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1. INTRODUÇÃO
1
Graduando em Filosofia pela UEPB e Membro do Principium – Núcleo de Estudo e Pesquisa em
Filosofia Medieval
2
DFCS/UEPB e Membro-Líder do Principium. http://principium.ceduc.uepb.edu.br
explicar o que ele pensa sobre o tempo. Uma das principais questões levantada é saber
como Deus criou o céu e a terra, e o que fazia Deus antes de criá-los?
Para Agostinho Deus não fez os céus e a terra da forma literal como o Gênenis
pode ser lido. Do mesmo modo, também não os fez como um artista, como exemplo, que
usa uma matéria informe para fazer uma obra com determinadas formas. Na verdade,
Deus não fez a sua criação "dentro" do universo, não criou o céu e a terra dentro do céu e
da terra, uma vez que nada (incluindo espaço ou mesmo matéria), segundo Agostinho,
poderia existir antes deste ato de criação. Dessa forma, ele entende que Deus criou o céu
e a terra através da sua palavra. A palavra de Deus aqui deve ser entendida como eterna.
Na tua palavra, nada aparece e desaparece, porque é realmente imortal e eterna.3
Agostinho diferente de outros que trataram da questão “Que fazia Deus antes da
criação?” e, que não foi levada tão a sério a ponto de até mesmo dizer que Deus
preparava o inferno para quem quisesse saber tal resposta. Porém, ele prefere tratar a
questão de forma séria. Para Agostinho “Antes de criar o céu e a terra, Deus não fazia
nada. Pois, se tivesse feito alguma coisa, o que poderia ser, senão uma criatura”?4 Dessa
forma, não poderia haver o antes ou o depois quando não tinha nada criado. Sendo Deus
eterno, não há tempo passado ou tempo futuro, mas apenas a eternidade, como podemos
ler no seguinte passo das Confissões.
Os teus anos não vão nem vem, ao passo que os nossos vão e
vêm, (...). Os teus anos existem juntos, porque são fixos e não são
expulsos pelos que vêm, porque não passam. Os nossos, pelo
contrario, só poderão existir todos quando já todos não existirem.
(...) o teu hoje não cede lugar ao amanhã nem sucede ao ontem.
O teu hoje é eternidade (...). E não existia tempo quando não
havia tempo.5
3
AGOSTINHO. Confissões. XI, 7, 9. 2ª. ed. Trad. Maria Luiza Amarante. Rev. Honório Dalbosco.
São Paulo: Paulus, 1997.
4
Idem. Ibidem. XI, 12, 14.
5
Idem. Ibidem. XI, 13, 16.
2. O CONCEITO DE TEMPO
Para Agostinho o tempo começa com a criação e, por ser Deus eterno, não tem uma
origem; logo, nenhum tempo é coeterno a Deus, pois, se assim fosse não seria tempo.
Mas então, o que é o tempo? Pergunta Agostinho. E quem poderia explicar de forma fácil
e rápida? Já que é um tema tão falado no nosso cotidiano. Percebendo a dificuldade para
responder tal questão ele diz: “Se ninguém me pergunta, eu sei; porém, se quero explicá-
lo a quem me pergunta, então não sei”.6
Porém, não há como negar que o tempo seja constituído de passado, presente e
futuro. Pois não existiria um tempo passado, se nada passasse; e não existiria um tempo
futuro, se nada devesse vir; e não haveria o tempo presente se nada existisse.7 Mas como
pode existir o passado e o futuro? Tendo em vista que o que já passou não existe mais e o
futuro ainda não aconteceu, por conseqüência, também não existe. Só nos resta falarmos
do presente, mas por ser tão rápido o presente, tendo em vista, que já se tornou passado
nesse exato momento que falo, ele, assim como o passado e o futuro também nos escapa.
Mas se o presente permanecesse sempre presente não resolveria esse problema? É certo
que não, pois, se o presente permanecer sempre como presente e não tornasse passado,
deixaria de ser tempo e, passaria a ser eternidade. Então, resta-nos perguntar se realmente
existe o presente. Pois a causa de sua existência é a mesma causa da sua não existência.
Por isso, Agostinho pergunta: como então podemos falar do tempo quando ele tende a
não existir?
Porém, é normal que se fale de tempos longos, tempos breves quando nos referimos
ao passado e ao futuro. Mas lembremos que o futuro e o passado não existem segundo
Agostinho, portanto não pode haver tempos breves ou tempos longos no passado ou no
futuro, já que não existem. Diante da ausência de medição do passado e futuro, resta-nos
saber se o presente pode ser longo ou breve.
6
Idem. Ibidem. XI, 14, 17.
7
Idem. Ibidem.
Talvez cem anos presentes sejam um tempo longo?(...): cem anos
podem ser presentes?(...) apenas um será presente, os anteriores serão
passado, e os posteriores serão futuros. (...) De fato, o ano é feito de
doze meses; (...), nem sequer, porém o mês que está decorrendo é
presente, mas somente o dia. (...), nem a duração de um dia é toda ela
tempo presente. O dia e a noite compõem-se de vinte quatro horas. E
essa mesma hora é composta de fugitivos instantes.8
Para Agostinho o que chamamos de presente passa numa velocidade tão rápida do
futuro para ao passado que não tem duração e, caso tenha alguma, seria dividida em
passado e futuro. Assim sendo, o Bispo de Hipona conclui que o tempo presente não tem
extensão. (passado, presente e futuro não podem ser longos ou breves).
Então, como medimos o tempo? Segundo Agostinho não há três tempos, passado,
presente e futuro. Mas sim, o presente dos fatos passados, o presente dos fatos presentes,
o presente dos fatos futuros. Sendo que o presente do passado é a memória, o presente do
presente é a visão e o presente do futuro é a esperança. Agostinho tem consciência que
mede o tempo, mas sabe que não é o futuro já que não existe; e nem o passado pelo
mesmo motivo e, nem o presente porque não tem extensão. O que medimos então?
8
Idem. Ibidem. XI, 15,19-20.
9
Idem. Ibidem. XI, 23,29.
10
Idem. Idem. XI, 24, 31.
5. O TEMPO COMO EXTENSÃO (DURAÇÃO) DA ALMA
Para Agostinho o tempo nada mais é do que uma extensão, mas como seria isso?
Agostinho explica que tempo não é uma propriedade do mundo exterior, mas sim da
própria alma. Quando medimos algo estamos medindo através da nossa memória. O
passado não existe mais, mas ao recordamos algo do passado só podemos considerar as
imagens na memória do presente, a partir do que está na memória. Assim também
podemos prever o que ocorrerá no futuro: ao vermos a aurora, logo dizemos que o Sol vai
surgir no horizonte, e trazemos para o presente as coisas passadas, como lembranças de
um fato ocorrido e por nós presenciado. Assim, as lembranças das coisas passadas e a
expectativa das coisas futuras são elaborações que dependem da extensão da alma, ou
seja, da visão presente.
CONCLUSÃO
O tempo para agostinho é uma extensão da alma, pois só através dela é que
percebemos o tempo, e assim atribuimos uma duração que nem sempre vai corresponder
ao tempo objetivo ou seja, ao relógio. Por ser o tempo extensão da alma esse tempo vai
depender daquilo que estivermos fazendo.
REFERÊNCIA
SANTO AGOSTINHO. Livro XI. In: Confissões. 2ª. ed. Trad. Maria Luiza Amarante. Rev.
H. Dalbosco. São Paulus, 1997.