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Este é o site de Semiologia e Semiótica
ROTEIRO
1-Introdução.
2-Conceitos importantes.
2.1- Semiologia.
2.2- Lingüística.
2.3- Signo.
2.4- Imagem Acústica.
2.5- Significado.
2.6- Significante.
2.7- Estrutura.
2.8- Classes e comutação.
2.9- Mensagem.
2.10- Sintomas.
2.11- Sinal.
2.12- Síndrome.
2.13 – Transtorno.
2.14- Posição recalcadora e seu sistema objetal.
3-Origem da Semiótica.
4- Semiologia Psicanalítica – Fragmentos.
4.1- Evolução Psicoemocional.
5- Semiologia Psiquiátrica.
5.1- Alguns Mecanismos de Defesa.
6- Ferdinand de Saussure.
6.1- O Projeto Semiológico de Saussure.
7-Charles Sanders Peirce.
7.1-Primeiridade, Secundidade e Terceiridade.
7.2-Pragmatismo e Abdução.
7.3-Signos.
8-Bibliografia.
1- INTRODUÇÃO.
A psicanálise, a semiologia e a teoria da comunicação podem ser sistematizadas e
integradas de uma maneira metódica e ao mesmo tempo prática no cotidiano da
psicanálise. Este trabalho buscará fundamentar uma operacionalidade da psicanálise,
com contribuições da semiologia e da teoria da comunicação, com vistas a uma
estratégia terapêutica que possibilite cobrir os níveis da ação analítica, criando
modelos que permitam re-orientações pragmáticas no sentido de facilitar, ao analista,
uma visão mais abrangente da problemática que lhe é exposta pelo paciente. A
compulsão à repetição, localizada a partir das estruturas narrativas, possíveis de
serem detectadas e traduzidas operacionalmente através do material fornecido pelo
paciente ao analista em um sistema de signos passível de codificação e conseqüente
sistematização.
Vivemos no século da comunicação. Para alguns, o nosso mundo constituiria já uma
autêntica "aldeia global", habitada por umas “tribos planetárias”, possibilitadas uma e
outra, pelas novas tecnologias de informação e comunicação. Para outros, a
sobrecarga de "informação" e "comunicação" não se traduz, necessariamente, em
maior aproximação e solidariedade entre os homens, conduzindo antes a novas
formas de individualismo e etnocentrismo.
"Comunicar" significa, etimologicamente, "pôr em comum". No processo de
comunicação, que simplificadamente podemos entender como a troca de uma
mensagem entre um Emissor e um Receptor, os Signos desempenham um papel
fundamental. Sem Signos, não há mensagem, nada podemos pôr em comum. Os
Signos são tão importantes que se pode (e costuma) definir, de forma essencial, a
Semiótica como a "ciência dos signos".
A ciência chamada Semiótica, ou teoria geral e da produção dos signos, teve sua
origem na Rússia, na Europa Ocidental e na América. A semiótica, atualmente, é um
campo de grande amplitude e variedade teórica. O autor Charles Peirce foi o fundador
da semiótica. Saussure, no Curso de Lingüística Geral, falava de uma semiologia, que
pode ser comparada ou diferenciada da semiótica propriamente dita. Atualmente,
Umberto Eco é um especialista em semiótica.
As idéias de Saussure foram difundidas por seus alunos Charles Bally, Albert
Sechehaye e Albert Riedlinger com a produção do livro Curso de Lingüística Geral,
construído com base nas anotações de sete dos alunos do curso homônimo (três
versões: entre 1907 e 1911) e de alguns manuscritos do próprio Saussure. A edição
1916a foi complementada pelo italiano Tullio de Mauro em 1972, originando uma nova
edição standard (1916c). A tradução brasileira surgiu em 1969 (Saussure, 1916d). Só
recentemente, as notas de mais um estudante de Saussure foram descobertas,
resultando na edição, em Tóquio, de um novo livro intitulado Ö terceiro curso
(Saussure, 1993).
F. Saussure estabeleceu a distinção entre “língua” e “fala” para que o paciente possa
reconhecer um signo como tal e atribuir-lhe seu designado correspondente. É
necessário que previamente possa apoiar-se, por um lado, nas representações
psíquicas (ou significantes) dos “sons” concretos e, por outro, nas representações
psíquicas (ou significados) dos referentes também concretos com os quais se
relacionam esses sons.
Os “signos” psíquicos, no sentido saussuriano do termo, serão constituídos, portanto,
pela união dos “significantes” (ou imagem acústica dos sons) e dos “significados” (ou
conceitos do referente). A oposição de dois signos complementares determina, por
sua vez, uma “estrutura” ou “código”. O estudo específico da relação lateral que se
estabelece entre os significantes ou entre os significados será denominado por
Saussure de “valor”.
O usuário poderá estabelecer relações semiológicas corretas entre “sinais” e
“mensagens” se tiver previamente formado de maneira correta as classes
significantes e significadas correspondentes.
Quando o usuário funciona como emissor e transmite uma mensagem por meio de um
sinal, faz um “incoding”, uma codagem ou codificação. Quando funciona como
receptor, recebe um sinal e dele deduz uma mensagem, faz um “decoding”, uma
decodagem ou decodificação. As mensagens inconscientes, por exemplo, seriam
essas automensagens que o sujeito codifica por si mesmo e que depois não sabe mais
decodificar. Dentro dessa perspectiva, o psicanalista trabalha a título de intérprete
entre o inconsciente, emissor que transmite em cifra, e o pré-consciente, receptor que
não pode decriptar essa cifra sob pena de experimentar desprazer.
Na patologia da comunicação do paciente psicanalítico, vemos fenômenos de
codificação ou de decodificação patológicas ligadas a uma delimitação incorreta de
classes significantes e de classes significadas; o que tem como conseqüência uma
pragmática incorreta da comunicação. O paciente psicanalítico se põe em
comunicação patológica, de um ponto de vista pragmático, com seus objetos - na
transferência, com seu analista -, na medida em que as classes significantes de seu
código informativo (equivalentes, às representações de palavras segundo Freud) e as
classes significadas desse mesmo código (ou representações das coisas).
Foi através dos trabalhos de Melanie Klein, Hanna Segal, Wilfred R. Bion e outros
autores da escola inglesa, bem como através dos de Jacques Lacan, André Green, Jean
Laplanche e outros autores da escola francesa, que progressivamente tomamos
consciência da importância de que se revestem os símbolos e os signos na teoria e na
prática psicanalíticas, a tal ponto que acabaram surgindo para nós como domínio
específico das pesquisas e modificações constitutivas do trabalho do psicanalista.
2- CONCEITOS IMPORTANTES.
2.1- SEMIOLOGIA.
É a ciência geral dos signos, que estuda todos os fenômenos de significação. Tem por
objeto os sistemas de signos das imagens, gestos, vestuários, ritos, etc.
2.2- LINGÜÍSTICA.
Estuda os signos lingüísticos, da linguagem. Nasceu do estudo das línguas românicas
e das línguas germânicas. Os estudos românicos, inaugurados por Diez – sua
Gramática das Línguas Românicas data de 1836-1838 -, contribuíram particularmente
para aproximar a Lingüística do seu verdadeiro objeto.
2.3- SIGNO.
Entidade constituída pela combinação de um conceito de significado, e uma imagem
acústica denominada significante.
Signo = Significante (som) + Significado (objeto)
2.5- SIGNIFICADO.
É a palavra equivalente no mesmo ou em outro idioma. É a representação, na
linguagem do significante. Corresponde ao conceito ou à noção, ao passo que o
significante corresponde à forma.
Todo objeto, forma ou fenômeno que representa algo distinto de si mesmo: a cruz
como significado do “cristianismo”; a cor vermelha significando “pare” par o código de
trânsito, etc.
O significado tem um código afetivo (angústia), relacionado ao fato psíquico no
Inconsciente, não sabido, objeto referido. Exemplo: angústia não aniquiladora
(prazer), angústia aniquiladora (dor).
2.6- SIGNIFICANTE.
É a parte fônica, a imagem acústica de um fonema provido de significação. O
significante tem um código informativo : sintomas / relações objetais. Pré-consciente,
Consciente, verbalizado, som. Exemplo: continente (amada), Não continente (não
amada)
Devemos buscar determinar em cada relato de nossos pacientes qual a relação
objetal em evidência (sabida: significante/Pré-consciente/Consciente) para podermos
inferir sobre a angústia relacionada (não sabida: significado/ Inconsciente).
2.7- ESTRUTURA.
É o sistema que compreende elementos ordenados e relacionados entre si de forma
dinâmica. O signo a e a’ guardam entre si uma relação “complementar e inversa”.
Estrutura = Signo (a) + Signo (a’)
2.9- MENSAGEM.
É a comunicação, notícia ou recado, verbal ou escrito.
2.10- SINTOMAS.
É uma sensação subjetiva, anormal sentida pelo paciente e não visualizada pelo
examinador. Ex.: dor, má digestão, tontura.
2.11- SINAL.
É uma evidência objetiva ou manifestação física de uma doença. É um dado objetivo
que pode ser notado pelo examinador através da inspeção, palpação ou ausculta.
2.12- SÍNDROME.
São grupos de sinais e sintomas que considerados em conjunto caracterizam uma
moléstia ou lesão.
2.13- TRANSTORNO.
Desarranjo, desordem, ligeira perturbação de saúde. Termo usado em psiquiatria em
lugar de doença ou de outro vocabulário similar, a fim de causar impacto psicológico
menor no doente, ou em quem o acompanha.
3- ORIGEM DA SEMIÓTICA.
A Semiótica é uma ciência recente. Embora o projeto de construir uma "ciência dos
signos" existisse desde os princípios do século XX, em Saussure e Peirce, pode dizer-
se que o aparecimento efetivo dessa ciência se verifica apenas nos meados do século
XX. No entanto, o estudo dos signos remonta às próprias origens do pensamento
filosófico.
Assim, Todorov, que considera Stº Agostinho o primeiro dos semióticos, situa as
origens da Semiótica ocidental nas "tradições particulares" da semântica, da lógica,
da retórica e da hermenêutica antigas, sendo o Crátilo de Platão, que viveu nos
séculos V/IV AC, o melhor testemunho dessa antiguidade da Semiótica. A
consideração de Stº Agostinho como primeiro semiótico explica-se pelo fato de,
segundo Todorov, ter sido aquele Padre da Igreja o primeiro a satisfazer os dois
requisitos fundamentais implicados na noção de semiótica: ter como objetivo o
conhecimento, a teoria; ter como objeto de estudo signos de espécies diferentes, e
não exclusivamente os lingüísticos.
A Semiótica do século XX vai demarcar-se claramente dos estudos filosóficos dos
signos em dois aspectos fundamentais:
a) Na definição do estatuto epistemológico dos estudos semióticos, do lugar destes no
contexto mais geral dos estudos científicos. Esta preocupação é visível quer em
Saussure (que enquadra a Semiologia, enquanto teoria geral dos signos, na Psicologia
Social e esta, por sua vez, na Psicologia Geral, considerando, por outro lado, a
Lingüística como parte da Semiologia), quer em Peirce (para quem a Semiótica,
enquanto ciência dos signos, é uma ciência geral, uma espécie de "matemática
universal" que engloba todas as outras ciências).
b) Na sistematização da semiótica, com a sua conseqüente subdivisão em disciplinas
(nomeadamente, e a partir de Charles Morris, em Sintaxe, Semântica e Pragmática) e
a sua compendiação escolar.
A moderna "ciência dos signos" tem origem em duas diferentes tradições, que
podemos sintetizar em dois nomes: Semiologia (correspondente à tradição européia,
iniciada por Saussure) e Semiótica (correspondente à tradição anglo-saxônica, iniciada
por Peirce). Tendo o mesmo o radical (semeion, que se pode traduzir por "signo" ou
"sinal"), as duas palavras traduzem, no entanto, duas maneiras diferentes de
entender a "ciência dos signos".
A Semiologia aparece definida por Saussure, no Curso de Lingüística Geral (editado
pela primeira vez em 1915), da seguinte forma: "Pode, portanto conceber-se uma
ciência que estuda a vida dos signos no seio da vida social; ela constituiria uma parte
da psicologia social e, por conseguinte, da psicologia geral; nós chamá-la-emos
semiologia (do grego semeion, signo). Ela ensinar-nos-ia em que consistem os signos,
que leis os regem. (...) A lingüística não é senão uma parte desta ciência geral (...)”.
5- SEMIOLOGIA PSIQUIÁTRICA.
A semiologia médica se preocupa com a descrição dos diferentes sintomas, sinais e a
caracterização de uma determinada doença (síndromes). A coleta de sinais e sintomas
são realizados por procedimentos semiotécnico através da anamnese, do exame físico
que dará um diagnóstico clínico através do CID-10, que é o Código Internacional de
Doenças que foi elaborado pela Organização Mundial da Saúde e abrange todo o
espectro de doenças humanas.
A semiologia psiquiátrica utiliza além do CID-10 o DSM IV (94) que é o manual
diagnóstico e estatístico dos transtornos mental, elaborado pela Sociedade Americana
de Psiquiatria, que sistematiza os sintomas e sinais em quadros de critérios, que
possibilitam então o diagnóstico psiquiátrico, que se estrutura a partir de diferentes
eixos diagnósticos.
a)Eixo I- Transtornos Clínicos : outras condições que podem ser um foco de atenção
clínica.
b)Eixo II- Transtornos da Personalidade e Retardo Mental.
c)Eixo III- Condições Médicas Gerais.
d)Eixo IV- Problemas Psicossociais e Ambientais: Problemas com: o grupo de apoio
primário; relacionados ao ambiente social; educacionais; ocupacionais; moradia;
econômicos; com acesso aos serviços de cuidados à saúde; relacionados à internação
com o sistema legal/criminal; psicossociais e ambientais.
e)Eixo V- Avaliação Global do Funcionamento. É uma escala de Avaliação Global do
Funcionamento (AGF) com pontuação de 1 a 100, sendo que entre 100 e 50
geralmente estão as neuroses e de 50 a 0 estão as psicoses. Vejamos abaixo alguns
exemplos:
100: Funcionamento superior. Problemas de vida jamais vistos fora de seu controle.
91 : Ex: Não apresenta sintomas.
90 : Em geral satisfeito com a vida.Sintomas ausentes ou mínimos.
81 : Ex: Discussão ocasional com membros da família.
80 : Se sintomas estão presentes, eles são temporários.
71 : Ex: Apresenta declínio temporário na escola.
70 : Alguma dificuldade no funcionamento social, porém geralmente funcionando
muito bem.
61 : Ex: Possui alguns relacionamentos interpessoais significativos.
60 : Dificuldade moderada no funcionamento social. Apresenta sintomas moderados
51 : Ex: Tem poucos amigos e apresenta conflitos com colegas de trabalho.
50 : Sintomas sérios. Ideação suicida, rituais obsessivos graves, freqüentes furtos em
lojas.
41 : Ex: Nenhum amigo, incapaz de manter um emprego.
40 : Prejuízo no teste da realidade ou baixa comunicação.
31 : Ex: Negligência com a família, incapaz de trabalhar.
30 : Comportamento influenciado por alucinações.
21 : Ex: Permanece na cama o dia inteiro, sem emprego, casa ou amigos.
20 : Perigo de ferir a si mesmo ou a outros. Freqüentemente suja-se de fezes.
11 : Ex: Prejuízo grosseiro na comunicação e incoerente com o mundo.
10 : Perigo de ferir-se gravemente ou a outros. Violência recorrente.
01 : Atos suicidas com clara expectativa de morte.
00 : Informações totalmente inadequadas.
A psiquiatria baseada nos conceitos psicanalíticos foi denominada “psiquiatria
dinâmica” pela escola de Menninger e atualmente Gabbard, considerando as
personalidades Histéricas e Histriônicas. A Histeria não consta mais como diagnóstico
psiquiátrico conforme é apresentado no DMS-IV.
O transtorno de personalidade histérica segundo o DSM-IV (Histérica e Histriônica)
tem um padrão generalizado de excessiva emocionalidade e busca de atenção. O
Histérico sente desconforto em situações nas quais não é o centro das atenções; a
interação com os outros freqüentemente se caracteriza por um comportamento
inadequado, sexualmente provocante ou sedutor; exibe mudança rápida e
superficialidade na expressão das emoções; usa consistentemente a aparência física
para chamar a atenção sobre si próprio; tem um estilo de discurso excessivamente
impressionista e carente de detalhes; apresenta autodramatização, teatralidade e
expressão emocional exagerada; é sugestionável, ou seja, é facilmente influenciado
pelos outros ou pelas circunstâncias; considera os relacionamentos mais íntimos do
que realmente são.
O que parece ligar as pessoas histéricas e histriônicas é uma superposição de
características comportamentais manifestas, tais como emocionalidade lábil e
superficial, busca de atenção, funcionamento sexual perturbado, dependência e
desamparo e autodramatização. A personalidade histriônica é mais florida que a
histérica praticamente em todos os aspectos. A causa básica está ligada às vivências
edipianas mais freqüentemente nos pacientes histéricos e que regressões mais
arcaicas – orais – estão presentes nos casos histriônicos. O paciente histérico
verdadeiro conseguiu atingir relações maduras com um objeto interno, caracterizado
por temas edipianos triangulares e foi capaz de formar relacionamentos significativos
com ambos os genitores, o paciente histriônico encontra-se fixado a um nível diádico
mais primitivo de relações objetais, muitas vezes caracterizado por apego,
masoquismo e paranóia.
6- FERDINAND DE SAUSSURE.
Ferdinand Saussure (1857-1913) foi o fundador da lingüística moderna, cujos
princípios básicos influenciaram profundamente o desenvolvimento do estruturalismo
semiótico. Sua maior contribuição foi o projeto de uma teoria geral de sistema de
signos, a que ele denominou Semiologia, e seu elemento básico foi à definição do
signo. Outros princípios importantes de sua teoria foram a arbitrariedade do signo
lingüístico, o conceito de estrutura, o conceito de sistema de linguagem.
A Semiótica Européia, em um de seus expoentes mais fortes, está fundamentada a
partir do livro "Tratado de Lingüística Geral", de Ferdinand de Saussure. Esse livro deu
margem à criação de várias correntes de pensamento, como o estruturalismo e
constituiu-se como ponto de partida para a Semiologia desenvolvida por Rolland
Barthes.
Em relação aos determinantes teóricos da Semiologia, diferentemente de Peirce, que
estabelece uma relação sígnica entre signo, objeto e interpretante, na corrente
iniciada por Saussure são vistos o signo, o significado e o significante.
O signo, numa definição mais básica, é qualquer coisa que substitua outra. Deste
modo podemos imaginar um homem primitivo que desenhou um animal numa
caverna representando o animal que havia caçado, por exemplo. O desenho do animal
é o signo que representa o conteúdo que o homem primitivo quis expressar. Este
homem, para representar o animal, uniu um conceito a uma imagem, ou seja,
estabeleceu uma relação entre um significado e um significante. Saussure estipula o
significante como uma imagem acústica, que se constitui como a representação
natural da palavra enquanto fato de língua virtual, ou a representação psíquica desse
som. Passando para outros moldes além do verbal, o significante seria uma imagem
que afetasse a mente de uma pessoa.
Saussure estipula duas características primordiais do Signo:
a) O Signo é arbitrário: Isso quer dizer que não há um laço natural entre o significante
e o significado. Por exemplo, lua em Inglês é moon, enquanto em italiano é luna. Com
essa inferência Saussure distingue um signo de um símbolo; um símbolo teria uma
relação com o objeto representado. Como exemplo, pode-se dizer que a cruz evoca
muita coisa para um cristão, enquanto a suástica a um nazista ou a um judeu. O
símbolo da justiça, a balança, não poderia ser substituído por um objeto qualquer, um
carro, por exemplo.
b) Caráter Linear do Significante: O significante, de natureza auditiva, desenvolve-se
no tempo, unicamente, e tem as características que toma do tempo em determinada
cultura.
Com a constituição da linguagem verbal, existiriam relações sintagmáticas e relações
associativas. As relações sintagmáticas estariam baseadas no caráter linear da língua,
que exclui a possibilidade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo. Estes se
aliam um após o outro na cadeia da fala, e tais combinações podem ser chamadas de
sintagmas. Por exemplo, re-ler, contra-todos, a vida humana, etc.
Uma relação associativa possuiria sua dinâmica fora do discurso, onde as
componentes de determinada sentença se associam na memória e assim se formam
grupos dentro dos quais imperam relações muito diversas. Por exemplo, a palavra
super-homem pode evocar em determinada mente palavras como superfície,
supérfluo, homem rico, poder, etc.
Signo = significante
significado
7.2-PRAGMATISMO E ABDUÇÃO.
Charles Sanders Peirce consta, nas Histórias da Filosofia, como um dos fundadores do
pragmatismo. O pragmatismo é a forma que foi assumida, na filosofia contemporânea,
pela tradição clássica do empirismo inglês o pragmatismo constitui a primeira
contribuição original dos Estados Unidos da América para a filosofia ocidental.
Enquanto o empirismo clássico entende "experiência" como experiência passada, o
pragmatismo entende a experiência como abertura para o futuro, a possibilidade de
fundamentar a previsão: uma verdade é-o não em confronto com uma experiência
passada, mas em relação com o seu possível uso futuro. A previsão desse possível uso
futuro dos limites, condições e efeitos é o significado dessa verdade. A tese
fundamental do pragmatismo é a de toda a verdade é uma regra de ação, uma norma
para a conduta futura, entendendo-se por "ação" e por "conduta futura" toda a
espécie ou forma de atividade, quer seja cognoscitiva quer seja emotiva.
A crítica central de Peirce ao método cartesiano reside na tese de que não é possível
distinguir entre uma idéia que apenas parece clara e distinta e outra que o é
efetivamente. Peirce observa que o mecanismo da mente só pode transformar
conhecimento, mas nunca originá-lo, a menos que alimentado com fatos de
observação. Como podemos, então, estar seguros da clareza de uma idéia? Para
responder a esta questão, Peirce avança a sua concepção do pensamento como
"engenharia". O pensamento é comparado, por Peirce, à "linha de uma melodia
através da sucessão das nossas sensações": enquanto os sons são o imediatamente
percebido, o pensamento é uma sucessão ordenada de idéias, mediada por essas
sensações e orientada para uma certa função. Essa função é a produção de uma
crença.
A crença tem três propriedades, segundo Peirce: é algo de que nos damos conta;
sossega a irritação do pensamento provocada pela dúvida; implica a determinação, na
nossa natureza, de uma regra de ação ou hábito. Por hábito deve entender-se, aqui, o
conjunto de ações, tanto reais como possíveis, que se baseiam numa crença. No
entanto, a ação com base numa determinada crença produz uma nova dúvida, e este
novo pensamento; assim, a crença, sendo lugar de paragem, é também lugar de
recomeço para o pensamento. Sendo a essência da crença a produção de um hábito,
as diferentes crenças distinguem-se pelos diferentes modos de ação a que dão
origem. Parafraseando um exemplo de Fidalgo, se eu acreditar que um objeto é um
garfo, então servir-me-ei dele para levar à boca alimentos sólidos; mas, se for chinês,
por exemplo, e acreditar que se trata de um ancinho, utilizá-lo-ei para tratar das
flores.
Portanto, e ao contrário do que pretendia Descartes, a "clareza das idéias" não resulta
das idéias inatas, mas da aplicação de uma máxima pragmatista, que Peirce considera
quais os efeitos, que podem ter certos aspectos práticos, que concebemos que o
objeto da nossa concepção tem. A nossa concepção dos seus efeitos constitui a nossa
concepção do objeto. O que significa que a nossa idéia (significado) de um objeto é a
idéia dos efeitos sensíveis que concebemos que esse objeto tem.
As sete conferências que Peirce fez em Harvard, em 1903, a convite de William James,
procuram dar uma resposta lógica e não psicológica, ao problema da máxima
pragmatista, formulado nos seguintes termos: "Qual é a prova de que os efeitos
práticos de um conceito constituem a soma total do conceito?". A resposta a este
problema leva Peirce a afirmar que a questão do pragmatismo não é mais que a
questão da abdução. Para "afiar" a máxima pragmatista, Peirce propõe as seguintes
proposições "cotárias" (do latim cotis, afiar):
a) "Nada está no intelecto que primeiro não tenha estado nos sentidos": este princípio
aristotélico significa, para Peirce, que nenhuma idéia, seja de que tipo for, se encontra
na mente sem ter passado primeiro por um juízo perceptivo, ou seja, o juízo
perceptivo é a fonte do conhecimento. No entanto, esta concepção coloca o seguinte
problema: sendo os juízos perceptivos juízos particulares, como se passa deles para os
conceitos e juízos universais? Este problema leva Peirce à segunda proposição
cotária.
b) Os juízos perceptivos contêm elementos gerais: embora os juízos perceptivos sejam
singulares, ao nível do sujeito eles não deixam de envolver a generalidade, ao nível do
predicado, possibilitando, assim, a dedução de proposições gerais. Como se faz a
introdução da generalidade nos juízos perceptivos? Pelo tipo de raciocínio a que Peirce
chama abdução.
A Lógica e a Teoria do Conhecimento tradicional distinguem dois tipos de raciocínio: a
dedução (prova que algo deve ser, é uma inferência necessária que extrai uma
conclusão contida em certas premissas, cuja verdade deixa, no entanto, em aberto) e
a indução (prova que algo realmente é, é uma inferência experimental que não
consiste em descobrir, mas em confirmar uma teoria através da experimentação - e
que, portanto, não cria algo de novo). A criação quer das premissas (fundamentoras
da dedução) quer das teorias (fundamentoras da indução), é, deste modo, exterior aos
dois tipos tradicionais de raciocínio, e reside na abdução. A abdução, que prova que
algo pode ser, é uma inferência hipotética, é o verdadeiro método para a criação de
novas hipóteses explicativas. O modelo da inferência abdutiva pode ser traduzido da
forma seguinte: "Um fato surpreendente, C, é observado. Mas, se A fosse verdadeiro,
C seria natural. Donde há razão para suspeitar que A é verdadeiro".
Mas como entra, através da abdução, a generalidade nos juízos perceptivos? Esta
questão conduz-nos à terceira proposição cotária.
c) A inferência abdutiva transforma-se no juízo perceptivo sem que haja uma linha
clara de demarcação entre eles: os juízos perceptivos são casos extremos de
inferências abdutivas. A percepção tem sempre, segundo Peirce, um fundo abdutivo e
interpretativo, não se limita a ser um mero "dado". Seja o seguinte exemplo de juízo
perceptivo, feito num lindo dia de sol: "Está a cair água do telhado". A partir deste
juízo perceptivo, várias inferências abdutivas são possíveis, por exemplo: "Alguém
está a deitar água no telhado" ou "A neve acumulada no telhado está a derreter".
Enquanto a inferência abdutiva admite sempre a possibilidade de ser negada (para
afirmarmos uma outra), no caso dos juízos perceptivos não nos é possível conceber a
sua negação ("prova da inconceptibilidade").
Como distinguir, de entre a infinidade de hipóteses explicativas de um fenômeno
teoricamente possíveis, as que são admissíveis e as que não o são? A resposta a esta
pergunta reside na máxima pragmatista - é ela que nos fornece o critério de
admissibilidade das hipóteses explicativas. É neste sentido que, segundo Peirce, a
questão do pragmatismo é a questão da abdução. Só são admissíveis as hipóteses das
quais podemos conceber determinados efeitos práticos sensíveis, que vão guiar a
conduta de quem as formulou. Assim entendida, a máxima pragmatista pode
formular-se do seguinte modo: uma concepção não pode ter efeito lógico algum, ou
importância a diferir do efeito de uma segunda concepção, salvo na medida em que,
tomada em conexão com outras concepções e intenções, poderia concebivelmente
modificar a nossa conduta prática de um modo diverso do da segunda concepção.
7.3-SIGNOS.
A Semiótica é a doutrina ou ciência dos signos, logo a noção central desta disciplina é,
obviamente, a noção de Signo. Platão e Aristóteles vão distinguir, no que se refere às
palavras, entre significado e significante e, sobretudo entre significação e referência.
No entanto, Aristóteles não usa, habitualmente, a palavra semeion para se referir às
palavras, a que se refere normalmente como symbolon. Os signos (semeia), referidos
na Retórica, são uma das fontes dos entimemas ( a outra são os eikota ou verosímeis).
Os signos são distinguidos em duas categorias: o tekmerion, no sentido de "prova",
que poderíamos traduzir por "signo necessário" ou "forte" ("se tem febre, então está
doente"), governado pela relação de implicação e indo do universal para o particular;
e o "signo fraco" ("se tem a respiração alterada, então tem febre"), a que Aristóteles
não dá um nome particular, governado pela relação de conjunção e indo do particular
para o particular.
Os Estóicos, apesar da articulação da sua semiótica, ainda não vão unificar, de forma
clara, a doutrina da linguagem verbal e a doutrina dos signos. No que se refere à
linguagem verbal, os Estóicos distinguiam entre "expressão" (semainon), "conteúdo"
(semainomenon) e "referente" (tynchanon). Poder-se-ia dizer que, para os Estóicos, a
língua aparece como sistema modelizante primário (Lotman).
No entanto, será só com Stº Agostinho que, segundo Eco, se fará à união definitiva
entre teoria dos signos e teoria da linguagem, aparecendo os signos lingüísticos como
uma espécie ( entre outras espécies, como as dos letreiros, dos gestos, dos sinais
ostensivos) do gênero signo. Quanto à noção de signo, Stº Agostinho dá duas
definições que contemplam quer a sua dimensão semântico-representativa quer a sua
dimensão comunicacional (representando, esta última, uma novidade em relação aos
Estóicos): "Um signo é o que se mostra a si mesmo ao sentido, e que, para além de si,
mostra ainda alguma coisa ao espírito" e "A palavra é o signo de uma coisa que pode
ser compreendida pelo auditor quando é proferida pelo locutor". Em vez dos três
elementos referidos pelos Estóicos, Stº Agostinho indica quatro elementos
constitutivos do signo: a palavra (verbum), o exprimível (dicibilis), a expressão (ditio)
e a coisa (res), ainda que verbum e ditio pareçam poder ser tomados como sinónimos,
referindo-se o primeiro ao aspecto comunicativo e o segundo ao aspecto semântico-
referencial do signo.
A esta concepção triádica do signo, profundamente radicada na tradição filosófica, vai
opor-se claramente Saussure (e a tradição que dele emana). Saussure define o signo
(lingüístico) da seguinte forma: "O signo lingüístico une não uma coisa e um nome,
mas um conceito e uma imagem acústica. Esta última não é o som material, coisa
puramente física, mas a marca psíquica desse som, a representação que dela nos dá o
testemunho dos nossos sentidos; ela é sensorial, e se nos acontece chamar-lhe
“material”, é apenas neste sentido e por oposição ao outro termo da associação, o
conceito, geralmente mais abstrato". O signo apresenta, assim, uma dupla face:
significante ("imagem acústica") e significado ("conceito"), excluindo-se claramente o
referente (e, em conseqüência, pelo menos assim o pensava Saussure, a concepção
da língua como nomenclatura, ligando palavra-coisa).
A concepção Peirceana do signo é claramente herdeira da tradição lógico-filosófica
(estóica e agostiniana) do signo e ultrapassa, claramente, a concepção Saussuriana do
mesmo.
a) Um signo, ou representamen, é aquilo que, sob certo aspecto ou modo, representa
algo para alguém. Dirige-se a alguém, isto é, cria na mente dessa pessoa um signo
equivalente, ou talvez um signo mais desenvolvido. Ao signo assim criado denomino
interpretante do primeiro signo. O signo representa alguma coisa, seu objeto.
Representa esse objeto não em todos os seus aspectos, mas com referência a um tipo
de idéia que eu, por vezes, chamei fundamento do representamen. "Idéia" deve ser
aqui entendida num certo sentido platônico."
b) Um Signo é tudo aquilo que está relacionado com uma Segunda coisa, seu Objeto,
com respeito a uma Qualidade, de modo tal a trazer uma Terceira coisa, seu
Interpretante, para uma relação com o mesmo Objeto, e de modo tal a trazer uma
Quarta para uma relação com aquele Objeto na mesma forma, ad infinitum. Se a série
é inter-rompida, o Signo, por enquanto, não corresponde ao caráter significante
perfeito.
c) Um Signo, ou Representamen, é um Primeiro que se coloca numa relação triádica
genuína tal com um Segundo, denominado seu Objeto, que é capaz de determinar um
Terceiro, denominado seu Interpretante, que assume a mesma relação triádica com
seu Objeto na qual ele próprio está em relação com o mesmo Objeto.
d) Signo é qualquer coisa que conduz alguma outra coisa (seu interpretante) a referir-
se a um objeto ao qual ela mesma se refere (seu objeto) de modo idêntico,
transformando-se o interpretante, por sua vez, em signo, e assim sucessivamente, ad
infinitum. Se a série de interpretantes sucessivos vem a ter fim, em virtude desse fato
o signo torna-se, pelo menos, imperfeito.
A classificação dos signos é um dos problemas que a Semiótica ainda não conseguiu
resolver de forma totalmente satisfatória. A prova disso são as sucessivas
classificações, mais ou menos inspiradas em Peirce, tentadas por Eco. Segundo este
autor, o único pensador que, até hoje, tentou uma classificação global dos signos foi
Peirce, tendo, no entanto a sua classificação ficada incompleta. Apesar disso, muitas
das distinções feitas por Peirce ganharam direitos de cidadania na Semiótica e, por
isso, importa fazer aqui a sua análise, ainda que sumária.
Os signos podem ser classificados a partir de três pontos de vista: Signo em si, relação
do Signo com o Objeto e relação do Signo com o Interpretante. Obtêm-se, assim, as
três tricotomias e as nove categorias seguintes:
- Signo em si: Qualisigno (Tone), Sinsigno (Token), Legisigno (Type).
- Signo em relação com o Objeto: Índice, Ícone e Símbolo.
- Signo em relação com o Interpretante: Rema, Dicisigno, Argumento.
Da combinação destas categorias derivam dez classes de signos as outras
combinações teoricamente possíveis não têm significado, que nos dispensaremos de
analisar aqui. Classes que, no entanto, nem sempre é fácil saber como aplicar. Como
diz Peirce, é um terrível problema dizer a que classe um signo pertence.
Peirce define, num texto de 1903, cada uma das nove categorias anteriores indica-se,
entre parêntesis, a respectiva exemplificação e/ou interpretação:
- Qualisigno (Tone): é uma qualidade que é um Signo. Por exemplo, tom de voz,
vestuário, etc.
- Sinsigno (Token ou "ocorrência"): é uma coisa ou evento existente e real que é um
Signo por exemplo, todos os /o/ deste texto.
- Legisigno (Type ou tipo): é uma lei que é um Signo. Traduz-se nos sinsignos, que são
as suas "ocorrências"; exemplo: o artigo definido "o", que se traduz nos /o/ deste e de
outros textos.
- Ícone: é um signo que se refere ao Objeto que denota apenas em virtude dos seus
caracteres próprios, caracteres que ele igualmente possui quer um tal Objeto
realmente exista ou não; qualquer coisa, seja uma qualidade, um existente individual
ou uma lei, é Ícone de qualquer coisa, na medida em que for semelhante a essa coisa
e utilizado como um seu signo (inclui, como subcategorias, as imagens, os diagramas
e as metáforas; exemplos: fotografias, desenhos, diagramas, fórmulas lógicas e
algébricas, imagens mentais, etc.).
- Índice: é um signo que se refere ao Objeto que denota em virtude de ser realmente
afetado por esse Objeto. Funda-se não na semelhança, como o Ícone, mas na conexão
física com o Objeto; exemplos: dedo apontado para um objeto, cata-vento, fumo como
sintoma do fogo, pronome /este/, referido a um objeto, os quantificadores lógicos, etc.
- Símbolo: é um signo que se refere ao Objeto que denota em virtude de uma lei,
normalmente uma associação de idéias gerais que opera no sentido de fazer com que
o Símbolo seja interpretado como se referindo àquele Objeto. Exemplos de Peirce:
todas as palavras, frases, livros e outros signos convencionais.
- Rema (Termo): é um Signo que, para o seu Interpretante, é um Signo de
Possibilidade qualitativa, ou seja, é entendido como representando esta e aquela
espécie de Objeto possível. É ou um termo simples, ou uma descrição, ou uma função.
Por exemplo: Sócrates, alto, e, etc.
- Dicisigno (Proposição): é um Signo que, para o seu Interpretante, é um Signo de
existência real. Uma proposição como, por exemplo, "Sócrates é mortal".
- Argumento: é um Signo que, para o seu Interpretante, é Signo de lei. É um raciocínio
complexo, por exemplo, um silogismo.
Para percebermos melhor o funcionamento daquela que Peirce considera ser "a mais
importante divisão dos signos", em Ícones, Índices e Símbolos, vejamos os seguintes
exemplos de Peirce - que mostram como, na linguagem do quotidiano, Símbolos,
Ícones e Índices se relacionam:
Exemplo 1. Um homem, que caminha com uma criança, levanta o braço para o ar e
aponta, dizendo: "Lá está um balão". A criança pergunta: "O que é um balão?".
Responde o homem: "É parecido com uma grande bolha de sabão".
Neste exemplo verifica-se que: o braço apontado para o ar funciona como um Índice
(denota um individual), a bolha de sabão funciona como um Ícone, e as palavras
funcionam como Símbolos.
Exemplo 2. Se eu digo "Todo o homem ama uma mulher", isto equivale a dizer "Tudo
o que for homem ama algo que é mulher".
Neste exemplo verifica-se que: "tudo o que" (quantificador universal) e "algo que"
(quantificador particular) funcionam como Índices; "for homem", "ama" e "mulher"
funcionam como Símbolos.
Exemplo 3. A diz a B: "Há um fogo". B pergunta: "Onde?". Responde B: "A cerca de mil
metros daqui".
Neste exemplo, "metros" e "daqui" funcionam como Índices, e os restantes signos
como Símbolos.
Sobre a relação entre Índices, Ícones e Símbolos, Peirce diz ainda que ela está
presente em qualquer proposição, sendo impossível encontrar uma proposição, por
mais simples que seja, que não faça apelo a pelo menos dois destes tipos de signos.
Especialmente importante é o papel que Peirce atribui ao Ícone, que considera a única
maneira de comunicar diretamente uma idéia, levando a que todo o método de
comunicação indireta de uma idéia deve passar pelo uso de um Ícone. Assim, toda a
asserção deve conter um Ícone ou um conjunto de Ícones, ou signos cujo significado
só seja explicável por Ícones. No dizer de Peirce, o Predicado de uma asserção é a
idéia significada por um conjunto de ícones ou o equivalente a um conjunto de ícones
contido numa asserção.
De qualquer modo, só num determinado contexto podemos determinar se um signo
funciona como um Índice, um Ícone ou um Símbolo. Por exemplo: o fumo tanto pode
significar fogo, como nevoeiro, como se aproxima um rosto-pálido, no caso dos sinais
de fumo.
Com a sua teoria da abdução, Peirce vai romper com os paradigmas referencialista e
ideacionista do Signo, ambos baseados na noção de equivalência ou entre signo-
referente ou entre significante-significado. Trata-se, agora, de substituir a noção de
equivalência pela de implicação. Um signo é algo através do qual nós conhecemos
algo mais.
8-BIBLIOGRAFIA.
INTERNET - http://www.geocities.com/bernardorieux/