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Artigo científico apresentado ao Curso de Comunicação Social – Jornalismo como requisito para
aprovação na Disciplina de TCC I, sob orientação do Prof. Luciano Miranda e avaliação dos
seguintes docentes:
RESUMO
Este artigo é o resultado de uma pesquisa empírica qualitativa, realizada com o objetivo de
constatar nos usos da internet e do computador portátil, a reconfiguração do território
informacional. A fim de obter indicativos sociais comparou o caso de treze universitários que
usam o computador portátil e tem acesso a internet na maior parte do dia. Como instrumentos de
pesquisa foram realizadas entrevistas gravadas em áudio e observação participante. Constatamos
que o computador portátil é usado no acesso a múltiplos conteúdos; oferece interfaces amigáveis;
permanência on-line estendida; o contato com informações continuamente atualizadas. Que o uso
do computador portátil permite o controle o do fluxo informacional que é considerado de baixo
custo financeiro, com economia de tempo e esforço.
INTRODUÇÃO
O encontro de uma informação que serve de parâmetro na tomada de decisão, não mais
obriga, uma posição espacial fixa. É na composição de um espaço de relações mediado pela
internet e as tecnologias da informação que temos a gênese do território informacional. Processo
que interfere nas lógicas comerciais e também de espaço/tempo.
O computador portátil com tecnologia wireless 1, é um dispositivo cada vez mais presente
no ambiente acadêmico. Estudantes que nos usos das ferramentas de comunicação para a internet,
modificam o modo de obter informação e alteram as lógicas territoriais, por conseguinte,
mudanças no comportamento e na rotina de escolas e universidades.
Uma das propriedades de usos é o acesso a internet com mobilidade, prática que permite
conciliar atividades presenciais e usar as redes telemáticas para processar, armazenar e transferir
dados de modo ágil, localizar e ser localizado, responder e-mails, postar fotografias, fazer
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Wireless: Se permitem definir assim, vários tipos de redes que são: Redes Locais sem Fio ou WLAN (Wireless Local Area Network), Redes
Metropolitanas sem Fio ou WMAN (Wireless Metropolitan Area Network), Redes de Longa Distância sem Fio ou WWAN (Wireless Wide Area
Network), redes WLL (Wireless Local Loop) e o novo conceito de Redes Pessoais Sem Fio ou WPAN (Wireless Personal Area Network).
Boletim bimestral sobre tecnologia de redes produzido e publicado pela RNP – Rede Nacional de Ensino e Pesquisa em 15 de maio de 1998 |
volume 2, número 5. Disponível em: <http://www.rnp.br/newsgen/9805/wireless.html>
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comentários em postagens, emitir opinião em blogs, anunciar a rotina no twitter e ainda dispor de
uma diversidade de bancos de dados. É a tecnologia digital em rede permitindo a reconfiguração
do território informacional. Mas em função de quê, os alunos usam seus notebooks e as
ferramentas para a internet? Como os usos atuais estariam promovendo a reconfiguração do
território informacional?
A pesquisa está focada num agrupamento social que dispõe dos recursos necessários para
o acesso à internet na maior parte do dia, portanto não tem a pretensão de discutir a problemática
da exclusão digital. Neste propósito, foi observado e entrevistado um universo de treze atores
sociais que diariamente usam o computador portátil em suas relações cotidianas. Doze
informaram possuir internet banda larga em casa e no local de estudo com tecnologia wireless2.
Portanto, o universo empírico pesquisado, contempla uma parcela privilegiada quanto ao uso de
computadores e acesso a internet. O objetivo foi identificar como cada um destes atores sociais
interage com os demais, e também, quais as lógicas que determinam as ações de conservação ou
reconfiguração deste território informacional.
Trata-se de uma pesquisa empírica qualitativa que no modo de apropriação e nos usos
singularizados, informados por meio de entrevistas abertas e observação participante, estabeleceu
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parâmetros de análise para compreender como se processam as táticas de apropriação e
dominação do território informacional. A pesquisa elenca indicadores sociais e correlacionam
com os conceitos de mídias locativas, território informacional e espaço.
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Questionário adaptado do original. Desenvolvido no Departamento de Psicobiologia da UNIFESP – Universidade Federal de
São Paulo pela pesquisadora Cristina Lasaitis. Original sob o título “Questionário sócio econômico e étnico cultural”.Disponível
em: http://cristinalasaitis.files.wordpress.com/2008/12/questionario2.doc
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A observação participante teve a duração de duas horas e trinta minutos (02h: 30min), em
média, e o objetivo foi verificar as reações, as posturas, as interfaces acessadas, os tipos de
conteúdos, e também, a interação com o ambiente material.
Com este procedimento foi possível observar a relação do conteúdo acessado com o
espaço de relações presenciais, o foco de atenção e o tempo dedicado a uma, ou outra atividade.
O formulário de observação pode consultado no item 6 do anexo 1.
As respostas das questões 4.1 a 4.5 foram obtidas no diálogo entre pesquisador, e
pesquisado, enquanto os entrevistados respondiam sobre os usos das questões 2.1 até 2.6.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
O objetivo inicial desta pesquisa foi detectar como os atores sociais fazem uso da internet
quando providos de um computador portátil e conseqüentemente, como estes atores podem
expandir ou conservar o território informacional. A perspectiva teórica foca no ator social e por
esta razão, busca referências na obra de Michel de Certeau (2000), que no livro A invenção do
cotidiano, traz as definições necessárias para uma compreensão do objeto empírico.
Se é verdade que por toda parte se estende e se precisa a rede da “vigilância”, mais
urgente ainda é descobrir como uma sociedade inteira não se reduz a ela: que
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procedimentos populares jogam com os mecanismos da disciplina e não se conformam
com ela a não ser para alterá-las; em fim, que “maneiras de fazer” formam a
contrapartida, do lado dos consumidores (dos dominados?). (CERTEAU, p.41)
Certeau desenvolve sua observação inspirado nos atos de fala, em que este “homem
ordinário” impregnado das “marcas do vivido”, se apropria da linguagem formal revelando a arte
de combinar e recombinar, jogando com os mecanismos da disciplina. Para o autor, o ato
enunciativo revela quatro características:
[...]este opera no campo de um sistema lingüístico; coloca em jogo uma apropriação, ou
uma reapropriação da língua por locutores; instaura um presente relativo a um momento
e a um lugar; e estabelece um contrato com o outro (o interlocutor) numa rede de lugares
e de relações. (CERTEAU, p. 40)
Na presente pesquisa, adotamos a mesma lógica de análise, por entender que esta
perspectiva mantém o foco nos atores sociais, no espaço de relações, não exclui o suporte e nem
o contexto material. É fundamental, a partir daqui, conceituar os fundamentos do território: lugar,
espaço e rede.
Se o lugar é um ponto fixo, o espaço é “um lugar praticado”. Ou ainda, “um cruzamento
de móveis” (CERTEAU, p. 202). Teoricamente não tem limites definidos, mas revela um
trânsito, obedece a forças de sentido, velocidade, movimentação.
Pierre Bourdieu (2000, p. 137), ao referir-se ao espaço social, conceitua como “um espaço
de relações o qual é tão real como um espaço geográfico, no qual as mudanças de lugar se pagam
em trabalho, em esforços e sobre tudo em tempo”. A estrutura do espaço se constitui no trânsito
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dos agentes sociais que a compõe, nas práticas, nos usos, nos fluxos que lhe conferem “vida”. É
um espaço de relações permeado por redes sociais.
As práticas sociais definem as vias de acesso que se efetivam em ruas, corredores, redes
de água, esgoto, energia, comunicação, entre outras. Um espaço cujas fronteiras podem ser
delineadas conforme os atores sociais percebem as possibilidades de usar e transitar pelos
espaços.
Todo espaço físico compartilhado pelos indivíduos, tende a obedecer a certas lógicas
organizacionais, instituídas para auxiliar no trânsito diário. Ir e vir nos espaços exige conhecer
seu funcionamento. Se tomar como exemplo uma rua, deve-se levar em conta o veículo, o
sentido, a trajetória, a possibilidade de retorno, a sinalização a velocidade média, e assim por
diante. Conseqüentemente atingir o objetivo proposto depende de recursos materiais e culturais
que são indissociáveis.
O autor conclui que as duas dimensões estão em acentuado conflito no espaço, em certa
medida as relações de dominação são “unifuncionais” e a concentração dos recursos materiais
tende a favorecer a lógica capitalista hegemônica, dificultado as reapropriações dos espaços.
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Conceber território informacional não exclui a dimensão que traz as marcas do “terra-
territórium”. Ao deslocar-se por uma cidade é possível obter inúmeras informações que
identificam o lugar, localizam o passante, desde o sentido de uma rua até os letreiros de um
outdoor eletrônico. São informações que trazem as marcas do coletivo e compostas por
identidades afeiçoadas aquele espaço praticado. O controle das informações que identifica um
lugar é mais ou menos flexível, controlável. É neste sentido que cada morador ou visitante,
baseado em suas lógicas faz a leitura ou o mapeamento das informações. Traduzindo para o
território informacional constituído no ambiente digitalizado. Lemos (2008) define o conceito:
Territórios informacionais podem ser entendidos como áreas onde o fluxo informacional,
na interconexão entre o ciber-espaço e o espaço urbano é controlado digitalmente. Aqui,
os usos podem tanto controlar as entrada, quanto as saídas dos dados de informação.[...]
Eu entendo o território informacional como a área de controle (e para ser controlada
pelo) do fluxo de informação digital em uma intersecção com uma área física. Então um
lugar, como resultado da territorialização (delimitação geográfica leis e regulações),
ganha uma nova camada de informação que é um novo território pelas redes eletrônicas
e dispositivos móveis. (LEMOS, p. 96)
As informações que nos chegam emanam de múltiplos pontos, desde a observação visual,
auditiva, olfativa e tátil no ambiente presencial, passando pela leitura de códigos como a escrita,
até os múltiplos conteúdos que podem ser acessados por dispositivos móveis. É a perspectiva de
usar os bancos de dados disponíveis em escala mundial que permitem reconfigurar o território
informacional.
A reconfiguração do território informacional consiste em “processos[que] são limitados
pelo mundo real e, distante de uma desterritorialização, eles criam novas formas de
territorialização através do controle informacional (a capacidade para produzir e
consumir informação enquanto móvel).[...] precisamos pensar acerca de fluxos, eventos,
e realidade expandida, ao invés de lugares fixos de comunidade enraizadas ou
desterritorialização no ciber espaço com a substituição do ”real” pelo “virtual” (LEMOS
2008, p. 104)
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REDES E ESPAÇO MULTITERRITORIAL.
Ele acrescenta que “esse é o mundo da "peer production" (produção colaborativa ou entre
pares), fenômeno extraordinário, possibilitado pela Internet, caracterizado pelo voluntarismo ou
amadorismo de massa”. (ANDERSON, p. 71)
Santaella (2008) afirma que o termo mídias locativas foi usado pela primeira vez por
Karlis Kalnins, nomeava uma categoria de teste para processos e produtos realizados por grupos
interessados em tecnologias emergentes. Surge no espírito comunitário de promover trocas de
informações como imagens, textos e sons em dispositivos habilitados com GPS.
Andre Lemos (2007) afirma que as mídias locativas funcionam como um ponto de
referência, ou seja, um “lugar/objeto”, ao qual, é agregado informação contextual relacionada
com o posicionamento geográfico.
Embora o modo de uso do computador portátil pelos alunos estudados, não se aplique ao
conceito clássico de mídias locativas, ele é brevemente esclarecido.
As mídias locativas são utilizadas para agregar conteúdo digital a uma localidade,
servindo para funções de monitoramento, vigilância, mapeamento, geoprocessamento
(GIS), localização, anotações ou jogos. (LEMOS, 2007)
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A livre circulação de bens simbólicos criou novas rotas, múltiplos territórios, Certeau
(1990, p. 202) afirma que o “espaço é modificado pelas transformações devido às proximidades
sucessivas”. O bit e a internet. Há muito têm modificado as estruturas de relações, estreitando as
distâncias e acabando com despesas onerosas para obter informação. A possibilidade de encontrar
e ser encontrado, trocando informações, é um fator que permite controlar o fluxo informacional
que compõe os recursos para empreender as práticas diárias.
Dentre as mídias locativas o computador portátil é uma das mais completas no acesso à
internet. Sua posse proporciona interfaces amigáveis, transmitir e manipular dados, localizar e ser
localizado, manter diálogo direto, processar, armazenar e transferir informações. Portanto confere
ao ator social o controle de entrada e saída das informações sem perder a mobilidade.
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os parâmetros para compor, conservar e conseqüentemente, reconfigurar o território
informacional.
Estabelecendo uma comparação entre o tempo de uso da internet, entre estes dois grupos,
foi possível detectar que os comunicólogos acessam em média, cinco horas e meia todos os dias
(5h30mim), já os engenheiros duas horas e meia (2h30mim).
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referenciais teóricos obtidos pela leitura de artigos e teses. Enfim, leituras que servem de
parâmetro para atuação em seu território informacional específico. Neste modo de apropriação,
percebe-se a conservação e expansão do território informacional.
CLC - No Scielo eu faço buscas por temas em todos os países, se não conheço a língua
do artigo, ali mesmo tem uma ferramenta que faz a tradução. É um site muito
interessante eu gasto muito tempo ali procurando artigos, eles servem para embasar
meus trabalhos com outros autores. Se não fosse esta possibilidade eu talvez não tivesse
acesso, porque muitas destas obras não foram traduzidas para o português ou nem
chegam ao nosso país. (anexo, 4 p. 8)
SEM - Varias coisas que eu estou aprendendo na faculdade, sobre a realidade do Brasil,
tu pode buscar na internet para poder discutir com o professor. Jornal eu gosto, mas eu
não tenho aqui. (anexo, 4 p. 37)
SF - Como estou no primeiro semestre não tenho experiência, então eu olho alguns
modelos de relatórios em pdf, que procuro no Google, e também procuro fotos para
ilustrar meus trabalhos. (anexo, 4 p. 38)
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atividades paralelas observamos em sala de aula. Menor a percepção do curso como a
oportunidade de profissionalização e menor o interesse ao conteúdo de aula. Isso não significa
que o capital cultural destes alunos tenha prejuízos. No que, demonstraram isso nas entrevistas.
Como efeito, e entendido com base na formulação de Bourdieu, não se deve considerar
que o capital cultural como recurso de distribuição desigual na sociedade, que é fonte de
distinção e poder, cuja posse é privilégio de poucos indivíduos. Possui três formas que tornam
mais possível tal entendimento:
ao estado incorporado, [exige uma incorporação que, tanto quanto supõe um trabalho de
inculcação e de assimilação, custa tempo e tempo que deve ser investido pessoalmente
pelo investidor.]; ao estado objetivado, sob a forma de bens culturais, quadros, livros,
dicionários, instrumentos, máquinas, que são o vestígio ou a realização de teorias, ou de
críticas das teorias, de problemáticas, etc.; e enfim ao estado institucionalizado, forma de
objetivação que é preciso colocar à parte porque, como se vê com o título escolar,
outorga ao capital cultural que é tida por garantir propriedades de todo originais
(BOURDIEU, 1979, p. 3).
Neste propósito que não atribuímos qualquer demérito a nenhum entrevistado diante de
suas prioridades informacionais.
Usar a internet para obter diversidade de pontos de vista é uma atitude comum entre os
dois grupos entrevistados: o que varia é o interesse, os temas, o formato, e o tempo empreendido
na busca. No caso dos “comunicólogos”, que predominantemente são do curso de jornalismo, a
busca oscila entre os conteúdos do currículo acadêmico e variedades cotidianas, como futebol,
música, cinema, moda etc.
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CM - Uso a internet para aprender. Com vídeo aulas no youtube aperfeiçoei minha
diagramação, aprendi a editar vídeos, leio fóruns para tirar dúvidas. O tempo que estou
conectado, comigo junto, deve ocupar ¼ do meu dia; 1/3 se for fazendo um download
etc. Baixo musica, 70%; vídeo 10%; programas 10%; e o restante é PDF e afins. (anexo,
4 p. 12)
JZ - Se não fosse à internet, onde eu ia buscar as informações sobre os concursos? No
diário oficial? No zero hora? Um jornal é “grosso de informação” a gente leva muito
tempo procurando. Na internet em questão de 10 a 15 minutinhos eu posso olhar sobre
vários concursos. Onde é a prova, quando é a prova, o que cai na prova, quais os
requisitos, qual é o salário. (anexo, 4 p. 51)
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Todos os entrevistados afirmaram que ligam o computador, checam os e-mails, abrem o
MSN e o Orkut, deixando-os on-line, e depois partem para as atividades decorrentes da rotina de
estudo ou trabalho. A rede estabelecida nestas conexões efetiva a reconfiguração do território
informacional. Porque, nestes fluxos de informação é que mobilizações podem acontecer, em
fim, voltando ao referencial teórico, Certeau (2008), estas são as “maneiras de fazer” que formam
a contrapartida, do lado dos consumidores, é nestas interações que os “procedimentos populares
jogam com os mecanismos da disciplina e não se conformam com ela a não ser para alterá-las”.
(CERTEAU, p.41)
Na “economia”
Em comum entre os investigados foi à percepção de que o uso da internet permite uma
economia de esforço, tempo e recursos financeiro, aliado à comodidade e mobilidade, tanto na
comunicação direta, quanto no acesso a conteúdos de bancos de dados.
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No propósito de compreender o conceito de mídias locativas quanto ao controle de
entrada e saída da informação, marra-se o caso de MG, 22 anos, estudante de jornalismo e direito
que, tanto na entrevista, quanto na observação, demonstrou usar o computador portátil para
estabelecer um território informacional que se encontra em tensão com o território informacional
empreendido no material. Denota um possível uso numa perspectiva da multiterritorialidade. Ou
a própria reconfiguração do território informacional.
Na otimização do tempo
O estudante cursou seis semestres de música, morou na Europa, já fez cursos de inglês e
italiano, e foi observado durante atividades no curso de jornalismo em que acessava a internet e
em constantes atualizações de e-mails, twitter, Msn e Orkut, mantendo-se mais concentrado no
computador do que no ambiente presencial. Problemas técnicos com o sinal da internet o
deixavam inquieto, inclusive saiu da sala. O computador naquele momento não foi usado como
ferramenta de apoio ao ambiente concreto, muito pelo contrário, é uma fuga do ambiente
concreto.
MG - Consiste em checagem e resposta de: email, MSN, Orkut, Twitter, face Book e em
seguida o blog. Tudo em função da banda. Eu procuro deixar o pessoal a par das
questões da banda... Tem sempre alguém querendo saber a respeito de novidades. (anexo
4, p. 19)
MG – Aqui (no Cesnors) o sinal da internet não é bom, mas devido a faculdade ser
isolada da cidade eu uso para me manter atualizado, ali com o meu mundinho. Nada,
além disso, não busco muito conteúdo. (anexo 4, p. 20)
MG - Cursei seis semestres de musica. Me mantenho atualizado lendo vários livros
sobre gêneros musicais. A internet é uma ferramenta que me possibilita uma gama maior
de experimentações de leituras, em uma livraria, não seria possível comprar tantos
livros, alguns que nem acho tão bom, não compraria só para conhecê-los... Só é possível,
por este recurso de baixar um livro em PDF. É assim que a internet me influencia pelo
conteúdo que eu tenho acesso, e traz subsídios para reafirmar minhas convicções ou
conhecer outras opiniões. (anexo 4, p. 20)
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informacional musical, ao seu sítio interno, criado na vontade de manifestação pela música, pelas
opiniões, que na ocasião se mostrou como o interesse mais imediato.
Como lugar/objeto
Em apoio presencial
O uso da mídia locativa, quando utilizada em apoio às atividades presenciais, serve como
fonte de informação para atuação no ambiente material funcionalizado.
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Orkut e o e-mail, porque estabelece outro tempo de resposta e não atrapalha a atividade
presencial.
Portanto o principal uso dado à internet é como fonte de informações, o que também
denota uma expansão do território informacional.
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ZJ - Minha cidade é pequena, quando chega um produto que eu quero, um tênis Nike por
exemplo, as vezes é um preço exorbitante. Como eu já conheço a marca e na internet
eles fazem com frete grátis é bem mais viável. (anexo, 4 p. 51)
MLG - Quando eu posso ou dá certo, devido o fuso horário, me comunico com amigos
que foram embora (outros países) em busca de emprego e estudo. Moravam perto e
agora moram longe. Tenho uma amiga que seria minha colega de faculdade e acabou
não vindo pra cá, é uma das pessoas que eu mais mantenho contato pelo MSN e não
conheço pessoalmente, hoje, agora a pouco estava falando com ela. Tem alguns casos
assim. (anexo, 4 p. 24-25)
Foi observado que, entre os entrevistados, há quem busque informações para atender
necessidades relacionadas ao espaço de práticas. Mantendo o eixo temático focado nas atividades
realizadas no espaço de ralações materiais. Mesmo que sejam referenciais diversificados e
obtidos exclusivamente na internet, fazem parte de seu universo pessoal.
CONCLUSÃO
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A vigilância faz parte de uma tática que permite a observação do comportamento dos
“interagentes”. Percepção que serve para as tomadas de posição no ambiente concreto e também
no digital. É nesta interação que o território informacional está em constante reconfiguração.
Todo arquivo gravado em bancos de dados possui uma extensão que obriga uma
codificação e decodificação, propriedades dos arquivos que permitem a detecção da
funcionalidade na interface, a visualização e a leitura. Nesta perspectiva existe uma disputa pela
centralização (concentração) de fluxos informacionais. Territorialidade que define as disputas
pelo controle de quem passa, pois se muitos passam constitui-se o mercado da informação.
Ganham território ferramentas com interfaces flexíveis e passíveis de apropriação pelos atores
sociais.
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os territórios simbólicos interferem no modo de uso. A organização tática dos atores sociais se
vale de algumas das interfaces que dominam o território dos fluxos diretos.
CL - Todo mundo vai com os computadores pra sala e ficam lá assistindo TV,
conversando, às vezes trocamos algum link de uma comunidade do Orkut. E-mail que a
gente recebe e gosta a gente manda uma para as outras. (anexo, 4 p. 4)
FS - Onde eu moro é afastado da cidade, então pelo MSN trocamos informações para
fazer os trabalhos, tirar dúvidas antes das provas. (anexo, 4 p. 4)
São lugares formados por disposições temporárias. Têm nas trocas diretas um modo de
difusão que foge ao controle das companhias; é um território tático criado para os usos
cotidianos, a fim de manter e vigiar suas afetividades e compromissos sociais.
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REFERÊNCIAS
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CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. 14. ed. Petrópolis, Rio de Janeiro, RJ.
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SANTAELLA, Lucia. A estética política das mídias locativas. em: Nómadas nº 28 . IESCO, Instituto de
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