Apesar de não ser um assunto de domínio geral, a prática da imposição de mãos é
considerada como "rudimento" em termos doutrinários, como lemos em Hb.6:1. Juntamente com outros temais tais como: batismos, arrependimento, ressurreição e juízo eterno, seu conceito é apontado como noção básica para o entendimento de mistérios e outros temas de difícil interpretação. No entanto, o fato de ser considerada "rudimentar", não a desmerece em relação a outras doutrinas bíblicas; antes, classifica-a como requisito "elementar" dentre os fundamentos e alicerces doutrinários no contexto da Palavra de Deus. Jesus impunha as mãos sobre crianças para abençoá-las, como diz Mt.19:13 a 15. Ele disse que aqueles que nele cressem haveriam de impor suas mãos sobre os enfermos e eles seriam curados (Mc.16:17 e 18). Portanto, dentre outros sinais que caracterizam os verdadeiros cristãos, está a cura de enfermidades por meio da imposição de mãos em nome de Jesus Cristo. A atitude de impor as mãos cria vínculos, estabelece ligações, transfere virtudes e bênçãos, mas tambem pode ser canal de perturbação, opressão e influências malignas, dependendo daquele que está impondo as mãos. As vestes e lenços de Paulo e Silas eram colocadas sobre os enfermos e eles eram curados. Os demônios que os atormentavam eram expulsos e aquelas pessoas eram libertas, como diz At.19:11 e 12. Por outro lado, vemos em Judas 23 que até mesmo as roupas de uma pessoa que esteja vivendo em pecado devem ser evitadas, porque trazem a influência negativa de quem as usava. Tratam-se, portanto, de elementos materiais que refletem na esfera espiritual e no comportamento das pessoas. Chama a atenção o texto de Lv.16:21 e 22, aonde um bode recebia todo o peso dos pecados dos homens, mediante a imposição de mãos do sacerdote sobre a sua cabeça. Daí veio a expressão "bode expiatório", caracterizando aquele que acaba levando a culpa dos outros para seu prejuízo. E ainda há quem diga que imposição de mãos é simplesmente um simblismo sem maiores conseqüências! É de se lamentar que na cristandade essa prática esteja sendo praticada de forma tão banal. Há pessoas que impõem suas mãos sobre pessoas endemoniadas no intuito de vê-las libertas, porem, não vemos nenhum exemplo na Bíblia nos orientando a impor as mãos para expulsar demônios. Pelo contrário, em I Tm.5:22 temos um alerta quanto ao fato de impormos as mãos precipitadamente sobre pessoas nesse estado, pois isso significaria ter participação conivente nos pecados daquela pessoa. Por outro lado, vemos que a imposição de mãos era praticada na ordenação ministerial, como lembra Paulo a Timóteo em I Tm.4:14. Em Mt.8 vemos três situações consecutivas em que Jesus curou enfermos. No verso 2 e 3 Ele tocou um leproso e o curou. No verso 14 e 15 Ele tocou a sogra de Pedro, que estava febril e a curou. Nos versos 5 a 14, contudo, Ele simplesmente ordenou e o criado de um militar foi curado, mesmo sem estar presente. Nos dois primeiros casos Ele usou a imposição de mãos, talvez para estimular a fé daqueles enfermos. No terceiro caso Ele determinou a cura à distância e ela se efetivou, segundo a fé daquele centurião que levou até Ele o caso, pois cria que apenas uma palavra de Jesus seria suficiente para que o seu criado fosse sarado. Portanto, a questão não é tanto pelo toque ou pelo contato da mão, mas principalmente por causa da fé daquele que intercede. Se pela imposição de mãos a fé puder de alguma forma ser estimulada, ela será um canal de benção para aquele que estiver recebendo a intercessão, mas caso contrário, ela passa a ser simplesmente um ato místico sem o menor valor.