicação cada vez maior de homens e mulheres ao trabalho fez com que as funções da
família começassem a ser divididas com a escola, esta progressivamente passou a ter um
papel maior na formação dos indivíduos e a se tornar de grande importância educacional.

Além de fornecer modelos comportamentais, fontes de conhecimento e de ajuda para o


alcance da independência emocional da família, a escola também passa a ser o local para a
formação do ser social e para o desenvolvimento do processo de transmissão-assimilação do
conhecimento ± que pode ser utilizado pelo aluno em seu meio de sociabilidade como
instrumento de sua prática.

A escola se constitui num pólo de referência e ampliação de uma identificação com a


família para uma identificação mais geral com o grupo social externo, ou seja, na construção da
identidade do ser social. (Valadão; Santos, 1997, p. 8).

Contudo, para que o indivíduo seja um agente consciente da sua prática social, é
preciso que ele se torne capaz de dominar o conhecimento elaborado existente na sociedade
em que vive, inclusive o próprio modo de produzir este conhecimento.

Mas o que se verifica em grande parte das escolas, é um ensino massificado, onde o
ritmo é o de uma linha de montagem industrial. Em decorrência, temos alunos assumindo o
valor de notas ou conceitos que os conduzem à aprovação (sinônimo de sucesso) ou à
reprovação (sinônimo de fracasso).

4. Relações, desenvolvimento e sociabilidade da criança na


escola
A inserção no contexto escolar representa uma fase muito importante na vida da
criança, pois implica um processo de mudança em que ela inicia a saída do aconchego do
mundo familiar até então conhecido para estabelecer maiores relações na sociedade.

Para muitas crianças como também para seus pais, esta fase pode revestir-se de um
caráter assustador, gerando medo, ansiedade e insegurança, por isso, exige de ambos os
lados um grande esforço para a adaptação.

Revista Iberoamericana de Educación (ISSN: 1681-5653) ‡ 4 ‡A importância da parceria entre família e escola no
desenvolvimento educacional
Neste estágio de adaptação é importante que os educadores estejam preparados para
lidar com todas as emoções emergentes e, na medida do possível, tenham a sensibilidade de
compartilhar com a criança e com seus genitores a repercussão dessas vivências.

Também é imprescindível que a escola saiba explorar este momento, estimulando os


pais a refletirem sobre os aspectos emocionais envolvidos na relação com os filhos,
incentivando a percepção de quanto estes aspectos influem no desenvolvimento, crescimento
e socialização das crianças. Esta seria uma maneira de auxiliar os pais a tomarem consciência
das suas próprias emoções e atitudes, orientando-os para o caminho de uma conduta mais
adequada e condizente com relação aos filhos.

Para isto, é fundamental que os pais sintam a escola como um ambiente seguro e
acolhedor e, ao mesmo tempo, é necessário a participação e o acompanhamento por parte dos
progenitores (ou respon-sáveis) na vida escolar das crianças.

A sintonia entre escola e família torna-se um elemento facilitador para que a vida
escolar seja vivenciada com maior tranqüilidade, deste modo, os pais podem transmitir
segurança a seus filhos e, conseqüentemente, facilitar o processo de adaptação.

As imagens de família segura, de família protetora, entre outras, estão sendo formadas
desde as relações iniciais que as crianças desfrutam dentro do contexto familiar, e são estes
sentimentos que vão confortar os alunos nos períodos em que a família não estiver presente.
Mas cabe também à escola esforçar-se para proporcionar um ambiente estável e seguro, em
que as crianças se sintam bem.

Aos poucos, parte do sentimento de segurança que ela experimenta, que é encontrado
no seio familiar, passa a ser transmitido pelo adulto mais próximo, que no contexto escolar é o
professor.

O contato com outros companheiros também contribui, entre tantas outras coisas, para
que o jovem aluno se acostume à rotina escolar, passando a ter interesse pelos objetos,
atividades e conhecimentos escolares ± isto favorece o seu desenvolvimento pessoal e
intelectual.

Na idade escolar o essencial da vida para o pequeno aluno são, indiscutivelmente, as relações
que o ligam aos outros. Essas relações são também, sem interrupção, marcadas por uma
necessidade de valorização. É delas que a criança retira a confiança em si mesma, a força do
seu impulso. (Mèdici, 1961, p. 49).

O terreno objetivo da sala de aula, as relações e as atividades nela realizadas


despertam nos alunos a necessidade de valorização, assim são gerados os sentimentos de
confiança em si e nos outros; e mais, permitem que as crianças vivenciem, mutuamente,
experiências diversas como: o embate, o conhecimento, a aceitação, ao mesmo tempo em que
se auxiliam e se fortalecem, imitam seus compa-nheiros, descobrem coisas.

Esse contato com outras crianças e sob a autoridade efetiva ou disfarçada de outros
adultos faz com que os jovens alunos progridam e se preparem espontaneamente para a
realidade objetiva da vida escolar, das regras, da sociabilidade, saindo do seu egocentrismo e
chegando à objetividade apresentada.

A escola ao incentivar a busca de um fim objetivo em determinada atividade, além de


estimular o desejo de aprender, também propicia que a criança tome consciência dos seus
progressos tanto em
Revista Iberoamericana de Educación (ISSN: 1681-5653) ‡ 5 ‡Ana Paula de Sousa, Mário José Filho
relação aos conhecimentos adquiridos como à sua capacidade criadora, fazendo com
que ela obtenha estima e aprovação, servindo-se disto, como um meio de consolidação da sua
personalidade.

5. A participação do professor no processo de


aprendizagem do aluno
A relação professor-aluno supõe participação ativa de ambas as partes, envolvendo
acordos e desacordos, para isto, é importante o professor respeitar e reconhecer que o sistema
regente da conduta infantil nem sempre coincide com a conduta do adulto e nem sempre se
baseia nos mesmos valores. Afinal, desde muito pequenos, os alunos já seguem, exploram e
inventam regras, assim, constroem sua própria noção de certo e errado.

Entretanto, a interação em sala de aula envolve o ajuste de ações que levam à


construção compartilhada de significados nas situações de aprendizagens, pois supõe-se que
o professor auxilie inicialmente os alunos na tarefa de aprender para que logo possam pensar
com autonomia.

O professor tem um papel significativo no processo de aprendizagem, pois deve


perceber os alunos nos diferentes momentos deste processo e, cooperativamente, responder
para que os mesmos evoluam rumo ao alcance de um nível mais elevado do conhecimento.
Desta forma, o professor é um mediador competente entre o aluno e o conhecimento, tendo a
possibilidade de criar situações de aprendizagens e provocar o desafio intelectual.

Contudo, as situações de aprendizagens apresentam-se como novas e desconhecidas,


podendo provocar diversos sentimentos nos alunos. Neste momento, o educador tem a tarefa
de encorajar o aprendiz a experimentar, a participar das atividades, a interagir com outras
crianças e assim tirar proveito delas.

Além do mais, o embate entre parceiros pode colaborar para que os alunos superem
visões de mundo restritivas, individualistas ou autoritárias, obtendo esquemas de significações
mais flexíveis, complexas, criativas, através da compreensão de outros pontos de vista e,
sempre que possível, buscar o alcance de pontos comuns de opiniões ou discutir as razões
dos seus desacordos.

Diante de um contexto democrático, a flexibilidade e a aceitação do diferente, do


pluricultural, enfim, do que não é norma, leva o indivíduo à construção de um papel de cidadão
e de uma mentalidade solidária comprometida com o seu grupo social.

6. A família e a escola: agentes facilitadores do


desenvolvimento educacional
Tanto a família quanto a escola têm o objetivo de educar crianças e adolescentes, por
isso, parece evidente que ambas devam manter uma relação de proximidade e cooperação,
porém, o que parece tão óbvio não ocorre de fato.

O que se tem observado, por um lado, é que a escola reclama a ausência da família no
acompanhamento do desempenho escolar da criança, da falta de pulso dos pais para colocar
limites aos

Revista Iberoamericana de Educación (ISSN: 1681-5653) ‡ 6 ‡A importância da parceria entre família e escola no
desenvolvimento educacional
filhos e da dificuldade que muitos deles encontram em transmitir valores éticos e morais
considerados importantes para a convivência em sociedade. E por outro lado, a família reclama
da excessiva cobrança da escola para que os pais se responsabilizem mais pela aprendizagem
da criança, da ausência de um currículo mais voltado para a transmissão de valores e para a
preparação do aluno perante os desafios não-acadêmicos da sociedade e do mundo do
trabalho.

O que na verdade falta é uma maior integração e comunicação entre a escola e a


família para o preparo e o acompanhamento do que é passado para o aluno na sua vida
escolar.

Ao mesmo tempo em que se é aluno também se é filho e vice-versa, o que faz com que
família e escola estejam interligadas; entretanto, é importante que se perceba quais são as
funções e as responsabilidades de cada uma, para as duas não ficarem em um ³jogo de
empurra´, onde o aluno acaba ficando no meio, quando na realidade, ele é a personagem de
importância indiscutível para ambas, mas suas necessidades ainda continuam à espera de um
olhar mais apurado.

O que ocorre é que torna-se difícil caracterizar os papéis dessas instituições. As funções da
família e da escola encontram-se muito difusas numa sociedade tão complexa como a atual. Há
uma confusão de papéis, sendo que tanto os pais quanto os professores sentem dificuldades em
definir suas funções. (Valadão; Santos, 1997, p. 47).

Contudo, ao pensarmos nos alunos como filhos e cidadãos, veremos que é impossível
colocar à parte escola, família e sociedade, pois a tarefa de ensinar não compete apenas ao
professor, até mesmo porque o aluno não aprende apenas na escola, entre outras coisas, ele
aprende também através da família, dos amigos, das pessoas consideradas significativas, dos
meios de comunicação, do cotidiano. Por isso, é preciso que professores, família e comunidade
tenham claro que a escola, por sua complexidade, precisa contar com o envolvimento de todos.

Família e escola precisam, juntas, criar uma força de trabalho para superarem as suas
dificuldades, construindo uma identidade própria e coletiva; para isto, é fundamental que se
encarem como parceiras de caminhada, pois ambas as duas são responsáveis pelo que
produzem - podendo reforçar ou contrariar a influência uma da outra.

Portanto, é imprescindível que família e escola atuem juntas como agentes facilitadores
do desenvolvimento pleno do educando, pois é através da educação que vão se constituir em
agentes institucionais capazes de exercer seu papel para a mudança da estrutura social.

Considerações finais
Em geral, o processo de aprendizagem se dá ao longo da integração e da adaptação
do ser humano ao seu ambiente físico e social.

Para que exista capacidade de aprender é necessário que a criança forme ações
mentais adequadas, inicialmente existentes sob a forma de eventos externos que são
apropriados pelo indivíduo e gradativamente interiorizados. Deste modo, a aprendizagem é um
conteúdo da experiência humana e das ações compartilhadas que a criança apropria-se ao
manter contato com seu grupo.

Revista Iberoamericana de Educación (ISSN: 1681-5653) ‡ 7 ‡Ana Paula de Sousa, Mário José Filho
A aprendizagem se caracteriza, então, como modelo desenvolvido em uma rede de
vínculos e, podemos citar a família como o primeiro contexto na qual se desenvolvem padrões
de socialização onde a criança constrói o seu modelo de aprendiz e se relaciona com todo o
conhecimento adquirido durante sua experiência de vida primária.

As experiências e sentimentos brotados no decorrer do relacionamento cotidiano


familiar são de grande influência no comportamento da criança, funcionando como base futura
para a interação escolar e motivação da aprendizagem. Desta forma, a família é fator
indispensável não somente na estabilidade emocional da criança como também na educação,
sendo assim, a colaboração familiar ativa se reflete diretamente no sucesso da tarefa escolar

A escola tem grande importância educacional na formação do ser social, por isso, a
sintonia entre escola e família é fundamental para que criem uma força de trabalho capaz de
provocar a mudança da estrutura social. Portanto, a parceria de ambas é necessário para que
juntas atuem como agentes facilitadores do desenvolvimento pleno do educando.

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WEIL, Pierre (1966): A criança, o lar e a escola. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira S.A.
  
       
Importância da integração escola - família no
processo pedagógico
  
u presente artigo aborda sobre a importância da Integração Escola-Família no Processo
Pedagógico para uma educação de qualidade. A metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica, na qual constatou-se que a relação escola X família é imprescindível, pois a
família como espaço de orientação, construção da identidade de um indivíduo deve
promover juntamente com a escola uma parceria, a fim de contribuir no desenvolvimento
integral da criança e do adolescente.
PALAVRAS-CHAVE: família ± escola ± integração ± responsabilidades

 
Atualmenteè vive-se numa época em que a desintegração dos valores são os maiores
obstáculos para o ser humano. Valores como ética e cidadania estão sendo banidos e
deixados muitas vezes de fora da formação dos indivíduos. Nesse sentido, instituições
sociais como a família e a escola não podem deixar que isso continue a acontecer sem fazer
nada para mudar a situação. Assim, é preciso uma integração dessas duas instituições com
objetivos em comum e com pessoal responsável e metodologias adequadas para se tentar
resgatar esses valores tão importantes na formação do caráter dos educandos.
Sendo assim, o principal objetivo deste artigo é fazer uma abordagem sobre a questão da
importância da parceria entre escola X família para o pleno desenvolvimento infantil e a
função do gestor como mediador e condutor de práticas educativas que possam gerar o
pleno desenvolvimento do aluno. Assim sendo, o objetivo principal da educação hoje é
favorecer uma participação que gere compromisso da família com a aprendizagem e o
sucesso escolar do seu aluno e compromisso da escola com a inserção curricular do
ambiente cultural da família e da comunidade. Essa parceria assegurará, em última
instância, o pleno cumprimento da função social da escola.
Inicialmente, pode-se afirmar que nos dias atuais a escola não pode viver sem a família e a
família não pode viver sem a escola, pois, é através da interação desse trabalho em
conjunto, que tem como objetivo o desenvolvimento do bem-estar e da aprendizagem do
educando, os quais contribuirão na formação integral do mesmo.

   
      



Pensar em educação de qualidade hoje, é preciso ter em mente que a família esteja presente
na vida escolar de todos os alunos em todos os sentidos.uu seja, é preciso uma interação
entre escola e família. Nesse sentido, escola e família possuem uma grande tarefa, pois
nelas é que se formam os primeiros grupos sociais de uma criança.
Envolver os familiares na elaboração da proposta pedagógica pode ser a meta da escola que
pretende ter um equilíbrio no que diz respeito à disciplina de seus educandos. A sociedade
moderna vive uma crise de valores éticos e morais sem precedentes. Essa é uma
constatação que norteia os arredores dos setores educacionais, pois é na escola que essa
crise pode aflorar mais, ficando em maior evidência.
Nesse sentido, A LDB ± Lei de Diretrizes e Bases da Educação ( lei 9394, de dezembro de
1996) formaliza e institui a gestão democrática nas escolas e vai além. Dentre algumas
conquistas destacam-se:
A concepção de educação, concepção ampla, estendendo a educação para além da educação
escolar, ou seja, comprometimento com a formação do caráter do educando.
Nunca na escola se discutiu tanto quanto hoje assuntos como falta de limites, desrespeito
na sala de aula e desmotivação dos alunos. Nunca se observou tantos professores cansados
e muitas vezes, doentes física e mentalmente. Nunca os sentimentos de impotência e
frustração estiveram tão marcantemente presentes na vida escolar.
Por essa razão, dentro das escolas as discussões que procuram compreender esse quadro
tão complexo e, muitas vezes, caótico, no qual a educação se encontra mergulhada, são cada
vez mais freqüentes. Professores debatem formas de tentar superar todas essas dificuldades
e conflitos, pois percebem que se nada for feito em breve não se conseguirá mais ensinar e
educar.
Entretanto, observa-se que, até o momento, essas discussões vêm sendo realizadas apenas
dentro do âmbito da escola, basicamente envolvendo direções, coordenações e grupos de
professores. Em outras palavras, a escola vem, gradativamente, assumindo a maior parte da
responsabilidade pelas situações de conflito que nela são observadas.
Assim, procuram-se novas metodologias de trabalho, muitos projetos são lançados e
inúmeros recursos também lançados pelo governo no sentido de não deixar que o aluno
deixe de estudar. Porém, observa-se que se não houver um comprometimento maior dos
responsáveis e das instituições escolares isso pouco adiantará.
No entanto, apesar das diferentes metodologias hoje utilizadas, os aspectos comportamentais não têm
melhorado, ao contrário, em sala de aula, a indisciplina e a falta de respeito só têm aumentado, os problemas
continuam, ou melhor, se agravam cada vez mais, pois além do conhecimento em si estar sendo
comprometido para ensinar o mínimo, está sendo necessário,antes de tudo, disciplinar, impor limites e,
principalmente, dizer não.
A questão que se impõem é: até quando a escola sozinha conseguirá levar adiante essa tarefa? uu melhor, até
quando a escola vai continuar assumindo isoladamente a responsabilidade de educar? Compreendemos
com Lançam (1980 apud BuCK, 1989, p.143) que
(...) a importância da primeira educação é tão grandena formação da pessoa que podemos compará-la ao
alicerce da construção de uma casa. Depois, ao longo da suavida, virão novas experiências que continuarão a
construir a casa/indivíduo, relativizando o poder da família.
São questões que merecem, por parte de todos os envolvidos, uma reflexão, não só mais profunda, mas
também mais crítica. Portanto, também não se pode continuar ignorando a importância fundamental da
família na formação e educação de crianças e adolescentes.
Entretanto, é preciso analisar a sociedade moderna, observando-se que uma das mudanças mais
significativas é a forma como a família atualmente se encontra estruturada. Aquela família tradicional,
constituída de pai, mãe e filhos tornou-se uma raridade. Atualmente, existem famílias dentro de famílias.
Com as separações e os novos casamentos, aquele núcleo familiar mais tradicional tem dado lugar a
diferentes famílias vivendo sob o mesmo teto. Esses novos contextos familiares geram, muitas vezes, uma
sensação de insegurança e até mesmo de abandono. Isto é, as crianças e os adolescentes estão cada vez mais
sofrendo as conseqüências desta enorme crise familiar.
Além disso, essa mesma sociedade tem exigido, por diferentes motivos, que pais e mães assumam posições
cada vez mais competitivas no mercado de trabalho. Então, enquanto que, antigamente, as u f nções exercidas
dentro da família eram bem definidas, hoje pai e mãe, além de assumirem diferentes papéis, conforme as
circunstâncias saem todos os dias para suas atividades profissionais e vendo seus filhos somente à noite.
roda essa situação acaba gerando uma série de sentimentos conflitantes, não só entre pais e filhos, mas
também entre os próprios pais. Assim, é preciso que a instituição escolar esteja preparada para enfrentar
esses desafios que o mundo exterior está cadavez mais proporcionando ao contexto familiar e à escola.
Como já foi citado anteriormente, os alicerces da construção e manutenção de uma escola que visa a
construção da cidadania para seus alunos se acentuam em pilares como:
- Autonomia;
_ Participação;
- Clima organizacional;
_ Estrutura organizacional;
Dessa forma, com bases nesses pilares, o sonho de educadores comprometidos com a cidadania de seus
alunos deve tornar-se verdadeiro. Nesse sentido, Bertrand (1999, p. 29) afirma que
"as reflexões avançam, hoje, para a identificação de características queinfluenciam as diferentes práticas de
cidadania pelo mundo afora. A estratégia para a construção de uma sociedade democrática não é única.
Nesse aspecto, vale ressaltar que, atualmente, o papel da educação na preparação para a cidadania passa por
uma profunda revisão."
Essa constatação leva-se a refletir sobre as dimensões da inter-relação escola-família no âmbito da
comunidade e se intenta verificar a possibilidade de operacionalizar uma orientação que possa refletir a
viabilização de uma inter-relação mais efetiva. A gestão democrática inclui a participação, a orientação, o
diálogo e o respeito dos e aos alunos pela escola e tudo isso deve ser evidenciado como prática efetiva.
Geralmente a iniciação das pessoas na cultura, nos valores e nas normas da sociedade começam na família.
Para que o desenvolvimento da personalidade das crianças seja harmonioso é necessárioque seu ambiente
familiar traduza uma atmosfera de crescente progressão educativa. rodavia, nota-se que todas as instituições
e especialmente a escola deve não só apoiar e respeitar os esforços dos pais e responsáveis pelos cuidados,
atenção e educação das crianças, e que devem também colocar-se em posição efetiva de gerar iniciativas
dirigidas à elevação e aprimoramento social e educacional de seus educandos e respectivas famílias.
Assim, a escola, deve sempre envolver a família dos educandos em atividades escolares. Não para falar dos
problemas que envolvem a família atualmente, mas para ouvi-los e tentar engajá-los em algum movimento
realizado pela escola como: projetos, festas, desfiles escolares, etc.
Nessa perspectiva, a escola por sua maior aproximação às famílias constitui-se em instituição social
importante na busca de mecanismos que favoreça um trabalho avançado em favor de uma atuação que
mobilize os integrantes tanto da escola, quanto da família, em direção a uma maior capacidade de dar
respostas aos desafios que impõe a essa sociedade. Como diz Paro (1997, p.30)
"a escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais, para passar informações relevantes
sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim, a família irá se
sentir comprometida com a melhoria da qualidade escolar e com o desenvolvimento de seu filho como ser
humano."
Quando se fala em vida escolar e sociedade, não há como não citar o mestre Paulo Freire (1999 p. 18),
quando diz que
" a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se opção é
progressista, se não se está a favor da vida e não da morte, da eqüidade e não da injustiça, do direito e não do
arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não se tem outro caminho se não viver a opção
que se escolheu. Encarná-la, diminuindo, assim, a distância entre o que se diz e o que se faz".
Essa visão, certamente, contribui para que se tenha uma maior clareza do que se pode fazer no
enfrentamento das questões sócio-educativas no conjunto do movimento social. As ações de caráter
pedagógico que as escolas podem dirigir para favorecer às famílias devem fazer parte de seu projeto e para
que isso possa acontecer é fundamental que as ações emfavor da família sejam desenvolvidas e presididas
pelos princípios da convergência e da complementaridade.
Nesse sentido, é importante que o projeto inicial se faça levando em conta os grandes e sérios problemas
sociais tanto da escola como da família. A escola tem necessidade de encontrar formas variadas de
mobilizações e de organização dos alunos, dos pais e da comunidade, integrando os diversos espaços
educacionais que existem na sociedade. Substancialmente o que a escola deve fazer é melhorar a posição da
família na agenda escolar já implementada pela legislação existente.
No Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), encontramos
que "é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bemcomo participar da definição
das propostas educacionais", ou seja, trazer as famílias para o convívio escolar já está prescrito no Estatuto da
Criança e do Adolescente o que esta faltando é concretizá-lo, é pôr a Lei em prática. Família e escola são
pontos de apoio ao ser humano; são sinais de referência existencial. Quanto melhor for a parceria entre
ambas, mais significativos serão os resultados na formação do educando. A participação dos pais na
educação formal dos filhos deve ser constante e consciente. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e
complementares.
Promover a família nas ações dos projetos pedagógicos significa enfatizar ações em seu favor e lutar para que
possa dar vida às leis. Mais do que criar um novo espaço para tratar das questões da família ou da escola, a
própria escola deve articular seus recursos institucionais, de maneira a assegurar que as reflexões, os debates,
os estudos e as propostas de ação possam servir de embasamento para que o desenvolvimento social se
concretize por meio de práticas pedagógicas educativas efetivas.
us paradigmas tradicionais modificam-se com a gestão democrática. Assim, a escola democrática deve ser a
escola da cidadania, em que se objetiva a formação de cidadãos autônomos, críticos e que sejam capazes de
enfrentar todos os obstáculos que possam surgir em seu meio social.
Conectar a inter-relação escola-família de forma mais estreita significa construir e desenvolver comunidades
nas quais podem-se satisfazer necessidades básicas ao aspirar uma melhorqualidade de vida para as
gerações futuras. Para isso precisa-se não só aprender sobre os princípios de convivências comunitárias como
também exercitar esses princípios por meio de relações mais frutíferas e compromissadas com o
desenvolvimento educacional e social.
Desse modo, é preciso que tanto as comunidades escolares como as familiares colaborem para colocar
claramente os princípios da inter-relação numa prática de relações sociais fortalecidas pelo respeito, pela
eficácia das ações e pela luta por uma cidadania digna. No processo educacional, família e escola devem
permanecer unidas para o pleno desenvolvimento intelectual e social dos educandos. A elaboração e a
definição de objetivos, conteúdos, metodologia e da avaliação devem ser feitas com a participação de todos,
de acordo com o cotidiano e realidade social, com metodologia inovadora e avaliação contínua.
Segundo Valenine (1995, p. 7)
" a cidadania é o espaço para a realização das pessoas. É por meio de seu exercício que a sociedade pode
reassumir seus rumos, redefinir sua organização e reorganizar suas atitudes e objetivos, para que sejam
voltadas para o bem comum e para que se atualizem de acordo com as mudanças que vão ocorrendo."
Nesse sentido, vale ressaltar que é inevitável a autonomia daescola como prática social e não somente
colocadas e registradas em papéis. A exposição de idéias, a aceitação de opiniões e sugestões, bem como as
decisões dos caminhos da educação almejados, devem ser discutidas com toda a comunidade escolar e a
sociedade e a participação deve ser constante e igualitária a todos.

m    


Diante da pesquisa realizada, observa-se que a educação, sendo uma prática social, não pode restringir-se a
ser puramente teórica, sem compromisso com a realidade local e com o mundo em que sua clientela está
inserida. A orientação ao educando precisa estar voltada para estratégias que irão possibilitar a cada um deles
a assumir efetivamente os valores humanos com consciência e responsabilidade para que seja agente de
transformação na realidade em que está inserido.
Desse modo, nota-se que a instituição escolar com toda a sua equipe possui uma grande tarefa: A de não
deixar que o ambiente escolar seja meramente espectador dos problemas sociais. Assim, o pleno exercício da
cidadania inclui a prática do ato educativo e requer a participação ativa e compromissada dos cidadãos.
Nesse sentido, conclui-se que uma escola de qualidade deve ser o objetivo de qualquer gestor comprometido,
portanto este dever perseguir os objetivos propostos, refletindo em uma efetividade social e, para tanto, a
escola deve ter claro o que quer, estruturar e programar o melhor possível para seus alunos, captando ao
máximo os recursos que dispõe (físicos, humanos e financeiros), unindo a energia de todos os envolvidos
para ser cumpridora de seus objetivos éticos e sociais. E isto só poderá realmente ser concretizado com a
efetiva elaboração e administração do projeto político pedagógico.

    
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A ImportâNcia Da FamíLia No âMbito Escolar - Presentation Transcript

1.
2.
3. INTRODUÇÃO Meus pais sempre estiveram presentes tanto na minha vida escolar, quanto, dos meus irmãos. Acredito que por
isso nos tornamos pessoas felizes, sociáveis, críticas e cultas. Durante minha vida de estudante, meu pai sempre participou d as
reuniões de pais e mestres, às vezes questionando as abordagens pedagógicas das escolas particulares em relação às escolas
públicas nas quais estudou.
4. Importância ³ qualidade do, ou de quem é importante; influência; autoridade; de grande valor´. (Wikipédia, s.d.)
5. Família que ³representa o conjunto das propriedades de alguém, incluindo escravos e parentes, familia vem de famulus , que
significa escravo doméstico ; respeitável, responsável, recatado; pessoas que vivem numa mesma habitação´. (Wikipédia, s.d.)
6. Âmbito ³ recinto, contorno, campo de ação; esfera; contexto; e ³escola´ a instituição social que tem a missão de educar; casa ou
estabelecimento onde se ensina; conjunto dos professores e dos alunos; doutrina; sistema; aprendizagem; método; estilo´.
(Priberam, s.d.)
7. A escola é uma instituição potencialmente socializadora. Ela abre um espaço para que os aprendizes construam novos
conhecimentos, dividam seus universos pessoais e ampliem seus ângulos de visão assim como aprendam a respeitar outras
verdades, outras culturas e outros tipos de autoridade. Nessa instituição, o mundo do conhecimento, da informação, ou seja, o
mundo objetivo, mistura-se ao dos sentimentos, das emoções e da intuição, ao dito mundo do subjetivo. É emoção e razão que
se fundem em busca de sabedoria. (Parolin, 2005, p. 61)
8. Problematização Qual a importância da família nas atitudes escolares? Como seria se todos tivessem os pais ao seu lado em
todos os momentos, principalmente na convivência escolar? C omo a família pode influenciar na vida escolar e quais as
conseqüências para a vida e formação do cidadão? A importância, qualitativamente, da presença dos pais na vida escolar,
demonstrando os aspectos negativos e positivos que trazem para o desenvolvimento na vida do ser humano e em sua formação
como cidadão.
9. Metodologia A minha pesquisa é qualitativa, pois se refere às histórias de vidas de pessoas que tiveram e das que não tiveram o
apoio da família na vida escolar. Uma verificação das regularidades para análise dos significados que os indivíduos dão as su as
ações no meio ecológico em que constroem suas vidas, e suas relações, a compreensão do sentido dos atos e das decisões dos
atores sociais ou, então, dos vínculos indissociáveis das ações particulares com o contexto social em que estas se dão.
·ignificando assim, uma pesquisa do comportamento Humano e ·ocial. (Chizzotti, 2000, p. 79) Entrevista não -diretiva será o
recurso metodológico.
10. Teóricos Tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o mundo; no entanto, a família tem
as suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa mesma instituição. A escola
tem sua metodologia e filosofia para educar uma criança, no entanto, ela necessita da família para concretizar o seu projeto
educativo. (Parolin, 2005, p. 99) ³ Cada nova etapa do desenvolvimento da criança é um desafio à criatividade e à flexibilidade
dos pais, pelo muito que deles exige em termos de padrões de conduta e entendimento às necessidades e solicitações do filho´
(Maldonado, 1983, p. 9) ³ ... viver num apartamento pequeno implica em maior interação com a criança, e também em maiores
restrições ao seu comportamento...´ (Maldonado, 1983, p. 10)
11. ³ O toque e o diálogo são mágicos, criam uma esfera de solidariedade, enriquecem a emoção e resg atam o sentido da vida´.
(Cury, 2003, p. 45) ³ O mundo pode não apostar em nossos filhos, mas jamais devemos perder a esperança de que eles se
tornem grandes seres humanos´. (Cury, 2003, p. 51)
12.
V Conceitos importantes:
V Identificando o Papel da Família na Legislação Brasileira;
V ³ Art. 179. (...):
V §§§II - A Instrucção primaria, e gratuita a todos os Cidadãos´.
V A Constituição Federal de 1937, em seu artigo 125, aduzia que:
V ³ Art.125. A educação integral da prole é o primeiro dever e o direito natural dos pais. O Estado não será estranho a esse
dever, colaborando, de maneira principal ou subsidiária, para facilitar a sua execução ou suprir as deficiências e lacunas
da educação particular´.
V Em seguida, a Constituição Federal de 1946, em seu artigo 166 descr evia que:
V ³ Art. 166. A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Deve inspirar -se nos princípios de liberdade e
nos ideais de solidariedade humana´.
13. A Lei nº 4.024/61, já revogada, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação N acional, em seu artigo 30, preceituava
que: ³ Art. 30. Não poderá exercer função pública, nem ocupar emprego em sociedade de economia mista ou empresa
concessionária de serviço público o pai de família ou responsável por criança em idade escolar sem fazer prova de matrícula
desta, em estabelecimento de ensino, ou de que lhe está sendo ministrada educação no lar´. A Constituição Federal de 1988, o
artigo 205 aduz que: ³ Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e i ncentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho´.
14. ³ Art. 4. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público ass egurar, com absoluta prioridade, a
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária´. (Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990) O
artigo 6º da Lei 9.394/96, que trata das Diretrizes e Bases da Educação Nacional modificada pela Lei Nº 11.114, DE 16 DE MAIO
DE 2005. ³ Art. 6. É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos seis anos de idade, no ensino
fundamental´.
15.
V Família;
} primeiro núcleo de construção de um sujeito
} independe dos componentes
} é criadora de cultura própria, leis, crenças e regras
} cada um possui uma característica própria
} mudanças possibilitam amadurecimento
} autonomia
} preparo para o futuro
} auxílio nas atividades
} o diálogo é fundamental na relação
16.
} Escola
} antigamente, filhos educavam-se a partir do trabalho
} atualmente, as crianças entram mais cedo na escola
} possui sua Filosofia e metodologia de ensino
} limitação da presença dos pais
} deve tratar o educando como portador de cultura e respeitar sua individualidade
} Criar um espaço de convivência, agradável
} ·ocializar e preparar o aluno para o futuro
17.
V - Família e Educador
} O educador e a família são parceiros na construção de valores e de uma sociedade humanizada, assim, quando o
educando não possui o apoio familiar na escola, acaba perdendo o interesse, desvalorizando o espaço escolar e
os profissionais de educação.
} Facilitadores para a comunicação entre pais e educadores
} trabalhar na horizontalidade
} Inovações na aprendizagem (síndrome ·PA)
} As famílias e as escolas devem ensinar o respeito as diferenças como enriquecedoras e formadoras do nosso país
18.
V Pesquisa
V Panagiota Tsiros Gonçalves;
V ³ Meus pais vieram da Grécia e meu pai chegou ao Brasil com um grande sonho que não tinha realizado, ter se formado
na Universidade de Atenas. ·ua maior frustração foi não ter feito algum curso como Administração ou Economia na
Universidade de Atenas. Meu pai terminou o segundo grau se virando, em escolas públicas. Era uma vida muito difícil por
causa da guerra contra os turcos...´
V ³ ... Meu pai contava muitas histórias de livros pra mim, eu me lembro muito da história do rico e do pobr e. Meu pai tinha
tanta vontade de aprender que ele pedia para eu ler meus livros pra ele. Quando eu estudava anatomia ele queria
aprender coisas novas e falava para eu ler para ele. Ele me tomava a matéria da faculdade...´
19.
20.
V Maria Garcia da ·ilva.
V ³ Meus pais moravam na roça mesmo. No estado da Paraíba, em um sítio chamado sítio José Nunes. Num estado
horrível, horrível!! Meus pais eram analfabetos, não tiveram estudos, nada, nada. Eu nunca ouvi falar em escola, eles
nunca me falaram em escola, ninguém f alava em escola, porque não tinha. Era em um lugar muito distante de pequenos
povoados. Eu morava em um lugar muito horrível e nem tinha casa perto. A mais perto era da minha madrinha, era a mais
perto que tinha, era a uma hora. Não tinham pessoas que educ avam em casa. Meu pai me contava uma história da Bíblia
e hoje quando eu pego minha Bíblia eu me lembro, era a história sobre o antigo testamento de José, que seus irmãos
tinham inveja dele...´.
V ³ ... o Nordeste é ruim, mas era pior, nós não tivemos quand o criança eu não tive um brinquedo, eu não tive nada, meus
pais coitados, muito humildes, mas aquela criação de sempre, não sabiam dar carinho nos filhos, não sabiam conversar,
eu nunca recebi um beijo dos meus pais. Nunca, nunca mesmo! E eles sempre casti gando a gente...´
21.
22. Reportagem Globo Repórter (4 de agosto de 2006) Dona Tereza e Aldelino moravam em um pequeno sítio onde trabalhavam.
Tiveram filhos para criar. Os dois eram analfabetos, mas sabiam muito bem como deveria ser a educação daquelas criança s,
eram 9 meninas e 1 menino. ´ Estuda filho, eu não tive oportunidade de estudar e hoje em dia só vai pra frente quem tem
oportunidade de saber´.
23. Conclusões Parciais O desenvolvimento social, físico e emocional da criança depende do sucesso acadêmico. E o sucesso
acadêmico só é realizado com a colaboração escolar, familiar e da comunidade: bairro, vizinhança e as instituições locais.
Trabalhando em conjunto, escola, família e comunidade, o sucesso na formação do educando será garantido. Com incentivo e
ajuda os pais sentem-se implicados na atividade escolar dos filhos, aumentando as expectativas quanto ao percurso escolar e,
tornando-se autoconfiantes, melhorando a auto-estima e o conceito acadêmico. O fundamental é a conscientização dos
professores e pais, além da administração escolar para o trabalho em conjunto. O envolvimento dos pais na vida escolar os tor na
participantes da vida pública. Possibilitar a relação escola e família torna possível a reflexão sobre o tipo de sociedade que
queremos mais democrática, responsável e crítica.
24. Não pode ser professor quem não tem preparação, pois seu dever não é apenas ensinar, mas, também participar nos órgã os de
gestão, contatos com os pais de diferentes níveis e conhecimentos, assim deve estar preparado para atender um público de pais
e alunos heterogêneos. A pesquisa tornou-me consciente do quanto a minha família foi importante durante o meu
desenvolvimento infantil e escolar, tive oportunidades únicas. Os profissionais de educação envolvidos com a minha
aprendizagem foram pessoas excelentes e participativas na formação como cidadã e na minha escolha profissional. Acredito que
a família deve participar, int egralmente, da vida de seu filho, observando cada passo de desenvolvimento, criando possibilidades,
indicando os caminhos, enfim, auxiliando da melhor forma. A educação não precisa de tecnologias inexplicáveis, nem milhões de
reais para formação e desenvolvimento do aluno, mas um currículo transformador da realidade do educando, onde professor,
aluno e familiares se compreendam, socializando objetivos equivalentes.
25.
26. Agradecimentos: Dedico esta pesquisa à todas as pessoas que fizeram parte da minha vida du rante o meu período de
aprendizagem. Em especial, meus pais que proporcionaram todos os aportes para a minha formação. A orientadora e professora
Cecília de Carvalho, ao Marcelo, meu namorado e a todos os profissionais e colegas do curso de Pedagogia que s ubsidiaram a
monografia
27. A FAMÍLIA E A ESCOLA: DESAFIOS ½A A A EDUCAÇÃO NO
MUNDO
28. CONTEM½O  NEO1
29. Sandra Veralúcia Marques Martins *
30. Helenice Maria Tavares **
31.  esumo
32. A educação dos filhos diante de todas as transformações sofridas pela
sociedade no mundo
33. contemporâneo pode interferir no desenvolvimento infantil? Este
trabalho pretende discutir a
34. parceria família e escola no sentido de garantir um desenvolvimento
pleno para nossas
35. crianças no mundo atual. A forma de educar também interfere no
desenvolvimento da criança.
36. Através de pesquisa bibliográfica verificou -se que para superar os
obstáculos impostos pelo
37. cotidiano é necessário que haja união entre estas duas instituições
sociais. A família e a escola
38. juntas conseguirão obter melhores resultados no dese nvolvimento da
criança.
39. ½alavras-chave : Família. Escola. Criança. Desenvolvimento.
40. A família não consegue proporcionar sozinha o desenvolvimento pleno
das crianças. A
41. educação é um direito de todos e apesar de termos teóricos como
Durkheim (1978), Freire
42. (1996) e Gadotti (2004), que falam sobre este assunto, não temos uma
cartilha específica, que
43. possa ser o livro de cabeceira das mães para ensinar as melhores
formas de orientar nossos
44. filhos no mundo.
45. A educação dos filhos diante de todas as transformações sofridas pela
sociedade no
46. mundo contemporâneo pode interferir no desenvolvimento infantil?
47. Diante de todas as mudanças sofridas pela primeira instituição social
responsável pela
48. educação infantil, buscamos apontar a relevância da participação da
família e da escola no
49. desenvolvimento infantil.
50. Para a realização deste trabalho utilizou -se a pesquisa bibliográfica.
51. A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado,
52. constituindo principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos
53. os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas
54. desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. (GIL, 1999, p. 65)
55. O homem é um ser que precisa do outro para viver, ele nasceu para
viver em grupo, o
56. que o leva a buscar sempre uma melhor forma de relacionamento com
os outros. O conceito
57. 1 Trabalho apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Licenciatura
em Pedagogia da
58. Faculdade Católica de Uberlândia.
59. * Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Católica de
Uberlândia. E-mail:
60. sandraveralucia@centershop.com.br.
61. ** Professora orientadora do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade
Católica de Uberlândia. E-mail:
62. tavareshm@netsite.com.br.
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64. de educação vem sendo discutido há muito tempo. Muitos autores
falaram sobre este tema
65. que é de suma importância para a transformação da sociedade.
66. A educação é um meio de socialização para as novas gerações:
67. A educação é a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se
68. encontrem ainda preparadas para a vida social: tem por objetivo suscitar e
69. desenvolver, na criança, certo número de estados físico, intelectuais e morais,
70. reclamados pela sociedade política, no seu conjunto e pelo meio especial a que a
71. criança particularmente se destine. (DURKHEIM, 1978, p. 41).
72. A educação não é uma forma de treinar o aluno para que ele seja capaz
de exercer uma
73. atividade, é principalmente uma possibilidade de fomar pessoas
autônomas, através de todos o
74. processo do qual ele faz parte como sujeito:
75. Educação não é só ensinar, instruir, treinar, domesticar, é, sobretudo formar a
76. autonomia do sujeito histórico competente, uma vez que, o educando não é o
77. objetivo de ensino, mas sim sujeito do processo, parceiro de trabalho, trabalho este
78. entre individualidade e solidariedade. (DEMO, 1996, p. 16, apud. CRUZ, 2009, s.p.)
79. A educação é acima de tudo problematizadora, está intima mente ligada
à realidade, ao
80. contexto social em que vivem o professor e o aluno e onde o ato de
conhecer não está
81. separado daquilo que se conhece:
82. Saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
83. própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo estar
84. sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas
85. inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho ± a de
86. ensinar e não a de transferir conhecimento. (FREIRE,1996, p. 47).
87. O conceito de educação também está citado na legislação brasileira, na
qual o objetivo
88. principal é o desenvolvimento pleno do aluno:
89. Art 2º A educação dever da família e do Estado, inspirada nos
90. princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por
91. finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
92. exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL,
93. 1996, s.p.)
94. Apesar de diferentes formas de pensar sobre a educação, percebe -se
que educar é uma
95. forma socialização e de produção de conhecimento, através da qual o
homem está sempre em
96. busca de uma melhor forma de conviver com o outro.
97. Segundo Gadotti (2004), a educação primitiva era marcada pela
tradição, culto aos
98. mais velhos e rituais de iniciação. Não havia uma educação formal e
intencional e sim uma
99. prática baseada em imitações e oralidade, limitada ao presente imediato.
100. Ainda segundo o autor, a Grécia, com uma sociedade
estratificada, sustentada por
101. colônias, é considerada o berço da cultura, da civilização e da
educação ocidental. A educação
102. objetivava a formação integral do indivíduo, do corpo pela
ginástica, da mente pela filosofia e
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104. pelas ciências e moral e dos sentimentos pela música e pelas
artes. As escolas eram elitizadas,
105. onde eram atendidos somente jovens das famílias tradicionais da
antiga nobreza ou de
106. comerciantes enriquecidos. O mundo Grego foi rico em
tendências pedagógicas, porém as
107. principais influências foram recebidas de Sócrates, Platão e
Aristóteles.
108. Gadotti (2004) ressalta também o pensamento pedagógico
Romano, período em que a
109. direção do trabalho era separada do exercício d o mesmo, devido
à desvalorização do trabalho
110. manual. A educação continuava elitizada e os principais
programas que um romano precisava
111. realizar era a guerra, a agricultura e a política. Os escravos
aprendiam os ofícios nas casas em
112. que serviam. O Estado se ocupava da educação, os professores
seguiam um regimento
113. parecido com o militar: ³A educação romana era utilitária e
militarista, organizada pela
114. disciplina e justiça. Começava pela fidelidade administrativa:
educação para a pátria, paz só
115. com vitórias e escravidão aos vencidos´ (GADOTTI, 2004, p. 44).
Os castigos nas escolas
116. eram severos, a base de varas aos que infligissem as regras..
117. Ainda segundo o autor, no período Medieval a educação era
conservadora e aplicada
118. de acordo com os princípios da Igreja C atólica. As práticas de
formação e os modelos
119. educativos partiam da Igreja. Nesta época surgiu uma educação
para o povo, não para
120. ensinar, mas para catequizar as pessoas. O clero estudava
teorias humanistas, filosóficas e
121. teológicas. A nobreza também possuía um modelo de educação
distinta, visando o perfeito
122. cavaleiro, com formação musical e guerreira, preparando
especialmente para a guerra.
123. No Renascimento o interesse pelas culturas grega e romana
reaparece. A educação não
124. chegava à população mais pobre, a tingia especialmente o clero, a
nobreza e a burguesia
125. nascente. A razão foi eleita como principal forma para se alcançar
o conhecimento. A
126. matemática e as ciências da natureza foram privilegiadas.
127. Gadotti (2004) esclarece que na Idade Moderna a educação fo i
caracterizada pelo
128. realismo, defendendo que deveria ser ensinado o que fosse útil
para a vida das pessoas. Surge
129. o interesse por estudos científicos. Ainda predomina uma divisão
social de trabalho.
130. Nos dias atuais a educação continua enfrentando desafios, porém
pode ser considerada
131. como principal recurso para enfrentarmos a nova estruturação do
mundo, em que são
132. formados indivíduos competitivos, requerendo cada vez mais um
perfil diferenciado de
133. professores. Os alunos não se satisfazem mais com aquele
modelo de educação bancária,
134. mencionado por Freire (1996), em que o professor, detentor do
conhecimento, tinha a
135. incumbência de transferi-los aos seus alunos, como se fosse um
depósito. Cada vez mais,
136. nossos estudantes precisam de professores diferenciados, que
tenham seu trabalho
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138. fundamentado em pesquisas, que contribuirão para a formação de
sujeitos críticos e
139. transformadores.
140. A escola tem um papel importante na socialização da criança, na
promoção do
141. conhecimento social e no desenvolvimento das capacidades
cognitivas, influenciando na
142. compreensão que elas têm do mundo social. Para que ela se
desenvolva é necessário que se
143. socialize, satisfazendo suas necessidades e assimilando a cultura
da sociedade em que vive.
144. Para o processo de socialização, as crianças precisam aprender o
que é correto no meio em
145. que elas estão inseridas, aprendam e respeitem os valores morais
desse meio. Quando a
146. criança nasce, ela já faz parte de um grupo e chega à escola
trazendo todas as vivências de seu
147. cotidiano, sejam positivas ou negativas.
148. Como função social a Escola é um local onde visa a inserção do cidadão na
149. sociedade, através da interelação pessoal e da capacitação para atuar no
grupo que
150. convive. Forma cidadãos críticos e bem informados, em condições de
compreender
151. e atuar no mundo em que vive...A Escola tem um compromisso com a
Educação,
152. devendo atuar forma abrangente, não só tendo como objetivo a instrução. Deve
153. manter uma visão holística, procurando avaliar, para melhorar, todos os
aspetos dos
154. quais o ser humano é constituído. Deve prover os indivíduos não só, nem
155. principalmente, de conhecimentos, idéias, habilidades e capacidades formais,
mas
156. também, de disposições, atitudes, interesses e pautas de comportamento.
Assim,
157. tem como objetivo básico a socialização dos alunos para prepará-los para sua
158. incorporação no mundo do trabalho e que se incorporem à vida adulta e
pública.
159. (THOMAZ, 2009, s.p.)
160. A escola precisa considerar toda a bagagem de vida trazida pelos
alunos, buscando
161. sempre práticas pedagógicas que dêem prazer, fazendo com que
esses alunos sintam vontade
162. de ir para a escola, de viver aquele momento novamente, pelo
prazer promovido no ambiente.
163. A escola é uma das instituições que têm maior influência sobre as
crianças
164. Todos os cidadãos têm direito à educação, o que é garantido pela
Lei de Diretrizes e
165. Bases da Educação Nacional (LDB).
166. Art. 5º O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo
167. qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização
sindical,
168. entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério
Público,
169. acionar o Poder Público para exigi-lo. (BRASIL, 1996, s.p.)
170. Todos os processos educativos necessitam de uma participação
ativa dos pais, para
171. que as crianças sejam estimuladas e consigam atingir o
desenvolvimento apropriado para cada
172. faixa etária. Para que todos estes desafios sejam superados, é
necessária uma união entre a
173. escola e a família.
174. Percebemos que as práticas de educar e cuidar são
indissociáveis, que se
175. complementam. Não podemos separar o corpo e mente, e sim
articular o processo das práticas
176. como um único. Cuidar da criança é uma ação complexa que
envolve diferentes fazere s,
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178. gestos, precauções, atenção, olhares. Refere -se a planejar
situações que ofereçam à criança
179. acolhimento, atenção, estímulo, desafio, de modo que ela
satisfaça suas necessidades de
180. diversos tipos e aprenda a fazê-lo de forma cada vez mais
autônoma.
181. Quando a criança percebe que está sendo cuidada, começa a se
sentir segura e aos
182. poucos vai adquirindo autonomia para tentar fazer sozinha aquilo
que fazia com auxílio de
183. alguém, até o momento em que se torna independente, cuidando
de si mesma.
184. Ao fazê-lo, a criança desenvolve sua afetividade, motricidade,
imaginação, raciocínio
185. e linguagem, formando um autoconceito positivo em relação a si
mesma. Para cuidar das
186. crianças, precisamos dar atenção a elas, considerando o seu
processo de crescimento e
187. desenvolvimento. Não é somente garantir a sobrevivência, é
necessário que haja um vínculo
188. entre quem cuida e quem é cuidado.
189. A questão dos cuidados a serem oferecidos às crianças, também
é mencionada no
190. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI):
191. É por meio dos primeiros cuidados que a criança percebe seu próprio corpo
como
192. separado do corpo do outro, organiza suas emoções e amplia seus
conhecimentos
193. sobre o mundo. O outro é, assim, elemento fundamental para conhecimento de
si.
194. Quanto menor a criança, mais as atitudes e procedimentos de cuidado do
adulto são
195. de importância fundamental para o trabalho educativo que realiza com ela.
196. (BRASIL,1998, p. 15 - 16)
197. Através das relações de cuidado, o professor consegue perceber
as expressões das
198. crianças, passando a identificar quais são as suas vontades e
necessidades, estreitando os
199. vínculos entre as partes.
200. Para José; Coelho (2004) a família e a esc ola são instituições
responsáveis por
201. desencadear os processos evolutivos nas pessoas. A família é
uma estrutura social básica, na
202. qual as pessoas convivem por um longo tempo, é com ela que a
crianças têm suas primeiras
203. experiências de aprendizagem, que mu itas vezes acontecem em
forma de treino e acabam
204. influenciando também no seu comportamento.
205. Ainda segundo os autores a aprendizagem acontece o tempo
todo, dentro e fora da
206. escola e em vários níveis de consciência.O conteúdo ensinado
em sala de aula muitas vezes
207. pode ser esquecido, mas as relações vividas, serão lembradas.
Os valores ou conteúdos
208. aprendidos inconscientemente têm mais probabilidade de
permanecer.
209. Da mesma forma acontece na família, que é a base na formação
dos conceitos da
210. criança, se as experiências vividas por elas forem negativas seu
autoconceito será negativo,
211. bons momentos vividos, terão como conseqüência a formação de
conceitos positivos em suas
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213. vidas. O que é vivido pela criança vai influenciar no que ela vai
aprender e no tipo de pessoa
214. que ela vai se transformar.
215. Os autores ressaltam ainda que o professor deve conhecer as
etapas do
216. desenvolvimento do aluno, estar atento às suas atitudes, sabendo
o que elas são fora da escola
217. e em que tipo de família elas vivem. Ao respeitar o aluno
enquanto ser humano, o professor o
218. ajudará a se transformar em um sujeito responsável, capaz de
resolver seus próprios
219. problemas, sendo assim, agente de seu processo de
aprendizagem.
220. Moreno e Cubero (1995) relatam estudos realizados em que
foram identificadas a
221. existência de quatro diferentes dimensões em relação ao
comportamento dos pais: a primeira
222. delas, em relação ao grau de controle, com pais que se afirmam
através do poder ou da
223. retirada de afeto, em caso de desobediências ou maus
comportamentos das crianças, ou pela
224. indução, método através do qual as crianças são obrigadas a
refletir sobre suas atitudes.
225. A segunda se refere à comunicação entre pais e filhos. De um
lado, alto índice de
226. comunicação entre as partes, muita conversa e explicações sobre
qualquer punição e do outro
227. pouca interação, pais que simplesmente estabelecem regras, sem
nenhum tipo de diálogo ou
228. cedem às solicitações dos filhos diante de choros e queixas, sem
falar sobre o problema.
229. A terceira dimensão revela aspectos em relação ao grau de
amadurecimento. Muita
230. exigência, cobrança de dedicação excessiva ou de forma oposta,
os pais que não acreditam na
231. competência dos filhos, não acreditam que eles sejam capazes de
executar determinadas
232. atividades.
233. Por fim, segundo os autores, mas não menos importante, temos a
questão do afeto na
234. relação, pais que se dedicam e demonstram interesse,
preocupando-se com o bem estar dos
235. filhos. O afeto pode influenciar todas as outras dimensões de
comportamento dos pais, as
236. decisões tomadas e apresentadas de forma afetiva, serão
recebidas pelos filhos de uma forma
237. diferente daquelas apresentadas de forma rancorosa, sem
demonstração de nenhum tipo de
238. carinho.
239. Ainda segundo os autores, com a combinação das quatro
dimensões de
240. comportamento foram diferenciados três tipos de pais. Os
autoritários que cobram o máximo
241. de seus filhos, não exercem nenhum tipo de diálogo, exigem
obediência e utilizam o castigo
242. para punir e disciplinar os filhos, com um alto grau de controle. Os
filhos deste tipo de pais
243. normalmente apreensivos, pouco alegres, irritam -se facilmente e
não manifestam expressões
244. de afeto.
245. Revista da Católica, Uberlândia, v. 2, n. 3, p. 256-263, 2010 ±
catolicaonline.com.br/revistadacatolica 260
246. Os pais permissivos, que não exigem muito em relação ao
amadurecimento do filho,
247. existe muito diálogo e afeto na relação, não castigam, permitem
que a criança decida sobre o
248. seu comportamento diário, cujos filhos podem ter problemas no
controle dos próprios
249. impulsos, na tomada de decisões, ser imaturos e possuir baixa
auto estima, normalmente são
250. alegres.
251. Para Moreno e Cubero (2005) os pais democráticos são afetivos,
dialogam muito com
252. seus filhos e exigem deles certo grau de amadurecimento e
independência. São crianças
253. interativas, independentes e carinhosos, persistem nas tarefas
iniciadas, tem uma auto estima
254. elevada, são mais independentes e possuem valores morais
interiorizados.
255. Diante de todo este estudo, evidencia -se que o melhor tipo de
relação entre pais e
256. filhos deve ser regado por muito amor, diálogo e carinho,
respeitando os limites de suas
257. capacidades, o que estimulará a criança ainda mais em seu
desenvolvimento cognitivo.
258. Nossa sociedade tem vivido grandes mudanças, em diversos
aspectos, como políticos,
259. econômicos e culturais. A família também tem passado por
modificações. Resgatando um
260. pouco da história, a família burguesa se limitava a pai, mãe e
filhos, sendo que o pai era o
261. responsável pelo sustento e a mãe cuidava da casa e dos filhos,
devendo obediência ao seu
262. marido. O casamento era indissolúvel e normalmente ligado a
negócios. A mulher da
263. sociedade contemporânea faz parte do mercado de trabalho e já
não tem mais o mesmo tempo
264. para cuidar dos seus filhos, dividindo esta tarefa com a escola.
265. O adulto é considerado um mediador no desenvolvimento da
criança, dando-lhe
266. instrumentos para a aquisição do conhecimento. A sociedade
contemporânea passou por
267. inúmeras transformações nas relações de trabalho, do homem e
da mulher, o que refletiu na
268. estruturação da família. A mulher foi inserida no mercado de
trabalho e acabou perdendo o
269. controle do seu tempo, principalmente no que diz respeito à
dedicação aos filhos, à f unção
270. educativa dentro da família.
271. A família tem um papel importante no desenvolvimento das
pessoas, é com ela que
272. acontecem as aprendizagens básicas, que são necessárias para
o desenvolvimento autônomo
273. dentro da sociedade. Apesar de ter muita influência, a família não
consegue definir todas as
274. características cognitivas da criança. Algumas são desenvolvidas
a partir das experiências
275. vividas pelas crianças, outras dependem da carga hereditária ou
de fatores alheios à vontade
276. da família. A família funciona como uma rede de influências
recíprocas entre todos que fazem
277. parte dela. O estilo de comportamento dos pais gera efeitos sobre
o desenvolvimento social e
278. da personalidade da criança.
279. Revista da Católica, Uberlândia, v. 2, n. 3, p. 256-263, 2010 ±
catolicaonline.com.br/revistadacatolica 261
280. Independente de seu estilo de comportamento, os pais devem
participar da
281. administração escolar, contribuindo nas decisões mais relevantes,
como por exemplo, a
282. construção do projeto político pedagógico. A gestão escolar
participativa vem se
283. caracterizando a partir da consideração de que um ambiente
institucional escolar é formado,
284. na realidade, por várias pessoas, que precisam estar em sintonia
para alcançar os objetivos
285. educacionais.
286. Não podemos simplesmente terceirizar o processo de educação,
a família precisa
287. caminhar junto à escola, participando ativamente de toda a
construção do conhecimento da
288. criança, para que ela sinta -se fortalecida e capaz de resolver
sozinha os seus problemas,
289. transformando-se assim em adultos criativos e conscientes do seu
papel na sociedade.
290. A união da família e da escola poderá contribuir para o
desenvolvimento pleno das
291. crianças, quando as partes agirem coerentemente na condução
do processo educativo.
292. É importante que haja muito amor e dedicação de ambas as
partes, muita sintonia nos
293. valores e pensamentos, o que proporcionará segurança às
crianças, garantindo uma
294. aprendizagem significativa.
295. CONSIDE AÇÕES FINAIS
296. Evidencia-se com este estudo que é na família que a criança
adquire as suas primeiras
297. aprendizagens e é nesta instituição que acontecem as primeiras
aquisições de valores, muitas
298. vezes transmitidos de forma inconsciente.
299. Nota-se que o relacionamento entre pais e filhos deve ser regado
por muito amor,
300. diálogo e carinho, estabelecend o limites e respeitando suas
capacidades, estimulando a
301. criança ainda mais em seu desenvolvimento cognitivo.
302. Entende-se que é fundamental a participação da família no
contexto escolar. Apesar de
303. todas as transformações enfrentadas pelas famílias
contemporâneas, principalmente pela falta
304. de tempos das mães que são obrigadas a cumprir uma tarefa
tripla, se desdobrando para
305. trabalhar fora, cuidar da casa e conduzir os filhos no processo
educativo, entende-se que a
306. união das duas instituições sociais mais importantes no processo
educativo pode ser o melhor
307. caminho para que a criança atinja o ápice de seu
desenvolvimento.
308. Cada criança tem o seu meio social, sua cultura, sua
individualidade e sua história de
309. vida, que devem ser considerados quando ela chega à esco la.
Nós vivemos em uma sociedade
310. Revista da Católica, Uberlândia, v. 2, n. 3, p. 256-263, 2010 ±
catolicaonline.com.br/revistadacatolica 262
311. com culturas diferentes, cada família tem hábitos e valores que
precisam ser respeitados no
312. ambiente escolar.
313. Ao conhecer o aluno e incluir sua família, conscientizando -os
sobre a importância da
314. união no processo educativo e fazendo que eles se sintam parte
de todo o processo de
315. aprendizagem, de construção de conhecimento, a escola abre
portas para a gestão
316. participativa.
317. Educar é um desafio constante a ser vencido pelas famílias e ao
lado da escola poderá
318. encontrar as melhores estratégias para se atingir os objetivos de
uma educação completa,
319. baseada em princípios éticos como responsabilidade,
honestidade, solidariedade e cidadania,
320. que contribuirão para a formação de indivíduos autônomos.
321. Percebe-se que a educação feita com parceria entre escola e
família, promove uma
322. educação integral para os alunos, que se transformarão em
adultos altamente competitivos,
323. dotados de valores éticos, de autonomia e senso crítico, que
poderão contribuir de forma
324. positiva para a construção de uma sociedade mais justa, solidária
e porque não, menos
325. violenta.
326.  eferências
327. BRASIL. Ministério da Educação e Da Cultura. Secretaria de
Educação Fundamental. Lei de
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346. Escola E Família: Uma  elação De Ajuda Na Formação
Do Ser Humano
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Autor: Rosangela Rigo

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Por: Sonia das Graças Oliveira Silva


A qualidade da Educação Infantil depende, cada vez mais, da parceria entre a escola e a
família. Abrir canais de comunicação, respeitar e acolher os saberes dos pais e ajudar-se
mutuamente. Eis algumas ações em que as únicas beneficiadas são as nossas crianças
pequenas. (Carraro, 2006)

Em seu lar a criança experimenta o primeiro contato social de sua vida, convivendo com sua
família e os entes queridos. As pessoas que cuidam das crianças, em suas casas,
naturalmente possuem laços afetivos e obrigações específicas, bem como diversas das
obrigações dos educadores nas escolas. Porém, esses dois aspectos se complementam na
formação do caráter e na educação de nossas crianças.

A participação dos pais na educação dos filhos deve ser constante e consciente. A vida
familiar e escolar se completa.

Torna-se necessária a parceria de todos para o bem-estar do educando. Cuidar e


educarenvolve estudo, dedicação, cooperação, cumplicidade e, principalmente, amor de
todos os responsáveis pelo processo, que é dinâmico e está sempre em evolução.

Os pais e educadores não podem perder de vista que, apesar das transformaçõespelas quais
passa a família, esta continua sendo a primeira fonte de influência no comportamento, nas
emoções e na ética da criança.

É fato que família e escola representam pontos de apoio e sustentação ao ser humano e
marcam a sua existência. A parceria família e escola precisa ser cada vez maior, pois quanto
melhor for a parceria entre ambas, mais positivos serão os resultados na formação do
sujeito.

A parceria com a família e os demais profissionais que se relacionam de forma direta ou


indireta com a criança é que vai ser o diferencial na formação desse educando.

A vida nessa instituição deve funcionar com base na tríade pais ± educadores ± crianças,
como destaca Bonomi (1998). O bom relacionamento entre esses três personagens, (dois
dos quais são protagonistas na escola ± educadores e crianças) é fundamental durante o
processo de inserção da criança na vida escolar, além de representar a ação conjunta rumo à
consolidação de uma pedagogia voltada para a infância.

A Professora Di Santo (2007)[2] lembra que a fundamentação para a relação


educação/escola/família como um dever da última para com o processo de escolarização e
importância de sua presença no contexto escolar é publicamente amparada pela legislação
nacional e diretrizes do MEC, aprovadas no decorrer dos anos 90.

Podemos citar: Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), nos artigos 4º e 55; Lei
de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96), artigos 1º, 2º, 6º e 12; Plano Nacional de
Educação (aprovado pela Lei nº 10172/2007), que define como uma de suas diretrizes a
implantação de conselhos escolares e outras formas de participação da comunidade escolar
(composta também pela família) e local na melhoria do funcionamento das instituições de
educação e no enriquecimento das oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos.
Citamos ainda, a Política Nacional de Educação Especial, que tem como uma de suas
diretrizes gerais: adotar mecanismos que oportunizem a participação efetiva da família no
desenvolvimento global do aluno.



O primeiro grupo de pessoas com quem a criança, ao nascer, tem contato é a família. É
interessante que logo a criança já demonstra suas preferências, seus gostos e suas
diferenças individuais. Também a família tem seus hábitos, suas regras, enfim, seu modo de
viver. É desse modo que a criança começará a aprender a agir, a se comportar, a
demonstrar seus interesses e tentará se comunicar com esta família.

Está aí, neste círculo de pessoas que rodeiam a criança, a fonte original da identidade da
criança.

Desde cedo, os pais precisam transmitir à criança os seus valores, como, ética, cidadania,
solidariedade, respeito ao próximo, auto-estima, respeito ao meio ambiente, enfim,
pensamentos que leve essa criança a ser um adulto flexível, que saiba resolver problemas,
que esteja aberto ao diálogo, às mudanças, às novas tecnologias.

A criança já aprende desde pequena o que a mãe não gosta, o que é perigoso, o que pode e
o que não pode fazer. Percebe-se, então, a importância da orientação dos pais.

À família cabe entender que a criança precisa de liberdade, mas por si só não tem condições
de avaliar o que é melhor ou pior para ela mesma. A família é o suporte que toda criança
precisa e, infelizmente, nem todas têm. É o sustentáculo que vai ajudar a criança a
desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas
capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção
social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania;
[1] CARRARO, Renata. Reportagem Revista Criança ± MEC/SEB, 2006.

[2] DI SANTO, Joana Maria R. Centro de Referência Educacional ± Consultoria e Assessoria


em Educação

Jamília e escolaè a parceria que dá certo!

*x  

A sociedade tem passado por mudanças


rápidas, decorrentes de tantas novas informações e avanços tecnológicos, que
vêm repercutindo na configuração familiar e no seu processo de interação com a
escola. Por diversos motivos, hoje a criança passa cada vez mais tempo na escola
e em atividades extracurriculares, e seus responsáveis têm cada vez menos
tempo para participar de eventos escolares e raramente acompanham as lições
de casa. Com isso, a escola se torna a única responsável pelo desenvolvimento
intelectual, social e moral do aluno.

Mesmo assim, podemos dizer que as famílias ainda são a base mais consistente
na vida dos alunos e são elas que proporcionam uma relação natural entre as
crianças e adolescentes e o ambiente escolar. São as famílias que decidem, desde
cedo, o que os filhos precisam aprender e quais instituições devem frequentar.

Mas como fazer com que a escola e a família se tornem parceiras na


aprendizagem das crianças? Inicialmente, é indispensável que família e escola
entendam claramente que papéis desempenham na vida do aluno e, por isso, é
necessário pôr fim à incompreensão das famílias referente à linguagem escolar e
aos procedimentos adotados na avaliação de seus filhos, de forma que suas
intervenções sejam efetivas e construtivas.

É neste sentido que a relação família-escola ganha força, encontrando o suporte


necessário à realização de mudanças que garantam experiências de sucesso
acadêmico e social aos alunos. Entendendo a importância desta parceria, a Vitae
Futurekids desenvolveu o Pró-Família, baseado num projeto desenvolvido pela
Universidade de Harvard, em Boston (EUA), denominado ³Havard Family
Research Project´ e adaptado à realidade brasileira.

u conceito orientador do Pró-Família é simples. Ao invés de culpar uns aos


outros, professores e pais atuam juntos como parceiros com iguais atribuições e
responsabilidades, de maneira a estabelecer relações e construir confiança
mútua, utilizando o tempo de convivência para dividir sonhos, expectativas e
experiências, visando ao sucesso acadêmico dos alunos.

u Programa propõe uma metodologia inovadora de visitas à casa dos alunos, o


que auxilia no desenvolvimento de novas redes de sociabilidade e serve par a a
construção de canais de mediação mais consistentes, em que todos aprendem
como partilhar saberes e recursos. Durante as visitas, pretende-se identificar, no
ambiente familiar, as raízes das dificuldades de aprendizagem dos alunos,
considerando as condições de vida e moradia. Desta forma, contemplam
esforços estratégicos para fortalecer o comprometimento da família e da
comunidade no apoio do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos,
ajustando as metodologias educacionais a cada realidade.

u sucesso dessa parceria pode ser medido por depoimentos apresentados por
quem já participou no Brasil do projeto desenvolvido em Boston. ³us
educadores me fizeram sentir como se estivessem lá para ensinar o meu filho.
Estão sempre me dando ideias sobre que atitudes tomar. Além disso, percebi
que prestam atenção ao que eu digo e isso me fez sentir bem. Eu disse a mim
mesmo ± eles conhecem meu filho´, afirmou um pai. u professor emenda: ³us
resultados dos alunos estão afixados no quadro de avisos e os portfólios de
trabalho são dispostos por todo o prédio. Podemos ver que a maioria dos alunos
tem bons resultados em línguas estrangeiras, matemática e ciência. Muitos
professores acreditam que o sucesso é crédito da parceria estabelecida com os
pais.´

     






 

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$-Paidéia, 2007, 17(36), 21-32

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Psicologia em Estudo, 8, 
 
2,R LDB fácil: Leitura críticocompreensiva
artigo a artigo , -
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    Revista
Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento
´umano, 12, 
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Psicologia em Estudo, 8,   
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professores e as famílias: A colaboração
possível , 1 
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Psicologia-
USP, 13, R
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Psicologia das relações interpessoais: Vivência
para o trabalho em grupo-
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The Journal of Education Research, 3 
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'2H32, <
 


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Psicologia: Teoria e
Pesquisa, 16,R R
'2H32, *
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ciência do desenvolvimento humano:
Tendências atuais e perspectivas futuras , 
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especial: Avanços recentes ,  


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 Child Development, 70, RR 
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Psychology, 92, R R 
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e Crítica, 15R 
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of Education, 65 R
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Education, 74R R 

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  Journal
of School Psychology, 42RRR
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,u Children¶s development within social
context ,   A &1>
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Psicologia: Teoria e Pesquisa, 16, 
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,u Psicologia & Educação:
Revendo contribuições , R 

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2<, Professores, família e projecto
educativo

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2<, O envolvimento das famílias
no processo educativo: Resultados de um
estudo em cinco países < 
   

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; 2%!%;, Parâmetros
curriculares nacionais: Terceiro e quarto ciclo,
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Caderno do CEDES, 20 
u  21H3
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Psicologia:
Reflexão e Crítica, 13, 
u  %2 A ;3; 
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Analídia Lopes e Leonardo Vivaldo


publicado em 15/11/2007
!!#  

O extenso histórico da família brasileira veio atravessando muitas


transformações importantes que estão inclusas no contexto sócio-político-
econômico do país. Os casamentos tinham interesses econômicos e que as
mulheres eram apenas reprodutoras. Os filhos, considerados extensão do
patrimônio do patriarca, ao nascer dificilmente experimentavam o sabor do
aconchego e da proteção materna, pois eram amamentados e cuidados pelas
amas de leite. 

No período de vinte anos, várias mudanças aconteceram no nível sócio-


político-econômico ligadas ao processo de globalização da economia capitalista,
que vem interferindo na dinâmica da estrutura familiar, como a conhecemos, e
possibilitando mudanças em seu padrão tradicional de organização. 
O homem conquistou tudo o que sonhou e vive assustado
com a dimensão da própria obra. A sociedade necessita de
alfabetizadores emocionais, urgentemente. É necessário
ensinar ao homem desta era, que ousa brincar tão
ardentemente de Deus, a ler, interpretar e administrar as
próprias emoções. Procuram-se digitadores da informática
humana, técnicos capazes de ensinar a auto -estimulação
dos hormônios que formam o padrão químico do bem estar.
(BOECHAT, 2003, p. 40)
Diante do trecho acima, percebe-se o quanto o homem sente-se perdido,
ante a imensidão do que conquistou. A relação familiar, também, vê-se perdida
diante de inúmeras inovações sociais, morais e físicas, que acabam por alterar
toda a estrutura interna do homem. 

Este trabalho pretende mostrar, ainda mais evidente, a relação familiar


que, a cada dia, torna-se mais frágil e superficial, provocando a transferência da
responsabilidade dos pais a outros como: escola, professores, babás, entre
outros. Assim cria-se ± na família ± um ambiente hostil onde as pessoas não se
conhecem, apenas dividem um espaço físico (a casa), mas não se
complementam, não se ajudam ou expressam amor umas pelas outras. De
acordo com Boechat (2003, p. 42), que fala que ³Quem se perdeu não foi o
jovem foi o adulto que não está conseguindo ler a modernidade e a confunde
com frieza, distanciamento, solidão, perdas´. 

Diante da rapidez com que as coisas estão acontecendo, a relação que se


estabelece entre pais e filhos ± nesta sociedade moderna ± traz uma série de
incertezas e inseguranças quanto ao tipo de relação famili ar que deve ser
construída em família, o que, normalmente, acarreta problemas quanto a
adequação do aluno (filho) ao meio social (inclusive à escola). 

Içami Tiba, psiquiatra e psicodramatista, escreveu sobre a importância


que a educação familiar tem durante toda a vida do indivíduo, independente da
era em que se está inserido, para ele:

A maior segurança para os navios pode estar no porto, mas


eles foram construídos pra singrar os mares. Por maior
segurança, sentimento de preservação e de manutenção
que possam sentir junto aos pais, os filhos nasceram para
singrar os mares da vida, onde vão encontrar aventuras e
riscos, terras, culturas e pessoas diferentes. Para lá levarão
seus conhecimentos e de lá trarão novidades e outros
costumes, ou, se gostarem dali, poderão permanecer,
porque levam dentro de si um pouco dos pais e de seu país.
(TIBA, 2002, p.23) 
Ressalta-se a importância de refletir o quanto a educação e os costumes
transmitidos pela família, influenciam à conduta e o comportamento apresentado
pelo indivíduo em qualquer local, independente da presença familiar. 

Na escola não é diferente. Também nela, o aluno apresenta ± ou não ± os


costumes e hábitos aprendidos e vivenciados no ambiente familiar. 

O acompanhamento e a relação desenvolvida em família são


indispensáveis para que o aluno se insira no ambiente escolar sem maiores
problemas.

Para Tiba (1996, p.178) ³É dentro de casa, na socialização familiar, que


um filho adquire, aprende e absorve a disciplina para, num futuro próximo, ter
saúde social [...]´. 

Entretanto, com as mudanças sociais, esta relação tem sido afetada cada
vez mais. O trabalho, e outras atividades, têm consumido o tempo dos pais que
se vêem incapazes de educar seus filhos, atribuindo (erroneamente) este papel ±
exclusivamente ± à escola.

Segundo Tiba (2002, p.180) ³[...] percebo que as crianças têm


dificuldade de estabelecer limites claros entre a família e a escola,
principalmente quando os próprios pais delegam à escola a educação dos filhos
[...]´. 

A formatação familiar no Brasil, também sofreu uma série de alterações.


Nos últimos vinte anos, a estrutura e a dinâmica familiar sofreram mudanças em
seu padrão tradicional de organização devido às evoluções sociais, políticas,
econômicas e culturais relacionadas ao capitalismo.

PEREIRA (1995) defende que: 

[...] a queda da taxa de fecundidade, devido ao acesso aos


métodos contraceptivos e de esterilização; tendências de
envelhecimento populacional; declínio do número de
casamentos e aumento da dissolução dos vínculos
matrimoniais constituídos, com crescimento das taxas de
pessoas vivendo sozinhas; aumento da taxa de coabitações
(casal que vive junto de maneira informal), o que permite
que as crianças recebam outros valores; menos
tradicionais; aumento do número de famílias chefiadas por
uma só pessoa, principalmente por mulheres que trabalham
fora e têm menos tempo para cuidar da casa e dos filhos. 
É verdade que a modernidade trouxe uma série de mudanças, inclusive
na família, mas tal realidade não isenta a instituição familiar de seu papel
educador ± primordial ao desenvolvimento e integração do filho à sociedade. 
De acordo com Kaloustian (1988, p. 22) a família é:

[...] é o lugar indispensável para a garantia da


sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais
membros, independentemente do arranjo familiar ou da
forma como vêm se estruturando. É a família que propicia
os aportes afetivos e sobretudo materiais necessários ao
desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela
desempenha um papel decisivo na educação formal e
informal, é em seu espaço que são absorvidos os valores
éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de
solidariedade. É também em seu interior que se constroem
as marcas entre as gerações e são observados valores
culturais. 
A educação familiar é um fator bastante importante na formação da
personalidade da criança, desenvolvendo sua criticidade, ética e cidadania
refletindo diretamente no processo escolar.

E vemos que a organização familiar não é:


[...] somente o berço da cultura e a base da sociedade
futura, mas é também o centro da vida social... A educação
bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio
à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo
quando for adulto... A família tem sido, é e será a influência
mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e
do caráter das pessoas. (GOKHALE, 1980, p.33) 
Seguindo essa linha de pensamento outro autor que a firma que:

[...] o comportamento das crianças no ambiente escolar e


em casa é, na verdade, uma reação às atitudes de seus
pais. Foi constatado que a maioria dos problemas de
comportamento, como ausência de atenção e agressividade,
é reflexo da conduta dos pais. Uma criança, por exemplo,
que não consegue, em sala de aula, ficar parada em
momento nenhum, mostrado-se sempre nervosa, brigona,
agressiva com os colegas, sempre mal arrumada, cadernos
rasgados, pode ser que uma das causas para tudo isso seja
um relação conflituosa com a família ou a relação, também
conflituosa, entre os pais, os quais brigam o tempo todo na
frente dos filhos e acabam descontando na criança, com
desprezo ou indiferença, com agressões físicas ou verbais.
Este fenômeno, tão comum, leva a criança a pedir ajuda,
demonstrando isso de várias maneiras, inclusive chamando
a atenção para si, no ambiente escolar. (WEIL, 1984, p.47)
Sendo assim, é importante ressaltar que a escola é passageira, para o
indivíduo, (com a finalidade de enriquecimento intelectual, entre outros) a
família, seus costumes e hábitos perduram por toda a vida do mesmo. Em
virtude disso é incoerente que os pais atribuam à escola a primeira educação de
seus filhos.

De acordo com Tiba (2002, p.181)

[...] Para a escola, os alunos são apenas transeuntes


psicopedagógicos. Passam por um período pedagógico e,
com certeza, um dia vão embora. Mas, família não se
escolhe e não há como mudar de sangue. As escolas
mudam, mas os pais são eternos [...]. 

Os pais não podem confundir a atribuição de responsabilidade com o


abandono da supervisão escolar ± necessária a todo ser humano. A
responsabilidade é extremamente importante para o desenvolvimento da
criança, mas ± como em toda etapa da vida do indivíduo ± necessita de um ser
mais experiente (no caso a família) para nortear as atitudes a serem tomadas
pelo mesmo.

A própria lei garante a participação familiar no processo de ensino -


aprendizagem de seus filhos, todavia, nem sempre as famílias se dispõem a esta
participação. O dever da família com o processo de escolaridade e a importância
da sua presença no contexto escolar é publicamente reconhecido na legislação
nacional e nas diretrizes do Ministério da Educação. 

Ressalta-se a importância sobre a construção de uma relação de amizade


e companheirismo ± onde se conheça problemas, anseios e especificidades ±
entre família e escola, visto que as duas devem trabalhar para o mesmo
objetivo, sendo, portanto, parceiras, e não rivais. 

Entretanto, mesmo conhecendo os problemas e peculiaridades das


famílias ± e por conseqüência dos educandos ± se não houver um interesse
mútuo em solucioná-los, o esforço de detectar tais problemas tornam-se nulos,
impedindo que a escola e o professor possam intervir para o sucesso do
educando. O interesse e participação familiar são fundamentais.

Na participação, um sujeito sempre espera algo do outro. E para que isto


de fato ocorra é preciso a construção coletiva de uma relação de diálogo mútuo,
onde cada parte envolvida tenha o seu momento de fala, mas também de
escrita, onde exista uma efetiva troca de saberes. A capacidade de comunicação
exige a compreensão da mensagem que o outro quer transmitir e para tal faz-se
necessário o desejo de querer escutar o outro, a atenção às idéias emitidas e a
flexibilidade para receber idéias contrárias. Uma atitude de desinteresse e de
preconceitos pode danificar profundamente a relação família/escola e trazer
sérios prejuízos para o sucesso escolar e pessoal dos educandos. 


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A realidade que se apresenta nas escolas, no que diz respeito ao


rendimento qualiquantitativo e ao comportamento de seus alunos, tem
preocupado e suscitado uma série de estudos sobre o rendimento escolar de nos
educandos.

O termo ³rendimento escolar´ leva a inferência ao sucesso qualitativo e


quantitativo do educando. Diz-se rendimento escolar referindo-se a formação de
um cidadão pro - ativo e consciente de seu papel em sociedade, tal
comportamento vai além do conhecimento intelectual. 

Segundo Vicente Martins (2005, s/p)

A Lei de Diretrizes e bases ± LDB, ao disciplinar a estrutura e


o funcionamento da educação básica, determina, no seu art.
23, que a educação básica poderá organizar -se em séries
anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de
períodos de estudos, grupos não -seriados, com base na
idade, na competência e em outros critérios, ou por forma
diversa de organização, sempre que o interesse do processo
de aprendizagem assim o recomendar. Este princípio de
flexibilidade de organização curricular orienta também, ainda
no inciso V do artigo 23, que a verificação do rendimento
escolar observará o seguinte critério: a) avaliação contínua e
cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados
ao longo do período sobre os de eventuais provas finais. 

Assim, é possível definir que o rendimento escolar é muito mais amplo e


complexo do que parece, exigindo esforço e dedicação não só dos pais e
professores, mas do aluno ± que é agente ativo de todo o processo. 

Cervera (2007, s/p) comenta que ³Os pais, não podem esquecer que o
protagonista da aprendizagem é o filho, o estudante, que nunca pode ser sujeito
passivo do processo educativo´.

A educação escolar baseia-se na formação do indivíduo em um cidadão


critico reflexivo e que tenha consciência de seu importante papel na construção ±
ou desconstrução ± da sociedade em que está inserido.

Com base no conceito supracitado é que se faz vital a compreensão sobre


o conceito do termo aprendizagem ± rendimento escolar ± para o alcance de
objetivos satisfatórios no processo em questão. Visto que, havendo uma
homogeneidade quanto a conceitos básicos pertencentes à questão educativa,
haverá, por conseguinte, uma coerência nas ações dos agentes nela envolvidos. 

De acordo com Cervera (2007, s/p): 

Para a aquisição de conhecimentos não basta que os


professores expliquem e exijam, é preciso que o aluno
realize o trabalho correspondente de aprender, que não é só
µcompreende¶ mas analisar, completar ou ampliar,
memorizar, etc.
Percebe-se, então, que o rendimento escolar, não se resume as notas,
mas a uma série de ações que culminam em um aprendizado qualiquantitativo ±
atrelando boas notas ao verdadeiro aprendizado.

Sendo assim, torna-se indispensável à compreensão familiar de que as


notas são conseqüências e não objetivo fundamental do processo educativo, o
que deve ser, de fato, levado em consideração é o esforço e dedicação do aluno
(filho) que, inevitavelmente, alcançará boas notas. 

Segundo Gokhale (2007, p. 23): 

Os pais devem evitar as reações desproporcionadas perante


µas notas¶. Dissemos que o importante é o esforço que o
filho desprendeu, não os resultados alcançados. Uma nota
elevada sem esforço não merece um prêmio e, por vezes,
uma aprovação pode ser motivo para uma celebração.
Deve-se ter a consciência de que nem sempre as melhores notas são
conseqüências de grandes esforços e vice-versa. O foco central deve ser a
aprendizagem significativa.

%!"&! 

A literatura defende que as crianças que têm o acompanhamento familiar


± boa convivência, relacionamento, regras, limites, entre outros ± têm bom
rendimento escolar, tanto quantitativa, quanto qualitativamente, não
apresentando dificuldades quanto às normas e rotinas escolares. 

O acompanhamento familiar pode evitar uma possível reprovação e


possibilitar o verdadeiro aprendizado do educando. 

Tiba (2002, p.181), afirma que ³se os pais acompanharem o rendimento


escolar do filho desde o começo do ano, poderão identificar precocemente essas
tendências e, com o apoio dos professores, reativar seu interesse por
determinada disciplina em que vai mal´. 
Ressalta-se que se houvesse a parceria entre pais e escola,
possivelmente, ocorreria o alcance de bons resultados em relação ao aluno
(filho). 

De acordo com Cervera (2005 s/p): ³A responsabilidade dos estudos recai


sobre os pais, os professores e sobre o filho -aluno. É uma responsabilidade
partilhada e, portanto, nenhuma das três partes deve permanecer à margem
desta tarefa ou ter ópticas diferentes´. 

Tiba (2002, p.183) afirma que ³[...] quando a escola o pai e a mãe falam
a mesma língua e têm valores semelhantes, a criança aprende sem grandes
conflitos e não joga a escola contra os pais e vice-versa [...]´. 

Um passo importante para a construção de uma parceria entre a escola e


a família é, sem dúvida, a identificação desta como instituição educadora, tendo
sempre o que transmitir e o que aprender. ³Ninguém educa ninguém, ninguém
educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.´
(FREIRE, 1987, p. 68). 

Para que a parceria dê certo é preciso que haja respeito mútuo, o que
favorece a confiança e demonstra competência de ambas as partes. Mas, para
que isso aconteça, é preciso haver delimitações no papel de cada uma. Muitas
famílias delegam à escola toda a educação dos filhos, desde o ensino das
disciplinas específicas até a educação de valores, a formação do caráter, além da
carência afetiva que muitas crianças trazem de casa, esperando que o professor
supra essa necessidade. Por outro lado, algumas ³famílias sentem-se
desautorizadas pelo professor, que toma para si tarefas que são da competência
da família´ (SZYMANSKI, 2003, p. 74). 

Sendo assim, é importante ressaltar que, a escola tem como função


estimular a construção do conhecimento nas áreas do saber, consideradas
fundamentais para o processo de formação de seus alunos. Essa é uma missão
específica da escola, portanto, nenhuma família tem a obrigação de ministrar ou
transmitir informações específicas ou científicas. Por outro lado, não cabe ao
profissional da educação assumir responsabilidades inerentes à família do aluno.
Porém, deve despertar tratamentos respeitosos, confiantes e afetuosos, como
profissional e membro da sociedade que é, mas não como um membro da
família. 

A família deve acolher a criança, oferecendo-lhe um ambiente estável e


amoroso. Muitas, infelizmente, não conseguem manter um relacionamento
harmonioso. Para algumas pessoas, é bastante difícil, seja por questões
econômicas ou sociais. Ao observar este universo, as escolas podem criar um
ambiente familiar diferente, ³ajudando-as a caminhar para fora de um ambiente
familiar adverso e criando uma rede de relações, fora das famílias de origem,
que lhes possibilite uma vida digna, com relações humanas estáveis e amorosas´
(SZYMANSKI, 2003, pp.62 -63).

Percebe-se, hoje, que a escola assume funções outrora reservadas à


instituição familiar, não conseguindo suportar tantas atribuições. Em virtude
disso há a necessidade da parceria entre família e escola. 

Ao se falar no relacionamento família/escola, muitos fatores merecem ser


levados em consideração. É importante perceber que as ações da família são, na
maioria das vezes, muito diferente das ações desenvolvidas na escola,
principalmente nas classes sociais mais baixas, onde o nível de escolaridade e
verbalização torna a participação crítica das famílias algo quase impossível. Até
participam dos encontros realizados nas escolas, mas de forma passiva, apenas
ouvem o que está sendo dito, recebem notas e reclamações quanto ao
comportamento dos filhos e não opinam, já que, muitas, acreditam não poder
acrescentar nada ao ambiente escolar. Estas famílias não sabem que, mesmo
sendo analfabetas ou com baixa escolarização, podem contribuir na
aprendizagem dos filhos e desenvolver hábitos coerentes como o desenvolvido
na escola. 

É bem verdade que muitas escolas, entretanto, não facilitam a


participação das famílias e, muito menos, incentivam o desenvolvimento de
parcerias. Algumas se colocam na posição de detentoras do saber, acreditando
que só elas têm o poder de decisão. Outras acreditam no potencial das famílias,
respeitam as decisões e levam em consideração os sentimentos e emoções das
famílias. Temos, ainda, escolas que valorizam a interdependência, a
reciprocidade e a tomada de decisões em conjunto. 

Para Szymanski (2003, p,66) afirma que: 

Os conflitos entre famílias e escolas podem advir das


diferenças sociais, valores, crenças, hábitos de interação e
comunicação subjacentes ao modelo educativo. Tanto
crianças como pais podem comportar-se segundo modelos
educativos que não são os da escola.
Em virtude disto e de outros fatores, acaba ocorrendo um conflito de
idéias entre a família e a escola, ocasionando o insucesso do processo
educacional e, por conseqüência, do rendimento escolar.

Neste relacionamento escola/família, a troca de informações pode


possibilitar a descoberta de significados comuns. Com a devida orientação, a
família pode encontrar saídas para seus problemas, de forma a possibilitar que
suas crianças e adolescentes desfrutem dos seus direitos de liberdade, respeito e
dignidade, inclusive garantidos por lei. Contudo, ³não pode deixar de ser dito
que sentimentos são ingredientes na construção de nosso modo de ver o
mundo´. (SZYMANSKI, 2003, p.36).

"!'!""

A família é essencial parao desenvolvimento do indivíduo, independente


de sua formação. É no meio familiar que o indivíduo tem seus primeiros contatos
com o mundo externo, com a linguagem, com a aprendizagem e aprende os
primeiros valores e hábitos. Tal convivência é fundamental para que a criança se
insira no meio escolar sem problemas de relacionamento disciplinar, entre ele e
os outros. 

A sociedade urge por uma parceria de sucesso entre famílias e escolas,


pois acreditamos que só assim poderemos, realmente, fazer uma educação de
qualidade e que possa promover o bem estar de todos.

Só assim poder-se-á alcançar uma sociedade coerente em que seus


agentes conheçam e cumpram seus papéis em todos os processos, sobretudo,
no processo educacional, sem deixar de lado o familiar e social. 

$!! "()*+" 



BOECHAT, Ivone.   ,##- 2ª ed. Rio de Janeiro: Reproarte,


2003. 
BRASIL.x"!!"!! . Lei nº 8069, de julho de
1990.
CERVERA, José Manuel. ALCÁZAR, José Antônio ""!! !!
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<http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo053.shtm >. Acesso em:
27/09/2007. 

FREIRE, Paulo. ½!**-São Paulo, Paz e Terra, 1987.


GIL, Antônio Carlos. !)½/!"!½!"0" . 2ª ed. São Paulo:
Atlas, 1989. 
GOKHALE, S.D.   !"!!+1 In Revista Debates Sociais nº 30,
ano XVI. Rio de Janeiro, CBSSIS, 1980.
KALOUSTIAN, S. M. (org.)  ("!  ("! ! 2. São Paulo:
Cortez; Brasília, DF: UNICEF, 1988.
MARTINS, Vicente. 0!3
(")!$!!x"-Disponível
em: <http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao>. Acesso em:
27/09/2007. 
PEREIRA, P. A. !"" !!"  !! !  - In
Revista Serviço Social e Sociedade. Nº 48, Ano XVI. São Paulo: Cortez, 1995.
SZYMANSKI, H. !4!"5&!""!!"!"-Brasília,
DF, Plano Editora, 2003.
TIBA, Içami. "
!  ! !- 41ª ed. São Paulo: Gente,
1996. 240p. 
lllllllll. ;!!- 2ª ed. São Paulo: Gente, 2002. 

WEIL, P. G. !!" %guia prático de relações humanas e


psicológicas para pais e professores. Petrópolis: Vozes, 1984.


[1]
Acadêmica do 5º semestre do curso de Pedagogia da Universidade Estadual
de Goiás (UEG).

[2]
Graduado em Letras pelo CESB/ICSH; Especialista em lingüística aplicada à
língua e à literatura pela Faculdade de Selvíria - FAS; Especialista em EaD e
Mestre em Educação pela Universidad de los Pueblos de Europa - UPE.
Professor da FACEC, Cristalina-GO; Universidade Estadual do Goiás - UEG;
FEDF, e de Inclusão Digital na Faculdade CESB-GO, também é autor de vários
artigos e poesias na Companhia Brasileira de Jovens Escritores - CBJE, usina
de letras e revista Partes.

A ESCOLA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO

Por: Sonia das Graças Oliveira Silva

O papel fundamental da educação no desenvolvimento das pessoas e das sociedades amplia-


se ainda mais no despertar do novo milênio e aponta para a necessidade de se construir uma
escola voltada para a formação de cidadãos (PCNs, 1998).
Na escola, durante processos de socialização, a criança tem a oportunidade de desenvolver a
sua identidade e autonomia. Interagindo com os amiguinhos se dá a ampliação de laços
afetivos que as crianças podem estabelecer com as outras crianças e com os adultos. Isso
poderá contribuir para o reconhecimento do outro e para a constatação das diferenças entre as
pessoas; diferenças essas, que podem ser aproveitadas para o enriquecimento de si próprias.
As instituições de educação infantil se constituem em espaços de socialização, propiciam o
contato e o confronto com adultos e crianças de várias origens socioculturais, de diferentes
religiões, etnias, costumes, hábitos e valores, fazendo dessa diversidade um campo
privilegiado da experiência educativa.
Desse modo, na escola, criam-se condições para as crianças conhecerem, descobrirem e
ressignificarem novos sentimentos, valores, idéias, costumes e papéis sociais.
A escola deve dar total atenção à criança como pessoa, que está num contínuo processo de
crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e
respondendo às suas necessidades.
A atenção recebida na escola reflete na criança, fazendo com que tome consciência do mundo
de diferentes maneiras em cada etapa de seu desenvolvimento. As transformações que
ocorrem em seu pensamento se dão simultaneamente ao desenvolvimento da linguagem e de
suas capacidades de expressão.
A criança bem atendida, considerada um cidadão, enquanto cresce se depara com fenômenos,
fatos e objetos do mundo; pergunta, reúne informações, organiza explicações e arrisca
respostas. Desse modo, ocorrem mudanças fundamentais no seu modo de conceber a vida, a
natureza e a cultura.
Além de promover a educação da criança, mostrando o correto, muitas vezes a escola terá que
propiciar situações para que os pais reflitam sobre seus papéis e atribuições, tendo em vista
que seus filhos permanecem mais tempo com os profissionais da escola do que com eles
mesmos.
A criança é movida pelo interesse e curiosidade, e, motivada pelas respostas dadas pelo
profissional da escola, através de informações vindas dos livros, notícias, reportagens,
televisão, rádio, etc. ela ficará segura, sentindo-se protegida naquele espaço onde é cidadã.
A infância é um período de desenvolvimento cultural do ser humano, cuja importância vai
ficando cada vez mais clara e precisa à medida que avançam os conhecimentos sobre o
desenvolvimento do cérebro.
As descobertas nes¬ta área já são tão importantes que chegam a afetar a nature¬za de
currículos da Educação Infantil em alguns países. É o caso, por exemplo, da França, que
introduziu um currículo para a infância apoiado em pilares diferenciados dos que nortearam a
educação da in¬fância durante a maior parte do século XX.
Neste novo currículo, as práticas culturais da infância ganham relevo e o tempo é distribuído de
forma que ativi¬dades que envolvam música e movimento sejam equiparadas em importância
às atividades mais especificamente volta¬das à apropriação da leitura e da escrita. Busca-se,
assim, uma escolarização que vise à formação da criança enquan¬to ser de cultura em
desenvol¬vimento.

O papel da escola

Se acreditarmos que o principal papel da escola é o desenvolvimento integral da criança,


devemos considerá-la em suas várias dimensões: afetiva, ou seja, nas relações com o meio,
com as outras crianças e adultos com quem convive; cognitiva, construindo conhecimentos por
meio de trocas com parceiros mais e menos experientes e do contato com o conhecimento
historicamente construído pela humanidade; social, freqüentando não só a escola como
também outros espaços de interação como praças, clubes, festas populares, espaços
religiosos, cinemas e outras instituições culturais; e finalmente na dimensão psicológica,
atendendo suas necessidades básicas como higiene, alimentação, moradia, sono, além de
espaço para fala e escuta, carinho, atenção, respeito aos seus direitos (MEC, 2005).
Podemos então observar que os Parâmetros Curriculares Nacionais elaborados pela secretaria
de Educação Fundamental do Ministério da Educação (MEC), em 1998, ressaltam tudo isso do
seguinte modo: são objetivos do ensino fundamental que os alunos sejam capazes de:
‡ compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos
e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade,
cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;
‡ posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais,
utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
‡ conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais
como meio para construir progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o
sentimento de pertinência ao país;
‡ conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos
socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação
baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras
características individuais e sociais;
‡ perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus
elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio
ambiente;
‡ desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas
capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção
social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania;
‡ conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um
dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua
saúde e à saúde coletiva;
‡ utilizar as diferentes linguagens - verbal, musical, matemática, gráfica, plástica e corporal -
como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das
produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e
situações de comunicação;
‡ saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir
conhecimentos;
‡ questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para
isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica,
selecionando procedimentos e verificando sua adequação.
O que temos ainda hoje é um caminho a ser percorrido. Um caminho de cooperação que só
será efetivo se os pais compreenderem que à escola não cabe exercer a função moral da
família. E, se a escola promovesse ações de conscientização junto a essas famílias para que
ficasse clara a importância do dever de cada um no desenvolvimento do aluno/filho, e que,
embora essa parceria escola e família seja essencial, cada um desses setores deve conservar
suas particularidades (DI SANTO, 2007).

Referências
BRASIL. MEC ± Coordenação de educação Infantil ± DPEIEF/SEB ± Revista CRIANÇA ± do
professor de educação infantil. Brasília, DF, nº 42, dez/2006.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília,


MEC/SEF, 1997.

DI SANTO, Joana Maria R. Centro de Referência Educacional ± Consultoria e Assessoria em


Educação. Disponível em: . Acesso em outubro/2007.

Sobre o Autor

Professora, Empresária, Pós-Graduação (Especialista) em Educação Infantil pela UFJF e também Pós
Graduada em Mídia e Deficiência pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Mg. Pós-Graduação em
Arte, Educação e Cultura na UFJF. Contato pelo e-mail:soniajf23@yahoo.com.br e pelo e-mail:
soniajf23@gmail.com

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