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Graça Comum ou Salvação Universal:

Um tratamento sobre a situação espiritual dos povos não cristãos


à luz das declarações de Romanos

Por Wesley Alencar

INTRODUÇÃO

O que é Soteriologia? É a parte da Teologia que trata da salvação do homem. Para que se tenha um
entendimento razoável do que a Bíblia ensina sobre esta doutrina e para que haja convicção do que se crê com respeito
à Soteriologia, faz-se necessário compreender bem expressões tais como (1) Graça Comum e (2) Salvação Universal
(Universalismo).

Por que isto é importante? Por trás da temática Graça Comum vs. Salvação Universal existe um verdadeiro
embate no campo teológico envolvendo o Catolicismo Romano e o Protestantismo Reformado, sobre o destino da
alma do homem e o modo como Deus o determinará.

A GRAÇA COMUM

Uma definição oferecida para a Graça Comum outorgada por Deus é: “A graça de Deus pela qual ele dá às
pessoas inumeráveis bênçãos que não fazem parte da salvação” 1. Nesse caso, o sentido da palavra comum refere-se a
algo que é comum a todas as pessoas, isto é, algo não restrito apenas aos eleitos 2.

A graça de Deus que conduz o pecador à salvação é chamada Graça Salvífica, que é distinta da Graça
Comum. A Graça Comum difere da Graça Salvífica em seus resultados, pois, ela não conduz o pecador à salvação.

Algumas evidências da Graça Comum que podem ser observadas facilmente no mundo:

A razão dos incrédulos continuarem a viver neste mundo é unicamente por causa da graça comum de Deus;
Os seres humanos no mundo atual, mesmo os incrédulos, não são totalmente inclinados para a mentira, para a
irracionalidade e para a ignorância, além de que todas as pessoas têm um conhecimento de Deus, conforme Rm
1.21;
Através da graça comum Deus limitou as pessoas para não que não sejam tão más quanto poderiam ser;
Deus tem dado de forma generosa talentos a muitas pessoas, inclusive os incrédulos, nas áreas artísticas e
musicais, como também em outras esferas onde a criatividade e o talento podem ser expressos;
A existência das várias organizações e estruturas na sociedade humana é mais uma evidência da graça comum
de Deus. Um exemplo desse tipo de organização é a família;
A graça comum de Deus produz também algumas bênçãos para pessoas incrédulas até mesmo no domínio da
religião humana. Jesus ordenou em Mt 5.44 “amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”;

Mas, quais seriam alguns propósitos de Deus em conceder a Graça Comum aos incrédulos indignos mesmo
sem eles jamais serem alcançados pela salvação? (1) Redimir os que serão salvos; (2) Demonstrar a sua bondade e
misericórdia; (3) Demonstrar a sua justiça; e (4) Demonstrar a sua glória.

Ademais há alguns esclarecimentos que precisam ser feitos quanto à Graça Comum: (1) A Graça Comum não
significa que aqueles que a recebem serão salvos; (2) Deve-se utilizar de cautela para não rejeitar as coisas boas que os
incrédulos fazem como se fossem totalmente más; e (3) A doutrina da graça comum deve desenvolver gratidão a
Deus.

1
GRUDEM, Wayne A. – Teologia Sistemática. São Paulo, Vida Nova, 1999. p. 549.
2
Ibid. p. 549.
A SALVAÇÃO UNIVERSAL

A compreensão do termo teológico ordo salutis (Ordem da Salvação) é necessária quando se trata de salvação.
Berkhof apresenta a seguinte definição:

“A ordo salutis descreve o processo pelo qual a obra de salvação, realizada em Cristo, é concretizada
subjetivamente nos corações e vidas dos pecadores. Visa a descrever, em sua ordem lógica e também
em sua inter-relação, aos vários movimentos do Espírito Santo na aplicação da obra de redenção. A
ênfase não recai no que o homem faz, ao apropriar-se da graça de Deus, mas no que Deus faz, ao
aplicá-la.”
3

É fato que a Bíblia não aponta para uma ordo salutis definida, embora ela não forneça explicitamente uma
ordem de salvação completa, ela oferece base suficiente para referida ordem. A declaração que mais se aproxima de
algo como uma ordo salutis na Bíblia encontra-se em Rm 8.29-30 4. Então, uma vez que a Bíblia não fornece uma
nítida ordo salutis, ela estabelece dois fatos que ajudam a elaborar uma ordem: (1) Apresenta uma enumeração
completa das operações do Espírito Santo na aplicação da obra realizada por Cristo a pecadores individuais, como
também das bênçãos da salvação comunicadas a estes. Para designar a transformação operada na vida interior do
homem são usadas palavras como: regeneração, vocação, conversão e renovação. (2) A Bíblia indica em muitas
passagens e de muitos modos, a relação que os diferentes movimentos que atuam na obra de redenção mantêm uns
com os outros. Ela ensina, por exemplo, que:

Somos justificados pela fé, e não pelas obras (cf. Rm 3.30; 5.1;Gl 2.16-20);
Uma vez sendo justificados, temos paz com Deus e livre acesso a Ele (cf. Rm 5.1,2);
Ficamos livres do pecado para nos tornar servos da justiça, e para colhermos o fruto da santificação (cf. Rm
6.18.22);
Quando somos adotados como filhos, recebemos o Espírito, que nos dá segurança, e nos tornamos co-herdeiros
com Cristo (cf. Rm 8.15-17; Gl 2.4-6);
A fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (cf. Rm 10.17).

Uma conseqüência de não haver uma ordo salutis explicitamente ordenada nas Escrituras, permite que haja
espaço para uma diversidade de opiniões quanto à salvação. Em se tratando de uma situação assim, as igrejas não
estão todas de acordo quanto a uma ordo salutis. Embora, esta doutrina da Ordem da Salvação seja fruto da Reforma,
dificilmente será achada nas obras dos Escolásticos algo semelhante a ela. Até mesmo os maiores autores Escolásticos
como Pedro Lombardo e Tomás de Aquino, passaram diretamente da discussão da Encarnação para a da Igreja e dos
Sacramentos. Na sua literatura, o tratamento dado a Soteriologia resume-se a apenas dois capítulos de fide et de
Poenitentia (Da Fé e do Arrependimento). Já o protestantismo teve como ponto de partida a crítica e a remoção dos
conceitos católicos romanos de fé, arrependimento e boas obras. Era de se esperar que o interesse dos Reformadores
se detivesse na origem e desenvolvimento da nova vida em Cristo.

O CONCEITO CATÓLICO ROMANO

Segundo a teologia Católica Romana, a doutrina da igreja precede à discussão da ordo salutis. Eles crêem, por
exemplo, na:

gratia sufficiens (graça suficiente) – consiste numa iluminação da mente e num fortalecimento da vontade;
gratia co-operans (graça cooperante) – é a transformação da graça suficiente, caso o homem a aceite, pois, ele
pode resistir e não aceitá-la;

Para os católicos romanos, a partir da graça suficiente o homem começa a ser preparado para a justificação em
sete etapas sucessivas: (1) Uma confiante aceitação da Palavra de Deus; (2) A percepção da condição pecaminosa
3
BERKHOF, Louis – Teologia Sistemática. São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2001. p. 383.
4
29 Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que
ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 30 E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses
também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou
pessoal; (3) A esperança da misericórdia de Deus; (4) O princípio do amor de Deus; (5) Uma aversão do pecado; (6) A
resolução de obedecer aos mandamentos de Deus; e (7) O desejo de receber o batismo.

Fica evidente, portanto, que a fé não ocupa lugar de destaque nesse esquema, consta apenas como um
elemento de ligação entre os preparativos, a fé é apenas uma aceitação intelectual das doutrinas da igreja católica
romana. Há dois conceitos de fé no catolicismo romano:

fide informis – a fé informe, sem forma determinada, que só expressa seu poder justificador através do amor
infundido com a gratia infunsa, ou seja, a graça infusa.
fides caritate formata – a fé formada do amor ou completada pelo amor, pode ser chamada de fé justificadora
somente no sentido de que ela é a base e a raiz de todo o processo de justificação;

Seguida desta preparação, vem a justificação pelo batismo, que por sua vez consiste na infusão da graça, de
virtudes sobrenaturais, acompanhadas pelo perdão dos pecados. É através da gratia infusa que o homem recebe forças
sobrenaturais para praticar as boas obras, para fazer jus ao tipo merecimento de condigno, ou seja, condignamente, um
merecimento real, para receber toda graça subseqüente até mesmo a vida eterna para sua salvação.

A graça da justificação tanto pode ser perdida pela incredulidade como por qualquer pecado considerado
mortal. Ainda assim, pode ser recuperada pelo sacramento da penitência, que consiste de contrição (ou atrição) e
confissão, somados a absolvição e às obras de satisfação.

A Salvação Universal propõe que todos serão salvos pelo amor de Deus. Esse modelo soteriológico
apresenta o homem em condições de merecer a graça salvífica de Deus, à parte da fé e da fé somente.

A JUSTIFICAÇÃO, A GRAÇA E O MÉRITO

Algumas declarações extraídas do Catecismo da Igreja Católica, Capítulo III, que trata sobre A Salvação de
Deus: A Lei e a Graça, no Artigo II, que expressam a crença católica romana na Salvação Universal:

“Sob a moção da graça, o homem se volta para Deus e se aparta do pecado, acolhendo, assim, o perdão e a
justiça do alto. “A justificação comporta a remissão dos pecados, a santificação e a renovação do homem
interior”.” 5
“A justificação nos foi merecida pela paixão de Cristo, que se ofereceu na cruz como hóstia viva, santa e
agradável a Deus, e cujo sangue se tornou instrumento de propiciação pelos pecados de toda a humanidade. A
justificação é concedida pelo Batismo, sacramento da fé. Torna-nos conformes à justiça de Deus, que nos faz
interiormente justos pelo poder de sua misericórdia. Tem como alvo a glória de Deus e de Cristo, e o dom da
vida eterna.” 6
“A justificação é a obra mais excelente do amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus e concedido pelo
Espírito Santo.” 7
“A graça é uma participação na vida divina; introduz-nos na intimidade da vida trinitária. Pelo Batismo, o
cristão tem parte na graça de Cristo, cabeça da igreja. Como “filho adotivo” pode doravante chamar Deus de
“Pai”, em união com o Filho único. Recebe a vida do Espírito, que nele infunde a caridade e forma a igreja.” 8
“A graça de Cristo é o dom gratuito que Deus nos faz de sua vida infundida pelo Espírito Santo em nossa
alma, para curá-la do pecado e santificá-la; trata-se da graça santificante ou deificante, recebida no Batismo.
Em nós, ela é a fonte da obra santificadora.” 9

5
PAULO II, João – Catecismo da Igreja Católica. São Paulo, Edições Loyola, 1999. p. 524 e 525
6
Ibid. p. 525
7
Ibid. p. 526
8
Ibid. p. 527
9
Ibid. p. 527.
“O mérito do homem diante de Deus, na vida cristã, provém do fato de que Deus livremente determinou
associar o homem à obra de sua graça. A ação paternal de Deus vem em primeiro lugar por seu impulso, e o
livre agir do homem, em segundo lugar, colaborando com Ele, de sorte que os méritos das boas obras devem
ser atribuídos à graça de Deus, primeiramente, e só em segundo lugar ao fiel. O próprio mérito do homem
cabe, aliás, a Deus, pois suas boas ações procedem, em Cristo, das inspirações e do auxílio do Espírito Santo.”
10

“Adoção filial, tornando-nos participantes, por graça, da natureza divina, pode conferir-nos segundo a justiça
gratuita de Deus, um verdadeiro mérito. Trata-se de um direito por graça, o pleno direito do amor, que nos
torna “co-herdeiros” de Cristo e dignos de obter “a herança prometida da vida eterna”. Os méritos de nossas
boas obras são os dons da bondade divina.” 11

CONCLUSÃO

Este trabalho de pesquisa teve por propósito apresentar uma resposta com respeito à questão: à luz das
declarações da carta aos Romanos, qual o tratamento sobre a situação espiritual dos povos não cristãos, Graça
Comum ou Salvação Universal?

Observando o que Deus revelou através da carta aos Romanos pode-se estabelecer claramente qual o
tratamento deve ser dado aos povos não cristãos com relação à sua salvação. Não há base bíblica que apóie a crença na
Salvação Universal. Os povos nãos cristãos tem recebido a Graça Comum da parte de Deus, o que não implica em sua
salvação.

Considerar, portanto, a Salvação Universal em detrimento da Graça Comum, como o tratamento a dado por
Deus aos povos não cristãos, segundo Romanos, é desconsiderar o que foi revelado por Ele nesta epístola.

REFERÊNCIA BIBLIGRÁFICA

GRUDEM, Wayne A. – Teologia Sistemática. São Paulo, Vida Nova, 1999.

BERKHOF, Louis – Teologia Sistemática. São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2001.

PAULO II, João – Catecismo da Igreja Católica. São Paulo, Edições Loyola, 1999.

MCPHERSON – Christian Dogmatics. Edimburgo, 1898.

KAFTAN – Dogmatik. Tuebigen, 1920.

10
PAULO II, João – Catecismo da Igreja Católica. São Paulo, Edições Loyola, 1999. p. 530
11
Ibid. p. 530

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